Rodrigo Constantino's Blog, page 385

March 20, 2012

A liberdade é perigosa e temerária

Rodrigo Constantino, O GLOBO

Carta aberta à Anvisa.
Prezados burocratas iluminados da Anvisa, quem vos fala é o representante da ANTA (Associação Nacional de Tutela dos Abestalhados). Venho expressar nosso apoio às recentes medidas adotadas pela Anvisa, sempre em prol da proteção dos indivíduos. Sabemos como a liberdade é algo temerário e perigoso.

O ex-presidente estadunidense Reagan costumava dizer que o governo existe para nos proteger de terceiros, e ultrapassa seus limites quando tenta nos proteger de nós mesmos. Mas o que sabia este ator? Só porque foi um dos responsáveis pela queda do Muro de Berlim não quer dizer que ele saiba melhor que vós o papel adequado do governo. O sucesso de suas reformas liberais tampouco comprova alguma coisa.

Nós, da ANTA, sabemos como o indivíduo, quando exerce a liberdade de escolha, acaba escolhendo errado. Menos no momento da eleição. Neste caso isolado, uma luz divina costuma cair sobre as urnas, e mesmo (ou principalmente) os abobados acabam acertando. Bastou sair dali, entretanto, e a estupidez retorna com tudo, demandando vosso sapiente controle para protegê-los.

Exemplos não faltam. Onde já se viu alguém, por livre e espontânea vontade, fazer bronzeamento artificial? É arriscado demais! É verdade que o próprio sol pode causar câncer de pele. Também é verdade que nem todos usam a proteção solar adequada. Mas a Anvisa faz sua parte, não é mesmo? Se poder tivesse, a Anvisa até tamparia o sol. Todos ficariam mais seguros.

O que dizer dos remédios? Sabemos como brasileiro gosta de se automedicar. O brasileiro é tão ousado que é capaz de comprar até aspirina sem receita! Permitir que as farmácias coloquem à disposição dos clientes tais produtos seria irresponsável. É preciso dificultar a venda, colocando tudo atrás do balcão e exigindo mais farmacêuticos de plantão para avaliar cada minúsculo pedido.

E nada de unir farmácia com loja de conveniência, como fazem nos EUA. A pessoa quer comprar um sorvete e acaba saindo de lá com um antibiótico tarja preta! Banir remédios de emagrecimento também foi uma jogada de mestre. Alegam que alguns casos necessitam deste tratamento. Mas o que sabem os médicos?

Agora mesmo a Anvisa deu mais um grande passo na direção da saúde popular perfeita, ao proibir os cigarros com sabor. Qualquer um sabe que aqueles cigarros mentolados são a porta de entrada para os jovens no satânico tabagismo. O que? As estatísticas negam que há mais fumantes em países onde é permitido este tipo de cigarro? Não importa. Ainda assim é importante proteger o fumante de si mesmo. O governo não protegeria um suicida?

Dizem que os fumantes vão acabar comprando cigarros vagabundos no contrabando, mas aí já não é mais problema da Anvisa.

Mas aqui cabe uma crítica. A Anvisa foi tímida demais! Não basta banir o sabor. É preciso impor um sabor podre. Somente assim eles param de fumar e a saúde coletiva pode avançar. Escuto alguém afirmar que os nazistas tinham esta meta também, da higienização do povo. E daí? Nem tudo aquilo que Hitler queria era absurdo, não é mesmo? E não há ligação alguma entre tais metas ambiciosas e o regime totalitário que se seguiu, há?

Muitos são os que aplaudem vossas medidas, saibam disso. Temos sólidos argumentos. Por exemplo: a saúde universal paga pelo estado. Eis como vai a lógica: se todos pagam impostos para manter o SUS, então claro que é legítimo o governo cuidar da nossa saúde. Dando continuidade a esta lógica impecável, nós da ANTA achamos que o governo deveria impor exercícios físicos diários, pois o ócio é prejudicial à saúde. Cortar o sal, o açúcar, a fritura e a gordura parece o caminho natural a seguir.

Aproveitamos para sugerir outra medida, mas em voz baixa, pois é mais polêmica. Sabemos que os ungidos da Anvisa reconhecem que a saúde do corpo não é tudo que importa. A saúde da mente também é fundamental. E não podemos permitir que cada um escolha livremente o que ler. Um controle social da imprensa se faz urgente.

O Partido da Imprensa Golpista (PIG) chama isso de censura, mas não tem nada a ver. É apenas o governo clarividente e altruísta cuidando do povo, protegendo os súditos, digo, cidadãos, deles mesmos.

