Deana Barroqueiro's Blog: Author's Central Page, page 49
December 12, 2013
Adeus a Nadir Afonso
"Desistir? Podia levar pancada que ia continuar a pintar"Correu tudo mal. Nadir Afonso falhou na escola, na faculdade e na profissão. Mas trabalhou com Le Corbusier, Oscar Niemeyer e esteve na fervilhante Paris dos anos 40. Se esta é uma história de falhanços, é a melhor de sempre. Nadir Afonso em discurso directo sobre o que andou a fazer entre 1930 a 1960, para além da pintura. Essa está desde ontem no Museu do Chiado, Lisboa, com "Nadir Afonso, Sem Limites", uma retrospectiva dessas três aventurosas décadas.
Recorde a entrevista dada ao i no dia 23 de Junho de 2010:
Vai fazer 90 anos, ainda pinta?
Não faço outra vida. Pinto todos os dias ou vou olhando para os trabalhos antigos e faço uns retoques. Tenho grande paixão pela pintura e pela harmonia das formas. Neste momento é a única coisa da vida que me atrai. E a matemática.
[Laura Afonso, a mulher de Nadir, interrompe] Todos os dias ele vai para o ateliê escrever ou pintar. Digo na brincadeira que está no vício. Sei que se ele um dia, por motivos de saúde, tiver de parar, é o fim. Ele vive disto.
Lembra-se de quando começou a pintar?
Desde sempre. Aos quatro anos fiz das boas: pintei um círculo perfeito na parede lá de casa com um pincel. Já então era atraído pela beleza das formas. Aquilo emocionou-me.
Os seus pais, o que acharam disso?
A minha mãe veio ralhar: "Sujaste a parede toda." E eu respondi: "Como é que eu, com a minha idade, podia ter desenhado uma roda tão bem feitinha?" [risos] Ela pensou duas vezes e deixou passar.
De onde vem essa atracção?
Nunca me foi diagnosticado nada mas acho que sou hipersensível. Toda a gente tem alguma sensibilidade mas eu era--o de mais: era irascível, epiléptico, hipersensível e anormal. Toda a vida senti demasiado as coisas e sofri com isso.
Era bom aluno na escola?
Ui, era um cábula. Fui um anormalzinho nas disciplinas todas, não entendia nada, não memorizava nada. Nunca soube os reis de Portugal e essas coisas todas. [dramatiza] "Quem foi o primeiro rei de Portugal, Nadir? Foi o D. Afonso Henriques, nasceu na serra de Lugo, vive em Espanha e vai desaguar a Caminha." [risos]
Mas era bom a Geometria e Matemática.
Um craque! No resto sou um analfabeto. Não percebo nada de nada.
Sempre quis ser pintor. Mas foi para Arquitectura?
Arranjei problemas em todo o lado e esse foi mais um. Fiz um requerimento ao reitor para ir para Pintura nas Belas-Artes, no Porto. Escrevi uma carta como se fazia na altura, num papel especial, com aquela lengalenga toda. Nunca lá tinha ido e vi aqueles degraus, aquelas balaustradas e entrei por ali adentro todo encolhido. Chego à entrada e está lá um contínuo a dormir de braços cruzados num banco. Acordo-o e ele olha para o meu requerimento com um ar grave. Diz-me: "Então você quer ir para Pintura e tem o liceu? [na altura podia-se entrar nesse curso só com o 9.o ano] Vá mas é para Arquitectura, homem! Ganhe juízo que a pintura não alimenta um homem, vai matar-se à fome!" E foi o que eu fiz, cobardemente. Rasguei o requerimento e fiz logo ali outro. Fui para Arquitectura.
Correu muito mal?
Se correu. Eu não tinha temperamento para arquitecto. Repare: os arquitectos têm umas pranchetas na horizontal onde desenham, os pintores pintam na vertical. Então eu chego às aulas e começo a desenhar na vertical, com colegas e professores a acharem que era maluco.
O professor deixava?
Tivemos as nossas chatices. Mas o tipo, o professor Carlos Ramos, foi tão camarada que disse: "Eu reconheço que o senhor tem qualidades, mas está a fazer pintura, não pode ser." Então, como ele achava que eu fazia aquilo porque não tinha nem podia ter um estirador, ofereceu-me um. Eu, com este meu feitio, recusei, mas no dia seguinte qual foi o meu espanto quando cheguei a casa e tinha lá um estirador novinho em folha.
Começou a portar-se melhor?
Hoje reconheço que agi mal. Com 18 anos e cabeça quente, continuei a fazer pintura nas aulas. O professor baixou-me as notas – com razão, reconheço hoje. Vai daí eu chamo a minha empregada – chamava-se Bina, ainda me lembro – e pega dum lado, pega do outro, lá levámos o estirador de volta às Belas-Artes. Entrei por ali adentro a dizer disparates, todo exaltado, no dia em que foram afixadas as pautas: a faculdade cheia. "Para pintar até pinto em cima da cama!" Era um miúdo irascível.
Porque vai para Paris?
Porque era lá que queria ser pintor. Mas tinha de arranjar trabalho, de ter dinheiro para comer. Foi difícil. Estávamos nos anos 40, no pós-guerra, e tudo era racionado. Lembro-me de o meu pai enviar leite em pó pelo correio porque lá o leite era só para as mulheres e as crianças. Atravessei uma ponte inteira a butes com uma mala na mão e umas telas debaixo do braço.
Foi fácil arranjar passaporte?
Na altura era difícil sair mas arranjei um esquema. Fui para lá como organizador de uma exposição. Balelas. Uma vez lá, nunca mais me lembrei disso. O passaporte estava cheio de erros de ortografia, altura era "hauture" e não "taille", foi uma risada.
Vai para Paris para ser pintor, mas reincide na arquitectura.
Bati à porta do ateliê do Le Corbusier, que era o melhor arquitecto do mundo na altura. Tive sorte de eles terem gostado logo de mim e fiquei. Trabalhava de dia na arquitectura e à noite pintava. Era duro.
Jornal i - Por Luís Leal Miranda, em 11 Dez 2013
(Ver o resto da entrevista em: http://www.ionline.pt/artigos/mais/na...
Recorde a entrevista dada ao i no dia 23 de Junho de 2010:Vai fazer 90 anos, ainda pinta?
Não faço outra vida. Pinto todos os dias ou vou olhando para os trabalhos antigos e faço uns retoques. Tenho grande paixão pela pintura e pela harmonia das formas. Neste momento é a única coisa da vida que me atrai. E a matemática.
[Laura Afonso, a mulher de Nadir, interrompe] Todos os dias ele vai para o ateliê escrever ou pintar. Digo na brincadeira que está no vício. Sei que se ele um dia, por motivos de saúde, tiver de parar, é o fim. Ele vive disto.
Lembra-se de quando começou a pintar?
Desde sempre. Aos quatro anos fiz das boas: pintei um círculo perfeito na parede lá de casa com um pincel. Já então era atraído pela beleza das formas. Aquilo emocionou-me.
Os seus pais, o que acharam disso?
A minha mãe veio ralhar: "Sujaste a parede toda." E eu respondi: "Como é que eu, com a minha idade, podia ter desenhado uma roda tão bem feitinha?" [risos] Ela pensou duas vezes e deixou passar.
De onde vem essa atracção?
Nunca me foi diagnosticado nada mas acho que sou hipersensível. Toda a gente tem alguma sensibilidade mas eu era--o de mais: era irascível, epiléptico, hipersensível e anormal. Toda a vida senti demasiado as coisas e sofri com isso.
Era bom aluno na escola?
Ui, era um cábula. Fui um anormalzinho nas disciplinas todas, não entendia nada, não memorizava nada. Nunca soube os reis de Portugal e essas coisas todas. [dramatiza] "Quem foi o primeiro rei de Portugal, Nadir? Foi o D. Afonso Henriques, nasceu na serra de Lugo, vive em Espanha e vai desaguar a Caminha." [risos]
Mas era bom a Geometria e Matemática.
Um craque! No resto sou um analfabeto. Não percebo nada de nada.
Sempre quis ser pintor. Mas foi para Arquitectura?
