Deana Barroqueiro's Blog: Author's Central Page, page 50
November 25, 2013
Crianças em risco sinalizadas aumentaram 25% em 2012
Disparou o número de crianças e jovens em risco sinalizados pelos serviços de saúde
Actualmente, gabinetes do Instituto de Apoio à Criança seguem quase 10% do total dos alunos das escolas onde têm presença. Desestabilização das famílias, causada pelo agravar da crise, pode estar a levar ao aumento da violência e negligência.
Foram 6815 os casos de crianças e jovens em risco que mereceram a atenção dos serviços de saúde e que foram sinalizados às autoridades competentes em 2012, o que representa um crescimento de 25% em relação ao ano anterior, indicam os dados da Direcção-Geral da Saúde (DGS). A negligência continua a ser o motivo mais comum.
O relatório da Comissão de Acompanhamento da Acção de Saúde para Crianças e Jovens em Risco, que a DGS acaba de divulgar, considera que “esta tendência de crescimento poderá reflectir um efectivo número aumentado de situações que envolvem suspeita ou perpetração efectiva de maus tratos a crianças e jovens – fenómeno ao qual, sendo verdadeiro, não será alheio o contexto de crise global que as comunidades enfrentam nos últimos anos”. Porém, a comissão entende também que “tanto a maior sensibilização e capacidade de detecção de contextos e sinais de risco ou de perigo, por parte das equipas e dos serviços de saúde, como o desenvolvimento de formas mais concertadas de cooperação e de intervenção têm contribuído para este panorama, de uma forma assinalável”.
Desde 2008 até 2012 foram reportados um total de mais de 24 mil casos, o que dá uma média anual de quase cinco mil crianças ou jovens. No que diz respeito aos motivos que levaram os serviços de saúde a reportar os maus tratos, à semelhança dos anos anteriores, a negligência domina com 67%.
O número de casos identificados como “outros” teve também um crescimento significativo para 9% (em 2011 eram 3%). Os maus tratos psicológicos representaram 12% das queixas, os físicos 7% e os abusos sexuais 5% – percentagens em linha com os anos anteriores.
Acções dificultadas por razões financeiras
Quanto à forma como os casos foram tratados, os sinalizados a outras instituições representam 47% do total, o que “parece apontar para um aumento na capacidade própria de gestão dos casos por parte dos serviços de saúde onde se processa a sinalização”. Já dentro dos que foram encaminhados, 39% foram para as comissões de Protecção de Crianças e Jovens, 12% para o Ministério Público/Tribunais e 49% para as chamadas "instituições de primeira linha".
No relatório, a DGS assume que os constrangimentos financeiros tiveram alguns reflexos no trabalho das equipas e dificultaram algumas acções, mas diz acreditar que o Programa Nacional de Saúde Infantil e Juvenil, em vigor desde Junho de 2013, traz benefícios em termos de organização e uniformização das práticas nacionais.
O documento da DGS é conhecido um dia depois de ter sido divulgado um relatório da Unicef Portugal que revelava que pelo menos 500 mil crianças e jovens perderam o direito ao abono de família entre 2009 e 2012, e muitas outras viram o seu valor ser reduzido. Esta medida, juntamente com a política de austeridade, está a fazer aumentar a taxa de risco de pobreza entre as crianças portuguesas e o número de pedidos de ajuda registou um "aumento sem precedentes".
O trabalho foi feito a partir dos contributos de várias organizações não-governamentais, como a Associação para a Promoção da Segurança Infantil, a Caritas Portuguesa e a Confederação Nacional de Acção sobre Trabalho Infantil, e dizia que, em 2011, a taxa de pobreza entre crianças subiu para 28,6%, pelo que volvidos quase dois anos poderá estar ainda mais alta.
Por Romana Borja Santos, 16 de Novembro 2013
Published on November 25, 2013 04:49
November 23, 2013
Carta aberta de um professor ao primeiro-ministro: não farei qualquer exame retroactivo
Não temo como nunca temi qualquer forma de avaliação, mas não me sujeito ou humilho perante este cenário a que Vossa Excelência nos quer forçar.Manuel Maria Magalhães, no Público 22/11/2013
O meu nome é Manuel Maria de Magalhães e sou professor profissionalizado do grupo 410 (Filosofia), desde 2002. Desde então fui contratado por 13 escolas, em cinco distritos diferentes (Viana do Castelo, Braga, Porto, Guarda e Viseu). Em todas excedi sempre aquilo que me era pedido, como prova o reconhecimento, em alguns casos público e formal, que alunos, colegas, órgãos das escolas e encarregados de educação prestaram ao meu trabalho.
