Denise Bottmann's Blog, page 38
June 11, 2014
luto
Published on June 11, 2014 19:25
May 27, 2014
May 25, 2014
os tomates e a feira
o falecimento de garcía márquez trouxe em sua esteira vários comentários sobre a tradução de sua obra no brasil (inclusive um dele mesmo, coisa penosa, que comentei outro dia aqui).
o interessante - e enriquecedor, sem dúvida, mas também curioso, ao mesmo tempo - é a percepção que parece emanar difusamente de vários comentários: como se tradução fosse uma espécie de pinga-pinga, algo no varejo, que se pega como um tomate na feira e se examina para ver se tem uma pintinha aqui, uma pintinha ali, que se aperta para ver se está firme ou molengato, e assim por diante.
por ocasião da morte de garcía márquez, nas dezenas de comentários nas redes sociais sobre suas obras no brasil, senti falta de uma noção mais "conteudística", mais viva e dinâmica do que é essa coisa chamada tradução. tradução NÃO é o tomate na feira; se for para manter a metáfora, tradução é A FEIRA.
entre outras coisas, tradução é, como diz saramago, o que torna internacional uma literatura nacional; outra coisa que tradução também é, é agente formador de cultura, cultura daquela língua ou país que acolhe e processa em seu interior elementos de outra cultura.
nesse sentido, e voltando a garcía márquez, se um tradutor seu tropeça num gallinazo e acha que é uma galinha, outro se engasga com uma astromélia da qual nunca ouviu falar e imagina que é uma flor inventada pelo autor, e assim por diante, tudo isso pode nos fazer enrubescer ou gargalhar, pode servir de mote para deboche por parte de alguns mais impacientes, seja o que for, mas não passa de uma baciada (ou de simples punhado) de meros faits-divers.
não quero diminuir de maneira nenhuma a importância de apontar erros, lapsos, falhas de tradução em geral para o aprimoramento constante e a consolidação de uma maior sensibilidade do ofício perante o original - quem me conhece, sabe bem qual é meu ponto de vista a respeito.
mas, numa ocasião dessas, tão propícia a uma espécie de avaliação ou balanço do vulto literário de garcía márquez, muito mais interessante, a meu ver, seria procurar entender de maneira mais ampla e mais concreta sua presença no brasil por intermédio da tradução: não se deter na pintinha do tomate, mas enxergar o movimento da feira.
sobre as traduções de garcía márquez no brasil, veja aqui.
o interessante - e enriquecedor, sem dúvida, mas também curioso, ao mesmo tempo - é a percepção que parece emanar difusamente de vários comentários: como se tradução fosse uma espécie de pinga-pinga, algo no varejo, que se pega como um tomate na feira e se examina para ver se tem uma pintinha aqui, uma pintinha ali, que se aperta para ver se está firme ou molengato, e assim por diante.
por ocasião da morte de garcía márquez, nas dezenas de comentários nas redes sociais sobre suas obras no brasil, senti falta de uma noção mais "conteudística", mais viva e dinâmica do que é essa coisa chamada tradução. tradução NÃO é o tomate na feira; se for para manter a metáfora, tradução é A FEIRA.
entre outras coisas, tradução é, como diz saramago, o que torna internacional uma literatura nacional; outra coisa que tradução também é, é agente formador de cultura, cultura daquela língua ou país que acolhe e processa em seu interior elementos de outra cultura.
nesse sentido, e voltando a garcía márquez, se um tradutor seu tropeça num gallinazo e acha que é uma galinha, outro se engasga com uma astromélia da qual nunca ouviu falar e imagina que é uma flor inventada pelo autor, e assim por diante, tudo isso pode nos fazer enrubescer ou gargalhar, pode servir de mote para deboche por parte de alguns mais impacientes, seja o que for, mas não passa de uma baciada (ou de simples punhado) de meros faits-divers.
não quero diminuir de maneira nenhuma a importância de apontar erros, lapsos, falhas de tradução em geral para o aprimoramento constante e a consolidação de uma maior sensibilidade do ofício perante o original - quem me conhece, sabe bem qual é meu ponto de vista a respeito.
mas, numa ocasião dessas, tão propícia a uma espécie de avaliação ou balanço do vulto literário de garcía márquez, muito mais interessante, a meu ver, seria procurar entender de maneira mais ampla e mais concreta sua presença no brasil por intermédio da tradução: não se deter na pintinha do tomate, mas enxergar o movimento da feira.
sobre as traduções de garcía márquez no brasil, veja aqui.
