Marcelo Rubens Paiva's Blog, page 62

June 25, 2015

Venda porta a porta de livros fatura mais que e-Book

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“Blin-blon, a senhora quer comprar uma enciclopédia?”


Por que o e-Book não decola no Brasil?


Porque uma turista chilena semanas atrás foi esfaqueada e roubada na Glória, Rio de Janeiro, ao sacar seu tablet e pen-drive.


Porque ninguém tem coragem de abrir a bolsa ou mochila e pegar seu tablet no trem, metrô, busão, numa praça, num ponto de ônibus, num café na calçada.


Porque enquanto na maioria dos países os usuários de transporte público sentem-se à vontade com seus tabletes, o brasileiro tem um olho no bolso e outro nos passageiros vizinhos.


No Brasil, tudo é mesmo diferente.


A vítima é um dos mercados que mais crescem no mundo, o do leitor digital em EPUB ou PDF e seus derivados como Kindle, iPad, Kobi, Nook…


Por outro lado, surpresa: o segmento de venda direta de livros, o velho e bom “venda porta a porta”, fatura R$ 1.354.009.673 e se consolida como o segundo canal de vendas de livros mais importante.


O setor cresceu 25% entre 2013 e 2014, ficando à frente da internet e atrás apenas das livrarias.


A informação é da recente pesquisa “Perfil Setorial”, encomendada pela ABDL (Associação Brasileira de Difusão do Livro).


O aumento nas vendas de livros porta a porta se deu graças a iniciativas como novos benefícios aos associados: de convênio médicos até descontos na compra de carros.


E a maioria dos empresários entrevistados quer ampliar os investimentos a serem direcionados às suas equipes comerciais em 2015.


“Em um cenário econômico conturbado, o associativismo ganha impulso e, o que nos gratifica mais, ganha também reconhecimento, apoio e participação, criando um ciclo virtuoso capaz de manter e ampliar a difusão do livro”, avalia Leonardo Ricardo de Carvalho, presidente da ABDL.


Ao contrário das enciclopédias, que deram origem às atividades das vendas porta a porta no setor, os livros “infantis e infanto-juvenis” lideraram o ranking das publicações com maior participação no faturamento (47%), seguidos dos livros que compõem as outras categorias analisadas, como “referência, pedagógicos, dicionários e enciclopédias” (21%), “literatura e paradidádicos” (12,5%), “religioso” (9%), “técnico, científico e de enfermagem” (8%), “auto-ajuda” (1,5%) e outros (0,5%).


O faturamento anual do segmento porta a porta nos últimos três anos:


2012:     R$ 984.968.229,49


2013:     R$ 1.081.801.651,89


2014:     R$ 1.354.009.673,85

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Published on June 25, 2015 08:09

June 24, 2015

PT e PSDB: pó do mesmo giz

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Muita gente não entendeu a expressão  ”PT e PSDB: pó do mesmo giz”.


Muita gente leu apenas o título e o link da coluna de sábado.


Muita gente não leu a coluna e imaginou que o título era uma alusão ao “farinha do mesmo saco”, clichê político daqueles que acreditam que PT e PSDB são iguais.


Na coluna, fui claro: são partidos diferentes, que nasceram na mesma escola.


Ei-la:


Um estado democrático pode ter dezenas de partidos políticos, mas a alternância é quase sempre bipartidária e segue os princípios básicos da dialética.


No Brasil, segue as rixas do alambrado.


No Reino Unido, o Partido Conservador e Trabalhista se revezam há décadas no Poder. Nos Estados Unidos, o racha está nas entranhas da sociedade: ou a família é republicana, ou é democrática, ou quer pagar menos impostos e acusa de “socializante” a iniciativa de tornar serviços essenciais públicos, ou acredita em programas sociais e regulação da economia.


Italianos costumavam calcular seu racha com matemática pura: metade do país amava o papa, metade queria enforcá-lo. A democracia-cristã se contrapunha ao PCI (Partido Comunista Italiano). O cenário lembra muito o brasileiro atual que, com o avanço da bancada do amém, nos divide entre defensores de um estado laico e crentes.


