C.N. Gil's Blog, page 83
February 26, 2015
Bom dia outra vez

Não sei porquê, mas desde ontem de manhã que ando com uma estranha vontade de me tornar sócio da união Zoófila...
Published on February 26, 2015 00:49
February 25, 2015
Rios de lágrimas: 9 maneiras como as mulheres conseguem arruinar sozinhas a sua vida sexual

Li este artigo por aí, mais concretamente, tropecei nele, mas achei montes de piada. Primeiro lugar porque foi escrito por uma mulher. Em segundo lugar, porque foi escrito por uma mulher!
Podem encontrar o artigo original aqui. Mas, para os não falantes da língua do “Abanalança” cá fica uma tradução livre…
“Todas já tivemos alturas frias nos nossos relacionamentos. É uma seca sexual e romântica que adiciona quilos de tensão às nossas já de si stressantes vidas.
Temos noites deitadas ao lado dos nossos parceiros em que até pensamos em começar algo, mas decidimos guardar isso para outra noite ou situação.
Esquece-mo-nos de depilar as pernas, temos de passear o cão de manhã ou temos de voltar a ver um episódio qualquer de uma série…
As desculpas podem continuar a ser desfiladas durante dias acerca dos motivos pelos quais as mulheres decidem não ter sexo com as suas caras metade, apesar de não perceberem porque é que as suas vidas românticas estão a murchar.
Não quero com isto dizer que o sexo é igual a amor ou que nunca estive nesta situação. Afinal eu já fui a presidente de Câmara da cidade das relações mortas, re-eleita três vezes. Já tive relações horríveis e terríveis em que me limitava a olhar para o tecto durante o sexo e me divertia a contar as rachas existentes.
Sentia que tinha de o fazer – era uma tarefa e uma responsabilidade – e depois ficava ressentida com o meu companheiro.
Culpava-o de não saber as minhas necessidades e ir de encontro a elas, por tentar alguma coisa depois de um dia longo e stressante. Será que ele não via que eu estava cansada e sem disposição?
Há aqui alguma coisa que vos soa familiar? Em caso afirmativo continuem a ler e possam as vossas vidas amorosas prosperar com boa fortuna.
1 – Estão a pôr a vossa cona num pedestal
Meninas, estou lá convosco. Não quereria ter sexo com alguém que não sabe pôr uma máquina de lavar louça a trabalhar, mas puni-lo não lhe dando sexo ou usá-lo como recompensa não só é mau para a saúde da vossa relação, mas também a vossa.
O sexo liberta endorfinas de bem-estar, aumenta a imunidade e liberta uma quantidade enorme de hormonas que vos ajudam a ficar mais próximas dele depois do orgasmo.
Há outras coisas que podem usar junto dos vossos parceiros para lhes abrir a cabeça, mas o sexo não deve ser uma delas. Sexo deve ser um acto feito com alegria que vos aproxima e não uma razão para haver ressentimentos.
Mais, descobri que um parceiro feliz vai querer fazer as coisas que queres que eles façam; também te querem fazer feliz. Ambos saem a ganhar.
2 – deixaste de cuidar de ti
Acho que, numa altura ou noutra, todas acordamos, entramos na casa de banho e olhamos para o espelho enquanto pensávamos “Mas afinal quando é que isto começou a correr mal?”
Já tentei contar a covas de celulite nas minhas coxas para perder a conta a meio caminho. Não há nada pior do que sentir vergonha do próprio corpo e querer esconde-lo no escuro, debaixo dos cobertores.
Afinal quem é que vos quer ver nuas se vocês não conseguem olhar-se ao espelho, certo?
3 – …Errado
A pessoa que está convosco ama-vos por vocês – o bom e o mau. Mas, uma maneira de aumentar a confiança de imediato é tomarem conta de vós próprias.
É difícil odiar um corpo que se trata como um templo divino. Por isso, vão dar um passeio a pé, vão a uma aula de ginástica, comam um pequeno almoço delicioso e lembrem-se de que são uma gigante bola flamejante de Sex Appeal e qualquer homem teria sorte de estar na mesma sal que vocês, quanto mais estar com vocês…
4 – não estão a comunicar com o vosso parceiro
Se tivesse um cêntimo cada vez que uma rapariga se queixa de o quão mau o sexo é com o parceiro, reformava-me para o Dubai e comprava 35 Bugattis.
Meninas, como esperam que o vosso parceiro saiba o que está a fazer de errado se não falam disso? Não podem ser tímidas acerca das vossas necessidades. Há um esteriotipo horrível acerca das mulheres terem de ser cândidas e inocentes acerca da sua vida sexual.
Sejam quem quer que sejam nas vossas vidas sexuais. São selvagens? Sejam selvagens. São lentas e carinhosas? Pois que sejam. Não têm de ser quem não são na cama só porque o “50 sombras de Grey” diz o contrario.
Se querem experimentar qualquer coisa, força, mas só depois de falarem com o vosso parceiro e estarem ambos confortáveis com isso. (Já ouvi o meu quinhão de histórias por parte de homens que envolvem dedos, ânus e uma montanha de “Que é que pensas tás a fazer?”)
Por isso falem, comuniquem e amem-se. Ponto final.
5 – Não estão a deixa-los ver porno
OK, antes de apanhar com os estilhaços desta, ouçam-me. Acho a maior parte da industria pornográfica nojenta e desumanizadora. Há no entanto muito porno que envolvem equidade e as mulheres também têm direito ao seu quinhão no fim.
Dito isto, as mulheres deviam permitir aos homens (e as mulheres) a liberdade de procurar e fazer o que entenderem no seu tempo livre. Há muitas fantasias à solta na cabeça do vosso companheiro e ele ou ela podem precisar de um escape para as explorar e reconhecer.
Mais, o lado bom é que ele ou ela até podem aprender umas coisas acerca de como vos tratar melhor no quarto.
Ainda assim, não então confortáveis com a ideia de ele ou ela verem porno? Tudo bem, digam-lhes porque é que isso vos causa desconforto, ou tenham sexo todos os dias e ele ou ela não terão tempo/necessidade de o ver de qualquer maneira. Voilà, problema resolvido
6 – Estão a fingir os orgasmos
Isto é mau. Aliás isto é tão mau que eu vou dizer outra vez: Isto é mau.
Nunca devem fingir um orgasmo por muito constrangidas que estejam. É ainda mais constrangedor dar-se conta de que o parceiro finge os orgasmos porque isso pode levar a pensar que ele ou ela gostam mesmo daquela posição “esquisita-meio-de-cabeça-para-baixo-com-uma-perna-por-cima-de-não-sei-o-quê”.
Isto leva de novo à necessidade de comunicar o que vos faz sentir bem. Somos criaturas complicadas, por isso ajudem-se mutuamente a navegar e tudo estará dourado.
7 – Sexo não está na lista de coisas a fazer
As mulheres são criaturas intensas que constroem listas. Temos reuniões, pequenos almoços que precisam de ser cozinhados, aulas de yoga, e uma lista enorme de coisas merdosas para fazer em qualquer dia, para além do trabalho normal.
Assim sendo, o sexo não costuma estar nem perto do topo da nossa lista de prioridades. Mas, eu prometo-vos, façam do ter algum tempo intimo com o vosso parceiro uma prioridade e tudo o resto parecerá uma linda manhã de primavera…
Sentir-se-ão amadas, suportadas e, acima de tudo, satisfeitas
8 – Não estão a tentar nada de novo
Não vos estou a mandar ir comprar “but-plugs” ou trazer mais alguém para o quarto (quer dizer, se for essa a vossa onda, força). (nota do tradutor: esta ultima parte até que é interessante…)
Aquilo que estou a dizer é que não deviam ser o peixe-morto na camatodas as quintas-feiras às 8 da noite porque os miúdos vão passar a noite a casa do vizinho ou porque o “Game of thrones” não dá nesse dia.