E para quem apresentar sinais de ansiedade com estas mudanças todas, basta o governo fornecer gratuitamente antidepressivos. Todos ficarão felizes.

Portanto, camaradas da Anvisa, sigam em frente com vossa luta pelo bem geral. E não liguem para aqueles poucos que vos acusam de fascistas. O povo deseja vossa tutela. A liberdade é um luxo desnecessário quando a saúde social está em jogo.
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Published on March 20, 2012 05:54

March 19, 2012

Corrupção: a reportagem do Fantástico

Vídeo onde comento a reportagem do Fantástico mostrando as imagens "chocantes" de corrupção em um hospital público. Tento apontar as 3 principais causas da corrupção, alegando que houve um desvio de foco na reação do público. É como dizia Stanislaw Ponte Preta: "Ou restaura-se a moralidade, ou nos locupletemos todos". Como não pretendo aderir ao esquema de corrupção, só me resta lutar pelo resgate da moralidade. E isso passa, necessariamente, pela redução do tamanho do governo.
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Published on March 19, 2012 18:09

Bernanke: vilão ou herói?


Rodrigo Constantino

Uma matéria grande em defesa do chairman do Federal Reserve, Ben Bernanke, na The Atlantic, argumenta que ele é detestado pela esquerda e pela direita, mas salvou a economia americana. Gosto sempre de ler o contraditório, em nome da honestidade intelectual. Mas não concordo de forma alguma com a conclusão do autor! Acho que é muita pretensão pensar que um "maestro" pode controlar tantas variáveis dessa forma.

O autor considera que Bernanke é mais conservador do que muitos pensam quando se trata do risco inflacionário, e que vem trabalhando desde 2008 em uma estratégia de saída para suas medidas heterodoxas e hiperativas. O júri ainda não deu seu veredicto final. O tempo dirá quem está certo. O autor acredita que Bernanke é um herói e assim será reconhecido na frente. Eu arrisco dizer que, tal como aconteceu com Alan Greenspan, Bernanke será alvo de ainda mais ataques no futuro.

No meu primeiro livro, "Prisioneiros da Liberdade", de 2004 (escrito, portanto, 4 anos ANTES de estourar a bolha imobiliária), há um artigo sobre Greenspan, lamentando o fato de que este antigo defensor do padrão ouro havia sucumbido às pressões inflacionistas do governo. Eis como concluí meu artigo, chamado "Amnésia política":

"E pensar que este homem hoje senta na presidência do próprio Fed, injetando como ninguém liquidez nos mercados, tentando artificialmente manter o boom econômico, evitar a correção natural dos investimentos ruins realizados, usando o governo para 'consertar' os problemas da economia criados pelo próprio governo. O mundo perde muito com o fato de Greenspan ou ter esquecido o que disse em 1966 ou ter sucumbido às pressões políticas. Ele mesmo tem consciência de que é impossível alterar as leis econômicas através de mecanismos artificiais do governo. Mas a amnésia que o jogo político causa até mesmo nas cabeças mais lúcidas é incrível."

Basta trocar Greenspan por Bernanke, com a exceção de que este jamais defendeu o padrão ouro, e fica aqui registrada a minha opinião sobre o assunto. Bernanke irá falhar também. Infelizmente, não se cura um envenenamento com mais veneno. Produzir inflação nunca será a receita certa para crises. Fosse assim, não haveria mais miséria no mundo!
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Published on March 19, 2012 12:13

Entrevista de Luis Stuhlberger à EXAME

Seguem trechos da entrevista do melhor gestor brasileiro para a revista EXAME:

"Se tudo der errado, a Europa terá um grande Plano Collor. A inflação vai subir e o dinheiro vai perder valor. Não haverá hiperinflação em breve, mas poderá ser a próxima crise. O mundo desenvolvido não pode subir os juros. As economias estão muito debilitadas. Isso pioraria a relação dívida/PIB de países com solvência já questionável. Quando o mercado de trabalho e os preços dos imóveis começarem a se recuperar, será uma armadilha. O avanço da inflação será um problema maior para os pobres. A próxima crise fará moedas do mundo inteiro perderem valor. O risco do fim da zona do euro ainda é grande, mas ficou para depois. O mercado pode melhorar muito antes de piorar. Houve uma expansão monetária muito grande, tem muito dinheiro depositados nos bancos.
Mas se todas essas políticas não derem certo, a Europa pode ser obrigada a trocar todos esses depósitos bancários por bônus que só poderão ser resgatados a valor de face num futuro distante ou negociados no presente com algum deságio. Um grande Plano Collor, portanto. O pior cenário é melhor para quem tem ações do que para quem tem dinheiro no banco. O dinheiro do mundo está com as pessoas, e não com as empresas. As companhias poderão continuar a produzir e gerar caixa. Já o dinheiro das pessoas vai perder valor. É importante notar que esses processos de destruição de riqueza acontecem de tempos em tempos. Vou dar um exemplo. Imagine que alguém tenha investido apenas 1 dólar há 2.000 anos com uma taxa real de juros de 1,7% ao ano. Sabe quanto dinheiro isso representaria hoje? 7 trilhões de dólares. As coisas não acontecem dessa maneira porque o dinheiro é destruído ou perde valor."

