Marcelo Rubens Paiva's Blog, page 9

June 25, 2019

Nova geração invade o streaming

Sem preconceito de gênero dramático, o streaming tem investido na notória mente criativa dos brasileiros e no público cada vez cativo: o adolescente-jovem-adulto.

Já rolam por aqui produções de séries de suspense, noir, terror, ficção científica, até de zumbis.

Filhos de grandes diretores, como Quico Meirelles (de Fernando Meirelles), entram no mercado pela porta da frente; estreia em agosto Pico da Neblina na HBO.

Agora, a Netflix anuncia uma produção da Gullane que trafega na onda apocalíptica distópica, que a molecada adora.

É Boca a Boca, que se passa no interior do Estado, numa cidade pecuarista.

Um vírus desconhecido é transmitido com o contato das  bocas em seis episódios de 45 minutos na série criada pelo cineasta Esmir Filho, que escreveu e dirigiu os longas e curtas Alguma Coisa Assim, Sete Anos Depois, Os Famosos e Saliva.

Esmir é da geração de diretores saídos da FAAP e se popularizou com o famoso curta que viralizou em 2006, Tapa na Pantera, com Maria Alice Vergueiro, que dirigiu com Marina Bastos.

Ele mesmo ganhou o Rio Festival 2009 com Os Duendes da Morte.

Sobre ele, Eduardo Escorel escreveu para a piauí:

“O ambicioso diretor Esmir Filho, apesar do título, a meu ver infeliz, do seu primeiro longametragem, fez um filme superior, lançado no Rio, há uma semana, de maneira quase clandestina. Mais uma vez, o melhor do cinema brasileiro recebe tratamento indigno, condenando a uma provável carreira comercial inexpressiva. É pena, por que o filme é uma rara demonstração de criatividade e talento.”

Boca a Boca “se passa no interior do país e irá explorar a dinâmica das relações de uma juventude conectada quando uma doença contagiosa desconhecida, espalhada pelo beijo, começa a alterar o cotidiano da pacata comunidade”, anunciam.

Esmir a escreve com Juliana Rojas, Marcelo Marchi, Jaqueline Souza e Thais Guisasola.

A direção será dele e Juliana Rojas, com a Fetiche Features, de longas e séries de ficção e não do SescTV e GNT.

É sangue novo (já com currículo de veterano) correndo pelas telas.

Ou, como eles dizem, “na pista”.

 •  0 comments  •  flag
Share on Twitter
Published on June 25, 2019 07:24

June 24, 2019

Mais do que uma Parada

Marcha da Família com Deus pela Liberdade, Passeata dos Cem Mil, pela Anistia, Diretas Já, Caras Pintadas, comemorações de 1 de Maio, Impeachment de Dilma, protestos contra cortes na Educação ou a reforma da Previdência, a favor dela?

A Parada LGBT de ontem (dia 23) em São Paulo entra para a história: foi a maior manifestação política já registrada.

Que mobilizou a cidade por dias, lotou hotéis, cinemas (especialmente sessões do novo Almodovar), teatros, bares, como nunca se viu antes.

Três dias depois da Marcha para Jesus 2019, que contou com a presença do presidente Jair Bolsonaro.

Ah, mas foi uma micareta, não um protesto…

Não se iluda.

Quem cruzou de metrô num dia de sol magnífico e calor a cidade, com as cores do arco-íris no figurino, montada(o) ou não, passou pela região da Paulista, não estava indo apenas a uma celebração, os 50 anos da Revolta de Stonewall (símbolo do movimento LGBT), ou festejar a criminalização da homofobia pelo STF.

Estava para reafirmar sua opção sexual, a liberdade, tolerância, defesa pelas diferenças e orgulho de ser o que é.

Se um presidente calhado pelo discurso homofóbico e misógino acaba de ser eleito para governar para a maioria, não a minoria, como afirma, parte da população foi às ruas para questionar com que direito o Estado pode interferir na sua preferência sexual?

O metrô era uma festa. As ruas ondulavam. Cores transbordavam. A ousadia predominava.

Cada um(a) foi do jeito que quis. Dançou como quis. Fez o que quis.

Sim, eles sabem festejar e protestar como poucos, sempre souberam.

O simples fato de estarem visíveis, assumidos, fora dos esconderijos, andando de queixo em erguido, nas padarias, bares, calçadas, busões, apesar dos pesares, da violência e do ódio contra eles, os vilões de uma campanha difamatória, já é um gesto político.