Deve haver alguma “magia” entre vocês e os vossos parceiros e, às vezes, convém atirar a bola na direcção certa.
Podem tentar tomar a iniciativa, comprar umas cuequinhas que vos façam sentir mais sexy ou fazê-lo, volta e meia numa segunda à noite porque… Porque não? Sexo, apesar de dever ser uma prioridade, não deve ser uma tarefa.
Deve ser uma actividade pela qual se espera e com a qual se divertem.
Além disso há algo libertador e divertido em usar uma langerie atrevida no trabalho ou em casa.
É o vosso pequeno segredo obscuro que por baixo da farda de trabalho está uma gata com lacinhos à espera de ser libertada.
9 – não estão a criar tempo para vocês mesmas.
Similar ao que já disse antes, precisam de se amar a vocês mesmas antes de amarem alguém. Como é que conseguem chegar a termos com o arranjar tempo para satisfazer as necessidades de outra pessoa se não o fazem por vós mesmas?
Ponham de lado uma hora por dia para fazerem o que querem – e façam disso prioridade. Isto pode ser o que for: ler um romance, um banho de espuma, seja o que for. Apenas tem de ser acerca de vós e de mais ninguém.
Não pode ser o jogo de futebol do filho ou as aulas de dança da filha; isto deve ser tempo sozinhas para relaxar, descontrair e apreciar a vida.
Pode ser um copo de vinho com amigos, um telefonema à vossa mãe, seja o que for que não seja uma tarefa e que vos faça disfrutar. Até pode ser uma chávena de chá de camomila com o vosso gato no sofá. Relaxem e deliciem-se no facto de esta hora ser vossa.
Em ultima instância, é mostrar-vos que controlam a vossa felicidade e vida sexual. Têm que se pôr em primeiro lugar, caso contrario, quem tratará de vós?
Se aprenderem a ter o vosso tempo, dizerem o que pensam, divertirem-se e expressarem-se, de repente, a vossa vida romântica reacender-se-á a um ponto que vos vai deixar sem saber porque é que não estava logo tudo lá à partida…
Samantha Kilbride”
Published on February 25, 2015 07:30
A propósito de uma resposta a um comentário da Afrodite...

…há dias em que um gajo, quando acorda, jamais terá a noção do quanto vão ficar maus, mesmo maus, ainda que nada o fizesse prever!
Este foi um daqueles que começou insuspeitamente e acabou extraordinariamente mal!
Estava para as bandas de Leiria, em casa de um amigo meu que por lá viveu uns anos e que, naquela altura, tinha arranjado uma namorada por quem estava mesmo pelo beicinho. Tendo ele um romantismo parecido com o meu, ou seja, sendo ele tão romântico como um calhau, mas estando ele iludido o suficiente para pensar o contrário, logo pela manhã fui arrastado por umas quantas pastelarias, acabando num hipermercado da zona, para comprar pasteis de Tentúgal, porque aparentemente a namorada gostava e ela ia nesse dia para Viseu, de onde era originária pra passar o Fim de Semana (só estudava em Leiria).
Conheci-a ao almoço, quando me foi apresentada a mim e à minha melhor metade, demos uma voltinha e, à hora de a levar ao terminal para ela apanhar a camionete, demos conta de que não íamos para o terminal. O rapaz, já com saudades dela, resolveu fazer-se à estrada e levá-la a Viseu!
E lá fomos, aproveitamos e fomos parando pelo caminho e tirando fotos a alguns sítios deslumbrantes e estava a ser um passeio porreiro.
Chegamos a Viseu ao final da tarde, a rapariga lá se despediu dele e arrancamos de volta.
Uma vez que já não era cedo, o gajo sugeriu que poderíamos jantar noma terreola qualquer ali por perto, onde havia um bom restaurante que tinha um bar anexo onde havia um café concerto que era gratuito para quem tivesse jantado, havendo consumo mínimo para quem entrasse pelo lado do bar.
Parecia uma boa ideia…
…a comida era excelente, o vinho também…
…era mesmo uma boa ideia!
E acabamos de jantar, sendo-nos dito que poderíamos beber o café no bar, se assim o entendêssemos, para onde fomos logo em seguida, estando o espectáculo para começar e a sala já muito composta. Conseguimos lugar ao balcão e pedi de imediato a minha dose de cafeina…
…e foi aqui que a coisa começou a descambar!
-Desculpe mas neste momento já não servimos café.
-Perdão?
-O espectáculo está para começar e o barulho da máquina interfere, pelo que não servimos café enquanto o espectáculo decorre…
-Isso não derrota um bocado o propósito de isto se chamar um café concerto?
-Pois, olhe, são as regras da casa…
-Interessante! Bem, vou beber um café aí a outro lado e já volto.
-Pois, mas se sair não vai poder voltar.
-Ora, pago a entrada…
-Não é isso. As portas estão fechadas para não haver perturbações ao espectáculo.
-Deixe-me ver se eu percebi: Estou num café concerto onde não posso beber café e se sair não posso voltar a entrar! Têm a sua lógica, sim senhor! – e com isto voltei-me para o gajo e para a minha melhor metade – Vamos embora que não quero estar aqui.
-Eh páh, lá estás tu com as tuas merdices. Deixa-te disso, qual é a tua, men… - começou o meu amigo, sendo corroborado pela minha cara metade.
-Pá, então dá-me as chaves do carro que eu espero lá por vocês (nota mental: nunca mais fazer viagens destas à pendura)
-Mas se vais ela não se vai sentir bem aqui sozinha e quer ver o espectáculo…
E estávamos nisto quando as luzes se apagaram, e entra um tipo em cima do palco, agradecendo a presença do público e fazendo um pequeno dicurso acerca da necessidade de levar a cultura portuguesa mesmo até ao interior do país e mais não sei o quê…
…e depois, agarra numa viola clássica e começa a tocar bossa nova!
Estar contrariado num sítio, sem café e a levar com bossa nova…
…foi das mais indizíveis e injustificadas torturas a que já fui submetido, tendo passado o tempo todo a contar mentalmente para conseguir controlar o facto de sentir em mim uma fúria devastadora. A minha face estava quente, o meu pulso acelerado.
Ao longo de hora e meia as pequenas rábulas de teatro de cinco a dez minutos cada uma eram intervaladas com momentos músicas. De todos esses momentos apenas num foi tocada uma música Portuguesa, de Fernando Tordo. O resto, adivinhem o que foi?
Pois claro, foi Bossa Nova! A cultura Portuguesa por ali estava mesmo em altas…
…sobretudo a cultura músical!
Quando o espectáculo acabou o empregado, solicito depois de me ver retorcer-me e praguejar mentalmente durante hora e meia, isto para além do ar furioso que eu devia ter, veio de imediato ter comigo e disse:
-Se quiser já posso tirar um café…
Ao que eu respondi calmamente:
-Agora pode enfiá-lo onde o sol não brilha, que graças aos céus acabou e posso finalmente sair daqui!
No caminho de volta fiquei mudo e calado e, apesar do constante palrar do outro gajo acerca do quanto a minha vincada personalidade não se dá bem com coisas que não combinam com ela, não ouvi nada do que ele disse. Fiz questão de não ouvir e continuar a contar mentalmente, senão ainda explodia de vez.
Acho que as minhas únicas palavras foram, ao aproximar-mo-nos de uma área de serviço:
-Importas-te de parar aqui?