"Ninguém faz nada porque no Brasil não se mexe em time que está ganhando. A estratégia até pode funcionar por algum tempo, mas teremos de torcer para a inflação não avançar. O governo não está atacando as causas do problema, só as consequências. As reformas não saem do papel. Nada está sendo feito para elevar o capital, a poupança e a capacidade produtiva de forma a elevar o crescimento potencial sem gerar inflação. A estratégia tem se sustentado por dois fatores. O primeiro são os altos preços das commodities. O Brasil tem reservas estratégicas de matérias-primas que sustentam o balanço de pagamentos. Também tínhamos um grande número de trabalhadores que estavam fora do mercado de trabalho. Mas já não há mão de obra qualificada e ociosa agora. Uma hora vai dar errado."

"Acho que os próximos 90 ou 120 dias vão ser de euforia na bolsa por conta da queda dos juros. O Banco Central forçou os juros de curto prazo para baixo e está conseguindo derrubar também as taxas longas. Mas não acho isso sustentável. Não vou ficar demais na bolsa. Acho, na verdade, que os juros e o dólar tendem a subir em algum momento no médio ou no longo prazo."

"Onde vai acabar isso? Eu acho que vai estourar no câmbio. Está bem claro que não será agora. Ainda vai entrar muito dinheiro na bolsa, vai haver mais ofertas iniciais de ações (IPO), as empresas já listadas vão captar recursos. Como sempre, o problema é ter de acertar quando haverá uma reversão. Mas quem compra dólar a 1,70 real não tem muito que perder. Temos cada vez mais câmbio e menos bolsa no fundo."

"Quem ganha eleição no Brasil é quem promete mais. A cada pleito aparecem duas propostas. A dos Rolling Stones, de sexo, drogas e rock n'roll, e a do Churchill, de sangue, suor e lágrimas. Adivinhem quem ganha? Os políticos latinos são assim mesmo. Só se mexem quando a coisa entra em colapso. O governo acha que é melhor ganhar uma eleição e o país crescer 3% ao ano do que passar o poder e o PIB avançar 6%."

"Enquanto o mundo latino trabalha desse jeito, os asiáticos avançam. Se a zona do euro entrar em colapso, o melhor jeito de capturar isso será com a compra de moedas de Cingapura, Taiwan, Malásia, Canadá e Chile e ao mesmo tempo vender euro. Quem fizer isso contra o dólar corre um risco maior. A economia asiática vai bem melhor. Tem ainda o risco de que a implosão do euro faça todo mundo perder dinheiro. Neste momento, talvez o negócio seja perder menos."

"Às vezes, o investidor monta a posição certa e não leva. Quem comprou títulos indexados à inflação no ano passado deixará de ganhar um bom dinheiro porque o IBGE decidiu mudar a fórmula de cálculo do IPCA. Isso é normal e acontece também em outros países. Não dá para dizer que o IBGE manipula o índice nem que estamos ficando parecidos com a Argentina. Mas o fato é que a inflação será 0,30 ponto percentual menor neste ano devido à alteração na metodologia."

"Meu trabalho é procurar oportunidades geradas por desequilíbrios. O Verde ganhou muito dinheiro com oito grandes eventos econômicos. Entre eles, estão a crise asiática, a maxidesvalorização do real em 1999, a tensão com a eleição de Lula em 2002 e a crise imobiliária nos Estados Unidos em 2008. Foram oportunidades para ganhar muito dinheiro com juros e câmbio. Mas também aproveitamos para comprar ações. Todo investidor sabe que não é para comprar bolsa na alta e vender na baixa. Mas há um componente emocional muito grande envolvido, o que gera desequilíbrios. Muitas vezes o investidor terá de andar sozinho e fazer o oposto do que todo mundo está fazendo. O segredo é sempre ter algum tipo de hedge."

