Marcelo Rubens Paiva's Blog, page 3
March 15, 2020
Operadora de celular na crise do Covid-19
Um dado é certo: com o isolamento forçada ou voluntário, aumentará e muito a transmissão de dados via internet.
Aulas, calls, home office, entretenimento e crianças em casa é a somatória ideal para o congestionamento das conexões
Neste fim de semana, França e Espanha, seguindo a Itália, tomaram medidas rigorosas contra a vida social.
O efeito será sentido na conectividade e será um teste de como a rede se comportará com a demanda enorme de dados. Se o combate à pandemia é uma ação coletiva, operadoras de celular podem contribuir. Um teste interessante é saber como foi a audiência dos streamings e da TV aberta ontem, sábado, 14/03. Paradoxalmente, séries em gravação começam cancelar a gravação. Ainda bem que tem muita coisa antiga para ver, rever
A Claro soltou um comunicado ontem oferecendo mais Internet na banda larga de casa, pontos públicos de Wi-Fi e planos móveis durante quarentena do coronavírus:
Uma equipe técnica trabalhará para garantir a melhor conectividade possível.
Concederá ainda acesso gratuito ao app “coronavírus SUS” do Ministério da Saúde e sinal aberto de canais da TV por assinatura, ampliando a campanha oficial de combate ao covid-19.
Na Banda Larga fixa, a operadora aumentará gradativamente a velocidade para todos os assinantes.
Na rede móvel, a Claro adotará a concessão gradativa de bônus de Internet para seus clientes pós-pagos, permitindo que se mantenham conectados com fontes oficiais de informação, familiares e médicos.
Clientes pré-pagos que consumirem toda a sua franquia poderão ganhar um bônus diário de 100MB para continuar navegando. Para
isso, deverão assistir à campanha de conscientização produzida pelo Ministério da Saúde sobre o coronavírus. Clientes dos planos pré-pagos semanais e mensais também receberão bônus que permitam expandir sua conectividade no período da oferta.
A Claro liberará a sua rede de Wi-Fi disponível em locais públicos (aeroportos, parques, restaurantes etc.). O acesso pode ser feito por meio da rede #NET-CLARO-WIFI, que terá conexão concedida por tempo limitado para quem aceitar a exibição dos vídeos de
prevenção disponibilizados pelo Ministério da Saúde.
Disponibilizará de mais canais e conteúdos de interesse aos clientes de TV por assinatura, reforçando as
fontes de informação e entretenimento para quem estará em casa. A abertura de canais já começou neste fim de semana e terá validade por tempo indeterminado, conforme política acordada com cada programadora.
Parabéns, Claro.
March 12, 2020
Desvendando Miles Davis
Miles Davis era um gênio? Yes, sir…
Existe a era antes e depois de Miles Davis? Yep.
Por quê?
Um documentário da Netflix (Birth of the Cool) desvenda em duas horas o enigma Miles Davis. Aliás, por ele mesmo, já que ouvimos em off trechos da sua autobiografia.
Desvendamos o trompetista que nasceu de uma família rica, virou figurante de uma banda com Charlie Bird Parker e Dizzy Gillespie, na explosão dos clubes de jazz da Rua 52, viciou-se em heroína e, curado, numa exibição no festival de jazz de Newport, mudou o bebop, o mundo do jazz, da música.
Ele fez uma música para ser contemplada de olhos fechados, como os mestres eruditos que estudou em Nova York na Julliard School.
Fez uma música para ser sentida, que invadia a alma, alterava a frequência cardíaca. Virou sinônimo de chique. Fez sucesso na Europa. Conviveu com Picasso e Sartre. Penetrou no difícil público branco norte-americano.
Inventou o cool jazz e o jeito cool de ser. Fez uma música introspectiva, para dentro. Obrigou o público a se sentar e ouvir. Inventou o jazz modal.
Sua revolução não parou aí.
Ao mudar de gravadora, Columbia, precisava entregar às pressas quatro álbuns para a antiga, Prestige. Em três dias. Entregou quatro obras-primas. Estava inventada a jam session: música como um fluxo da consciência.