E finalmente consegui o meu café e o meu espírito começou, a custo, a serenar!
…mas o trauma da experiência ficou, marcado indelevelmente na minha memória! Lição a tirar: Não ir a cafés concerto em terras perto de Viseu!
(estava a escrever isto e até me estava a arrepiar enquanto relembrava a experiência…)
Published on February 25, 2015 03:33
Bom dia
Published on February 25, 2015 00:24
February 24, 2015
Há quem diga...
...que a música é a única linguagem verdadeiramente universal.
Concordo plenamente.
E para quem acha que não o é, lembre-se:
-Até Kizomba, Kuduro e Hip-Hop se conseguem escrever numa pauta...
Mas vêm isto a propósito de quê?
Há, já me lembro...
Há uns dias atrás, enquanto a fedelha de seis anos entra para dentro do carro a molengar:
-Despacha-te! Ainda temos de ir para o Ballet e mudar de roupa. São quase horas...
-Ó pai, eu não gosto do ballet...
-A sério?
-A sério, não gosto - cara amuada por ter de ir...
-OK, filha, eu até pensava que gostavas, mas se não gostas deixas de ir e encontramos outra coisa para fazeres...
-Queria ir para o Hip-Hop...
-Querias o quê?
-Ir para o Hip-Hop.
-Se não queres ir para o ballet deixas de ir, mas para o Hip-Hop não vais.
-Porquê?
-Porque o pai gosta de música e não fez mal a ninguém para passar por esse castigo! Lá que me digas que me queres arrancar um dente a sangue frio ainda é como o outro, mas torturas cruéis e desumanas estão proibidas pela convenção de Genebra, pelo que ouvir disso lá em casa está fora de questão!
Cara amuada e silêncio.
Já à noite com a minha cara metade:
- Olha, a miúda diz que não gosta do Ballet e que queria sair...
- Não gostas? - pergunta que fica sem resposta da parte da mini me.
-Ela diz que não e que queria ir para o Hip-Hop.
-Pois, mas eu nem sei...
Interrompi de imediato.
-Nem vais saber porque lhe disse logo à partida que não fiz mal a ninguém...
-Ah! Mas queres sair do Ballet?
-Não, não, eu estava só a brincar...
Por enquanto ainda vou conseguindo controlar isto, mas o futuro não se revela nada promissor em relação à minha sanidade mental...
Concordo plenamente.
E para quem acha que não o é, lembre-se:
-Até Kizomba, Kuduro e Hip-Hop se conseguem escrever numa pauta...
Mas vêm isto a propósito de quê?
Há, já me lembro...
Há uns dias atrás, enquanto a fedelha de seis anos entra para dentro do carro a molengar:
-Despacha-te! Ainda temos de ir para o Ballet e mudar de roupa. São quase horas...
-Ó pai, eu não gosto do ballet...
-A sério?
-A sério, não gosto - cara amuada por ter de ir...
-OK, filha, eu até pensava que gostavas, mas se não gostas deixas de ir e encontramos outra coisa para fazeres...
-Queria ir para o Hip-Hop...
-Querias o quê?
-Ir para o Hip-Hop.
-Se não queres ir para o ballet deixas de ir, mas para o Hip-Hop não vais.
-Porquê?
-Porque o pai gosta de música e não fez mal a ninguém para passar por esse castigo! Lá que me digas que me queres arrancar um dente a sangue frio ainda é como o outro, mas torturas cruéis e desumanas estão proibidas pela convenção de Genebra, pelo que ouvir disso lá em casa está fora de questão!
Cara amuada e silêncio.
Já à noite com a minha cara metade:
- Olha, a miúda diz que não gosta do Ballet e que queria sair...
- Não gostas? - pergunta que fica sem resposta da parte da mini me.
-Ela diz que não e que queria ir para o Hip-Hop.
-Pois, mas eu nem sei...
Interrompi de imediato.
-Nem vais saber porque lhe disse logo à partida que não fiz mal a ninguém...
-Ah! Mas queres sair do Ballet?
-Não, não, eu estava só a brincar...
Por enquanto ainda vou conseguindo controlar isto, mas o futuro não se revela nada promissor em relação à minha sanidade mental...
Published on February 24, 2015 06:12
Greve do Metro em Lisboa
Ah, como é bom chegar ao Cais do Sodre e descobrir que, mais uma vez, os gajos do metro estão de greve parcial, vá-se lá saber porquê (provavelmente querem mais maionese na salada quando vão à cantina da empresa), e ter de apanhar um autocarro à pinha que demora uma hora a fazer um percurso que de metro leva 10 minutos (e curiosamente a pé leva 40), e quase assistir a uma sessão de chapada entre uma moça algo avantajada e etnia africana e uma pseudó-tia loira que quando lhe estalou o verniz parecia pior que uma peixeira da Praça da Ribeira, sendo que não se chegaram mesmo a envolver (muita garganta mas óspois...) e ainda bem por um lado, uma vez que não havia espaço na camionete para instalar uma piscina de lama, e por outro nem por isso uma vez que já andava o pessoal a sacar dos blocos para começar apontar as apostas...
Até me fez lembrar esta música...
Até me fez lembrar esta música...
Published on February 24, 2015 04:07
February 23, 2015
Aparentemente o Blogger tornou-se hipócrita...
...e é pena...
Tempo de migrar para outras plataformas...
:)
Esclarecendo, recebi esta "carta" do Blogger:
Caro(a) utilizador(a) do Blogger,
Estamos a contactá-lo(a) para o(a) informar sobre uma alteração futura à Política de conteúdos do Blogger que poderá afetar a sua conta.
Nas próximas semanas, deixaremos de permitir blogues com conteúdo sexualmente explícito ou imagens ou vídeos com nudez gráfica. A nudez apresentada em contextos artísticos, educacionais, documentários ou científicos ou onde a não ação sobre o conteúdo possa beneficiar substancialmente o público continua a ser permitida.
A nova política entra em vigor a 23 de março de 2015. Após esta política entrar em vigor, a Google restringe o acesso a qualquer blogue identificado como constituindo uma violação da nossa política revista. O conteúdo não é eliminado, mas apenas os autores do blogue e as pessoas com quem partilharam expressamente o mesmo podem ver o conteúdo que tornámos privado.
Os nossos registos indicam que a sua conta poderá ser afetada pela alteração desta política. Evite criar novos conteúdos que possam constituir uma violação desta política. Além disso, pedimos que efetue as alterações necessárias no seu blogue existente para estar em conformidade o mais rápido possível, para que não sofra interrupções no serviço. Também pode optar por criar um arquivo do seu conteúdo através do Google Takeout (https://www.google.com/settings/takeout/custom/blogger).
Para obter mais informações, consulte (https://support.google.com/blogger?p=policy_update).
Atentamente,
A equipa do Blogger
Tempo de migrar para outras plataformas...
:)
Esclarecendo, recebi esta "carta" do Blogger:
Caro(a) utilizador(a) do Blogger,
Estamos a contactá-lo(a) para o(a) informar sobre uma alteração futura à Política de conteúdos do Blogger que poderá afetar a sua conta.
Nas próximas semanas, deixaremos de permitir blogues com conteúdo sexualmente explícito ou imagens ou vídeos com nudez gráfica. A nudez apresentada em contextos artísticos, educacionais, documentários ou científicos ou onde a não ação sobre o conteúdo possa beneficiar substancialmente o público continua a ser permitida.
