Rodrigo Constantino's Blog, page 313
July 15, 2013
O Brasil precisa de menos intervencionismo
Rodrigo Constantino
É ótimo ver que a mensagem liberal ganha cada vez mais adeptos, mais vozes renomadas em sua defesa. É o caso de Pérsio Arida, respeitado economista que, se tinha um viés mais liberalizante entre os social-democratas, nem por isso pode ser "acusado" de liberal. Mas a ficha está caindo para muita gente, e o caminho que o país precisa trilhar para sair desses voos de galinha e embarcar em um projeto de crescimento realmente sustentável vai ficando mais claro: chama-se liberalismo!
Em entrevista para o Estadão, Pérsio Arida defende importantes bandeiras liberais. Sua proposta, de forma resumida, é antagônica ao modelo desenvolvimentista atual: "Uma política mais decididamente liberal e menos intervencionista, mais pró-mercado". É muito positivo ver cada vez mais economistas sem medo de usar a receita liberal de forma aberta, sem medo da patrulha esquerdista, que conseguiu vender a imagem mentirosa de que "liberalismo" é o culpado por nossos males.
A receita de Arida prega que o governo faça tudo ao contrário do que fez até agora: corte seus gastos, acabe com os subsídios a empresas privadas, segure os bancos públicos na concessão de crédito, procure acordos comerciais com os Estados Unidos, Europa e Ásia e esqueça o Mercosul.
E pode haver proposta mais razoável? Os gastos públicos só fizeram aumentar nos últimos anos, os subsídios estatais via BNDES explodiram, os bancos públicos expandiram o crédito a taxas absurdamente elevadas, e o Mercosul virou uma camisa-de-força ideológica que nos impede de fechar acordos comerciais mais favoráveis. Desfazer essas lambanças todas é imperativo para resgatar o sonho da prosperidade nacional. Pérsio diz:
O potencial de crescimento reflete a situação do País, mas também as políticas macroeconômicas. Acho que o Brasil teria muito a se beneficiar de uma menor intervenção estatal na economia, de uma redução dramática do volume de subsídios às empresas, de uma contração fiscal. Ou seja, da redução do tamanho do Estado, tirando menos impostos da sociedade e gastando menos. A abertura comercial também ajudaria muito. Claro que há entraves diplomáticos, tem Mercosul etc. Mas acho que fazer acordos de livre comércio com os parceiros comerciais que importam, que são Estados Unidos, Europa e Ásia, seria mais produtivo do que insistir no caminho do Mercosul.
Pérsio Arida, como sabemos, é sócio de André Esteves no BTG Pactual, banco que se aproximou bastante do governo e do ministro Mantega nos últimos anos. Se um de seus principais sócios veio a público com esse recado, é porque estão preocupados mesmo com o cenário à frente. O BTG Pactual investiu pesado, apostou muito no sucesso brasileiro. O desenvolvimentismo pode criar ilusões de curto prazo, mas cobra um alto preço depois. Essa fatura chegou, e está na hora de consertar o telhado, de colocar a casa em ordem. Isso só será possível com uma agenda de reformas liberais. Ou isso, ou um caminho trágico nos moldes argentinos...
É ótimo ver que a mensagem liberal ganha cada vez mais adeptos, mais vozes renomadas em sua defesa. É o caso de Pérsio Arida, respeitado economista que, se tinha um viés mais liberalizante entre os social-democratas, nem por isso pode ser "acusado" de liberal. Mas a ficha está caindo para muita gente, e o caminho que o país precisa trilhar para sair desses voos de galinha e embarcar em um projeto de crescimento realmente sustentável vai ficando mais claro: chama-se liberalismo!
Em entrevista para o Estadão, Pérsio Arida defende importantes bandeiras liberais. Sua proposta, de forma resumida, é antagônica ao modelo desenvolvimentista atual: "Uma política mais decididamente liberal e menos intervencionista, mais pró-mercado". É muito positivo ver cada vez mais economistas sem medo de usar a receita liberal de forma aberta, sem medo da patrulha esquerdista, que conseguiu vender a imagem mentirosa de que "liberalismo" é o culpado por nossos males.
A receita de Arida prega que o governo faça tudo ao contrário do que fez até agora: corte seus gastos, acabe com os subsídios a empresas privadas, segure os bancos públicos na concessão de crédito, procure acordos comerciais com os Estados Unidos, Europa e Ásia e esqueça o Mercosul.