Lá como aqui, são mais de 30 partidos divididos em democratas-cristão, comunistas, marxismo-leninismo, ecologistas, liberalismo, neofascismo, trotskismo, sem contar a Usei (União Sulamericana de Emigrantes Italianos), que representa a italianada de dupla-cidadania que vive no exterior. Quem manda lá é o PD, herdeiro dos Comunistas, contra Força Itália, sob influência de um morto-vivo, Silvio Berluscone. Mas precisam da aliança com o Cinco Estrelas para governar, partido liderado pelo ex-palhaço Beppe Grillo. Como aqui precisam do PMDB e de outros palhaços.


PT votou contra Tancredo em 1985 e desligou três deputados que votaram nele, José Eudes, Bete Mendes e Airton Soares. Votou contra a Constituição em 1988 e o Plano Real, grande marca do PSDB. Arrependeu-se, aprendeu a fazer alianças e governa o País. Na sala, tem um elefante imóvel, o PMDB, pesado fardo da governabilidade, que por vezes se irrita e quebra a mobília, partido que anunciou que sairá por conta própria nas próximas eleições.


A irritação do elefante rendeu frutos: o PT votou com o PSDB na reforma política (voto distrital misto), contra seu aliado PMDB, e pode apoiar projeto do senador José Serra (PSDB-SP), que aumenta o prazo de internação do Estatuto da Criança e Adolescente.


Muitos defendem que PT e PSDB deveriam se unir e realizar uma colonoscopia para tirar pólipos da política brasileira. Mas esta relação tem altos e baixos, como toda paixão mal resolvida. Ambos nasceram das lousas da USP. Já dividiram técnicos: Francisco Weffort, petista histórico, trabalhou em administrações tucanas, como o economista João Sayad em administrações petistas.


Entre o partido do operário e do professor, que combateram juntos a ditadura, já rolou churrasco com champanhe, como listou Rodrigo Silva, do site Spotniks:


1) PT e PSDB ajudaram a construir a nova esquerda brasileira sob influência de Florestan Fernandes. Serra e Sérgio Motta foram da AP, como Plínio de Arruda Sampaio, Cristovam Buarque e Aloizio Mercadante. José Aníbal, amigo de adolescência de Dilma, foi um dos fundadores do PT, antes de ser presidente do PSDB.


2) Lula e FHC quase criaram um partido no final da década de 1970. Conta Weffort: “Apesar das muitas afinidades, prevaleceu a divergência. Daquele grupo, uns saíram para criar o PT e outros, anos depois, o PSDB.”


Para Eduardo Suplicy, que os reuniu, um tinha dificuldade de aceitar a liderança do outro.


3) Lula e Suplicy dividiram a casa da praia de FHC em 1976 em Ubatuba.


4) Lula distribuiu santinho em portas de fábrica com FHC, apoiando sua candidatura ao Senado em 1978.


5) O PSDB com Brizola apoiou Lula contra Collor no segundo turno das eleições para a presidência de 1989. O tucano Pimenta da Veiga anunciou: “Tenho também a alegria de saber que, pela primeira vez, aqui se reúnem representantes de todas as forças progressistas do país. Eu estou certo que isso terá desdobramentos. Acho que deve ser assim, porque o Brasil deseja mudanças em profundidade, e só essas forças progressistas podem fazer essas mudanças.”


6) Em 1993, antes do plebiscito que decidiria sobre o sistema de governo do país, Lula e FHC planejaram que o operário seria presidente e o sociólogo primeiro-ministro.


7) FHC ajudou a tranquilizar o mercado na eleição de Lula em 2002. Enviou seu ministro-chefe da Casa Civil, Pedro Parente, à Casa Branca, para avalizar o futuro governo petista, instruiu seu ministro da Fazenda, Pedro Malan, a construir uma agenda comum junto ao homem forte de Lula, Antonio Palocci, com o Tesouro dos Estados Unidos, o FMI e Wall Street.


FHC relatou: “Lula conversou comigo no dia da posse. E foi bonita aquela posse… Na hora de ir embora, o Lula levou a mim e a Ruth até o elevador. E aí ele grudou o rosto em mim, chorando. E disse: ‘Você deixa aqui um amigo’. Foi sincero, não é?”