A nova política entra em vigor a 23 de março de 2015. Após esta política entrar em vigor, a Google restringe o acesso a qualquer blogue identificado como constituindo uma violação da nossa política revista. O conteúdo não é eliminado, mas apenas os autores do blogue e as pessoas com quem partilharam expressamente o mesmo podem ver o conteúdo que tornámos privado.
Os nossos registos indicam que a sua conta poderá ser afetada pela alteração desta política. Evite criar novos conteúdos que possam constituir uma violação desta política. Além disso, pedimos que efetue as alterações necessárias no seu blogue existente para estar em conformidade o mais rápido possível, para que não sofra interrupções no serviço. Também pode optar por criar um arquivo do seu conteúdo através do Google Takeout (https://www.google.com/settings/takeout/custom/blogger).
Para obter mais informações, consulte (https://support.google.com/blogger?p=policy_update).
Atentamente,
A equipa do Blogger
Published on February 23, 2015 13:21
Justificando o aviso de entrada no blog, um excerto de "Conscientização"
Fecha os olhos. – Disse ele quando ela saiu da porta do prédio.
– Porquê?
– Porque sim! Fecha os olhos.
Ela respirou fundo, encolheu os ombros e fechou os olhos. Sentiu-o a passar para trás de si, e em seguida algo que era colocado sobre os seus olhos.
– Mas que estas tu a fazer?
– Bem, aparentemente, a vendar-te.
– Mas porquê?
– Porque sim. Queres confiar em mim? Ela resignou-se.
No dia a seguir àquela conversa que acabou abruptamente sem ela entender bem porquê, ele limitou-se a anunciar-lhe que daí a dois dias, ao fim da tarde do seu dia de folga do seu, agora, segundo emprego, a iria buscar ao apartamento dela em Lisboa e que não se preocupasse com o carro que alguém o iria buscar. Ah, e para ela se produzir “a matar”, na expressão que ele utilizou. Depois quase não o voltara a ver, até agora.
Ele guiou-a cuidadosamente até ao carro, ajudou-a a entrar e entrou em seguida, arrancando.
– Mas para onde é que vamos? – Perguntou ela, sentindo-se um pouco insegura.
– É surpresa.
Ela calou-se e foi apreciando a música. Foram indo, sem grandes conversas. Deu pelo facto de saírem de Lisboa e passarem na ponte sobre o Tejo. O ruído característico dos carros a rodar nas faixas cen- trais é inconfundível. Mas depois da ponte, o carro acelerou e seguiram auto-estrada fora.
Ao fim de um bom bocado ela não se conteve.
– Mas ainda falta muito?
– Um bocado. – Respondeu ele – Mas porquê? Estás com pressa? Não estás confortável?
– Não… é que ir aqui, vendada, sem saber para onde vou…
– E o que é que interessa saber para onde vais? Estás comigo. Confia. Uma coisa te prometo: A viagem só começa quando chegar- mos ao destino.
– Que é que queres dizer com isso?
– Exactamente o que disse.
– O Sr. Enigmático contra-ataca.
– É, estou misterioso. É para ver se fico com um pouco mais de charme que o costume…
– Isso implicaria já teres, normalmente, charme.
– Pois, tens razão. Má escolha de palavras… – disse ele soltando uma gargalhada.
– Mas gostava de saber para onde vou. Pedes-me para vir assim, toda produzida, vens de fato, e depois levas-me assim, vendada…
– Já te disse, é surpresa.
– Mas não podes ao menos revelar um pouco?
– Está bem. Vamos para um sítio solene.
– Um sítio solene?
– Sim!
– Que sítio?
– Isso agora… Quando lá chegares vês. Ela estava a ficar visivelmente aborrecida.
– Então, quando lá chegarmos, avisa.
Calou-se e encostou-se para trás no banco. Ele riu com o amuo dela e lançou o carro ainda mais depressa na auto-estrada em direcção a sul.
Voltou a dar conta de si quando um solavanco na estrada fez o carro abanar. Pela irregularidade que sentia, já não estavam na auto-estrada. Tinha perdido por completo a noção do tempo. Provavelmente tinha adormecido sem sequer dar por isso.
– Fizeste uma soneca jeitosa? – Perguntou ele. Ela espreguiçou-se, bocejou, e perguntou:
– Estamos a andar há muito tempo?
– Há algum…
– E ainda falta muito para chegar aonde quer que vamos?
– Não. É perto.
– Ainda bem…
O carro parou. Sentiu-o a sair, deixando o carro ligado. Depois voltou a entrar, o carro avançou alguns metros, parou novamente, voltou a sair, voltou a entrar e seguiram devagar por uma estrada acidentada.
– Seja lá onde for que isto é, é longe…
– É. Mas já cá estamos.
Andaram mais uns cinco minutos até o carro parar e ele finalmente desligar o motor. Ele saiu e ela sentiu a porta ser aberta logo depois. Ele pegou-lhe pela mão e ajudou-a a sair. O silêncio era tal que se conseguia ouvir a brisa. Ouvia-se também o restolhar de folhas em árvores próximas. O ar estava fresco, com uma humidade que se sentia, mas que era agradável. Ele guiou-a, segurando-a pelo braço, andando ambos devagar e ela sentia e ouvia as folhas secas a serem esmagadas pelos sapatos de ambos. Depois começaram a andar em cima de pedra, direita mas não muito regular. Por fim, ouviu-o a abrir uma porta pesada, ouviu as dobradiças a protestar, rangendo, e ele guiou-a nova- mente passando a porta.
Havia um cheiro muito familiar no ar, como se fosse incenso, mas diferente, mais espesso, igualmente adocicado e que ela reconheceu de imediato, mas não disse nada. Deu mais alguns passos, guiada por ele, e ouviu o ressoar dos passos num espaço amplo.
“Mas onde raio estamos?” Perguntou-se ela. Ele parou-a.
– Estamos cá. – Disse – Estás preparada? Ela assentiu com a cabeça.
Ele pôs-se por detrás dela, desapertou a venda e tirou-lha. Ela olhou.
À sua frente, iluminada apenas por velas, estava a nave de uma igreja antiga com um altar completamente trabalhado em talha dourada que reflectia a luz bruxuleante das velas e enchia o lugar de reflexos dourados. Os painéis de azulejos que rodeavam toda a igreja até ao altar, finamente desenhados com motivos da vida e paixão de Cristo elevavam-se até aos pedestais que deviam ter servido de repouso a estátuas de santos, agora inexistentes. O tecto, abobadado, estava decorado com frescos que haviam perdido o fulgor original, tendo em alguns sítios caído o estuque, e noutros havia manchas de humidade que atestavam a antiguidade do sítio. Os bancos corridos, de madeira, estavam decorados com rosas encarnadas, bem como o tapete vermelho que corria ao longo da nave e até ao altar, coberto de pétalas da mesma flor. O altar era uma enorme mesa dourada, da qual ela apenas conseguia ver os pés, uma vez que estava coberta com uma toalha de linho de um branco imaculado, também coberta com pétalas de rosa encarnada. O fumo que ocupava todo o espaço, fazendo o ar parecer espesso vinha de um incensário que estava por detrás do altar, pendurado num suporte alto.
O fumo, do cânhamo que queimava livremente, inebriava-lhe os sentidos, distorcia o espaço e o tempo cada vez mais, e ela ficou simplesmente parada a contemplar tudo o que tinha à sua frente.
– Gostas da tua surpresa? – Perguntou ele, observando a sua reacção.
– Onde é que estamos afinal?
– Numa igreja.
– Bem isso eu já vi, mas como…?
– É uma igreja privada. Estamos no meio de uma herdade e esta igreja pertence à herdade, mas já está desactivada há muito tempo. As estatuetas foram oferecidas e vendidas a coleccionadores, mas sobra este espaço que continua magnifico, pelo menos enquanto não acabar de se degradar por completo.