E pode haver proposta mais razoável? Os gastos públicos só fizeram aumentar nos últimos anos, os subsídios estatais via BNDES explodiram, os bancos públicos expandiram o crédito a taxas absurdamente elevadas, e o Mercosul virou uma camisa-de-força ideológica que nos impede de fechar acordos comerciais mais favoráveis. Desfazer essas lambanças todas é imperativo para resgatar o sonho da prosperidade nacional. Pérsio diz:
O potencial de crescimento reflete a situação do País, mas também as políticas macroeconômicas. Acho que o Brasil teria muito a se beneficiar de uma menor intervenção estatal na economia, de uma redução dramática do volume de subsídios às empresas, de uma contração fiscal. Ou seja, da redução do tamanho do Estado, tirando menos impostos da sociedade e gastando menos. A abertura comercial também ajudaria muito. Claro que há entraves diplomáticos, tem Mercosul etc. Mas acho que fazer acordos de livre comércio com os parceiros comerciais que importam, que são Estados Unidos, Europa e Ásia, seria mais produtivo do que insistir no caminho do Mercosul.
Pérsio Arida, como sabemos, é sócio de André Esteves no BTG Pactual, banco que se aproximou bastante do governo e do ministro Mantega nos últimos anos. Se um de seus principais sócios veio a público com esse recado, é porque estão preocupados mesmo com o cenário à frente. O BTG Pactual investiu pesado, apostou muito no sucesso brasileiro. O desenvolvimentismo pode criar ilusões de curto prazo, mas cobra um alto preço depois. Essa fatura chegou, e está na hora de consertar o telhado, de colocar a casa em ordem. Isso só será possível com uma agenda de reformas liberais. Ou isso, ou um caminho trágico nos moldes argentinos...
Published on July 15, 2013 05:42
July 14, 2013
Médicos ou escravos?
Minha nova coluna-vídeo para o GLOBO sobre o Ato Médico do governo.
Published on July 14, 2013 17:18
Tatuando o desamparo

O que leva alguém a encher o corpo todo de tatuagens e piercings? O tema veio à tona depois que uma jovem moça não só espalhou tatuagens estranhas até pela face, falando em "demônio", como tatuou os próprios olhos de vermelho, e ainda implantou um soco inglês de silicone nas mãos. A bizarrice chocou, e essa só pode ter sido sua intenção: chocar, chamar a atenção, clamar por um minuto de fama (que vai lhe custar o resto da vida desse jeito).
Em meu canal do Facebook, escrevi: Isso é uma mente muito perturbada gritando por socorro, desesperada para chamar a atenção de alguém, que lhe imponha alguma limite. Não sou médico, nem psiquiatra, nem psicólogo, mas tenho um mínimo de bom senso, e ainda não perdi meu juízo no mundo moderno do relativismo exacerbado.
Aqui, vou usar os argumentos de alguém da área. Trata-se de Joel Birman, renomado psicanalista, que escreveu um texto justamente com esse título: Tatuando o desamparo - A juventude na atualidade. Com a palavra, Birman:
As crianças e os jovens são muito mais deixados à deriva do que outrora no campo da família, pelo grande número de horas que ficam sem a presença dos pais, que saem para o trabalho. Não obstante a intensa agenda de atividades complementares à escola, a que são aqueles submetidos como um imperativo - esportes, aprendizado de línguas dentre outras - tal preenchimento de tempo não tem a mesma economia afetiva que a presença dos pais. Esses, no melhor dos casos, são substituídos por empregados, que também não têm a mesma incidência afetiva das figuras parentais.
O efeito maior disso é um sentimento de abandono que é provocado, pois, repito, a relativa ausência materna não foi substituída pela maior presença paterna. A suplência não ocorre, já que o formalismo relacional que marca as atividades escolares e extra-escolares não supre a precariedade de investimentos das crianças e jovens.
[...]
Nesse contexto, os jovens ficam inapelavelmente entregues à cultura da televisão, que acabou por ter freqüentemente muito mais efeitos sobre eles do que os discursos escolar e parental. A exposição precoce à sexualidade e à violência se incrementa e se dissemina, provocando, em contrapartida, modalidades novas de sexuação e o engendramento da agressividade. Esses seriam, com efeito, os únicos meios que os jovens encontram para suprir a carência de cuidados e a solidão de suas existências.
[...]