Published on May 25, 2014 18:37
drummond em ritmo de tradução II
outra bela contribuição de emmanuel santiago - drummond e o ofício de tradução:
SONETOS HEREDIANOS
II
A concha de Heredia encanta e contagia
o brasílio Parnaso. O verbo alexandrino
reluz em facho de ouro, e a noite se faz dia
por artes do cantor e seu sabor ladino.
Ingrato, o nosso idioma, e por isso mais fino
o triunfo verbal que ao público extasia:
vulva 'frêle et navrée', num lance cristalino,
expõe-se, esplendorosa, em sua plena magia.
Palmas ao tradutor, esforçado xavante,
guarani culto e sábio ou famoso tupi,
mestre no deglutir, em quarteto e terceto,
o sol, o sal, a cor que iguais eu nunca vi,
embora nosso herói se confesse ofegante,
depois de haver parido um alheio soneto.
ANDRADE, Carlos Drummond. In: "Amar se aprende amando"
SONETOS HEREDIANOS
II
A concha de Heredia encanta e contagia
o brasílio Parnaso. O verbo alexandrino
reluz em facho de ouro, e a noite se faz dia
por artes do cantor e seu sabor ladino.
Ingrato, o nosso idioma, e por isso mais fino
o triunfo verbal que ao público extasia:
vulva 'frêle et navrée', num lance cristalino,
expõe-se, esplendorosa, em sua plena magia.
Palmas ao tradutor, esforçado xavante,
guarani culto e sábio ou famoso tupi,
mestre no deglutir, em quarteto e terceto,
o sol, o sal, a cor que iguais eu nunca vi,
embora nosso herói se confesse ofegante,
depois de haver parido um alheio soneto.
ANDRADE, Carlos Drummond. In: "Amar se aprende amando"
Published on May 25, 2014 14:31
drummond em ritmo de tradução I
bela contribuição de emmanuel santiago - poema de drummond descrevendo o ofício:
SONETOS HEREDIANOS
I
Era bom traduzir os sonetos de Herédia
a poder de martelo, altas horas da noite.
No suplício da forma um sabor de comédia
testará o animal que na treva se acoite.
O desfecho (in)feliz envolve-se na média
de galas esmagadas. Qualquer um que se afoite
nos meandros do 'mot' há de soltar as rédeas
ao cavalo interior, carente de pernoite.
A língua, inda sangrando em cacos de palavras
que jamais tornarão à virtude primeira,
pergunta (ou quase que), após servido o chá.
E o bardo, recalcando aporias escravas,
silente se recolhe à furna derradeira.
Ninguém que me responda: Herédia ou Herediá?
ANDRADE, Carlos Drummond de. In: "Amar se aprende amando"
SONETOS HEREDIANOS
I
Era bom traduzir os sonetos de Herédia
a poder de martelo, altas horas da noite.
No suplício da forma um sabor de comédia
testará o animal que na treva se acoite.
O desfecho (in)feliz envolve-se na média
de galas esmagadas. Qualquer um que se afoite
nos meandros do 'mot' há de soltar as rédeas
ao cavalo interior, carente de pernoite.
A língua, inda sangrando em cacos de palavras
que jamais tornarão à virtude primeira,
pergunta (ou quase que), após servido o chá.
E o bardo, recalcando aporias escravas,
silente se recolhe à furna derradeira.
Ninguém que me responda: Herédia ou Herediá?
