Rodrigo Constantino's Blog, page 380
April 9, 2012
Ibovespa não sai do lugar

Rodrigo Constantino
O Ibovespa, perto dos 62 mil pontos, volta ao patamar que atingira em maio de 2007. Ou seja, 5 anos oscilando muito, mas sem sair do lugar, em valores nominais! A inflação acumulada no período, medida pelo IPCA, foi de 30%. Em outras palavras, o investidor que comprou o índice de ações brasileiras naquela época e carregou a posição já perdeu quase 30% em termos reais, sem falar do elevado custo de oportunidade (CDI).
O mercado tem sido favorável ao trader que opera esta volatilidade, ou ao stock picker que seleciona bem os ativos e encontra alfa. Mas, em geral, a bolsa não se mostrou um bom investimento nos últimos anos. E, no que depender deste desgoverno, é bom não nutrir tantas esperanças em relação aos próximos anos também...
Neste artigo publicado no jornal Valor, comentei este fenômeno e concluí:
A bolsa brasileira tem sido veículo bom apenas para especuladores ágeis ou aqueles que sabem garimpar muito bem os ativos. Para o típico investidor médio, que compra as "blue chips" e "casa" com elas, tem sido puro sofrimento. O CDI tem dado um banho no Ibovespa, graças basicamente ao governo.
Infelizmente, nada mudou desde então.
Published on April 09, 2012 07:30
April 6, 2012
Apertem os cintos que o piloto chegou!
Rodrigo Constantino
O governo Dilma parece ter perdido qualquer resquício ínfimo que sobrava de bom senso. As últimas medidas econômicas demonstram desespero e irresponsabilidade. O uso dos bancos estatais como instrumento de estímulo de crédito já foi testado no passado, sempre com resultados lamentáveis. O editorial econômico do Estadão toca no ponto:
A história do Banco do Brasil está cheia de exemplos que comprovam como o uso de um banco público para forçar as instituições privadas a reduzirem o custo do dinheiro acaba por enfraquecer os próprios bancos públicos.
Não satisfeito com o uso irresponsável do Banco do Brasil para estimular mais o crédito e pressionar mais a inflação, foi a vez da Caixa ser usada da mesma forma, sob comando central do governo Dilma. Como relata a Folha, o juro cobrado no cheque especial vai cair de 8% para pouco mais de 1% ao mês, como se bastasse o desejo político para fornecer mais crédito sem impacto inflacionário.
O que estamos vendo é a bolha brasileira de crédito em gestação, incentivada pelo próprio governo e o Banco Central, suposto guardião do poder de compra da moeda. Quando estourou a bolha de crédito nos EUA, a esquerda logo culpou o mercado, e pediu mais controle estatal. Os liberais apontaram que o próprio governo e o Fed estimularam a bolha. Liberais sempre perguntam "quem vigia o vigia?", pois desconfiam da concentração de poder e dos incentivos no setor público. Governantes costumam focar no curto prazo, pois estão de olho nas próximas eleições.
Pergunto então: Quando a bolha de crédito no Brasil, hoje em formação, estourar, de quem será a culpa? Do mercado? Ou do governo, que derruba a taxa de juros na marretada, com intuito demagógico?
Apertem o cinto, pois o piloto não sumiu; pior que isso!, ele chegou cheio de vontade, mas é um doido alucinado que não liga para os limites físicos do "avião" que comanda. Quando o cenário benigno externo mudar, os esqueletos que estão sendo jogados para baixo do tapete vão emergir com todo seu odor putrefato e sua feiúra assustadora.
Alguns sinais de esgotamento já começam a aparecer. Como mostra reportagem de O Globo, pesquisa da KPMG diz que o Brasil é o país mais caro para se fazer negócio entre os emergentes. Diz a matéria:
A KPMG afirma que além de ser menos competitivo entre os emergentes analisados, os custos empresariais no Brasil se aproximam dos níveis de países desenvolvidos. Por exemplo, os custos no Brasil são apenas 7% mais baixos em relação aos Estados Unidos, enquanto a China, que lidera a lista, tem custos 25,8% menores que os dos americanos, seguida pela Índia (-25,3%), México (-21%) e Rússia (-19,7%).
As cigarras brasileiras estão comemorando, pensando que o verão vai durar para sempre, que a vida melhorou e os pilares das mudanças são sólidos e estruturais. Doce ilusão! O enriquecimento tem muito mais ligação com fatores exógenos (China e custo de capital negativo nos países desenvolvidos), e com o aumento de crédito sem lastro (sem respaldo em aumento de poupança doméstica). Quando chegar o inverno, o sofrimento não vai ser um espetáculo bonito. As cigarras terão um duro encontro com a realidade.
O governo petista está plantando as sementes de uma grande crise à frente. É um dos governos mais irresponsáveis que já se viu. Está ameaçando as importantes conquistas dos últimos anos, como o controle inflacionário. Quem viver, verá.
O governo Dilma parece ter perdido qualquer resquício ínfimo que sobrava de bom senso. As últimas medidas econômicas demonstram desespero e irresponsabilidade. O uso dos bancos estatais como instrumento de estímulo de crédito já foi testado no passado, sempre com resultados lamentáveis. O editorial econômico do Estadão toca no ponto:
A história do Banco do Brasil está cheia de exemplos que comprovam como o uso de um banco público para forçar as instituições privadas a reduzirem o custo do dinheiro acaba por enfraquecer os próprios bancos públicos.
Não satisfeito com o uso irresponsável do Banco do Brasil para estimular mais o crédito e pressionar mais a inflação, foi a vez da Caixa ser usada da mesma forma, sob comando central do governo Dilma. Como relata a Folha, o juro cobrado no cheque especial vai cair de 8% para pouco mais de 1% ao mês, como se bastasse o desejo político para fornecer mais crédito sem impacto inflacionário.
