Marcelo Rubens Paiva's Blog, page 79
August 6, 2014
O motorista diabólico
Walt Disney profético.
Quando Pateta já provava que o automóvel beirava às margens da extinção.
Em 1950!
August 5, 2014
Escultura pode ajudar na falta de água
Escultura transforma umidade do ar em água potável
O arquiteto italiano Arturo Vittori inventou a WarkaWater.
É uma torre de 9 metros de altura bambu que capta a umidade do ar em tecidos e a transforma em água para consumo pela condensação.
Desenhado para ajudar comunidades carente na Etiópia, pode servir muito bem aos paulistas.
WarkaWater
July 30, 2014
Começa Flip
Hoje começa a FLIP.
Nunca fui. Sabia da dimensão do evento.
Não sabia do agito dos eventos paralelos, da extra-Flip.
Sabia da relevância das mesas principais.
Muitos dos meus autores [vivos] favoritos, Jonathan Franzen, Ian Mcewan, Jeffrey Eugenides, Julian Barnes e até Lilian Ross estiveram por lá.
Mas são diversos eventos paralelos, tenda do Prosa & Verso, do Jornal O Globo, da Folha, Flipinha, almoço com escritores, lançamentos, autógrafos, jantares patrocinados por editoras, leituras…
Pensei que era chegar lá, falar do tema da mesa, curtir o visual e a cachaça de Paraty.
Já vi que não terei 1 minuto de folga.
Me escalaram para muitos eventos. Todos irresistíveis. A nenhum eu disse não.
Dizer não é uma das coisas a que preciso aprender urgentemente.
Muita coisa a ser dita sobre os 50 anos de ditadura: literatura como missão.
Uma repórter uma vez me perguntou se não me canso de falar sobre o tema.
Me canso de falar sobre muitos temas, menos sobre a ditadura. Tanta coisa a ser dita…
Percebi que a maior parte da minha obra é política. Sou um animal político em extinção.
A literatura brasileira anda muito apolítica.
O desencanto está também à sombra da nossa literatura.
Muitos preferem escrever sobre seus dilemas pessoais.
Mas, escreveu minha mulher, a sensibilização moral depende das práticas sociais.
Jonathan Franzen, Ian Mcewan, Jeffrey Eugenides, Julian Barnes, e incluo Roth, Bolaño e argentinos contemporâneos, como Eduardo Sacheri [La Pregunta de sus Ojos]: são autores políticos, em seus livros há política, denúncia.
Literatura com relevância é literatura com política.
E temos tradição de sobra em ativismo literário: MACHADO, LIMA BARRETO, EUCLIDES DA CUNHA, JOÃO DO RIO, OSWALD E MARIO DE ANDRADE, ÉRICO VERÍSSIMO, JORGE AMADO, GRACILIANO, filiados ao Partidão.
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Já vi que metade dos meus amigos escritores vai.
Já vi que passarei a noite farreando.
Muitos não sabem, mas escritor é um bicho solitário, inseguro, carente.
Somos muito amigos uns dos outros. Trocamos de tudo, até conselhos amorosos.
Falamos de tudo. Menos de LITERATURA.
E nesses encontros temos a chance de matar as saudades.
Lançarei dois livros, um infantil, 1 DRIBLE, 2 DRIBLES, 3 DRIBLES [Cia das Letrinhas] e o texto romantizado da peça E AÍ, COMEU? [Foz]
Participarei de uma mesa sexta, no Prosa & Verso, com o filho do Herzog, Ivo Herzog:
“Em nome do pai” na FlipMais com
Mediação de Zuenir Ventura
Local: Casa da Cultura
Sábado, 12h, com Pérsio Arida e meu professor da ECA-USP, Bernardo Kucinski, mesa mediada pela amiga Lili Schwarcz.
“Memórias do cárcere: 50 anos do golpe”
Local: Tenda dos Autores
Domingo, falarei de um dos meus livros de cabeceira na tenda principal e lerei trechos dele em português [e em inglês]. Não sei se é surpresa ou se posso dizer aqui qual é. Melhor surpreender.
Se der, apareça.
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Meu amigo XICO SÁ estará lá lançando o livro que todos gostariam de escrever e que li ainda em WORD.
