Marcelo Rubens Paiva's Blog, page 7

August 28, 2019

Pega leve

O futuro é estar conectado 24 horas por dia e ser “multitasking”, ou seja, fazer muitas coisas ao mesmo tempo?

Está por fora. O momento agora é o “slow movement”. Ou melhor, desacelerar.

Em toda parte, muitos criam um novo estilo de vida, valorizam as relações e a convivência, priorizam o presente com atenção plena e vêm desacelerando.

Conectar-se não é olhar para telas, mas ao redor. O lema é:

BOM, LIMPO E JUSTO

DEVAGAR, PEQUENO E LOCAL

Quer desacelerar? Seis dicas preparadas By Mi Prazeres

Cuide das relações importantes para vocêPerceba as suas escolhas de tempoFale sobre o tempo da vida e das coisasFaça uma coisa de cada vezFique mais tempo offlineFaça pausas

“Desacelerar é conviver, contemplar, refletir, deixar fluir, cuidar, brincar, desfrutar. É o resgate do natural, do orgânico, do artesanal. É vida simples, consumo consciente, economia criativa, solidariedade. Não é preciso muito esforço para mapear, no dia-a-dia, a presença da velocidade como lógica que nos aprisiona em diversos setores da vida: trabalho, comida, cidades, mente e corpo, medicina, crianças, lazer, etc.”

É o que propõe o Desacelera SP, iniciativa idealizadora do Dia sem Pressa, o primeiro Festival da Cultura SLOW do Brasil, que rola dia 28 de setembro no Unibes Cultural (bairro Sumaré).

“Pode ser um estado de espírito. Uma filosofia de vida. Um modo de estar no mundo, de pensar, de ver e viver as experiências cotidianas. Mas também pode ser um instante de que precisamos para respeitar o nosso ritmo e focar no que realmente importa. Trabalhamos com processos de formação e reflexão; produção e curadoria de conteúdo; sensibilização e mobilização relacionados ao universo do movimento slow.”

O festival vai reunir pessoas, grupos, projetos, organizações e empresas que valorizam e empreendem no mundo uma vida mais afetiva, humana e artesanal; com mais convivência e cuidado com as relações e pessoas, em dois pátios da Unibes: o auditório e duas salas com espaços de convivência e uma programação de vivências, oficinas, palestras, brincadeiras, atividades culturais e experiências de cuidado.

E pede doações:

http://www.desacelerasp.com.br/diasempressa/

O espaço do evento é composto por estações que reúnem as qualidades do slow living: comer, fazer, brincar, refletir, viver, recarregar e oferecer.

Cuide das relações importantes para você

Quem são as pessoas mais importantes na sua vida hoje? Como elas estão presentes no seu cotidiano? Quantas vezes você as encontrou neste ano que está acabando? Nestes encontros, você esteve presente de fato, em conversas profundas ou em silêncios reveladores, mas em encontros de troca de afeto e plenitude? O Desacelera SP acredita que a convivência afetiva é uma forma de humanizar as relações e desacelerar. A escuta atenta, a atenção plena e a presença são fundamentais para um caminhar mais lento.

Perceba as suas escolhas de tempo

Como você usa seu tempo? Como distribui suas 24 horas de cada dia e os dias da semana em relação ao que gostaria e ao que deveria fazer? O que ocupa mais tempo em sua vida hoje? O que você gostaria que ocupasse mais? Perceba as suas escolhas de tempo e tome as rédeas destas escolhas para você. Pergunte(-se) quando a velocidade faz sentido e quando não faz. Não estamos falando de gestão do tempo. Estamos falando de consciência e autonomia temporal. Basicamente, trata-se de conhecer as suas escolhas de tempo e buscar transformar o que te incomoda (claro que entendemos que algumas escolhas são possíveis e outras não; mas percebê-las já é um passo importante para compreender onde é possível mudar). Às vezes a transformação está justamente em um movimento interno, de percepção sobre suas escolhas de tempo. A velocidade é violência e a pressa é uma dinâmica social que elege a agilidade como coisa positiva. Muitas escolhas, portanto, estão submetidas a convenções sociais. Mas a consciência é transformadora e é o primeiro passo para conquistar a autonomia.