O que estamos vendo é a bolha brasileira de crédito em gestação, incentivada pelo próprio governo e o Banco Central, suposto guardião do poder de compra da moeda. Quando estourou a bolha de crédito nos EUA, a esquerda logo culpou o mercado, e pediu mais controle estatal. Os liberais apontaram que o próprio governo e o Fed estimularam a bolha. Liberais sempre perguntam "quem vigia o vigia?", pois desconfiam da concentração de poder e dos incentivos no setor público. Governantes costumam focar no curto prazo, pois estão de olho nas próximas eleições.
Pergunto então: Quando a bolha de crédito no Brasil, hoje em formação, estourar, de quem será a culpa? Do mercado? Ou do governo, que derruba a taxa de juros na marretada, com intuito demagógico?
Apertem o cinto, pois o piloto não sumiu; pior que isso!, ele chegou cheio de vontade, mas é um doido alucinado que não liga para os limites físicos do "avião" que comanda. Quando o cenário benigno externo mudar, os esqueletos que estão sendo jogados para baixo do tapete vão emergir com todo seu odor putrefato e sua feiúra assustadora.
Alguns sinais de esgotamento já começam a aparecer. Como mostra reportagem de O Globo, pesquisa da KPMG diz que o Brasil é o país mais caro para se fazer negócio entre os emergentes. Diz a matéria:
A KPMG afirma que além de ser menos competitivo entre os emergentes analisados, os custos empresariais no Brasil se aproximam dos níveis de países desenvolvidos. Por exemplo, os custos no Brasil são apenas 7% mais baixos em relação aos Estados Unidos, enquanto a China, que lidera a lista, tem custos 25,8% menores que os dos americanos, seguida pela Índia (-25,3%), México (-21%) e Rússia (-19,7%).
As cigarras brasileiras estão comemorando, pensando que o verão vai durar para sempre, que a vida melhorou e os pilares das mudanças são sólidos e estruturais. Doce ilusão! O enriquecimento tem muito mais ligação com fatores exógenos (China e custo de capital negativo nos países desenvolvidos), e com o aumento de crédito sem lastro (sem respaldo em aumento de poupança doméstica). Quando chegar o inverno, o sofrimento não vai ser um espetáculo bonito. As cigarras terão um duro encontro com a realidade.
O governo petista está plantando as sementes de uma grande crise à frente. É um dos governos mais irresponsáveis que já se viu. Está ameaçando as importantes conquistas dos últimos anos, como o controle inflacionário. Quem viver, verá.
Published on April 06, 2012 08:05
April 5, 2012
Começou a choradeira das cigarras italianas
Deu no Financial Times: Employers attack Italy's labour reforms
Alguns trechos da reportagem:
Italy's leading industrialists and employers have slammed Mario Monti's revised labour market reforms as inadequate and counterproductive after initial plans were watered down to appease trade unions and the centre-left Democratic party.
"The text is very bad," Emma Marcegaglia, head of the Confindustria employers association, told the Financial Times on Thursday. "It is not what we agreed," she added, referring to more than two months of talks that culminated in the government's initial proposals in late March.
[...]
But subsequent reform efforts, including liberalisation of the services sector, were disappointing. "On cuts in public spending, we have seen nothing so far," she added.
Comentário: Como tenho dito faz tempo, não será fácil este doloroso encontro das cigarras europeias com a dura realidade! A Itália, uma espécie de Brasil da Europa, não faz reformas há anos. Sua economia vem perdendo competitividade a cada dia. As leis trabalhistas são absurdamente benevolentes e irrealistas. No passado, até assassinato a quem pregava mudanças ocorreu. Não é fácil mexer nas máfias sindicais. São poderosas demais. Tampouco é fácil reduzir os gastos públicos. Os marajás não largam o osso facilmente. Porém, a crise se impõe sobre os sonhos dos esquerdistas. A brincadeira acabou. É hora de acordar, e trabalhar! Resta saber se vão fazer isso a tempo de salvar o país, ou se terão de caminhar ainda mais na direção da Grécia e de Portugal antes de caírem na real.
Alguns trechos da reportagem:
Italy's leading industrialists and employers have slammed Mario Monti's revised labour market reforms as inadequate and counterproductive after initial plans were watered down to appease trade unions and the centre-left Democratic party.
"The text is very bad," Emma Marcegaglia, head of the Confindustria employers association, told the Financial Times on Thursday. "It is not what we agreed," she added, referring to more than two months of talks that culminated in the government's initial proposals in late March.
[...]
But subsequent reform efforts, including liberalisation of the services sector, were disappointing. "On cuts in public spending, we have seen nothing so far," she added.
Comentário: Como tenho dito faz tempo, não será fácil este doloroso encontro das cigarras europeias com a dura realidade! A Itália, uma espécie de Brasil da Europa, não faz reformas há anos. Sua economia vem perdendo competitividade a cada dia. As leis trabalhistas são absurdamente benevolentes e irrealistas. No passado, até assassinato a quem pregava mudanças ocorreu. Não é fácil mexer nas máfias sindicais. São poderosas demais. Tampouco é fácil reduzir os gastos públicos. Os marajás não largam o osso facilmente. Porém, a crise se impõe sobre os sonhos dos esquerdistas. A brincadeira acabou. É hora de acordar, e trabalhar! Resta saber se vão fazer isso a tempo de salvar o país, ou se terão de caminhar ainda mais na direção da Grécia e de Portugal antes de caírem na real.
Published on April 05, 2012 09:17
Bonecas negras: a coisa está preta!

Rodrigo Constantino
Deu no Globo: Conselho vai investigar caso de bonecas em feira
RIO - O Conselho Estadual dos Direitos do Negro (Cedine) enviará três representantes à Feira Hippie de Ipanema, no domingo, para checar a diferença de preço entre bonecas de pano negras e brancas. Como noticiou na terça-feira Ancelmo Gois em sua coluna no GLOBO, uma barraca cobra R$ 85 pelas brancas e R$ 65 pelas negras, embora as duas sejam praticamente iguais.