– E como é que tu…?
Ele simplesmente sorriu e olhou-a bem nos olhos.
– Ainda não me respondeste. Gostas?
Ela deixou-se ficar mais um pouco, embasbacada a olhar para todo aquele cenário montado para ela. Só depois respondeu:
– Adoro!
– Ainda bem. – Respondeu ele, agarrando-lhe a mão e levando-a ao longo do tapete encarnado em direcção ao altar.
Caminharam devagar ao longo da nave, com o tapete a abafar o som dos passos que ainda assim reverberavam nas pedras seculares. Cada vez mais os sentidos de ambos se distendiam no tempo, culpa daquele fumo espesso que invadia todo o espaço, e cada vez mais as sensações ficavam vívidas e vibrantes. O mero toque da pele enquanto ele a levava pelo braço, parecia lançar um formigueiro ao longo do corpo dela. A sensação de frio quando entrara desvanecia-se, e o seu lugar era ocupado por um conforto do espírito.
Chegaram junto do altar. Pararam, viraram-se um para o outro, ficando ambos de olhos fixos nos olhos, sem saberem sequer durante quanto tempo. Apenas numa atitude contemplativa e calma. Depois abraçaram-se finalmente, colaram os corpos, uniram os lábios num beijo que teve um sabor intemporal, as línguas a tocarem-se devagar, a procurarem-se, a darem-se…
Com uma calma de quem tinha todo o tempo do mundo ele começou a abrir o fecho do vestido e ao mesmo tempo que o fazia, acariciava-lhe as costas enviando sensações pelo corpo dela que se reflectiam na calma voraz do beijo onde estavam presos. Ele quebrou o beijo, contra a vontade dela, apenas para a libertar do vestido que caiu até ao chão, deixando-a apenas vestida com um fio dental e os saltos al- tos, o que lhe provocou um agradável arrepio na pele, voltando de- pois a colar os lábios aos dela e a perder-se na sensação de abraçar o seu corpo nu.
Ao fim de um tempo que pareceu imenso e ao mesmo tempo um instante fugaz, os lábios separaram-se. Ficaram abraçados de pé em frente ao altar, cabeças a repousar sobre o ombro um do outro. De- pois separaram-se finalmente. Ela olhou para ele com um ar inquiri- dor. Ele sorriu, deu-lhe a mão guiando-a e equilibrando-a para cima de um degrau que estava em frente ao altar. Depois de ela subir, fez-
-lhe descer o fio dental ao longo das pernas e ajudou-a a equilibrar-se, ora numa perna, ora noutra, enquanto lhe tirava a última e minúscula peça de roupa. Depois, agarrou-a pela cintura e sentou-a no altar.
Ela deixou-se guiar por ele enquanto, sem palavras, ele a levava ao centro daquela enorme pedra fria coberta de linho e pétalas de rosa, fazendo-a deitar-se em seguida, no centro da mesa.
Depois, sempre com uma calma que lhe fazia parecer a ela que ele se movia em câmara lenta, ata-lhe os pulsos e os tornozelos aos pés do altar com tiras de veludo “bordeaux” escuro.
Quando acabou de a atar, chegou-se perto do rosto dela, deu-lhe um suave beijo nos lábios e saiu por uma porta lateral ao altar…
Ela perdeu a noção do tempo, ali quieta num silêncio reverberante, inundada pelo fumo e o cheiro do cânhamo que queimava num incensário que estava um pouco além e abaixo de si, para que o fumo que se soltava subisse directamente na sua direcção, passando por si, inebriando-a, intensificando qualquer sensação, o contacto frio e veludoso das pétalas e do linho esfriado pela pedra, desorientando-a, a vontade de se querer mexer e estar constrangida, de movimentos limitados, exposta, em cima de uma pedra de altar em frente a um massivo altar-mor de talha dourada onde outrora estivera pendurada uma cruz, com os ouvidos preenchidos por um silêncio amplo, e de repente o simples ranger de uma porta dá significado a tudo aquilo, e ela volta-se e vê-o voltar com um habito de monge, cingido pela cintura por uns cordões largos, com uma taça dourada na mão, a representação do graal, da taça da ultima ceia, e aproxima-se dela com um ar sério, ela sorri e ele faz-lhe uma festa suave pelo rosto, passa-lhe a mão no cabelo com doçura, com ternura, põe-lhe a mão na nuca, ampara-lhe a cabeça, aproxima a taça, dá-lhe a beber e ela fá-lo sem hesitação provando uma textura algo amarga, estranha, que à medi- da que lhe desce da garganta provoca um calor que se espalha do centro do seu corpo para fora, fazendo-a aquecer, deixar de sentir a pedra fria, electrizar, uma sensação quente e suave que a faz mergulhar num estado de quase sono e ele retira a taça dos seus lábios e derrama parte do resto do conteúdo no seu peito que corre ao longo do seu corpo e que ele lambe devagar e delicadamente, cada pequena gota do liquido que ela vê finalmente, apercebendo-se da cor esverdeada, e compreende o sabor do absinto misturado com algo mais que ela não reconhece, e sente o corpo solto, leve, deixa de se sentir constrangida ou amarrada, simplesmente está, sentindo a espaços o liquido a fluir sobre a sua pele e o contacto da sua língua macia a retirar cada gota que escorre de si, e percebe o porquê da fada verde, mergulha num abandono e felicidade infinita, mas que bem longe ela consegue intuir que terminará, mas não importa, nada importa a não ser as sensações que sente, que lhe transmite a ele, que pousa a taça e a saboreia pedaço a pedaço, descendo ao longo do seu corpo, ocupando cada espaço, cada milímetro da sua pele, como se quisesses absorver a sua essência, o que ele faz, quando começa a beijar o interior das suas pernas subindo até às virilhas e começa pura e simplesmente a envolver o clítoris com a sua boca, com os seus lábios, sugando-a e provocando como que uma descarga eléctrica que sobe direita ao seu cérebro, fazendo com que o seu corpo se contorça num espasmo, uma sobrecarga de sensações e deixa de ouvir, deixa de ver, e sente apenas o continuado cheiro do cânhamo e sente o sabor do absinto ainda na sua boca, e nem sente o corpo, sente apenas um pulsar que sobe da sua vulva de uma forma tão intensa que quase se esquece de respirar, fazendo soltar o ar dos pulmões num grito intenso que clama pelo orgasmo que ainda não chegou e ela tem um lampejo de se perguntar como será quando for e deseja-o, quer, muito, com todas as suas fibras sentir o prazer supremo e o seu corpo acede, faz-lhe a vontade e ela vem-se entre espasmos, gritos que preenchem o espaço e parecem continuar a durar para sempre, e o seus sentidos despertam e sente-se, vê-se, sente-o, vê-o, sente o seu corpo, a sua boca a envolve-la, os suaves toques da língua no seu recanto mais secreto, ondas de choque que varrem o seu corpo umas atrás da outras e tudo desaparece por um instante, a mente apaga-se…
…e ilumina-se de novo, descendo do êxtase mas mantendo-se no limbo, e olha, e vê-o subir para cima do altar, em frente a si, às suas pernas abertas, à sua vulva pulsante de onde escorre todo o prazer que sentiu e continua a sentir, ficar de joelhos, e sobe o habito mostrando a sua erecção pulsante, e de seguida estende-se sobre ela, toca-a, não com as mãos, mas com o corpo, afaga-a, fá-la sentir o seu peso, sente o corpo em brasa, entregue ao prazer de ambos, roça o seu sexo no dela, comprime-se contra o seu clítoris arrancando-lhe mais gemidos de prazer e não aguentando mais a tortura que lhe faz, mas que é feita a ambos, começa a penetrá-la como que numa oferta ritual, deixando-se deslizar milímetro a milímetro, querendo que ela o sinta sem pressas, e sente-a a alargar enquanto vai alargando os seus músculos e os sente a pulsar em torno do seu membro, e sente o quanto ali, naquele momento, ela o quer, e dá-se para que ela sinta o quanto ele a quer, vais deslizando até as suas púbis se tocarem, até estar pleno dentro dela, e olha-a, observa-a, deixa-se estar assim dentro dela, ela geme, contorce-se debaixo dele como uma gata no cio, e depois começa a sair devagar, a sentir a textura dela na sua glande enquanto a puxa para fora, a sentir o seu sexo a sugá-lo, como que a querer puxá-lo novamente para dentro, sempre com uma lentidão agoniante para ambos, atrasando o orgasmo dela, atrasando o seu enquanto as gotas de suor lhe invadem o rosto e começam a pingar como gotas de chuva refrescante sobro o corpo dela, até ficar apenas com a glande dentro dela, ondulando as ancas devagar para provocar um ligeiro vai-vém que lhe estimula o ponto G, que a deixa louca de tesão e ele sente-a, mais do que isso, sabe-a naquele momento, e ambos se olham nos olhos, sabem-se um do outro para além de qualquer dúvida e com isto ele penetra-a fundo, forte, de uma forma quase brutal, quase animalesca, ela grita, sente-o a invadi-la, quer-se invadida, tomada por ele, oferece-se, vê o esgar de prazer no seu rosto enquanto ele sente a corrente eléctrica que lhe percorre o corpo, que ele sabe que ambos sentem enquanto se entregam a um orgasmo pleno de sensações que parecem ir além do espaço onde estão e, inebriados, desfalecem os dois em cima do altar, como uma oferenda, como que detentores de um sacro ofício, livres…
– Porquê?
