Rodrigo Constantino's Blog, page 384
March 22, 2012
Kinder Ovo na mira dos politicamente corretos

Deu na Folha:
Organização denuncia propaganda do chocolate Kinder Ovo
O Instituto Alana, ONG que atua nos direitos da criança e do consumidor, encaminhou no início do mês representação ao DPDC (Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor), do Ministério da Justiça, contra a empresa Ferrero do Brasil, responsável pela divulgação dos produtos Kinder Ovo e Kinder Joy no país.
No ano passado, a Ferrero do Brasil instalou um cinema 4D (que inclui sensações como cheiros) no formato de um Kinder Ovo gigante no shopping Eldorado, na zona oeste de São Paulo. Na internet, foi veiculada publicidade da atração.
Para a ONG, houve abuso na promoção, que tem impactos negativos ao induzir as crianças ao consumo de produtos com baixo valor nutricional e alto teor calórico.
Em novembro passado, a ONG enviou uma notificação à empresa. Em resposta, a Ferrero disse que a instalação tratava-se de ação educativa em torno da marca. Afirmou ainda que o site não tinha as crianças como alvo e que se dirigia aos pais com filhos.
"Depois de recebermos essa reposta, decidimos levar o assunto adiante. Fizemos a denúncia ao DPDC pois o órgão tem atuação importante em relação às políticas que serão desenvolvidas para o consumo", diz Isabella Henriques, advogada da ONG.
O Alana aguarda agora o pronunciamento do DPDC.
A Folha tentou contato com a Ferrero do Brasil. Sua assessoria de imprensa informou que não conseguiu encontrar seus diretores.
Comento: Esse país está ficando cada vez mais ridículo mesmo! Essa ditadura do "politicamente correto" é algo assustador, sem limites. Uma geração acovardada, em busca de uma nova cruzada moralista, encontrou refúgio na seita da "saúde perfeita". Ela engloba vegetarianos fanáticos, ciclistas "naturebas" que enxergam em seu estilo de vida uma missão messiânica para salvar o planeta, eco-chatos de todo tipo, paternalistas que querem delegar ao "deus" estado o controle sobre nossas vidas e de nossos filhos, para proteger todos do risco que é viver. São "almas sensíveis" que nunca aprenderam o poder de um simples "não" dos pais aos filhos. Como não tiveram limites na educação, extrapolam isso a todos e demandam do estado um poder quase totalitário.
Em um artigo de 2006, McLanche Infeliz, eu previ que o Kinder Ovo corria perigo. À época, meu medo era que o brinquedo dentro do ovo seria visto como "venda casada" que estimula o consumo de chocolate, este produto de Satã. Eis que anos depois o Kinder Ovo de fato se torna alvo da mira dos "politicamente corretos", mas por motivo diferente. Muda-se o pretexto, mas a meta continua a mesma: proteger as crianças da vida!
Published on March 22, 2012 11:17
De quem é a vida?
Rodrigo Constantino
Esbarrei hoje por duas vezes no mesmo assunto: a eutanásia. Em matéria na Spiegel, um grupo pró-eutanásia faz lobby na Holanda para ampliar os direitos daqueles que não desejam mais continuar vivos. A eutanásia já é permitida no país, com várias restrições. Foram 3 mil casos em 2010, para o triplo de demanda.
No jornal O Globo, deparei com interessante artigo de Flavia Piovesan e Roberto Dias, professores da PUC-SP, sobre "o direito à morte digna". Os autores colocam o foco na dignidade e na liberdade individual. Eles escrevem: "Se ninguém pode ser privado de sua vida arbitrariamente, nada impede que cada pessoa escolha seus próprios caminhos no que diz respeito à vida e à morte, com autonomia e liberdade".
Eu concordo! Acredito que muitos, quase sempre por crenças religiosas, acreditam que postergar ao máximo a vida é uma meta "sagrada". Mas qual vida? Quem viu o filme "O Escafandro e a Borboleta" acompanhou a angústia daquele homem (o filme é baseado em fatos verídicos), preso em seu corpo, com consciência de tudo, mas totalmente imóvel (minto, ele conseguia piscar um olho). Se tem alguma imagem de inferno que me vem à mente, ela não tem nada a ver com Dante, mas sim com isso.
O filme "Mar Adentro", também baseado em fatos reais e com atuação impecável de Javier Bardem, trata do mesmo assunto. Quando o padre, também tetraplégico, condena a "fraqueza" do outro, que ficou aleijado em um mergulho e queria morrer, ele denota intolerância. Se ele considerava aquele calvário como algo nobre, se via um sentido metafísico em seu sofrimento, era um direito seu. Mas o outro também deve ter o direito de discordar. Eis o cerne da questão!
Escrevi em 2006 um artigo sobre o delicado tema, defendendo o direito de cada um escolher morrer. Continuo com a mesma opinião.
Esbarrei hoje por duas vezes no mesmo assunto: a eutanásia. Em matéria na Spiegel, um grupo pró-eutanásia faz lobby na Holanda para ampliar os direitos daqueles que não desejam mais continuar vivos. A eutanásia já é permitida no país, com várias restrições. Foram 3 mil casos em 2010, para o triplo de demanda.
No jornal O Globo, deparei com interessante artigo de Flavia Piovesan e Roberto Dias, professores da PUC-SP, sobre "o direito à morte digna". Os autores colocam o foco na dignidade e na liberdade individual. Eles escrevem: "Se ninguém pode ser privado de sua vida arbitrariamente, nada impede que cada pessoa escolha seus próprios caminhos no que diz respeito à vida e à morte, com autonomia e liberdade".
Eu concordo! Acredito que muitos, quase sempre por crenças religiosas, acreditam que postergar ao máximo a vida é uma meta "sagrada". Mas qual vida? Quem viu o filme "O Escafandro e a Borboleta" acompanhou a angústia daquele homem (o filme é baseado em fatos verídicos), preso em seu corpo, com consciência de tudo, mas totalmente imóvel (minto, ele conseguia piscar um olho). Se tem alguma imagem de inferno que me vem à mente, ela não tem nada a ver com Dante, mas sim com isso.
O filme "Mar Adentro", também baseado em fatos reais e com atuação impecável de Javier Bardem, trata do mesmo assunto. Quando o padre, também tetraplégico, condena a "fraqueza" do outro, que ficou aleijado em um mergulho e queria morrer, ele denota intolerância. Se ele considerava aquele calvário como algo nobre, se via um sentido metafísico em seu sofrimento, era um direito seu. Mas o outro também deve ter o direito de discordar. Eis o cerne da questão!
Escrevi em 2006 um artigo sobre o delicado tema, defendendo o direito de cada um escolher morrer. Continuo com a mesma opinião.
Published on March 22, 2012 10:42
Talentos negros?
Deu no jornal Valor Econômico:
Paes de Barros defende cotas raciais para altos cargos e pós-graduação
Por Luciano Máximo | Valor
SÃO PAULO - O economista especializado em políticas sociais Ricardo Paes de Barros, da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, defendeu hoje que o governo brasileiro avance nas ações afirmativas de combate à desigualdade racial.
