Marcelo Rubens Paiva's Blog, page 63

May 30, 2015

MIS homenageia geração que mudou a TV brasileira

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MIS homenageia geração que mudou a TV brasileira


Começo dos anos 1980. O Brasil renascia do marasmo cultural e das cinzas.


Novos escritores tinham chances na Editora Brasiliense, num mercado antes empastelado pela censura. O ROCK brasileiro recompunha a indústria fonográfica e emplacava mudanças nas rádios. Nas artes plásticas, o grafite se tornava obra de museu.


No teatro, Oficina, Antunes e Asdrúbal desconstruíam e renovavam a linguagem milenar.


Mas a TV continuava nas mãos de um empreendimento viciado, resistente à renovação. Até a portabilidade do equipamento.


Câmeras de vídeo mais baratas foram contrabandeadas para o Brasil (uma delas pelo então estudante de arquitetura, Fernando Meirelles). O vídeo se tornou cassete, caseiro.


Fazer TV parecia não mais restrito ao grande capital, com conexões (concessões) com o Poder. Pequenas produtoras foram montadas entre Pinheiros e a USP.


A linguagem foi renovada e, pouco a pouco, invadiu pela porta do fundo a TV aberta.


O MIS, com seu festival de vídeo, o VIDEOBRASIL, de 1983 a 1990, do qual fui jurado, e que aglutinou toda a geração que revolucionou a TV (inclusive a publicidade), resolveu homenageá-lo amanhã em comemoração aos 45 anos do museu.


O festival, que tinha curadoria da Solange Farkas, era um acontecimento, que lotava as dependências do MIS durante dias e causava debates apaixonados, performances e intervenções.


Segundo Solange, “entre esses dois contrapontos da produção, organizava-se um circuito em permanente ebulição, amplificado pela cultura popular, contaminado pela videoarte e em flerte e discórdia com a televisão”.


O Museu da Imagem e do Som de São Paulo foi o berço físico desse movimento com o Videobrasil.


Amanhã apresentará doze obras do seu incrível acervo: como o cineasta Fernando Meirelles, que exibiu seu primeiro documentário no Festival, Marcelo Tas, com suas primeiras aparições na TV como o repórter fictício Ernesto Varela, além de Eder Santos, Lucilla Meirelles, Pedro Vieira, Rafael França, Sandra Kogut e Tadeu Jungle, entre outros:


 


Programa 1 – 13h (duração: 41’15”)


Do outro lado da sua casa, 1985 | 19’07”


Olhar Eletrônico (Marcelo Machado, Paulo Morelli, Renato Barbieri)


O mundo no ar, 1987 | 21’43”


Olhar Eletrônico (Fernando Meirelles, Marcelo Tas)


 


Programa 2 – 14h (duração: 52’29’’)


Heróis da decadên(s)ia, 1987 | 32’09’’


TVDO (Tadeu Jungle, Walter Silveira)


Duelo dos deuses, 1988 | 19’51’’


Pedro Vieira


 


Programa 3 – 15h (duração: 45’04’’)


Reencontro, 1984 | 7’50’’


Rafael França


Mentiras e humilhações, 1988 | 3’57’’


Eder Santos


Kátia Flávia, a Godiva do Irajá, 1987 | 4’06’’


Roberto Berliner, Sandra Kogut


Temporada de caça, 1988 | 28’36’’


Rita Moreira


 


Programa 4 – 16h (duração: 49’08’’)


Pivete, 1987 | 5’43’’


Geraldo Anhaia Melo, Lucilla Meirelles


Amigo urso, 1985 | 11’50’’


TV Viva (Cláudio Barroso, Claudio Ferrario, Eduardo Homem)


A paixão segundo Bruce, 1989 | 16’40’’


Luiz Duva


E o Zé Reinaldo, continua nadando?, 1989 | 14’19’’


Adriano Goldman, Hugo Prata


 


 


Videobrasil Geração 80


31 de maio (domingo), a partir das 13h


Auditório LABMIS (66 lugares)


Museu da Imagem e do Som | Avenida Europa, 158, São Paulo, Brasil


www.mis-sp.org.br

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Published on May 30, 2015 08:17

May 28, 2015

Casal da capa do disco Woodstock está junto até hoje

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Era para ser a quebra de todos os tabus.