Fale sobre o tempo da vida e das coisas

Quantas vezes você já respondeu uma mensagem só para não parecer lento? Quantas vezes esta reação rápida não necessariamente atendeu à demanda do seu interlocutor, mas você reagiu mesmo assim, apenas para dar conta da velocidade como demanda colocada e velada? Precisamos falar sobre o tempo. E não apenas na perspectiva da falta de tempo, da pressa, da indisponibilidade, de que precisamos de mais tempo. Precisamos falar sobre os contratos de tempo. Quando mudamos combinados e formas de lidar com o tempo, estamos promovendo pequenas grandes transformações. Em vez de responder aquela mensagem rapidamente e sem sentido, por exemplo, responda dizendo que vai responder com calma assim que puder cuidar dela com a atenção que ela merece. Experimente problematizar prazos e atrasos. Falar sobre o tempo é importante para construirmos novas relações com o tempo.

Faça uma coisa de cada vez

Vivemos na sociedade do desempenho, que valoriza o “multitasking” (a capacidade de fazer muitas coisas ao mesmo tempo). Na prática, estamos nos revezando de tarefa em tarefa, sendo inefetivos. Perdemos coisas e esquecemos de coisas importantes. Atendemos em ritmo frenético a urgências e não conseguimos dar conta do que são as nossas próprias prioridades. Muitas vezes, pode ser melhor fazer uma coisa por vez, sequencialmente e com atenção plena.

Fique mais tempo offline

Você precisa mesmo olhar aquela mensagem assim que o aparelho apita? Precisa mesmo estar online tantas horas por dia? Ou precisa mesmo conversar por programas de mensagem enquanto almoça? As tecnologias são “ladrões de tempo” na vida contemporânea. Muitas vezes, o “fluir” nas redes sociais, por exemplo, está relacionado com os poucos momentos de entretenimento a que você tem direito no seu dia. Não queremos que você os abandone. Mas pense que você poderia administrar melhor a sua relação com os aparatos tecnológicos e as telas em geral e garantir mais tempo de presença e atenção plena, seja com você mesmo, seja com outras pessoas e relações importantes para você.

Faça pausas

O mundo te pressiona a correr. Parar é um grande esforço. É difícil encontrar na sua agenda apertada e cheia de compromissos tempo para fazer um trecho do seu deslocamento diário a pé, contemplar a cidade, a rua, as pessoas; um tempo para refletir; um tempo para escutar alguém; para ouvir uma música; para almoçar com calma. Imagine um tempo para não fazer nada! Um tempo para não (se) ocupar?! Este tempo é ainda mais raro! Permita-se este tempo sem culpa. Tenha em mente que a pausa não deve servir apenas para recobrar o fôlego para voltar ao trabalho. A pausa é para você. Desfrute.

 

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Published on August 28, 2019 05:46

August 22, 2019

Protestos contra queimadas se espalham

No Brasil, nos países vizinhos e no mundo, começam a ser organizadas manifestações contra as queimadas na Amazônia.

Começou pela embaixada brasileira de Londres.

Amanhã, outras embaixadas serão alvo de protestos.

As fotos de satélite, os dados e a chuva negra sobre São Paulo repercutiram.

Era esperado, não?

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Published on August 22, 2019 06:56

August 21, 2019

Bacurau resiste a ataque fascista

Uma cidade do oeste de Pernambuco, Bacurau, une-se para se defender de invasores fanáticos por armas, que descobrem tarde demais que mexeram com as pessoas erradas, herdeiras do cangaço.

São americanos comuns liderados por um alemão acusado de nazista, que parecem participar de um reality show. Ganha pontos quem mais mata.

Glauber também premiado em Cannes) é uma indisfarçável inspiração. Veem-se pitadas de faroeste e Tarantino. Ouvi gente na saída se lembrar de Pasolini. Até Asterix é uma referência, herói da aldeia que combate a invasão externa movido pelo poder de uma poção mágica.

A água, claro, está em disputa. Assim como o voto e a terra.