Em sua avaliação, essas iniciativas foram bem sucedidas nos últimos dez anos, mas estão limitadas a "valores e necessidades" mais básicos da população negra — uma referência à superação da pobreza, acesso à renda e a melhores condições de moradia, por exemplo. O desafio, diz Paes de Barros, é avançar na superação de desigualdades raciais em "aspectos nobres", dando espaço para os negros em altos cargos de empresas públicas e privadas, na educação superior e no acesso à informação de qualidade.
"51% da população brasileira é negra e cada vez mais a pobreza é bicolor, cada vez mais o acesso à educação básica é bicolor, ou seja, 50% da população branca e 50% da população negra dividem esses direitos. Mas quando vemos que apenas 20% da população negra está na pós-graduação e menos ainda em altos cargos, verificamos que o combate à desigualdade racial é limitado", avaliou Paes de Barros, durante lançamento do portal Observatório da População Negra (www.observatoriodonegro.org.br).
Segundo o economista, é papel do Estado elaborar ações afirmativas, como cotas, também para minimizar a desigualdade racial no "topo da sociedade brasileira". "É responsabilidade do Estado. Uma preocupação assim levaria a formação de uma elite negra de forma mais acelerada, porque estamos vendo que o acesso da população negra ao topo da sociedade brasileira ainda é limitado. Isso quer dizer que muitos valores e talentos negros não estão sendo aproveitados."
Paes de Barros explicou que é complexo criar ações afirmativas para o que classificou de "topo" da sociedade, por limitações de recursos e porque os valores meritocráticos estão mais enraizados em áreas de liderança em empresas e governo e na pós-graduação, por exemplo. "A grande questão é buscar os talentos negros e dar oportunidade de inclusão meritocraticamente", completou Paes de Barros.
Para a acadêmica Eliane Barbosa, professora da Faculdade Zumbi dos Palmares e da Fundação Getulio Vargas — que será a primeira pesquisadora do Observatório da População Negra, responsável por um estudo sobre a situação de estagiários negros em instituições financeiras de São Paulo — o setor privado também tem responsabilidade na adoção de ações afirmativas, como a criação de cotas para negros em funções de liderança e vagas no ensino superior.
Comento: A turma que enxerga o mundo bicolor não desiste mesmo! Enquanto não criarem um apartheid no Brasil, país extremamente miscigenado, eles não vão sossegar. Querem combater o racismo com segregação racial. Que diabos é um "talento negro"? Eu conheço talento, PONTO. Tem mulher talentosa, tem gay talentoso, tem cristão talentoso, ateu talentoso, negro talentoso, amarelo talentoso, etc. Em suma, talento ou tem ou não tem, e isso não tem NADA a ver com cor de pele, credo religioso, gênero ou renda. Mas o governo petista tem alimentado como poucos a segregação. Dividir para governar, eis a máxima petista. Colocam pobres contra ricos, apelam para a cartada sexual da "presidenta", e abusam da vitimização racial para impor uma agenda perigosa que divide um país pardo entre negros e brancos. Tenho vários artigos publicados sobre o assunto. Abaixo, seguem dois deles:
A ineficiência econômica do racismo
As cotas racistas
Paes de Barros defende cotas raciais para altos cargos e pós-graduação
Por Luciano Máximo | Valor
SÃO PAULO - O economista especializado em políticas sociais Ricardo Paes de Barros, da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, defendeu hoje que o governo brasileiro avance nas ações afirmativas de combate à desigualdade racial.
Em sua avaliação, essas iniciativas foram bem sucedidas nos últimos dez anos, mas estão limitadas a "valores e necessidades" mais básicos da população negra — uma referência à superação da pobreza, acesso à renda e a melhores condições de moradia, por exemplo. O desafio, diz Paes de Barros, é avançar na superação de desigualdades raciais em "aspectos nobres", dando espaço para os negros em altos cargos de empresas públicas e privadas, na educação superior e no acesso à informação de qualidade.
"51% da população brasileira é negra e cada vez mais a pobreza é bicolor, cada vez mais o acesso à educação básica é bicolor, ou seja, 50% da população branca e 50% da população negra dividem esses direitos. Mas quando vemos que apenas 20% da população negra está na pós-graduação e menos ainda em altos cargos, verificamos que o combate à desigualdade racial é limitado", avaliou Paes de Barros, durante lançamento do portal Observatório da População Negra (www.observatoriodonegro.org.br).
Segundo o economista, é papel do Estado elaborar ações afirmativas, como cotas, também para minimizar a desigualdade racial no "topo da sociedade brasileira". "É responsabilidade do Estado. Uma preocupação assim levaria a formação de uma elite negra de forma mais acelerada, porque estamos vendo que o acesso da população negra ao topo da sociedade brasileira ainda é limitado. Isso quer dizer que muitos valores e talentos negros não estão sendo aproveitados."
Paes de Barros explicou que é complexo criar ações afirmativas para o que classificou de "topo" da sociedade, por limitações de recursos e porque os valores meritocráticos estão mais enraizados em áreas de liderança em empresas e governo e na pós-graduação, por exemplo. "A grande questão é buscar os talentos negros e dar oportunidade de inclusão meritocraticamente", completou Paes de Barros.
Para a acadêmica Eliane Barbosa, professora da Faculdade Zumbi dos Palmares e da Fundação Getulio Vargas — que será a primeira pesquisadora do Observatório da População Negra, responsável por um estudo sobre a situação de estagiários negros em instituições financeiras de São Paulo — o setor privado também tem responsabilidade na adoção de ações afirmativas, como a criação de cotas para negros em funções de liderança e vagas no ensino superior.
Comento: A turma que enxerga o mundo bicolor não desiste mesmo! Enquanto não criarem um apartheid no Brasil, país extremamente miscigenado, eles não vão sossegar. Querem combater o racismo com segregação racial. Que diabos é um "talento negro"? Eu conheço talento, PONTO. Tem mulher talentosa, tem gay talentoso, tem cristão talentoso, ateu talentoso, negro talentoso, amarelo talentoso, etc. Em suma, talento ou tem ou não tem, e isso não tem NADA a ver com cor de pele, credo religioso, gênero ou renda. Mas o governo petista tem alimentado como poucos a segregação. Dividir para governar, eis a máxima petista. Colocam pobres contra ricos, apelam para a cartada sexual da "presidenta", e abusam da vitimização racial para impor uma agenda perigosa que divide um país pardo entre negros e brancos. Tenho vários artigos publicados sobre o assunto. Abaixo, seguem dois deles:
A ineficiência econômica do racismo
As cotas racistas
Published on March 22, 2012 10:03
Escalada protecionista
Deu no jornal Valor Econômico:
Centrais pedem mais conteúdo nacional em peças
Por Thiago Resende, Lucas Marchesini e Francine De Lorenzo | De Brasília e de São Bernardo do Campo
Dirigentes das seis principais centrais sindicais do país propuseram ontem ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, que o setor automotivo eleve o chamado conteúdo local das partes e peças nacionais usadas na produção de veículos. O presidente da Força Sindical, deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, defende a elevação, de 8% para 21%, no índice atualmente em vigor. "Estamos questionando a nacionalização de peças porque o setor automotivo hoje tem 8% de exigência. Nós queremos aumentar esse número. Nossa proposta é que o conteúdo local chegue a 21%", afirmou. O governo, segundo o sindicalista, aceitou negociar a reivindicação das centrais sindicais. Mas, para ele, esse é um processo "lento".