Presidente da entidade, Paulo Roberto dos Santos disse que os conselheiros tentarão conseguir com a dona da barraca uma explicação para a diferença de preços. Se os argumentos não forem convincentes, e se a proprietária se recusar a rever os valores, o conselho poderá encaminhar ao Ministério Público uma denúncia de discriminação:
— Nós resolvemos que, antes de qualquer atitude, vamos lá no domingo ver de perto essa situação, se tem a ver com algum preconceito. E vamos, primeiramente, convencer a pessoa a tratar com isonomia, com igualdade (brancas e negras). Se ela se recusar, vamos fazer uma denúncia formal ao Ministério Público e procurar a Defensoria Pública — disse Paulo.
A decisão de ir à feira foi tomada em reunião do Cedine, à qual estiveram presentes representantes do Conselho de Entidades Negras do Interior do Estado do Rio e da Associação das Comunidades Quilombolas do Estado do Rio.
Comentário: Essa gente racista não tem mais limite do ridículo! Não estou falando da vendedora, naturalmente, mas sim dos patrulheiros do "politicamente correto". Querem revogar até as leis de oferta e demanda agora, em nome da "igualdade racial". E dane-se que as bonecas negras tenham menor demanda, e POR ISSO um preço menor! Quem liga para esses detalhes? Quem liga para a liberdade de escolha dos indivíduos? Agora resta pensar sobre os próximos passos. Se o boneco do Ken (o namorado efeminado da Barbie) for mais caro do que o boneco do Falcon (para quem tem mais de 30 anos, ok?) , então é preconceito contra os barbudos. Não pode! Se a boneca morena da Polly for mais cara do que a Barbie, não pode, pois é preconceito contra as loiras! E por aí vai. A situação é tão esdrúxula, tão patética, que seria muito cômica, não fosse tão trágica por mostrar os tempos lamentáveis e perigosos em que vivemos.
Published on April 05, 2012 07:53
American Dream
Contardo Calligaris, Folha de SP
Os Estados Unidos parecem estar divididos como nunca. No entanto, todos concordam: para ganhar as eleições presidenciais, é preciso conquistar o centro moderado -sem ele, não há vitória possível. Mas o que é, nos EUA, o centro político?
Em geral, a gente entende assim: os democratas são socialistas "rosas", indulgentes em matéria de costumes e convencidos de que o governo precisa intervir na vida econômica (por exemplo, para compensar as diferenças excessivas à força de impostos e programas assistenciais), e os republicanos são caretas em matéria de costumes, mas contrários a todo tipo de tutela governamental.
Essa descrição sumária omite um pano de fundo que é comum a democratas e republicanos, simplesmente por eles serem norte-americanos, e esse pano de fundo é feito de antigovernismo e valorização da liberdade individual.
Por exemplo, quando um democrata é indulgente em matéria de costumes, não é necessariamente por inclinação libertina, mas por ele colocar a liberdade dos indivíduos acima da moral comum.
Ou, então, quando um republicano defende um capitalismo desregrado, que garanta ao empreendedor a mesma liberdade que permitiu a expansão do país para o Oeste, não é por convicção econômica, mas porque ele acha que o governo deveria colocar obstáculos nas rodas dos indivíduos só se eles forem absolutamente necessários para a vida em comunidade.
Esse espírito libertário é o do centro americano, sem o qual ninguém é eleito. Dos dois lados desse centro, há extremos que o ameaçam e dos quais os moderados não gostam.
Por exemplo, as aspirações de justiça social dos democratas "extremistas" podem parecer perigosas aos olhos do centro moderado: ainda hoje, discute-se seriamente para saber se o seguro médico universal, por ser obrigatório, não ameaça a liberdade do indivíduo.
Quanto ao "extremismo" republicano, que também faz o desgosto dos moderados, ele mostrou sua cara especialmente no último ano.
Para não perder as simpatias do centro, o partido republicano obviamente prefere candidatos nada "extremos" -hoje, Mitt Romney, em 2008, John McCain.
Mas o sucesso da campanha do maior concorrente de Romney, o senador Rick Santorum, mostra que a tentação extremista republicana é forte. De que se trata?
Santorum, por exemplo, declarou que ele teve vontade de vomitar quando ouviu o presidente Kennedy defender a separação da igreja e do Estado. É óbvio que a união de Estado e igreja leva qualquer governo a atropelar a liberdade privada de seus cidadãos, ou seja, é óbvio que a frase de Santorum é oposta aos ideais libertários do centro americano.
Por que ele se engajou neste caminho? De onde lhe veio essa ideia? Costuma-se pensar (e dizer) que o sonho americano começa com os puritanos, que saíram da Inglaterra a procura de liberdade religiosa. Mas os puritanos estavam interessados só na sua própria liberdade religiosa, não na dos outros.
Como projetava John Winthrop em 1630, ainda no barco que o levava para a nova terra, eles construiriam "uma cidade que brilharia nas alturas", exemplo para mundo, mas uma cidade fechada (na qual quem não concordasse seria enforcado como as bruxas de Salem e a mulher que pecasse por adultério seria marcada com uma letra escarlate).
Por sorte, em 1631, Roger Williams começou a pregar a separação de Estado e igreja e o direito de qualquer um de venerar o deus que bem entendesse.
Williams foi expulso e fundou Providence, outra cidade "nas alturas", mas aberta, onde ele inventou a liberdade de professar sua fé sem impô-la aos outros -ao contrário, com a ideia de que defender a liberdade dos outros é a melhor maneira de proteger a nossa própria liberdade.
Pois bem, o centro moderado norte-americano acredita em Roger Williams. Mas é preciso constatar que Rick Santorum e os republicanos extremistas não são uma invenção recente: como John Winthrop, eles sonham com a paz simplória de um vilarejo onde não se leia nada além da Bíblia e onde sempre seja possível dizer o que é certo e errado -e, claro, proibir o que seria "errado".
É curioso que ninguém repare no óbvio: os sonhos deles não são diferentes dos sonhos do Talibã de qualquer vilarejo do Afeganistão.
Os fundamentalistas são todos iguais: "apenas" querem que a lei de seu deus seja mandatória para todos os demais.
