Cristina Torrão's Blog, page 60

March 14, 2016

A Citação da Semana (104)

«Sonhar acordado é como uma prenda: pausa para o cérebro e fonte inesgotável de esperança».



Paul Wilson




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Published on March 14, 2016 03:55

March 11, 2016

As vilas a leste do Guadiana

11 de Março é uma data simbólica da nossa história recente, mas também o foi há 735 anos!



A 11 de Março de 1281,
o rei Afonso X de Leão e Castela concedeu terras e igrejas aos
Hospitalários, a título de escambo, para os compensar da perda de Moura,
Serpa, Noudar e Mourão. O rei castelhano pretendia doar estes lugares e
vilas à filha Dona Beatriz, rainha viúva de Portugal. Dona Beatriz
tinha-se refugiado na corte castelhana por desentendimentos com o filho
Dom Dinis, depois de enviuvar.







Imagem de Dom Dinis, publicada na História Universal da Literatura Portuguesa (2006)



Depois de aguardar uns momentos, Dinis inquiriu:

- As vilas de Moura, Serpa, Noudar e Mourão continuam em vosso poder, não é verdade?

-
Sim, com todos os seus termos, castelos, rendas e direitos. Foi essa a
recompensa de vosso avô, por eu lhe ter prestado assistência.

- Presumo então que nada tereis contra o facto de integrá-las no reino de Portugal!

Beatriz
fixou-o pensativa e, assim pareceu a Dinis, um pouco acusadora. Na
verdade, o rei receava que ela dissesse que ele não merecia tal, por ter
abandonado o avô. Mas ela acabou por retorquir:

- Longe de mim contrariar vosso pai nessa questão.

- Meu pai?!

- Fosse ele vivo, não tenho a menor dúvida qual seria a sua vontade!

Para
Dinis, aquela era uma vitória de sabor amargo. Sua mãe concordava em
alargar a fronteira portuguesa para leste do Guadiana, mas, pelos
vistos, não porque ele merecesse, ou por ela lhe querer dar esse gosto.
Beatriz acrescentou:

-
Além disso, não está apenas em causa a vossa herança. - Prosseguiu, com
um esboço de sorriso: - O reino pertencerá um dia ao vosso herdeiro,
meu neto. Essa é a razão mais forte para o meu regresso: pretendo
acompanhar a educação e o crescimento dos infantes.



Foi
graças a esta herança de sua mãe, que Dom Dinis pôde alargar a
fronteira portuguesa para leste do Guadiana, alargamento que ficou
estipulado no Tratado de Alcañices, a 12 de Setembro de 1297.



O meu romance sobre Dom Dinis pode ser adquirido na LeyaOnline por 6,99 € (clique). Também na Wook.pt .






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Published on March 11, 2016 03:15

March 10, 2016

O Trigo dos Pardais













Este livro de Isabel Maria Fidalgo Mateus faz parte do Plano
Nacional de Leitura. Não faço ideia se é muito usado nas escolas, mas, na minha
opinião, deveria ser. Num tempo em que as crianças mal brincam na Natureza,
pois os ecrãs preenchem a sua vida, este livro de contos liga-nos a um outro
tempo e a um outro espaço, para nos pôr em contacto com brincadeiras e vidas
(transmontanas) esquecidas.




Cada conto é dedicado a uma brincadeira - o espeta, o saltar
à corda, as escondidas, o lencinho, o anelzinho, o peão, a fisga, a cabra-cega
-, enquadrando-se essa brincadeira num enredo, que tanto pode ser alegre, como
triste, mas que ensina sempre algo. Cada conto é um bom pretexto para reviver
esses jogos antigos com os alunos, ou com os filhos, e ao mesmo tempo discutir
a história que lhe serve de cenário e que nos mostra que a mentira não
compensa, ou que os nossos sonhos nem sempre se realizam, ou que a família e os
amigos são o mais importante, ou que muitos dos nossos atos têm consequências
surpreendentes, algumas desagradáveis.




Tudo isso faz parte da vida e devia fazer parte da
aprendizagem das crianças, porque os jogos de computador ou os contactos nas
redes sociais da internet podem
entreter, mas não nos dão o contacto corporal: o dar a mão, o construir alguma
coisa em equipa, o desenvolver de competências físicas e psicológicas.




Um livro importante contra o esquecimento.