Amor livre, abertura da percepção, síntese entre cultura oriental e ocidental, o renascimento espiritual num mundo industrial massacrado pelo consumo de massas.


A paz e o amor em comunhão. Direitos iguais na ponta da luta.


Liberdade.


Casamentos abertos, sexo livre, corpos sem roupas…


Os anos 1960 tiveram seu ápice no Festival de Woodstock, em que tocou Creedence Clearwater, Janis Joplin, The Who, Joe Cocker e Jimi Hendrix.


Deu num filme, num disco duplo, numa revolução.


Surpreendentemente, o casal da capa do disco vinil, Bobbi e Nick, que eram namorados na época, agosto de 1969, está junto até hoje.


Casamento que dura milagrosos 45 anos.


Bobbi Kelly e Nick Ercolinem se casaram como manda o figurino dois anos depois do festival e tiveram dois filhos.


Ambos moravam em Nova York. Hoje, no subúrbio. E ela trabalha como enfermeira numa escola, e ele reforma casas para o governo.


Venceu o “sonho americano”.


O mais curioso é que o casal da capa, como ficou conhecido, nem conseguiu ver os shows, de tanta gente que tinha.

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Published on May 28, 2015 07:28

May 27, 2015

Exército na Sabesp assusta

Os teóricos da conspiração vão adorar.


As redes sociais ficarão inundadas de boatos e pânico.


Como se não bastasse o clima pesado (e seco), uma operação do Exército na Sabesp desde segunda-feira- nada sutil, com carros e soldados armados nas ruas-, parece roteiro de filme apocalíptico de ação.


Não são terroristas, zumbis, ETs ou nenhuma bactéria misteriosa.


O que o Exército Brasileiro faz nesta semana em Pinheiros, no Complexo Costa Carvalho, sede da Sabesp?


Um exercício para ocupar a companhia num momento de “crise social”, inclusive dentro dos corredores, operação coordenada pelo Comando Militar do Sudeste.


Funcionários relatam que nunca viram nada parecido, apesar da empresa afirmar que é rotina.


A área da Sabesp é estratégica. A operação segue a doutrina da preservação da ordem pública, do patrimônio e segurança nacional.


Há um mês, o Exército recebeu a visita do diretor metropolitano da Sabesp, Paulo Massato, para discutir a crise hídrica e falar da possibilidade da água acabar em julho.


A Sabesp e Governo continuam garantindo que a ligação Represa Billings – Sistema Alto Tietê, depois de um atraso de 3 meses, diminui a possibilidade de um rodízio se finalizada no prazo (setembro).


Para acalmar o burburinho dentro da empresa, soltaram só hoje o comunicado aos funcionários:


 


Exército Brasileiro realiza operação de segurança no Complexo Costa Carvalho


Área da Sabesp é considerada estratégica e ação faz parte das atividades militares preventivas que visam a preservação da ordem pública e a proteção das pessoas e do patrimônio


Nesta quarta-feira, 27 de maio, o Comando Militar do Sudeste do Exército Brasileiro estará nas dependências da Sabesp, no Complexo Costa Carvalho, para uma operação inserida no contexto de segurança nacional. Trata-se de simulação para uma eventual necessidade de ocupação em um momento de crise, uma vez que a área da Sabesp é considerada estratégica.


Militares e veículos deverão chegar logo nas primeiras horas do dia e desenvolverão as atividades de segurança no decorrer da quarta-feira sem qualquer interferência na rotina de trabalho da companhia. Para garantir o sucesso da operação, o trabalho de reconhecimento do terreno pelos oficiais do Exército Brasileiro está sendo realizado desde o dia 25.

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Published on May 27, 2015 07:54

May 25, 2015

O ISIS baiano

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Enquanto se discute a tática de destruir sítios arqueológicos pelo Estado Islâmico, o Iphan Bahia, órgão para proteger e preservar o patrimônio histórico e cultural, aliou-se a um crime irreparável contra um patrimônio brasileiro.


A superintendência autorizou a demolição da noite para o dia de casarões no centro histórico de Salvador.