Kleber Mendonça Filho, o maior cineasta brasileiro, faz um cinema político mais que fundamental nos dias de hoje.

Em parceria com Juliano Dornelles, foram proféticos: o Nordeste está mais que nunca sob ataque.

Um ataque que pontua a nossa República fragmentada e frágil.

Uma horda fanática se arma até com objetos de coleção, como a icônica submetralhadora Thompson, usada por gângsters, para combater os aparentemente mais fracos.

“As pessoas estavam quietas no seu canto, quando foram atacadas. Elas apenas se defenderam. Vejo como um filme sobre resistência”, disse Dornelles num debate no Cinearte.

Para Mendonça, a virada sombria do clima do mundo demonstra que o filme não está tão longe da realidade.

De fato.

No mundo, assistimos a uma elevação da extrema-direita. Na Turquia, Hungria, Inglaterra e Estados Unidos, está no poder. Na Itália, a Liga enfim chega lá. Na Alemanha, faz parte da coligação. Na França, é sempre ameaça.

No Brasil…

 

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Published on August 21, 2019 07:06

August 19, 2019

Cadeirantes versus companhias aéreas

Já cheguei em Atenas, Madrid e São Paulo com a cadeira de rodas quebrada.

Por conta da falta de cuidado da Alitalia, Iberia e TAM, respectivamente, ao embarca-la ou desembarcá-la. Nenhuma das três pagou pelo prejuízo.

Viagens a trabalho.

Já perderam minha cadeira de rodas em Nova York e Barcelona. Encontraram no dia seguinte e entregaram no hotel.

É um trauma, um descaso internacional.

Numa pesquisa recente U.S Department of Transportation, publicada na New Mobility, um dado chocante: entre dezembro de 2018 e fevereiro de 2019, companhias aéreas americanas danificaram 23 cadeiras de rodas. Por dia!

As companhias perderam e danificaram no período 1.975 cadeiras manuais, motorizadas e scooters.

American e Southwest são as campeãs em queixas. Delta e United têm o menor número de ocorrências.

Um cadeirante sem cadeira de rodas num desembarque é como um passageiro chegar sem as pernas.

Do outro lado do Atlântico, a Aerobility com a British Airways e o Heathrow Airport se uniram para estabelecer um novo recorde para as aeronaves mais pesadas puxadas por uma equipe de cadeirantes: 98 puxaram um avião de 127 toneladas (Boeing 787-9 Dreamliner) por mais de 106 metros [foto acima].

Que fardo temos que carregar…

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Published on August 19, 2019 07:32

August 16, 2019

Um artista espetacular em SP

A exposição inédita Man Ray em Paris chega na semana que vem, 21 de agosto, em São Paulo.

Os simplistas o classificam como dadaísta. É muito mais que isso.

Pioneiro no spray, pintura, fez do corpo arte, ao criar uma lendária personagem feminina para Duchamp; vestiu-se de mulher para ele, como a enigmática Rrose Sélavy (c’est la vie).

Como Duchamp, foi adepto do ready-made, em que objetos do cotidiano viram obra de arte.

Fez colagem, pintura, filmes surrealistas ao estilo Buñuel e Dali, e fotografia; numa técnica chamada solarização, invertia parcialmente os tons da chapa. Entre elas, O Violino de Ingres, que esteve na primeira exposição surrealista com Miró e Picasso em 1925, e Lágrimas [acima].

Fotografou seus vizinhos Picasso, Tristan Tzara, James Joyce, Gertrude Stein, Jean Cocteau, Salvador Dali, Peggy Guggenheim, Artaud.

A exposição ocupará salas do CCBB-SP. Ao todo, 255 obras: objetos, vídeos, fotografias e serigrafias no período em que o artista americano, como todos, viveu entre 1921 e 1940 em Montparnasse, na barata e eletrizante Paris (é uma festa).

A curadoria da mostra é de Emmanuelle de L’Ecotais, que fica até 28 de outubro.

Os filmetes estarão espalhados pelo segundo e terceiro andar.

Como Les Mystères du Château du Dé, de 1929.

O famoso L’Etoile de Mer, de 1928

Emak Bakia, de 1926

E Le retour à la raison, de 1923.