Por sorte nossa, não é esse o sonho daquele centro moderado norte-americano que, em geral, escolhe os presidentes.
Os Estados Unidos parecem estar divididos como nunca. No entanto, todos concordam: para ganhar as eleições presidenciais, é preciso conquistar o centro moderado -sem ele, não há vitória possível. Mas o que é, nos EUA, o centro político?
Em geral, a gente entende assim: os democratas são socialistas "rosas", indulgentes em matéria de costumes e convencidos de que o governo precisa intervir na vida econômica (por exemplo, para compensar as diferenças excessivas à força de impostos e programas assistenciais), e os republicanos são caretas em matéria de costumes, mas contrários a todo tipo de tutela governamental.
Essa descrição sumária omite um pano de fundo que é comum a democratas e republicanos, simplesmente por eles serem norte-americanos, e esse pano de fundo é feito de antigovernismo e valorização da liberdade individual.
Por exemplo, quando um democrata é indulgente em matéria de costumes, não é necessariamente por inclinação libertina, mas por ele colocar a liberdade dos indivíduos acima da moral comum.
Ou, então, quando um republicano defende um capitalismo desregrado, que garanta ao empreendedor a mesma liberdade que permitiu a expansão do país para o Oeste, não é por convicção econômica, mas porque ele acha que o governo deveria colocar obstáculos nas rodas dos indivíduos só se eles forem absolutamente necessários para a vida em comunidade.
Esse espírito libertário é o do centro americano, sem o qual ninguém é eleito. Dos dois lados desse centro, há extremos que o ameaçam e dos quais os moderados não gostam.
Por exemplo, as aspirações de justiça social dos democratas "extremistas" podem parecer perigosas aos olhos do centro moderado: ainda hoje, discute-se seriamente para saber se o seguro médico universal, por ser obrigatório, não ameaça a liberdade do indivíduo.
Quanto ao "extremismo" republicano, que também faz o desgosto dos moderados, ele mostrou sua cara especialmente no último ano.
Para não perder as simpatias do centro, o partido republicano obviamente prefere candidatos nada "extremos" -hoje, Mitt Romney, em 2008, John McCain.
Mas o sucesso da campanha do maior concorrente de Romney, o senador Rick Santorum, mostra que a tentação extremista republicana é forte. De que se trata?
Santorum, por exemplo, declarou que ele teve vontade de vomitar quando ouviu o presidente Kennedy defender a separação da igreja e do Estado. É óbvio que a união de Estado e igreja leva qualquer governo a atropelar a liberdade privada de seus cidadãos, ou seja, é óbvio que a frase de Santorum é oposta aos ideais libertários do centro americano.
Por que ele se engajou neste caminho? De onde lhe veio essa ideia? Costuma-se pensar (e dizer) que o sonho americano começa com os puritanos, que saíram da Inglaterra a procura de liberdade religiosa. Mas os puritanos estavam interessados só na sua própria liberdade religiosa, não na dos outros.
Como projetava John Winthrop em 1630, ainda no barco que o levava para a nova terra, eles construiriam "uma cidade que brilharia nas alturas", exemplo para mundo, mas uma cidade fechada (na qual quem não concordasse seria enforcado como as bruxas de Salem e a mulher que pecasse por adultério seria marcada com uma letra escarlate).
Por sorte, em 1631, Roger Williams começou a pregar a separação de Estado e igreja e o direito de qualquer um de venerar o deus que bem entendesse.
Williams foi expulso e fundou Providence, outra cidade "nas alturas", mas aberta, onde ele inventou a liberdade de professar sua fé sem impô-la aos outros -ao contrário, com a ideia de que defender a liberdade dos outros é a melhor maneira de proteger a nossa própria liberdade.
Pois bem, o centro moderado norte-americano acredita em Roger Williams. Mas é preciso constatar que Rick Santorum e os republicanos extremistas não são uma invenção recente: como John Winthrop, eles sonham com a paz simplória de um vilarejo onde não se leia nada além da Bíblia e onde sempre seja possível dizer o que é certo e errado -e, claro, proibir o que seria "errado".
É curioso que ninguém repare no óbvio: os sonhos deles não são diferentes dos sonhos do Talibã de qualquer vilarejo do Afeganistão.
Os fundamentalistas são todos iguais: "apenas" querem que a lei de seu deus seja mandatória para todos os demais.
Por sorte nossa, não é esse o sonho daquele centro moderado norte-americano que, em geral, escolhe os presidentes.
Published on April 05, 2012 07:38
April 4, 2012
Dois séculos de arbítrio

Rodrigo Constantino
Enquanto o Brasil já teve diversas Constituições com inúmeras emendas, os Estados Unidos continuam com a mesma Constituição escrita pelos "pais fundadores", com menos de 30 emendas em dois séculos. Há algo de muito errado com a forma pela qual tratamos este fundamental documento.
No livro A história das Constituições brasileiras, o historiador Marco Antonio Villa disseca os maiores absurdos das várias Constituições que tivemos. Na sua apresentação, a síntese é perfeita: "Não é exagero afirmar que os últimos 200 anos da nossa história têm como ponto central a luta do cidadão contra o Estado arbitrário. E, na maioria das vezes, o Estado ganhou de goleada".
Somos mesmo um país sui generis, que não pode ser levado muito a sério. Infelizmente, desprezamos com vontade os mais básicos valores republicanos. Ao colocarmos em textos constitucionais verdadeiras aberrações (veremos alguns exemplos adiante), acabamos por estimular uma cultura de desrespeito às regras básicas. Uma enxurrada de leis inconstitucionais é aprovada, apenas para não pegar, ou então para jogar em descrédito a própria Constituição.
A coisa começou muito mal em nosso país. Nossa primeira Constituição foi monárquica, de 1824, e não distinguia recursos familiares daqueles oriundos do Erário nacional. Um dos artigos diz: "Os palácios e terrenos nacionais, possuídos atualmente pelo senhor D. Pedro I, ficarão sempre pertencendo aos seus sucessores; e a nação cuidará nas aquisições e construções que julgar convenientes para a decência e o recreio do imperador e sua família". Eis que tinha início a prática do patrimonialismo, com o respaldo constitucional.