Foram abaixo históricas ladeiras, das primeiras vias de acesso à cidade de Salvador.


Retroescavadeira destruiu casas e a pavimentação secular da via.


No site, o Iphan explica:


Técnicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) inspecionaram, na manhã desta segunda-feira (18), as edificações envolvidas no lamentável acidente que ocorreu na Ladeira da Preguiça, que integra o conjunto arquitetônico, paisagístico e urbanístico do Centro Histórico de Salvador, considerado Patrimônio Mundial pela Unesco.


Devido às fortes chuvas em Salvador, a estrutura dos imóveis ficou comprometida, levando ao colapso da fachada lateral esquerda das ruínas do imóvel nº07, que em um efeito dominó tombou sobre a sua fachada direita, e consequentemente tombou sobre a fachada lateral do imóvel nº 09, que terminou por ruir sobre um imóvel contemporâneo, térreo, localizado no terreno de nº11, onde desafortunadamente se encontravam as vítimas.


Dada a impossibilidade de manutenção e o alto risco de novos desabamentos, o Iphan recomendou a demolição dos remanescentes das ruínas dos imóveis de nº 07 e do edifício de nº 09. Como providências adicionais, o Iphan ingressará com ações judiciais contra os proprietários das ruínas abandonadas por dano irreparável ao patrimônio cultural, agravado pelo lamentável acidente causado. Além disso, será aplicada a penalidade de multa aos responsáveis. Cabe ressaltar que a Defesa Civil (Codesal) já havia notificado os responsáveis e vizinhos acerca da situação de risco dos edifícios.


Os imóveis envolvidos no sinistro são objeto do Decreto nº 24.435, de 07 de novembro de 2013, da Prefeitura Municipal de Salvador. O dispositivo declarou de utilidade pública para fins de desapropriação diversas edificações nas Ruas do Sodré, Carlos Gomes, Ladeira da Preguiça e Visconde de Mauá, com o objetivo de implantar o Projeto de Requalificação do Entorno da Ladeira da Preguiça e Adjacências, sob a responsabilidade do Município, além de proteger a população em área de risco.


Segundo o Iphan, ele tem autuado no Centro Histórico de Salvador de forma intensiva para proteger imóveis numa área que envolve Pelourinho, Barroquinha, Frontispício e Cidade Baixa.


No total, as ações de restauração no município de Salvador, que integram o PAC das Cidades Históricas, devem somar o investimento de R$ 142 milhões. Há também uma linha de crédito para o financiamento de obras em imóveis privados, parte integrante do PAC CH, em fase negocial junto à Caixa, capitaneada pela Secretaria do PAC (SEPAC), do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), com a participação deste Instituto.


“Dentro do universo de cinco mil imóveis tombados existentes na capital baiana, àqueles em situação de abandono e degradação exigem uma maior atenção do Iphan. A depender da situação de cada caso, o Iphan determina a realização de serviços emergenciais, com a demolição dos trechos com risco; estabilização das alvenarias; escoramento da fachada; limpeza dos escombros; isolamento da área; e, em último caso, a demolição total. Em 2013 e 2014, o Iphan realizou a estabilização de 30 imóveis, num total de aproximadamente 70 mil m2 de área construída, todos localizados  no Centro Histórico de Salvador , podendo citar como exemplo os prédios de nº 42, 53 e 57, na Rua do Julião.”


Diz ainda que há uma fiscalização “rigorosa” no conjunto arquitetônico paisagístico e urbanístico do Centro Histórico de Salvador e, nos casos de inércia, o Instituto oferece denúncia ao Ministério Público Federal e a Polícia Federal contra o responsável.

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Published on May 25, 2015 13:47

Sobrevoe o Rio de Janeiro dos anos 1930

O incrível sobrevoo pelo Rio de Janeiro dos anos 1930.


Imagens raras dos arquivos da biblioteca da Universidade da Carolina do Sul: http://mirc.sc.edu/islandora/object/u...


Através de um hidroplano.


Ipanema começava a ser ocupado.


Leblon era ainda um areal.


 


 


https://www.facebook.com/rio.ontem.e....