Tudo isso conflui, no campo das elites e das classes médias altas, para uma condição paradoxal da juventude. Permanecem na casa dos pais, protegidos então por estes, mas querendo levar uma existência de adultos. Passam a viver assim quase maritalmente com seus namorados e namoradas, na casa dos pais. Com isso, a confusão geracional se institui também aqui, pela indiscriminação entre jovens e adultos, isto é, entre filhos e pais. Quem são eles, afinal de contas? Adultos ou crianças? Adolescentes protegidos ou adultos? O quadro que aqui se configura é eminentemente esfumaçado e borrado, com fronteiras e confins mal delineados.
[...]
Quando a privação relativa se conjuga com a fragilização e a infantilização, declinando tudo isso no contexto social de falta de horizonte para o futuro, não deve nos espantar que as culturas das drogas e da violência se imponham como marcas da juventude hoje. Isso porque as drogas funcionam como antídotos para o sofrimento dos jovens, pelo gozo e pela onipotência que lhes possibilitam, o exercício da violência e da agressividade em geral são as contrapartidas para a impotência juvenil nos tempos sombrios da atualidade.
[...]
Ao lado disso, diante da falta de horizonte de futuro e na posição infantilidade em que se situam hoje, a juventude se inscreve decididamente na cultura do espetáculo que perpassa a cultura contemporânea. Assim, todos querem ser celebridades e até mesmo como pop-stars, como contrapartida onipotente para a impotência vertiginosa em que estão lançados.
[...]
A cultura da tatuagem, que hoje se dissemina, é uma das formas de singularização buscada atualmente pelos jovens, diante da invisibilidade identitária que os marca a ferro e fogo. Tal como os antigos marinheiros, lançados que eram na aventura de atravessar os incertos oceanos tempestuosos, sem lenço nem documento, com efeito, a juventude marca o seu corpo com tatuagens como formas desesperadas para adquirir alguma visibilidade, isto é, para ser identificada e singularizada.
[...]
Pode-se reconhecer em tudo isso, enfim, o desamparo que caracteriza a juventude hoje, que inscreve e marca dolorosamente no seu corpo, lancetado pelas tatuagens, a sua condição psíquica torturada.
Entendo que cada caso é um caso, e somente uma análise mais profunda acerca da singularidade de cada um pode oferecer uma resposta mais clara. Mas considero a análise geral feita por Birman bastante acurada para explicar o fenômeno.
Vale dizer que tatuagens ficaram banalizadas já, assim como drogas mais leves, como a maconha. Portanto, nessa busca desesperada por chamar a atenção e marcar sua singularidade no próprio corpo, a tendência pode ser exatamente essa escalada para drogas cada vez mais potentes e bizarrices tomando conta do corpo inteiro. Em minha leitura, agora corroborada pela análise de um especialista da área, esse tipo de aberração é um desesperado grito de socorro.
Published on July 14, 2013 15:01
Sites chapa-branca
Rodrigo Constantino
Aquilo que todos já sabiam agora tem comprovação numérica: o governo privilegia os sites "progressistas" na hora de soltar a verba. Ou seja, o critério não é audiência, como diz o governo, mas sim alinhamento ideológico, proselitismo, propaganda estatal, "jornalismo" chapa-branca. Diz a reportagem:
Mas um critério político parece também desequilibrar a balança com o dinheiro estatal. Páginas com viés ideológico de esquerda, como Carta Maior, Conversa Afiada e Ópera Mundi (este, parceiro de conteúdo do UOL), foram agraciadas com um dinheiro público que não corresponde a quantidade de pessoas que passam por seu conteúdo.
A Carta Maior, por exemplo, recebeu mais verba publicitária que a Folha, que tem 157 vezes mais páginas visitadas por mês. Já blog Conversa Afiada, que faz parte da autodenominada "blogosfera progressista", ganhou mais em propaganda estatal que o portal da Abril, que tem 62 vezes mais audiência que a página comandada pelo jornalista Paulo Henrique Amorim.
A reportagem do UOL questionou a Secom sobre o assunto e recebeu a seguinte resposta:
"A audiência é, sim, o principal critério norteador da programação publicitária para qualquer veículo de comunicação, incluindo sites e blogs, por parte do governo federal, administração direta, indireta e estatais. A relação dos veículos do meio internet com os maiores valores planejados para as ações publicitárias em 2012 segue este critério. Porém, esta lista pode também ser influenciada pelas especificidades e necessidades de comunicação de cada órgão do governo federal e do volume de recurso de cada órgão destinado às ações de publicidade do meio internet, o que interfere no ranking final. Não se espera de uma campanha destinada a estimular o aleitamento materno, por exemplo, o mesmo perfil de veiculação de uma campanha de estatal destinada a promover um tipo de óleo lubrificante.