ANDRADE, Carlos Drummond de. In: "Amar se aprende amando"
Published on May 25, 2014 14:30
pierre louÿs no brasil
aphrodite foi a primeira obra de pierre louÿs a ser publicada no brasil, em tradução de elias davidovitch - tradutor de tão grande importância em nossa história bibliográfico-cultural e o amiguinho de leôncio basbaum que o levou às sendas tradutórias, como comentávamos há pouco, aqui.
o romance saiu pela editora americana em 1931:
a tradução de davidovitch será reeditada pela ediouro a partir dos anos 1990, com o subtítulo de romance de costumes antigos.
o romance saiu pela editora americana em 1931:
a tradução de davidovitch será reeditada pela ediouro a partir dos anos 1990, com o subtítulo de romance de costumes antigos.
Published on May 25, 2014 14:07
elias davidovitch II
segue uma listagem (incompleta) das traduções de elias davidovitch, disponível na wiki, aqui (fiz alguns acréscimos entre colchetes, assinalando db):
Traduções[editar | editar código-fonte]Afrodite (Aphrodite), de Pierre Louÿs, Ediouro, 1991. [na verdade, sai com o título aphrodite em 1931, pela editora americana - db]Uma Vida, Guy de Maupassant, Coleção Clássicos de Bolso, Ediouro Publicações. idem, americana, 1931 - db]Fernão de Magalhães: história da primeira circumnavegação, Stefan Zweig. Editora Guanabara, 1938/ Editora Delta, 1956 (Obras completas de Stefan Zweig, volume 11, tomo XI)Freud e Tolstoi, Stefan Zweig. Editora Guanabara Koogan, 1935.Obras completas de Sigmund Freud, Editora Delta.Galeria Delta de Pintura Universal, Marco Valsecchi (diretor). Rio de Janeiro: Editora Delta, 1974,August Forel: Memórias. Biografia. Porto Alegre: Globo, 1985.Rudin (Rudin), Ivan Turgueniev [Flores e Mano, 1932 - db]A Luta pela paz, Golda Meir. Editora Delta, 1965.Manon, Abade Prévost. Rio: Coleção Benjamim Costallat, 1934.Três paixões, Stefan Zweig; tradução de Odilon Gallotti & Elias Davidovich. Porto: Livraria Civilização. Editora Delta (Obras completas de Stefan Zweig, volume 5, tomo XVI) [Guanabara, 1942, db]Crime e Castigo, de Fiódor Dostoiévski. Trad. revista por Elias Davidovitch. Rio de Janeiro, Guanabara, 1936.Ensaio sobre o burguês, de Fiódor Dostoiévski. Rio de Janeiro, Pongetti, s/d.Os pobres diabos, de Fiódor Dostoievski. Rio de Janeiro, Flores e Mano, 1932.O tyrano, de Fiódor Dostoiévski. Ed. Americana (Calvino Filho), 1933. Reeditado como "O Vilarejo". São Paulo: Global Editora, 1984, Coleção Magias.Caleidoscópio, Stefan Zweig. Editora Delta (Obras completas de Stefan Zweig, volume 6, tomo VI)O Momento Supremo, Stefan Zweig. (Trad. de Medeiros e Albuquerque, Odilon Gallotti e Elias Davidovich). Editora Delta (Obras completas de Stefan Zweig, volume 13, tomo XIII)Jeremias, Stefan Zweig. Editora Delta (Obras completas de Stefan Zweig, volume 16, tomo XX)O Talmud essencial, Adin Steinsaltz, Editora A. Koogan, 1989Os Vegetarianos do Amor (I vegetariani dell'amore), Dino Segri Pitigrilli. Rio de Janeiro: Arturo Vecchi & Freitas Bastos, 1932.A casa de Rothschild, Egon Conte Corti. Rio de Janeiro: Editôra Vecchi, 1948, Coleção Vidas Extraordinárias.Ultraje ao pudor (Oltraggio al pudore), Dino Segri Pitigrilli. Rio de Janeiro: Arturo Vecchi & Freitas Bastos, 1930.Ofício de marido (Il mestiere di marito), Lúcio D’Ambra. Rio de Janeiro: Editora Vecchi, 1939. Coleção Romances, trilogia “Os Romances da Vida a Dois”, nº 1.Profissão de Esposa (La professione di moglie), Lúcio D’Ambra. Rio de Janeiro: Editora Vecchi, 1940. Coleção Romances, trilogia “Os Romances da Vida a Dois”, nº 2.Accuso! (J’accuse), Emile Zola. Calvino Filho, editor. 1934.Casamento Secreto, Dyvonne, Editora Americana, 1930, Coleção Biblioteca Feminina.A Sarracena (La Sarrasine), de Germaine Acremant, volume 161 da Coleção Biblioteca das Moças, da Companhia Editora Nacional. Apenas uma edição, em 1956 .Diagnóstico fisico (Physical diagnosis), Richard Clarke Cabot & F. Denette Adams. Guanabara, 1943.Penicilinoterapia (Penicillin therapy), John Albert Kolmer. Gertum Carneiro, 1945. Pref. Raymundo Moniz de Aragio.Novas confissões de um médico de senhoras (The bond between us; the third component), Frederic Morris Loomis. Editora Globo, 1944.Minha vida e meus amores (My life and loves), Frank Harris. Meridiano, 1943.Duplo assassinato na Rua Morgue, Edgar Allan Poe. Guanabara, s.d.