E em que todas gostariam de ser retratadas.
As que foram, listadas pelo “alumbramento” do autor, lerão e relerão envaidecidas.
É livro de flâneur e voyeur, de um descontrolado apaixonado, que confessa o que deve ser dito de joelhos aos princípios ativos da sua loucura: paixão.
Todo homem é um guerrilheiro apaixonado, apesar de elas duvidarem.
Todo homem gostaria de ser meio Xico Sá: “Traz a bombinha, enfermeira, que a asma do amor me castiga.”
Todo homem brasileiro é técnico em futebol e diretor de revista masculina e feminina.
Todo homem tem algo a dizer de todas as mulheres que ama ou nem sabe se ama.
Xico aprendeu com as três irmãs, Truffaut, Benito di Paula, João do Rio, Morávia, João de Minas, Gilberto Freyre, Caetano Veloso, Baudelaire, Balzac, a olhar a mulher com devoção e safadeza.
Pediu licença e bênção ao nosso mulherólogo-mor, Vinicius de Moraes, e a Domingos de Oliveira, para tratar dos femininos do Brasil.
July 28, 2014
Febre da notícia inventada
No dia seguinte à derrubada do voo MH17, postaram na rede um vídeo já conhecido pelos internautas, de um gigantesco cargueiro em queda livre numa área rural, sob o título: “Que míssil?”
Contestava a versão de que o Boeing 777 da Malaysia fora abatido.
Só que não era o MH17.
O vídeo, manjado, era de 2013, de um Boeing Cargo 747 que caiu no Afeganistão pouco depois de decolar, matando os sete tripulantes.
Quem se deu ao trabalho de postar a falsa versão?
Outros postaram versões de que outro voo da Malaysia, o MH370, não desaparecera no mar, mas teria pousado numa ilha sob a custódia de terroristas.
Como outros se deram ao trabalho de apagar uma tatuagem de Neymar e dizer que o mesmo estaria fingindo ao entrar num hospital e, logo, elaboraram uma intrincada teoria da conspiração, de que venderam a Copa.
Sem contar as infindáveis teorias sobre o míssil que teria derrubado uma das torres no 11 de Setembro.
Há mais de um século, jornalistas são acusados de fabricar notícias de acordo com interesses pessoais, do patrão ou por autopromoção.
Curiosamente, a confusão entre fato e invenção se instaurou quando o cidadão comum, o internauta anônimo, em posse das ferramentas da Revolução Tecnológica, tornou-se também difusor de notícias. Ele passou a inventar, a fabricar notícias e compartilhar falsas versões. Como aqueles que criticou desde a Revolução Industrial.
A modernidade e a linguagem jornalística levou Walter Benjamim a decretar o desaparecimento do narrador tradicional, a morte da narrativa. Há uma incompatibilidade entre narrativa e informação. Narrativa leva à reflexão. Notícias são efêmeras e só têm relevância enquanto é novidade. Mas a informação hoje anda tão sem crédito, que é possível que narradores ressurgiram para reinventar o real.
Camilo Rocha resumiu no último caderno Link: a era do compartilhamento em massa cria uma febre de notícias inventadas.
Por que nos inundam de informações falsas, compartilhadas por uma sociedade que não apura e tende a acreditar em mensagens que têm a estrutura de uma notícia?
Pela facilidade de compartilhar.
Pelo fetiche de ser notado na internet.
Por diversão.
Falsificar a realidade tornou-se padrão. O problema é que nos acostumando com essa piada.
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Vivemos a espetacularização da felicidade nas telas.
Se nem sempre estou feliz, por que preciso parecer que estou?
Precisamos ser alegres e felizes.
Saudades dos anos 1980, em que fazíamos cara feia nas fotos, cara de bravo, de braços cruzados, blasé. Cara de revoltado com Reagan, Thatcher, a desordem econômica e geopolítica.
Nos querem sorrindo para as câmeras. Diga queijo. Diga chease. Diga xis. Está muito sério. Faça um coraçãozinho agora. Qual o problema de não estarmos o tempo todo felizes?