Arranjei problemas em todo o lado e esse foi mais um. Fiz um requerimento ao reitor para ir para Pintura nas Belas-Artes, no Porto. Escrevi uma carta como se fazia na altura, num papel especial, com aquela lengalenga toda. Nunca lá tinha ido e vi aqueles degraus, aquelas balaustradas e entrei por ali adentro todo encolhido. Chego à entrada e está lá um contínuo a dormir de braços cruzados num banco. Acordo-o e ele olha para o meu requerimento com um ar grave. Diz-me: "Então você quer ir para Pintura e tem o liceu? [na altura podia-se entrar nesse curso só com o 9.o ano] Vá mas é para Arquitectura, homem! Ganhe juízo que a pintura não alimenta um homem, vai matar-se à fome!" E foi o que eu fiz, cobardemente. Rasguei o requerimento e fiz logo ali outro. Fui para Arquitectura.
Correu muito mal?
Se correu. Eu não tinha temperamento para arquitecto. Repare: os arquitectos têm umas pranchetas na horizontal onde desenham, os pintores pintam na vertical. Então eu chego às aulas e começo a desenhar na vertical, com colegas e professores a acharem que era maluco.
O professor deixava?
Tivemos as nossas chatices. Mas o tipo, o professor Carlos Ramos, foi tão camarada que disse: "Eu reconheço que o senhor tem qualidades, mas está a fazer pintura, não pode ser." Então, como ele achava que eu fazia aquilo porque não tinha nem podia ter um estirador, ofereceu-me um. Eu, com este meu feitio, recusei, mas no dia seguinte qual foi o meu espanto quando cheguei a casa e tinha lá um estirador novinho em folha.
Começou a portar-se melhor?
Hoje reconheço que agi mal. Com 18 anos e cabeça quente, continuei a fazer pintura nas aulas. O professor baixou-me as notas – com razão, reconheço hoje. Vai daí eu chamo a minha empregada – chamava-se Bina, ainda me lembro – e pega dum lado, pega do outro, lá levámos o estirador de volta às Belas-Artes. Entrei por ali adentro a dizer disparates, todo exaltado, no dia em que foram afixadas as pautas: a faculdade cheia. "Para pintar até pinto em cima da cama!" Era um miúdo irascível.
Porque vai para Paris?
Porque era lá que queria ser pintor. Mas tinha de arranjar trabalho, de ter dinheiro para comer. Foi difícil. Estávamos nos anos 40, no pós-guerra, e tudo era racionado. Lembro-me de o meu pai enviar leite em pó pelo correio porque lá o leite era só para as mulheres e as crianças. Atravessei uma ponte inteira a butes com uma mala na mão e umas telas debaixo do braço.
Foi fácil arranjar passaporte?
Na altura era difícil sair mas arranjei um esquema. Fui para lá como organizador de uma exposição. Balelas. Uma vez lá, nunca mais me lembrei disso. O passaporte estava cheio de erros de ortografia, altura era "hauture" e não "taille", foi uma risada.
Vai para Paris para ser pintor, mas reincide na arquitectura.
Bati à porta do ateliê do Le Corbusier, que era o melhor arquitecto do mundo na altura. Tive sorte de eles terem gostado logo de mim e fiquei. Trabalhava de dia na arquitectura e à noite pintava. Era duro.
Jornal i - Por Luís Leal Miranda, em 11 Dez 2013
(Ver o resto da entrevista em: http://www.ionline.pt/artigos/mais/na...
Published on December 12, 2013 05:45
Parabéns, Manuel de Oliveira!
Aos 105 anos, Manoel de Oliveira continua a querer filmar
Tem música, artes, exposições de jornais, revistas, caricaturas e até um bule de porcelana. Mas falta ainda o subsídio para novo filme na “prenda de anos” para o realizador
A celebração do 105.º aniversário de Manoel de Oliveira começou já no passado dia 6 de Dezembro, com a Casa da Música a dedicar-lhe um concerto da Orquestra Sinfónica do Porto com a 9.ª Sinfonia de Mahler, e que contou com a presença do primeiro-ministro Passos Coelho.Esta terça-feira, véspera do aniversário – que passa na quarta, dia 11 –, os festivais Douro Film Harvest e Shortcutz dedicam-lhe uma homenagem no Edifício Axa, na Baixa portuense, com uma instalação artística colectiva que representa o rosto do realizador criado por pins coloridos numa das salas do 1º piso – o programa incluía também a exibição dos filmes Douro, Faina Fluvial (1931), Famalicão (1940) e A Caça (1964).
No dia do aniversário, o próprio Manoel de Oliveira deverá marcar presença na inauguração da exposição de homenagem no Museu Nacional da Imprensa (MNI), também no Porto.
Com o título Manoel de Oliveira. 105 Revistas – e seguindo a mesmo lógica da exposição que lhe foi dedicada no centenário –, o MNI documenta a obra do realizador através de uma selecção de capas, artigos, notícias, entrevistas, fotografias e anúncios, de revistas como a Vértice, Seara Nova, Cinéfilo, Cineclube, L’Avant-Scène Cinéma e Cahiers du Cinéma, mas também de jornais como o PÚBLICO, Jornal de Letras, Jornal de Notícias, Diário de Notícias, Expresso ou o francês Libération.
Aí se pode fazer um percurso cronológico, que começa em Douro, Faina Fluvial (1931), a primeira-obra do realizador, que foi pateada aquando da sua estreia em Lisboa, mas que foi defendido por figuras como Adolfo Casais Monteiro e José Régio, em artigos nas revistas Movimento e Presença.
A viagem continua no anúncio de jornal a assinalar a estreia de Aniki-Bóbó, a 18 de Dezembro de 1942, em Lisboa. E vai pelo tempo adiante, em mais sete décadas de produção, que, até ao final dos anos 1970, foi irregular, e depois se tornou praticamente anual, até O Gebo e a Sombra, a sua última longa-metragem, estreada no ano passado.
A exposição do MNI, instalada no mezanino da sala principal do museu, termina com as capas que o PÚBLICO, o Diário de Notícias e o Jornal de Notícias dedicaram a Oliveira nos seus 90.º e 100.º aniversários.
“Em síntese – escreve Luís Humberto Marco, director do MNI, no texto de apresentação da mostra –, podemos dizer que a paixão do cinema de Manoel de Oliveira enobrece a imprensa; e que o seu génio ajuda a imprensa a ser mais singular e distinta”.
Em simultâneo com a exposição na sua sede no Freixo, junto ao rio Douro, o MNI promove uma segunda exposição, Manoel de Oliveira no humor mundial, que resulta do prémio especial de caricatura que o museu dedicou ao realizador no PortoCartoon deste ano.
Ainda nesta quarta-feira, Oliveira verá a fábrica da Vista Alegre homenageá-lo com a “edição” de um bule decorado com imagens de Aniki-Bóbó, numa peça desenhada pelo pintor Manuel Casimiro, filho do realizador.
Enquanto se vê alvo de todas estas homenagens, Manoel de Oliveira continua à espera de ver reunidas as condições para avançar com o projecto do seu novo filme, O Velho do Restelo, mas, como o realizador previu, em Novembro, quando foi alvo de uma homenagem na Biblioteca Almeida Garrett, “o aniversário de certeza que ainda vem antes” do subsídio.
Por Sérgio C. Andrade, no Público
Published on December 12, 2013 05:24
December 10, 2013
Acordo Ortográfico: Morto no Brasil, cadáver adiado em Portugal
Uma aberração de um Acordo Ortográfico, feito sem pés nem cabeça e que, por interesses de uns poucos, tem sido imposto a todo um povo, em particular aos cultores da Língua Portuguesa que o repudiaram desde o início; e que foi implantado nas escolas, tal como o inconcebível TLEBS - a Terminologia Linguística do Ensino Básico e Secundário (que os deuses lhes perdoem!) contra a vontade dos professores e com enorme prejuízo dos alunos.Para que fosse impossível, aos que se lhe opunham, travá-lo, os seus mentores apressaram-se a pô-lo em prática mesmo antes da data prevista, para que ficássemos perante um facto consumado, cujo recuo provocaria grandes prejuízos, nomeadamente às editoras que correram a fazer novos manuais com ele.
Angola repudiou-o desde sempre, o Brasil (a quem se quis fazer o serviço e o favor) matou-o pouco depois por malfeito e incompetente, só o Governo português, que não quer dar o braço a torcer reconhecendo a aberração, continua a teimar em impor-nos este cadáver adiado. Até quando?