Cabe esclarecer que a Secom, desde 2008, torna disponíveis em seu site todos os dados globais do planejamento dos investimentos de mídia publicitária (Fonte IAP) do governo federal, por meio e por órgão da administração direta. A partir da implantação da Lei do Acesso à Informação esse processo de divulgação vem sendo aprofundado e detalhado. Devido à grande quantidade de veículos e à necessidade de checagem e consolidação de dados, esse trabalho de divulgação vem sendo feito gradativamente."
Essa simbiose entre estado e "imprensa" é absurda. O governo usa o nosso dinheiro para fazer propaganda na internet, para comprar "jornalistas" que se vendem de forma escancarada, deixando suas convicções de lado. A justificativa do governo é de incrível cara-de-pau. Esse cordão umbilical precisa ser cortado.
Não é correto o governo destinar recursos públicos para esse tipo de propaganda enganosa. Esses sites não gozam de credibilidade ante o público, o que explica a baixa audiência; mas é um ultraje desviar recursos escassos para esse tipo de fim imoral. Chega de fazer propaganda indireta com nosso dinheiro!
Aquilo que todos já sabiam agora tem comprovação numérica: o governo privilegia os sites "progressistas" na hora de soltar a verba. Ou seja, o critério não é audiência, como diz o governo, mas sim alinhamento ideológico, proselitismo, propaganda estatal, "jornalismo" chapa-branca. Diz a reportagem:
Mas um critério político parece também desequilibrar a balança com o dinheiro estatal. Páginas com viés ideológico de esquerda, como Carta Maior, Conversa Afiada e Ópera Mundi (este, parceiro de conteúdo do UOL), foram agraciadas com um dinheiro público que não corresponde a quantidade de pessoas que passam por seu conteúdo.
A Carta Maior, por exemplo, recebeu mais verba publicitária que a Folha, que tem 157 vezes mais páginas visitadas por mês. Já blog Conversa Afiada, que faz parte da autodenominada "blogosfera progressista", ganhou mais em propaganda estatal que o portal da Abril, que tem 62 vezes mais audiência que a página comandada pelo jornalista Paulo Henrique Amorim.
A reportagem do UOL questionou a Secom sobre o assunto e recebeu a seguinte resposta:
"A audiência é, sim, o principal critério norteador da programação publicitária para qualquer veículo de comunicação, incluindo sites e blogs, por parte do governo federal, administração direta, indireta e estatais. A relação dos veículos do meio internet com os maiores valores planejados para as ações publicitárias em 2012 segue este critério. Porém, esta lista pode também ser influenciada pelas especificidades e necessidades de comunicação de cada órgão do governo federal e do volume de recurso de cada órgão destinado às ações de publicidade do meio internet, o que interfere no ranking final. Não se espera de uma campanha destinada a estimular o aleitamento materno, por exemplo, o mesmo perfil de veiculação de uma campanha de estatal destinada a promover um tipo de óleo lubrificante.
Cabe esclarecer que a Secom, desde 2008, torna disponíveis em seu site todos os dados globais do planejamento dos investimentos de mídia publicitária (Fonte IAP) do governo federal, por meio e por órgão da administração direta. A partir da implantação da Lei do Acesso à Informação esse processo de divulgação vem sendo aprofundado e detalhado. Devido à grande quantidade de veículos e à necessidade de checagem e consolidação de dados, esse trabalho de divulgação vem sendo feito gradativamente."
Essa simbiose entre estado e "imprensa" é absurda. O governo usa o nosso dinheiro para fazer propaganda na internet, para comprar "jornalistas" que se vendem de forma escancarada, deixando suas convicções de lado. A justificativa do governo é de incrível cara-de-pau. Esse cordão umbilical precisa ser cortado.
Não é correto o governo destinar recursos públicos para esse tipo de propaganda enganosa. Esses sites não gozam de credibilidade ante o público, o que explica a baixa audiência; mas é um ultraje desviar recursos escassos para esse tipo de fim imoral. Chega de fazer propaganda indireta com nosso dinheiro!
Published on July 14, 2013 13:54
July 13, 2013
O controle da História
Cada geração tende a acreditar que os seus objetivos são completamente originais e sem precedentes e que representam os objetivos finais da humanidade. Esta vaidade é melhor do que a indiferença para com as necessidades corriqueiras da vida que surge da convicção de que todos os objetivos são igualmente inúteis. No entanto, em uma época como a nossa, isso vem carregado de potencialidades do fanatismo.
[...]