Outras Constituições vieram em 1891, 1934, 1937, 1946, 1967 e 1988. Mas as idiossincrasias brasileiras deixariam sua marca registrada em todas. O viés autoritário foi maior algumas, mas esteve presente em todas elas.
Em 1930, por exemplo, um decreto não deixava margem à dúvida. O governo exerceria "discricionariamente em toda a sua plenitude as funções e atribuições não só do poder Executivo, como também do poder Legislativo". Por decreto, seis ministros do Supremo Tribunal Federal foram aposentados. Os governos estaduais foram assumidos por interventores que respondiam ao poder central. Não havia limites constitucionais ao poder do estado.
Conforme aponta o autor, foi na Constituição de 1934 que se inaugurou a "minúcia e o pormenor", ou seja, a "indistinção entre a legislação ordinária e a constitucional". A quantidade de artigos mais que dobrou em relação a Constituição anterior. Um dos artigos falava sobre as multas de mora, a defesa contra os efeitos das secas nos estados do Norte mereceu outro artigo, e até o vestibular foi constitucionalizado.
Além disso, fruto dos tempos, o conceito de segurança nacional ganhou enorme destaque, deixando espaço bem menor para os direitos e garantias individuais. O modelo de inspiração passava a ser o europeu, sob regimes totalitários. Até mesmo a "melhoria da raça" foi preocupação dos constituintes, que delegaram ao governo a tarefa de "estimular a educação eugênica". Os liberais nunca estiveram tão menosprezados como nesta época.
Um trecho do livro merece ser citado na íntegra, pois ele retrata a triste realidade de nosso país: "O palácio é vizinho do campo do Fluminense, nas Laranjeiras. Enquanto o ditador lia monocordicamente o discurso – Vargas nunca foi um bom orador –, ao fundo era possível ouvir os brados dos torcedores saudando os gols do Fluminense. Em meio aos gritos de gols, Vargas dissertava enfadonhamente sobre as benesses da ditadura e da supressão das liberdades democráticas". Há tempos que o povo brasileiro parece não se importar muito com as perdas das liberdades, desde que tenha um jogo emocionante de futebol para assistir!
O culto ao poder central, outra mancha recorrente em nossa história, mostrou-se forte como nunca. Bandeiras e hinos estaduais foram proibidos, e assim permaneceram por oito anos. Foi nesta Constituição que inúmeras "conquistas" trabalhistas foram impostas também. Somente o sindicato regularmente reconhecido pelo estado teria o direito de representação legal dos que participavam da categoria. O "pai dos pobres" criava a máfia sindical que perdura até os dias de hoje.
Na Constituição de 1946, o lobby dos jornalistas conseguiu incluir em um artigo este fantástico privilégio: "Durante o prazo de quinze anos, a contar da instalação da Assembléia Constituinte, o imóvel adquirido, para sua residência, por jornalistas que outro não possua, será isento do imposto de transmissão e, enquanto servir ao fim previsto neste artigo, do respectivo imposto predial". Parece piada, mas como dizia o recém-falecido Millôr, o Brasil é o país da piada pronta!
A Constituição seguinte foi criada pelo regime militar, onde o arbítrio foi enorme com a justificativa – em parte verdadeira – de que ele era necessário para combater a ameaça comunista. Aliás, as tentativas recorrentes de grupos comunistas instaurarem no Brasil um modelo nos moldes soviéticos serviu várias vezes como motivo ou pretexto para avanços do estado sobre nossas liberdades. Eis um enorme custo que esta ideologia nefasta deixou para o país, mesmo que os revolucionários não tenham chegado ao poder pela luta armada.
Por fim, chegamos na "Constituição Cidadã", liderada por Ulysses Guimarães na fase da redemocratização. Trata-se da mais longa das Constituições, com 250 artigos e mais 70 nas disposições transitórias. Ela já recebeu 67 emendas, uma média de 3 por ano de vida. Sua abrangência é espantosa. Como afirma Villa: "É difícil encontrar algo da vida social que a Constituição não tenha tentado normatizar".
A "Constituição Besteirol", como a apelidou o saudoso Roberto Campos, representa a melhor ilustração da típica crença nacional de que é possível resolver todos os males que assolam o país com base em leis. Talvez se ela fosse promulgada um ano depois, após a queda do Muro de Berlim, as coisas pudessem ser um pouco diferentes. Mas o fato é que o texto denota claro ranço ideológico em prol do socialismo light ou da social-democracia, além de boas pitadas nacionalistas. A Carta mais parece um programa político-econômico, quando determina, por exemplo, a "busca do pleno emprego" como objetivo, ou quando limita as taxas de juros reais em 12% ao ano.
Fora isso, há trechos esquizofrênicos também, como a garantia da propriedade privada ao lado da afirmação de que a propriedade atenderá a sua função social (sabe-se lá o que é isso e quem define), ou então a igualdade de todos perante as leis, e em seguida os privilégios de classes e etnias. E, para ridicularizar de vez o documento, o Colégio Pedro II mereceu menção especial, com garantia de que seria mantido na órbita federal. De fato, como pensar em ter uma Constituição que não legisla sobre um colégio?!
Um último capítulo do livro é dedicado ao Supremo Tribunal Federal, supostamente o guardião da Constituição do país. O que Marco Antonio Villa argumenta, entretanto, é que esta crucial instituição republicana tem falhado sistematicamente em sua função precípua, adotando postura subserviente ao poder Executivo com incrível freqüência. Não custa lembrar que o escândalo do "mensalão" ainda não foi julgado, enquanto alguns crimes já começam a prescrever. Este é apenas um exemplo entre vários. Outro exemplo foi o confisco do Plano Collor, que não poderia ser considerado constitucional de forma alguma.