O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique, explicou que, no cálculo de conteúdo nacional "como um todo", pode ser considerado até o gasto com publicidade no país. "Não queremos apenas ser apertador de parafuso e montador de peça. Queremos discutir projetos de política industrial", disse.
[...]
Pouco depois, no mesmo jornal, consta a seguinte matéria:
UE estuda protecionismo nas compras do governo
Por Alex Barker e Joshua Chaffin | Financial Times, de Bruxelas
As autoridades da União Europeia (UE) receberão novos poderes para adotar medidas de retaliação contra países que se recusarem a dar às empresas europeias um acesso justo aos contratos governamentais, segundo um plano de reformas formulado por Bruxelas (sede da UE).
A iniciativa poderá gerar tensão nas relações com a China e provocar acusações de protecionismo dos parceiros comerciais.
A proposta, que deverá ser divulgada amanhã, pretende fortalecer o poder dos negociadores da UE que tentam derrubar as barreiras enfrentadas por empresas europeias desejosas de obter contratos governamentais em mercados emergentes, como a China.
Mas o plano de criar poderes para autoridades da UE de recusar propostas de fornecimento procedentes de empresas provenientes de mercados fechados provocou um debate acalorado na Comissão Europeia, lançando os liberais em termos de comércio exterior contra os que defendem uma política mais forte de "reciprocidade".
[...]
Comento: Em momentos de crise, erguer barreiras protecionistas parece uma "solução" atraente para políticos com visão míope. Na década de 1930, esse foi um dos fatores que aceleraram o agravamento da depressão americana. O Smoot-Hawley Tariff Act representou um ícone protecionista na até então liberal economia americana, desencadeando uma escalada protecionista generalizada. Hoover assinou a lei mesmo com mais de mil economistas escrevendo uma carta aberta onde tal medida era duramente condenada. A medida se mostrou catastrófica, e retaliações ocorreram no mundo todo. As importações americanas caíram mais de 40%.
O governo Dilma está avançando a passos largos nesta direção caótica. Diante de tanta estupidez econômica, resta apenas a ironia como arma. Para quem ainda não leu, segue a minha petição nacionalista, em nome da ABPCO (Associação Brasileira dos Produtores de Coisas Obsoletas), que foi publicada no jornal O Globo. É rir para não chorar!
Centrais pedem mais conteúdo nacional em peças
Por Thiago Resende, Lucas Marchesini e Francine De Lorenzo | De Brasília e de São Bernardo do Campo
Dirigentes das seis principais centrais sindicais do país propuseram ontem ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, que o setor automotivo eleve o chamado conteúdo local das partes e peças nacionais usadas na produção de veículos. O presidente da Força Sindical, deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, defende a elevação, de 8% para 21%, no índice atualmente em vigor. "Estamos questionando a nacionalização de peças porque o setor automotivo hoje tem 8% de exigência. Nós queremos aumentar esse número. Nossa proposta é que o conteúdo local chegue a 21%", afirmou. O governo, segundo o sindicalista, aceitou negociar a reivindicação das centrais sindicais. Mas, para ele, esse é um processo "lento".
O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique, explicou que, no cálculo de conteúdo nacional "como um todo", pode ser considerado até o gasto com publicidade no país. "Não queremos apenas ser apertador de parafuso e montador de peça. Queremos discutir projetos de política industrial", disse.
[...]
Pouco depois, no mesmo jornal, consta a seguinte matéria:
UE estuda protecionismo nas compras do governo
Por Alex Barker e Joshua Chaffin | Financial Times, de Bruxelas
As autoridades da União Europeia (UE) receberão novos poderes para adotar medidas de retaliação contra países que se recusarem a dar às empresas europeias um acesso justo aos contratos governamentais, segundo um plano de reformas formulado por Bruxelas (sede da UE).
A iniciativa poderá gerar tensão nas relações com a China e provocar acusações de protecionismo dos parceiros comerciais.
A proposta, que deverá ser divulgada amanhã, pretende fortalecer o poder dos negociadores da UE que tentam derrubar as barreiras enfrentadas por empresas europeias desejosas de obter contratos governamentais em mercados emergentes, como a China.
Mas o plano de criar poderes para autoridades da UE de recusar propostas de fornecimento procedentes de empresas provenientes de mercados fechados provocou um debate acalorado na Comissão Europeia, lançando os liberais em termos de comércio exterior contra os que defendem uma política mais forte de "reciprocidade".
[...]
Comento: Em momentos de crise, erguer barreiras protecionistas parece uma "solução" atraente para políticos com visão míope. Na década de 1930, esse foi um dos fatores que aceleraram o agravamento da depressão americana. O Smoot-Hawley Tariff Act representou um ícone protecionista na até então liberal economia americana, desencadeando uma escalada protecionista generalizada. Hoover assinou a lei mesmo com mais de mil economistas escrevendo uma carta aberta onde tal medida era duramente condenada. A medida se mostrou catastrófica, e retaliações ocorreram no mundo todo. As importações americanas caíram mais de 40%.
O governo Dilma está avançando a passos largos nesta direção caótica. Diante de tanta estupidez econômica, resta apenas a ironia como arma. Para quem ainda não leu, segue a minha petição nacionalista, em nome da ABPCO (Associação Brasileira dos Produtores de Coisas Obsoletas), que foi publicada no jornal O Globo. É rir para não chorar!
Published on March 22, 2012 09:43
March 21, 2012
Dilma cobra mais investimentos
Vídeo onde comento o absurdo que é a presidente Dilma chamar os grandes empresários para cobrar mais investimentos, como se bastasse vontade para tanto. É de uma ignorância econômica assustadora, e ao mesmo tempo sintomática da mentalidade brasileira.
Published on March 21, 2012 16:01
As boas intenções

Rodrigo Constantino*
Uma constatação que fiz ao longo de minha vida sempre me intrigou bastante: inúmeras pessoas boas, decentes e bem-intencionadas defendem ideias que considero visivelmente erradas ou mesmo absurdas, cujos resultados práticos costumam ser diametralmente opostos àqueles desejados. Compreender este fenômeno sempre foi uma meta minha. Por que o intervencionismo estatal, a despeito de seu terrível histórico de resultados, consegue atrair tantos defensores genuinamente preocupados com os outros?