– Porque sim! Fecha os olhos.
Ela respirou fundo, encolheu os ombros e fechou os olhos. Sentiu-o a passar para trás de si, e em seguida algo que era colocado sobre os seus olhos.
– Mas que estas tu a fazer?
– Bem, aparentemente, a vendar-te.
– Mas porquê?
– Porque sim. Queres confiar em mim? Ela resignou-se.
No dia a seguir àquela conversa que acabou abruptamente sem ela entender bem porquê, ele limitou-se a anunciar-lhe que daí a dois dias, ao fim da tarde do seu dia de folga do seu, agora, segundo emprego, a iria buscar ao apartamento dela em Lisboa e que não se preocupasse com o carro que alguém o iria buscar. Ah, e para ela se produzir “a matar”, na expressão que ele utilizou. Depois quase não o voltara a ver, até agora.
Ele guiou-a cuidadosamente até ao carro, ajudou-a a entrar e entrou em seguida, arrancando.
– Mas para onde é que vamos? – Perguntou ela, sentindo-se um pouco insegura.
– É surpresa.
Ela calou-se e foi apreciando a música. Foram indo, sem grandes conversas. Deu pelo facto de saírem de Lisboa e passarem na ponte sobre o Tejo. O ruído característico dos carros a rodar nas faixas cen- trais é inconfundível. Mas depois da ponte, o carro acelerou e seguiram auto-estrada fora.
Ao fim de um bom bocado ela não se conteve.
– Mas ainda falta muito?
– Um bocado. – Respondeu ele – Mas porquê? Estás com pressa? Não estás confortável?
– Não… é que ir aqui, vendada, sem saber para onde vou…
– E o que é que interessa saber para onde vais? Estás comigo. Confia. Uma coisa te prometo: A viagem só começa quando chegar- mos ao destino.
– Que é que queres dizer com isso?
– Exactamente o que disse.
– O Sr. Enigmático contra-ataca.
– É, estou misterioso. É para ver se fico com um pouco mais de charme que o costume…
– Isso implicaria já teres, normalmente, charme.
– Pois, tens razão. Má escolha de palavras… – disse ele soltando uma gargalhada.
– Mas gostava de saber para onde vou. Pedes-me para vir assim, toda produzida, vens de fato, e depois levas-me assim, vendada…
– Já te disse, é surpresa.
– Mas não podes ao menos revelar um pouco?
– Está bem. Vamos para um sítio solene.
– Um sítio solene?
– Sim!
– Que sítio?
– Isso agora… Quando lá chegares vês. Ela estava a ficar visivelmente aborrecida.
– Então, quando lá chegarmos, avisa.
Calou-se e encostou-se para trás no banco. Ele riu com o amuo dela e lançou o carro ainda mais depressa na auto-estrada em direcção a sul.
Voltou a dar conta de si quando um solavanco na estrada fez o carro abanar. Pela irregularidade que sentia, já não estavam na auto-estrada. Tinha perdido por completo a noção do tempo. Provavelmente tinha adormecido sem sequer dar por isso.
– Fizeste uma soneca jeitosa? – Perguntou ele. Ela espreguiçou-se, bocejou, e perguntou:
– Estamos a andar há muito tempo?
– Há algum…
– E ainda falta muito para chegar aonde quer que vamos?
– Não. É perto.
– Ainda bem…
O carro parou. Sentiu-o a sair, deixando o carro ligado. Depois voltou a entrar, o carro avançou alguns metros, parou novamente, voltou a sair, voltou a entrar e seguiram devagar por uma estrada acidentada.
– Seja lá onde for que isto é, é longe…
– É. Mas já cá estamos.
Andaram mais uns cinco minutos até o carro parar e ele finalmente desligar o motor. Ele saiu e ela sentiu a porta ser aberta logo depois. Ele pegou-lhe pela mão e ajudou-a a sair. O silêncio era tal que se conseguia ouvir a brisa. Ouvia-se também o restolhar de folhas em árvores próximas. O ar estava fresco, com uma humidade que se sentia, mas que era agradável. Ele guiou-a, segurando-a pelo braço, andando ambos devagar e ela sentia e ouvia as folhas secas a serem esmagadas pelos sapatos de ambos. Depois começaram a andar em cima de pedra, direita mas não muito regular. Por fim, ouviu-o a abrir uma porta pesada, ouviu as dobradiças a protestar, rangendo, e ele guiou-a nova- mente passando a porta.
Havia um cheiro muito familiar no ar, como se fosse incenso, mas diferente, mais espesso, igualmente adocicado e que ela reconheceu de imediato, mas não disse nada. Deu mais alguns passos, guiada por ele, e ouviu o ressoar dos passos num espaço amplo.
“Mas onde raio estamos?” Perguntou-se ela. Ele parou-a.
– Estamos cá. – Disse – Estás preparada? Ela assentiu com a cabeça.
Ele pôs-se por detrás dela, desapertou a venda e tirou-lha. Ela olhou.
À sua frente, iluminada apenas por velas, estava a nave de uma igreja antiga com um altar completamente trabalhado em talha dourada que reflectia a luz bruxuleante das velas e enchia o lugar de reflexos dourados. Os painéis de azulejos que rodeavam toda a igreja até ao altar, finamente desenhados com motivos da vida e paixão de Cristo elevavam-se até aos pedestais que deviam ter servido de repouso a estátuas de santos, agora inexistentes. O tecto, abobadado, estava decorado com frescos que haviam perdido o fulgor original, tendo em alguns sítios caído o estuque, e noutros havia manchas de humidade que atestavam a antiguidade do sítio. Os bancos corridos, de madeira, estavam decorados com rosas encarnadas, bem como o tapete vermelho que corria ao longo da nave e até ao altar, coberto de pétalas da mesma flor. O altar era uma enorme mesa dourada, da qual ela apenas conseguia ver os pés, uma vez que estava coberta com uma toalha de linho de um branco imaculado, também coberta com pétalas de rosa encarnada. O fumo que ocupava todo o espaço, fazendo o ar parecer espesso vinha de um incensário que estava por detrás do altar, pendurado num suporte alto.