Em resumo, o Brasil é mesmo um país complicado, com pouco apreço pelo império das leis. Mais parece uma República das Bananas, cuja Carta Magna trata de infindáveis aspectos insignificantes para uma Constituição, além de preservar incrível dose de arbítrio ao poder Executivo. Nossas Constituições, em outras palavras, acabam refletindo a cultura do povo, esta crença ingênua no estado forte e messiânico, que tudo pode e nada teme.
Published on April 04, 2012 18:21
Chega de pacotes! - vídeo
Vídeo onde comento mais este pacote econômico do governo petista, um governo que precisa melhorar muito para ser "apenas" medíocre. Trata-se de um modelo fadado ao fracasso.
Published on April 04, 2012 14:43
Chega de pacotes!

Rodrigo Constantino
O governo Lula-Dilma anunciou seu oitavo pacote desde 2008, com o intuito de estimular a indústria nacional. Trata-se uma vez mais de medidas paliativas, pontuais, que partem da premissa de que o governo é capaz de selecionar, de cima para baixo, quais são os vencedores e os perdedores na economia. Alguns setores vão receber verdadeiros presentes, enquanto outros terão impostos aumentados para pagar parte da conta.
O BNDES terá aporte de mais R$ 45 bilhões, e deve reduzir a taxa de juros cobrada. Dependendo do setor, o prazo do financiamento será estendido para 120 meses, com taxa de apenas 5%. Ou seja, taxa de juros reais NEGATIVA! Eu também quero pegar dinheiro emprestado pagando juros abaixo da inflação! Eu e a torcida do Flamengo. Mas claro que apenas uma meia dúzia de grandes empresários terá acesso a esta molezinha. É sempre assim no capitalismo de compadres.
O que ameaça de fato nossa indústria? Qualquer economista sabe a resposta. São os velhos e conhecidos gargalos de nossa economia. O país possui mão de obra com baixa qualificação e produtividade. A infraestrutura é caótica. A carga tributária é absurda e complexa, fazendo com que uma média de 2.600 horas sejam necessárias apenas para pagar os impostos. As leis trabalhistas são anacrônicas, datam da Era Vargas com inspiração fascista, concedem privilégios demais e engessam o mercado de trabalho. E, last but not least, o custo do capital ainda é alto em relação ao resto do mundo.
Aqui é preciso dedicar algumas linhas. Por que o custo do capital é alto? Por que banqueiros são gananciosos? Ora, eles são gananciosos no mundo todo! Nossa taxa de juros é alta (e já nem é tão alta assim quando descontada a inflação) porque o governo gasta demais. Nosso Leviatã torra quase 40% do PIB, não deixando muito espaço para a poupança privada. Com estoque menor de capital poupado, claro que o preço deste capital tende a subir. Além disso, o BNDES empresta mais de R$ 150 bilhões por ano a taxas subsidiadas, fazendo com que a taxa de juros do restante da economia tenha que ser maior, para não gerar ainda mais inflação. Em suma, o custo do capital é elevado por culpa do próprio governo!
Mas pergunta se a presidente Dilma pretende fazer alguma reforma estrutural. Pergunta se este governo vai cortar gastos públicos de forma séria. Claro que não! Logo, resta apelar para "pacotes" inúteis, que beneficiam alguns "amigos do rei" enquanto afetam o restante de forma negativa. O governo não cria recursos do além. Para ele conceder privilégios, ele antes precisa tirar de alguém. Alguma dúvida de onde sairá o dinheiro? Basta olhar para seu próprio bolso, leitor.
Este é um governo protecionista, desenvolvimentista, que abraçou com vontade o modelo de capitalismo de estado, que concentra poder excessivo no governo central. A turma que está no poder parece realmente acreditar que pode selecionar vencedores e perdedores por decreto, de forma eficiente. Não pode! Todo modelo capitalista de estado fracassou, e não será diferente desta vez. Ele está sempre fadado ao fracasso. O planejamento central não funciona. A economia de mercado sim! E este governo petista está matando o que resta de livre mercado no Brasil.
A imagem que vem à cabeça com estes pacotes frequentes é daqueles desenhos animados antigos, em que o sujeito tentava estancar um vazamento com a mão direita, depois outro vazamento com a mão esquerda, depois com o pé direito, o pé esquerdo, até faltar membro para impedir o estouro geral do duto. É um governo medíocre, incapaz de compreender o funcionamento adequado da economia. É um governo arrogante, que tem a pretensão de controlar a economia de cima para baixo. Mas, como o cobertor é curto e as reformas não são feitas, quando o governo ajuda um companheiro industrial, ele tira de outro lugar, prejudicando o país como um todo.
Se o governo Dilma quer mesmo ajudar, então chega de tantos pacotes!
Published on April 04, 2012 07:01
April 3, 2012
The Worst Economic Recovery in History

By EDWARD P. LAZEAR, WSJ
How many times have we heard that this was the worst recession since the Great Depression? That may be true—although the double-dip recession of the early 1980s was about comparable. Less publicized is that our current recovery pales in comparison with most other recoveries, including the one following the Great Depression.
The Great Depression started with major economic contractions in 1930, '31, '32 and '33. In the three following years, the economy rebounded strongly with growth rates of 11%, 9% and 13%, respectively.
The current recovery began in the second half of 2009, but economic growth has been weak. Growth in 2010 was 3% and in 2011 it was 1.7%. Who knows what 2012 will bring, but the current growth rate looks to be about 2%, according to the consensus of economists recently polled by Blue Chip Economic Indicators. Sadly, we have never really recovered from the recession. The economy has not even returned to its long-term growth rate and is certainly not making up for lost ground. No doubt, there are favorable economic numbers to be found, but overall we continue to struggle.
During the postwar period up to the current recession (1947-2007), the average annual growth rate for the U.S. was 3.4%. The last three decades have experienced somewhat slower growth than the earlier periods, but even in the period 1977-2007, the average growth rate was 3%. According to the National Bureau of Economic Research, the recovery began in the second half of 2009. Since that time, the economy has grown at 2.4%, below our long-term trend by either measure. At this point, the economy is 12% smaller than it would have been had we stayed on trend growth since 2007.