"No exterior, há bancos too big to fail. No Brasil, há os bancos too big to fail, too medium to fail e too small to fail."

"Meu cotidiano tem sido parecido nos últimos cinco anos. Tenho de dedicar o dia a leituras, ao relacionamento com os clientes, às conversas com minha equipe e aos diálogos com outros gestores de investimento. No resto do tempo, eu fico pensando. Tenho um bom home office e gosto muito de trabalhar em casa. É preciso muita concentração no meu negócio. Muitas vezes passo tardes, noites e finais de semana em casa. Não me considero um workaholic. Tem dias em que trabalho apenas 4 horas e nunca passo mais de 12 horas no escritório. Mas trabalho sete dias por semana, mesmo em feriados."
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Published on March 19, 2012 10:47

A síndrome de Schmidt

Luiz Felipe Pondé, Folha de SP

Não, não se trata de uma doença nova, caro leitor. Apenas de um filme cujo título é "As Confissões de Schmidt", do diretor Alexander Payne, o mesmo de "Os Descendentes", que concorreu ao Oscar neste ano, mas muito melhor do que esse.
Para começar, Schmidt é Jack Nicholson, o que já garante metade do filme. Mas o filme vai muito além desse grande ator.
Síndrome de Schmidt, nome que eu inventei, descreve o quadro de total melancolia em que se encontra o personagem central, um homem de 60 anos, após a aposentadoria e morte repentina da sua mulher. Mas qual é o diagnóstico diferencial com relação a outras formas de melancolia? Vejamos.
O filme abre com um discurso de um colega em sua homenagem, quando Schmidt se aposenta da companhia de seguros em que trabalhou a vida inteira (no caso, companhia de seguros carrega todo o peso de viver para ter uma vida segura).
Logo após a morte da sua mulher, ele descobrirá que ela fora amante do colega que discursou em sua homenagem em sua cerimônia de despedida da "firma". A cena da descoberta é feita com requintes de crueldade, porque Schmidt está imerso nas roupas da mulher morta, buscando sentir seu "doce aroma" e assim matar a saudade que sente dela.
Schmidt tem uma filha que casará com um sujeito horroroso, de uma família brega que se julga especial: você conhece coisa pior do que festa de Natal em família? Sim: uma festa de Natal em família em que os presentes são frutos da criatividade ridícula dessa família, como no caso da família do genro de Schmidt.
Schmidt fazia xixi sentado como menina porque sua mulher o proibia de fazer xixi como menino, a fim de não sujar o banheiro.
Esse é sintoma diferencial da síndrome de Schmidt: esmagar-se (mesmo sua fisiologia) para deixar tudo em seu lugar, sem conflitos, amar a paz e o bom convívio em detrimento de si mesmo. No caso específico, não há "questão de gênero" (já que banheiros estão na moda nesse assunto, vale salientar que aqui não é o caso).
Primeiro porque eu não acredito em questões de gênero, só em questões de sexo. Depois, porque não se trata de falarmos em homens vítimas da opressão feminina (ainda que se trate de alguma "opressão" nesse caso, já que, afinal, sua mulher o obrigava a fazer xixi como menina e o traiu), mas sim de falarmos de alguém que descobre que sua vida foi e é vazia, apesar de ter sido um pai e esposo dedicado, e não um desses canalhas que saem com mulheres fáceis por aí.
A síndrome de Schmidt pode e afeta também mulheres, portanto não é uma questão do sexo masculino. Mas no filme é uma questão masculina (o sexo masculino "suja banheiros") e o é antes de tudo porque, como se sabe, homens trabalham, às vezes até brincam com os filhos, mas são as mulheres que detêm o monopólio da subjetividade e da sensibilidade.
Mulheres "conhecem a si mesmas", homens não. Schmidt é uma caricatura do homem que acreditou que, cumprindo seu papel, estaria a salvo da devastação da falta de sentido da vida e do amor. Apesar das modinhas, as mulheres temem a subjetividade masculina como o diabo teme a cruz.
Homens não sabem falar de si mesmos. E, no fundo, é melhor que continuem assim (pensam as mulheres e os filhos): vivendo como Schmidt, no silêncio da função paterna e marital. Isso muitas vezes é objeto de piadas nas quais homens são comparados a carroças, enquanto mulheres são comparadas a grandes jatos.
Na realidade, a vida comum das famílias supõe que os homens continuem a trabalhar sem crises existenciais; qualquer coisa que se diga ao contrário disso é mais uma mentira da moda.
Isso não significa que não existam exceções, mas essas são apenas exceções. Homens com crises existenciais ficam sozinhos.
No caso de Schmidt, tudo que sua filha quer é seu cheque, e não sua presença. O filme é bom o bastante para mostrar que talvez nessas famílias "normais" não haja mesmo possibilidade de grandes relações entre pais e filhos, muito menos entre pai e filhos.
Talvez esse venha a ser um dos debates do século 21: o que fazer quando os homens começarem a falar?
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Published on March 19, 2012 09:41

The Pope's Cuba Gamble

By MARY ANASTASIA O'GRADY, WSJ

Ignoring those who have suffered for their faith may win some favor for the Church, but it risks alienating the island's faithful.