Se em alguns protestos, marchas e severidade, no deles, trios-elétricos e alegria.

Cada um protesta com o que tem e pode.

Escrevi aqui, horas depois de abertas as urnas do primeiro turno de 2018:

“Apesar de você, as cores do arco-íris continuarão as mesmas, ele sempre estará entre o céu e a terra, continuará lindo a nos emocionar. Mulheres continuarão a desejar mulheres, homens se beijarão e se amarão: o amor não tem limites, o desejo não tem barreiras. A composição familiar nunca mais será a mesma. Os jovens não deixarão de mudar padrões, quebrar regras. O amor vencerá a bala. A Inteligência sempre vencerá a burrice.”

Apesar da onda conservadora, avanço fundamentalista, governo evangélico e bélico, lésbicas, gays, bissexuais e trans não deixarão de sê-los.

E de se orgulharem.

 •  0 comments  •  flag
Share on Twitter
Published on June 24, 2019 05:45

June 21, 2019

Democracia em prova nas telas

Dois filmes brasileiros diagnosticam a democracia.

Coincidentemente, ambos estrearam no mesmo dia, num período em que o prognóstico do sistema político ainda está em debate.

Nas telonas, Deslembro, lindo e tocante filme que retrata a redemocratização, a volta do exílio, a readaptação de famílias que perderam tudo, atravessaram em fuga por outros países e tentam um recomeço num novo Brasil.

Narrado sob o ponto de vista da inocência de uma adolescente (atenção à atriz Jeanne Boudier).

É raro ver bons filmes sobre a ditadura brasileira, sutis, que mostrem mais o clima que a ação, que não tratem a luta como o combate maniqueísta entre o bem e o mal.

Deslembro é um filme feminino, de Flávia Castro, com equipe feminina, que lembra a profundidade e a valorização dos detalhes à imagem e som de Lucrécia Martel.

É uma história quase real, sobre uma mãe brasileira, cujo primeiro marido é um desaparecido político, que vê o novo marido, chileno, embarcar numa luta revolucionária inglória com o MIR (Movimento de Esquerda Revolucionária), no começo dos anos 1980, quando estava evidente que tudo estava perdido, e que a frente de batalha era outra, a da não-violência.

https://www.youtube.com/watch?v=iOqRs81YdeU

 

Já no streaming, Netflix, o timing para o lançamento de Democracia em Vertigem, de Petra Costa, não poderia ser melhor.

Afinal, o que domina o noticiário hoje é plot do filme que vai da fundação de Brasília, passa pelo nebuloso ano de 2013, impeachment, e vai até a prisão de Lula: a forma questionável de como Moro com o Congresso, STF e pressão da sociedade derrubou o governo petista e prendeu o ex-presidente.

Se a economia estivesse bem, tirariam Dilma?

Aliás, parecendo profético, aparece Moro, enquanto juiz ainda, no Senado, sendo questionado sobre a imparcialidade dos seus atos e julgamento.

Petra é a pessoa ideal para um filme tão sensível, impactante, que trata pelo viés emocional o Brasil que nunca tínhamos visto antes: dividido, tenso, desesperado, irracional, raivoso, à beira de uma guerra civil.

Lá estão brasileiros se batendo na rua por conta da cor da camisa, ou melhor, da simpatia, fé, ideologia.

Sem a menor disposição para um diálogo político construtivo, o ódio dominou a todos. A intolerância foi a regra, não mais a exceção.

Não era a sociedade civil defendendo direitos contra o aparelho repressivo de um Estado autoritário. Era a sociedade lutando entre si, amigos e familiares se evitando, rompendo relações, e o Estado separando-os.

Por que Petra é a pessoa ideal? Porque sua família era membro ativo nos dois lados.

Seu avô Andrade é fundador da construtora Andrade Gutierres, grupo que esteve na linha de investigação da Lava Jato.

Seus primos, da tradicional família mineira, defensores do impeachment e prisão de Lula, tornaram-se bolsonaristas convictos.

Um parente seu se casou com a família Aécio.

Marília, a mãe de Petra, foi da resistência à ditadura nos anos 1960, caiu na clandestinidade com o irmão Flávio, chegou a ser presa no mesmo presídio de Dilma (Tiradentes), esteve na fundação do PT e é amiga pessoal de Lula.

No mais, Petra nasceu junto com a redemocratização em 1985 e votou pela primeira vez justamente na primeira eleição bem-sucedida à presidência de Lula.