Em termos de formação contínua de professores desprezei sempre as acções de formação promovidas pelo ministério através das suas direcções regionais, que conjugam o verbo "encher" na perfeição, para procurar na academia a continuação dos meus estudos sob a forma de congressos ou mesmo na execução de duas pós-graduações nas áreas em que o meu grupo disciplinar se move. Em todas as escolas o meu trabalho foi avaliado, de acordo com o estipulado, tendo inclusivamente sido dos primeiros a submeter-se voluntariamente às "aulas assistidas". Em consequência das suas políticas educativas encontro-me no corrente ano desempregado e sem perspectivas de encontrar colocação nesta área, tal como dezenas de milhares de colegas meus, muitos deles com uma história profissional bem mais dura do que a minha e muitos mais anos de serviço. É neste quadro que Vossa Excelência, através do seu ministro da Educação, nos quer obrigar a fazer um exame para poder continuar a concorrer ao ensino. Era a humilhação que faltava e a maior de todas.
Ao enveredar por este caminho, Vossa Excelência está a descredibilizar todos os docentes com provas dadas nesta causa que é tomada como uma missão em prol do desenvolvimento do país. Está a descredibilizar as universidades que nos formaram e as escolas que nos avaliaram. Está a destruir a credibilidade do próprio ensino, através de uma avaliação retroactiva, sem fundamento, obscura nos seus contornos, pois até esta data pouco se sabe sobre o processo, que é mais próprio de regimes ditatoriais revolucionários do que de democracias maduras, onde todas as partes devem ser ouvidas.
Estou de acordo consigo num ponto: a Educação não está bem,apesar dos esforços de tantos, mas residirá apenas na classe docente a causa desse mal? Já reparou que todos os governos eleitos impuseram uma política de Educação diametralmente diferente dos anteriores? Já se deu conta que a Educação foi verdadeiramente uma área em que se "atirou dinheiro" para cima dos problemas na esperança que passassem? No ensino, como em muitas outras áreas, também existiu o privilégio do betão face à formação. Quantas escolas não têm psicólogos, sobretudo clínicos, que tanta falta fariam aos inúmeros casos dramáticos que assolam milhares de alunos? Que vínculos tem o Estado, através da Segurança Social, para ajudar a estabelecer pontes entre as famílias e a Escola? O que se (não) tem feito em termos de prevenção da indisciplina em ambiente escolar, seja na sala de aula ou fora dela? O que fez o Estado para promover a autoridade (não autoritarismo) do professor e do auxiliar de acção educativa que ainda é tratado, à maneira do Estado Novo, como um mero contínuo, desprezando o seu vital papel nas escolas? Construir ou renovar escolas não chega… Se quer introduzir alterações em atitudes e comportamentos dos docentes, este não é seguramente o melhor caminho. Se analisar a formação que o ministério nos disponibiliza, constatará que não tem, na maioria dos casos, qualquer interesse em termos pedagógicos. Já pensou em fomentar a ligação entre as universidades e as escolas neste sentido? Ao persistir neste caminho, Vossa Excelência encerra em si o pior modelo de docência: o do professor que obriga os alunos a uma avaliação para a qual não os preparou.
Não temo como nunca temi qualquer forma de avaliação, mas não me sujeito ou humilho perante este cenário a que Vossa Excelência nos quer forçar. Não farei qualquer exame retroactivo, imposto de forma ditatorial. Se o preço a pagar for a exclusão definitiva do ensino, assumo-o. Mais importante do que as palavras que proferimos é o exemplo que perdura. A dignidade não está à venda e não posso ser incoerente com tudo o que tenho passado aos alunos que o Estado me entregou. Ainda assim tenho a esperança que Vossa Excelência tenha a humildade (uma das maiores, se não a maior, virtude humana) de reconhecer o erro que esta medida encerra e procurar novas soluções.
Professor de Filosofia
Published on November 23, 2013 15:34
Diamantes são os melhores amigos dos governantes tiranos e corruptos
Diamantes de sangue são só os de uma zona de guerra ou também os de um Estado corrupto?Por Clara Barata Público, 22/11/2013 - 12:12
Mineiros que recorrem a técnicas artesanais
em busca de diamantes
Nem só as pedras preciosas que financiam guerras em África devem ser impedidas de chegar ao mercado. As que financiam governos corruptos também devem ser barradas, defendem várias ONG. O Processo de Kimberley permite que todos os diamantes sejam marcados para que se conheça a sua história, desde a origem até chegar ao anel no dedo de alguém. Nasceu há dez anos, para acabar com os “diamantes de sangue”, vendidos para financiar guerras em África – mas as organizações não-governamentais (ONG) reclamam a necessidade de alargar o conceito, porque também os Estados violam os direitos humanos. Mas com a China na presidência do Processo de Kimberley no ano que vem e Angola como vice, são poucas as possibilidades de mudança.
“A China compromete-se a manter a integridade do Processo de Kimberley, a manter a sua credibilidade e melhorar o seu nível de aplicação”, afirmou Wei Chuanzhong, actual vice-presidente da organização, numa declaração escrita à AFP, durante a reunião anual daquela entidade, que termina esta sexta-feira em Joanesburgo – a África do Sul assume este ano a presidência rotativa da organização.Este Processo, que permite que o percurso de todos os diamantes seja identificável, desde a origem até ao comprador final, foi lançado em 2003, na sequência da resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas 55/56, que aprovou as recomendações do Relatório Fowler, que detalhou em 2000 como a UNITA conseguia usar a exploração dos diamantes para financiar a sua guerrilha em Angola. No Processo Kimberley participam 80 países, produtores, transformadores e comerciantes de diamantes e ONG, com o objectivo de garantir que não entram no mercado de diamantes cuja comercialização permita financiar conflitos.