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Published on May 25, 2015 07:30

O ser e o não ser-humano

MBL


 


Democracia vem de “demos”, povo, e “kratos”, poder.


Surgiu na Grécia basicamente de uma demanda enfática dos que estavam excluídos dele [do poder], num movimento que aparentemente deu certo.


Mas, durante séculos, na democracia não era o povo no poder.


O povo [o cidadão] era homem, com terras, rico, não estrangeiro, que ganhou direito a argumento de peso numa assembleia, o que mudou gradualmente em vários momentos históricos.


A cidadania foi ampliada. Até que todas as camadas sociais encontrassem algum tipo de representatividade nas instâncias do poder; mesmo o “sang impur” (sangue impuro) da letra da Maselhesa, hino da França contestado por imigrantes.


O menino Kim Kataguiri, líder do Movimento Brasil Livre, que defende o impeachment de Dilma, marcha a pé até Brasília na Marcha Pela Liberdade.


Percorre em média 25 quilômetros por dia. É saudado e hostilizado por onde passa. Fez escala em 13 de maio em Uberlândia (MG), e foi homenageado pela Câmara dos Vereadores. Tem todo direito de marchar, protestar. E de discursar.


Com uma camiseta azul “Fora Dilma, Impeachment Já!”, no púlpito da 8ª sessão ordinária do mês, enquanto era vaiado por militantes do MST e do PT, disse que iria dizer verdades.


Que “o movimento antidemocrático e antirrepublicano, que atenta contra o direito de propriedade, base da civilização, não deveria ter espaço numa casa do povo”.


“Partidos golpistas, grupo de criminosos, quadrinha, não têm espaço na democracia, que atacam as nossas propriedades, partidos que atacam as liberdades, não têm espaço na casa do povo.”


Kim não precisava ser impedido de falar.


Mas ele não sabe o quanto já custou caro, no passado, à democracia brasileira a proibição de partidos estranhos a seus ideais e de movimentos sociais e camponeses que defendiam algum tipo de reforma agrária.


Esqueceu-se de que o republicanismo garante direitos iguais, livre expressão, liberdade de organização e mobilização. Sem movimentos sociais, não há justiça social, nem distribuição de renda. Sem liberdade partidária, não se escutam opostos, explorados, gente diferenciada que forma uma maioria invisível.


 



 


Os sem-terra têm táticas por vezes abusivamente violentas e questionáveis.


Por vezes, invadem terras produtivas e atacam injustamente laboratórios de sementes transgênicas de institutos de pesquisa financiados pela agroindústria. Mas, como os sem-teto, deram origem a um movimento vital à democracia, já que um Estado ineficiente não cria as mesmas oportunidades e alimenta a desigualdade social.


Começaram quando? Justamente na redemocratização.


Kim, 19 anos, que largou a faculdade de economia da Universidade Federal do ABC porque sabia mais do que os professores, disse que seu movimento organizou as “maiores manifestações da história deste país e da política mundial em tempo de paz”.


Não, não é verdade.


E, apontando para manifestantes que o vaiavam, anunciou que chegará no dia 27 em Brasília, onde “o povo vai derrubar o governo do seu partido”.


Não, não vai.


Se Kim é considerado uma expressão da nova direita, do lado oposto, o deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ), da esquerda, postou nas redes sociais, que em Brasília os mais ricos já ocupam mais terrenos ilegalmente do que os pobres, baseado no estudo técnico da Câmara Legislativa do DF, que mostra que 1.574 hectares da orla do Lago Paranoá, Norte e Sul, bairro nobre da capital, local de clubes e mansões, foram ocupados de forma irregular, o que equivale a toda ocupação irregular dos bairros pobres Ceilândia e Sol Nascentes. Será?