veja também um interessantíssimo depoimento de elias davidovitch aqui.
Traduções[editar | editar código-fonte]Afrodite (Aphrodite), de Pierre Louÿs, Ediouro, 1991. [na verdade, sai com o título aphrodite em 1931, pela editora americana - db]Uma Vida, Guy de Maupassant, Coleção Clássicos de Bolso, Ediouro Publicações. idem, americana, 1931 - db]Fernão de Magalhães: história da primeira circumnavegação, Stefan Zweig. Editora Guanabara, 1938/ Editora Delta, 1956 (Obras completas de Stefan Zweig, volume 11, tomo XI)Freud e Tolstoi, Stefan Zweig. Editora Guanabara Koogan, 1935.Obras completas de Sigmund Freud, Editora Delta.Galeria Delta de Pintura Universal, Marco Valsecchi (diretor). Rio de Janeiro: Editora Delta, 1974,August Forel: Memórias. Biografia. Porto Alegre: Globo, 1985.Rudin (Rudin), Ivan Turgueniev [Flores e Mano, 1932 - db]A Luta pela paz, Golda Meir. Editora Delta, 1965.Manon, Abade Prévost. Rio: Coleção Benjamim Costallat, 1934.Três paixões, Stefan Zweig; tradução de Odilon Gallotti & Elias Davidovich. Porto: Livraria Civilização. Editora Delta (Obras completas de Stefan Zweig, volume 5, tomo XVI) [Guanabara, 1942, db]Crime e Castigo, de Fiódor Dostoiévski. Trad. revista por Elias Davidovitch. Rio de Janeiro, Guanabara, 1936.Ensaio sobre o burguês, de Fiódor Dostoiévski. Rio de Janeiro, Pongetti, s/d.Os pobres diabos, de Fiódor Dostoievski. Rio de Janeiro, Flores e Mano, 1932.O tyrano, de Fiódor Dostoiévski. Ed. Americana (Calvino Filho), 1933. Reeditado como "O Vilarejo". São Paulo: Global Editora, 1984, Coleção Magias.Caleidoscópio, Stefan Zweig. Editora Delta (Obras completas de Stefan Zweig, volume 6, tomo VI)O Momento Supremo, Stefan Zweig. (Trad. de Medeiros e Albuquerque, Odilon Gallotti e Elias Davidovich). Editora Delta (Obras completas de Stefan Zweig, volume 13, tomo XIII)Jeremias, Stefan Zweig. Editora Delta (Obras completas de Stefan Zweig, volume 16, tomo XX)O Talmud essencial, Adin Steinsaltz, Editora A. Koogan, 1989Os Vegetarianos do Amor (I vegetariani dell'amore), Dino Segri Pitigrilli. Rio de Janeiro: Arturo Vecchi & Freitas Bastos, 1932.A casa de Rothschild, Egon Conte Corti. Rio de Janeiro: Editôra Vecchi, 1948, Coleção Vidas Extraordinárias.Ultraje ao pudor (Oltraggio al pudore), Dino Segri Pitigrilli. Rio de Janeiro: Arturo Vecchi & Freitas Bastos, 1930.Ofício de marido (Il mestiere di marito), Lúcio D’Ambra. Rio de Janeiro: Editora Vecchi, 1939. Coleção Romances, trilogia “Os Romances da Vida a Dois”, nº 1.Profissão de Esposa (La professione di moglie), Lúcio D’Ambra. Rio de Janeiro: Editora Vecchi, 1940. Coleção Romances, trilogia “Os Romances da Vida a Dois”, nº 2.Accuso! (J’accuse), Emile Zola. Calvino Filho, editor. 