O principal fator, creio eu, está na pouca rigorosidade com a qual estas pessoas confrontam suas boas intenções com os possíveis efeitos delas derivados. Usualmente, elas se satisfazem com uma primeira etapa mais simples, que é partir da premissa de que bastam as intenções para se obter os resultados. Colocando-se sempre na posição do executor das medidas defendidas, ou "déspotas esclarecidos", estas pessoas assumem que as intenções são suficientes para resolver os problemas.
"Se ao menos pessoas melhores (como eu?) estivessem no poder...", eles pensam. Não levam em conta que outros, não tão bons assim, poderão assumir o imenso poder que ajudaram a criar e defendem. Também não refletem que o próprio poder corrompe. Além disso, ignoram ainda que o desafio imposto pelos problemas pode ser tão grande e complexo que boas intenções não bastam para resolvê-los. O caminho alternativo, pelo livre mercado, desperta forte desconfiança.
Os empresários querem lucrar, e não ajudar os mais pobres e necessitados. Falta a boa intenção! O que não entendem é que os bons resultados deste processo independem da intencionalidade dos empresários. Se eles querem lucrar, então terão de satisfazer a demanda dos consumidores. Os remédios disponíveis nas farmácias não são fruto do altruísmo de cientistas abnegados, mas sim a conclusão de um pesado programa de investimento em pesquisas cujo objetivo é elevar a lucratividade do laboratório farmacêutico. (Claro, isso pode gerar excessos também nocivos, como a indústria dos diagnósticos simplistas apenas para vender mais remédios. Mas os benefícios compensam amplamente estes riscos.)
O livro As boas intenções, do escritor espanhol Max Aub, ilustra de forma brilhante como medidas repletas de bons sentimentos podem acarretar efeitos catastróficos, mesmo na vida daqueles que tais ações mais visavam a ajudar. Trata-se da história de Agustín Alfaro, "O que normalmente se chama um bom rapaz", nas palavras do autor. O livro retrata uma série de acontecimentos trágicos que vão ocorrendo à medida que Agustín tenta proteger sua mãe do sofrimento.
Tudo começa quando surge na casa da família uma moça chamada Remedios, que alega ser mãe de um filho de Agustín. O problema é que o rebento não era de Agustín, e sim de seu pai, que usara o nome do filho com a amante. No afã de poupar sua querida mãe de tamanho sofrimento, uma vez que ela considerava o marido um homem exemplar, Agustín acaba aceitando a farsa. O que se segue é uma verdadeira comédia de enganos que, naturalmente, acaba por desgraçar ainda mais a vida de sua mãe, sem falar das demais envolvidas, começando pelo próprio Agustín.
A existência do mal incomoda qualquer pessoa minimamente decente. A miséria, o sofrimento, o desemprego, a fome, tudo isso produz nestas pessoas um legítimo desejo de ajudar de alguma forma. O problema é quando o remédio proposto gera ainda mais do mal que pretende combater. Em seu livro sobre o mal, o pensador francês Michel Lacroix tem um capítulo justamente sobre "os fracassos da vontade do bem". Ele faz uma pergunta angustiante, mas que todos deveriam se fazer: "Mesmo que queiramos o bem, teremos nós a possibilidade de o concretizar"?
Lacroix vai além e questiona: "Será possível que, por uma espécie de maldição, a vontade do bem gere o próprio mal"? Não vamos esquecer que o século 20 foi uma epopeia da luta contra o mal, e as experiências socialistas buscaram criar um paraíso terrestre, extirpando do mundo todos os males que assolavam a humanidade. Não foram poucos os bem-intencionados que embarcaram nesta furada. O que estas pessoas talvez não levaram em conta no momento de aderir às utopias pode ter sido justamente as tais consequências indesejadas. Para acabar com a fome, os regimes socialistas coletivizaram as terras agrícolas, produzindo milhões de vítimas de inanição.
O fracasso do socialismo é bastante evidente hoje, mas não muito diferente é a esperança que o estado social despertou, e desperta, nestas almas caridosas. Todos terão direito a uma saúde digna bancada pelo governo. Todos terão garantias de bons empregos e salários. Todos terão conforto material oferecido pelo estado. E, novamente, poucos pararam para fazer aquela incômoda pergunta: e se os meios que defendo para fins tão nobres produzirem consequências indesejadas ou mesmo resultados perversos?
Volto à Lacroix, que coloca o dedo na ferida, para finalizar:
As grandes instituições, nomeadamente as que asseguram um serviço público, devem, por sua vez, responder por acusações graves. A sociologia das organizações mostrou que estas instituições consagradas ao bem comum são frequentemente minadas por desvios de finalidade, disfunções burocráticas, que as tornam improdutivas. Na primeira linha dos inculpados figura o estado-providência, acusado de alimentar a passividade dos beneficiários e de esterilizar as energias. Não sufocará o estado-providência aqueles que protege?
PS: aproveito para recomendar o filme "As invasões bárbaras", de Denys Arcand, que mostra a realidade do Sistema de Saúde Pública do Canadá, bem menos atraente do que a fantasia de seus defensores.
* Texto extraído do meu novo livro "Liberal com orgulho" (Ed. Lacre, 2011), à venda nas principais livrarias do país.
Published on March 21, 2012 11:56
Empalados por Vlad

Rodrigo Constantino (2005)
"É muito melhor ter inimigos declarados que amigos velados." (Napoleão Bonaparte)
Conta a História que o príncipe da Valáquia, Vlad Drakul, que reinou na Romênia no século XV, não ficou famoso como cruel e implacável à toa. Somente no dia de São Bartolomeu, Vlad teria mandado torturar, empalar, esfolar e assar cerca de trinta mil pessoas. Traído pelo próprio povo, foi preso, e conta-se que ele "brincava" de empalar ratos em sua cela. Tão assombrosa foi a figura do príncipe, e não conde, que Bram Stocker nele se inspirou para criar "Drácula", eternizando fatos e mitos desse mestre da empalação.
Em 2000, assumiu a presidência da Rússia Vladmir Putin, ex-diretor da KGB. Seu governo tem sido um misto de viés liberal, com decentes reformas em áreas cruciais, lideradas pela facção de São Petersburgo, e um retrocesso assustador no típico estilo soviético, apoiado pelos siloviki. Muitos vêm tentando interpretar Putin, ora justificando suas ações antidemocráticas pelo contexto russo, ora acusando-o simplesmente de ditador. No meio do terremoto, fica complicado dar um parecer com muita convicção, dado que existem argumentos convincentes de ambos os lados. Mas uma coisa é certa: o estilo de Putin ao combater um suposto inimigo torna a analogia com Drácula pertinente, ajudada ainda pelo nome igual.