With only a week to go until Pope Benedict XVI is scheduled to make the second papal visit to Cuba in 14 years, joyful anticipation ought to be buoying the island's Christians. But for those brave soldiers of Christ who have stood up against political repression, the prevailing mood is deep frustration.

For 53 years, Cuba's totalitarian regime has made life hell for the population. But Castro also has spared no expense in running a clever international propaganda campaign. Regime survival has depended on East German-style repression covered over by a smiley face for international consumption. It has worked, and Cuban human-rights defenders have suffered their indignities with little moral support from the outside world.

Cuban dissidents had hoped the pope's visit would help them expose the twisted jailors who run the island prison. So what are we to make of the fact that the pontiff will not be meeting with any of the island's Christian human-rights advocates? These communicants have endured unspeakable acts of state terror to be witnesses to the faith. They have earned papal recognition. Disappointment doesn't begin to describe their dashed hopes.

It's not that they haven't asked. They've begged. From Havana, former Cuban political prisoner Angel Moya put the dissident concerns this way: "The Cuban regime will try to manipulate the pontiff's presence in Cuba," he told the website "Pieces of the Island." "We are calling on the support of the international community and of our exiled brothers, so we, the outcast, the persecuted, are able to meet with Pope Benedict XVI and tell him what is really happening here on the island . . ."

Berta Soler — Mr. Moya's wife and the spokeswoman for the Ladies in White, who since 2003 have withstood beatings, arrests and harassment by the regime to attend Mass as a group and protest political imprisonments—has gone even further. She delivered, through the papal nuncio in Havana, a formal request from the Ladies to see the pope, "even for one minute."

Numerous other Christians on the island have made similar requests. From the U.S., Yale Prof. Carlos Eire wrote a powerful plea on behalf of the Ladies for National Review Online on March 5: "Like the Canaanite woman who cried out to Jesus, 'Lord, help me!' or the woman who touched the hem of Jesus's robe in hope of a cure, they are reaching out, full of faith, begging against all odds. In an island where everyone has been turned into a beggar, they beg for the rarest and most precious gift of all: your presence." Cuban Cardinal Jaime Ortega's office told the Ladies in White that the pope's schedule is too tight.

Some dissidents wonder whose side the cardinal is on. In recent years he was instrumental in helping the regime deport scores of political prisoners who had become a liability for the regime's image. Though he recently offered a Mass for ailing Venezuelan dictator Hugo Chávez, Ms. Soler's request for a Mass for deceased dissidents has gone unanswered.

The cardinal has said that the purpose of the trip is "a new evangelization" and of course spreading the gospel is the Lord's work. But it is hard to see how converts will be won if the pope snubs the marginalized and schmoozes with the powerful.

On Thursday, 13 Christians holed up inside Our Lady of Charity of Cobre church in Havana to demand that the pope hear their grievances against the regime were forcibly removed by police, reportedly at the request of Cardinal Ortega. Then on Friday the Vatican announced that if Fidel Castro wants to meet, "the pope will be available."

In case all this is not enough to destroy Cuban confidence in the pope as an ally, the government newspaper Granma said this in an editorial last week: "We are sure that His Holiness will affectionately treasure the memory of this Caribbean Island, which values his visit as a manifestation of trust and a renewed expression of the excellent and uninterrupted relations between the Holy See and Cuba."

All Cubans know that the "revolution" persecuted the faithful. They were sent before firing squads or to the dungeons, Catholic schools and churches were shuttered, and the island was declared an atheist paradise.

But now Fidel is reminding Cubans that relations were never broken with Rome and he is claiming that all the while he has gotten on fabulously with the pope. Will Pope Benedict, who is by no means a Castro sympathizer, allow the regime to get away with this?