O fumo, do cânhamo que queimava livremente, inebriava-lhe os sentidos, distorcia o espaço e o tempo cada vez mais, e ela ficou simplesmente parada a contemplar tudo o que tinha à sua frente.
– Gostas da tua surpresa? – Perguntou ele, observando a sua reacção.
– Onde é que estamos afinal?
– Numa igreja.
– Bem isso eu já vi, mas como…?
– É uma igreja privada. Estamos no meio de uma herdade e esta igreja pertence à herdade, mas já está desactivada há muito tempo. As estatuetas foram oferecidas e vendidas a coleccionadores, mas sobra este espaço que continua magnifico, pelo menos enquanto não acabar de se degradar por completo.
– E como é que tu…?
Ele simplesmente sorriu e olhou-a bem nos olhos.
– Ainda não me respondeste. Gostas?
Ela deixou-se ficar mais um pouco, embasbacada a olhar para todo aquele cenário montado para ela. Só depois respondeu:
– Adoro!
– Ainda bem. – Respondeu ele, agarrando-lhe a mão e levando-a ao longo do tapete encarnado em direcção ao altar.
Caminharam devagar ao longo da nave, com o tapete a abafar o som dos passos que ainda assim reverberavam nas pedras seculares. Cada vez mais os sentidos de ambos se distendiam no tempo, culpa daquele fumo espesso que invadia todo o espaço, e cada vez mais as sensações ficavam vívidas e vibrantes. O mero toque da pele enquanto ele a levava pelo braço, parecia lançar um formigueiro ao longo do corpo dela. A sensação de frio quando entrara desvanecia-se, e o seu lugar era ocupado por um conforto do espírito.
Chegaram junto do altar. Pararam, viraram-se um para o outro, ficando ambos de olhos fixos nos olhos, sem saberem sequer durante quanto tempo. Apenas numa atitude contemplativa e calma. Depois abraçaram-se finalmente, colaram os corpos, uniram os lábios num beijo que teve um sabor intemporal, as línguas a tocarem-se devagar, a procurarem-se, a darem-se…
Com uma calma de quem tinha todo o tempo do mundo ele começou a abrir o fecho do vestido e ao mesmo tempo que o fazia, acariciava-lhe as costas enviando sensações pelo corpo dela que se reflectiam na calma voraz do beijo onde estavam presos. Ele quebrou o beijo, contra a vontade dela, apenas para a libertar do vestido que caiu até ao chão, deixando-a apenas vestida com um fio dental e os saltos al- tos, o que lhe provocou um agradável arrepio na pele, voltando de- pois a colar os lábios aos dela e a perder-se na sensação de abraçar o seu corpo nu.
Ao fim de um tempo que pareceu imenso e ao mesmo tempo um instante fugaz, os lábios separaram-se. Ficaram abraçados de pé em frente ao altar, cabeças a repousar sobre o ombro um do outro. De- pois separaram-se finalmente. Ela olhou para ele com um ar inquiri- dor. Ele sorriu, deu-lhe a mão guiando-a e equilibrando-a para cima de um degrau que estava em frente ao altar. Depois de ela subir, fez-
-lhe descer o fio dental ao longo das pernas e ajudou-a a equilibrar-se, ora numa perna, ora noutra, enquanto lhe tirava a última e minúscula peça de roupa. Depois, agarrou-a pela cintura e sentou-a no altar.
Ela deixou-se guiar por ele enquanto, sem palavras, ele a levava ao centro daquela enorme pedra fria coberta de linho e pétalas de rosa, fazendo-a deitar-se em seguida, no centro da mesa.
Depois, sempre com uma calma que lhe fazia parecer a ela que ele se movia em câmara lenta, ata-lhe os pulsos e os tornozelos aos pés do altar com tiras de veludo “bordeaux” escuro.
Quando acabou de a atar, chegou-se perto do rosto dela, deu-lhe um suave beijo nos lábios e saiu por uma porta lateral ao altar…
Ela perdeu a noção do tempo, ali quieta num silêncio reverberante, inundada pelo fumo e o cheiro do cânhamo que queimava num incensário que estava um pouco além e abaixo de si, para que o fumo que se soltava subisse directamente na sua direcção, passando por si, inebriando-a, intensificando qualquer sensação, o contacto frio e veludoso das pétalas e do linho esfriado pela pedra, desorientando-a, a vontade de se querer mexer e estar constrangida, de movimentos limitados, exposta, em cima de uma pedra de altar em frente a um massivo altar-mor de talha dourada onde outrora estivera pendurada uma cruz, com os ouvidos preenchidos por um silêncio amplo, e de repente o simples ranger de uma porta dá significado a tudo aquilo, e ela volta-se e vê-o voltar com um habito de monge, cingido pela cintura por uns cordões largos, com uma taça dourada na mão, a representação do graal, da taça da ultima ceia, e aproxima-se dela com um ar sério, ela sorri e ele faz-lhe uma festa suave pelo rosto, passa-lhe a mão no cabelo com doçura, com ternura, põe-lhe a mão na nuca, ampara-lhe a cabeça, aproxima a taça, dá-lhe a beber e ela fá-lo sem hesitação provando uma textura algo amarga, estranha, que à medi- da que lhe desce da garganta provoca um calor que se espalha do centro do seu corpo para fora, fazendo-a aquecer, deixar de sentir a pedra fria, electrizar, uma sensação quente e suave que a faz mergulhar num estado de quase sono e ele retira a taça dos seus lábios e derrama parte do resto do conteúdo no seu peito que corre ao longo do seu corpo e que ele lambe devagar e delicadamente, cada pequena gota do liquido que ela vê finalmente, apercebendo-se da cor esverdeada, e compreende o sabor do absinto misturado com algo mais que ela não reconhece, e sente o corpo solto, leve, deixa de se sentir constrangida ou amarrada, simplesmente está, sentindo a espaços o liquido a fluir sobre a sua pele e o contacto da sua língua macia a retirar cada gota que escorre de si, e percebe o porquê da fada verde, mergulha num abandono e felicidade infinita, mas que bem longe ela consegue intuir que terminará, mas não importa, nada importa a não ser as sensações que sente, que lhe transmite a ele, que pousa a taça e a saboreia pedaço a pedaço, descendo ao longo do seu corpo, ocupando cada espaço, cada milímetro da sua pele, como se quisesses absorver a sua essência, o que ele faz, quando começa a beijar o interior das suas pernas subindo até às virilhas e começa pura e simplesmente a envolver o clítoris com a sua boca, com os seus lábios, sugando-a e provocando como que uma descarga eléctrica que sobe direita ao seu cérebro, fazendo com que o seu corpo se contorça num espasmo, uma sobrecarga de sensações e deixa de ouvir, deixa de ver, e sente apenas o continuado cheiro do cânhamo e sente o sabor do absinto ainda na sua boca, e nem sente o corpo, sente apenas um pulsar que sobe da sua vulva de uma forma tão intensa que quase se esquece de respirar, fazendo soltar o ar dos pulmões num grito intenso que clama pelo orgasmo que ainda não chegou e ela tem um lampejo de se perguntar como será quando for e deseja-o, quer, muito, com todas as suas fibras sentir o prazer supremo e o seu corpo acede, faz-lhe a vontade e ela vem-se entre espasmos, gritos que preenchem o espaço e parecem continuar a durar para sempre, e o seus sentidos despertam e sente-se, vê-se, sente-o, vê-o, sente o seu corpo, a sua boca a envolve-la, os suaves toques da língua no seu recanto mais secreto, ondas de choque que varrem o seu corpo umas atrás da outras e tudo desaparece por um instante, a mente apaga-se…