Mas a ONG Global Witness saiu do Processo de Kimberley em 2011, para denunciar a complacência que a organização tem relativamente ao Zimbabwe – um país que foi autorizado a voltar a vender os seus diamantes, após anos de interdição, por causa do regime de Robert Mugabe. Na “segunda semana de Dezembro”, os diamantes do Zimbabwe devem regressar à praça de Anvers, disse a delegação do Zimbabwe à AFP, após terem sido levantadas também as sanções a este comércio impostas pela União Europeia.
As minas de Mugabe
A Global Witness suspeita, no entanto, que o Presidente Robert Mugabe continua a financiar o seu partido, a ZANU-PF, através de lucros com a venda de diamantes – embora durante os anos de embargo das praças europeias tenha tido de recorrer a locais onde não conseguia obter preços tão altos, como o Dubai ou Bombaim, disse à Deutsche Welle Emily Armistead, desta ONG britânica. E em 2008 houve o caso das minas de Marange, onde 200 mineiros que trabalham com recurso a técnicas artesanais foram mortos a tiro por militares – relatado em 2011 por testemunhas à BBC, tanto mineiros como soldados.
Por ser tão polémico, o caso da reabertura dos mercados mundiais ao Zimbabwe que fez com que as ONG começassem a levantar mais a voz a exigir mudanças. As mais radicais afirmam que o Processo de Kimberley está a servir apenas para garantir uma respeitabilidade de fachada ao comércio de diamantes e para manter os preços destas pedras preciosas artificialmente altos, diz a AFP.
“Já é tempo de o Processo de Kimberley tornar obrigatório o controlo e a atribuição de licenças de exploração para as minas de diamantes, de oferecer uma segurança eficaz e passar licenças aos garimpeiros, que usam técnicas artesanais, onde tal for necessário”, afirmou Shamiso Mtisi, representante da sociedade civil no Processo de Kimberley em Joanesburgo, citado pelo Wall Street Journal. Criticou também o facto de a organização estar a certificar os diamantes do Zimbabwe, quando não há garantias sobre a transparência e o negócio das minas daquele país.
A situação dos que recorrem a técnicas artesanais (garimpo) é uma questão importante: 1,5 milhões de africanos ganham a vida desta forma, extraindo 16% dos diamantes que se vendem em todo o mundo – mas ganham cerca de um dólar por dia. “São extremamente pobres e vulneráveis a todo o tipo de predadores – militares, económicos”, afirmou, numa entrevista publicada recentemente no site Huffington Post, o canadiano Ian Smillie, especialista em "diamantes de sangue", autor de vários livros sobre o assunto, testemunha contra o ex-Presidente da Libéria Charles Taylor e um dos arquitectos do sistema do Processo de Kimberley.
Angola em 2015
Os contestatários do actual estado de coisas inquietam-se por ver a presidência entregue à China, um país que é um grande consumidor de matérias-primas e que promete concentrar-se sobretudo em aspectos técnicos, diz Alan Martin, da ONG canadiana Partnership Africa Canada. “Desta forma, nunca mais haverá mudanças”, afirmou à AFP.
Em 2015, será a vez de Angola assumir a presidência deste organismo – mas também a exploração de diamantes pelo Estado angolano não está livre de suspeitas. O jornalistas e activista Rafael Marques denuncia as ligações de figuras do regime e do exército angolano à Endiama, empresa nacional de diamantes, e vários abusos dos direitos humanos, cometidos nas Lundas, as regiões diamantíferas de Angola.
Mas não há de facto grande vontade de mudança ao nível dos governos. “Devemos reconhecer os limites e o papel do Processo de Kimberley. Foi criado com um objectivo preciso, mas não para acabar com os conflitos ou aos atentados contra os direitos do homem”, afirmou o embaixador sul-africano Welile Nhlapo.
Mineiros que recorrem a técnicas artesanais
em busca de diamantes
Nem só as pedras preciosas que financiam guerras em África devem ser impedidas de chegar ao mercado. As que financiam governos corruptos também devem ser barradas, defendem várias ONG. O Processo de Kimberley permite que todos os diamantes sejam marcados para que se conheça a sua história, desde a origem até chegar ao anel no dedo de alguém. Nasceu há dez anos, para acabar com os “diamantes de sangue”, vendidos para financiar guerras em África – mas as organizações não-governamentais (ONG) reclamam a necessidade de alargar o conceito, porque também os Estados violam os direitos humanos. Mas com a China na presidência do Processo de Kimberley no ano que vem e Angola como vice, são poucas as possibilidades de mudança.“A China compromete-se a manter a integridade do Processo de Kimberley, a manter a sua credibilidade e melhorar o seu nível de aplicação”, afirmou Wei Chuanzhong, actual vice-presidente da organização, numa declaração escrita à AFP, durante a reunião anual daquela entidade, que termina esta sexta-feira em Joanesburgo – a África do Sul assume este ano a presidência rotativa da organização.Este Processo, que permite que o percurso de todos os diamantes seja identificável, desde a origem até ao comprador final, foi lançado em 2003, na sequência da resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas 55/56, que aprovou as recomendações do Relatório Fowler, que detalhou em 2000 como a UNITA conseguia usar a exploração dos diamantes para financiar a sua guerrilha em Angola. No Processo Kimberley participam 80 países, produtores, transformadores e comerciantes de diamantes e ONG, com o objectivo de garantir que não entram no mercado de diamantes cuja comercialização permita financiar conflitos.