 

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Published on August 16, 2019 07:44

August 14, 2019

Soprano volta com filho de Gandolfini

Ele está de volta: a HBO anuncia para setembro de 2020 uma versão de Tony Soprano jovem.

No seu papel, o filho Michael Gandolfini, 20 anos de idade.

Família Soprano é a série que mudou o rumo da TV mundial, deu vida à TV a cabo, que virou paga, que virou streaming, levou a literatura para a dramaturgia, por conta da complexidade dos seus personagens.

A série de 1999 a 2007 de David Chase bateu recorde de audiência, causou furor nos EUA e elevou o anti-herói, ou “os homens difíceis”, ao protagonismo da teledramaturgia.

O filme The Many Saints of Newark, situado em 1967, vai retratar a juventude de Tony, antes de virar o grande chefão da máfia de News Jersey e, com isso, detonar uma síndrome de pânico, a paranoia de ser assassinado pela própria mãe e a decepção com a falta de ética dos novos parceiros mafiosos.

O mítico ator Gandolfini, que se entregava de corpo e alma, morreu em 2013. Curiosamente, seu filho nasceu exatamente quando a série começou a ser gravada.

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Published on August 14, 2019 08:03

August 13, 2019

Governo perde tempo com besteira

Não ria: o Movimento Ex-Gays Brasil (MEGB) existe e foi recebido oficialmente pelo governo brasileiro.

Sua página no Face tem apenas 500 seguidores

Se poucos os levam a sério, o Executivo, não. Foi recebido semana passada por Damares Alves, ministra do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos.

Que é (ou deveria ser) responsável pela promoção dos direitos humanos, combate à violência contra mulheres, tortura e trabalho escravo, ações de fomento ao desenvolvimento de quilombos, na melhoria da qualidade de vida de pessoas com deficiência e contra violência infantil.

Não tinha nada mais relevante na agenda?

Idealizado por Miriam Fróes, que estudou pós-graduação em terapia sistêmica de casal e família no Instituto Bauruense de Psicodrama, e Saulo Navarro, que se intitula “ativista ex-homossexual”, defensores da cura gay, o movimento solicitou apoio e reconhecimento ao direito de liberdade de expressão religiosa pela classe que se intitula “Minoria das Minorias”.

“Desejamos a livre escolha de não mais vivenciar a homossexualidade, e isso não nos torna homofóbicos, pois respeitamos toda forma de pensar e viver, bem como, desejamos ser respeitados.”

Mas é obrigatório “homossexualizarem-se”? Héteros são desrespeitados?

Entre eles, estavam as psicólogas envangélicas Rosangela Justino e Deuza Avellar, proibidas pelo Conselho Federal de Psicologia de continuar seus tratamentos de cura-gay.

Aliás, Navarro, o ex-homossexual, acusa “a mídia e outros órgãos, como o Conselho Federal de Psicologia” de, através de propaganda gay, “influenciar toda uma geração ensinando o homossexualismo” (em entrevista ao GospelPrime).

No programa do MEGB:

“Nossa caminhada se dá desde 1996 ajudando pessoas convertidas ao Evangelho de Cristo, que por convicção espiritual nesse processo não mais desejam caminhar na homossexualidade. Não somos homofóbicos, pois um dia estivemos nesse caminho, respeitamos e amamos a todos, porém lutamos pelo direito de liberdade de expressão religiosa de não mais vivenciar a homossexualidade como um estilo de vida. Nos consideramos uma minoria das minorias, a qual mesmo assim, existimos sendo pessoas que sabem fazer suas escolhas, assim como qualquer outra comunidade o faz. Desejamos respeito em nossas decisões e direito de deixar e permanecer.”

O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) está estruturado em oito unidades: Secretaria Nacional de Proteção Global, dos Direitos da Pessoa com Deficiência, de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, de Promoção e Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa, dos Direitos da Criança e do Adolescente, de Políticas para Mulheres (SNPM), Secretaria Nacional da Juventude e Secretaria Nacional da Família.