Aqueles que aspiram a comandar a história parecem sonhar ou com eliminar a intervenção de acidentes, de grandes homens e encontros casuais, ou com a reconstrução da sociedade de acordo com um plano global e descartando a herança de tradições injustificáveis, ou com por fim aos conflitos que dividem a humanidade e a levam até a trágica ironia da guerra. A razão nos ensina justamente o contrário - que a política será sempre a arte da escolha irrevogável por homens falíveis em circunstâncias imprevistas e de semi-ignorância. Cada impulso para o planejamento global está fadado a acabar em tirania.
[...]
Os revolucionários imaginaram que iriam controlar, não alguns elementos apenas, mas o todo. Essa ambição Prometeica é uma das origens intelectuais do totalitarismo.
Trechos de capítulo com o mesmo título do livro "The Opium of the Intellectuals", de Raymond Aron, em tradução livre.
[...]
Aqueles que aspiram a comandar a história parecem sonhar ou com eliminar a intervenção de acidentes, de grandes homens e encontros casuais, ou com a reconstrução da sociedade de acordo com um plano global e descartando a herança de tradições injustificáveis, ou com por fim aos conflitos que dividem a humanidade e a levam até a trágica ironia da guerra. A razão nos ensina justamente o contrário - que a política será sempre a arte da escolha irrevogável por homens falíveis em circunstâncias imprevistas e de semi-ignorância. Cada impulso para o planejamento global está fadado a acabar em tirania.
[...]
Os revolucionários imaginaram que iriam controlar, não alguns elementos apenas, mas o todo. Essa ambição Prometeica é uma das origens intelectuais do totalitarismo.
Trechos de capítulo com o mesmo título do livro "The Opium of the Intellectuals", de Raymond Aron, em tradução livre.
Published on July 13, 2013 14:39
Assange, por Vargas Llosa
O público e o privado *
A revolução audiovisual de nosso tempo derrubou as barreiras que a censura opunha à livre informação e à discordância crítica, e, graças a isso, os regimes autoritários têm muito menos possibilidade do que no passado de manter seus povos na ignorância e de manipular a opinião pública. Isso, evidentemente, constitui um grande progresso para a cultura da liberdade e devemos aproveitá-lo. Mas daí a concluir que a prodigiosa transformação das comunicações, representada pela internet, autoriza os internautas a saberem de tudo e a divulgarem tudo o que ocorre sob o sol (ou sob a lua), fazendo desaparecer de uma vez por todas a demarcação entre o público e o privado, há um abismo que, se abolido, poderia significar não uma façanha libertária, mas pura e simplesmente um liberticídio que, além de minar as bases da democracia, infligiria duro golpe na civilização.
Nenhuma democracia poderia funcionar se desaparecesse a confidencialidade das comunicações entre funcionários e autoridades, e nenhuma forma de política nos campos da diplomacia, da defesa, da segurança, da ordem pública e até da economia teria consistência se os processos que determinam essas políticas fossem expostos totalmente ao público em todas as suas instâncias. O resultado de semelhante exibicionismo informativo seria a paralisia das instituições, tornando mais fácil para as organizações antidemocráticas travar e anular todas as iniciativas incompatíveis com seus desígnios autoritários. A libertinagem informativa não tem nada a ver com a liberdade de expressão; ao contrário, é seu exato oposto.
[...]
Não se trata, pois, de combater uma "mentira", mas realmente de satisfazer a curiosidade mórbida e malsã da civilização do espetáculo, que é a de nosso tempo, em que o jornalismo (como a cultura em geral) parece desenvolver-se guiado pelo objetivo único de entreter. O senhor Julian Assange, mais que um grande lutador libertário, é um bem-sucedido entertainer ou animador, o Oprah Winfrey da informação.
* Trecho do capítulo com este nome do livro "A civilização do espetáculo", de Mario Vargas Llosa
A revolução audiovisual de nosso tempo derrubou as barreiras que a censura opunha à livre informação e à discordância crítica, e, graças a isso, os regimes autoritários têm muito menos possibilidade do que no passado de manter seus povos na ignorância e de manipular a opinião pública. Isso, evidentemente, constitui um grande progresso para a cultura da liberdade e devemos aproveitá-lo. Mas daí a concluir que a prodigiosa transformação das comunicações, representada pela internet, autoriza os internautas a saberem de tudo e a divulgarem tudo o que ocorre sob o sol (ou sob a lua), fazendo desaparecer de uma vez por todas a demarcação entre o público e o privado, há um abismo que, se abolido, poderia significar não uma façanha libertária, mas pura e simplesmente um liberticídio que, além de minar as bases da democracia, infligiria duro golpe na civilização.
