Marcelo Rubens Paiva's Blog, page 57

November 5, 2015

Por que não reagir ao “aê princesa”?

Minha contribuição ao  ‪#‎AgoraÉQueSãoElas


Sempre me perguntei por que as mulheres não xingam aqueles que as molestassem nas ruas. Por que não reagir ao fiu-fiu, “aê princesa”, “aê gostosa”, “deixa eu te chupar”? Se eu fosse mulher, responderia com grosserias aos gracejos inoportunos. Até ler este texto que a minha amiga-colega Paula Sacchetta publicou nas redes sociais. Que raiva da classe.


 


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Eu não era feminista, não era mesmo, nunca fui, nem me reivindicava como tal. Aí, não sei se o mundo ficou cada dia pior, os homens mais machistas, ou eu mesma que passei a me revoltar mais diante de certas coisas. Desde sempre, desde pequena, quando era menininha mesmo e já “mexiam comigo na rua”, eu ficava furiosa. Odiava os “princesa” ou “bom-dia” acompanhados dos olhares mais perversos. Nem tinha peito e já mexiam comigo na rua. Sempre fui magricela, e ainda mexem. A questão vai pra além do corpo, basta ser mulher – ou menina novinha de tudo mesmo. Sempre respondi, xinguei, falei os palavrões mais feios que conhecia. Minhas amigas odiavam andar comigo na rua “Paula, um dia você ainda vai tomar um tiro”. Eu não me importava, não conseguia engolir aquilo. Um dia, eu devia ter uns 14 ou 15 anos, estava saindo do clube, acompanhada de uma delas, e uns caras passaram falando vários absurdos. Respondi, gritei, fiquei enlouquecida. Uma mulher que estava com eles veio pra cima de mim e me agrediu. Me bateu mesmo, de mão fechada, dando socos na minha cabeça. Eu saí correndo pra fugir, tinha dado errado mesmo, pela primeira vez. Atravessei a rua sem prestar atenção e, pra não ser atropelada, dei uma desviada de um carro que passava e torci o pé. Cheguei em casa com o pé roxo, preto mesmo, e disse pros meus pais o que tinha torcido no clube. Fiquei com medo da bronca, de responder na rua a quem “mexesse comigo”. Resultado: um ligamento rompido e mais de dois meses de gesso. Fora isso, já passei por milhares de outras situações e acho que todas passamos, todos os dias. Quando vou pra aula no centro e coloco uma roupa, penso se, mesmo eu gostando e achando bonita, não é “curta demais” pra pegar metrô e andar por aí. Aí eu me troco, melhor do que ficar aguentando olhares e comentários o dia todo. Sou menos livre. Um dia, um jornalista de outra cidade que eu admirava muito muito, me encontrou numa palestra e me chamou pra tomar um café para “conversar sobre um projeto”. Tentamos marcar por e-mail, ele não podia naquela tarde. Tentamos na tarde do dia seguinte, ele também não podia e sugeriu à noite. Achei estranho o horário, mas topei. Ele marcou num bar e quando eu cheguei, ele estava tomando uma caipirinha. Continuei achando estranho, mas me sentei. Aí ele me disse que não tinha projeto nenhum, mas que queria “tomar um drink comigo” mesmo. Me senti burra, idiota, invadida, senti raiva e saí chorando. Nem consegui responder ou dizer alguma coisa que