8) Um tucano, Henrique Meirelles, deputado federal do PSDB, foi o homem forte da economia do governo Lula. FHC ironizou: “Eu também comemoro a melhoria na distribuição de renda. A política dele é a minha.”


9) Com Márcio Thomaz Bastos, em encontros secretos em que estava Palocci, FHC jogou areia na possibilidade de impeachment de Lula em 2005, no auge do escândalo do Mensalão.


10) PT e PSDB se coligaram em 999 disputas de prefeituras nas últimas eleições municipais. Em 149 casos, chapas que contaram com o PT foram encabeçadas por candidatos a prefeito pelo PSDB.


Na Itália, o PD se aliou a Berlusconi para a voz no Parlamento Europeu com uma grande coalizão aumentar e falar grosso com a Alemanha. FHC tirou do forno a panela do impeachment de Dilma e enfraqueceu o movimento.


Nem tudo são flores.


A parceria público-privada para trocar 620 mil pontos de luz de São Paulo por luminárias de LED, que pode economizar até 50% de energia e aumenta a vida útil das lâmpadas em dez anos, é dificultada pelo PSDB da Câmara dos Vereadores.


Do Andrea Matarazzo, possível candidato à Prefeitura.


Mas os dois partidos são pó do mesmo giz.

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Published on June 24, 2015 17:44

June 22, 2015

Será o fim da era do silicone?

A nudez de dez minutos da rainha Cersei Lannister, no último episódio de Game of Thrones, cena feita por uma dublê, talvez simbolize o fim da era do silicone


Ele surgiu como um acessório quase obrigatório da beleza feminina.


Uma obsessão pelos seios fartos, que só as mulheres tinham.


Como se grande parte delas rompessem com a nossa história e passassem a seguir o padrão de beleza californiano.


“Não, não façam isso!”, implorávamos.


Em vão.


Nossas amigas começaram a reaparecer com uma estética Baywatch.


Duzentos, 250, 300 ml a mais, em cada lado.


Até aprendemos a identificar, na escuridão do amor.


Numa pesquisa informal entre amigos, a grande maioria não curtia mulher siliconada.


A grande maioria sentia aflição em apalpar.


E saudades das curvas da natureza e do caimento do tempo, da evolução, dos anos de uma mulher sendo contados pelos seios.


Familiarizou-se até pelas cicatrizes, os tipos.


“Siliconada” passou a ser um adjetivo de reprovação: “É gata, mas é siliconada…”


Era quase uma decepção, quando se revelava o segredo daquele corpo escultural: “Tudo falso.”


Mulheres e homens desdenhavam: “É siliconada”.


Enfim são novos tempos.


Sai a exuberância de Pamela Anderson (Baywatch), entra Targaryen, provocativa, sutil, discreta (Game of Thrones)?


 


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A estética em voga é das mulheres originais, sem problemas de autoestima e de seios pequenos (obviamente naturais).


Até em Hollywood.


Com a ajuda do BuzzFeed, ei-las:


Charlotte Gainsbourg


 


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A prognatinha Keira Knightley


 


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A eterna Kate Moss


 


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A ativista mirim Emma Watson


 


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Kate Hudson


 


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A inigualável Natalie Portman


 


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Siena Miller


 


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A incrível e mega chique Lupita Nyong’o


 


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Published on June 22, 2015 08:07

June 18, 2015

Putin abre parque temático com armas ao invés de brinquedos

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Vladimir Putin abriu parque temático com armas ao invés de brinquedos nesta semana na Rússia.


É o Parque Patriótico, em que crianças podem brincar com lançadores de granadas, subir em artilharia pesada, comprar camisetas e jaquetas com o rosto de Putin e banners com dizeres patrióticos da Segunda Guerra, conhecida lá como Grande Guerra Patriótica.


Com uma pegada militarista, o parque inaugurado parcialmente fica a uma hora de Moscou.


E acompanha a retórica patriótica que faz do homem forte da Rússia um dos líderes mais populares da história do seu país (e controversos fora dele).


Conhecida como a Disneylândia Militar, acreditam que o parque servirá para aumentar o patriotismo combalido das novas gerações.


E celebrar grandes momentos e feitos militares da URSS, além de apresentar ao povo armas antes secretas.


Ao custo de US$ 370 milhões, não está ainda 100% ativo.