Vale a pena ler este artigo do Público:
Acordo Ortográfico: dificuldades operacionais na Assembleia da RepúblicaPor Madalena Homem Cardoso 06/12/2013 - 20:47Sermos cultores da Língua Portuguesa, concedo, não é garantia de civilidade, mas é pelo menos motor de civilização. Por outro lado, "carrascos" do AO não seremos: esse jaz morto e já fede no Brasil."Estavam todas juntas, quatrocentas bruxas, à espera, à espera, à espera da Lua cheia..." António Quadros (pintor)
Abel Ba(p)tista perdeu o "p", deixando-se "operacionalizar" pelo conversor Lince, não há mal que lhe não venha. Mais consoante menos consoante, mais hífen menos hífen, poucos deputados, prezando-se do seu pragmatismo, se têm detido perante minudências. Quanto ao Acordo Ortográfico (AO), em 2008, Abel Batista absteve-se, a par de Paulo Portas, quando a bancada parlamentar do CDS foi a única a dar "liberdade de voto". A bancada do PCP acompanhou-os, aliás, embora em "obediência partidária", nessa que viria mais tarde a designar-se por "abstenção violenta". PS, PSD e BE impuseram "disciplina de voto" e votaram a favor, mas só de quatro votos contra reza a História.
São, porém, várias as dificuldades operacionais com que se depara o novo Presidente da Comissão de Educação, que veio substituir Ribeiro e Castro, após a demissão deste em ruptura com as orientações da liderança do partido, nesta que é a única Comissão Parlamentar cuja presidência está atribuída ao CDS. As restantes são presididas pelos dois partidos do "arco da governação", um arco sob o qual vamos passando como se de uma infinda e invernosa Noite de São João se tratasse, a versão tétrica de uma tradição bem mais antiga que este regime político pré-falido... As pessoas passam, Portugal fica; esta é uma regra de há muitos séculos que, para já, não admite excepções.
Voltando ao assunto, a mais grave dificuldade, especulo, ignorante de como "se operacionaliza em termos de" Assembleia da República (AR), será a da adequação à realidade.
Em época natalícia, Abel Batista, Novembro afora e Dezembro adentro, mantém-se num registo de Dia das Bruxas, daí a citação da "Ronda das Mafarricas", poema eternizado na voz de José Afonso.
Nada menos que macabra, a actuação de Batista nesta questão: finge acolher dois arautos anunciando a lenta putrefacção do defunto Acordo Ortográfico lá do outro lado do Atlântico, mas desenterra o cadáver do GTAAAO ("Grupo de Trabalho – Acompanhamento da Aplicação do AO"), "encerrado"/enterrado em Julho passado após sete penosos meses de um desfile de horrores, e põe todos a reunir barricados num cubículo esconso da AR, invocando "razões técnicas". Depois, mantém esse esqueleto no armário para que não se saiba de fonte segura, ou fonte brasileira, que o AO morreu mesmo, morreu em Terras de Vera Cruz. (Se esta síntese é obscura para os menos atentos à saga do AO na AR, esse filme de terror, adiante explico-a.). E a alma penada de um "acordês-mixordês" para-lamentar vai pairando na AR... Inércia institucional, dificuldade em dar o braço a torcer. Percebemos, mas as pessoas passam, Portugal fica.
Para revelar tais dificuldades, ninguém melhor que o próprio em discurso directo. A transcrição vale mais do que mil descrições. Antes, portanto, de referir a resposta dada ao interesse de um grupo de signatários da "Petição pela desvinculação de Portugal do AO" em assistir à audiência, transcrevo ipsis verbis, na íntegra, a alocução de boas-vindas proferida pelo novo Presidente da Comissão de Educação, Ciência e Cultura:
"Eu agradeço a presença e o facto de nos visitarem aos distintos professores Hernâni [Ernani] Pimentel e Pascoal [Pasquale] Cipro Neto, em representação do grupo técnico do Senado brasileiro, que vêm apresentar junto do Parlamento português a situação e o ponto de andamento relativamente às questões do Acordo Ortográfico, a quem, em nome do Parlamento português e da Comissão de Educação, e dos Negócios Estrangeiros, agradecemos.
Está presente, ou irá estar presente, convosco, na parte do trabalho mais operativo, representantes dos Grupos Parlamentares do Parlamento português, nesse trabalho, quer da Comissão de Educação, quer da Comissão dos Negócios Estrangeiros, que para o efeito vos acompanharão nesse trabalho. Dar-vos-ão com certeza conta da situação que está feita, em termos do trabalho que é feito no Parlamento e, portanto, aquilo que já está consensualizado em termos parlamentares, aquilo que está em termos de discussão sobre o Acordo Ortográfico e aquilo que é a posição, eventualmente, também, de cada um dos Grupos Parlamentares mas que, no final, o que interessará com certeza será a posição do Parlamento português. E essa será, com certeza, também transmitida.
O que operacionalizámos em termos de trabalho foi dar-vos as boas-vindas em termos da Comissão, para depois operacionalizar, mas evidentemente também a Comissão dá-vos a palavra para nos dar também a vossa... as vossas boas-vindas ou os vossos cumprimentos. Muito obrigado, senhores professores. Têm a palavra, para esse efeito, depois reunirão à parte numa sala ao lado." (sic)
Há que extrair o máximo de conclusões do mínimo de informação que nos chega. São estes dois minutos dos doze que saíram a público, os anteriores ao momento em que os dois senhores brasileiros foram reunir com os seis deputados do "encerrado" GTAAAO, à porta fechada, como se a Língua Portuguesa ou a vergonha a que a AR expôs o País nessa audiência fossem, qualquer delas, segredo de Estado. Não o são, não podem sê-lo, e é imperativo que pública e honestamente se conclua quão lesiva e vexatória foi a "caixa de Pandora" aberta pelas negociações do AO, esse precedente de puro desrespeito e mercantilização do património linguístico nacional.
Não houvesse lá a pretensão de manipular unilateralmente o Português, levando a "lógica" ilógica do AO ao limite, não estaríamos atentos à actividade de analfabetos (65%) no Brasil. Porém, as notícias do Senado brasileiro, permeável ao movimento "Acordar Melhor" de Ernani Pimentel, têm sempre estado ao alcance dos mais de 35 mil membros do nosso grupo "Em aCção contra o AO" no Facebook.
Enquanto Ernani se gabava de vir falar na AR, por cá ninguém sabia de nada. Nem mesmo Michael Seufert (deputado do CDS que foi membro do GTAAAO e foi também o Relator da nossa petição, tendo o seu magnífico relatório sido aprovado por unanimidade), quando lhe perguntei gracejando se a AR teria "contratado uma palestra" ao dono da Vestcon, império editorial brasileiro dedicado ao Ensino Profissional. (No separador "Palestras" do site "Acordar Melhor", onde se lia "contratar", lê-se agora "convidar".)
No portal da AR só surgiu notícia da audiência no dia 22, sexta-feira. Na segunda-feira (antevéspera), manifestei a Abel Batista a intenção de assistirmos, prevendo que as Comissões usassem a Sala do Senado da AR.
Tive, no mesmo dia, esta resposta indiciadora de dificuldades operacionais:
"Na sequência da comunicação (...), relativa à audiência que a Comissão (...) vai conceder aos coordenadores do Grupo de Trabalho Técnico do Senado (...) do Brasil, (...) dia 27 de novembro, cumpre-me informar que se trata de uma reunião de trabalho e abordagem entre grupos de trabalho de dois dos países subscritores, pelo que entende esta Comissão fazer a reunião com a presença de membros das delegações dos dois países. Esta Comissão analisará todas as opiniões e ouvirá todas as posições sobre o Acordo Ortográfico, mas entende que os debates sobre cada posição devem ser efetuado entre os “grupos de opinião” e os deputados. Acresce ainda informar que a audiência decorrerá na Sala 3 e que a mesma será gravada em registos áudio e vídeo, podendo as gravações ser consultadas nesse mesmo dia ou, não sendo possível, no dia seguinte." (sic)
Só graves dificuldades operacionais justificam que Abel Batista replicasse assim à solicitação claríssima de abrir esta audiência pública a um grupo, distorcendo-a, contrariando as disposições legais constantes do Regimento da AR, dissuadindo a assistência presencial sob compromisso escrito de efectuar e prontamente disponibilizar, quer uma gravação vídeo que não foi feita, quer uma gravação áudio que não foi tornada pública.
Mas sê-lo-á, nem que tenhamos de recorrer aos tribunais. A judicialização da actividade política vai-se banalizando.