ele merecia. Outro dia estava no Pão de Açúcar, cruzando a pé pelo estacionamento vazio, um cara passou olhando de um jeito horroroso e eu “que foi, imbecil? perdeu alguma coisa?” e ele “não, tô te olhando, lindinha”. Xinguei muito e ele disse “você fica linda bravinha”. Mandei “tomar no cu”, ele começou a vir pra cima de mim: “Vamos ver agora quem vai tomar no cu”. Saí correndo, gritando e chamei o segurança. Gente, nada novo mesmo, se vocês se chocam com esses relatos, saibam: acontecem TODOS OS DIAS. Uma amiga minha começou a ser perseguida por um psicopata, que deixava bilhetinhos no carro dela. Ele tentou estuprar ela, dentro da faculdade. Não conseguiu, não aconteceu, saiu em todos os jornais, ele desapareceu. Mas ninguém conseguiu ver quem era, então nada pôde ser feito de fato contra ele ou para protegê-la. Eis que esses dias ele reaparece, em mais um bilhetinho: “Onde estiver, estarei”. Pedi pra ela tomar cuidado, não andar sozinha. Ela agora tem que ter medo e pensar por aonde anda. É revoltante pedir pra ela se cuidar, ele é que devia saber que não pode fazer o que está fazendo ou o que tentou fazer. Ontem jantei com uma amiga e ela me contou, bem em choque e um tanto constrangida, que tinha chegado no dia anterior em casa às duas da manhã, cruzado com um vizinho no corredor e cumprimentado ele com um “boa noite”. Minutos depois ele tocou a campainha, perguntou que horas eram, ela entrou, pegou o relógio, respondeu e ele “você pode me ajudar?”, olhando pra baixo: ele estava se masturbando, com o pau pra fora, dentro do apartamento dela, no prédio dela, o vizinho de porta. Ela me dizia sem graça que bateu a porta sem conseguir responder, tamanho o susto. Tenho acompanhado também as publicações da Olívia Pedroso, que tem escrito suas “histórias de mulher”, relatando os mais variados abusos sofridos: os olhares e a culpa que querem colocar nas nossas costas por estarmos “de shorts curto” ou um cara se masturbando dentro do carro, enquanto seguia ela na rua da escola. Também li a Paula Lion, que mudou recentemente pra Buenos Aires e que contou que teria escolhido “melhor” onde moraria ou por onde andaria, se tivesse ido sozinha, e não com o companheiro. Contou como se sente agredida lá, “talvez um pouquinho mais do que São Paulo”, por ser uma mulher andando sozinha pelas ruas à noite. Ou então, como disse minha amiga que estava de blusa-com-a-barriga-de-fora no sábado passado, “puxa vida, não posso sair com uma blusa que acho bonita, porque acham que minha barriga é corrimão”. Estávamos numa festa, a abordagem feita era sempre a mesma: tentavam pegá-la pela barriga, puxando pra perto. Ou quando participei de uma exposição linda e coletiva, de 17 mulheres, e nas discussões do processo criativo, em uma reunião com 12, duas já tinham sido estupradas. Ou ainda quando recebi um inbox de um amigo, de quem gosto e de quem não esperava isso, pedindo uma indicação de uma estagiária, com “a” mesmo, porque: “Claro, mundo machista. Às vezes uma menina entrando em contato ajuda.