Até 2017, nos cem anos da Revolução de Outubro, que derrubou o czar, serão construídos shoppings, centros de lazer e hotéis.


Patriotismo está em voga na Rússia, depois da anexação da Crimeia.


O visitante poderá atirar e até dirigir tanques.


Na inauguração, Putin aproveitou para anunciar que adicionou 40 novos mísseis intercontinentais no arsenal nuclear.


E discursou, elogiando o novo armamento russo “sem equivalência do mundo”, como o tanque Armata, estrela da Parada de 1 de Maio deste ano da Praça Vermelha


O ministro da Defesa, Anatoly Antonov, disse que é o Oeste quem provoca a nova corrida armamentista russa, causando instabilidade na região.


E o bispo da Igreja Ortodoxa, Sergei Privalov, discursou ao abençoar o parque: “Acredito que este parque é um presente aos russos, que podem agora ter noção do poderio das nossas forças armadas.”


Amém.


Ou salve-se quem puder…


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Published on June 18, 2015 08:45

June 16, 2015

Hamburgueria dedicada a Star Wars abre em SP

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STAR WARS [GUERRA NAS ESTRELAS], de George Lucas, assim como JORNADAS NAS ESTRELAS, é uma dessas sequências de filmes que ultrapassam os limites do cinema e se transformam em fenômeno cultural.


A prova é que acaba de abrir uma hamburgueria em São Paulo dedicada ao filme.


É a Jedi’s Burger & Grill (Rua. Verbo Divino, 1194, na Chácara Santo Antônio, zona Sul).


Os garçons não se vestem como personagens da saga.


Mas o ambiente e o pão do hambúrguer Darth Vager é preto, como a máscara e o figurino do mítico personagem.


E para saber se o banheiro é feminino ou masculino, lá estão o protagonista Lucky e a princesa Leia para não haver engano.


 


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Telefones 11/2387-2552 e 11/2387-2553


Para os fãs e malucos por novidades.


Informações: https://www.facebook.com/jedisburgere...

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Published on June 16, 2015 09:04

June 13, 2015

Por que Dilma não foi ao Jô?

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Por que Dilma não foi ao Jô?


Por que não se sentou no sofá em que todos os entrevistados do programa se sentam, na sede da emissora da Luis Carlos Berrini, na Vila Olímpia, em SP, onde é gravado?


Por que a emissora teve de deslocar o estúdio e o apresentador ao Poder, para uma sala rococó do palácio com tapetes e decoração pesada?


Obama cansou de visitar David Letterman no estúdio da CBS na Broadway, em Nova York.


Inclusive na despedida de Letterman.


OK, Dilma não é Obama.


Obama quando é entrevistado em um programa de TV, vai até ele, não o inverso.


 


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Foi até Oprah.


Foi até Ellen e ainda dançou.


 



 


Assessoria de Obama sacou há muito que isso dá uma dimensão de humildade ao cargo.


Humaniza a liturgia, passa a sensação de movimento, agilidade e respeito ao profissional da imprensa.


Assessoria de Comunicação da Dilma nunca foi o forte da sua administração.


O Programa do Jô da Rede Globo desta sexta (transmitido na madrugada deste sábado), estrelando Dilma Rousseff, teve que se deslocar até o Palácio do Alvorada, onde foi gravado à tarde em Brasília.


Ouvimos a defesa do ajuste fiscal  que corta R$ 80 bilhões do orçamento proposto pelo ministro da Fazenda Joaquim Levy, a promessa de manutenção dos programas sociais, marca da administração petista, a promessa de um milagre: “Simultaneamente ao ajuste fiscal, precisamos fazer investimentos em infraestrutura e manter os investimentos nos programas sociais”.


Dilma estava bem-humorada.


Confessou que a crise externa dura mais que esperavam. Mas espera melhora na inflação até o final do ano.


No final, Jô brincou:


“Quero agradecer imensamente à presidente Dilma Rousseff, e espero que tenha sido bom para você também, pois hoje é o Dia dos Namorados e, afinal de contas, temos de sair ambos muito satisfeitos”.


“Muito satisfeitos”, ela respondeu.


Faz o estilo namorada exigente, que só namora no sofá da sua casa.