Na véspera desta audiência, reuniu a Conferência de Líderes e o debate em plenário da nossa petição foi agendado para a manhã do próximo dia 20. Nesta reunião, Assunção Esteves, que pusera lá a hipótese de vedar as Galerias da AR ao público, anuiu à mera criminalização de certos comportamentos.
Iremos encher as Galerias da AR, na sexta-feira anterior ao Natal? Ou verá em nós a Presidente da AR, tal como Abel Batista, potenciais perturbadores? Em anacrónica e arrastada celebração dos Fiéis Defuntos, irão temer os "carrascos" do AO?
Afirmei, na audição de peticionários, que a AR tem estado de costas voltadas para os cidadãos e para o interesse nacional.
Sermos cultores da Língua Portuguesa, concedo, não é garantia de civilidade, mas é pelo menos motor de civilização. Por outro lado, "carrascos" do AO não seremos: esse jaz morto e já fede no Brasil; foi de viva voz testemunhado o óbito por quem logrou ser recebido.
Um cadáver não pode ser morto, nem a nudez pode ser desnudada, nada há a temer. Se o desfile de horrores da actividade do GTAAAO teve agora um clímax post-mortem, nunca ninguém ignorou que o reis ia nu.
Médica, escritora e activista cívica
Published on December 10, 2013 06:43
December 9, 2013
As carpideiras de Mandela
O corpo de Nelson Mandela não deve ter descanso, na celebração oficial das suas exéquias que, se pudesse ter voz, decerto detestaria e recusaria que fizessem dele o pretexto para terem visibilidade e "saírem bem na fotografia" muitos dos grandes actores da política mundial ou das cabeças coroadas, que lhe chamaram terrorista e permitiram que 27 dos melhores anos da sua vida lhe fossem roubados, por ter defendido o seu povo contra o apartheid, o mais abjecto sistema racista.As lágrimas de crocodilo, os rostos maquilhados de tristeza, as palavras de louvor e saudade, tão falsas quanto vãs, destas "carpideiras" enviadas pelas nações que o tiveram em listas de terroristas (Estados Unidos), que exigiam em cartazes que fosse enforcado (Inglaterra) ou votaram contra a sua libertação (muitos outros)., e também na própria África do Sul como o bispo Desmond Tutu.
Por vezes é difícil, para quem tem vida longa e memória dela, assistir sem revolta a estes espectáculos circenses de maus actores em encenações grandiosas.
Portugal ficou-se pelas meias-tintas, na votação das resoluções da ONU. Segundo a notícia do Expresso, Em 1987, era primeiro-ministro Cavaco Silva, Portugal votou contra uma resolução das Nações Unidas que pedia a libertação de Nelson Mandela, defendendo o recurso à luta armada, e logo a seguir deu o seu voto favorável a outra proposta que também exigia a liberdade do líder sul-africano, mas sem menção a violência.No total, contaram-se oito resoluções que a 20 de novembro de 1987 foram a votação na Assembleia Geral das Nações Unidas contra a política de apartheid na África do Sul.O representante português, Ramalho Ortigão, votou contra a resolução A, que pedia a libertação de Mandela depois de um considerando em que se defendia a luta armada e fez uma declaração de voto explicando as suas reservas.No mesmo dia, quando da votação da resolução G, a representação portuguesa votou a favor. Um dos seus pontos pedia a "libertação imediata e incondicional de Nelson Mandela a todos os outros prisioneiros políticos", sem outros considerandos.A aparente contradição é justificada pela declaração de voto apresentada por Portugal em que se pode ler que "a delegação portuguesa (...) reafirma a sua forte objeção e oposição a esta aberrante sociedade baseada no racismo institucionalizado e desigualdade racial", embora lamentando não poder apoiar toda a resolução.Ler mais: http://expresso.sapo.pt/portugal-votou-a-favor-e-contra-nelson-mandela=f844893#ixzz2n4Cfkwd0
“ENFORQUEM NELSON MANDELA”
Por Mario Magalhães (Via blog do Andre Lux )
“Perdão pelo azedume, em meio aos festejos pelo grupo café-com-leite do Brasil na Copa, a preocupação com o possível oponente duro nas oitavas-de-final e o lamento por Nelson Mandela.
Não deveria, mas ainda me assombro com tanta hipocrisia, como agora, com a morte do velho líder negro sul-africano.
Muitas das bocas que hoje tecem loas à memória do velho combatente são herdeiras históricas daquelas que, com a CIA e numerosos governos alegadamente “democráticos”, no passado nem tão distante, avacalhavam Mandela como subversivo e terrorista.
Nessa época, Mandela era chamado de “terrorista”.
Margaret Thatcher e seus discípulos ainda são celebrados como “a luz que livrou o Reino Unido das trevas”. Se dependesse de alguns thatcheristas, Mandela não teria nem saído vivo da cadeia. É o que lembrei meses atrás, no comecinho do blog.
Em homenagem a Nelson Mandela, reproduzo abaixo o post, documentado com o cartaz. Nem todas as lágrimas na despedida são sinceras.
“ENFORQUEM NELSON MANDELA E TODOS OS TERRORISTAS DO CONGRESSO NACIONAL AFRICANO [ANC, nas iniciais em inglês]. ELES SÃO AÇOUGUEIROS.”
O CNA [ANC] era a organização política antiapartheid à qual Mandela pertencia.
O cartaz acima foi distribuído no Reino Unido no início da década de 1980, quando o líder negro sul-africano ainda amargava a prisão iniciada em 1962. A imprensa o atribuiu à “Federação dos Estudantes Conservadores”, vinculada ao “Partido Conservador” e, sobretudo, à primeira-ministra da época, Margaret Thatcher (1925-2013).
A senhora Thatcher também chamou Mandela de “terrorista”.
Mandela não foi enforcado e conquistou a liberdade em 1990. De 1994 a 99, presidiu a África do Sul, consagrando o fim do regime de segregação racial, a despeito da enorme desigualdade social que ainda persiste. Recebeu o Prêmio Nobel da Paz.
No momento em que Mandela falece aos 94 anos, não custa lembrar que, se dependesse de alguns estudantes britânicos ditos civilizados, ele estaria morto há muito tempo.”
Published on December 09, 2013 18:28
December 7, 2013
Sr. Ministro da Educação, leia o relatório da OCDE!
Sr. Ministro da Educação:
Escrevo-lhe esta carta aberta, que sei que não lerá, mas que me permite expressar a minha indignação e revolta, aliviando um pouco esta sensação de impossibilidade de conseguir mudar algo no desgoverno desta maioria política que foi eleita graças a um programa que apresentou, mas rasgou mal assumiu a governação do país. Sei no entanto que estou a dar voz a milhares de indignados que os senhores se recusam a ouvir e, ainda menos, a atender.
Sr. Ministro Nuno Crato, os seus programas, decisões e medidas para poupar dinheiro a qualquer custo, vão fazer regredir o progresso que houve na Educação, nestes últimos anos. Faço-lhe um apelo a que se lembre dos princípios que defendia, quando estava fora da da esfera do Poder, fazendo uma cerrada oposição a tudo o que pudesse contribuir para o facilitismo e deterioração da qualidade da Escola Pública.
Impedir a abertura de um número racional mas necessário de turmas nas escolas, com o único fito de despedir professores, acumulando ou mesmo atafulhando milhares de alunos num número reduzido de escolas, às trintenas por turma, sem apoios nem possibilidade de terem um ensino individualizado, provocará a médio prazo uma regressão nos progressos que a Educação na Escola Pública estava a conseguir em Portugal, uma realidade que o relatório da OCDE vem comprovar.
Recorde-se que neste ano lectivo, já depois dos testes do PISA 2012, entrou em vigor um novo programa de Matemática para o ensino básico. E que está em curso uma revisão para o secundário. (Nota do artigo).
Mas se os programas anteriores estavam a obter cada vez melhores resultados tanto nos bons alunos como nos piores, porquê mudá-los, acrescento eu?).