Tudo isso pra dizer: estamos cansadas. Acontece sempre, todo dia e em todo lugar. E somos menos livres por isso. Isso sem nem falar da violência física mesmo, dos assassinatos, ou que até os anos 1980, no Brasil, existia “crime contra a honra” e uma mulher podia ser morta pelo marido se ele achasse que ela tinha “ferido sua honra”.


Não estou escrevendo esse texto porque “estou de tpm”, porque “acordei com o ovo virado” ou porque sou “histérica”, é um relato pensado e sincero, depois de uns dias tentando digerir muita coisa.


Acho que escrevo pra compartilhar mesmo, pra quem acha que essas coisas não acontecem, ou pra quem não consegue ver. O machismo está em toda parte. E eu, que não me reivindicava feminista, tento me engajar um pouquinho mais a cada dia, simplesmente porque não dá pra aguentar, simplesmente porque não temos que aguentar. Machistas: onde estiverem, estaremos. Não passarão.







e aqui o meu primeiro assédio:



 

Eu não ia escrever nada sobre ‪#‎meuprimeiroassedio‬, porque outro dia escrevi um textão juntando várias situações, então achei que não precisava. Mas depois de ver tantos relatos doloridos e absurdos, compartilho o meu aqui também. É o primeiro do qual me lembro. Por um tempo eu esqueci dessa história, mas um dia lembrei e até já tinha comentado com algumas amigas. Eu estava na casa de uma amiga que estudava comigo na escola, era sábado à noite, eu era bem novinha mesmo, devia ter uns 7 anos no máximo. Os pais dela iam sair e nos deixaram com o primo mais velho dela, que parecia um cara legal, o primo mais velho, sabe? Lembro de pouca coisa, do quarto dela, de assistir TV e da hora de dormir, quando coloquei uma camisola de flanela de manga comprida e que ia até o pé. Antes de dormir, já no quarto, ele acendeu um abajurzinho e falou pra gente tirar a roupa, que a gente ia brincar de médico. Na hora eu comecei a falar que não ia tirar a roupa e que queria ir embora. Ele tentou segurar a porta, mas eu comecei a fazer um escândalo. Liguei pro meu pai aos prantos, chorando muito, dizendo que não queria mais dormir lá. Lembro de ter ficado tão assustada que quando o porteiro interfonou dizendo que meu pai tinha chegado, eu não quis me trocar pra ir embora. Peguei o elevador com aquela camisola de flanela, chorando muito. Entrei no carro chorando, de camisola de flanela, e claro, não contei pra ele o que tinha acontecido. E ele nem sonha, até hoje. Só disse que não queria dormir lá. Não sei o que aconteceu com a minha amiga. Deixei ela lá com ele, naquele quarto à meia luz do abajur e nunca conversei com ela sobre isso. Não aconteceu nada comigo, mas não sei o que aconteceu com ela.




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Published on November 05, 2015 03:58

November 3, 2015

A herança em disputa de Renato Russo

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Passei um tempinho em Brasília na casa da família Dado Villa-Lobos, em que a Legião ensaiava e compunha o segundo LP, enquanto os pais do Dado moravam fora.


Era Carnaval.


Íamos aos parques de Brasília no fins da tarde ver o pôr do sol.


Passávamos a noite bebendo, rindo, fumando e papeando. Dormíamos bem tarde.


Eu dormia depois de todos (sempre foi assim na minha vida).


Não sei de onde eles tiravam tanta energia: às 8h em ponto começavam a ensaiar.


Na primeira manhã, OK. Na terceira, meu humor estava descontrolado.


Eu tentava dormir, mas a guitarra do Dado praticando o solo da introdução de uma música, repetindo, repetindo, a voz do Renato, a bateria, me tiravam do sério.


Ensaiavam na área de serviço.


Numa manhã, acordei de bode e fui tomar café na sala.


Renato apareceu com um papel de caderno. Me convidava para escrever uma letra com ele, da música que a banda ensaiava. Ele ia e voltava. Até eu dar um basta:


– Acabei de acordar, depois, vai, temos todo tempo…


Meses depois, estourava a música trabalho do disco Dois, o novo da Legião.


Tempo Perdido: “Todos os dias quando acordo, não tenho mais o tempo que passou. Mas tenho muito tempo, temos todo o tempo do muuuundo…”


Muita gente sabe dessa história. Até o Dado relatou no seu livro Memórias de Um Legionário.


Uma música é na maioria das vezes uma composição anárquica, coletiva, sem dono.


Numa banda, nos ensaios, um inventa um solo, o outro, o ritmo, lê-se uma frase num livro (como “é importante amar as pessoas como se não houvesse o amanhã”), ou alguém no estúdio sugere mudar frases inteiras de uma letra.


O documentário do Godard, Sympathy for the Devil, sobre o processo de criação e gravação da música Sympathy for the Devil, dos Stones, mostra como se demorou para chegarem na versão final daquela que é considerada um marco na carreira da banda.


E quem conhecia bem Renato sabe que, por vezes, ele compunha com o rádio ligado, juntando frases ouvidas.


As palavras das músicas que tocavam iam levando ele a compor, a montar o quebra-cabeça de suas letras.


Quem leu a entrevista sexta-feira que o filho do Renato, Giuliano Manfredini, deu ao grande repórter Julio Maria no ESTADÃO, percebeu que o filho zela pelo espólio do pai.


Mas zela como se zelasse uma empresa, não a obra de um poeta-artista-compositor-idealista, parte de uma banda, de um movimento que justamente combatia o sistema. Não é um negócio, é poesia..


Dado e Bonfá querem incluir no repertório a versão original da inédita 1977, música da banda toda, como atesta um documento enviado à Censura Federal.


O filho não deixa, pois a música, que aliás inspirou Tempo Perdido, seria só do pai; e disse que tem documentos que confirmam.


Giuliano defende que não existe Legião sem o pai. Ninguém contesta.


Mas quem melhor do que seus parceiros e amigos de anos para representá-lo?