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Published on June 13, 2015 15:08

June 10, 2015

O movimento micou

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Os panelaços e as manifestações de março vieram com o selo “movimento espontâneo”, apesar da eficiência política e mistureba ideológica questionáveis. Levaram crise e indagações ao Poder.


Repensou-se o País e a inoperante democracia representativa sob regras de um sistema partidário falido, que não é teimosamente reformado.


Nas varadas, a bateção de lata em cada aparição ou menção da cúpula petista, a indignação pela monstruosidade da corrupção e fraudes contábeis, provava que, coxinha ou empada, bairro nobre ou plebeu, havia (há) insatisfação de um grupo social significativo com voz.


A lista de paternidade se acotovelou na vitrine do berçário.


“Fora Dilma!” levou um milhão à Paulista (segundo contagem discutível da PM, “a polícia do Alckmin”) ou 210 mil (segundo o Datafolha).


Cobriu a avenida de verde e amarelo e obrigou analistas a voltarem aos manuais de ciência política, para confirmar a maturação de uma nova direita.


Grupelhos e siglas até então desconhecidas, mais o desagrado generalizado com a crise econômica que saía do coma forçado, depois da retirada do soro de uma política populista de subsídio a eletrodomésticos, carros, luz e combustível, levaram microfones, celebridades e carros de som ao maior ato político desde as Diretas-Já.


Prometeram uma megamanifestação todos os meses. A de 12 de abril foi menor. A PM, depois de criticada por superestimar a anterior, calculou em 275 mil participantes.


O Datafolha continuou apostando nos mesmos 210 mil. A de 17 de maio, micou.


O cantor Lobão discursou no vão-livre do MASP para apenas 40 pessoas (segundo a PM), 50 (Datafolha). Dez dias antes, reclamara para Emanuel Bonfim, da Rádio Estadão, que 80% dos seus shows foram cancelados em retaliação à sua nova posição política.


O movimento com intrusos rachou.


Corpos estranhos o esvaziaram.


Parte do maior beneficiário, o PSDB, retirou o apoio. Seu porta-voz inconteste, o ex-presidente Fernando Henrique, colocou-se contrário ao impeachment. Foi chamado de traidor.


As mesmas redes sociais que alavancaram o movimento e serviram de púlpito a um debate burro, polarizado e cheio de ódio, difundiram suas contradições.


 


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Um dos líderes do Vem Pra Rua, que defende o fim a corrupção, foi pego num vídeo fraudando o ponto e demitido. Outro manifestante, que foi à avenida em março vestido de amarelo, protestou contra a corrupção e postou “a sociedade não aguenta mais tanta mentira, corrupção, sacanagem, falta de respeito ao povo”, pediu ajuda a amigos 50 dias depois, para retirar da sua carteira infrações de trânsito (oito pontos por desobedecer ao rodízio, dez por estacionar em local proibido e sete por desrespeitar limites de velocidade).


Dizia: “Pago bem. Contatos inbox urgente! Rsrsrs”.


Em abril, descobriu-se que Gravataí Merengue, do site Implicante, que publica e compartilha notícias, artigos e vídeos contra o PT, pseudônimo de um blogueiro ativista anti-petista, ganhava R$ 70 mil por mês do governo Alckmin.


O “soldado Carvalhal” espalhou em áudio que uma tal inteligência das Forças Armadas recomendava o estoque de mantimentos para a luta que rolaria entre as forças da direita e esquerda na eminente intervenção militar.


O Centro de Comunicação Social do Exército teve que vir a público informar que “os áudios veiculados nas mídias sociais não têm origem no Exército Brasileiro”.


 


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Defensores da volta do regime militar podem ser enquadrados no artigo 23 da Lei de Segurança Nacional, ironicamente o suporte ideológico da ditadura militar, em que a própria Dilma foi enquadrada ao ser presa em São Paulo em 1970. O artigo prevê pena de um a quatro anos de detenção a quem incitar “subversão da ordem política ou social” ou “animosidade entre as Forças Armadas ou entre estas e as classes sociais ou as instituições civis”.


Um dos líderes dos que pedem intervenção militar, capitão da reserva da Marinha, Sérgio Luiz Zorowich, foi intimado a depor em inquérito da Polícia Federal.