Após a queda do regime genocida dos bolcheviques, que dominou a Rússia por 70 anos, seguiu-se um período de vácuo de poder, quando Yeltsin foi presidente. Como o risco do retorno dos comunistas não era nada desprezível, a turma liberal pressionou Yelstin para tocar um amplo programa de privatizações às pressas, sendo uma das principais cabeças por trás do plano o sério economista Chubais, assim como Gaidar. No calor do momento, a necessidade substituiu o planejamento calculado, e foram distribuídos para a população inúmeros vouchers, títulos que davam direito aos ativos estatais. Tamanha pulverização, com assimetria de informação, e gigante demanda reprimida por anos de comunismo, possibilitou que poucos oportunistas comprassem com enorme desconto esses títulos, tornando-se grandes sócios das principais empresas.
Na crise de 1998, com o governo quebrado e sedento por dólares, esses poucos milionários influentes iriam fechar acordos vantajosos, praticamente criminosos. Emprestaram dinheiro para o governo, e em troca tiveram como garantia as ações estatais que controlavam ainda as principais empresas russas. Porém, todos sabiam que o governo não teria condições de pagar, e assim os ativos passaram para as mãos privadas, a preço de banana. O escândalo ficou conhecido como loans for shares, e representaria a criação da nova classe dominante russa: os oligarcas.
Esses oligarcas iriam lembrar muito a máfia siciliana, nos velhos tempos. Eram poucos homens, sendo que os mais poderosos, apenas sete, encontravam-se em Sparrow Hills para decidir o futuro da nação. O líder, na época, era Berezovsky, a típica figura de um mafioso. Ele foi calculista em sua estratégia de infiltração no Kremlin, aproximando-se antes da filha de Yeltsin, e depois conquistando a confiança deste. Sua influência chegou ao ponto de afirmarem que a escolha do sucessor de Yeltsin foi obra do próprio, Berezovsky, que avaliou principalmente a lealdade de Putin. Mas o destino prega peças interessantes, e Berezovsky foi o primeiro oligarca a ser perseguido por Putin, que aparentemente não tinha nos planos pessoais ser apenas uma marionete dos oligarcas.
Em seguida foi a vez de Gusinsky, poderoso oligarca no setor de mídia. Putin declarava considerar a televisão uma das armas mais ameaçadoras na Rússia, e durante sua vergonhosa guerra na Chechênia, a cobertura dos canais de Gusinsky iria representar um entrave aos planos de Putin. O oligarca foi perseguido numa operação cinematográfica, envolvendo centenas de seguranças particulares em confronto com a polícia. Depois se seguiu uma pressão asfixiante a Gusinsky, já preso, envolvendo até ameaças à sua família. Este "aceitou" vender suas empresas por preço irrisório, e acabou fugindo do país. Os dois principais oligarcas estariam foragidos, e a mídia seria praticamente monopólio estatal. Mas isso era pouco.
Khodorkovsky era o oligarca mais rico, dono da Yukos e de uma fortuna estimada em mais de $10 bilhões. Suas ambições não pareciam satisfeitas, entretanto, e alguns especulavam que ele pretendia ser presidente. Bancava o liberal Yabloko e o Partido Comunista, lados bem opostos ideologicamente. Privatizar a Duma era seu objetivo, acusavam alguns. E nessa empreitada, os planos de Putin estariam no caminho. O confronto parecia evidente. O desfecho também. Em uma chuva de acusações, que passou por assassinato a mando de sócios de Khodorkosky, evasão fiscal e tudo que se pode imaginar, o oligarca acabou preso e sua empresa destruída. O total de impostos devidos pela Yukos, segundo o governo, ficou em $24 bilhões para os anos de 2000 a 2003, quase a totalidade da receita da empresa no período!
A empresa teria utilizado esquemas de otimização fiscal que ferem o espírito da lei, coisa que todos fizeram. Mas o império da lei parece ser bem seletivo. O caso da Yukos deixou evidente a motivação política, com todas as barreiras possíveis sendo colocadas para impedir a empresa de pagar o absurdo valor exigido. Confisco é a única palavra que se aplica, sem eufemismos. No extremo, até os diretores estrangeiros da empresa fugiram, lembrando os tempos bolcheviques em que a família Nobel teve que sair às pressas para a Finlândia, abandonando quase 3/4 de século de presença dominante no setor petrolífero russo. Mais um importante oligarca saía de cena, devidamente "empalado".
A Rússia experimentou ainda um dos seus piores atentados terroristas dos últimos tempos, com várias crianças morrendo em uma operação catastrófica da polícia. A guerra com os chechenos tem sido duradoura e desgastante, mas a escassa cobertura da mídia funciona como uma proteção da popularidade de Putin. A capital da Chechênia chegou a ser totalmente arruinada, e os militares russos são constantemente acusados de abusos grotescos. Após o atentado na escola de Beslan, Putin propôs medidas que fazem o Ato Patriótico americano, criticado por muitos, parecer a coisa mais liberal do universo. Entre outras propostas, está o fim de eleições para governadores, que passarão a ser apontados diretamente pelo presidente. Uma total concentração de poderes, abolindo o federalismo na prática. Alguns justificam que o semi-feudalismo existente no país era um grande obstáculo na aprovação de reformas necessárias. Mas tal concentração de poder não deixa de dar calafrios aos defensores da liberdade.
Pode ser que existam justificativas razoáveis por trás de medidas tão autoritárias de Putin. Muitos argumentam que tais oligarcas impossibilitavam a Rússia de entrar numa democracia verdadeira, controlando a Duma. Outros dizem que a Rússia precisa de uma mão firme, e que o povo, acostumado, depende de um estado forte. E tem os que entendem que a centralização do poder era o único caminho para colocar a Rússia numa trajetória mais justa e democrática. Mas pode não ser nada disso. Pode ser simplesmente uma retomada dos anos de chumbo, da cortina de ferro, do totalitarismo. O recado para os demais oligarcas está claro: siga as ordens do Kremlin.... ou morra!
Isso caracteriza o fascismo, onde a empresa pode ser privada, mas obedece ao governo como um cachorrinho adestrado. Se Putin irá utilizar tamanho poder para fazer de fato as reformas necessárias para o país ainda é uma incógnita. O recente anúncio de atraso na privatização do fundamental setor elétrico não corrobora com essa hipótese. Mas uma coisa parece certa, sem espaço para dúvidas: o próximo oligarca que desobedecer Putin, que tentar enfrentá-lo, terá o mesmo destino que os demais. Será empalado por Vlad.[image error]
Published on March 21, 2012 09:38
Putin deixa Eike Batista no chinelo
Que Eike Batista nada! Putin é "o cara". Deu no The Telegraph: russo lança livro acusando Putin de ter uma fortuna acumulada de US$ 40 bilhões! Em países com forte "capitalismo de estado" e fraco "império da lei", como Rússia (e Brasil), são os governantes ou amigos dos governantes que ficam ricos de verdade. Enquanto nos EUA os ricaços são empreendedores de setores inovadores, nesses países com mais estado que capitalismo são os políticos e seus apaniguados que fazem fortuna! E sob o aplauso dos idiotas úteis da esquerda...