Poucos sabem: nos jogos da Copa, o pau comia nas arquibancadas. A imagem que rodava era a aprovada pela Fifa, que controlava com mão de ferro a alavanca do switcher e selecionava o que ia pro ar. Mas bastou misturar a torcida, juntar tensão, rivalidade, sol na testa e bebida farta…
Nos jogos da Argentina, o sangue rolou entre eles e brasileiros ofendidos com a tola musiquinha que insistia que “Maradona es más grande que Pelé”. Maradona não foi “más grande” que Pelé, nem nunca será. Uma xenofobia explosiva, e a inveja pelo bom futebol, descontrolou brasileiros ofendidos com a invasão dos hermanos.
Na Final, vi cenas degradantes, muita violência gratuita, muita provocação.
Você viu?
Vi seguranças apartarem brigas. Vi a PM entrar na arquibancada e arrancar brasileiros e argentinos que saíam no pau. Vi brasileiros com a camisa do Flamengo se sentarem no meio da torcida argentina, nervosa com o jogo, e xingarem a cada lance perdido. Vi duas garotas voluntárias da Fifa gritarem, quando a Alemanha fez um gol:
“Vai embora! Isso aqui é Maracanã! Maracanã é nosso!” Ouvi o tempo todo: “Ahha, uhhu, o Maraca é nosso!”
Calma lá, os caras não são fáceis, passam o jogo provocando. Quase saí no braço com um argentino que insistia em entrar no banheiro de deficientes e destratou a funcionária do estádio.
Se o Maracanã é nosso, por que organizamos uma Copa, reformamos e convidamos o mundo para conhecê-lo, cobrando caro?
Você viu pela TV e nos telões uma torcida alegre, colorida, cantando o hit Happy da sensação Pharrel Williams: “Because I’m happy, clap along if you feel like happiness is the truth, because I’m happy, clap along if you know what happiness is to you, because I’m happy, clap along if you feel like that’s what you wanna do” (Já que estou feliz, bata palmas se sente que felicidade é a verdade, já que estou feliz, bata palmas se sabe o que felicidade significa pra você, porque estou feliz, bata palmas se você acha que é isso que quer fazer).
Foi a imagem com que a Fifa encerrou o expediente, depois de Alemanha 1 x 0 Argentina, enquanto o pau rolava pelas rampas do Maraca: xingamento, empurra-empurra, cordão de isolamento da PM, provocações e brigas que se estenderam até as areias de Copacabana.
Se a Fifa manipula a verdade, um hoax divertido rodou na rede, mostrando através de um vídeo fictício manipulado pela TV estatal que a Coreia do Norte teria vencido o Brasil por 7 x 1 na final do Mundial de 2014 (que, por sinal, nem disputou).
Um evento esportivo do porte da Copa do Mundo não é mais um evento jornalístico.
A empresa organizadora detém os direitos sobre todas as imagens captadas e represa com rigor o que pode ser veiculado.
É um espetáculo. Um show manipulado.
Como nos filmes Jogos Vorazes e O Show de Truman, a manipulação da informação (do real) é a garantia de bons negócios. Os estádios são como domes cercados e domados por leis próprias de um Estado interventor, invasor e inventor, a Fifa.
Seria tão bom se só houvesse felicidade e a tristeza tivesse um fim. Mas, como bem sabe a bossa nova, atrás da beleza há sempre a verdade crua do poeta sofredor.
July 25, 2014
Que Cláudio?
É polêmica a construção do Aeroporto em Cláudio, MG, que já está sendo conhecido como o Aeroporto do Aécio.
Foi construído com dinheiro público em terras que foram de um tio avô, Múcio Tolentino, compradas sem licitação, a quilômetros da fazenda da sua avó, Risoleta.
Não tem autorização da Anac para funcionar e recebe 1 voo por mês.
Mas uma pergunta ninguém faz: quem foi Cláudio?
Um primo de Aécio?
É uma cidade familiar?
Cidades não costumam se chamar Cláudio, Clóvis Sérgio, Fábio.
Assim como pessoas não se chamam São José do Rio Pardo, Pindamonhangaba, Florianópolis.
“Prazer, Itaquaquecetuba, e essa é Bagé, minha mulher.”
Cidades ou têm nome de santo ou de acidente geográfico ou a composição de ambos.