Revelou-se que Zorowich, que vinculava a presidente Dilma ao Estado Islâmico e PCC, para quem o impeachment é pouco, era dono de empresas que prestavam serviços à Petrobrás e faliram.


No dia 27 de maio, uns 300 manifestantes concentrados em frente ao Congresso pediam o impeachment.


Esperavam 30 mil.


Numa faixa se lia “Anistia Nunca Mais!”, “Tortura na Hora Certa”. Recuperou-se um lema da ditadura: “Brasil Ame-o ou Deixe-o!”.


Foi o dia em que chegou em Brasília a marcha organizada pelo Movimento Brasil Livre, que caminhou desde São Paulo até a Capital Federal. Tinha mais policiais do que manifestantes.


Seus líderes protocolaram o pedido de impeachment e pousaram para uma foto com o presidente do Congresso, Eduardo Cunha, citado na Lava-Jato, e Jair Bolsonaro, condenado pela 6ª Vara Cível do Fórum de Madureira a indenizar em R$ 150 mil por danos morais o Fundo de Defesa dos Direitos Difusos, por causa de declarações contra homossexuais.


Aécio Neves não apareceu para saudar o movimento. Foi chamado de traidor.


Por fim, no dia seguinte, 28 de maio, foi a vez da Aliança Nacional dos Movimentos Democráticos se reunir com políticos da oposição para pedir a rejeição à taxação de grandes fortunas e impostos sobre heranças. A pauta nunca entrou nas reivindicações dos grupos que foram às ruas. Dois outros grupos, Acorda Brasil e Quero Me Defender, não confirmaram o apoio à não-taxação. O principal grupo da Aliança é o Vem Pra Rua, de empresários e executivos do mercado financeiro.


Uma classe social perdeu privilégios.


O que se viu foi um desejo de voltar ao passado, com lemas e temores engavetados na Guerra Fria, como o esquecido “Vai pra Cuba!”, e uma política de concentração de rendas.


Mas grande parte sabe que a democracia não tem volta.


O movimento micou.


Parte da culpa é dos intrusos.


Outra parte percebeu que, na verdade, a direita e seus aliados estão espalhados pelo Poder. Nunca saíram dele.


Não faria sentido tirar os empregadores dele, impeachar a patroa.


 


First+Class+Lounge

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Published on June 10, 2015 17:34

June 9, 2015

Sex Pistols: os anarquistas viram bandeira de cartão de crédito

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O mundo ruiu. Cantavam: Sou anarquista, sou o anticristo.


Revolucionaram a música, a moda, o comportamento.


Lutaram contra o neoliberalismo, que repensava o papel do Estado na economia e acabava com programas sociais, segundo os manuais do liberalismo, o maior gastador de tributos, ideia em voga até hoje.


Lutaram contra Thatcher, ironizaram a monarquia e o capitalismo.


Alguém se rendeu: os Sex Pistols, das bandas de rock mais importantes da história, viraram brand de cartão de crédito da bandeira Mastercard.


São parte da máquina desumana e exploratória que combateram e arrastaram uma leva de fãs e influências.


É o banco Virgin Money que lança a série de cartões de crédito Sex Pistols, começando pelo histórico álbum Never Mind the Bollocks, de 1977, que traz o hit e hino de uma [a minha] geração, Anarchy in the UK.


Sinais de que os herdeiros e sobreviventes da banda se entregaram às delícias do mercado começou quando John Lydon, cabeça da banda, autor da frase “your future dream is a shopping scheme” (seu sonho de futuro é uma fraude comercial), de 1976, estrelou a propaganda divertida da manteiga Country Life recentemente.


 



 


O Virgin Money diz que é hora do consumidor levar um pouco de rebeldia no bolso. O banco quer celebrar seu legado e seu diferencial se associando a um nome nada convencional, que repense o modo de agir e o establishment.


Segundo o The Guardian, o cartão da banda que simbolizou a ascensão da classe operária na locomotiva do cenário cultural de uma década cobra juro de 18.9%.


Traidores do movimento é pouco.

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Published on June 09, 2015 08:49

June 7, 2015

Neymar 100% mal assessorado

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Deve ser idolatrado por crianças palestinas, africanas, asiáticas, árabes, eslavas, por ortodoxas, judias, muçulmanas, budistas, agnósticas (32,2% da China), xintoísta, hinduístas (mais de 1 bilhão).