Worse, the gap is growing over time. Today, the economy is four percentage points further from the trend line than it was the first quarter of 2009 when this administration's nearly $900 billion fiscal stimulus efforts began. If forecasts of around 2% growth turn out to be accurate, we will add to that gap this year.
Contrast this weak growth with the recovery that followed the other large recession of recent decades. In the early 1980s, the economy experienced a double-dip recession, with contractions in both 1980 and '82. But growth rates in the subsequent two years averaged almost 6%. The high growth that persisted throughout the 1980s brought the economy quickly back to the trend line. Unlike the current period, from 1983 on, the economy was in rapid catch-up mode and eventually regained all that had been lost during the early '80s.
Indeed, that was the expectation. As economist Victor Zarnowitz of the University of Chicago argued many years ago, the strength of the recovery is related to the depth of the recession. Big recessions are followed by robust recoveries, presumably because more idle resources are available to be tapped. Unfortunately, the current post-recession period has not followed the pattern.
The 2007-09 recession was induced by a financial crisis and some, most notably economists Carmen Reinhart and Kenneth Rogoff (authors of "This Time is Different: Eight Centuries of Financial Folly"), argue that financial crises pose more difficult recovery problems than do policy-induced recessions.
The early '80s recession could be viewed as induced by the Federal Reserve's tight monetary policy (i.e., raising interest rates), which was designed to rein in inflation. Growth returns more rapidly, they argue, when the policy hindering it changes (i.e., the Fed lowers interest rates) than when the economy is struggling after a severe credit crisis like the one we experienced after the 2008 collapse of Bear Stearns.
But some, Stanford economist John Taylor being their leading spokesman, argue that the current recession was caused by Fed policy as well—rates remained too low for too long in the lead up to the subprime mortgage fiasco. The Great Depression also began with a financial crisis but saw high growth rates following contractionary years, and the output lost in negative years was eventually regained through higher subsequent growth.
Are there other factors that may have contributed to the slow recovery that we are experiencing? It would be difficult to argue that government polices over the past three years have enhanced confidence in the U.S. business environment. Threats of higher taxes, the constantly increasing regulatory burden, the failure to pursue an aggressive trade policy that will open markets to U.S. exports, and the enormous increase in government spending all are growth impediments. Policies have focused on short-run changes and gimmicks—recall cash for clunkers and first-time home buyer credits—rather than on creating conditions that are favorable to investment that raise productivity and wages.
There are some positive developments. The labor market is improving, albeit slowly. Profits remain high and the stock market has enjoyed some recent success. We can hope that these indicate better times and higher growth ahead. But unless we move to a set of economic policies that are aimed at growing the economy rather than at promoting social agendas, this may be the first "recovery" in history that fails to see us return to long-term average growth.
Mr. Lazear, chairman of the President's Council of Economic Advisers from 2006-2009, is a professor at Stanford University's Graduate School of Business and a Hoover Institution fellow.
Published on April 03, 2012 10:50
Um peso, uma medida
Rodrigo Constantino, O GLOBO
Não existe oposição liberal organizada no Brasil. Há uma clara hegemonia da esquerda entre os vários partidos. Mas o DEM seria o mais próximo desta bandeira que prega menos intervenção estatal e mais liberdade econômica. E, dentro do DEM, o senador Demóstenes Torres tem sido uma das vozes mais firmes em defesa destes valores, assim como da ética.
Por isso é fundamental usar o escândalo envolvendo o senador e sua mais que suspeita amizade com um contraventor para marcar as diferenças entre a esquerda e os liberais, estes ainda sem representação política.
Quando os homens estão unidos por princípios claros, não há espaço para arbitrariedade. Os princípios servem como critério objetivo para julgar os atos. Em contrapartida, quando se trata de um grupo tribal, o seu membro será sempre tratado com complacência, enquanto os "de fora" serão duramente condenados. O uso de dois pesos e duas medidas é característica comum a estes grupos, e vale tudo para salvar a pele do companheiro, por mais criminoso que tenha sido seu ato.
Aristóteles dizia que uma sociedade adequada é governada por leis, não por homens. Com isso ele queria dizer que devemos adotar um império de leis igualmente válidas para todos, em oposição ao poder arbitrário que aos amigos tudo dá, enquanto aos inimigos aplica o rigor das leis. Da mesma forma, uma associação adequada é unida por idéias, não por homens, e seus membros são leais às idéias, não ao grupo. A máfia, por exemplo, é o oposto de tal associação, pois seus membros devem lealdade aos demais membros, e não a valores objetivos.
Com esta distinção em mente, fica claro que boa parte da esquerda sempre adotou postura tribal ou mesmo mafiosa. Seus membros são tratados como "especiais", detentores de um salvo-conduto para "malfeitos". Os fins "nobres" sempre justificam os meios obscuros, e os crimes perpetrados por seus líderes nunca são crimes, ao contrário daqueles realizados pela oposição. São sempre dois pesos diferentes, para se obter duas medidas diametralmente opostas.
Foi assim que um assassino frio e cruel como Che Guevara chegou a se tornar herói, ou a mais longa e opressora ditadura do continente até hoje é defendida. Abro um parêntese para lembrar que tanto Mussolini como Hitler, apesar de tratados como os monstros que eram, porque são vistos como de "direita", eram na verdade coletivistas antiliberais que nasceram na esquerda socialista e sempre condenaram o capitalismo. Fecho o parêntese.
É com base na mesma lealdade mafiosa que alguns petistas sempre partem para a acusação de uma fantasiosa "mídia golpista" quando escândalos envolvendo seus aliados vêm à tona. Curiosamente, eles logo esquecem esta imprensa "golpista" quando o escândalo envolve a oposição. Dois pesos e duas medidas, a marca registrada da nossa esquerda. Para eles, o camarada não é um "homem comum", mas sim alguém acima das leis. Não se importam com "o que" acontece, mas sim com "quem" acontece.