Petra vai ser acusada de complacente com o PT, de excessivamente crítica por petistas, e sempre vai ter alguém a palpitar e reclamar que o filme de duas horas deixou de mostrar isso ou aquilo.

Nada disso. Mostrou todo o bastidor do impeachment e prisão de Lula, mostrou incríveis imagens que seu avô fez da construção de Brasília.

Mostrou uma tocante Dilma na intimidade, sufocada pela tensão, relatando como fazia para suportar a tortura e que sente saudades do tempo da clandestinidade: “Tão bom ser anônima, não é?”

Suas imagens da moradia presidencial vazia são a prova do isolamento e solidão do Poder.

Num take, descobre placas de agradecimento a construtoras por renovarem o prédio em dois períodos, Collor e Lula.

Num take, entende-se o Brasil e relação a promíscua entre poder e capital.

Nas duas placas, as mesmas construtoras, entre elas, a da família.

Enfim aparece Gilberto Carvalho, conselheiro de Lula e Dilma (Secretaria Geral da Presidência), fazendo a autocrítica tão cara ao núcleo petista: afirma que erraram ao largar a essência do partido e se aliar ao podre da política brasileira, sem combater o mecanismo da corrupção.

É um filme que não sai da cabeça.

https://www.youtube.com/watch?v=vwZ5m10y1rQ

 

 •  0 comments  •  flag
Share on Twitter
Published on June 21, 2019 09:07

June 17, 2019

Bots atacam Greenwald

No começo de maio, o fundador do Twitter, Jack Dorsey, e seu parceiro, Biz Stone, ofereceram um almoço a jornalistas aqui em São Paulo

Eu tinha acabado de postar dados de que mais de 60% dos seguidores de Bolsonaro no Twitter eram falsos, e que uma rede grande de bots trabalhava em prol dele e dos filhos. Mostrei para Dorsey:

https://cultura.estadao.com.br/blogs/marcelo-rubens-paiva/numeros-dos-falsos-seguidores-de-jairbolsonaro/

Ele não conhecia os sites citados que fazem auditoria em sua rede social, achou o tema gravíssimo e ficou de averiguar.

Não se falou mais nisso.

Como não averiguou, a rede de bots agora ataca o jornalista Glenn Grenwwald.

Neste domingo (16), o perfil anônimo Pavão Misterioso publicou uma série de acusações contra o jornalista editor do The Intercept, que publica reportagens com o vazamento das mensagens trocadas entre o ex-juiz Sérgio Moro e procuradores da Lava Jato.

“Como funciona um ataque maciço de robôs no Twitter em busca do 1º lugar nos TT’s. Observe por alguns segundos quem alimenta a tag ‘Show do Pavão’ – que veio da conta @oppvaomisterio criada ontem (15) e já deletada”, apontou o jornalista Ivan Freitas (@Ivan), que monitorou a subida da hashtag ShowdoPavão que atacava Greenwald.

Então, surge o nome de Carlos Bolsonaro.

O filho do presidente Jair Bolsonaro, o vereador mais importante da República, já falava em “pavão” há mais de uma semana e orientava Filipe G. Martins, assessor especial da Presidência: “Já sabe o que fazer com as penas do pavão!”.

Apareceram as fakes news contra Greenwald, que envolviam transações em “rublos”.

Outro especialista, Fábio Maline, postou: “Ao @ggreenwald, envio cópia dos operadores da hashtag bizarra. boa noite.  PS: a hashtag não possui polarização, dissenso, nada. Revela-se com uma estrutura de núcleo único, bem típico de estrutura baseada em propaganda computacional. Beijos a todos, em russo.”

Greenwald afirmou que “qualquer um com uma racionalidade mínima ou tempo para pensar sobre isso imediatamente reconhece a estupidez desequilibrada”, e que “o objetivo é espalhar isso o suficiente para que as pessoas tenham suspeitas”.

E ironiza ao apontar os erros banais dos documentos bancários falsificados: É “rubles”, não “rublos”, “tranferred”, não “tranfered”.

Outro erro infantil. Ao citar um valor em dólar, usa ponto para designar milhar, e vírgula para designar centavos, como na métrica brasileira. Em inglês, todos sabem, é o contrário.

“Devo acrescentar que não acho que o @MBLivre esteja envolvido nessa fraude. Uma pessoa chave do grupo ajudou a espalhá-lo, mas ele já o apagou. Isso foi divulgado pelo PSL, @TercaLivre, os disseminadores usuais bolsonaristas do Fake News e fraudes”, postou Greenwald.