Ele fala de um complô para “enfraquecer” a figura do pai, em “apropriação”, em tentativa de “prejudicar a memória”…


Quem conheceu Renato e a banda ficou chocado.


O repórter Julio Mario ainda perguntou se ele não estaria tendo uma leitura maquiavélica dos fatos.


Guiliano, que chegou a cursar administração de empresas, é herdeiro legítimo de Renato, e ninguém contesta.


Deve sim ter cuidado do vandalismo contra a obra do pai (uma música dele, recentemente, serviu de trilha para o anúncio de um banco).


Mas não é o único “herdeiro”: todos nós nos sentimos próximos e parentes de tudo o que o Renato fez e representa.


E donos indiretos de sua obra, que faz parte da nossa história.


Somos amigos e parceiros de um momento em que se discutia a propriedade, o lucro, o capitalismo, o papel da arte, a canibalização da poesia.


E que se comemorava a amizade.

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Published on November 03, 2015 05:05

October 29, 2015

Uber para todos

Foi lançado o Uber dos deficientes.


 



 


A ideia veio de deficientes franceses: Wheeliz.


País em que não se encontra táxi em qualquer esquina, quiçá acessível para cadeira de rodas.


E mostra que é o começo de uma revolução: em que haverá “Ubers” específicos para cada público, nicho de mercado, especificação, que atendará a TODOS os clientes em potencial.


Já que o Uber não tem a opção carro para cadeirantes, um aplicativo criado na França coloca em rede deficientes que tenham carros e possam alugar para outros deficientes.


O Wheeliz é uma “sociedade” lançada neste ano.


Começou em abril com 50 veículos cadastrados.


Hoje já são 1.200 carros cadastrados espalhados por toda a Franca, da zona rural às grandes cidades.


É útil especialmente a deficientes que viajam a trabalho ou lazer.


O preço do aluguel é bem mais barato que o de locadoras de carros que até oferecem em alguns lugares serviços de carros adaptáveis, como a Hertz.


E o aplicativo é capaz de, com a taxa, fazer um seguro ao proprietário.


Wheeliz quer expandir e aí sim ser o Uber dos deficientes: criar uma rede de carros com motoristas para atender especificamente este público


Bem-vindos…


Tomara que a ideia pegue por outros países.


 

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Published on October 29, 2015 06:46

October 26, 2015

É possível uma cidade sem grades?

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Nunca entendi grades em praças.


Uma epidemia paulistana.


Quem já visitou qualquer grande cidade do mundo viu parques e praças sem barreiras, portões, abertas ao povo.


Central Park, de NY, Hyde Park, de Londres, Jardins de Paris, são abertos, sem grades.


Mesmo no Rio, a orla das praias e no Aterro, nada de cercas.


Em São Paulo há muito se decidiu cercar espaços públicos em nome da segurança.


E com isso transformou áreas de uso comum em espaços intransitáveis e controle limitado.


Propõe-se na cidade a retirada das grades.


Nesta última quinta-feira, serralheiros da Subprefeitura da Sé tiraram grades da Rua Padre Luís Alves de Siqueira, Barra Funda, uma área ajardinada.


Tiraram com maçaricos.


O site da Prefeitura listou os espaços do centro onde as grades foram retiradas:


– Regueb Chohfi, na região da rua 25 de Março, a primeira praça onde a ação foi implantada


– Praça dos Artesãos Calabreses, na Bela Vista, os Arcos do Jânio


– Largo Nossa Senhora da Conceição, no final da rua Pires da Mota


– Praça Álvaro Cardoso de Moura


– Praça Umpei Hirano, no Cambuci


– Área verde na esquina das ruas João Passalaqua e Prof. Laerte Ramos de Carvalho, Bela Vista


– Canteiro no entroncamento das ruas São Joaquim e Conselheiro Furtado, Liberdade


– Canteiro central da avenida Tiradentes


– Canteiro Central da ligação leste oeste na região do Glicério.


Uma equipe técnica da subprefeitura estuda novas praças em que retirarão as grades, para qualificar o uso do espaço público restaurando as praças para a população.


“Grades em áreas públicas não combinam com uma gestão democrática. As praças estão aí para as pessoas usarem, por isso precisamos devolvê-las para o povo”, diz o subprefeito da Sé.


É um começo.