1934.Casamento Secreto, Dyvonne, Editora Americana, 1930, Coleção Biblioteca Feminina.A Sarracena (La Sarrasine), de Germaine Acremant, volume 161 da Coleção Biblioteca das Moças, da Companhia Editora Nacional. Apenas uma edição, em 1956 .Diagnóstico fisico (Physical diagnosis), Richard Clarke Cabot & F. Denette Adams. Guanabara, 1943.Penicilinoterapia (Penicillin therapy), John Albert Kolmer. Gertum Carneiro, 1945. Pref. Raymundo Moniz de Aragio.Novas confissões de um médico de senhoras (The bond between us; the third component), Frederic Morris Loomis. Editora Globo, 1944.Minha vida e meus amores (My life and loves), Frank Harris. Meridiano, 1943.Duplo assassinato na Rua Morgue, Edgar Allan Poe. Guanabara, s.d.
veja também um interessantíssimo depoimento de elias davidovitch aqui.
Published on May 25, 2014 13:48
dostoiévski e seu misterioso tradutor "raul rizinsky": uma hipótese
há um artigo muito interessante de dennys silva-reis sobre "O romance hugoano L'homme qui rit: estudo crítico, tradução e retradução para o português brasileiro", disponível aqui.
chamou-me a atenção um trecho, transcrito no artigo, das memórias de leôncio basbaum:
já aqui eu comentava: "diga-se de passagem que aquele 'raul rizinsky' d'os irmãos karamazoff, pela americana, edição de bolso em papel jornal que saiu em 1931, parece irmão gêmeo do 'ivan petrovitch' da mesma americana, em 1930!" o trecho acima parece indicar que, de fato, aquele implausibilíssimo "raul rizinsky" seria um pseudônimo usado por ele, em sua primeira tradução para a editora americana.
visto que não se encontra nenhuma notícia de alguma edição de os irmãos karamazov publicada diretamente pela guanabara, sinto-me fortemente tentada a crer que a discrepância na referência ao nome da editora (americana, e não guanabara) se deve ao fato de que o catálogo literário da editora americana passou, em 1931, para a waissman, reis & cia., a qual por sua vez, a partir de 1934, passa a responder pelo nome de guanabara (e também guanabara koogan). essa hipótese é reforçada também pelo fato de que elias davidovitch, o amigo e companheiro citado por leôncio basbaum, desde 1930 fazia traduções para a americana, bem como para a posterior guanabara. em resumo, suponho que leôncio basbaum, em suas memórias, referiu-se à americana pelo nome que, entre uma e outra fusão editorial, ela veio a adotar poucos anos depois e que mantém até a data de hoje.
devo a imagem da página de rosto à gentileza de alex quintas de souza.
chamou-me a atenção um trecho, transcrito no artigo, das memórias de leôncio basbaum:
já aqui eu comentava: "diga-se de passagem que aquele 'raul rizinsky' d'os irmãos karamazoff, pela americana, edição de bolso em papel jornal que saiu em 1931, parece irmão gêmeo do 'ivan petrovitch' da mesma americana, em 1930!" o trecho acima parece indicar que, de fato, aquele implausibilíssimo "raul rizinsky" seria um pseudônimo usado por ele, em sua primeira tradução para a editora americana.