Fez o disco de jazz que mais vendeu na história: Kind of Blue.
Sempre se cercou de jovens talentos, a quem dava asas: Chick Corea, Herbie Hancock, John Coltrane, Wayne Shorter, Thelonious Monk, George Coleman, Kenny Garrett, o baterista Tony Williams, Gil Evans e o guitarrista John McLaughlin. Os vivos falaram no documentário.
Foi para a França e compôs a trilha do filme Ascenseur pour l’échafaud de Louis Malle, com músicos franceses: improvisavam diante da tela, enquanto Jeanne Moreau caminhava perdida pelas ruas de Paris; queria traduzir o sentimento da personagem. O disco fez tanto sucesso quanto o filme.
Inspirado por um show de música flamenca que viu em Barcelona, passou a fazer do trompete uma voz humana. Depois, incluiu batidas indianas.
Mudou radicalmente o estilo depois dos turbulentos anos de 1968-69. Fundiu o jazz com o funk. Inventou o fusion.
Lotava shows. Seus discos vendiam muito. E, sobretudo, era um ídolo da comunidade negra, pois peitava os brancos, vestia-se magistralmente, estiloso, casado com a mulher negra mais desejada, a dançarina Francis, e sempre dirigia uma Ferrari.
Fica provado: Miles é um semideus.
March 2, 2020
Série sobre F1 é mais emocionante que a própria
Já tem a segunda temporada da série da Netflix sobre os bastidores do circo da Fórmula 1, Drive to Survive.
O título de duplo sentido traz a premissa da série: a luta interna que existe para ser um dos 20 privilegiados a pilotar um carro de F-1 e sobreviver entre tubarões.
O problema é que a série é tão bem feita, que fica duro depois assistir às monótonas e longas corridas da temporada que vêm no correr do ano.
Na primeira temporada, de 2018, as grandes equipes, Mercedes e Ferrari, se recusaram a participar tolamente. Foi até bom, porque conhecemos a luta para as equipes sobreviverem sem dinheiro, as disputas do segundo pelotão e as dramáticas histórias de pilotos novatos e veteranos.
Não competem, sobrevivem. Contra as grandes montadoras, desdobram-se.
O sucesso da série fez as teimosas grandes equipes se dobrarem sob o poder da nova TV, apesar de, em todo momento, alguns se sentirem incomodadas com a “intrusão” da equipe de filmagem.
Com os princípios essenciais de bons roteiristas/diretores/montadores, criam-se conflitos, humanizam-se super deuses, dão emoção, ganchos, contradições.
Cada episódio aborda uma trama:
As dificuldades da americana e sem grana equipe Haas, que perde o patrocinador, um excêntrico empresário, no começo da temporada.
O drama da antes vencedora Williams, nas mãos agora de uma mulher, a filha, escuderia que perdeu patrocinadores, se perdeu e está sempre no final do grid.
As competições internas entre Daniel Ricciardo, o mais simpático e carismático dos pilotos, que trocou a supercampeão Red Bull pela Renault, e de quem roubou a vaga, o jovem Carlos Sainz.
O domínio absoluto de Lewis Hamilton, ídolo de origem pobre.
A rivalidade interna entre Verspatten e Gasly, da Red Bull.
A ascensão do tailandês budista Alex Albon, cuja mãe foi presa por fraude na infância; e ele teve que cuidar sozinho dos irmãos.
A morte de um amigo íntimo na Fórmula 2 de todos eles.
A paixão pela Ferrari e a competição interna entre Leclerc, o novato, sempre à frente do veterano e quatro vezes campeão, Sebastian Vettel.
O drama do piloto mais antigo do grid, Nico Hulkenberg, que nunca subiu num pódio e quase consegue vencer o Grande Prêmio da Alemanha, sua casa, batendo no final.
Difícil desgrudar.
Difícil depois encarar as corridas.
December 23, 2019
Chocolate Yanomami versus garimpo
Quando os conquistadores espanhóis descobriram a bebida xocoati na invasão ao Reino Asteca (hoje México), não imaginavam o sucesso que resultaria. Nem que o cacaueiro se espalhava até a nossa Amazônia.