Nenhuma democracia poderia funcionar se desaparecesse a confidencialidade das comunicações entre funcionários e autoridades, e nenhuma forma de política nos campos da diplomacia, da defesa, da segurança, da ordem pública e até da economia teria consistência se os processos que determinam essas políticas fossem expostos totalmente ao público em todas as suas instâncias. O resultado de semelhante exibicionismo informativo seria a paralisia das instituições, tornando mais fácil para as organizações antidemocráticas travar e anular todas as iniciativas incompatíveis com seus desígnios autoritários. A libertinagem informativa não tem nada a ver com a liberdade de expressão; ao contrário, é seu exato oposto.
[...]
Não se trata, pois, de combater uma "mentira", mas realmente de satisfazer a curiosidade mórbida e malsã da civilização do espetáculo, que é a de nosso tempo, em que o jornalismo (como a cultura em geral) parece desenvolver-se guiado pelo objetivo único de entreter. O senhor Julian Assange, mais que um grande lutador libertário, é um bem-sucedido entertainer ou animador, o Oprah Winfrey da informação.
* Trecho do capítulo com este nome do livro "A civilização do espetáculo", de Mario Vargas Llosa
Published on July 13, 2013 13:28
Nacionalismo cibernético

Rodrigo Constantino
"Gostaria de ouvir o caseiro Francenildo a respeito do zelo que petistas têm pela privacidade alheia." - Carlos Andreazza
O governo petista, ao que tudo indica, tentará se aproveitar do clima de revolta contra a espionagem do governo americano (e qual não espiona?) para avançar ainda mais sobre nossas liberdades. Todo cuidado é pouco!
Conforme a notícia, o Brasil quer nacionalizar servidores de internet, e isso preocupa, com toda razão, empresas do setor. Diz a reportagem:
Uma proposta de alteração no texto do Marco Civil da Internet pode mudar completamente a atuação das empresas de tecnologia no Brasil. Preocupado com as consequências do Prism, o governo brasileiro deve propor a nacionalização do armazenamento de dados – o que deve gerar uma série de transtornos e problemas para empresas e consumidores.
Segundo a ministra das Relações Institucionais no Brasil, Ideli Salvatti, os dados que circulam por aqui não devem ser armazenados em outros países, “sem controle da nação brasileira”. Para se ter uma ideia do impacto de uma medida como essa, sites como o Google e o Facebook, que têm os seus bancos de dados fora do país, poderiam ser forçados a se retirar do mercado brasileiro.
O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, sugere replicar os servidores no Brasil. “Estabelecer uma política e dar um prazo para que os grandes datacenters sejam replicados aqui dá condições de exigir o cumprimento da legislação que protege a privacidade dos cidadãos”, completa.
Como todos os inúmeros defeitos, mesmo sob um esquerdista como Obama, eu ainda confio bem mais no governo americano do que no nosso, especialmente sob o PT, no que diz respeito ao sigilo dos dados na internet. Esse é o tipo de reação que muitos liberais críticos da atitude de Snowden temiam: esse vazamento de espionagem servir não para o aumento da liberdade, mas como pretexto para governos muito mais autoritários que o americano avançarem mais ainda sobre seus cidadãos.
Como lembra a frase da epígrafe, do meu editor da Record, a hipocrisia do PT é total quando se mostra zeloso da privacidade dos indivíduos. Nada disso foi levado em conta quando o governo quis desqualificar um humilde caseiro que ousou denunciar um poderoso ministro. Alguém realmente dormiria mais tranquilo ao saber que nossos servidores estão sob os cuidados do governo brasileiro, e não do americano?
Published on July 13, 2013 12:00
Inanição é assassinato?

A capa do caderno Prosa & Verso do GLOBO de hoje estampa a foto de um menino de dois anos, africano, que sofre de inanição. O choque é imediato para todos aqueles com um pingo de sensibilidade e empatia. É revoltante!
A reportagem fala do livro do sociólogo suíço Jean Ziegler, que foi relator da ONU por oito anos. Para Ziegler, que é professor em Sorbone, se há alimento suficiente sendo produzido no mundo e crianças morrendo de fome, isso é assassinato. Será?
Uma reflexão mais imediata diria que sim. Se sobra de um lado e falta do outro, então só pode ser um ato intencional, um crime, um assassinato em massa. Mas esse é um pensamento simplista, emocional e, acima de tudo, equivocado, que leva ao socialismo e que, como resultado prático, seria responsável pela morte de muito mais gente. Explico.