A caso interessar… Difamação é crime.

 •  0 comments  •  flag
Share on Twitter
Published on June 17, 2019 08:58

June 13, 2019

Comunistas querem processar HBO

A série Cherbobyl (HBO) deixou gente furiosa na Rússia.

O Partido Comunista Russo, sim, existe ainda, quer impedir sua exibição e sugere a seus aliados cubanos e chineses o mesmo.

Enquanto o ministro da Cultura da Rússia, sim, lá existe ainda, Vladímir Medinski, elogiou a série, o PC Russo exige que se abra um processo contra os criadores da série.

Segundo nota oficial do partido, ela “demoniza” o regime soviético:

“Na série de Chernobyl, uma autêntica tragédia se tornou objeto de manipulação ideológica pela rede HBO. A série de televisão sobre os dramáticos acontecimentos de abril de 1986 é uma ferramenta ideológica destinada a desacreditar e demonizar a imagem dos líderes e do povo soviético.”

Serguéi Malinkóvich, deputado e dirigente do partido, afirmou:

“Se temos um senso de dignidade como povo e como Estado, a Rússia deve responder aos criadores de tal série. É necessário iniciar um processo penal contra o diretor, o roteirista e o produtor executivo da série por difamação pública.”.

O deputado, que pediu censura à série, ainda ameaça: “Esses senhores devem entender que se tornaram inimigos da Rússia.”

Já o ministro de Cultura, Medinski, assegurou à agência espanhola de notícias, EFE, que a série, filmada na Lituânia e Ucrânia, é “magistral”.

Mas se queixou de que algumas das situações não foram retratadas com realidade, como a ausência de dosímetros, aparelhos que medem a radiação, na central nuclear.

Alguém explica para eles o que significa “baseado em fatos reais”. E que, ah, vá… Aquela burocracia era insana.

 •  0 comments  •  flag
Share on Twitter
Published on June 13, 2019 12:32

June 11, 2019

Quem vazou?

O vazamento das conversas da Lava Jato tem efeito político imediato, como jurídico; o aconselhamento de um juiz a qualquer parte de uma ação é crime pelo Código Penal (artigo 254) e coloca suspeição sobre o julgamento. Até aí…

A quem interessa vazar?

A quem interessa desestabilizar um núcleo civil da República, colocar em dúvida a isenção do “super-herói” Sérgio Moro, atacar sua honra e encerrar suas pretensões de ocupar uma cadeira do STF?

Seu sucesso e popularidade causam ciumeira em gente graúda da política.

As conversas foram tiradas do aplicativo russo Telegram, que tem mensagens criptografadas ponta a ponta, mas pode ser sequestrado pela clonagem do chip da operadora, cartão SIM, de algum celular de grupos da Lava Jato (golpe do SIM SWAP): sequestram a senha do usuário temporariamente e baixam as conversas armazenadas por anos nas nuvens iCloud ou Google Drive.

Para isso, entram via operadora de celular. O Telegram informa que ninguém hackeou as conversas do aplicativo. Bem, você confia no que informam sobre eles mesmos?

É preciso de tempo e dinheiro para tamanha invasão.

Moro denunciou que alguém entrara por seis horas na semana passada no seu celular. Mas o site The Intercept afirma que já tinha os arquivos das conversas antes da invasão.

O juiz tem muitos inimigos, inclusive no próprio governo, já que é candidato forte a concorrer contra o chefe em 2022. Foram os russos, ligados a Eduardo Bolsonaro barra Steve Bannon?

Ele tem a chave da investigação de gente importante do governo, como a da relação entre Flávio Bolsonaro, o laranja Queiroz e as milícias.

Tem dossiês sobre as ligações entre metade do Congresso e doadores. E sobretudo o cofre do conteúdo das delações.

Uma ala contra seu pacote anticrime pede a sua cabeça.

Suspeita imediata: Lula e o PT. Têm uma rede high tec e militância de apoiadores hackers? Duvido.

Moro conseguiu um feito considerável: o de interferir numa eleição presidencial, vazando mesmo que ilegalmente escutas e trechos de delações pontuais.

Ala grande da Polícia Federal o detesta, por ter se colocado à frente dos holofotes de quem de fato se arriscava, perdia noites em claro, escutava conversas, vigiava, madrugava e investigava para um soldo mensal de R$ 11.983 (agente) a R$ 22.672 (delegado).

O Exército? Apenas o vice Hamilton Mourão e Augusto Heleno, da Segurança Institucional, condenaram o vazamento de forma protocolar, como Villas Boas.