Colombo viu suas amêndoas com os primeiros indígenas. Hérnan Cortez levou alguns exemplares para a corte na Europa anos depois. Logo, a bebida estimulante se tornou exclusiva dos aristocratas espanhóis, italianos e franceses, que a adoçaram.
Cacau que, surpresa, os Yanomami conhecem muito bem, e utilizam as amêndoas também como estimulante.
Agora, encontraram outra função: lutar contra a invasão de milhares de garimpeiros na Terra Indígena Yanomami, produzida e incentivada pelo ideal militar e Governo Bolsonaro, que criticam a reserva.
Indígenas passaram a produzir o Chocolate Yanomami, que foi apresentado semana passada e é feito de cacau nativo beneficiado na comunidade Waikás, com uma fórmula única (do chocolatier César de Mendes): 69% de cacau, 2% de manteiga de cacau e 29% de rapadura orgânica.
“As entidades da floresta desceram aqui na fábrica e trouxeram um perfume que não tínhamos experimentado antes. É fora da curva. Ele é um chocolate com presença na boca. Tem persistência prolongada e agradável, com doce equilibrado”, disse o especialista.
Produzir chocolate partiu de lideranças Ye’kwana, para gerar renda adicional para as comunidades e ajudar na luta contra o assédio do garimpo.
O chocolate começou a ser produzido em 2018 numa oficina na comunidade Waikás.
Foi produzida a primeira barra de chocolate da história da Terra Indígena Yanomami.
A liderança pretende plantar mais sete mil pés de cacau até 2021.
Segundo o Instituto Socioambiental, “a Terra Indígena Yanomami (TIY) é a maior do Brasil com 9,6 milhões de hectares e nela vivem os povos Yanomami e Ye’kwana, com populações de 25 mil pessoas e 700 pessoas, respectivamente, distribuídas em 321 aldeias. Considerado como ‘povo de recente contato’, os Yanomami são o maior povo indígena do planeta que mantém seu modo de vida tradicional. Constituem um conjunto cultural e linguístico composto de, pelo menos, cinco subgrupos que falam línguas diferentes de uma mesma família: Yanomam, Yanomami, Sanöma, Ninam e Yanoamë.”
O chocolate está a venda no Mercadão de Pinheiros, em São Paulo.
December 18, 2019
O Show do Assédio
É um programa a que todos os machos héteros deveriam assistir.
The Morning Show, série sensação da nova Apple TV + (com indicações aos mais importantes prêmios, Globo de Ouro, Critic’s Choice e Screen Actors Guild), chega ao fim sexta-feira (dia 20).
O assédio sexual vira Plot A (trama principal).
Práticas então bobinhas, que muitos de nós praticamos no dia a dia em ambientes de trabalho por décadas, são questionadas: gracejos, elogios, cantadas, mãos bobas, nada bem-vindas em qualquer ambiente, ainda mais profissional, com a conivência de chefes, subalternos e a paciência infindável das vítimas, na grande maioria mulheres.
Vi tudo isso em muitos lugares em que trabalhei em 37 anos de carreira. E, provavelmente, falei ou fiz alguma merda para alguma colega. Como a grande maioria.
Fiquei chocado com a série, especialmente porque trabalhei em redações de televisão, estúdios, programas diários tensos, e na imprensa escrita. É assim mesmo. Ou era?
Vi chefes e não chefes assediarem (sim, vi chefas assediarem também), pessoas serem promovida não por conta do talento jornalístico, e, sobretudo, a complacência de todos, como se aquilo fosse a norma, rotina, comum.
Vi o mesmo em sets de filmagem, universidades e grupos de teatro. Minha geração não é vítima, mas réu.
Cheguei a trabalhar numa empresa em que se dizia (piadinha de corredor), que o RH passou a contratar mulheres feias e assumidamente gays para diminuir a libido dos editores.
A série foi inspirada no livro Top of the Morning: Inside the Cutthroat World of Morning TV, do jornalista Brian Stelter (de 2013), que passou em branco e retrata os bastidores dos mornings shows, tradição americana- programas matinais em que um casal, nem sempre casado, apresenta as notícias de uma maneira mais sensacionalista e “informal”.