…e ilumina-se de novo, descendo do êxtase mas mantendo-se no limbo, e olha, e vê-o subir para cima do altar, em frente a si, às suas pernas abertas, à sua vulva pulsante de onde escorre todo o prazer que sentiu e continua a sentir, ficar de joelhos, e sobe o habito mostrando a sua erecção pulsante, e de seguida estende-se sobre ela, toca-a, não com as mãos, mas com o corpo, afaga-a, fá-la sentir o seu peso, sente o corpo em brasa, entregue ao prazer de ambos, roça o seu sexo no dela, comprime-se contra o seu clítoris arrancando-lhe mais gemidos de prazer e não aguentando mais a tortura que lhe faz, mas que é feita a ambos, começa a penetrá-la como que numa oferta ritual, deixando-se deslizar milímetro a milímetro, querendo que ela o sinta sem pressas, e sente-a a alargar enquanto vai alargando os seus músculos e os sente a pulsar em torno do seu membro, e sente o quanto ali, naquele momento, ela o quer, e dá-se para que ela sinta o quanto ele a quer, vais deslizando até as suas púbis se tocarem, até estar pleno dentro dela, e olha-a, observa-a, deixa-se estar assim dentro dela, ela geme, contorce-se debaixo dele como uma gata no cio, e depois começa a sair devagar, a sentir a textura dela na sua glande enquanto a puxa para fora, a sentir o seu sexo a sugá-lo, como que a querer puxá-lo novamente para dentro, sempre com uma lentidão agoniante para ambos, atrasando o orgasmo dela, atrasando o seu enquanto as gotas de suor lhe invadem o rosto e começam a pingar como gotas de chuva refrescante sobro o corpo dela, até ficar apenas com a glande dentro dela, ondulando as ancas devagar para provocar um ligeiro vai-vém que lhe estimula o ponto G, que a deixa louca de tesão e ele sente-a, mais do que isso, sabe-a naquele momento, e ambos se olham nos olhos, sabem-se um do outro para além de qualquer dúvida e com isto ele penetra-a fundo, forte, de uma forma quase brutal, quase animalesca, ela grita, sente-o a invadi-la, quer-se invadida, tomada por ele, oferece-se, vê o esgar de prazer no seu rosto enquanto ele sente a corrente eléctrica que lhe percorre o corpo, que ele sabe que ambos sentem enquanto se entregam a um orgasmo pleno de sensações que parecem ir além do espaço onde estão e, inebriados, desfalecem os dois em cima do altar, como uma oferenda, como que detentores de um sacro ofício, livres…
Published on February 23, 2015 08:39
February 22, 2015
A linha que Deus fez
A linha que Deus fez from Ulisses L on Vimeo.
Lembram-se de eu falar de uma música que era para ter concorrido ao Festival RTP da Canção, mas que não pôde?
Está aqui :)
Lembram-se de eu falar de uma música que era para ter concorrido ao Festival RTP da Canção, mas que não pôde?
Está aqui :)
Published on February 22, 2015 06:20
February 20, 2015
Desde que me conheço…
…que tenha achado uma chatice o facto de ter uma consciência.
É que não é por nada, mas é uma coisa que, pensando bem, nem me fazia falta e houve já muitas vezes em que me chateei com ela, sempre a dar palpites sobre isto e aquilo.
Não me fazendo falta, já houve também alturas em que me quis desfazer dela, mas descobri que é coisa que ninguém quer, uns porque já têm a sua e outros porque não têm nem querem, e eu não tive coragem de a descartar sem mais nem menos, como se fosse um cachorro giro quando era pequenito mas que perdeu a piada quando roeu o sofá da sala que custou uma pipa de massa.
E assim sendo fui ficando com ela, numa relação que nem sempre é linear, sendo que muitas vezes a sacana só me dá descanso quando eu acabo por sair prejudicado de alguma situação. É verdade que frequentemente ela me rói o tal sofá da sala, eu zango-me e dou-lhe uma sova com papel de jornal, mas depois gosto demasiado dela para a deixar ao Deus dará.
Nos últimos tempos esta sacana, seja porque motivo for, tem-me posto diante da minha coerência. E tem feito isso de uma forma subtil, sobretudo através das noticias que me chegam do mundo que me rodeia.
Gosto de me ver de uma determinada maneira. Creio que qualquer um de nós gosta de se ver de uma determinada maneira. Basta passar um bocadinho no Facebook ou noutra rede social qualquer para percebermos que não há más pessoas no mundo. Simplesmente não há! Ou então nenhuma dessas más pessoas frequenta redes sociais. Todos as pessoas são queriduxas e fofinhas, todas defendem os direitos dos animais, todos se sentem solidários quando, por exemplo, há um atentado terrorista algures e mudam as suas fotos de perfil em solidariedade, todos partilhamos pensamentos de paz e amora, frases que reflectem valores de tolerância e compreensão…
Mas a verdade absoluta é que todos somos intolerantes a qualquer coisa. Alias, basta ter pressa e estar encravados no transito por um burgesso qualquer que não tem mais nada que fazer e a nossa tolerância acaba.
Nenhum de nós se acha fundamentalista, mas há sempre áreas que para nós são intocáveis, coisas com as quais não se deve brincar ou mencionar de animo leve…
…e os fundamentalismos não se deixam ficar pelas religiões.
Por exemplo, se eu afirmar que não gosto de Futebol, não vem mal ao mundo. Se eu afirmar que não gosto do Benfica tenho uma data de gente a insultar-me. Se eu disser que se pudesse extinguia o Benfica sou capaz de ter algumas ameaças de morte dos mais empedernidos fanáticos. Muitos deles, muito provavelmente, insurgir-se-iam contra um atentado de um grupo radical qualquer em nome de uma religião mas acham valido dar porrada noutro gajo só porque o clube de futebol é outro…
…e nem põem a mão na consciência, essa danada, para perceberem que, na realidade, são tal e qual os outros gajos, apenas divergem na religião…
…ou como o outro no facebook que mudou a sua foto de perfil para o “je suis Charlie” e ameaçou um gajo qualquer que fez uma piada de mau gosto sobre pedofilia…
…sem perceber sequer a incongruência do que fazia!
Acho que aquilo que falta mesmo, no mundo, é a coerência.
Não se pode pertencer a uma religião que defende a vida e matar em nome dessa religião. Não se pode ser budista e defender uma corrida ao armamento. Não se pode ser cristão e racista. Não se pode defender a liberdade e defender que esta seja suprimida aos que pensam de uma maneira diferente.
Mas há uma coisa que a minha consciência, à força desta confrontação com a minha coerência, me tem ensinado:
-Preocupa-te contigo, com a maneira como ages, com a maneira como te relacionas com o mundo, trata bem quem te tratar bem e ignora quem te tratar mal. Tenta ser a pessoa que achas que deverias ser, o que só por si é desde logo uma tarefa complicada. O resto…
…como diria a Rita Guerra, “são pormenores sem a mínima importância”
(Já agora esclareço que o nome do Benfica é só usado a nível de exemplo uma vez que é, alegadamente, o maior clube português. Tenho tanto a favor do mesmo como contra, ou seja, nada!)
Published on February 20, 2015 05:45