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Published on March 10, 2016 03:17

March 9, 2016

Cantiga de Amigo de Dom Dinis (com excerto do romance)







Ao som dos alaúdes, Pêro Anes Coelho entoou os primeiros versos da
cantiga de autoria de Dinis, em que informava a amada do seu amigo que
este andava tão triste, que já quase não podia falar:
      
    O voss’ amig’, amiga, vi andar
    tam coitado que nunca lhi vi par,
    que adur mi podia já falar,

Os
outros dois trovadores juntaram-se-lhe no refrão, em que o apaixonado
arranjava forças para suplicar que fossem rogar à amada que tivesse
mercê dele:

    pero quando me viu disse-m’ assi:
    «Ai, senhor, id’ a mia senhor rogar
    por Deus que haja mercee de mi.»

Era
um poema em jeito de recado. A corte e os convidados seguiam encantados
como Pêro Anes Coelho anunciava que o coitado perdera o juízo e o
ânimo:

    El andava trist’ e mui sem sabor,
    como quem é tam coitado d’ amor
    e perdudo o sem e a color,

E, de novo, se lhe juntaram os outros no refrão:

    pero quando me viu disse-m’ assi:
    «Ai, senhor, id’ a mia senhor rogar
    por Deus que haja mercee de mi.»

Embora descrevesse um sofrimento, a cantiga possuía uma melodia leve e muito ritmo, na mudança entre o solista e o refrão.

    El, amiga, achei eu andar tal
    como morto, ca é descomunal
    o mal que sofr’ e a coita mortal,
    pero quando me viu disse-m’ assi:
    «Ai, senhor, id’ a mia senhor rogar
    por Deus que haja mercee de mi.»





Nota:
Todas as Cantigas de Amigo transcritas no meu romance são originais de
Dom Dinis, embora seja fictício o contexto em que são inseridas.



O romance pode ser adquirido na Leya Online e na Wook .


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Published on March 09, 2016 03:01

March 7, 2016

Cerco a Coimbra

A 7 de Março de 1322, Dom Dinis cercou a cidade de
Coimbra, que havia caído nas mãos de seu filho a 31 de Dezembro de
1321. O reino português encontrava-se em plena guerra civil, entre Dom
Dinis e o seu herdeiro, futuro Dom Afonso IV, uma guerra que tanto
desgastou o rei, que bem pode ter acelerado a sua morte.



O
infante Dom Afonso encontrava-se em Guimarães, mas, ao saber que o pai
cercara Coimbra, apressou-se a ir ao seu encontro. Também Dona Isabel
para lá foi, deixando o seu desterro em Alenquer, ordenado pelo
próprio Dom Dinis, que a acusava de pactuar com o filho.



Como
se vê, havia um grande drama familiar por trás da guerra civil que
dilacerou o reino português no início do século XIV, o que não deixa de
ser estranho, tendo em conta os protagonistas: um rei culto, justo e
amigo do povo; uma rainha exemplar, que foi canonizada; o filho dos
dois!





Pormenor da estátua de D. Dinis em Coimbra



Vendo
a derrota à frente, Dinis considerou ser Isabel a sua última esperança.
Pediu para conferenciar com ela e pediu-lhe desesperado:

- Suplico-vos que guiseis estabelecer a paz sem que haja vencedor nem derrotado!

Isabel olhou-o amargurada:

- Pedis-me o impossível!

Dinis aproximou-se dela e, pegando-lhe nas mãos, insistiu:

- Intercedei junto de Deus! Diz-se que já fizestes milagres… Não o podereis tornar a fazer?

A rainha engoliu em seco e replicou:

-
A graça de fazer milagres só é concedida quando Deus assim o entende,
não depende da minha vontade. Sou um mero instrumento nas Suas mãos.

- Quereis dizer que nada podeis fazer por mim?

O
seu desespero mortificava-a. O rei raramente lhe vira o rosto tão
dilacerado pelo sofrimento e, num impulso, beijou-lhe as mãos. Ela
fechou os olhos por um momento e quando os abriu, disse:

-
Darei o meu melhor! Mas haverei mister de auxílio, de um mediador, a
quem Afonso dê realmente ouvidos. E não me ocorre mais ninguém tão
adequado como o conde de Barcelos!