No livro, a disputa pela audiência entre os notórios Good Morning America e Today Show.
A Apple TV foi além. Afinal, entre o livro e a série, ocorreu a denúncia contra o predador sexual Harvey Weinstein, produtor de Hollywood, e o movimento feminista que mudou o mundo, Meetoo, deu numa avalanche de denúncias que respingou em todos os países, inclusive no Brasil.
Na série, Alex Levy, âncora do The Morning Show (Jennifer Aniston), é abalada pela notícia de que seu par de bancada e melhor amigo por 15 anos, Mitch Kessler (Steve Karell), foi pego num escândalo de má conduta sexual e demitido. Atordoada, para substitui-lo, ela mesma escolhe a novata Bradley Jackson (Reese Witherspoon), sem os vícios da grande imprensa, nova geração.
Mitch não se considera um predador, como seu melhor amigo também acusado, cineasta inspirado em Polanski e Woody Allen.
Alex não se considera complacente, mas via tudo, abafava e sorria.
Uma cena choca.
Mitch e Alex são maquiados na bancada segundos antes de entrarem no ar. Ele elogia o vestido da maquiadora, que sorri amarelo. Diz para Alex: “Você deveria usar este vestido. Assim, ela estaria pelada”.
Alex sorri, diz: “A primeira do dia de Mitch”. E começa o show de hipocrisia da televisão.
Vergonha do que vi e fiquei calado.
Vergonha de como nós, homens, incomodamos por anos colegas. Que só querem trabalhar, numa sociedade patriarcal, machista, mesmo ganhando menos e ouvindo coisas inconvenientes.
December 16, 2019
Obsoleto Top Gun is back
Na campanha do filme Top Gun 2, o resumo: “No mundo contemporâneo das guerras tecnológicas, o experiente piloto à moda antiga Maverick enfrenta drones e prova que o fator humano ainda é fundamental.”
É nada.
Nostalgia que ainda é um fator humano ainda fundamental.
Na era dos drones, ressuscitam algo obsoleto: o piloto de caças. E, claro, atrás do manche, uma lenda. Maverick (Tom Cruise) é chamado de volta. Não sei pra que guerra. Os EUA se retiraram até da Síria. Seus caças perdem em tecnologia para os russos, esses, sim, sempre em alguma frente de batalha. Mas é fofo ver o piloto motoqueiro assustando seus colegas com manobras ousadas, bebendo no bar, pensativo, como se estivesse acabado de ler Sartre, com alguma beldade (Jennifer Connelly) e arrumando confusão.
Mas só pro ano que vem.
Na campanha, o resumo: “No mundo contemporâneo das guerras tecnológicas, o experiente piloto à moda antiga Maverick enfrenta drones e prova que o fator humano ainda é fundamental.”
É nada.
Nostalgia que ainda é um fator humano ainda fundamental.
December 10, 2019
A barbada
Noah Baumbach fez um catálogo de toda trajetória dramática que é uma separação, ao retratar a própria, com pitadas de Kramer versus Kramer, comovente filme Oscar de 1980, que debatia a triste guarda de um filho.
História de um Casamento está indicado a seis categorias do Globo de Outro, apesar da musa Scarlett Johansson merecer por outros filmes, não por esse.
Vai faturar tudo. Valendo?
Baumbach, de A Lula e a Baleia (2005), Frances Ha (2012), adora crises em casamentos.
Escreveu aquilo que todo casal com filhos sofre ao se separar. Fez um filme simpático, inteligente, que prende, que você não quer que acabe, mesmo desconfiando de que nada acabará bem. De uma guerra declarada sem sentido, em que as partes interessadas são envolvidas na kafkiana burocracia judicial da vida pessoal.
Poderia se chamar A História de Todas as Separações.
Independentemente das injustiças cometidas contra Veep, Euphoria e When They See Us, o Globo de Ouro 2020 aponta o óbvio e revela uma surpresa.
O óbvio: a pioneira HBO continua a despontar como celeiro das melhores séries da televisão.
Agora com a inclusão definitiva da sensacional Succession, com Chernobyl e novamente Big Littles Lies, indicadas a melhor série.