Unless he has something up his sleeve, the visit may turn out to be a gross miscalculation. Cubans know that they are hostages in their own country. If the pope is perceived as going along with this big lie, it will only heighten the sense of betrayal toward Cardinal Ortega and it will do nothing to strengthen the Church in Cuba.
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Published on March 19, 2012 07:39

There is no Spanish siesta for the eurozone

By Wolfgang Münchau, Financial Times

The markets have concluded that the eurozone crisis has ended. Several politicians said that they, too, believed that the worst was over. Complacency is back. I recall similar utterances in the past. Whenever there is some technical progress – an umbrella, a liquidity injection, a successful debt swap – optimism returns.

If you think the European Central Bank's policies have "bought time", you should ask yourself: time for what? Greece's debt situation is as unsustainable as ever; so is Portugal's; so is the European banking sector's and so is Spain's. Even if the ECB were to provide unlimited cheap finance for the rest of the decade, it would not be enough.

In Spain, most of the toxic debt is held in the private sector. The debt level of the private sector, namely households and non-financial corporations, was 227.3 per cent of gross domestic product at the end of 2010, according to Eurostat. Last year's data are not out yet, but the number will be down only a little. One of the areas where adjustment is happening is in the housing market. The best index for Spain is the new series by the National Institute of Statistics, which shows the overall index for house prices fell by 11.2 per cent last year alone, but was only down 21.7 per cent from the peak in the third quarter of 2007. We should remember the Spanish bubble was much more extreme than others, but prices have only come down by around a fifth. In the Madrid region the movements have been more vigorous, with a peak-to-trough fall of 29.5 per cent.

On my estimates, Spain's house price adjustment is still less than halfway complete. In real terms, the US housing boom has been almost completely cancelled out. The graphs of historic bubbles, if expressed in real prices, have nice bell-shaped curves. This makes sense, since domestic property is an unproductive real asset. In Spain, as elsewhere, it would be reasonable to assume real prices will eventually fall to where they were in the mid-to-late 1990s.

The Spanish government has forced the savings banks to write down €50bn in their property portfolios this year. This will only be a small part of what will ultimately be needed if the housing market falls as I expect it will. Official estimates assume mild price falls and a quick rebound in the economy. Both assumptions are delusional. How can the Spanish economy rebound if the private and the public sectors are deleveraging at the same time, and are likely to do so for many years?

The deleveraging of the public sector will be vicious. The deficit was 8.5 per cent of GDP last year. This was a big overshoot, but the reason was not fiscal indiscipline. It was necessary to avoid a bigger slump. The recently-revised target is 5.3 per cent for this year and 3 per cent next year. So the total public sector adjustment needed under the European deficit rules is an incredible 5.5 per cent over two years – this, in the middle of a recession. If you look at the extent of total deleveraging that lies ahead, in both private and public sectors, the question is not whether the Spanish economy rebounds in 2012 or 2013, but whether it can rebound at all before the end of this decade.

The typical European response to the last statement would be to say that economic reforms will increase confidence and produce growth. The optimists point to Italy, where the appointment of Mario Monti as prime minister has led to a seemingly virtuous circle of reforms and lower market interest rates. The main reform in both countries has been a moderate relaxing in labour laws. While that is probably necessary, I would be surprised if this has a material impact on long-term growth rates. Large parts of the labour market literature would have to be rewritten if it were the case.

For Spain, the right adjustment policy would be a programme to force the private sector to deleverage, over three to five years, supported by consistently robust public sector deficits, and yes, accompanied by economic reforms as well. The moment to address the public sector deficit is after the private sector deleveraging is complete. Such a policy would not only smooth the adjustment. It would accelerate it.

But a combination of ultra-lax monetary policies and fiscal retrenchment will delay the unavoidable adjustment. Spain remains stuck in a worsening debt trap, out of which default will be the only escape. If it pursued the agreed policies, it would end up where Greece, Portugal and Ireland are – under a rescue umbrella. This is the most likely scenario for Spain.

In November, I said European leaders had only 10 days to save the euro. My diagnosis then and now is that they have flunked it. The ECB's policies have not bought time. They have slowed down the political processes and the economic adjustment needed to resolve the crisis. The worst, I fear, still lies ahead.
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Published on March 19, 2012 07:27

March 18, 2012

Gol do Baixinho!

Uma agradável surpresa a entrevista do Romário às páginas amarelas da VEJA esta semana. Recomendo a leitura na íntegra. Abaixo, os principais trechos:

"Evito frequentar os mesmos lugares que os políticos. Na verdade, fujo deles. Não é por nada, não, mas com exceção de um ou outro, prefiro esbarrar com essa turma só mesmo nos corredores do Congresso."

