Cristina Torrão's Blog, page 48

September 30, 2016

Tu és a única Pessoa (7)








No seu íntimo,
invejava a filha! A possibilidade de ela ter sido feliz com um homem
mortificava-a. Lena não sabia ser feminina, nunca se soubera vestir, recusava
vestidos vaporosos e sapatos de salto alto. Era uma desajeitada, nem sequer se
sabia pintar e pentear. Era uma injustiça que a rapariga tivesse provado
daquilo a que ela própria, tão graciosa e sensível, nunca tivera direito. 




















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Published on September 30, 2016 03:23

September 28, 2016

Dom Dinis e Dona Isabel (5)

Os desentendimentos entre Dinis e Dona Isabel, baseados nos conflitos
que opunham o rei ao seu herdeiro, culminaram com o desterro da Rainha
Santa em Alenquer, acusada pelo marido de defender o filho contra ele
próprio.



-
Chega! - bradou Dinis com quanta força tinha. E, depois de recuperar o
ar, acrescentou: - Não tornarei a consentir na vossa intromissão. Ordeno
a vossa prisão numa das vossas vilas, privada de todas as vossas
rendas!

Isabel olhava-o indignada, mas composta:

- Prescindis então do meu auxílio?

-
Auxílio?! Até agora, apenas contribuístes para o agravar da contenda,
dando cobro a vosso filho, que comete traição ao virar-se contra o seu
senhor e pai. Mas não vos aflijais, não mandarei atirar-vos para um
calabouço. Escolhei uma das vossas vilas e vivereis na vossa residência
habitual, na companhia das vossas damas, e podereis deslocar-vos dentro
do concelho. Mas não mais que isso! Encarregarei guardas de vos vigiar. -
Fechou o punho: - Ai de vós se vos atreverdes a sair de lá!

Isabel encarou-o desafiadora:

-
Pensais que me faria grande mossa, se me atirásseis para um calabouço?
Mesmo lá eu estaria na companhia de Deus e de São Francisco.

- Não me provoqueis…

-
Faríeis melhor se olhásseis por vossa saúde! Não estais com bom aspeto,
meu rei e senhor. Pálido, apesar da corpulência, os olhos raiados de
sangue, o suor sobre a testa… Tende cautela convosco!

-
Desaparecei da minha vista! - bradou Dinis, ignorando as tonturas e o
bater desordenado do seu coração. - Não mais vos quero ver! Poupai-me à
vossa presença, enquanto for vivo!

Isabel deu meia-volta e saiu. Estafado, Dinis deixou-se cair para cima de uma cadeira.






Dom Dinis Série (1).JPG




O meu romance sobre Dom Dinis está à venda sob a forma de ebook, por exemplo, na LeYa Online , na Wook , na Kobo e na Amazon (pagamento em euros); Amazon (pagamento em dólares).



No Brasil, está disponível na Livraria Saraiva e na Livraria Cultura .


Para adquirir a versão em papel, contacte-me através do email andancas@t-online.de.


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Published on September 28, 2016 02:56

September 26, 2016

Tu és a única Pessoa (6)

Da recensão da escritora Ana Cristina Silva, publicada no Portugal Post Nº 266 - Agosto 2016:



«Tenho especial preferência por romances que não são lineares e esta narrativa alterna, ao longo dos capítulos, dois tempos: o presente, registado através de cartas num registo mais reflexivo, em que o narrador é Helena, e a evolução da vida da personagem principal narrada na terceira pessoa, sendo a conjugação destas duas vozes narrativas particularmente bem conseguida».















Nas livrarias!




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Published on September 26, 2016 02:41

September 25, 2016

Foral de Póvoa de Lanhoso





Wikipedia



A 25 de Setembro de 1292, Dom Dinis concedeu foral a Póvoa de Lanhoso.


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Published on September 25, 2016 02:51

September 24, 2016

Tu és a única Pessoa (5)

Da recensão da escritora Ana Cristina Silva, publicada no Portugal Post Nº 266 - Agosto 2016:



«Partindo de uma estrutura epistolar, a personagem principal, Helena Tavares, escreve de um hospital psiquiátrico a uma amiga imaginária depois do suicídio da filha. Mergulhada na dor, Helena reflecte sobre as suas culpas enquanto mãe e remexe na sua própria infância, relembrando a violência por ela sofrida no seio da sua própria família».



















Nas livrarias!




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Published on September 24, 2016 02:37

September 22, 2016

Dom Dinis e Dona Isabel (4)





Estátuas de Dom Dinis e de Dona Isabel em Leiria



Na
última década de vida de Dom Dinis, os seus desentendimentos com Dona
Isabel eram sobretudo baseados nos conflitos entre o rei e o seu
herdeiro que desembocaram numa guerra civil. Parece ponto assente que
Dona Isabel defendia o filho, pelo menos, disso foi acusada pelo marido.



Recostado na sua cadeira, o rei inquiriu:

- Vindes repetir aquilo que já me dissestes dezenas de vezes?

- Não propriamente. Um novo receio me atinge.

- Deveras?

- Muitos dos descontentes que se vão queixar a nosso filho podem meter-lhe ideias na cabeça…

Isabel interrompeu-se e o rei inclinou-se sobre a mesa, onde pousou os braços cruzados:

- Que tipo de ideias?

Contra o que lhe era habitual, a rainha hesitou, mas acabou por responder:

-
Afonso completou vinte anos, é casado há quase dois… É bem possível que
haja por aí gente que lhe lamba as botas na esperança de que ele
substitua o pai o mais lesto possível, a fim de que ele satisfaça as
suas reivindicações.