No entanto, o Sr. Ministro, com o aval do Sr. Primeiro Ministro Passos Coelho, permite às escolas do ensino privado, aquilo que não autoriza no público, com uma política de desvalorização da Educação que devia defender, se tivesse algum sentido de Estado. Tem-se empenhado, pelo contrário, na defesa dos interesses privados, tirando recursos e apoios às escolas públicas (como acabar com as aulas de substituição e planos de recuperação ou matar o ensino para alunos com necessidades educativas especiais), para os entregar de mão-beijada aos particulares, subsidiando-os com dinheiros dos contribuintes, com os seus cheques-ensino ou permitindo a abertura de maior número de turmas com metade dos alunos, em colégios construídos por vezes mesmo ao lado das públicas remodelas e com óptimos recursos humanos e técnicos, que pretende esvaziar para as encerrar, com a obsessão de poupança de agiota míope (ou pior ainda, na defesa de um elitismo que só o dinheiro pode proporcionar). Imperdoável Sr. Ministro, a História há-de julgá-lo.
Do relatório da OCDE e dos progressos da nossa Educação não fez festa, porque não lhe convém, já que a cassete que repete é a do mau ensino público e da má qualidade dos professores, para ter um pretexto para os aniquilar. Quem o ouviu antes de subir à cadeira do poder e quem o ouve hoje bem confortável e arrogante nela, só pode pensar "bem prega frei Tomás...". Infelizmente serão as próximas gerações e o país a pagarem o descalabro, se ninguém o impedir de continuar e desmanchar o mal que já causou. Para os meus amigos e leitores tomarem conhecimento desta verdade, aqui deixo o relatório, isento, da OCDE, que compara o ensino em vários países em 11 anos de continuada observação, considerando Portugal como aquele que conseguiu mais progressos e melhor realização.
Alunos portugueses mostram como em pouco tempo é possível melhorar, diz OCDE
Relatório PISA 2012 sobre Matemática, Leitura e Ciências refere que Portugal é um dos exemplos de evolução positiva. Resultados melhoram sobretudo a Matemática.
De três em três anos a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) repete o exercício. E avalia o estado da literacia dos alunos de 15 anos, em três áreas-chave. Os últimos resultados trazem boas notícias para Portugal. O país está a conseguir melhorar os seus resultados a Matemática — à média de 2,5 pontos ao ano. E desde 2009 subiu três posições no ranking da organização, aproximando-se da média internacional. Mais do que uma comparação entre o que se passou em 2009 e 2012, a OCDE analisa a evolução dos conhecimentos e competências dos alunos de 15 anos ao longo de cerca de uma década. Em 2003, lê-se num relatório divulgado nesta terça-feira, Portugal estava, no que à Matemática diz respeito, abaixo do Luxemburgo, dos Estados Unidos, da República Checa, da França, da Suécia, da Hungria, da Espanha, da Islândia ou da Noruega. Em 2012, “o país alcançou-os”.
A OCDE sublinha ainda que Portugal é um dos que conseguiram, simultaneamente, duas coisas: reduzir o universo dos alunos que se saem muito mal neste tipo de testes de literacia e aumentar o número dos jovens que se destacam muito pelo positiva (os chamados “top performers”). Isto aconteceu tanto na Matemática, como nas Ciências.
Estas são apenas as primeiras conclusões do PISA 2012, um estudo internacional que é repetido de três em três anos. As suas dimensões são, no mínimo, raras: participaram, desta vez, 34 países da OCDE, mais 31 países e zonas económicas que não fazem parte da organização. No total, foram avaliados 510 mil alunos dos 28 milhões de jovens de 15 anos que frequentam as escolas do universo analisado. Só em Portugal participaram 5700. Todos fizeram os testes em 2012 — provas com perguntas de escolha múltipla e outras que pediam respostas desenvolvidas. Em cada escola que entrou no estudo os alunos foram escolhidos aleatoriamente. O objectivo essencial do PISA é este: avaliar a forma como os alunos de 15 anos aplicam conhecimentos e competências de Matemática, Leitura e Ciências quando identificam, interpretam e resolvem problemas que os colocam perante situações da “vida real”.
O relatório que tem como título “O que é que os estudantes sabem e podem fazer: desempenho dos alunos a Matemática, Leitura e Ciências” mostra o seguinte: tal como aconteceu na Matemática, também no que diz respeito às competências de Leitura, os alunos portugueses melhoraram — e a OCDE destaca igualmente esse facto logo na introdução do primeiro de seis volumes que aprofundam os resultados. Mesmo nas Ciências a evolução anual tem sido positiva — ainda que tenha abrandado de 2009 para cá.
Crescimento anual
Um olhar para as posições de Portugal nos rankings das três áreas-chave (ver gráficos) mostra o seguinte: desde a última avaliação que tinha sido feita, em 2009, a pontuação média obtida por Portugal na Matemática manteve-se (487 pontos tanto em 2009 como em 2012); na Leitura baixou de 489 pontos, em 2009, para 488, em 2012; e nas Ciências passou de 493 para 489 pontos.
A que se deve, então, tanto destaque para o caso português? A OCDE põe o foco noutro indicador, que não o da mera comparação das pontuações obtidas em 2009 e em 2012: trata-se da “evolução anualizada”. Basicamente, a organzação tem em conta os resultados dos alunos em todas as levas de testes feitos desde que os países participam no PISA, calculando a evolução ano a ano de cada país. “É uma medida mais robusta do progresso do país/região económica”, do que a comparação dos resultados obtidos nos testes a cada três anos, lê-se no relatório.
É com base neste cálculo da evolução anual que a OCDE diz que há um grupo de países onde os alunos melhoraram a Matemática, desde 2003, mais de 2,5 pontos ao ano (o que aconteceu também na Itália e na Polónia).
Em 25 países não houve mudanças e em 14 os alunos estão a piorar. Na Leitura e nas Ciências, Portugal melhorou cerca de dois pontos por ano em média — desde 2000, no primeiro caso, e desde 2006, no segundo.
Como escolher um carro?
Cada PISA aprofunda uma área de conhecimento e competências. Os testes do PISA 2012 avaliaram sobretudo a Matemática, o que já tinha acontecido em 2003. Uma oportunidade, segundo a OCDE, para fazer comparações sobre o que mudou e de analisar a evolução “no contexto das políticas adoptadas e de outros factores”.
Xangai, na China, tem a pontuação mais alta nos testes de Matemática: 613 pontos. Já no ranking dos melhores resultados da OCDE, o primeiro lugar pertence à Coreia (554 pontos), o segundo ao Japão (536) e o terceiro à Suíça (531). Portugal está em 23.º, com 487 pontos, e aproximou-se da média da OCDE (fica a sete pontos desta quando, em 2009, estava a nove).
À primeira vista, os dados podem surpreender. Afinal, as notas dos exames nacionais feitos em Portugal não têm sido famosas: a média no exame de Matemática do 9.º ano baixou de 57%, em 2009, para 43%, em 2011. Um resultado que se repetiu este ano. Nos exames do secundário (feitos por alunos com mais de 15 anos) a média do exame de Matemática também caiu de 10 valores, em 2009, para 8,2 valores, em 2013.
Mas o que os exames nacionais testam e o que os testes PISA avaliam são coisas diferentes. A OCDE está mais interessada em saber qual a capacidade dos jovens empregarem a Matemática na “vida real”, por exemplo, extrapolando o que sabem para resolver problemas mais ou menos familiares. Um dos exercícios tipo dos teste PISA é este: para diferentes modelos de carros em 2.ª mão são fornecidos dados como o número de quilómetros, a capacidade do motor, o preço, etc e o aluno deve escolher o modelo que se adeque a uma lista de critérios previamente fixados. A OCDE procura ainda avaliar como utilizam os alunos “instrumentos” ligados à Matemática que são essenciais “nos locais de trabalho do século XXI”, tais como um conversor online de moedas, uma folha de cálculo, uma calculadora, ou um software de cálculo matemático.
Agrupamentos e reforma curricular
Os países da OCDE investem cerca de 230 mil milhões de dólares por ano para melhorar a educação da Matemática nas escolas. “É um grande investimento, mas o retorno é muitas vezes maior”, lê-se no relatório.
Outros estudo recente da OCDE (Survey of Adult Skills, 2013), cita no PISA, mostra que “fracas competências a Matemática limitam de forma grave o acesso dos indivíduos a trabalhos mais bem remunerados” e que pessoas com mais competências nesta área tendem a sentir-se mais capazes de participar politicamente e confiam mais naqueles que as rodeiam.
Os resultados do PISA “mostram que uma surpreendentemente pequena proporção da variação de desempenho entre os países é explicada pela riqueza das nações (21% entre todos os países e economias, 12% entre os países da OCDE)” e que a despesa por aluno só explica “30% das diferenças entre todos os países e economias e 17% entre os países da OCDE” o que, lê-se no relatório, “sugere que o mundo não está mais dividido em países ricos e bem educados, e os pobres e mal educados”.