Dinis
estremeceu perante a menção daquele seu bastardo que ele destituíra do
cargo de alferes-mor e da maior parte das suas rendas, obrigando-o ao
exílio. Até àquele momento, considerara-o um traidor. Agora, deu consigo
a perguntar:

- Pensais que ele consentirá em falar comigo?

- Com certeza. Pedro Afonso é uma alma gentil, que não guarda rancor… E que vos ama e respeita como ninguém!





Imagem daqui







Graças
às intervenções de Dona Isabel e do conde Pedro de Barcelos, o rei
retirou para Leiria e o infante para Pombal. Em Maio, encontraram-se em
Leiria e assinaram um acordo de paz. Dom Dinis, porém, que já passara
dos sessenta, foi acometido de doença grave à sua chegada a Lisboa.



Ao
chegar a Lisboa, confiante que, podendo enfim repousar, o seu estado
melhorasse, Dinis constatou o contrário: acordou uma madrugada muito
prostrado, confuso da cabeça e sem conseguir articular palavras!
Chamaram-se os físicos, que o sangraram, e também a rainha preparou as suas poções, desfazendo-se em mil cuidados e desdobrando-se em rezas.

Passado
uns dias, Dinis melhorou um pouco. Embora a fraqueza ainda o impedisse
de deixar o leito, viu-se capaz de falar e aproveitou para suplicar à
rainha que não o deixasse, sentindo-se muito dependente dela. E, a 20 de
Junho daquele ano de 1322, decidiu fazer o seu testamento.

(…)

Nos
piores momentos da sua enfermidade, os cuidados e a dedicação de Isabel
provaram ser imprescindíveis. O rosto dela iluminava o dia mais triste,
a sua voz confortava, a sua serenidade dava confiança e coragem e o
toque das suas mãos era bálsamo para almas aflitas. Isabel era a
esperança transformada gente, como se Deus houvesse decidido dar uma
forma humana a esse sentimento. E, apesar de haver amado outras mulheres
e de, muitas vezes, haver odiado a rainha, Dinis não desejaria ter
qualquer outra perto de si naquelas horas difíceis.



Dom
Dinis melhorou. Mas a paz que assinou com o filho foi quebrada cerca de
ano e meio mais tarde, depois das Cortes de Lisboa, em Outubro de 1323.
A guerra civil entraria na sua última fase.





Dom Afonso IV







O meu romance sobre Dom Dinis pode ser adquirido na LeyaOnline por 6,99 € (clique) e na Wook .










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Published on March 07, 2016 08:00

A Citação da Semana (103)

«O ser humano é mais do que o seu desempenho».



Gebhard Fürst




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Published on March 07, 2016 02:16

March 6, 2016

Cidades Medievais Portuguesas (15)

Continuando esta série, interrompida nos últimos três domingos por causa de temas relacionados com Dom Dinis, venho apresentar a segunda sessão de fotografias referentes a Beja. Tinha-me limitado ao castelo, mas Beja tem tanta história para mostrar, que merece um segundo post. Mesmo assim, e devido à visita rápida que fizemos em Setembro de 2010, muito fica ainda por mostrar. Deixo, por isso, o link para o roteiro histórico de Beja, incluído no site oficial da cidade:

https://issuu.com/camaramunicipaldebeja/docs/roteiros_hist__rico_de_beja



Fotos © Horst Neumann





Museu da Rainha Dona Leonor, antigo convento franciscano, fundado pelo pai da rainha, o infante Dom Fernando Duque de Viseu e de Beja.



Dona Leonor de Avis nasceu em Beja e tornou-se rainha por casamento com seu primo Dom João II de Portugal, o Príncipe Perfeito.















Estátua da rainha Dona Leonor (1458/1525), junto ao Museu.





Dona Leonor mereceu o título de "Princesa Perfeitíssima", inspirado no cognome do rei seu marido, mas também pela sua prática constante da misericórdia, e mais virtudes cristãs.

















Estátua de Dom Gonçalo Mendes da Maia, o Lidador





Os historiadores duvidam, porém, que o Lidador tivesse vivido tantos anos e colaborado com Dom Afonso Henriques na Conquista de Lisboa e na tentativa de conquista de Badajoz, devido à sua idade avançada. O mais provável é que se confunda o membro da família da Maia com o seu homónimo de Sousa (Dom Gonçalo Mendes de Sousa, o Sousão), este sim, grande valido do nosso primeiro rei.