Mas a ONG Global Witness saiu do Processo de Kimberley em 2011, para denunciar a complacência que a organização tem relativamente ao Zimbabwe – um país que foi autorizado a voltar a vender os seus diamantes, após anos de interdição, por causa do regime de Robert Mugabe. Na “segunda semana de Dezembro”, os diamantes do Zimbabwe devem regressar à praça de Anvers, disse a delegação do Zimbabwe à AFP, após terem sido levantadas também as sanções a este comércio impostas pela União Europeia.
As minas de Mugabe
A Global Witness suspeita, no entanto, que o Presidente Robert Mugabe continua a financiar o seu partido, a ZANU-PF, através de lucros com a venda de diamantes – embora durante os anos de embargo das praças europeias tenha tido de recorrer a locais onde não conseguia obter preços tão altos, como o Dubai ou Bombaim, disse à Deutsche Welle Emily Armistead, desta ONG britânica. E em 2008 houve o caso das minas de Marange, onde 200 mineiros que trabalham com recurso a técnicas artesanais foram mortos a tiro por militares – relatado em 2011 por testemunhas à BBC, tanto mineiros como soldados.
Por ser tão polémico, o caso da reabertura dos mercados mundiais ao Zimbabwe que fez com que as ONG começassem a levantar mais a voz a exigir mudanças. As mais radicais afirmam que o Processo de Kimberley está a servir apenas para garantir uma respeitabilidade de fachada ao comércio de diamantes e para manter os preços destas pedras preciosas artificialmente altos, diz a AFP.
“Já é tempo de o Processo de Kimberley tornar obrigatório o controlo e a atribuição de licenças de exploração para as minas de diamantes, de oferecer uma segurança eficaz e passar licenças aos garimpeiros, que usam técnicas artesanais, onde tal for necessário”, afirmou Shamiso Mtisi, representante da sociedade civil no Processo de Kimberley em Joanesburgo, citado pelo Wall Street Journal. Criticou também o facto de a organização estar a certificar os diamantes do Zimbabwe, quando não há garantias sobre a transparência e o negócio das minas daquele país.
A situação dos que recorrem a técnicas artesanais (garimpo) é uma questão importante: 1,5 milhões de africanos ganham a vida desta forma, extraindo 16% dos diamantes que se vendem em todo o mundo – mas ganham cerca de um dólar por dia. “São extremamente pobres e vulneráveis a todo o tipo de predadores – militares, económicos”, afirmou, numa entrevista publicada recentemente no site Huffington Post, o canadiano Ian Smillie, especialista em "diamantes de sangue", autor de vários livros sobre o assunto, testemunha contra o ex-Presidente da Libéria Charles Taylor e um dos arquitectos do sistema do Processo de Kimberley.
Angola em 2015
Os contestatários do actual estado de coisas inquietam-se por ver a presidência entregue à China, um país que é um grande consumidor de matérias-primas e que promete concentrar-se sobretudo em aspectos técnicos, diz Alan Martin, da ONG canadiana Partnership Africa Canada. “Desta forma, nunca mais haverá mudanças”, afirmou à AFP.
Em 2015, será a vez de Angola assumir a presidência deste organismo – mas também a exploração de diamantes pelo Estado angolano não está livre de suspeitas. O jornalistas e activista Rafael Marques denuncia as ligações de figuras do regime e do exército angolano à Endiama, empresa nacional de diamantes, e vários abusos dos direitos humanos, cometidos nas Lundas, as regiões diamantíferas de Angola.
Mas não há de facto grande vontade de mudança ao nível dos governos. “Devemos reconhecer os limites e o papel do Processo de Kimberley. Foi criado com um objectivo preciso, mas não para acabar com os conflitos ou aos atentados contra os direitos do homem”, afirmou o embaixador sul-africano Welile Nhlapo.
Published on November 23, 2013 13:07
November 22, 2013
Sobre o encontro promovido por Mário Soares
No programa Quadratura do Círculo, da Sic Notícias de ontem, 21 de Novembro, debateu-se o encontro promovido por Mário Soares, "Em defesa da Constituição, da Democracia e do Estado social".
Pacheco Pereira, apesar de ser um histórico do PSD, tem vindo a tomar posições de defesa cerrada da população portuguesa sacrificada até ao limite por este Governo, incompetente, mentiroso e sem um vislumbre de solidariedade (palavras suas).
Neste vídeo, também Lobo Antunes (com quem raramente concordo) analisa, do ponto de vista do CDS-PP, a fraca intervenção e oposição do partido socialista, falho de ideias para uma alternativa que nos tire deste impasse.