A OCDE analisa várias reformas políticas introduzidas em países que melhoraram os seus resultados. Políticas que podem ter feito a diferença. No que diz respeito a Portugal, especificamente, destaca-se a reorganização da rede escolar, através do agrupamento de escolas — esta medida, diz a OCDE, “facilita a colaboração entre escolas e a economia de escala”.
A OCDE nota ainda que, em Portugal, como também aconteceu no Japão, se assistiu a uma reforma curricular que “melhora a atitude dos alunos” em relação “à escola, em geral, e à Matemática, em particular” uma vez que, com as mudanças, as matérias ficaram mais “alinhadas com os interesses dos estudantes no século XXI”.
Recorde-se que neste ano lectivo, já depois dos testes do PISA 2012, entrou em vigor um novo programa de Matemática para o ensino básico. E que está em curso uma revisão para o secundário.
Menos desigualdade
A OCDE sublinha, no entanto, que nem todos os países estão em pé de igualdade — e que isso deve ser tido em conta na hora de analisar os rankings. Por exemplo: em Portugal, no Chile, na Hungria e em Espanha mais de 20% dos alunos avaliados pertencem a grupos socioeconómicos mais desfavorecidos. Na Turquia são 69%. Qualquer um destes países, lê-se no relatório, “enfrenta desafios maiores do que, por exemplo, a Islândia, a Noruega, a Finlândia e a Dinamarca, onde menos de 5% dos alunos são desfavorecidos”.
Mesmo assim, como já se disse, Portugal conseguiu reduzir o hiato entre os alunos que pior se saem nos testes (ou seja, dos que estão abaixo do nível 2 numa escala que vai até seis) e os que melhor se saem (nível 5 e 6). Em 2003, 30% dos alunos de 15 anos estavam nos patamares mais baixos de literacia matemática; em 2012, a percentagem foi de 24,9% (uma descida de 5,2 pontos percentuais).
Ao mesmo tempo, 10,6% dos alunos conseguiram ficar no nível 5 ou mais, contra apenas 5,4% em 2003 (uma vez mais, 5,2 pontos percentuais de diferença). Esta evolução teve lugar, sobretudo, no período compreendido entre 2006 e 2009, sublinha o relatório.
Em média, na OCDE, 13% dos alunos estão no nível 5 e 6. A Coreia é o país com mais “top performers” – 30,9%. Fora da OCDE, Xangai destaca-se com 55,4% dos alunos a conseguir obter os resultados máximos nos testes.
Andreia Sanches Público, 03/12/2013
Escrevo-lhe esta carta aberta, que sei que não lerá, mas que me permite expressar a minha indignação e revolta, aliviando um pouco esta sensação de impossibilidade de conseguir mudar algo no desgoverno desta maioria política que foi eleita graças a um programa que apresentou, mas rasgou mal assumiu a governação do país. Sei no entanto que estou a dar voz a milhares de indignados que os senhores se recusam a ouvir e, ainda menos, a atender.
Sr. Ministro Nuno Crato, os seus programas, decisões e medidas para poupar dinheiro a qualquer custo, vão fazer regredir o progresso que houve na Educação, nestes últimos anos. Faço-lhe um apelo a que se lembre dos princípios que defendia, quando estava fora da da esfera do Poder, fazendo uma cerrada oposição a tudo o que pudesse contribuir para o facilitismo e deterioração da qualidade da Escola Pública.
Impedir a abertura de um número racional mas necessário de turmas nas escolas, com o único fito de despedir professores, acumulando ou mesmo atafulhando milhares de alunos num número reduzido de escolas, às trintenas por turma, sem apoios nem possibilidade de terem um ensino individualizado, provocará a médio prazo uma regressão nos progressos que a Educação na Escola Pública estava a conseguir em Portugal, uma realidade que o relatório da OCDE vem comprovar.
Recorde-se que neste ano lectivo, já depois dos testes do PISA 2012, entrou em vigor um novo programa de Matemática para o ensino básico. E que está em curso uma revisão para o secundário. (Nota do artigo).
Mas se os programas anteriores estavam a obter cada vez melhores resultados tanto nos bons alunos como nos piores, porquê mudá-los, acrescento eu?).
No entanto, o Sr. Ministro, com o aval do Sr. Primeiro Ministro Passos Coelho, permite às escolas do ensino privado, aquilo que não autoriza no público, com uma política de desvalorização da Educação que devia defender, se tivesse algum sentido de Estado. Tem-se empenhado, pelo contrário, na defesa dos interesses privados, tirando recursos e apoios às escolas públicas (como acabar com as aulas de substituição e planos de recuperação ou matar o ensino para alunos com necessidades educativas especiais), para os entregar de mão-beijada aos particulares, subsidiando-os com dinheiros dos contribuintes, com os seus cheques-ensino ou permitindo a abertura de maior número de turmas com metade dos alunos, em colégios construídos por vezes mesmo ao lado das públicas remodelas e com óptimos recursos humanos e técnicos, que pretende esvaziar para as encerrar, com a obsessão de poupança de agiota míope (ou pior ainda, na defesa de um elitismo que só o dinheiro pode proporcionar). Imperdoável Sr. Ministro, a História há-de julgá-lo.
Do relatório da OCDE e dos progressos da nossa Educação não fez festa, porque não lhe convém, já que a cassete que repete é a do mau ensino público e da má qualidade dos professores, para ter um pretexto para os aniquilar. Quem o ouviu antes de subir à cadeira do poder e quem o ouve hoje bem confortável e arrogante nela, só pode pensar "bem prega frei Tomás...". Infelizmente serão as próximas gerações e o país a pagarem o descalabro, se ninguém o impedir de continuar e desmanchar o mal que já causou. Para os meus amigos e leitores tomarem conhecimento desta verdade, aqui deixo o relatório, isento, da OCDE, que compara o ensino em vários países em 11 anos de continuada observação, considerando Portugal como aquele que conseguiu mais progressos e melhor realização.
Alunos portugueses mostram como em pouco tempo é possível melhorar, diz OCDE
Relatório PISA 2012 sobre Matemática, Leitura e Ciências refere que Portugal é um dos exemplos de evolução positiva. Resultados melhoram sobretudo a Matemática. De três em três anos a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) repete o exercício. E avalia o estado da literacia dos alunos de 15 anos, em três áreas-chave. Os últimos resultados trazem boas notícias para Portugal. O país está a conseguir melhorar os seus resultados a Matemática — à média de 2,5 pontos ao ano. E desde 2009 subiu três posições no ranking da organização, aproximando-se da média internacional. Mais do que uma comparação entre o que se passou em 2009 e 2012, a OCDE analisa a evolução dos conhecimentos e competências dos alunos de 15 anos ao longo de cerca de uma década. Em 2003, lê-se num relatório divulgado nesta terça-feira, Portugal estava, no que à Matemática diz respeito, abaixo do Luxemburgo, dos Estados Unidos, da República Checa, da França, da Suécia, da Hungria, da Espanha, da Islândia ou da Noruega. Em 2012, “o país alcançou-os”.
A OCDE sublinha ainda que Portugal é um dos que conseguiram, simultaneamente, duas coisas: reduzir o universo dos alunos que se saem muito mal neste tipo de testes de literacia e aumentar o número dos jovens que se destacam muito pelo positiva (os chamados “top performers”). Isto aconteceu tanto na Matemática, como nas Ciências.
Estas são apenas as primeiras conclusões do PISA 2012, um estudo internacional que é repetido de três em três anos. As suas dimensões são, no mínimo, raras: participaram, desta vez, 34 países da OCDE, mais 31 países e zonas económicas que não fazem parte da organização. No total, foram avaliados 510 mil alunos dos 28 milhões de jovens de 15 anos que frequentam as escolas do universo analisado. Só em Portugal participaram 5700. Todos fizeram os testes em 2012 — provas com perguntas de escolha múltipla e outras que pediam respostas desenvolvidas. Em cada escola que entrou no estudo os alunos foram escolhidos aleatoriamente. O objectivo essencial do PISA é este: avaliar a forma como os alunos de 15 anos aplicam conhecimentos e competências de Matemática, Leitura e Ciências quando identificam, interpretam e resolvem problemas que os colocam perante situações da “vida real”.