Faltam casas de um lado, e tem gente com duas casas do outro. Sobram roupas em alguns armários, e faltam em outros. Claro está que, no limite, esse tipo de raciocínio vai levar ao socialismo igualitário, onde "alguém" (o estado) será responsável por equilibrar os resultados, por tirar de João e dar a Pedro, por invadir a casa de Maria e abrigar nela Ana. Sabemos como todas as experiências desse tipo terminaram: com fome, miséria e escravidão.
A fome não é um grave problema nos países mais capitalistas. Curiosamente, o suíço pensa que o problema está justamente... no capitalismo! Alguns ainda chegam ao descalabro de acusar o capitalismo pelo fracasso africano, como se este continente tivesse alguma mísera ponta de sistema capitalista. Não tem! O que falta na África é capitalismo, livre mercado, respeito à propriedade privada, ao lucro obtido honestamente em trocas voluntárias etc.
O sociólogo não quer saber de nada disso, não quer entender como funciona o livre mercado, a especulação, nada disso. Ele prefere observar uma disparidade que revolta, e acusar o lado rico, como se este fosse responsável pelo lado pobre. O suíço, que vive do lado rico, pensa que atacando a riqueza vai reduzir a miséria. É uma crença estúpida. Ele diz, demonstrando sua ignorância sobre economia:
São vários os mecanismos que matam. A primeira explicação é a especulação nas bolsas de commodities com alimentos como trigo, arroz e milho, que correspondem a 75% do consumo mundial de alimentos. [...] Essa especulação, que infelizmente é legal, produz lucros astronômicos para os fundos e mortes nas favelas. Nos últimos dois anos, o preço do milho no mercado mundial aumentou 63%. A tonelada de trigo dobrou. [...] Quando os preços explodem, os mais pobres não conseguem comprar os alimentos. [...] Esses especuladores de alimentos devem ser colocados diante de um tribunal internacional por crime contra a Humanidade. São diretamente responsáveis pela morte de milhares de pessoas.
Falta, aqui, um mínimo de conhecimento sobre o assunto. Ele observa o sintoma e o confunde como a causa. Os preços sobem porque há estímulos monetários de bancos centrais, porque governos criam inflação para não cortar gastos, mas não porque há especulação (que sempre houve, diga-se de passagem). Ele acusa o termômetro pela febre! Nesse meu artigo, tento explicar melhor as funções dos especuladores. Seria melhor se focássemos nas raízes dos problemas, não em quem tenta arbitrá-los.
Nesse outro artigo, eu uso Hayek para explicar em maior profundidade a questão do problema econômico. Infelizmente, poucos buscam esse tipo de conhecimento mais detalhado acerca do funcionamento da economia. Sem esse instrumento, porém, a chance de errar no diagnóstico é altíssima. Como estamos cansados de saber, o inferno está cheio de boas intenções. O sociólogo suíço está nesse grupo, quando diz:
É um problema estrutural do neoliberalismo. O neoliberalismo puxa a liberalização total de todos os circuitos de mercados, capitais, serviços, patentes, a privatização de todos os setores públicos, o desmantelamento do poder normativo do Estado. As multinacionais têm nas mãos um enorme poder político e financeiro e escapam a todo controle social. Do outro lado, há uma maioria que sofre fome, epidemias, ausência de direitos fundamentais.
Esse meu outro artigo refuta essa falsa dicotomia criada pela esquerda, entre lucro ou vidas. Lamento o fato de que o tipo de discurso usado pelo sociólogo ainda conquiste tanta gente leiga. É um discurso sensacionalista, que vende bem, que coloca seu autor como um altruísta preocupado com os mais pobres e famintos, contra os gananciosos empresários que só querem lucrar. Nada mais falso!
Tenho convicção de que quem ainda tem dúvidas, irá dissipá-las após a leitura dos textos indicados. Os argumentos são claros, os exemplos históricos também. É preciso ter embasamento econômico para não ser vítima dessa retórica demagógica que, em nome de fins nobres, produz apenas mais miséria e inanição. Isso, sim, pode ser visto como um assassinato indireto: vender ideologia socialista por aí.
Published on July 13, 2013 08:04
O desafio do marqueteiro de Dilma

Quando Dilma estava em campanha, foi criada a imagem de uma gestora eficiente, trabalhadora, pragmática, que faz acontecer. A grande imprensa não quis saber de seu histórico, como a falência de uma loja que vendia produtos a R$ 1,99. Comprou o mito. O resultado não veio.