Dinis
não sabia se havia de desatar às gargalhadas, ou de dar um murro na
mesa. A seriedade com que Isabel o encarava acabou por o decidir:
mostrar-lhe-ia que tal afirmação só lhe provocava escárnio. Riu-se. E,
quanto mais se ria, mais vontade sentia de o fazer. Acabou por dar
gargalhadas sinceras, mas a rainha não se deixou impressionar:

- Quereis fazer-me crer que considerais tais suposições absurdas? Que não considerais o perigo?

-
Perigo de quê? - replicou ele, ainda entre risos. - Que o meu filho
participe numa conspiração, com o fito de me mandar desta para melhor?
Sim, porque se essa gente está à espera que eu morra em breve, bem
desiludida ficará! - Endireitou-se, de peito feito: - Sinto-me mais
saudável do que nunca!

- Eu sei.

- Sim, claro - replicou ele irónico. - Como pude eu pensar que tal pormenor vos escapasse?

- Não considerais a hipótese da deposição?

- Que dizeis?!

Dinis estava agora furioso, Isabel acrescentou:

- Quando existe consenso suficiente à volta do príncipe herdeiro…

- Credes mesmo que Afonso teria poder suficiente para me pôr em tais dificuldades?

No
silêncio que se seguiu, Dinis ouvia o eco das próprias palavras, ditas
num tom alterado, mais agudo do que o costume. Na verdade, o rei fora
novamente atingido pelo receio repentino que lhe causava a lembrança do
avô, isolado em Sevilha, deposto pelos nobres do seu reino, que se
haviam juntado à volta do filho Sancho. À altura, Alfonso X não era
muito mais velho do que ele, que acabara de completar os cinquenta anos.






Dom Dinis Papel (1).JPG




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Published on September 22, 2016 02:45

September 20, 2016

Tu és a única Pessoa (4)








- Se sei que
andas metida com algum desses comunistas, desfaço-te!

No dia seguinte,
levou a filha à estação, com o seu habitual ar
de mau, não abrindo a boca nem para se despedir, para já não falar de um
abraço, de um beijo ou do mero desejo de boa viagem.

















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Published on September 20, 2016 02:21

September 19, 2016

Foral de Vila de Rei


Wikipedia





A 19 de Setembro de 1285, Dom Dinis concedeu foral a Vila de Rei.


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Published on September 19, 2016 02:38

September 16, 2016

Dom Dinis protege os Templários

O papa Clemente V enviou a Dom Dinis a bula Callidi serpentis vigil,
recomendando-lhe a prisão definitiva dos Templários. Alguns
eclesiásticos portugueses, como os Cónegos Regrantes de Santa Cruz e o
bispo da Guarda, insistiram em que se cumprisse a bula papal. No fundo,
pretendiam apoderar-se dos bens que haviam pertencido aos Templários.



A
esse propósito, um excerto do meu romance, em que o bispo da Guarda Dom
Vasco Martins de Alvelos expressa a sua indignação a Dom Dinis:



-
Ignorais uma bula papal? E olvidais que Jacques de Molay confessou os
pecados mais terríveis? Heresia, usura, sodomia! Se os franceses se
davam a essas práticas repugnantes, os hispânicos não serão muito
diferentes…

-
Credes realmente que os freires do Templo fomentavam tais costumes? -
contrapôs Dinis. - Sob tortura, qualquer um é levado a confessar
principalmente o que não fez. Além disso, o Mestre francês desmentiu a
sua confissão dois meses mais tarde.

- O que prova a sua falta de carácter!

- Ou constatar o não cumprimento de certas promessas?

O bispo olhou o seu monarca desconfiado:

- Que quereis dizer?

-
Frei Vasco Fernandes é de opinião que Jacques de Molay terá confessado
os crimes, acima de tudo, perante a promessa de que os restantes irmãos
seriam poupados aos suplícios. Mais tarde, ao verificar que tal não
passava de uma mentira, desmentiu a sua confissão.

- Ora, Alteza, é claro que eles se protegem uns aos outros. A opinião de Frei Vasco Fernandes, neste caso, é mais que suspeita.

Dinis olhou o prelado de soslaio, convencido de que ele cobiçava o património dos freires. Retorquiu:

-
Tenho Frei Vasco Fernandes em grande estima e confio no seu juízo. Como
aliás em todos os membros portugueses da Ordem. Bem sabeis como eles
sempre lutaram com bravura contra a ameaça sarracena e como a sua
presença é preciosa em muitos pontos da fronteira, garantindo a defesa e
o povoamento.

Depois de um momento de vacilação, o bispo insistiu:

- As bulas papais são para se cumprirem!

-
Pois eu estou certo que na Hispânia não se ateará uma fogueira que seja
contra os Templários. Nem tão-pouco se procederá à alienação dos seus
bens.






Dom Dinis Série (1).JPG




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Published on September 16, 2016 02:31

September 15, 2016

Tu és a única Pessoa (3)








Helena deixou de
reagir, deixou até de sentir revolta e medo. Os pides não faziam ideia do quanto ela aguentava, de como ela
aprendera a anular-se, a desistir de reagir, de pensar, de sentir. De como
aprendera a desligar-se do próprio corpo e do mundo. Apanhar bofetadas sem bem
saber porquê era-lhe familiar. Crescera assim.










Em breve nas livrarias!


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Published on September 15, 2016 02:19