Vale a pena ouvir a análise indignada mas objectiva de Pacheco Pereira, que se faz porta-voz da revolta ou do silêncio de milhões (não é um exagero) de portugueses.
Pacheco Pereira, apesar de ser um histórico do PSD, tem vindo a tomar posições de defesa cerrada da população portuguesa sacrificada até ao limite por este Governo, incompetente, mentiroso e sem um vislumbre de solidariedade (palavras suas).
Neste vídeo, também Lobo Antunes (com quem raramente concordo) analisa, do ponto de vista do CDS-PP, a fraca intervenção e oposição do partido socialista, falho de ideias para uma alternativa que nos tire deste impasse.
Vale a pena ouvir a análise indignada mas objectiva de Pacheco Pereira, que se faz porta-voz da revolta ou do silêncio de milhões (não é um exagero) de portugueses.
Published on November 22, 2013 04:42
November 21, 2013
NÃO É "DEFENDER" A CONSTITUIÇÃO, É "DEFENDER" O TRIBUNAL CONSTITUTCIONAL
José Pacheco Pereira, no Público Já que há por aí abundantes “pressões” para que o Tribunal Constitucional não aplique a Constituição, venho aqui “pressioná-lo” para que a aplique.Não é por razões jurídicas, nem de interpretação constitucional, para que não pretendo ter competência, mas por razões de política e democracia, que é a razão suprema pela qual temos uma Constituição e um Tribunal Constitucional. É pela Constituição escrita e pela não escrita, aquela que consiste no pacto que a identidade nacional e a democracia significam para os portugueses como comunidade. É por razões fundadoras da nossa democracia e de todas as democracias e não conheço mais ponderosas razões que essas, porque são os fundamentos do nosso contrato social e político que estão em causa, muito para além das causas daqueles que se revêem na parte programática da Constituição.
Eu revejo-me em coisas mais fundamentais, mais simples e directas, que também a Constituição protege e de que, por péssimas razões, hoje o Tribunal Constitucional é o último baluarte. O Tribunal Constitucional é hoje esse último baluarte, o que por si só já é um péssimo sinal do estado da democracia, porque todas as outras instituições que deviam personificar o “bom funcionamento” da nossa democracia ou não estão a funcionar, ou estão a funcionar contra. Refiro-me ao Presidente da República, ao Parlamento e ao Governo. E refiro-me de forma mais ampla ao sistema político-partidário que está no poder e em parte na oposição. Quando falha tudo, o Tribunal Constitucional é o último baluarte antes da desobediência civil e do resto. Se me faço entender.
Há várias coisas que num país democrático não se podem admitir. Uma é a teorização de uma “inevitabilidade” que pretende matar a discussão e impor uma unicidade na decisão democrática. Tudo que é importante nunca se pode discutir. A nossa elite política fala com um sinistro à-vontade da perda de soberania, do protectorado, da “transmissão automática” de poderes do Parlamento para Bruxelas, sem que haja qualquer sobressalto nacional, até porque são aspectos de uma agenda escondida que nunca se pretende legitimar democraticamente, mesmo que atinja os fundamentos do que é sermos portugueses. É um problema para Portugal como país e para a União Europeia enquanto criação colectiva em nome da paz na Europa e que está igualmente presa numa agenda escondida, a que deu a Constituição Europeia disfarçada de Tratado de Lisboa, o Pacto Orçamental para “pôr em ordem” os países do Sul, e a que permite a hegemonia alemã e das suas políticas nacionais transformadas em Diktat. Uma parte da perda de democracia e da soberania em Portugal, com a constituição de uma elite colaboracionista, vem do contágio de uma União Europeia cada vez menos democrática.
Em nome de um “estado de emergência financeira” que umas vezes é dramatizado quando convém e outras trivializado quando convém, seja para justificar impostos, cortes de salários e pensões, na versão “estado de sítio”; ou para deitar os foguetes com o 1640 da saída da troika e do “milagre económico”, na versão “já saímos do programa”, considera-se que nada vale, nem leis, nem direitos, nem justiça social.