Eu acompanhei as transformações russas de perto durante alguns anos, tendo visitado Moscou três vezes e conversado com muita gente local e influente. Além disso, li alguns livros interessantes, como "The Oligarchs". Cheguei a escrever no começo da era Putin alguns artigos, lamentando os rumos que o poderoso ex-KGB tomava. A seguir, vou publicar alguns desses artigos, para quem tiver interesse em entender melhor os acontecimentos no R dos BRIC.[image error]
Eu acompanhei as transformações russas de perto durante alguns anos, tendo visitado Moscou três vezes e conversado com muita gente local e influente. Além disso, li alguns livros interessantes, como "The Oligarchs". Cheguei a escrever no começo da era Putin alguns artigos, lamentando os rumos que o poderoso ex-KGB tomava. A seguir, vou publicar alguns desses artigos, para quem tiver interesse em entender melhor os acontecimentos no R dos BRIC.[image error]
Published on March 21, 2012 09:36
March 20, 2012
Resgatando o monopólio da Petrossauro
Acusações contra executivos da Chevron ameaçam planos de novos investimentos
Por Daniel Gilbert e John Lyons | The Wall Street Journal
A intenção de promotores brasileiros de apresentar acusações criminais contra executivos da Chevron devido aos vazamentos de petróleo no mar ameaça dissuadir empresas estrangeiras de concretizar seus planos de abertura de poços nesse país rico em petróleo, disseram especialistas.
O Brasil apresentará acusações criminais amanhã contra executivos da Chevron e da Transocean, operadora de equipamentos de perfuração, acusando-os de crimes ambientais relacionados a vazamento de petróleo no mar ocorrido em novembro, disse o promotor Eduardo Santos de Oliveira.
A Chevron tem enfrentado dificuldades para estancar vazamentos no fundo do mar no lucrativo campo de Frade, 230 quilômetros a nordeste do Rio. Na semana passada, a petrolífera americana informou que um segundo vazamento submarino está liberando pequena quantidade de petróleo no oceano. A empresa interrompeu sua produção no campo.
Na sexta-feira, um juiz brasileiro proibiu um grupo de executivos e funcionários da Chevron e da Transocean de deixar o país. Oliveira disse que "existem informações e provas da ocorrência de conduta criminosa" por funcionários nas empresas relacionadas com o acidente de perfuração em novembro, que causou um vazamento de 2,4 mil a 3 mil barris de petróleo do fundo do mar.
"Vamos defender a empresa e seus funcionários. A Chevron está confiante em que, depois que todos os fatos forem plenamente examinados, irão comprovar que a Chevron tomou as providências adequadas e responsáveis diante do incidente", disse Kurt Glaubitz, porta-voz da companhia de San Ramon, Califórnia, em comunicado. Guy Cantwell, porta-voz da Transocean, disse que a empresa "sempre cooperou com as autoridades, mas continuará a defender vigorosamente seu pessoal".
Os acontecimentos são um revés para a Chevron, que tem cerca de 700 milhões de barris em reservas de petróleo no Brasil e está investindo cerca de US$ 2 bilhões em um de seus maiores projetos de petróleo no país - no campo marítimo de Papa-Terra - em associação com a Petrobras.
"Acho que alguns executivos ficarão muito alarmados com isso", disse Subash Chandra, analista da Jefferies & Co. em Nova York. Pavel Molchanov, analista da Raymond James em Houston, disse que o Brasil tem mais a perder do que a Chevron, que, segundo ele, tinha 1% de suas reservas no país. "O governo brasileiro está dando um tiro no pé", disse Molchanov. "O Brasil ainda precisa de capital e de know-how tecnológico. Não é estrategicamente vantajoso para o Brasil fazer as pessoas sairem do país ou deixarem de investir."
Um porta-voz da Chevron informou que a empresa não mudou seus planos de investimento no Brasil, mas o principal executivo da companhia, John Watson, disse aos analistas na semana passada que "ainda resta conferir" qual será o futuro da empresa no Brasil.
A polêmica está repercutindo no setor brasileiro de prospecção em águas profundas, dominado pela Petrobras, mas poderá causar impacto nas petrolíferas internacionais parceiras da estatal, como a BG, do Reino Unido. A Anadarko , sediada em Denver, tenta vender participação em 283.281 hectares ao largo da costa brasileira. Ontem, porta-vozes de ambas as empresas preferiram não comentar.
Os enormes depósitos de petróleo na costa brasileira são altamente atraentes para empresas que procuram ter uma base de sustentação em um dos poucos países do mundo que têm o potencial de aumentar a produção e que não pertencem à Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep).
O desenvolvimento das reservas brasileiras em águas profundas tem enorme peso político para o governo da presidente Dilma Rousseff. Seu partido, o PT, prometeu empregar os rendimentos do petróleo para oferecer mais programas sociais e sustentar uma expansão da economia que já dura vários anos.
Em novembro, a Chevron despertou fortes críticas das autoridades brasileiras após reconhecer ter calculado mal a pressão do petróleo e do gás de seu reservatório do Frade, o que resultou no lento vazamento de petróleo pelas fissuras do fundo do mar. Na época, a empresa absolveu publicamente sua contratada Transocean de qualquer responsabilidade.
O volume de petróleo derramado foi relativamente pequeno, menos de 1% do vazamento da BP em 2010 no Golfo do México. As autoridades brasileiras, no entanto, multaram a Chevron em milhões de dólares por infrações ambientais e a proibiram de fazer perfurações de exploração, veto que continua em vigor. Promotores federais entraram com ação civil pedindo cerca de US$ 11 bilhões da Chevron e Transocean.
Entre os executivos atingidos pela ordem do juiz de restrição de deslocamentos, está George Buck, americano que chefia a subsidiária brasileira da Chevron. Glaubitz, da Chevron, não quis comentar se o novo vazamento estava relacionado às operações da empresa nas proximidades até que uma avaliação técnica, que pode levar meses, seja concluída. A agência de regulamentação brasileira do setor de petróleo informou ontem em comunicado, depois de realizar uma análise, que não há indícios de que o vazamento tenha aumentado.
Vazamentos, que podem ocorrer naturalmente, são comuns em águas acima de reservas de petróleo. Nos anos 40, manchas escuras de petróleo na superfície do Golfo do México deram pistas às empresas de perfuração sobre as possibilidades no leito marinho na área, que acabaria se tornando uma das maiores fontes de petróleo nos EUA.
No Brasil, no entanto, os vazamentos aqueceram o debate sobre como regulamentar a exploração marítima, com o vazamento da BP ainda sendo motivo de preocupação na opinião pública.
Comentário: o governo PT está conseguindo resgatar o monopólio da Petrobras, inviabilizando a presença de empresas estrangeiras no país. Se continuar assim, vão sobrar apenas Petrobras e OGX, de Eike Batista, explorando "nosso" petróleo. Para quem tiver interesse, segue meu artigo sobre a postura da ANP em relação ao vazamento da Chevron.[image error]
Por Daniel Gilbert e John Lyons | The Wall Street Journal
A intenção de promotores brasileiros de apresentar acusações criminais contra executivos da Chevron devido aos vazamentos de petróleo no mar ameaça dissuadir empresas estrangeiras de concretizar seus planos de abertura de poços nesse país rico em petróleo, disseram especialistas.