Os liberais não aceitam esta postura. No final de 2011, escrevi para a revista "Época" algumas palavras em homenagem justamente a Demóstenes Torres. Não conheço o senador pessoalmente, mas acompanhei suas lutas no Senado. Esteve quase sempre do lado que julgo correto. Condenou as cotas racistas, denunciou a doutrinação ideológica pelos órgãos estatais, pregou maior rigor penal para combater a criminalidade, atacou sempre o desvio de recursos públicos e defendeu a urgência de um partido que tenha a economia de mercado e sólidos valores morais como plataforma.
Não poderia concordar mais! O que falta em nossa política é um partido que rejeite esta visão predominante de que o governo é uma espécie de deus clarividente capaz de gerar progresso por decreto. Países com mais intervencionismo estatal invariavelmente acabam com menos riqueza e liberdade. E nada mais absurdo do que combater o racismo com segregação racial.
Logo, Demóstenes mereceu cada elogio que fiz. Afinal, eu focava no "que" foi dito, e não em "quem" o disse. Da mesma forma, agora que gravações comprometedoras vieram a público, enorme decepção à parte, continuo focando no "que" mostram os fatos, não sobre "quem" eles recaem. Defendo uma investigação minuciosa e, se for o caso, a severa punição do senador. Sob meu ponto de vista, ele é apenas um homem comum, um indivíduo como qualquer outro, que deve respeitar as mesmas leis.
Infelizmente, isso é algo que a esquerda em geral e os petistas em particular parecem nunca compreender: a importância de se ter apenas um peso, e uma medida.
Não existe oposição liberal organizada no Brasil. Há uma clara hegemonia da esquerda entre os vários partidos. Mas o DEM seria o mais próximo desta bandeira que prega menos intervenção estatal e mais liberdade econômica. E, dentro do DEM, o senador Demóstenes Torres tem sido uma das vozes mais firmes em defesa destes valores, assim como da ética.
Por isso é fundamental usar o escândalo envolvendo o senador e sua mais que suspeita amizade com um contraventor para marcar as diferenças entre a esquerda e os liberais, estes ainda sem representação política.
Quando os homens estão unidos por princípios claros, não há espaço para arbitrariedade. Os princípios servem como critério objetivo para julgar os atos. Em contrapartida, quando se trata de um grupo tribal, o seu membro será sempre tratado com complacência, enquanto os "de fora" serão duramente condenados. O uso de dois pesos e duas medidas é característica comum a estes grupos, e vale tudo para salvar a pele do companheiro, por mais criminoso que tenha sido seu ato.
Aristóteles dizia que uma sociedade adequada é governada por leis, não por homens. Com isso ele queria dizer que devemos adotar um império de leis igualmente válidas para todos, em oposição ao poder arbitrário que aos amigos tudo dá, enquanto aos inimigos aplica o rigor das leis. Da mesma forma, uma associação adequada é unida por idéias, não por homens, e seus membros são leais às idéias, não ao grupo. A máfia, por exemplo, é o oposto de tal associação, pois seus membros devem lealdade aos demais membros, e não a valores objetivos.
Com esta distinção em mente, fica claro que boa parte da esquerda sempre adotou postura tribal ou mesmo mafiosa. Seus membros são tratados como "especiais", detentores de um salvo-conduto para "malfeitos". Os fins "nobres" sempre justificam os meios obscuros, e os crimes perpetrados por seus líderes nunca são crimes, ao contrário daqueles realizados pela oposição. São sempre dois pesos diferentes, para se obter duas medidas diametralmente opostas.
Foi assim que um assassino frio e cruel como Che Guevara chegou a se tornar herói, ou a mais longa e opressora ditadura do continente até hoje é defendida. Abro um parêntese para lembrar que tanto Mussolini como Hitler, apesar de tratados como os monstros que eram, porque são vistos como de "direita", eram na verdade coletivistas antiliberais que nasceram na esquerda socialista e sempre condenaram o capitalismo. Fecho o parêntese.
É com base na mesma lealdade mafiosa que alguns petistas sempre partem para a acusação de uma fantasiosa "mídia golpista" quando escândalos envolvendo seus aliados vêm à tona. Curiosamente, eles logo esquecem esta imprensa "golpista" quando o escândalo envolve a oposição. Dois pesos e duas medidas, a marca registrada da nossa esquerda. Para eles, o camarada não é um "homem comum", mas sim alguém acima das leis. Não se importam com "o que" acontece, mas sim com "quem" acontece.
Os liberais não aceitam esta postura. No final de 2011, escrevi para a revista "Época" algumas palavras em homenagem justamente a Demóstenes Torres. Não conheço o senador pessoalmente, mas acompanhei suas lutas no Senado. Esteve quase sempre do lado que julgo correto. Condenou as cotas racistas, denunciou a doutrinação ideológica pelos órgãos estatais, pregou maior rigor penal para combater a criminalidade, atacou sempre o desvio de recursos públicos e defendeu a urgência de um partido que tenha a economia de mercado e sólidos valores morais como plataforma.
Não poderia concordar mais! O que falta em nossa política é um partido que rejeite esta visão predominante de que o governo é uma espécie de deus clarividente capaz de gerar progresso por decreto. Países com mais intervencionismo estatal invariavelmente acabam com menos riqueza e liberdade. E nada mais absurdo do que combater o racismo com segregação racial.
Logo, Demóstenes mereceu cada elogio que fiz. Afinal, eu focava no "que" foi dito, e não em "quem" o disse. Da mesma forma, agora que gravações comprometedoras vieram a público, enorme decepção à parte, continuo focando no "que" mostram os fatos, não sobre "quem" eles recaem. Defendo uma investigação minuciosa e, se for o caso, a severa punição do senador. Sob meu ponto de vista, ele é apenas um homem comum, um indivíduo como qualquer outro, que deve respeitar as mesmas leis.
Infelizmente, isso é algo que a esquerda em geral e os petistas em particular parecem nunca compreender: a importância de se ter apenas um peso, e uma medida.
Published on April 03, 2012 05:24
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