Pormenor do jsrdim, onde se encontra a estátua do Lidador.















Beja faz parte da rota das Terras da Moura Encantada.



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Published on March 06, 2016 03:38

March 5, 2016

Romance sobre Dom Dinis

Quantas
contendas são provocadas e quantas mágoas se guardam por palavras
silenciadas? Palavras que se adivinham, mas que não são ditas? Não se
duvida do amor de um pai por um filho e, no entanto, se não for
continuamente expresso, seja por falas, seja por atos, deixará o filho
eternamente insatisfeito, desconfiando desse afeto. Qualquer pessoa,
desde o mais baixo serviçal, ao mais alto dos soberanos, há mister da
aprovação e do apoio expresso de seus orientadores. É um erro
abrigarmo-nos sob a capa das evidências. Amar não é apenas um conceito, é
prová-lo, todos os dias, a todas as horas. Quer se trate de um pai, de
uma mãe, seja de quem for: quem não pratica o amor, não o recebe de
volta. Quanto desprezo, quanto abandono e, muitas vezes, quanto sarcasmo
aguentaram aqueles de quem se diz não serem bons filhos?



(palavras da rainha Santa Isabel in "Dom Dinis - a quem chamaram o Lavrador")




Cover neu3 Dom Dinis 100.jpg


  O romance está disponível sob a forma de eBook na LeyaOnline e na Wook (clique).


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Published on March 05, 2016 03:28

March 3, 2016

Amores anglo-germânicos



A 2ª Guerra Mundial influencia as relações entre a
Grã-Bretanha e a Alemanha até hoje. No mundo da política, age-se com muita
diplomacia, mas, entre as populações, há ainda preconceitos que cheguem. Os
britânicos parecem não querer esquecer os bombardeamentos alemães a Londres.
Por seu lado, os alemães mantêm viva a memória dos bombardeamentos maciços das
cidades alemãs, na última fase da guerra, principalmente o da cidade de
Dresden, que ficou em mais de 80% destruída. Ainda hoje, entre os alemães, esse
bombardeamento representa um símbolo de um ataque supérfluo, exprimido numa
mortandade desnecessária de civis, apesar de a esmagadora maioria concordar que
o único responsável por tal absurdo foi o próprio Hitler, na sua teimosia em não
se render.







É assim curioso constatar que os atores britânicos parecem
apreciar muito as atrizes alemãs.




Daniel
Craig
, antes de se tornar mundialmente famoso, pois ainda ninguém
adivinhava que desempenharia o papel de James Bond, teve uma relação de quase
oito anos (entre 1997 e 2004) com a colega alemã Heike Makatsch







Imagem daqui




Hoje em dia, há um outro romance, que até deu em casamento,
entre Sam Riley e Alexandra Maria Lara.
O ator britânico, que ficou conhecido por desempenhar o papel de Ian Curtis, no
filme Control ,
e do qual falei aqui há pouco tempo, a propósito de O Vale Sombrio , vive inclusivamente em Berlim, com a esposa e o
filho comum. Alexandra Maria Lara ficou conhecida por interpretar, em 2004, o papel
de Traudl Junge, a secretária de Hitler, no filme Der Untergang
(em português: A Queda: Hitler e o Fim do
Terceiro Reich
).





Imagem daqui

Bom, na verdade, Alexandra
Maria Lara é apenas uma "alemã adotiva". Nasceu em Bucareste e parece que mantém a nacionalidade romena,
apesar de viver na Alemanha desde os quatro anos de idade. Os seus pais fugiram
para a Alemanha Ocidental, em 1983, para escapar ao regime de Nicolae Ceauşescu
na Roménia comunista.


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Published on March 03, 2016 03:59

March 2, 2016

A Capa






Duas palavrinhas sobre a capa do meu eBook Dom Dinis - a quem chamaram o Lavrador:



O design é da autoria do meu marido Horst Neumann!

Vielen Dank, lieber Hotti :-)



A imagem pertence a um códice alemão do século XIV, conhecido por Codex Manesse. A sua utilização para este efeito foi devidamente autorizada pela Biblioteca da Universidade de Heidelberg.



O eBook pode ser adquirido na LeyaOnline por 6,99 € (clique).




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Published on March 02, 2016 02:48