A teorização da “inevitabilidade” tem relação com a chantagem sobre o que se pode discutir ou não. Que um ministro irresponsável resolva avançar com números dos juros pré-resgate, isso só se deve à completa falta de autoridade do primeiro-ministro, traduzida na impunidade dos membros do Governo. Mas, quando se considera que os portugueses não devem discutir seja o resgate eventual, seja o chamado “programa cautelar”, está-se no limite de uma outra e mais perigosa impunidade: a de que os “donos do país”, a elite do poder, os cognoscenti, mais os seus consiglieri no sentido mafioso do termo, na alta advocacia e consultadoria financeira, o sector bancário e financeiro, o FMI, o BCE, a Comissão Europeia, podem decidir o que quiserem sobre os próximos dez ou 20 anos da vida dos portugueses sem que estes sejam alguma vez consultados. Aliás, é mais do que evidente que a pressão sobre o PS para que valide a política do Governo e da troika, e que assuma compromissos de fundo com um “programa cautelar”, que pelos vistos antes existia, mas agora não existe, destina-se a tirar qualquer valor ao voto dos portugueses. A ideia é que votando-se seja em quem for, a não ser que houvesse uma maioria PCP-BE, a política seria sempre a mesma. Esta transformação das eleições e do voto em actos simbólicos de mudança de clientelas, sem efeito sobre as políticas, é o ideal para os nossos mandantes e para os nossos mandados, e é uma das suas mais perigosas consequências. (Continuar a ler em Abrupto:
http://abrupto.blogspot.pt/2013/11/nao-e-defender-constituicao-e-defender.html )
Published on November 21, 2013 17:58
November 20, 2013
Como os partidos manipulam os fóruns e redes sociais
Assusta-me viver num país em que, na política, se pode usar impunemente da calúnia, da trapaça, da manipulação criminosa da opinião e informação, para se chegar ao poder. Sem olhar a meios, sem vergonha, sem escrúpulos.E, como se de um grande feito se tratasse, gabam-se pública e despudoramente destes crimes, das conjuras anónimas ou de falsos perfis, que no fim lhes deram o prémio do "tacho" pelos serviços prestados. Impunemente, porque além de alguma indignação do cidadão honesto, nada lhes acontece.
As declarações de um certo Fernando Moreira de Sá, numa entrevista à Visão, mostram a baixeza e corrupção a que desceu a política no nosso país e a degradação moral de alguns dos nossos políticos ou das cliques partidárias. Basta ler os nomes indicados pelo entrevistado e ver-se-á como o crime compensa.
Tudo isto me parece um caso de polícia, de tribunais e sê-lo-ia decerto se estivéssemos num país verdadeiramente democrático e não nesta democracia-de-faz-de-conta, em que um povo inteiro dobra a cerviz a uma gentalha que o espezinha e o destrói, enriquecendo à custa da sua miséria e humilhação.
Para quem não leu a entrevista, pode fazê-lo aqui: https://docs.google.com/file/d/0B2K63qChWXqKUUZyMnhqREtKZmhBbkprLWZiNlViTjRLNHJn/view?sle=true
ou aqui: http://aventadores.files.wordpress.com/2013/11/visc3a3o_entrevista-fms.pdf
Published on November 20, 2013 17:58
November 19, 2013
A hipocrisia de João César das Neves
Na sua crónica, no DN de18-11-2013, denominada "Ano da Fé", o católico praticante João César das Neves afirma devotamente: "Não há felicidade maior do que saber que Deus, o Deus supremo, sublime, transcendente, que fez o céu e a terra, se entregou à morte para me salvar. A mim pessoalmente.". E a meio de um longo acto de contrição pelos seus pecados, acrescenta: "Eu, no medíocre quotidiano, continuo a mesma mesquinha criatura que sempre fui.". Bom, do mal o menos, pois João César das Neves reconhece a sua mesquinha natureza, porque sendo professor universitário e economista, não se pode desculpar com a ignorância, quando tece considerações como as que lhe temos ouvido nos media, sobre os pobres, os desempregados e pensionistas do seu país, de que cito alguns exemplos: O economista considera que baixar a idade da reforma seria "suicida”. João Cèsar das Neves defende que aumentar o salário mínimo "é estragar a vida aos pobres". "A taxa de desemprego das pessoas sem formação aumentou em Portugal nos últimos tempos. Subir o salário mínimo, ou seja, tornar mais caro esse trabalho, seria a pior maneira de ajudar essas pessoas", declarou João César das Neves em entrevista ao DN/TSF. O professor mostrou-se a favor do aumento da idade da reforma. "S
e as pessoas vivem mais tempo, em melhores condições, é estúpido baixar a idade da reforma, é suicida”,
explicou. O economista considera ainda que
"uma das piores coisas que está a acontecer em Portugal é haver uma data de gente a falar de pobres que não são pobres e que, em nome dos pobres, querem defender o seu".
"A maior parte dos pensionistas não são pobres e estão a fingir que são pobres. E dos verdadeiros pobres ninguém fala ou, quando fala, é para dar direitos a todos os outros”, acrescentou. Lamento que um católico tão fervoroso na sua crença, como é João César das Neves, não siga os ensinamentos do Cristo (que morreu por ele!) ou, nem sequer, nos nossos dias, o exemplo do Papa Francisco, e em vez de se solidarizar com a miséria da maioria dos seus concidadãos, antes os apode de fraudulentos, oportunistas e mentirosos.Contudo, tal como existem vigaristas em todas as categorias e estratos de qualquer sociedade do mundo, capazes de fingir que são pobres para terem proveitos indevidos, também neles pululam os hipócritas, os tartufos de barriga cheia e sem um pingo de consciência ou generosidade pelo sofrimento alheio.
"Vade retro", Satanás! - digo eu que não sou crente, mas porque me sinto indignada.
