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quando crescesse eu ia ser uma lembrança

era como se quisesse me perder por alguma rua nova. me perder absoluta e alegremente. mas há momentos em que não podemos, não sabemos nos perder.

Sinto-me próximo demais daquilo que conto. Abusei de algumas lembranças, saqueei a memória, e também, de certo modo, inventei demais.

Acho bonito que não se encontrem. Seguir simplesmente suas
vidas, tão distintas, até o presente, e aproximá-las aos poucos: dois
trajetos paralelos que não chegam a se juntar. Mas esse romance
devia ser escrito por outra pessoa. Eu gostaria de lê-lo. Porque no
romance que quero escrever eles se encontram. Necessito que se
encontrem.

vivíamos com poucas palavras e era possível responder a todas as perguntas dizendo: não sei. não achávamos que isso fosse ignorância. chamávamos de honestidade.

É impressionante como o rosto de uma pessoa amada – o rosto de alguém com quem já vivemos, a quem julgamos conhecer, talvez o único rosto que seríamos capazes de descrever, que contemplamos durante anos, desde uma distância mínima – é bonito, e de certo modo, é terrível saber que até esse rosto pode liberar de repente, inesperadamente, gestos novos. Gestos que talvez nunca voltemos a
ver.

me olhou com um gesto novo, um gesto que não sou capaz de precisar

Ou então é que eu gosto de estar no livro. É que eu prefiro escrever a já ter escrito. Prefiro permanecer, habitar esse tempo, conviver com esses anos, perseguir longamente imagens esquivas e examiná-las com cuidado. Vê-las mal, mas vê-las. Ficar ali, olhando.

Enfrentavam o medo com uns goles de vinho e longos olhares de cumplicidade.

Alguém teve a ideia de fazer testamentos e de início nos pareceu uma boa, mas logo descobrimos que isso não tinha sentido, pois se viesse um terremoto mais forte o mundo se acabaria e não haveria ninguém a quem deixar nossas coisas.

Mas fomos amigos ou algo assim. Conversávamos muito. Às vezes penso que escrevo este livro só para recordar aquelas conversas.

Meu pai, na poltrona, olhava tranquilamente. Às vezes acho que sempre esteve largado ali, pensando. Mas talvez não pensasse em nada. Talvez só fechasse os olhos e recebesse o presente com calma.
ou resignação.

Agora sei caminhar; não poderei aprender nunca mais. W. BENJAMIN

Ah! yo sé bien que be renacido a veces, más ¿de qué vale si no me reconozco?

y tan cerca el miedo nos tiene como a los lados ardientes de una misma moneda.

Ah! el corazón humeante después de cada deseo.

la luz del atardecer se filtra por su cuerpo y se pierde entre pedazos de cielo y de su destino.

acaso la mitad de su alma nunca ha sido de este mundo

su cuerpo es la más tierna pausa de la muerte

su cuerpo tendido como un mapa desvelado de algún país de noviembre

que centellean en mi memoria, rasgan viejos lutos y hacen sangrar la ceniza

desesperado apago en mí la aureola de los santos, quiero descubrir mis propias leyes

oh! yo quería romper esta red que los dioses han tejido con voces y con sueños!

pensa numa dor ambígua, num desastre tranquilo, silencioso.

é um sentimento abstrato de liberdade, talvez abstrato demais, e por isso mesmo cansativo.

que é desse jeito que as pessoas se conhecem, contando coisas que não se contam, despejando palavras alegremente, irresponsavelmente, até chegar a territórios perigosos, a lugares em que as palavras precisam do verniz do silêncio.

é que hoje em dia as crianças não cumprimentam mais os outros, e talvez isso não seja ruim, porque os adultos
cumprimentam demais.

que não é bonita à primeira vista mas que se torna bonita com o passar dos minutos e não por causa do efeito do álcool, e sim porque é preciso observá-la realmente bem para descobrir sua beleza.

O pior. Mas às vezes o pior é o melhor. É preciso dizer que Elisa poderia ter sido mais amável, menos cruel. Mas se tivesse sido mais amável, talvez ele não tivesse conseguido entender. Ela não quis correr o risco de isso acontecer.

E essa ideia trivial, circunstancial, um pouco tola,
conduziu-o, quem sabe como, a uma palavra desprezada, denegrida, mas que agora resplandecia brevemente ou ao menos brilhava um pouco, ou era menos opaca que de costume, ou era opaca e séria e de grandes proporções mas não o envergonhava: maturidade.