"Fiz amizade com um pessoal, mas, vou lhe dizer uma coisa, ali só uma minoria de gente vale a pena conhecer. De mais de 500 deputados, uns 400 não querem saber de nada. Nada mesmo. Dão as caras, colocam a digital para marcar presença e se mandam. Vejo isso o tempo todo. Virou cena tão comum que ninguém demonstra um pingo de constrangimento em fazer o teatro."

"O debate não segue uma linha lógica de raciocínio porque a maior preocupação ali é dar show para a televisão."

"No Brasil, falou que é político, as portas se abrem na mesma hora."

"Tem cara famoso ali só esquentando cadeira. Nunca dá o ar da graça no plenário nem faz nada de útil. Até daria nome aos bois, e olha que não são poucos, mas, sabe como é, daqui a pouco preciso do apoio de um e outro e acabo pagando caro pela língua."

"O que mais tem no andar de cima é gente que não se coça para nada, quando não sai por aí se metendo em pilantragem."

"Sinceramente, se aparecesse um Romário na minha frente, não conseguiria aturar o cara."

"O Adriano gosta de voltar para as raízes. Prefere viver na comunidade a morar no Leblon. Aliás, comunidade não. É favela mesmo. E ali, claro, tem mais risco de se envolver com problemas. Eu às vezes visito a favela onde nasci, o Jacarezinho, na Zona Norte do Rio de Janeiro, mas prefiro viver na Barra da Tijuca, com a rede de futevôlei a dez passos do meu apartamento e do lado do shopping onde compro meus ternos Armani."

"Se o próprio pai age com preconceito, escondendo a criança [com síndrome de Down], ela vai ter pouca chance de ter uma vida legal. Sei de muitos pais que rejeitam o filho com Down, a ponto de não saírem de casa com ele. Pagam uma babá e deixam a criança de lado, como se não fosse sua. Depois que comecei a me envolver nesse mundo, descobri umas celebridades que têm filhos assim e jamais trouxeram o assunto à tona. Não dou os nomes por respeito, mas acho uma pouca-vergonha."

O que muda na CBF com a renúncia do presidente Ricardo Teixeira? "Nada. Basta dizer que o novo presidente, o José Maria Marin, surrupiou uma medalha dos meninos do Corinthians na caradura. Botou no bolso e levou para casa. Não tenho nenhuma ilusão. Trocamos um ruim por outro pior. Que diferença faz? Eu nunca escondi minha aversão à figura do Ricardo Teixeira e não é agora que vou dar uma de elegante."

"A Copa até vai sair do papel, mas vão erguer uns puxadinhos aqui, fazer umas maquiagens ali. Tudo mais caro do que deveria por causa da pressa. Muita gente se beneficiará disso. Pode escrever. Vai chover obra emergencial sem licitação e a corrupção vai correr solta. Como deputado, pretendo acompanhar o processo de perto e escancarar a bandalha."

Boa, peixe! Espero que use a língua afiada para colocar a boca no trombone mesmo. A política nacional é uma piada de mau gosto. Quanto menos recursos passar pelo estado, melhor! Precisamos de menos política e mais mercado.

Sobre a Copa, aproveito para recomendar meu vídeo fazendo campanha para a Fifa tirar o evento do Brasil.
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Published on March 18, 2012 10:37

Cidades insustentáveis

Rodrigo Constantino

A reportagem de capa do jornal O GLOBO neste domingo mostra que mais de 80% das cidades do país não se sustentam. O estudo, feito pela Firjan, aponta que nada menos que 4.372 prefeituras do país dependem de repasses federais e estaduais para sobreviver. Diz Guilherme Mercês, gerente de Estudos Econômicos da Firjan: "Se fossem uma empresa, seriam como uma filial falida da matriz".

Sou ferrenho defensor do princípio de subsidiariedade. Ou seja, tudo aquilo que pode ser feito pelo indivíduo e sua família, assim deve ser feito. O que não for possível, deve ser feito pelo bairro. Em seguida, pelo município. Depois, pelo estado. E somente aquelas coisas impossíveis de serem realizadas por tais esferas é que ficaria sob o controle federal.

Como o professor Og Leme, do Instituto Liberal, escreveu: "O próprio princípio da subsidiariedade, levado às suas últimas consequências, justificaria também à atribuição aos municípios, em caráter exclusivo, do poder de tributar. Se de fato os estados federados têm razão de existir - e penso que têm devido a economias de escala e benefícios decorrentes da coordenação - eles poderiam auferir renda pela venda de serviços aos municípios de sua jurisdição."