Surpresa: aquela acusada de tirar público dos cinemas, a Netlfix, empresa com mais de 160 milhões de assinaturas, emplacou três melhores filmes de drama, O Irlandês, História de um Casamento e Dois Papas, e um de comédia, Meu Nome é Dolemite.
Três dos cinco indicados a melhor ator coadjuvante são de produções cinematográficas suas, Al Pacino, Joe Pesci e Anthony Hopkins.
Melhor ator (drama e comédia) são três também: Adam Driver, Jonathan Pryce e Eddie Murphy.
Se apenas The Crown se destaca pela qualidade de série drama, a Netflix emplacou três dos cinco indicados a melhor roteiro de filme drama, História de um Casamento, Dois Papas, O Irlandês.
A Netflix liderou o número de indicações ao Globo de Ouro graças aos filmes, especialmente, com toda justeza, a História de um Casamento, Dois Papas e O Irlandês
Outra surpresa. A primeira série da estreante Apple TV +, The Morning Show, já emplacou uma indicação de melhor série.
A ausência de Euphoria é espantosa. Entende-se, já que são críticos votando. Mas a série da HBO, que deslumbrou quem trabalha com isso, hipnotizou o mercado, virou modelo, referência, excepcionalmente bem dirigida, uma espécie de Flamengo comparado ao resto, merecia mais consideração.
December 6, 2019
A série mais cara de todos os tempos
A Apple TV+ entrou no ar em 1 de novembro de 2019 com o pé na porta.
Anunciou que produzira a série mais cara da história, The Morning Show. Custo: em torno de US$ 17 milhões por episódio. Não economizou para ter um elenco com Reese Witherspoon e Jennifer Aniston, cada uma papando US$ 1,5 milhão por episódio, e Steve Carell.
Mas ela mesma se supera. A segunda empresa mais valiosa do mundo gasta entre 200 e 250 milhões de dólares (em torno de R$ 1bi) produzindo oito (alguns afirmam ser nove) episódios de Masters of the Air, série sobre pilotos da Segunda Guerra.
Ela já é chamada de spin-off de Band of Brothers e The Pacific, produções da HBO que se passam na guerra da bem-sucedida dupla apaixonada pelo tema, Steven Spielberg e Tom Hanks, que começou a filmar o heroísmo de soldados americanos no longa O Resgate de Soldado Ryan de 1998 e não mais parou.
O recorde de custo até então pertencia a Game of Thrones, da HBO: cada episódio da última temporada custou cerca de 16 milhões de dólares.
Baseada no livro de Donald L. Miller, Masters of the Air: America’s Bomber Boys Who Fought the Air War Against Nazi Germany, a série estava sendo desenvolvida para a HBO desde 2012.
Há um mês, a Apple anunciou que comprou o projeto.
Pelas contas, cada episódio custará entre US$ 22 milhões, se forem nove, e US$ 31 milhões, se forem oito.
Band of Brother abordava a real história de Easy Company, de paraquedistas, desde o treinamento na escola militar, passando pelo Dia D, até o final da guerra.
The Pacific não fez o mesmo sucesso, e, como o nome diz, focou no front oeste e na guerra contra o Império Japonês.
Masters também abordará o treinamento de pilotos e suas heroicas missões, em que a possibilidade de morrer era de uma pra cinco.
December 4, 2019
Musical celebra Itamar Assumpção
Itamar Negro Dito Assumpção Beleléu faria 70 anos em 2019.
O filho do Januário Assumpção tocava atabaques nos cultos do pai no Paraná, largou os estudos de contabilidade, ainda bem, aprendeu sozinho violão, e veio para São Paulo, para tocar em festivais do interior.
Chamou atenção quando ganhou o festival da Feira da Vila Madalena em 1975, um celeiro que revelava músicos num palco improvisado no meio da rua.
Apareceu em 1979 tocando baixo com Arrigo Barnabé, que conheceu em Londrina. E se destacou na cena chamada “vanguarda paulistana”. Não era um instrumentista como outros, tinha uma poesia e pegada original, em que o suingue explorava o contemporâneo.