O Brasil apresentará acusações criminais amanhã contra executivos da Chevron e da Transocean, operadora de equipamentos de perfuração, acusando-os de crimes ambientais relacionados a vazamento de petróleo no mar ocorrido em novembro, disse o promotor Eduardo Santos de Oliveira.
A Chevron tem enfrentado dificuldades para estancar vazamentos no fundo do mar no lucrativo campo de Frade, 230 quilômetros a nordeste do Rio. Na semana passada, a petrolífera americana informou que um segundo vazamento submarino está liberando pequena quantidade de petróleo no oceano. A empresa interrompeu sua produção no campo.
Na sexta-feira, um juiz brasileiro proibiu um grupo de executivos e funcionários da Chevron e da Transocean de deixar o país. Oliveira disse que "existem informações e provas da ocorrência de conduta criminosa" por funcionários nas empresas relacionadas com o acidente de perfuração em novembro, que causou um vazamento de 2,4 mil a 3 mil barris de petróleo do fundo do mar.
"Vamos defender a empresa e seus funcionários. A Chevron está confiante em que, depois que todos os fatos forem plenamente examinados, irão comprovar que a Chevron tomou as providências adequadas e responsáveis diante do incidente", disse Kurt Glaubitz, porta-voz da companhia de San Ramon, Califórnia, em comunicado. Guy Cantwell, porta-voz da Transocean, disse que a empresa "sempre cooperou com as autoridades, mas continuará a defender vigorosamente seu pessoal".
Os acontecimentos são um revés para a Chevron, que tem cerca de 700 milhões de barris em reservas de petróleo no Brasil e está investindo cerca de US$ 2 bilhões em um de seus maiores projetos de petróleo no país - no campo marítimo de Papa-Terra - em associação com a Petrobras.
"Acho que alguns executivos ficarão muito alarmados com isso", disse Subash Chandra, analista da Jefferies & Co. em Nova York. Pavel Molchanov, analista da Raymond James em Houston, disse que o Brasil tem mais a perder do que a Chevron, que, segundo ele, tinha 1% de suas reservas no país. "O governo brasileiro está dando um tiro no pé", disse Molchanov. "O Brasil ainda precisa de capital e de know-how tecnológico. Não é estrategicamente vantajoso para o Brasil fazer as pessoas sairem do país ou deixarem de investir."
Um porta-voz da Chevron informou que a empresa não mudou seus planos de investimento no Brasil, mas o principal executivo da companhia, John Watson, disse aos analistas na semana passada que "ainda resta conferir" qual será o futuro da empresa no Brasil.
A polêmica está repercutindo no setor brasileiro de prospecção em águas profundas, dominado pela Petrobras, mas poderá causar impacto nas petrolíferas internacionais parceiras da estatal, como a BG, do Reino Unido. A Anadarko , sediada em Denver, tenta vender participação em 283.281 hectares ao largo da costa brasileira. Ontem, porta-vozes de ambas as empresas preferiram não comentar.
Os enormes depósitos de petróleo na costa brasileira são altamente atraentes para empresas que procuram ter uma base de sustentação em um dos poucos países do mundo que têm o potencial de aumentar a produção e que não pertencem à Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep).
O desenvolvimento das reservas brasileiras em águas profundas tem enorme peso político para o governo da presidente Dilma Rousseff. Seu partido, o PT, prometeu empregar os rendimentos do petróleo para oferecer mais programas sociais e sustentar uma expansão da economia que já dura vários anos.
Em novembro, a Chevron despertou fortes críticas das autoridades brasileiras após reconhecer ter calculado mal a pressão do petróleo e do gás de seu reservatório do Frade, o que resultou no lento vazamento de petróleo pelas fissuras do fundo do mar. Na época, a empresa absolveu publicamente sua contratada Transocean de qualquer responsabilidade.
O volume de petróleo derramado foi relativamente pequeno, menos de 1% do vazamento da BP em 2010 no Golfo do México. As autoridades brasileiras, no entanto, multaram a Chevron em milhões de dólares por infrações ambientais e a proibiram de fazer perfurações de exploração, veto que continua em vigor. Promotores federais entraram com ação civil pedindo cerca de US$ 11 bilhões da Chevron e Transocean.
Entre os executivos atingidos pela ordem do juiz de restrição de deslocamentos, está George Buck, americano que chefia a subsidiária brasileira da Chevron. Glaubitz, da Chevron, não quis comentar se o novo vazamento estava relacionado às operações da empresa nas proximidades até que uma avaliação técnica, que pode levar meses, seja concluída. A agência de regulamentação brasileira do setor de petróleo informou ontem em comunicado, depois de realizar uma análise, que não há indícios de que o vazamento tenha aumentado.
Vazamentos, que podem ocorrer naturalmente, são comuns em águas acima de reservas de petróleo. Nos anos 40, manchas escuras de petróleo na superfície do Golfo do México deram pistas às empresas de perfuração sobre as possibilidades no leito marinho na área, que acabaria se tornando uma das maiores fontes de petróleo nos EUA.
No Brasil, no entanto, os vazamentos aqueceram o debate sobre como regulamentar a exploração marítima, com o vazamento da BP ainda sendo motivo de preocupação na opinião pública.
Comentário: o governo PT está conseguindo resgatar o monopólio da Petrobras, inviabilizando a presença de empresas estrangeiras no país. Se continuar assim, vão sobrar apenas Petrobras e OGX, de Eike Batista, explorando "nosso" petróleo. Para quem tiver interesse, segue meu artigo sobre a postura da ANP em relação ao vazamento da Chevron.[image error]
Published on March 20, 2012 11:04
Divinas comédias
João Pereira Coutinho, Folha de SP
1. Mais CEDO ou mais tarde tinha de acontecer: "A Divina Comédia" é um livro racista, homofóbico, anti-islâmico e antissemita, diz um grupo defensor dos direitos humanos que aconselha as Nações Unidas em matérias de discriminação e racismo.
O grupo dá pelo nome de Gherush 92 e não se limita a denunciar os alegados vícios da obra de Dante Alighieri (1265-1321).
Pretende igualmente que o livro seja retirado das escolas e das universidades, para evitar a disseminação dos maus exemplos.
Eis o velho código dos selvagens: o que não entendes, destrói. Porque reduzir a "Divina Comédia", obra sublime de inícios do século 14, a um mero catálogo de preconceitos do século 21 não é apenas um erro grosseiro de anacronismo.
É não entender a natureza de uma obra que, ao apresentar uma gloriosa visão mística sobre os caminhos de salvação da alma humana, retoma e aprofunda o essencial da ortodoxia cristã.
Os Cantos 12-17 podem aterrar-nos, literária e visualmente falando, com a descrição do Sétimo Círculo do Inferno.