O relatório que tem como título “O que é que os estudantes sabem e podem fazer: desempenho dos alunos a Matemática, Leitura e Ciências” mostra o seguinte: tal como aconteceu na Matemática, também no que diz respeito às competências de Leitura, os alunos portugueses melhoraram — e a OCDE destaca igualmente esse facto logo na introdução do primeiro de seis volumes que aprofundam os resultados. Mesmo nas Ciências a evolução anual tem sido positiva — ainda que tenha abrandado de 2009 para cá.
Crescimento anual
Um olhar para as posições de Portugal nos rankings das três áreas-chave (ver gráficos) mostra o seguinte: desde a última avaliação que tinha sido feita, em 2009, a pontuação média obtida por Portugal na Matemática manteve-se (487 pontos tanto em 2009 como em 2012); na Leitura baixou de 489 pontos, em 2009, para 488, em 2012; e nas Ciências passou de 493 para 489 pontos.
A que se deve, então, tanto destaque para o caso português? A OCDE põe o foco noutro indicador, que não o da mera comparação das pontuações obtidas em 2009 e em 2012: trata-se da “evolução anualizada”. Basicamente, a organzação tem em conta os resultados dos alunos em todas as levas de testes feitos desde que os países participam no PISA, calculando a evolução ano a ano de cada país. “É uma medida mais robusta do progresso do país/região económica”, do que a comparação dos resultados obtidos nos testes a cada três anos, lê-se no relatório.
É com base neste cálculo da evolução anual que a OCDE diz que há um grupo de países onde os alunos melhoraram a Matemática, desde 2003, mais de 2,5 pontos ao ano (o que aconteceu também na Itália e na Polónia).
Em 25 países não houve mudanças e em 14 os alunos estão a piorar. Na Leitura e nas Ciências, Portugal melhorou cerca de dois pontos por ano em média — desde 2000, no primeiro caso, e desde 2006, no segundo.
Como escolher um carro?
Cada PISA aprofunda uma área de conhecimento e competências. Os testes do PISA 2012 avaliaram sobretudo a Matemática, o que já tinha acontecido em 2003. Uma oportunidade, segundo a OCDE, para fazer comparações sobre o que mudou e de analisar a evolução “no contexto das políticas adoptadas e de outros factores”.
Xangai, na China, tem a pontuação mais alta nos testes de Matemática: 613 pontos. Já no ranking dos melhores resultados da OCDE, o primeiro lugar pertence à Coreia (554 pontos), o segundo ao Japão (536) e o terceiro à Suíça (531). Portugal está em 23.º, com 487 pontos, e aproximou-se da média da OCDE (fica a sete pontos desta quando, em 2009, estava a nove).
À primeira vista, os dados podem surpreender. Afinal, as notas dos exames nacionais feitos em Portugal não têm sido famosas: a média no exame de Matemática do 9.º ano baixou de 57%, em 2009, para 43%, em 2011. Um resultado que se repetiu este ano. Nos exames do secundário (feitos por alunos com mais de 15 anos) a média do exame de Matemática também caiu de 10 valores, em 2009, para 8,2 valores, em 2013.
Mas o que os exames nacionais testam e o que os testes PISA avaliam são coisas diferentes. A OCDE está mais interessada em saber qual a capacidade dos jovens empregarem a Matemática na “vida real”, por exemplo, extrapolando o que sabem para resolver problemas mais ou menos familiares. Um dos exercícios tipo dos teste PISA é este: para diferentes modelos de carros em 2.ª mão são fornecidos dados como o número de quilómetros, a capacidade do motor, o preço, etc e o aluno deve escolher o modelo que se adeque a uma lista de critérios previamente fixados. A OCDE procura ainda avaliar como utilizam os alunos “instrumentos” ligados à Matemática que são essenciais “nos locais de trabalho do século XXI”, tais como um conversor online de moedas, uma folha de cálculo, uma calculadora, ou um software de cálculo matemático.
Agrupamentos e reforma curricular
Os países da OCDE investem cerca de 230 mil milhões de dólares por ano para melhorar a educação da Matemática nas escolas. “É um grande investimento, mas o retorno é muitas vezes maior”, lê-se no relatório.
Outros estudo recente da OCDE (Survey of Adult Skills, 2013), cita no PISA, mostra que “fracas competências a Matemática limitam de forma grave o acesso dos indivíduos a trabalhos mais bem remunerados” e que pessoas com mais competências nesta área tendem a sentir-se mais capazes de participar politicamente e confiam mais naqueles que as rodeiam.
Os resultados do PISA “mostram que uma surpreendentemente pequena proporção da variação de desempenho entre os países é explicada pela riqueza das nações (21% entre todos os países e economias, 12% entre os países da OCDE)” e que a despesa por aluno só explica “30% das diferenças entre todos os países e economias e 17% entre os países da OCDE” o que, lê-se no relatório, “sugere que o mundo não está mais dividido em países ricos e bem educados, e os pobres e mal educados”.
A OCDE analisa várias reformas políticas introduzidas em países que melhoraram os seus resultados. Políticas que podem ter feito a diferença. No que diz respeito a Portugal, especificamente, destaca-se a reorganização da rede escolar, através do agrupamento de escolas — esta medida, diz a OCDE, “facilita a colaboração entre escolas e a economia de escala”.
A OCDE nota ainda que, em Portugal, como também aconteceu no Japão, se assistiu a uma reforma curricular que “melhora a atitude dos alunos” em relação “à escola, em geral, e à Matemática, em particular” uma vez que, com as mudanças, as matérias ficaram mais “alinhadas com os interesses dos estudantes no século XXI”.
Recorde-se que neste ano lectivo, já depois dos testes do PISA 2012, entrou em vigor um novo programa de Matemática para o ensino básico. E que está em curso uma revisão para o secundário.
Menos desigualdade
A OCDE sublinha, no entanto, que nem todos os países estão em pé de igualdade — e que isso deve ser tido em conta na hora de analisar os rankings. Por exemplo: em Portugal, no Chile, na Hungria e em Espanha mais de 20% dos alunos avaliados pertencem a grupos socioeconómicos mais desfavorecidos. Na Turquia são 69%. Qualquer um destes países, lê-se no relatório, “enfrenta desafios maiores do que, por exemplo, a Islândia, a Noruega, a Finlândia e a Dinamarca, onde menos de 5% dos alunos são desfavorecidos”.
Mesmo assim, como já se disse, Portugal conseguiu reduzir o hiato entre os alunos que pior se saem nos testes (ou seja, dos que estão abaixo do nível 2 numa escala que vai até seis) e os que melhor se saem (nível 5 e 6). Em 2003, 30% dos alunos de 15 anos estavam nos patamares mais baixos de literacia matemática; em 2012, a percentagem foi de 24,9% (uma descida de 5,2 pontos percentuais).
Ao mesmo tempo, 10,6% dos alunos conseguiram ficar no nível 5 ou mais, contra apenas 5,4% em 2003 (uma vez mais, 5,2 pontos percentuais de diferença). Esta evolução teve lugar, sobretudo, no período compreendido entre 2006 e 2009, sublinha o relatório.
Em média, na OCDE, 13% dos alunos estão no nível 5 e 6. A Coreia é o país com mais “top performers” – 30,9%. Fora da OCDE, Xangai destaca-se com 55,4% dos alunos a conseguir obter os resultados máximos nos testes.
Andreia Sanches Público, 03/12/2013
Published on December 07, 2013 05:24
December 6, 2013
Nelson Mandela - Long Walk to Freedom by King Charles
Único e inesquecível Nelson Mandela!
Published on December 06, 2013 08:35
December 5, 2013
TEDxBelémWomen
Os Portugueses pioneiros da Globalização (ou como fazer romance histórico com a matéria "politicamente incorrecta" dos Descobrimentos)Sou uma contadora de histórias de longo fôlego, tinha de falar de mim (tema do TED), mas interessava-me mais falar das minhas personagens, cujas vidas foram verdadeiramente extraordinárias. Mas a regra dos 20 minutos das TEDx é um garrote e faz acelerar e, por vezes, perder o fio à meada. Contudo, para mim, foi uma grande honra ter sido convidada a participar neste evento.
A escritora Deana Barroqueiro foi uma das oradoras do evento!