visto que não se encontra nenhuma notícia de alguma edição de os irmãos karamazov publicada diretamente pela guanabara, sinto-me fortemente tentada a crer que a discrepância na referência ao nome da editora (americana, e não guanabara) se deve ao fato de que o catálogo literário da editora americana passou, em 1931, para a waissman, reis & cia., a qual por sua vez, a partir de 1934, passa a responder pelo nome de guanabara (e também guanabara koogan). essa hipótese é reforçada também pelo fato de que elias davidovitch, o amigo e companheiro citado por leôncio basbaum, desde 1930 fazia traduções para a americana, bem como para a posterior guanabara. em resumo, suponho que leôncio basbaum, em suas memórias, referiu-se à americana pelo nome que, entre uma e outra fusão editorial, ela veio a adotar poucos anos depois e que mantém até a data de hoje.
devo a imagem da página de rosto à gentileza de alex quintas de souza.
Published on May 25, 2014 12:08
May 24, 2014
o i.p.e.
o instituto progresso editorial (ipe) foi uma efêmera editora que começou em grande estilo em 1947, mas em 1949 pediu falência e encerrou suas atividades. era capitaneado por francisco matarazzo sobrinho, rodolfo crespi e outros grandes empresários ligados à colônia italiana em são paulo. tem-se um bom apanhado do projeto do ipe em são paulo no segundo pós-guerra: imprensa, mercado editorial e o campo da cultura na cidade, artigo de juliana neves disponível aqui.
cita a pesquisadora: "Fausto de Goethe (trad. Jenny Klabin Segall) e uma série de poesia francesa, na língua original, intitulada Collection des poetes maudits, composta, entre outros, pelo livro Les fleurs du mal de Charles Baudelaire, Paul Verlaine e Rimbaud. Do universo de autores internacionais contemporâneos da época, o IPE difundiu muitas obras como, por exemplo, O zero e o infinito de Arthur Koestler (trad. Domingos Mascarenhas); O muro (trad. H. Alcântara Silveira) e A idade da razão (trad. Sergio Milliet) de Jean Paul Sartre; Santuário de William Faulkner (trad. Ligia Junqueira Smith); Os velhos e os moços de Luigi Pirandello (trad. José Geraldo Vieira); Leviatã de Julien Green (trad. Almeida Salles). Trótski. Sociologia e psicanálise, de Roger Bastide".
acrescentem-se Materialismo histórico e economia marxista de Benedetto Croce (trad. Luis Washington); Florestan Fernandes, Organização social dos Tupinambá; História da literatura italiana, das origens até nossos dias de Attilio Momigliano. No ano de 1947 foram editados 36 títulos; em 1948, 35; e em 1949, 27.
cita a pesquisadora: "Fausto de Goethe (trad. Jenny Klabin Segall) e uma série de poesia francesa, na língua original, intitulada Collection des poetes maudits, composta, entre outros, pelo livro Les fleurs du mal de Charles Baudelaire, Paul Verlaine e Rimbaud. Do universo de autores internacionais contemporâneos da época, o IPE difundiu muitas obras como, por exemplo, O zero e o infinito de Arthur Koestler (trad. Domingos Mascarenhas); O muro (trad. H. Alcântara Silveira) e A idade da razão (trad. Sergio Milliet) de Jean Paul Sartre; Santuário de William Faulkner (trad. Ligia Junqueira Smith); Os velhos e os moços de Luigi Pirandello (trad. José Geraldo Vieira); Leviatã de Julien Green (trad. Almeida Salles). Trótski. Sociologia e psicanálise, de Roger Bastide".
acrescentem-se Materialismo histórico e economia marxista de Benedetto Croce (trad. Luis Washington); Florestan Fernandes, Organização social dos Tupinambá; História da literatura italiana, das origens até nossos dias de Attilio Momigliano. No ano de 1947 foram editados 36 títulos; em 1948, 35; e em 1949, 27.
Published on May 24, 2014 15:34
artigo sobre tradução e memória cultural
"a tradução como traço da memória cultural", um artigo meu, publicado em 2013 na revista continente, do qual apenas recentemente tomei conhecimento, disponível aqui.
Published on May 24, 2014 15:22
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