A iniciativa deveria se estender para Trianon, Ibirapuera, muros na USP, Jockey, em prédios da Paulista…


Devolver a cidade a seus habitantes.


E resolver os problemas de segurança pública sem grades. Dá?

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Published on October 26, 2015 15:18

October 23, 2015

2016: ano chave da política nacional

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Subtítulo: Os dilemas do “Bom PT”


Bom PT é como os próprios petistas insatisfeitos com os rumos do partido e seu envolvimento nos escândalos de corrupção se autoproclamam.


São bombardeados diariamente pelo próprio PT.


Especialmente por lulistas, que criticam as ações do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, acusado de mole demais com seus subordinados que investigam a Operação Lava Jato [e agora o próprio Lula]


Cardozo é um ícone do grupo Bom PT.


Como Alexandre Padilha, Eduardo Suplicy, secretários Municipais de São Paulo, e o prefeito, Fernando Haddad, uma das grandes estrelas em ascensão da política brasileira.


O vereador Nabil Bonduki é outro Bom PT. É o atual secretário da Cultura de Haddad.


A diáspora petista será testada em 2016, antes das eleições municipais.


A do PSOL já começou.


Os dilemas do grupo são enormes:



Continuar no PT e arcar com o legado do Mensalão, que carrega nas costas e mancha o currículo da militância há anos, agora envolvido na lama do Petrolão. Com isso, se vê obrigado a defender as ideias de Dilma e os desmandos de Lula.
Fundar um novo partido, outro, mais um.
Debandar para um partido existente.

A tese “debandar” é a mais comentada nos bastidores.


Antigos aliados e petistas históricos estão sendo consultados.


Muitos querem ir para a REDE, apesar de uma Marina Silva com carisma, mas relutante e com ligações religiosas aos grupos mais conservadores e homofóbicos da política nacional.


Marta Suplicy pagará um preço caro ao se filiar ao PMDB, partido envolvido nos mesmos escândalos que o PT? Ninguém sabe.


PPS, PSOL, PV e PSB são alternativas.


Mas todos eles já têm um comando consistente, alianças formadas, nomes que trazem votos e alguns são bem pragmáticos.


A saída seria o grupo entram em massa na REDE, a novidade na política, sem programa rígido, com uma massa crítica interessante, que uma vez já fez parte do sonho petista.


Aos poucos os novos filiados poderiam controlar o novo partido.


2016 será um ano chave para a política nacional.


Prepare-se: a história está sendo escrita na nossa fuça.


E veremos se até 2018 o PT sobrevive intacto, retalhado, do avesso, ou vai para o limbo como o PRN, de Fernando Collor de Mello, ou PDS, de Paulo Maluf.

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Published on October 23, 2015 08:40

October 21, 2015

O futuro do De Volta Para o Futuro não é hoje

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O carro modificado De Lorean está pelo Brasil; até Rubinho Barrichello deu um rolê nele.


Comemora-se nesta semana o futuro que Marty Mc Fly (o personagem de Michael Fox) em De Volta Para o Futuro 2 (da série Back to the Future), teria ido, numa máquina do tempo.


O futuro de De Volta para o Futuro é hoje?


Se passa hoje.


Mas o filme de 1985 errou a maioria das previsões.


A trilogia de Robert Zemeckis foi um mega sucesso nos anos 1980.


Dois desejos inconscientes ali: na tensão da Era Reagan do medo de uma guerra nuclear, em que o pavio da Guerra Fria foi novamente aceso, queria-se voltar ao passado para corrigir alguns erros do pós-guerra.


E ir ao futuro para checar se estávamos no caminho certo.


Mas skate sem rodas, tênis que se fecham sozinhos e roupas inteligentes são ainda projeto para o futuro, não objetos do cotidiano do presente.


Se Mc Fly chegasse agora, daria um rolê numa velha bicicleta (analógica), estranharia a garotada com um visual de guerrilheiro tchetcheno e atentos a uma tela de bolso, que também é telefone.


Estranharia que carro é demonizado, que roupas velhas e descombinantes estão na moda, que em alguns estados a maconha é legalizada, enquanto o cigarro é banido e patrulhado como uma droga assassina.


Sem contar que um negro (o chapeiro do seu Dinner) é prefeito da sua cidadezinha, e outro,  presidente do País.