Postou:


“Essa crônica, aliás, é regra no Brasil. Como bem apontou o estudo do antropólogo James Holston. A história da aquisição de terras por aqui sempre foi uma de ilegalidade. Uma ilegalidade extremamente conveniente ao rico e punitiva para o negro, o pobre, o ‘desviado’. Em um bairro pobre, aqui em Brasília, a Agência de Fiscalização do DF (Agefis) ordenou a derrubada de centenas de construções nas comunidades – com o uso intenso de força por parte dos policiais. Muitas famílias foram pegas de surpresa, resistiram, mas os mais de 600 policiais envolvidos os expulsaram de suas casas. Na margem do Lago, a Procuradoria-Geral do Distrito Federal (PGDF) e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) fizeram um acordo, para uma desocupação ‘lenta, gradual e segura’. Nem isso colou. O desembargador Gilberto Pereira de Oliveira, da 3ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), suspendeu liminarmente o acordo.”


Direito de propriedade no Brasil não é um modelo exemplar de justiça social. Além de terras públicas ocupadas, áreas fronteiriças, ilhas desertas, praias paradisíacas, pousadas que extrapolam os limites permitidos, muitos se lembram dos escândalos de grandes grileiros do Cerrado e da Amazônia, que fraudavam escrituras, corrompiam cartórios, os governos e as polícias.


Que bom que existe um partido jovem, o PSOL, que questiona a legitimidade da propriedade. E que bom que existe um jovem politizado, Kim, que questiona a legitimidade do Poder. Ninguém o proibirá de falar, enquanto ele (como eu e você) garantir a legalidade e mobilização dos contrários.


Movimento antidemocrático é uma ambivalência.


Democracia é sustentada por movimentos.


Ela deve ser reformada para avançar (agregar), não retroceder (excluir).


Não existe o não-cidadão, o não ser-humano. Todos os grupos devem ter espaço numa democracia, é na casa do povo que devem se manifestar.


E sempre é preciso cuidado ao dizer “verdades”.


Até a frase “posso não concordar com o que você diz, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-lo”, que era atribuída a Voltaire, tem hoje a autoria contestada. Filósofos afirmam que é da sua biógrafa, a escritora Evelyn Beatrice Hall (pseudônimo S. G. Tallentyre), que nasceu 200 anos depois.


 


+++


 


O jornalista LEANDRO FORTES fez a conta, que saiu no site DCM (Diário Centro do Mundo).


Marcha da Liberdade saiu de São Paulo no dia 24 de abril para percorrer 1.015 quilômetros até Brasília.


Se a média de uma marcha em estrada é de 4km/hora [feita por soldado, jovens bem , treinados, preparados de 18 anos com 15 quilos de equipamentos nas costas], o grupo pró-impeachment gastaria 5 horas por dia para percorrer 20 km.


Os sem-terra conseguem 30 km num dia, cantando e acampando na beira da estrada.


Ou 40 km por dia, numa média de 10 horas de caminhada puxada, independente do clima.


Se foi 20 km/dia, o grupo percorreu em 30 dias depois de sair de São Paulo 600 km.


Faltariam 415 km para chegar a Brasília em 27 de maio.


Daqui a dois dias.


Mas chegaram ontem, apesar do acidente na BR-060 que atropelou dois ativistas, entre eles, Kim.


Correram

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Published on May 25, 2015 06:57

May 21, 2015

A censura burra do Facebook

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A censura é inculta.


Não tem olhos. Não tem cérebro.


Burra, como toda censura.


A censura embrutece.


Uma vítima do Facebook foi a histórica e polêmica foto de Simone de Beauvoir retocada na capa da Le Nouvel Observateur.


Polêmica porque a revista passou um Photoshop no corpo do ícone do movimento feminista e revolução sexual.


A original foi tirada em Chicago numa Leica pelo fotógrafo da Life, Art Shay, amigo do escritor Nelson Algren, eterno amante da mulher de Sartre.


Ela tinha 40 anos e foi tomar banho na casa de Shay, que deu um clique sem autorização.


 


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A censura da foto do casal de índios botocudos de 1909, do acervo do Instituto Moreira Salles, usada para divulgar o Portal Brasiliana Fotográfica, acervo com mais de duas mil fotos, levou até o ministro do Cultura, Juca Ferreira, à ira.


Acusou a rede social, ameaçou processá-la, deu uma coletiva, o que fez voltarem atrás.


 


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“Se os índios não podem aparecer como são, o recado que fica é o de que precisam se travestir de não indígenas para serem reconhecidos. Isso é de uma crueldade sem fim”, disse exaltado na coletiva.