Legalistas do Supremo o detestam.

Moro lembra John Edgar Hoover, o todo poderoso do FBI, que manteve refém, através de dossiês, escutas e arquivos, durante 48 anos, presidentes, políticos, líderes dos direitos civis e artistas e atravessou intocável oito presidências (Coolidge, Herbert Hoover, F.D. Roosevelt, Truman, Eisenhower, Kennedy, Lyndon Johnson e Nixon).

Moro, como Hoover, tornou-se mais poderoso que a própria República.

Uma coisa é certa: vazamentos dessa grandeza (Pentagon Papers, Watergate, Snowden, WikiLeaks) foram feitos por alguém de dentro do sistema, contra os rumos tomados por ele, como Death Throat (informante do Watergate que se revelou em 2005 ser o segundo do FBI, William Felt) e Bradley Manning.

O que leva a uma suspeita: tem gente de dentro interessada em desestabilizar o governo. Bom, sempre tem.

E muita gente incomodada com tamanho poder de Sérgio Moro.

 •  0 comments  •  flag
Share on Twitter
Published on June 11, 2019 07:24

June 9, 2019

Burle Marx ocupa Nova York

Um das paisagens  mais famosos do mundo recebe uma mostra do trabalho de um dos paisagistas mais importantes da história, conhecido por seu trabalho com cores e diversidade de espécies.

Nova York entra na primavera-verão de 2019 com a maior exposição botânica do NYBG (New York Botanical Garden).

A abertura foi nesse fim de semana, BRAZILIAN MODERN: THE LIVING ART OF ROBERTO BURLE MARX, e vai até 29 de setembro.

É um modernista que fez questão de divulgar o Brasil para fora, como Niemeyer e Portinari.

Estão em exibição os ondulantes mosaicos preto e branco de pedras portuguesas das calçadas da praia de Copacabana, um símbolo carioca (brasileiro) daquele conhecido como “o inventor do jardim moderno”.

Burle Marx, formado pela Escola Nacional de Belas Artes do Rio em 1933, foi pintor, ceramista, escultor, pesquisador, joalheiro, tapeceiro e cenógrafo, e começou a colecionar plantas na infância.

Visionário, já imaginava o desastre ambiental que viveríamos e focou seu trabalho na conservação, sustentabilidade e preservação de ecossistemas nativos do Brasil, como palmeiras, cicadáceas, Araceae, bromélias e muito mais.

Caçador de plantas, cerca de 20 delas levam seu nome.

Música e a dança, como samba e capoeira, a estão na programação da exposição patrocinado pela Natura.

Confira o site do NYBG para o programa completo de apresentações:

https://www.nybg.org

 •  0 comments  •  flag
Share on Twitter
Published on June 09, 2019 08:31

June 6, 2019

O Conto da Aia do Brasil

Talvez seja o melhor Porta dos Fundos já feito: uma sarcástica versão de Handmaid’s Tale passada no Brasil dos dias de hoje.

As aias se assustam ao assistir pela TV o que acontece por aqui. Dirigido por Vini Videla, é cômico, revelador, estranho e, sim, assustador.

A série, aqui nominada O Conto da Aia (da Hulu, agora da Disney Company), estreou ontem dia 5 a terceira temporada nos EUA; será dia 15 no Brasil pelo canal Paramount+.

Ela é baseada no livro de Margareth Atwood, inicialmente inspirada na Revolução do Irã e depois em regimes fundamentalistas que vieram na esteira, Talibã, Estado Islâmico e países que subjugam as mulheres e condenam gays.

Mas Warren Litthefield, produtor da série, anunciou que hoje ela é inspirada também em eventos ocorridos recentemente no Brasil.

Sobre Jair Bolsonaro e Rodrigo Duterte (presidente Filipino), disse em entrevista coletiva tratarem de “brutamontes tóxicos” que “precisam ser denunciados”.

Do nosso presidente, falou: “Sua homofobia é uma clássica visão sádica sobre os transgêneros. Os primeiros que atacaram na Alemanha Nazista foram os gays. E inacreditável que esteja acontecendo de novo.”

Portas dos Fundos exemplifica, citando Moro, Damares. Roteiro genial de Gabriel Esteves e Manuela Cantuária:

1 like ·   •  0 comments  •  flag
Share on Twitter
Published on June 06, 2019 09:18

June 4, 2019

O terror está no ar

Outra série entra sem alarde no cardápio dos streamings e já cria um burburinho: The Terror, produção da AMC, exibida aqui pela Amazon (Prime Video).