E vale a gozação.


Como a do site Junkee:


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Published on October 21, 2015 06:15

October 17, 2015

Uber liberado em Londres

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Cada cidade procura um modo de controlar ou liberar o Uber.


Os táxis de Londres talvez sejam os melhores do mundo.


O serviço é um exemplo: não é caro, os motoristas passam dois anos estudando e treinando, numa seleção rigorosa, são carros padronizados, espaçosos e, detalhe, acessíveis a todos, especialmente a cadeiras de rodas [veja abaixo].


E, mesmo assim, a suprema corte britânica (Britain’s High Court) decidiu, depois de meses de protestos de taxistas, que o aplicativo não prejudica os negócios dos proprietários dos “black cabs”, ícone da cidade.


A Corte foi perguntada se a tecnologia do aplicativo quebra a lei que proíbe o uso de taxímetros em carros particulares.


O juiz Duncan Ouseley despachou hoje que o taxímetro “não é um aparelho que recebe sinal do GPS durante a corrida, mas serve apenas para mandar informações a uma central, que calcula a tarifas.”


Enquanto isso…


Está parado na gaveta do vereador Adilson Amadeu (PTB), da Comissão de Finanças e Orçamento, a aprovação de lei que garantiria um serviço eficaz de táxis com rampas para deficientes em São Paulo.


O táxi para cadeirantes é um serviço que se torna fato em todo mundo.


Cada cidade tem ama norma.


Em Londres, os famosos carros pretos têm rampas acopladas mas laterais. Qualquer cadeirante entra em qualquer carro com a ajuda do motorista. A tarifa é subsidiada para clientes deficientes.


Na Espanha, é preciso telefonar e agendar. São minivans com rampas traseiras. Fica-se num espaço acolchoado, em que a cadeira se encaixa. A tarifa é comum.


 


TaciRJ-NY (16)


 


Em Nova York como na Califórnia, são caros rebaixados, em que se entra pela lateral por uma rampa. Basta ligar 311 e agendar ou esperar na rua (um litígio judicial pede que 100% da frota seja adaptada). A tarifa é comum. Todos acima podem pegar passageiros não deficientes.


 


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No Brasil, o serviço, claro, tinha que ser mais complicado, burocrático e ineficiente.


Não dá lucro a taxistas.


No Rio era um modelo. Uma cooperativa serve apenas a deficientes. Um telefone atende toda demanda. O problema é que o tipo de carro que se exige (com elevadores plataforma e teto levantado) e sua manutenção são caros. E, surpresa, não têm isenção na compra do veículo e equipamento.


Às vésperas dos Jogos Olímpicos, o serviço pode fechar.


 


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Em São Paulo, a lei 14.401 de 2007 foi feita para agradar a todos de tal maneira que não agrada ninguém, nem passageiros, nem motoristas.


São 88 carros com plataforma difíceis de serem agendados. Kassab sabia que o negócio não funcionava. Prometeu dois alvarás de carros comuns e mais dois de carros híbridos a cada cooperativa (frota) que aceitasse um carro adaptado (acessível).


No fim do ano, uma bomba cai no colo das prefeituras.


A lei federal 13.146 de julho de 2015 exige que “as frotas de empresas de táxi devem reservar 10% de seus veículos acessíveis à pessoa com deficiência”.


Se seguirem as normas cujos veículos deverão ser adaptados com plataforma elevatória na extremidade traseira ou lateral, o serviço continuará deficitário.


Mas se seguirem o modelo de rampas do mundo todo, que também transporta passageiros não deficientes…


A Prefeitura de BH opera com táxis com rampas. A do Rio promete isenções.


A de São Paulo reconhece que precisa mudar. Luta para ampliar o conceito de acessibilidade através do Projeto de Lei 563/2014, que tramita a passos lentos.


 

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Published on October 17, 2015 06:54

October 16, 2015

Corte inglesa libera Uber

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banner-taxi


 


Cada cidade procura um modo de controlar ou liberar o Uber.


Os táxis de Londres talvez sejam os melhores do mundo.


O serviço é um exemplo: não é caro, os motoristas passam dois anos estudando e treinando, numa seleção rigorosa, são carros padronizados, espaçosos e, detalhe, acessíveis a todos, especialmente a cadeiras de rodas [veja abaixo].