Mas Dante não está a dizer nada de particularmente original ao condenar os blasfemos, os sodomitas ou os usurários a castigos. Basta consultar os textos sacros para reconhecer a fonte onde Dante bebeu.
Por outro lado, Dante não se limitou a relembrar aos presentes o essencial da palavra cristã.
Para quem passou parte da existência na defesa da unidade da cristandade (contra os gibelinos, partidários do Sacro Império Romano; e contra o guelfos negros, partidários de Bonifácio 8º), assim se entende o lugar que o poeta reservou no Inferno para os inimigos dessa unidade. Que tanto podiam brotar do interior da igreja -o papa Celestino 5º é um exemplo- como do exterior dela -e Maomé, logicamente, é o candidato ideal ao título de cismático número um.
Tivesse Dante vivido no século 16, e não nos séculos 13 e 14, e seria inevitável encontrar no seu Inferno um tal de Martinho Lutero.
As patrulhas multiculturalistas que condenaram a "Divina Comédia" desconhecem a matéria básica sobre a qual dissertam.
E, com a arrogância própria dos ignorantes, exportam as suas patéticas categorias contemporâneas (Dante é racista, homofóbico, anti-islâmico etc.) para um mundo que apenas interpretam anacrônica e superficialmente.
Essa atitude, que vem embrulhada na capa da "tolerância", é na verdade a marca suprema do fanatismo literalista. Porque só um fanático adere literalmente ao texto sem considerar a dimensão metafórica, cultural e contextual dele.
De resto, pretender que o livro seja retirado de escolas ou universidades não é para levar a sério. Se fosse para levar a sério, não haveria nenhuma razão para que a limpeza ficasse apenas pela "Divina Comédia".
A história da cultura ocidental é um longo cortejo de obras que ofendem sempre a sensibilidade de alguém, algures -hoje ou no futuro.
Fazer depender a sobrevivência dessa cultura dos caprichos transitórios dos homens presentes é a melhor definição de vandalismo que conheço.
2. Na passada semana escrevi neste espaço que o racismo não era uma doença -e que por isso não tinha cura. Alguns leitores não gostaram da colocação pessimista e escreveram de volta com acusações extremas: eu estaria a "desculpar" o racismo; ou, pelo menos, a aceitar a sua inevitabilidade.
Nada mais falso. Admito que racistas sempre haverá. Mas o racismo, longe de ser uma patologia, parece-me um problema essencialmente ético -a atitude de considerar inferior quem se encara como diferente.
Isso é válido para o racismo dos brancos contra os negros; dos negros contra os brancos; ou até dos negros contra os negros -os tribalismos sanguinários de África são um caso óbvio.
Uma tal atitude não se resolve com medicação, ao contrário do que afirmava o estudo citado da universidade de Oxford.
Aliás, se existe tentativa de desculpar o indesculpável, ela está precisamente em quem pretende transformar em doença o que é apenas uma questão de educação moral.
E esse tipo de educação, infelizmente, não se vende na farmácia.[image error]
1. Mais CEDO ou mais tarde tinha de acontecer: "A Divina Comédia" é um livro racista, homofóbico, anti-islâmico e antissemita, diz um grupo defensor dos direitos humanos que aconselha as Nações Unidas em matérias de discriminação e racismo.
O grupo dá pelo nome de Gherush 92 e não se limita a denunciar os alegados vícios da obra de Dante Alighieri (1265-1321).
Pretende igualmente que o livro seja retirado das escolas e das universidades, para evitar a disseminação dos maus exemplos.
Eis o velho código dos selvagens: o que não entendes, destrói. Porque reduzir a "Divina Comédia", obra sublime de inícios do século 14, a um mero catálogo de preconceitos do século 21 não é apenas um erro grosseiro de anacronismo.
É não entender a natureza de uma obra que, ao apresentar uma gloriosa visão mística sobre os caminhos de salvação da alma humana, retoma e aprofunda o essencial da ortodoxia cristã.
Os Cantos 12-17 podem aterrar-nos, literária e visualmente falando, com a descrição do Sétimo Círculo do Inferno.
Mas Dante não está a dizer nada de particularmente original ao condenar os blasfemos, os sodomitas ou os usurários a castigos. Basta consultar os textos sacros para reconhecer a fonte onde Dante bebeu.
Por outro lado, Dante não se limitou a relembrar aos presentes o essencial da palavra cristã.
Para quem passou parte da existência na defesa da unidade da cristandade (contra os gibelinos, partidários do Sacro Império Romano; e contra o guelfos negros, partidários de Bonifácio 8º), assim se entende o lugar que o poeta reservou no Inferno para os inimigos dessa unidade. Que tanto podiam brotar do interior da igreja -o papa Celestino 5º é um exemplo- como do exterior dela -e Maomé, logicamente, é o candidato ideal ao título de cismático número um.
Tivesse Dante vivido no século 16, e não nos séculos 13 e 14, e seria inevitável encontrar no seu Inferno um tal de Martinho Lutero.
As patrulhas multiculturalistas que condenaram a "Divina Comédia" desconhecem a matéria básica sobre a qual dissertam.
E, com a arrogância própria dos ignorantes, exportam as suas patéticas categorias contemporâneas (Dante é racista, homofóbico, anti-islâmico etc.) para um mundo que apenas interpretam anacrônica e superficialmente.
Essa atitude, que vem embrulhada na capa da "tolerância", é na verdade a marca suprema do fanatismo literalista. Porque só um fanático adere literalmente ao texto sem considerar a dimensão metafórica, cultural e contextual dele.
De resto, pretender que o livro seja retirado de escolas ou universidades não é para levar a sério. Se fosse para levar a sério, não haveria nenhuma razão para que a limpeza ficasse apenas pela "Divina Comédia".
A história da cultura ocidental é um longo cortejo de obras que ofendem sempre a sensibilidade de alguém, algures -hoje ou no futuro.
Fazer depender a sobrevivência dessa cultura dos caprichos transitórios dos homens presentes é a melhor definição de vandalismo que conheço.
2. Na passada semana escrevi neste espaço que o racismo não era uma doença -e que por isso não tinha cura. Alguns leitores não gostaram da colocação pessimista e escreveram de volta com acusações extremas: eu estaria a "desculpar" o racismo; ou, pelo menos, a aceitar a sua inevitabilidade.
Nada mais falso. Admito que racistas sempre haverá. Mas o racismo, longe de ser uma patologia, parece-me um problema essencialmente ético -a atitude de considerar inferior quem se encara como diferente.
Isso é válido para o racismo dos brancos contra os negros; dos negros contra os brancos; ou até dos negros contra os negros -os tribalismos sanguinários de África são um caso óbvio.
Uma tal atitude não se resolve com medicação, ao contrário do que afirmava o estudo citado da universidade de Oxford.
Aliás, se existe tentativa de desculpar o indesculpável, ela está precisamente em quem pretende transformar em doença o que é apenas uma questão de educação moral.
E esse tipo de educação, infelizmente, não se vende na farmácia.[image error]
Published on March 20, 2012 07:11
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