Como Chernobyl, é outra que simboliza a crise de confiança entre comandados e comandantes, e o risco de mexermos no que deveria ser preservado, o planeta.

A história é real e representa um dos maiores e mais famosos fracassos náuticos da era das explorações.

É daquelas que, se você começa, tem que acabar a luz do bairro para parar. Adivinha quem são os produtores? Spielberg e ele, Stephen King, o mestre do terror psicológico.

O nome aliás tem duplo sentido. Terror é o navio híbrido de exploração, meio quebra-gelo, meio a motor e a vela, de alta tecnologia da Marinha Real Inglesa que, junto com o Erebus, busca em 1845 a Passagem do Noroeste: cruzar os mares pelo Ártico.

Os navios logo ficam presos, congelados e isolados; e aqueles a bordo devem sobreviver às condições climáticas e conflitos entre uns e outros.

Ela foi organizada por dois dos maiores e mais experientes exploradores ingleses, como John Franklin, que durante a jornada entram em conflito. Com o inverno fechando as passagens, um quer voltar, o outro, prosseguir.

Resultado. Ficaram presos para sempre na imensidão do gelo do Polo Norte, com 129 tripulantes, cercados por urso polar faminto e indignado pela invasão, onde nada cresce.

Foram vistos pela última vez por esquimós.

Isso não é spoiler: está na primeira cena do primeiro dentre dez episódios.

Muitos dos atores são figurinhas carimbadas nas produções de maior impacto dos VoD, como Tobias Menzis (Roma e Game of Throne), Jared Harris (MadMen e Chernobyl), o prudente explorador Francis Crozuier, que tem se especializado em personagens contrariados.

Ciarán Hinds (Júlio César em Roma, e o líder dos selvagens em Game of Thrones) faz a lenda dos navegadores, Franklin, otimista delirante que leva sua tripulação para a arriscada cruzada. Da qual nunca mais foi visto.

A série abre uma quantidade enorme da conflitos e janelas, que o espectador se pergunta onde vai parar: uma fera que os ameaça, o gelo que ameaça arrebentar os navios, o misticismo dos esquimós, conflitos entre líderes, homossexualidade reprimida, diferenças pessoais no passado.

E, o mais importante: aquele sentimento distópico de estarmos onde nunca deveríamos estar, muito menos com quem nunca deveríamos nos meter, os ursos polares.

Sim, tudo se passa há quase 200 anos, mas cá estamos aquecendo o planeta e derretendo as calotas polares. Os russos até festejam. Agora, é possível navegar pela Passagem Noroeste sem dificuldades. Os ursos não.

Veremos no que tudo isso vai dar.

 

 •  0 comments  •  flag
Share on Twitter
Published on June 04, 2019 08:29

May 30, 2019

O remédio mais caro do mundo

Se você reclama do preço dos remédios, senta que lá vem um susto.

Um remédio que afeta uma em cada nove mil pessoas entra no mercado. Preço: R$ 8,78 milhões (convertido hoje).

Isso mesmo, mais de dois milhões de dólares (US$ 2.215.000).

O Zolgensma promete a cura da Spinal Muscular Atrophy (Atrofia Muscular Espinhal) em crianças com menos de dois anos.

O laboratório suíço Novartis afirma que é “um avanço histórico”, o primeiro (e único) tratamento genético para a doença degenerativa que afeta os neurônios da medula espinhal, agora com a venda autorizado pelos EUA (FDA).

O tratamento com mutações no neurônio motor pelo onasemnogene abeparvovec-xioi, nome científico do Zolgensma, pode ser feito em dose única ou em cinco anos

Terapia genética é a nova onda da indústria farmacêutica.

Já tem remédio sendo preparado para a cura da hemofilia e distrofia muscular em crianças.

A despeito do bolso do doente.

O laboratório que produz os famosos Cataflan, Cerumin apresenta-se como “uma empresa de cuidados com a saúde baseada em ciência, buscamos desenvolver produtos capazes de mudar a prática da medicina”.

Milionários estarão salvos. O resto…

 •  0 comments  •  flag
Share on Twitter
Published on May 30, 2019 09:28

Marcelo Rubens Paiva's Blog

Marcelo Rubens Paiva
Marcelo Rubens Paiva isn't a Goodreads Author (yet), but they do have a blog, so here are some recent posts imported from their feed.
Follow Marcelo Rubens Paiva's blog with rss.