E, mesmo assim, a suprema corte britânica (Britain’s High Court) decidiu, depois de meses de protestos de taxistas, que o aplicativo não prejudica os negócios dos proprietários dos “black cabs”, ícone da cidade.


A Corte foi perguntada se a tecnologia do aplicativo quebra a lei que proíbe o uso de taxímetros em carros particulares.


O juiz Duncan Ouseley despachou hoje que o taxímetro “não é um aparelho que recebe sinal do GPS durante a corrida, mas serve apenas para mandar informações a uma central, que calcula a tarifas.”


Enquanto isso…


 


ny 207


 


O táxi para cadeirantes é um serviço que se torna fato em todo mundo.


Cada cidade tem sua norma. Em Londres, os famosos carros pretos têm rampas acopladas mas laterais. Qualquer cadeirante entra em qualquer carro com a ajuda do motorista. A tarifa é subsidiada.


Na Espanha, é preciso telefonar e agendar. São minivans com rampas traseiras. Fica-se num espaço acolchoado, em que a cadeira se encaixa. A tarifa é comum.


 


TaciRJ-NY (16)


 


Em Nova York como na Califórnia, são caros rebaixados, em que se entra pela lateral por uma rampa. Basta ligar 311 e agendar ou esperar na rua (um litígio judicial pede que 100% da frota seja adaptada). A tarifa é comum. Todos acima podem pegar passageiros não deficientes.


No Brasil, o serviço, claro, tinha que ser mais complicado, burocrático e ineficiente.


Não dá lucro a taxistas.


No Rio era um modelo. Uma cooperativa serve apenas a deficientes. Um telefone atende toda demanda. O problema é que o tipo de carro que se exige (com elevadores plataforma e teto levantado) e sua manutenção são caros. E, surpresa, não têm isenção na compra do veículo e equipamento.


Às vésperas dos Jogos Olímpicos, o serviço pode fechar.


Em São Paulo, a lei 14.401 de 2007 foi feita para agradar a todos de tal maneira que não agrada ninguém, nem passageiros, nem motoristas.


São 88 carros com plataforma difíceis de serem agendados. Kassab sabia que o negócio não funcionava. Prometeu dois alvarás de carros comuns e mais dois de carros híbridos a cada cooperativa (frota) que aceitasse um carro adaptado (acessível).


No fim do ano, uma bomba cai no colo das prefeituras.


A lei federal 13.146 de julho de 2015 exige que “as frotas de empresas de táxi devem reservar 10% de seus veículos acessíveis à pessoa com deficiência”.


Se seguirem as normas cujos veículos deverão ser adaptados com plataforma elevatória na extremidade traseira ou lateral, o serviço continuará deficitário.


Mas se seguirem o modelo de rampas do mundo todo, que também transporta passageiros não deficientes…


A Prefeitura de BH opera com táxis com rampas. A do Rio promete isenções.


A de São Paulo reconhece que precisa mudar. Luta para ampliar o conceito de acessibilidade através do Projeto de Lei 563/2014, que tramita a passos lentos. Já foi aprovado em quatro Comissões.


Está parado na gaveta do vereador Adilson Amadeu (PTB), da Comissão de Finanças e Orçamento.


Sua aprovação garantiria um serviço eficaz de táxis com rampas. E mais inteligente.


 

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Published on October 16, 2015 08:06

October 15, 2015

O recorde da estupidez

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O recorde da estupidez


Nos anos 1960, minha família se americanizou.


Tudo o que vinha de lá era lindo: o futuro. Primos passaram a usar camisa polo, tênis brancos, praticar esqui aquático e golfe. Os cabelos eram penteados para o lado com gel. Como um Kennedy.


A febre do consumo pós-guerra substituía o rigor da educação espartana europeia comum no Brasil. Sanduíche, Ketchup e Coca-Cola entraram no cardápio. O cigarro poluiu a sala de jantar. E os enormes e gastões carros americanos tomaram a paisagem urbana.


Junto com a cultura descartável, muitos voltavam de lá fascinados pelas diferenças culturais: eles cumprem as leis, dirigem com prudência, entram em filas; eles próprios colocam combustíveis. Máquinas vendiam jornais nas ruas: colocava-se a moeda e pegava o seu.