Ainda assim, recebe o movimento que difunde testemunhos de “ex-gays”, postados no Youtube, como o de um pastor:

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Published on August 13, 2019 06:38

August 8, 2019

Bolsonaro, Marias e Clarices

Ele não deixa dúvidas.

O presidente da República eleito democraticamente, “p$rr@!”, defende a tortura aplicada contra adversários arquitetos, engenheiros, artistas, estudantes, jornalistas, brasileiros ou não, especialmente militares, esposas e filhos, adultos, jovens e crianças, durante o regime autoritário.

Homenageou em 2016 o coronel Brilhante Ustra, na relevante votação para a licença de uma presidente torturada, Dilma.

Empregou em seu gabinete a mulher de outro, Maria de Fátima, esposa do general José Antônio Belham.

Ustra chefiou o DOI-Codi de São Paulo. Torturava pessoalmente seus presos, reconheceu o STJ. Entre eles, a atriz Bete Mendes.

Belham chefiou o DOI-Codi do Rio. Mandava seus subordinados conhecidos como Catarinas torturar.

São os heróis de Bolsonaro.

Como presidente, desmobilizou a equipe que identificava ossos de desaparecidos políticos.

E conseguiu intervir na Comissão de Mortos e Desaparecidos.

Hoje, no dia da primeira reunião do conselheiro, às 14h, decidiu de última hora abrir uma brecha na agenda para receber ao meio-dia no Palácio do Planalto, Maria Joseíta Silva Brilhante Ustra, viúva do coronel Ustra.

O encontro entrou ontem à noite na agenda oficial do presidente da República.

“Tem histórias maravilhosas para contar”, disse.

Que histórias seriam essas?

“Tem um coração enorme, sou apaixonado por ela. Não tive muito contato, mas tive alguns contatos com o marido dela enquanto estava vivo. Um herói nacional que evitou que o Brasil caísse naquilo que a esquerda hoje em dia quer”.

A Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos foi fundada por outra Maria, também viúva: minha mãe Maria Eunice, encarcerada em 1971 pelo marido de Maria de Fátima, general Belham.

Que instalou a Comissão em 1996, mas conviveu poucos meses nela.

Passava mal. Não conseguia ler, ver fotos e ouvir os relatos de torturas.

Será que Maria Joseíta vai descrevê-las?

Alguém sente prazer em ouvi-las?

Muitas Marias têm histórias para contar.

De um lado, histórias de pavor.

Cometidas contra os maridos de Marias e Clarices, que choraram no solo do Brasil.

 

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Published on August 08, 2019 07:12

August 6, 2019

Quem tem armas?

As armas estão no topo do debate americano e recentemente no do brasileiro.

Mas elas estão nas mãos de quem?

Aqui, os números não esclarecem.

Lá?… Surpresa. Desde 2008, depois da eleição de Obama, triplicou o número de armas fabricadas nos EUA, e duplicou o de importadas.

Mas não triplicou nem duplicou o número de pessoas com armas em casa, número que se mantém estável há décadas.

Quem compra armas são sempre os mesmos. E uma minoria: 3% da população têm metade das amas de fogo do país.

É o que aponta o departamento Injury Control Research Center da Universidade de Harvard.

Que revela mais:

As taxas de homicídio por armas de fogo nos EUA foram 25 vezes maiores do que em países de média salarial alta.

92% de todas as mulheres mortas por armas de fogo e 97% de todas as crianças de 0 a 4 anos mortas por armas de fogo eram residentes nos EUA.

Homens têm duas vezes mais armas do que mulheres.

A maioria é branca, não religiosa e de baixa escolaridade.

A desculpa mais utilizada: querem se proteger e as pessoas que amam.

Onde mora o perigo?

30% dos que possuem armas deixam-na destravadas e carregadas.

61% dos que possuem armas têm treinamento adequado.

4,6 milhões de crianças moram em casas que têm armas não protegidas ou travadas.

Um terço de veteranos de guerra guardam armas não travadas em casa.

Curiosamente, no vizinho México, apenas 3% dos lares têm arma de fogo.

Para a socióloga Angela Stroud, quando o homem se torna marido ou pai, se sente mais vulnerável.”