Era um poeta. Um compositor com vida própria. Uma pérola negra que surgia na música brasileira.
Morto aos 54 anos, em 2003, o compositor, cantor, instrumentista Itamar Assumpção é ressuscitado para comemorar seu aniversário no espetáculo Pretoperitamar – O Caminho que Vai dar Aqui, dirigido pela filha, Anelis Assumpção, e Grace Passô.
Enquanto em outro SESC, o Pinheiros, sua antiga banda faz uma homenagem de peso, contando com Arrigo, Abujamra, Taciana Barros e convidados.
Pretoperitamar é uma opereta que alterna música e texto.
Segundo a apresentação: “É um musical biográfico no sentido mais plural que compete uma biografia. Um drama onde a existência de Itamar se mistura a tantos corpos brasileiros comuns à marginalidade. Uma nova forma de ler/ver/escrever o tempo e apresentar a história de um dos maiores poetas negros da cultura contemporânea brasileira”.
Anelis lembra:
“Meu pai era um homem à frente do seu tempo, precursor do que hoje chamamos de música independente brasileira.”
A diretora Grace Passô diz:
“O espetáculo é um mergulho na ‘textura Itamar’, buscando dimensionar a decisiva contribuição desse artista para a música e cultura brasileiras, através de sua linguagem politizada”.
Nego Dito foi homenageado na Virada Cultural 2019. Os seus dois primeiros discos, Beleléu e Eu e Às Próprias Custas, relançados.
Pretoperitamar fica no SESC Pompéia de 28 de novembro a 15 de dezembro de 2019. Para no fim do ano e volta ente 9 e 19 de janeiro de 2020.
November 26, 2019
TV Cultura faz ‘Olhos que Condenam no Brasil’
A série When They See Us (no Brasil, Olhos que Condenam) da Netflix foi um fenômeno.
Trouxe de volta a história real de um revoltante erro jurídico americano, o caso dos Cinco do Central Park, em que cinco adolescentes negros do Harlem foram condenados por um estupro que não cometeram: Antron McCray, Kevin Richardson, Yusef Salaam, Raymond Santana e Korey Wise.
Da prisão 1989 à absolvição em 2002, revela-se um flagrante racista alimentado inclusive pelo atual presidente americano, Donald Trump.
Foi inspirado na série que o jornalismo da TV Cultura, sob novo comando desde começo de agosto, jornalista Leão Serva, lança na TV aberta e YouTube Olhos que Condenam no Brasil.
Uma reportagem em seis episódios sobre histórias de vítimas do sistema penal brasileiro.
“Logo que assumi, pedi à equipe para prepararmos regularmente séries de reportagens especiais sobre temas importantes que não necessariamente estejam no dia a dia. Que possam ter calor jornalístico, mas que sejam preparadas ao longo de vários dias ou semanas”, disse Serva ao blog.
“A ideia é que um conjunto importante de reportagens possa ser editado como documentário para veiculação posterior, on demand. Quando vi a série norte-americana, logo me lembrei do Caso do Bar Bodega, que noticiamos quando eu era diretor do Jornal da Tarde. Na época pedimos que o jornalista e escritor Fernando Moraes cobrisse o crime e depois acompanhamos a prisão dos acusados e a revelação de que eles eram inocentes, presos e torturados, forçados a confessar. Todos negros e crianças, como no caso dos Cinco do Central Park.”
O jornalismo da TV Cultura viu-se então diante de diversos outros casos de injustiça e arbitrariedade do sistema penal brasileiro, que prende inocentes e dificulta até mesmo a soltura daqueles em que a vítima afirma que o acusado é inocente.
“Considero o sistema prisional brasileiro a maior tragédia de nosso presente. Entendo que ele é a representação atualizada da escravidão: a maior parte dos presos são pretos, a maior parte dos mortos em crimes são pretos e a maior parte das vítimas de injustiças do sistema são pretos. Há uma evidente coincidência que vai envergonhar nossos netos, o Brasil daqui a cem anos, como a escravidão nos envergonha. Hoje muitos julgam o sistema prisional justo, como tantos outros há 200 anos julgavam a escravidão justa”, conclui Serva.
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