Published on November 19, 2013 08:31
November 16, 2013
Donos de Portugal
Donos de Portugal é um documentário de Jorge Costa sobre cem anos de poder económico. O filme retrata a proteção do Estado às famílias que dominaram a economia do país, as suas estratégias de conservação de poder e acumulação de riqueza.Mello, Champalimaud, Espírito Santo – as fortunas cruzam-se pelo casamento e integram-se na finança. Ameaçado pelo fim da ditadura, o seu poder reconstitui-se sob a democracia, a partir das privatizações e da promiscuidade com o poder político. Novos grupos económicos – Amorim, Sonae, Jerónimo Martins - afirmam-se sobre a mesma base.
No momento em que a crise desvenda todos os limites do modelo de desenvolvimento económico português, este filme apresenta os protagonistas e as grandes opções que nos trouxeram até aqui.
Produzido para a RTP 2 no âmbito do Instituto de História Contemporânea, o filme tem montagem de Edgar Feldman e locução de Fernando Alves.
A estreia televisiva teve lugar na RTP2 a 25 de Abril de 2012. Desde esse momento, o documentário está disponível na íntegra em donosdeportugal.net.
Donos de Portugal é baseado no livro homónimo de Jorge Costa, Cecília Honório, Luís Fazenda, Francisco Louçã e Fernando Rosas, editado em 2011 pela Afrontamento e com mais de 12 mil exemplares vendidos.
donosdeportugal.net
facebook.com/donosdeportugal
http://vimeo.com/40658606
Published on November 16, 2013 04:01
November 15, 2013
Don DeLillo. O contador da história americana
Por Maria João Lourenço A pretexto do filme de Zapruder, o escritor foi ao Nimas ler excertos de "Submundo" e falar de "Libra". Integra o júri da competição de curtas do Lisbon & Estoril Film Festival
"Tudo o que queria quando comecei a escrever era contar algo sobre o meu bairro e sobre as pessoas que conhecia." A frase de Don DeLillo, sintética e sentimental, diz bastante sobre o escritor. O bairro é o Bronx, onde nasceu há 76 anos (à beira de 77), filho de pais italianos. Nos seus romances (em número de 15, a caminho de 16), nas suas cinco peças de teatro, no recente livro de contos "O Anjo Esmeralda", o Bronx vive em toda a vitalidade das personagens e dos cenários. Mas o bairro de DeLillo é, numa leitura mais profunda, a América inteira e o mundo em que vivemos.
"Submundo", premiado com o American Book Award em 1987, surge como o grande romance americano que conta a história de um país dividido, habitado por todas as raças e povoado de contradições. O escritor põe na boca das suas personagens as hesitações e os medos comuns, a angústia do cidadão moderno diante da alta tecnologia, a ditadura dos "ismos". Frank Sinatra, J. Edgar Hoover, Lenny Bruce, entre outros, partilham o enredo com jogadores de basebol e peões da história. As pequenas figuras agigantam-se, pedem meças aos heróis: não calam a sua voz, falam a nossa linguagem e, como tal, exprimem muitas vezes sentimentos contraditórios. DeLillo escreve com os pés na terra ("o acto de escrever requer concentração intensa", explica) e para além das fronteiras do pensamento.
No cinema Nimas, o público abre alas e deixa passar Coetzee. Não é todos os dias que temos um Nobel da Literatura entre nós, oiço dizer a um crítico. Seguem-se Paul Auster e Siri Hustvedt, marido e mulher, escritores nossos conhecidos. Discreto, Don DeLillo vem atrás e entra sozinho na sala de cinema, quase igual à imagem que tenho dele. Uma diferença evidente? Usa óculos de aros redondos. Cabelo praticamente todo branco, porte elegante e enxuto, postura recatada. Quase jurava que a camisa azul-celeste é a mesma das fotografias. Não vai ser possível confirmar. Não há fotografias para ninguém, avisa o produtor Paulo Branco.
Nada de imagens, portanto. Antes de começar a ler, diante do púlpito, fala de improviso sobre o filme "Frame by Frame", de Abraham Zapruder, o alfaiate que captou com a sua câmara o momento em que Kennedy foi assassinado. Tem voz rouca, com inflexões suaves. "Os mais importantes 26 segundos de filme na história dos Estados Unidos." O filme é curto, os fotogramas são repetidos à exaustão. "Esticámos ao máximo o material que havia", refere DeLillo. No total, 486 fotogramas que se prolongam por mais de oito minutos. A montagem privilegia, entre outras, a repetição do fotograma 313, quando John F. Kennedy é atingido na cabeça pela frente, e que "mostra pedaços do cérebro e sangue".
O cansaço começa a traduzir-se na voz. O escritor aclara a garganta. Aquele velho rebuçado para a tosse no bolso podia ajudar, penso. A leitura chega ao fim, as imagens continuam a ser projectadas, no canto do ecrã recorta-se a sombra de DeLillo. Toca com o dedo na cana do nariz, uma vez. Kennedy tombou ene vezes. Às tantas, sinto a minha cabeça cair para trás, imitando sem querer o movimento feito pelo presidente dos Estados Unidos sob o impacto da última bala (deixemos as teorias para os estudiosos). DeLillo aproveita o silêncio e percorre a plateia com o olhar, atentamente.