“Para eles, ter uma arma é ser um bom marido ou pai”.

O fato da eleição de Obama ter proporcionado um boom não descarta as questões raciais.

Outra: o colapso econômico de 2008 deixou muitos homens brancos inseguros. A arma seria um símbolo de poder, masculinidade e independência, escreveu Jeremy Adam Smith para a Scientific American.

Smith compilou inúmeras pesquisas acadêmicas sobre posse de armas.

E concluiu: “Estudos sugerem que restringir o fluxo de armas e munição certamente salvaria vidas. Mas nenhuma lei pode retratar a ausência de significado e propósito que muitos homens brancos parecem sentir, o que eles poderiam obter através da conexão social com pessoas que nunca esperavam ter a segurança econômica e o poder social que os homens brancos já desfrutaram.”

 

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Published on August 06, 2019 09:07

August 1, 2019

Hora de falar sério

O mundo mudou. O discurso de ódio mudou o humor. O humor ficou sério.

Existem três fases na evolução de um comediante: a piada a qualquer custo, o que eu quero de dizer, e, enfim, o que eu preciso dizer. São dicas do professor Fábio Lins.

Um comediante atinge um patamar superior quando, entre as piadas, fala muito a sério, desabafa, precisa desopilar. E pode-se acompanhar esta evolução no streaming.

Três deles resolvem falar de problemas pessoais para uma plateia atônita e surpresa, Chris Rock, Aziz Ansari e Hannah Gadsby.

Aliás, Hannah foi longe e fez de um show em Sidney, Austrália, uma aula sobre preconceito, homofobia, raiva e arte.

Chris Rock surpreendeu a plateia do Brooklin, NY, ao falar do fim do seu casamento com Malaak Comptom, pelo fato de ter traído a mulher três vezes.

Pediu desculpas à família, amigos e às mulheres da plateia no já histórico show Tamborine.

https://www.youtube.com/watch?v=I0iVgB3cK5M

Azis acaba de estrear na Netflix o show Right Now.

Acusado de assédio no ano passado, a estrela em ascensão ficou fora dos holofotes, perdeu contratos e faz um mea-culpa ao vivo: “Eu me senti com medo, humilhado e envergonhado. Mas, sobretudo, eu me sinto péssimo por aquela pessoa se sentiu assim. Depois de mais de um ano, espero que eu tenha dado um passo adiante, que eu tenha me tornado uma pessoa melhor.”

A garota escrevera anonimamente na época no site Babe.net falando de como tinha tido a pior noite da vida.

Conhecera Aziz em 2017 na cerimônia do Emmy, que bombou como estrela da série Master of None, transaram e se sentiu humilhada: “Você ignorou minhas dicas não verbais, continuou avançando.”

Ele abre e fecha o show dirigido por Spike Jonze, também no Brooklin, pedindo desculpas.

https://www.youtube.com/watch?v=t_UqIMUgmZs

Mas quem arrasa mesmo é Hannah.

No show Nanette, que estreou há um mês, realizado numa lotada Ópera de Sydney, ela dá uma aula de humor, de como comediantes se autodepreciam, da criação da tensão, E anuncia que para de fazer comédia.

Lésbica assumida, ela faz um show político, da homofobia que ela própria, que veio da Tanzânia, região ultraconservadora, sentia.

Dirigindo-se aos homens da plateia, desabafa: “Preciso largar a comédia. O único jeito de falar a minha verdade e deixar a sala tensa é mostrar minha raiva. Eu sinto raiva e tenho todo o direito de sentir. Não tenho direito é de espalhá-la.”

Ela não quer espalhar ódio cego, nem se fazer de vítima, por isso acha melhor parar de fazer shows.

spoiler: No final, enumera para uma plateia em choque os abusos que sofreu.

https://www.youtube.com/watch?v=5aE29fiatQ0

Hannah não vai parar de se apresentar. Já agendou shows em NY, Europa e Austrália.

E fez da piada uma coisa séria. Seríssima. Que nos faz refletir.

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Published on August 01, 2019 10:27

Marcelo Rubens Paiva's Blog

Marcelo Rubens Paiva
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