Agora é a vez de Duchamp, cuja foto, que prova que o corpo feminino é também uma obra de arte, e que ilustra o artigo de Marcia Tiburi para a Revista Cult, “Como Conversar Com um Fascista”, foi censurada.


 


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São os próprios usuários quem denunciam o que consideram censurável.


Denúncias chegam diariamente, milhares, de todos os cantos, independente de religião, raça, escolaridade.


Na aba Nudez, das regras que regem a rede social, está indicado:


“Removemos fotos de pessoas exibindo genitais ou com foco em nádegas totalmente expostas. Também restringimos algumas imagens de seios que mostram os mamilos, mas sempre permitimos fotos de mulheres ativamente engajadas na importância da amamentação ou mostrando os seios após uma mastectomia. Também permitimos fotos de pinturas, esculturas e outras obras de arte que retratem figuras nuas. As restrições relativas à exibição de nudez e de atividade sexual também se estendem aos conteúdos digitais, exceto quando a publicação do conteúdo se der por motivos educativos, humorísticos ou satíricos. Imagens explícitas de relações sexuais são proibidas. Descrições de atos sexuais que exponham detalhes muito vívidos podem também ser removidos.”


Estamos nas mãos de algoritmos, que nos emburrecerão.

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Published on May 21, 2015 08:19

May 19, 2015

Mad Men: melhor série tinha que ter o melhor final

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Pode deixar, não vou estragar e entregar o final e Mad Men (série que acabou domingo nos EUA, depois de sete temporadas, e ontem no Brasil).


Quando alguém me pergunta qual a melhor série que já vi, repondo de bate-pronto: MAD MEN.


E vi praticamente todas.


MAD MEN é a série mais completa.


Em cada temporada, seguiu o clima da época. E que época…


Da inocência dos anos 1960, da falsa mentira em que vivia a geração do pós-guerra, com casamento de papeis definidos e fidelidade questionável, à Revolução Sexual.


Pegou a entrada da maconha, LSD e cocaína no mundo corporativo.


Questionou a democracia, o racismo, a emancipação feminina, a lei de cotas, o casamento aberto, a evolução da música pop, da TV, das marcas, através do olhar de publicitários, exatamente aqueles que estão na observação da vanguarda das grandes transformações comportamentais contemporâneas (a faturam com elas).


As personagens femininas viviam o dilema da maternidade versus trabalho, casamento tradicional ou ambição profissional, tédio do papel de mãe do subúrbio ou entrar no trem na revolução, que passava.


E Don Draper, criado num bordel pela amante do pai, em seu vazio existencial, apesar de ser o homem perfeito (rico, lindo, talentoso, carismático, bem-sucedido), não sustentava uma relação amorosa, além de destruir o coração das mulheres.


Fracassou como marido e pai, roubou a identidade de outro homem para VER SE DAVA CERTO: é o ícone deste homem individualista, que a maioria sonha ser, ou melhor, que a publicidade nos vende como ideal, projeta como o parâmetro do consumidor de seus cigarros, bebidas, carros, passagens aéreas, malas, capas de chuva.


Don Draper aparentemente fracassa. Mas faz disso seu sustento e cria comerciais genais.


A última cena do último episódio de MAD MEN (calma, não vou contar!) será durante muito tempo debatida.


O sorriso de DON é o de Monalisa (tem mais coisa por trás do que um mero sorriso).


Finalizou com dignidade. Vai deixar uma bruta saudade.


+++


Alguns publicitários anotaram as grandes sacadas da agência da série, Sterling Cooper.


Sem saber como vender mais uma marca de cigarros, que se parece com todas, DOM Publicidade (Don) bolou:


Lucky Strike: It’s Toasted


O slogan de fato existe. Lucky Strike ser tostado não significa nada demais. Mas parece mais saudável do que outros cigarros, numa época em que a indústria começou a sofrer ataque das associações médicas.


The Kodak Carousel


Ninguém via graça no novo e desengonçado projetor de slides da Kodak. Don Draper não. Percebeu que lembrava a infância: pais ao redor de um carrossel, vendo filhos brincarem. Uma máquina do tempo, que avança e volta.