"Foi um grande momento", dirá Paulo Branco no final. A sessão não acabou com o filme. Ao produtor juntou-se Paulo Faria, excelente tradutor das obras mais recentes. A conversa parte de "Submundo" e acaba" em "Libra", poderoso exercício de ficção sobre os acontecimentos que antecederam a morte de Kennedy, focado em Lee Harvey Oswald (LHO). "A dor e o luto, o mal-estar, os protestos..." marcaram os tempos que se seguiram. A paranóia, como não podia deixar de ser, é uma palavra-chave na escrita de DeLillo: "A paranóia alastrou a todo o país."
"Não fazia ideia de que ele vivia tão perto de mim", confessou DeLillo. Um dia deu-se conta de que tinham vivido separados por cinco ou seis quarteirões. "Eu via e ouvia as mesmas coisas que ele via e ouvia." Se calhar frequentaram o mesmo jardim zoológico, uma vez que gostavam ambos de passear por lá, efabula o escritor. Paulo Faria pergunta-lhe se teve alguma epifania. DeLillo rejeita a ideia. "Nos três anos que demorei a escrever o livro conservei uma fotografia do LHO sobre a secretária. Depois, em Agosto ou Setembro de 1987, a fotografia caiu." Toda a gente ri. "É uma história verdadeira", afirma.
O escritor olha para a sala, procura os olhares de quem foi até ali, mais do que ver um filme histórico, ouvir de viva voz um dos grandes escritores do nosso tempo. O grande autor americano, para muitos. Vê-se que está cansado, oiço dizer mesmo ao meu lado.
"Uma coisa sei", diz DeLillo, "estamos a chegar ao fim". No meu bairro, duas chinesas de meia-idade desafiam as primeiras horas da manhã e jogam badminton. Uma delas (a mais velha?) nunca tira a mão da cintura. Se Don DeLillo morasse ao pé de mim já estariam dentro de um romance dele, transformadas em personagens de ficção, aposto.
Published on November 15, 2013 09:59
Mentiras Políticas II
Campanhas ao negro por FERNANDA CÂNCIO Gaspar fazia reuniões em off com jornalistas para dizerem em conjunto mal do Executivo anterior e cantarem loas à austeridade. Passos foi eleito na campanha interna do partido graças a um punhado de bloggers "especializados em desinformação" coordenados por Relvas, que também orquestrou a das legislativas; não teve estado de graça porque mal ganhou compensou todos (menos um?) com sinecuras, destruindo "a rede".A primeira revelação é de André Macedo na sua coluna de ontem no DN, close-up de um ministro pintado pelos media como "um técnico puro" que afinal se desvendava em 2011, mal pegou ao serviço, como propagandista politiqueiro. A segunda efabulação é de um consultor de comunicação entrevistado pela Visão a propósito de uma alegada tese sobre "a importância da comunicação política digital na ascensão de Passos" e que assume a existência de campanhas negras contra o Governo Sócrates, com criação de "perfis falsos" no Facebook e no Twitter: "Se deixarmos uma informação sobre o caso Freeport num perfil falso e ele for sendo partilhado, daqui a pouco já estão pessoas reais a fazer daquilo uma coisa do outro mundo."
Estes dois vislumbres sobre a génese e a natureza do Governo Passos têm, até pela credibilidade muito distinta dos emissores, valores diferentes. Do que o André conta anota--se não que um político quis trazer a si os media - qual o espanto? -, mas que os jornalistas lhe saltaram para o colo, entusiasmadíssimos com as "ideias" da troika/Gaspar. Daquilo que o consultor de comunicação diz, entre infrene autopromoção, falsidades e absurdos (como garantir que em 2009 os blogues políticos tinham 30 mil visitas/dia e que a net foi fundamental para as vitórias), ressalta a ironia de certificar que os apoiantes do atual PM, incluindo "jornalistas no ativo" que, aliás, nomeia, fizeram tudo aquilo que imputavam furiosamente aos do Governo PS. Vai ao ponto de asseverar que a sua "equipa de voluntários" tomou como modelo de atuação o blogue Câmara Corporativa, que acusavam (emulando Pacheco Pereira, autor da teoria) de ser feito e pago a partir do gabinete de Sócrates, "usando informação privilegiada sobre pessoas": "Não éramos anjinhos, sabíamos bem ao que íamos", diz, gabando-se de que o seu "grupo" recebia "filet mignon informativo" do PSD de Passos através de "um mail fechado".
Mas a ironia não fica por aqui. Ao mesmo tempo que clama ter participado em campanhas ínvias e negras para manipular os media e a opinião pública, o entrevistado da Visão repete a acusação de que o gabinete do anterior PM fornecia "informação privilegiada sobre pessoas" ao tal blogue, sem que a revista exija dessa gravíssima alegação qualquer prova ou sequer exemplo. Às tantas, o tipo é mesmo, como pretende convencer (ou recordar?), muito bom no que faz. Ou temos de concluir que, como afiança, vivemos num "caldinho jeitoso para isto."
Diário de Notícias, 15 de Novembro, 2013
Published on November 15, 2013 09:25
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