Mas decidiu homenagear apenas um grupo religioso, na sua grande conquista (o único jogador do time com uma faixa no cabelo): 100% JESUS


Neymar foi o assunto mais comentado do Twitter no final da tarde de ontem.


Muitos não entenderam a faixa.


Foi um dos nomes do jogo, com uma assistência genial, uma arrancada e um gol no final. Com Messi baleado, infernizou a defesa adversária, roubou bolas, teve um gol anulado, cavou faltas.


Era sábado, final da Champions, o jogo de clubes mais esperado do ano. Barça contra Juve, dois times 5 vezes campeão. A escola espanhola contra a italiana.


Graças a NEYMAR, deu Barça, o time que “é mais que um clube” (seu slogan).


O jogo teve quase 1 bilhão de espectadores no mundo todo. Barça talvez seja o time mais popular. Neymar, um dos 3 grandes ídolos internacionais, com MESSI e CRISTIANO RONALDO, empatados na artilharia da Champions.


Fãs que acompanham o jogador há anos logo lembraram que, em outras finais importantes da carreira, ele comemorou com a mesma faixa.


Preguntei no Twitter por quê?


Muitos disseram que ele é livre para manifestar sua fé. E é mesmo.


Apesar do time que até 2013 se vangloriava de não ser patrocinado por nenhuma empresa, ser agora patrocinado pela Qatar Airways, do país Catar (Qatar), em que 80% são muçulmanos, seguidores do Islã.


“100% mico”, tuitaram alguns.


@mendesoswaldo tuitou: “100% Jesus é para o Santos não cobrar sua (dele) parte?”


@bel_fernanda: “Para dar um de bom moço pra torcida do Brasiiiillll


@psergiomatos: “Pra quem tá com a Receita no encalço tudo pode ajudar…”


@jumio: “0% pra Receita Federal”


@DonCrspulo: “Completou o Download”


O apresentador e meu ex-vizinho Sidney Garambone: “Jesus é catalão?”


Sou fã de Neymar, e mais ainda de Jesus.


Mas sei que cada um deve estar no seu tempo e lugar.


100% desnecessário.

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Published on June 07, 2015 17:39

June 3, 2015

Será o fim do cadeado do amor?

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Numa das paisagens urbanas mais deslumbrantes, fruto da engenharia humana, a Pont des Arts, de Paris, casais do mundo todo resolveram intervir e prender cadeados em seu gradil, como prova de amor.


Não amor à civilização, humanidade, igualdade, fraternidade e liberdade.


Mas ao casinho, ao namorido, ao parceiro, ao amante.


Trancavam um cadeado no beiral de ferro trabalhado há séculos, da ponte construída no começo de 1800, e jogavam a chave no Sena, esperando um amor duradouro.


Me lembro que a vi com meia dúzia de cadeados. Fui a Paris umas quatro vezes (a trabalho) e acompanhei o crescimento desordenado e exponencial desta aberração urbana, numa das minhas e de muitos paisagens preferidas.


Paris é abarrotada de turistas.


É a cidade luz, do romance, do amor, das artes, o museu a céu aberto.


Prender cadeados numa obra de arte, além de pretensioso, não ia dar certo.


Nem sei se funciona numa relação amorosa se sustentar apenas com a tranca de um cadeado de bicicleta que custa de dez a 50 euros.


Não deu: começou a abalar a estrutura de 45 toneladas.


Finalmente, o gradil começou a ser retirado, depois de meses de debate na Prefeitura.


Nem teve protestos. E sim turistas, com sua câmeras.


O medo é que os casais procurem outras pontes, como a Pont Neuf, para simbolizar o amor.


Já são vistos cadeados na Pont de l’Archevêché e nas redondezas.


Enquanto os apaixonado não encontrarem formas mais sensatas de provar o amor, falta agora catar as estimadas 700 mil chaves que estão no leito do Sena, que corre abaixo.


Daria para construir outra ponte com elas.

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Published on June 03, 2015 07:33

Marcelo Rubens Paiva's Blog

Marcelo Rubens Paiva
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