São José do Rio Preto não foi primo de Ribeirão Preto.
E Cláudio não foi primo de Aécio.
Foi um escravo que encontrou um ribeirão na região de garimpo e o chamou de Ribeirão Cláudio.
Antes que a polêmica se estenda: o Distrito de Aparecida do Cláudio foi criado em 8 de junho de 1858. Em 1923 passou a se chamar Cláudio [Lei Estadual nº 843]. Em 1925, elevou-se à categoria de cidade.
Agora, quanto ao aeroporto, ficam devendo explicações.
July 24, 2014
Insano horário do futebol
O que todos temiam, aconteceu enfim.
Torcedores perderam o último trem do Metrô depois do jogo de ontem na Arena Corinthians.
Uma coisa era perder o Metrô no Pacaembu, região central.
Os precavidos [como eu] saíam antes do término do jogo e literalmente corriam até a Estação Paulista.
Outra, em Itaquera.
Ou a GLOBO antecede em meia hora os jogos da quarta à noite, que, se começassem às 21h30, dariam tempo de folga para a evacuação de torcedores, ou a empresa disponibiliza trens para depois da 0h30.
O último trem do Metrô partiu da Estação Itaquera por volta de 0h24.
Sem contar os funcionários que trabalham no jogo e têm que esperar até amanhecer e reabrir o acesso ao transporte público.
O repórter Fabio Hecico contra que, inconformados, torcedores que não conseguiram embarcar reclamaram da TV Globo, detentora dos direitos de transmissão, e do governador Geraldo Alckmin, considerados culpados pelo horário da partida.
Foi o primeiro jogo do novo estádio que começou às 22h.
O trajeto entre o estádio e a estação leva 15 minutos.
É um dilema que se arrasta há anos.
Uma prova já debatida de maus tratos ao torcedor [consumidor].
A Câmara Municipal de São Paulo aprovou em 2006 um projeto de lei que impedia o início de jogos de futebol profissional depois as 21h na cidade.
Projeto de autoria do ex-vereador tucano Tião Farias previa cassação de alvará e interrupção dos jogos que começarem depois das 21h
Em vão. O ex-prefeito Gilberto Kassab vetou.
Faz-se um apelo à emissora e à companhia.
Bom-senso…
July 22, 2014
Semana cheia
Só escolher.
Tudo grátis.
Hoje: papo cabeça
Quinta: papo furado com amigos
Sábado: bagunça na livraria
July 21, 2014
Pinturas que surpreendem
O artista suíço FELIPE VARINI (http://www.varini.org/), 62 anos, que vive em Paris, cria ilusões incríveis com sua elaborada pintura.
É conhecida como pintura de perspectiva-localizada.
Apenas num ponto, se vê o resultado.
São formas tridimensionais que enganam, parecem flutuar, surpreendem e fazem sucesso, inspiradas no “anamorphosis”.
July 18, 2014
Homeland volta em outubro
Showtime confirma que HOMELAND volta em outubro.
E já soltou um teaser da quarta temporada.
A família Brody dançou, já que o mesmo foi morto no último episódio da terceira temporada.
Mas a agente da CIA e bipolar, Carrie, que teve um baby, vai trabalhar no Paquistão.
Enquanto drones atacam. O tema continua quente.
Luta contra aids sofre baque
Muitos dos mortos do voo 17 Malaysia Airlines estavam a caminho da Conferência da AIDS na Austrália.
Minha irmã Vera Paiva está lá e diz que o clima está péssimo.
Eram ativistas, cientistas e pesquisadores, como Dr. Joep Lange, entre os mortos, que ia falar hoje.
Calculam que mais de 100 membros da AIDS Society, na rota para a International AIDS Conference, que começa domingo em Melbourne, estavam no avião abatido na Ucrânia.
Como Jacqueline van Tongeren e Glenn Thomas, da OEA.
Dr. Lange, diretor do Amsterdam Institute for Global Health and Development, foi um dos pioneiros a criar métodos para tratar do HIV em países em desenvolvimento, desde 1983.
Dizia ele que se a Coca Cola chega em qualquer parte da África, o tratamento contra aids também poderia chegar.
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