O que vemos no Brasil, naturalmente, é o extremo oposto. A União arrecada o grosso dos impostos, e depois concentra o poder de distribuir entre estados e municípios. Segundo a própria reportagem, de 60% a 65% de toda a receita arrecadada no Brasil hoje são da União. Algo entre 20% e 25% pertence aos estados, e apenas de 17% a 19% fica com os municípios. Com esta pirâmide toda invertida, do ponto de vista da subsidiariedade, todos são reféns do governo federal. E vários municípios que jamais deveriam existir, pois não possuem a menor condição de se bancar por conta própria, acabam criados para viver de transferências da União.

Em alguns casos, mais de 70% da receita desses municípios vai para o pagamento de pessoal. E como a grande maioria dos municípios com pior gestão fiscal está no nordeste, eis o que isso significa na prática: os impostos do sul e sudeste servem para sustentar funcionários públicos de municípios totalmente falidos no nordeste. A situação absurda se perpetua porque o poder dos coronéis nordestinos é desproporcional, uma vez que para eleger deputados e senadores, que desfrutam do mesmo poder, basta uma fração dos votos necessários para eleger deputados e senadores no sul e sudeste. E ainda querem criar mais estados no norte e nordeste!

É esse o modelo de nossa República Federativa do Brasil! Ou seja, de federalismo mesmo não tem nada! Até quando vamos suportar esta situação? Os liberais pregam a descentralização do poder, e é legítimo delegar aos municípios muito mais em termos relativos ao que se faz hoje, até para esvaziar bastante o gigantesco poder concentrado em Brasília. Mas para tanto é preciso que cada município possa se sustentar por conta própria, sem mesada da União. Talvez o voto distrital seja o caminho para seguirmos nesta direção. Neste caso sim, podemos afirmar sem muito medo de errar: Pior que está, não fica!

Para quem tiver maior interesse no assunto, recomendo meu vídeo O Caminho é o Federalismo.
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Published on March 18, 2012 06:02

March 17, 2012

Demóstenes Torres e Carlinhos Cachoeira

Rodrigo Constantino

Alguns petralhas tentam me atacar por conta de um comentário elogioso que escrevi sobre Demóstenes Torres a pedido da revista Época. Eles usam o caso recém-descoberto de proximidade do senador com Carlinhos Cachoeira para me intimidar, como andaram fazendo com Reinaldo Azevedo também. O sonho dos petralhas virtuais, a soldo do partido mais corrupto da história deste país, é espalhar titica pelo ventilador na esperança de que todos sejam vistos como iguais, farinha do mesmo saco podre, o qual eles pertencem.

Mas não somos da mesma laia! Há um abismo moral intransponível entre nós! Como fica claro no comentário escrito, eu defendo a POSTURA POLÍTICA do senador, com quem inclusive jamais estive pessoalmente. Não tendo nenhum tipo de contato pessoal com ele, jamais teria como julgar seu caráter, sua idoneidade (que, deixo claro, não estou aqui condenando a priori, sem provas). Logo, o que elogiei foi sua postura política, seus discursos, sua coragem de pregar abertamente um modelo diferente, muito mais próximo daquele que eu mesmo defendo como mais adequado. Demóstenes Torres mereceu meus elogios por seus constantes ataques ao MST, ao arbítrio da Justiça, às cotas racistas, e por sua defesa da necessidade de uma direita liberal organizada no país. Ele continua merecedor dos meus elogios por tais qualidades.

Agora (e aqui abre-se o abismo entre nós, petralhas), SE ele cometeu algum ato ilícito, SE ele realmente for acusado e ficar provado algum crime, QUE ELE SEJA CONDENADO E PUNIDO POR ISSO! Vocês jamais vão me ver fechando os olhos para isso em nome da ideologia ou dos interesses partidários, que, aliás, não tenho por não fazer parte de partido algum. Portanto, quero sim que o caso seja investigado mais a fundo, que Demóstenes Torres explique direito seu relacionamento com Carlinhos Cachoeira. E SE algum crime ficar comprovado, serei o primeiro a pedir por sua punição. Império da lei, uma das bandeiras mais importantes do liberalismo que defendo.

Agora quero ver cada petralha que pulula pela internet afirmar exatamente a mesma coisa sobre um tal "chefe de quadrilha" que anda livre, leve e solto por aí, despachando com importantes políticos. Ainda não entenderam que entre o joio e o trigo não há possibilidade de conciliação?
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Published on March 17, 2012 07:40

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Rodrigo Constantino
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