Sua apresentação acontece +/- a 1h 30 m do vídeo TEDxBelémWomen - Conferences Event Thu Dec 5, 2013 10:25am EST — Thu Dec 5, 2013 2:00pm EST "Breaking new worlds" is the theme for TEDxBelémWomen; an event organized by Elizabeth Canham and Maria Serina, both journalists in whose careers the business world and the women’s world met. Female speakers from different areas and a broad age spectrum will be sharing ideas and inspiring experiences that will not leave one untouched. Follow us through our site at http://www.tedxbelemwomen.com/ or on Facebook at https://www.facebook.com/tedxbelemwomen
A escritora Deana Barroqueiro foi uma das oradoras do evento!
Sua apresentação acontece +/- a 1h 30 m do vídeo TEDxBelémWomen - Conferences Event Thu Dec 5, 2013 10:25am EST — Thu Dec 5, 2013 2:00pm EST "Breaking new worlds" is the theme for TEDxBelémWomen; an event organized by Elizabeth Canham and Maria Serina, both journalists in whose careers the business world and the women’s world met. Female speakers from different areas and a broad age spectrum will be sharing ideas and inspiring experiences that will not leave one untouched. Follow us through our site at http://www.tedxbelemwomen.com/ or on Facebook at https://www.facebook.com/tedxbelemwomen
Published on December 05, 2013 17:43
December 1, 2013
TEDxBelémWomen
Na LuxWoman, entrevista a Isabel Canha sobre o evento TEDxBelémWomen Desbravar novos mundosO TEDxBelémWomen acontece já no dia 5 de dezembro no Museu da Eletricidade ,em Lisboa.
O tema é ‘Desbravar Novos Mundos’ e o evento vai contar com a presença de várias mulheres de sucesso ligadas a diversas áreas profissionais, como a escritora Deana Barroqueiro , a empresária Sandra Correia, da Pelcor, e a jornalista Cândida Pinto .
Os eventos TED reúnem algumas das pessoas mais fascinantes do mundo, que falam apaixonadamente das suas experiências em intervenções com cerca de 18 minutos.
Em Portugal, o TEDxBelémWomen é um evento TED organizado de forma independente, promovido por Isabel Canha e Maria Serina , jornalistas na área de negócios há 25 anos, com experiência também na área das revistas femininas. Isabel Canha afirma: Este evento pretende dar voz a mulheres com histórias que merecem ser partilhadas e que podem servir de inspiração para outras mulheres. E também homens.
O TEDxWomen 2013 é também um evento internacional que decorre em vários países do mundo nas mesmas 48 horas. A última sessão da conferência será a transmissão em direto do primeiro conjunto de intervenções da TEDWomen 2013 , a decorrer em São Francisco.
Isabel Canha , jornalista, uma das organizadoras e impulsionadoras do evento, explica-nos melhor o conceito. O TEDxWomen é um programa internacional criado em 2009. Nasceu em que país? Quem foram os seus principais mentores? A TED – Technology, Entertainment e Design foi criada em 1984 e é conhecida pela organização de conferências destinadas a disseminar ‘ideias que vale a pena divulgar’. Em 2009 foi criado o programa TEDx, que pretende dar às comunidades, às organizações e aos indivíduos a oportunidade de estimular o diálogo e partilhar experiências através de eventos tipo TED, organizados de forma independente a nível local e posteriormente disponibilizados na Web através de live streaming. A Conferência TEDWomen 2013 decorre em São Francisco de 4 a 6 de dezembro.
No dia 5 de dezembro, em todo o mundo, vão realizar-se mais de 150 eventos TEDxWomen. Em Portugal, o TEDxBelémwomen é um desses eventos TEDx, em que X= organizado de forma independente. Creio que a primeira TEDWomen se realizou em 2010, em Washington. Encontra-se mais informação aqui.Como é que surgiu a sua associação, e a de Maria Serina, ao projeto?Somos as mentoras deste projeto TEDxBelémWomen. Eu sou organizadora licenciada, ou seja, candidatei-me a ser autorizada pela TEDa organizar estes eventos, de forma independente, mas sujeitos às regras gerais da TED; a Maria Serina é coorganizadora. Acompanho as conferências TED e TEDx através dos vídeos disponibilizados no YouTube e, desde sempre, sou admiradora deste conceito de, em apresentações de apenas 18 minutos, partilhar ideias, histórias, experiências, que podem mudar o mundo.
Os oradores são sempre surpreendentes e fogem muitas vezes ao mainstream, popularizam temas inovadores, que de outra forma raramente deles se ouviria falar. Eu e a Maria Serinatrabalhámos juntas durante muitos anos, na Exame, na Fortuna, na Executive Digest e na Cosmopolitan e temos os mesmos interesses: os temas que dizem respeito às mulheres, às carreiras e, de uma forma geral, aos negócios. Em particular, ultimamente, tenho-me debruçado sobre o tema da liderança feminina das organizações, tendo escrito o artigo ‘Liderança Feminina’ para a série ‘Applied Knowledge’ da Nova School of Business & Economics e sido oradora na TEDxFCT-UNL 2013 com o tema ‘Telhado de vidro’. A ideia surgiu, pois, de forma muito natural. Porquê o tema ‘Desbravar Novos Mundos’?O tema da TEDWomen é “’Invented Here’, que nós declinámos para ‘Desbravar Novos Mundos’. Porque pretendemos dar voz a portuguesas que sejam inovadoras nas suas áreas de atividade, pessoas com mérito, com realizações excecionais, que se aventurem com êxito em novas áreas, servindo de modelo e de inspiração para outras mulheres.
Como se pretende que as TEDx tenham oradores muito diversificados, pareceu-nos ser um tema interessante e suficientemente abrangente para poder abarcar oradoras muito diversificadas: desde uma escritora de romances históricos portugueses da época dos Descobrimentos (Deana Barroqueiro) a uma fadista que deu novos contornos à canção nacional, Mísia, a uma empresária que deu novos usos à cortiça, a Sandra Correia, da Pelcor, ou a outra que explora as riquezas marinhas para desenvolver produtos farmacêuticos, alimentares ou de cosmética, Helena Vieira, da Bioalvo. Falarão ainda a psicóloga e stand-up comedian Marta Gautier, Diana Catarino, saxofonista, e Mariana Moura Santos, designer. Esta conferência é um evento isolado? Ou a primeira de várias? Já estão definidas as datas das próximas conferências? Terão lugar no mesmo local? Já se sabe a que temas serão dedicadas?Contamos organizar doravante anualmente uma TEDxWomen, mas o programa e o local ainda não estão definidos. A TED ainda não definiu o tema do próximo ano e como há lugar à transmissão em direto de uma sessão de São Francisco, o tema terá de estar alinhado com o tema da TEDWomen. Normalmente as TEDxWomen decorrem em dezembro.Quantas pessoas, entre oradoras e público, estarão presentes em cada conferência?A audiência na sala de uma TEDx é limitada a 100 pessoas, mas a Mondayvai transmitir a conferência na Internet, no site Tedxbelemwomen.com, através de live streaming, pelo que muito mais pessoas poderão acompanhar as palestras em direto. E algumas semanas depois do evento, num canal do YouTube estarão disponíveis os vídeos realizados pela produtora de televisão Olhoazul, que é nossa parceira.Consulte o perfil do evento no site oficial da TEDxBelémWomen e visite o blogue de Isabel Canha .
Published on December 01, 2013 17:52
November 30, 2013
Under Pressure
Admirável mundo novo! Se calhar é por isso que cada vez menos me apetece sair de casa e cada vez mais me refugio na escrita dos meus romances...
Published on November 30, 2013 17:43
November 29, 2013
TEDxBelémWomen
TEDxBelémWomenx = independently organizes TED event
“Inventado aqui: desbravar novos mundos”
Museu da Electricidade, 5 de Dezembro
PROGRAMA...
15h 00m | Recepção
15h 30m | Boas vindas e vídeo institucional TED
15h 40m | Cândida Pinto, jornalista
16h 00m | Sandra Correia, empresária
16h 20m | Marta Gautier, psicóloga e stand up comedian
16h 40m | Deana Barroqueiro, escritora
17h 00m | Pausa para café
17h 30m Performer: Diana Catarino, Saxofonista
17h 40m | Mariana Moura Santos, designer
18h 00m | Helena Vieira, empresária
18h 20m | Mísia, fadista
18h 40m | Intervalo
19h00m | Streaming 1.º sessão da TEDWomen São Francisco
20h 30m | EncerramentoVer mais
Ver mais aqui: http://www.tedxbelemwomen.com/#!/ted-tedx
Published on November 29, 2013 17:51
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