 



 


Belle Jolie lipstick


Para uma campanha de batom, mandou: “Mark Your Man.” (marque seu homem).


 


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“Utz are better than nuts”


O salgadinho Utz (batata frita) é melhor que amendoim, para acompanhar o uisquinho de todo fim de tarde.


Playtex asks: Jackie or Marilyn?


Uma sacada genial. A lingerie da Playtex tinha uma concorrência brava. Mas DON olhou ao redor da agência e descobriu: ou as garotas imitavam Jackie Kennedy, estilão sóbrio e elegante, ou Marilyn Monroe, mais sexy, realçando as curvas.


 


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“How do you say….” for Hilton.


Campanha para a cadeia de hotéis Hilton, cujo excêntrico dono foi retratado na série.


Heinz. The only ketchup.


O único ketchup é Heinz, ideia de Peggy, para posicionar a marca dominante.

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Published on May 19, 2015 06:59

May 14, 2015

Por que incomodou o casamento da Preta

Me surpreende por que ninguém perguntou quanto custou o casamento do cirurgião paulista, que juntou toda elite política, a situação, a oposição, os intermediários e os que os julgam.


E o que toda aquela fauna que briga no palanque fazia lá sorridente.


Me pergunto se causaria desconforto o casamento do filho de um astro pop branco da Jovem Guarda, do Sertanejo, do Sertanejo Universitário, do rock, do brega, custar mais que dois milhões de reais. E se perguntariam quanto custou o casamento do sertanejo ou roqueiro.


Mas o de uma Gil, de uma Preta, na mesma semana, causou.


Alguns se incomodaram em vê-la se preparando na cobertura de um hotel do Leblon. Seria o Fasano, o templo maior da burguesia brasileira?


Incomodou ela ter se casado numa igreja? Não é possível, ela é artista, vulgar, provocativa, pensaram os incomodados, ela é danada e ainda por cima do candomblé.


Incomodou ela ter mais de 50 padrinhos? E daí? O meu tinha oito e gostaria de ter tido 50.


Incomodou eles terem mais de 800 convidados. Morri de inveja. O meu tinha 300, cortei muita gente, até da famiglia, mas se pudesse colocava mil, toda a máfia.


Casaram na casa de uma amiga. Mas muitos associaram alianças políticas e quiseram saber pelas redes sociais de onde veio o dinheiro da “conspiração matrimonial”.


Outros confabularam: tudo jabá.


E me perguntei se ninguém sacou que não interessa saber de onde veio o dinheiro, que a Preta trabalha, tem grana e amigos, que a família Gil é rica, bem-sucedida, que os shows do Gilberto, no Brasil e fora, e suas músicas, no Brasil e fora, dão lucro há mais de quatro décadas, que sua mulher Flora soube investir, como no Camarote 2222, um business de sucesso do Carnaval Baiano, que tem patrocínio, como toda atividade cultural do Brasil, público e privado.


E que as finanças da família Gil é um problema da Receita, não da fofoca


A polêmica em torno do casamento da Preta tem um nome.


Nem me dou ao trabalho de dizer qual é.

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Published on May 14, 2015 17:11

May 13, 2015

Cartaz polêmico do filme em Cannes (cuidado ao abrir)

CUIDADO AO ABRIR?


O drama LOVE, sobre um triângulo amoroso entre um rapaz e duas chicas, do cineasta argentino Gaspar Noé (de Irreversível e Viagem Alucinante), será apresentado no Festival de Cannes.


Tem produção executiva do brasileiro Rodrigo Teixeira, da RT (Tim Maia, Frances Ha).


Mas o que está polemizando é o provocativo poster.


O, não, são três.


Segundo Christopher Hooton, do jornal inglês Independent, os cartazes de LOVE fazem NINFOMANÍACA parecer 50 Tons de Cinza.


São polêmicos, mas são lindos.


São polêmicos?


Nem tanto, vai. Um terceiro, de um membro ejaculando, é. E deixo para você googar.


O que seria de Cannes sem uma boa polêmica.


 


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Published on May 13, 2015 09:22

Marcelo Rubens Paiva's Blog

Marcelo Rubens Paiva
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