Por que não pegava todos?


Porque são todos honestos.


Havia lá um tipo de respeito desconhecido por nós. E todos respeitavam o limite de velocidade. Um primo contava que, numa estrada deserta do Texas, decidiu testar a potência do seu Mustang alugado, fetiche da época, e acelerou. Foi parado quilômetros adiante. Um avião da polícia com binóculo o flagrara.


Nos anos 1970, um tio morreu na BR-116, a Rodovia Régis Bittencourt, sumariamente conhecida como Estrada da Morte. Entrou com seu Opala na traseira de um caminhão. Um primo de 18 anos morreu ao cair da moto em Santos. Uma prima nunca mais andou sem muletas, depois de um bêbado bater no seu Puma. Perdi colegas e amigos em estradas. Tenho amigos que perderam os pais em acidentes de trânsito. Outros perderam filhos.


Quando vejo a ira causada pela tentativa de controle de velocidade, me pergunto se as pessoas não preferiam que as leis fossem respeitadas e houvesse mais segurança para todos; e menos vítimas nas estatísticas. Se o prefeito ou governador de uma cidade ou Estado instala radares para multar os que violam as leis, é acusado de alimentar uma invisível Indústria da Multa. O radar virou inimigo. Quando é derrubado por um vândalo, comemora-se.


Já vi “especialistas” afirmarem que a redução de velocidade é perigosa. Que é aliada de assaltantes. Que o motorista tem que frear bruscamente para reduzir, causando acidentes. Que os radares só pioram. Me lembro de autoridades do judiciário proibirem radares, anularem multas. Exige-se que haja uma placa indicando: “diminua a velocidade, radar à frente”. A legislação é prudente com os imprudentes, generosa com os infratores.


Nos EUA, as instituições foram se degenerando. Mataram o presidente, seu irmão, candidato à Presidência, dois líderes negros de direitos civis, entraram numa guerra suja e corrupta, apoiaram ditaduras, impeacharam Nixon, envolveram-se em golpes que denegriram a imagem de um Estado libertador. A corrupção policial desorganizou a sociedade. A América se abrasileirou. Mas a vigilância nas ruas e estradas continua severa. E as filas, respeitadas.


Morei em San Francisco, onde até ciclistas são multados se flagrados cometendo irregularidades, como não usar capacete ou indicar que vai virar.


Pedestres são multados se não atravessarem na faixa.


Mais de 25% da arrecadação vinha de multas. A cidade espalhara radares em todos os cantos, e a população comemorava.


Ela pedia radares, para evitar atropelamentos e acidentes em seus bairros: os condutores respeitarão as leis, e o município arrecadará uma grana para melhorar vias, escolas, transporte público, parques, bibliotecas.


A imprudência de uns gera qualidade de vida à maioria.


Enquanto isso, vamos batendo recordes de morte no trânsito.

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Published on October 15, 2015 16:50

October 14, 2015

Mude de bairro, mas não mude de casa

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Mude de bairro, mas não mude de casa


Uma ideia tão simples, em que poucos pensaram em solucionar.


Muitas vezes a gente tem ou quer mudar de bairro, de rua ou de cidade, mas quer levar nossa casa do jeito que ela é.


Seus problemas acabaram.


Em AUSTIN, Texas, cidade progressista com boas universidades e muita pesquisa tecnológica,  uma empresa bolou apartamentos em estruturas móveis que se encaixam em outras estruturas espalhadas pelo país.


São “casas” completas, com tudo dentro, luz e aparelhos que obedecem a comandos de voz, com 20 metros quadrados: um flat para solteiros, jovens ou casais sem filhos.


Se quiser se mudar, basta, claro, abrir um aplicativo no celular.


Colocam seu apê num caminhão e o levam para uma estrutura em que a casa encaixa.


O aluguel gira em torno de US$ 600.


É o que promete a empresa de design KASITA para 2016: http://kasita.com


Denver, Nova York, Estocolmo, Los Angeles, Portland, Tucson, Washington DC, Seattle, Chicago, Marfa são algumas das cidades já cadastradas.


Simples, cansou da vista ou da vizinhança, abra o aplicativo.

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Published on October 14, 2015 07:53

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Marcelo Rubens Paiva
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