Já no poder, tentaram criar a imagem de uma "faxineira ética", intolerante com os "malfeitos". A imprensa ia descobrindo escândalos, e ela, sem ter muito que fazer, aceitava o pedido de demissão dos envolvidos. Essa era a grande "faxina". Mas muitos deles voltaram ao poder, continuaram bem ao lado de Dilma. Essa imagem também não cola mais.
Veio então a grande oportunidade: reduzir os juros na marra. A presidente Dilma seria associada ao combate corajoso contra os banqueiros, como se a taxa de juros fosse resultado da ganância deles (seria preciso crer que banqueiros internacionais, que atuam no país, tornam-se mais gananciosos assim que adentram a fronteira do país). Foi feito um intenso trabalho de marketing nesse sentido: juros baixos = Dilma.
Mas agora... agora a realidade econômica vem se impor, e o Banco Central precisa subir a taxa de juros para combater a inflação elevada, acima inclusive do topo da meta, que é extremamente alta para padrões internacionais. Mais uma bandeira de marketing que é esgarçada pelas traças da realidade.
O que fazer? Qual será a próxima peça que o marqueteiro João Santana vai tirar da cartola mágica? Não sou da área, e me falta a criatividade dessa gente para inventar mentiras, mitos e ilusões. Por isso tenho dificuldade de pensar em alternativas. Mas, quem sabe, a próxima propaganda não seja associar Dilma às manifestações das ruas? A tentativa já está em curso, claramente. O resumo seria: Dilma, aquela que captura a voz das ruas.
A dificuldade, naturalmente, é que a voz das ruas é crítica ao governo. Logo, teríamos um caso ímpar em que a presidente do governo, que governa há mais de uma década, tem como grande característica o fato de incorporar os protestos que têm como principal alvo... o próprio governo. Dilma se torna, num toque de varinha mágica marqueteira, a anti-Dilma!
Viram como a vida de marqueteiro político não é nada fácil? Sim, é verdade que eles ganham muito bem para isso (às vezes em paraísos fiscais para fugir de impostos), para inventar máscaras e embalagens. Sim, também é verdade que eles contam com um público bem disposto a engolir quase todo tipo de mentira e ilusão. Mas tem horas que o desafio deles é realmente incrível. Eu não gostaria de estar na pele de João Santana num momento desses...
Published on July 13, 2013 07:16
O naufrágio do Mercosul

Rodrigo Constantino
Em sua coluna de hoje no GLOBO, Miriam Leitão mostra como tem nos custado caro a insistência no Mercosul. Esta tem sido uma aposta política, ideológica, não econômica. Ela diz:
O Mercosul, depois do salto no comércio logo após ser formado, está estagnado há dez anos como percentual da corrente de comércio do Brasil. Já foi 16% e agora é 9%. O principal problema do bloco é político. Os sócios entraram num beco sem saída com a suspensão do Paraguai e a entrada da Venezuela. A crise econômica da Argentina cria um impasse a mais.
[...]
Tudo posto, o Brasil está numa situação difícil. Ligado a parceiros com problemas econômicos, num bloco estagnado no comércio e em crise política.
Enquanto o Mercosul segue patinando nesse mar de lama, a Aliança do Pacífico fecha acordos comerciais mais interessantes, com menos ranço ideológico ou antiamericano. O Mercosul, verdade seja dita, representa atualmente o elo bolivariano na América Latina. Isso é um entrave para nossa economia. O Brasil está pagando um preço muito alto por essa escolha estritamente ideológica do governo atual, sob o comando petista.
Quanto mais tempo passa, pior fica para reverter esse quadro. O Mercosul fracassou. Isso precisa ser admitido com urgência. Ainda dá tempo de abandonar o bloco e partir para acordos comerciais mais vantajosos para os brasileiros. A idéia dos blocos comerciais é conquistar maior abertura comercial, reduzir barreiras protecionistas. Mas o Mercosul não quer nada disso. Ele é gerido por governos altamente protecionistas.
Está na hora de pular fora desse barco naufragando. Para isso acontecer, com certeza o PT não poderá estar mais no poder. Suas afinidades ideológicas com os demais membros do bloco impedem uma decisão racional e econômica. O PT prefere ser cabeça de sardinha a rabo de baleia. Para deixar o Mercosul para trás e mergulhar em águas mais livres, nadar mais rápido rumo ao progresso, o Brasil terá de se livrar do PT antes. É isso, ou continuar casado com parceiros que detestam a prosperidade possível somente com o livre comércio.
Published on July 13, 2013 06:50
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