Rodrigo Constantino's Blog, page 311

July 18, 2013

Democratas islâmicos?

Rodrigo Constantino

Em artigo de hoje no Estadão, Demétrio Magnoli, quem muito respeito, resgata certo otimismo com os acontecimentos ligados à "Primavera Árabe". Diz o sociólogo:

A "segunda Tahrir" revela tanto a vitalidade da revolução democrática no Egito quanto o fracasso dos profetas que condenaram de antemão a Primavera Árabe como uma queda no precipício do fundamentalismo islâmico. Em pouco mais de dois anos os egípcios derrubaram uma ditadura militar e um governo eleito que pretendia aprisionar as liberdades no calabouço da ortodoxia religiosa. Depois disso a tese do "choque de civilizações" deveria ser recolhida ao museu das relíquias ideológicas.
Eu não estaria tão certo disso. Considero a conclusão otimista precipitada. É verdade que o povo não aceitou a "democracia" islâmica (sharia) de Mursi e seus colegas fanáticos da Irmandade Muçulmana. Mas daí a concluir que há em curso uma luta por democracia, pois os egípcios derrubaram tanto a ditadura militar como a ditadura velada e disfarçada de democracia islâmica, acho que vai uma longa distância.
Eu faria uma provocação alternativa: e se esses povos ainda não estão preparados para democracia alguma, e a opção realista que se apresenta for entre regime militar secular e aliado ao Ocidente, ou "democracias" que nada mais são do que uma estratégia para o totalitarismo islâmico? E se o "choque de civilizações" é justamente o que está acontecendo por lá?
Estou lendo um ótimo livro que tem justamente essa tese. Trata-se de  Spring Fever: The Illusion of Islamic Democracy , de Andrew C McCarthy, que é autor também de The Grand Jihad . O livro sobre a "Primavera Árabe" é bem interessante, e pretendo escrever mais sobre ele depois de terminar a leitura. 
Por enquanto, fica a questão: podemos mesmo afirmar que os povos árabes "despertaram" e clamam por democracia e liberdade? Ceticismo parece crucial nesse momento, para não cairmos novamente em ilusões perigosas...
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Published on July 18, 2013 08:10

Asilo ideológico

Milton Simon Pires *
Meus amigos, cansado de ser chamado de homofóbico, racista, machista, preconceituoso e mais um sem número de adjetivos que a esquerda usa com quem discorda dela, eu resolvi escrever algumas linhas sobre os chamados “movimentos sociais” brasileiros.
Gostaria de fazer a todos um desafio: provem que esse tipo de coisa existia – com importância - no Brasil antes de fevereiro de 1980 (data de fundação do PT) e eu mudo de ideia  Parto daí para afirmar o seguinte. Não existe, hoje, no Brasil movimento social algum que, voluntária ou involuntariamente, não sirva ao Foro de São Paulo e a estratégia revolucionária.
Movimentos sociais como temos no Brasil são uma peça fundamental do pensamento de Antônio Gramsci. Num trabalho metódico e contínuo eles servem para destruir as bases culturais da nossa sociedade. Existe, nesse sentido, portanto uma diferença gigantesca entre ser “contra” gays, ciclistas, afro-brasileiros, e direitos das mulheres e opor-se aos seus respectivos movimentos. As causas de todos esses grupos, se estudadas de perto, muito pouco tem a ver com o reconhecimento de seus “direitos”. Marcha das Vadias, Marcha da Maconha, Parada Gay e tantas outras servem ao Partido dos Trabalhadores! Pouco importa se seus integrantes são ou não militantes assumidos desse partido... não faz diferença alguma se votaram no Lula ou não – dinamitando as bases do núcleo da sociedade – no caso a família – eles servem, sim, ao movimento revolucionário.
Nada mais constrangedor hoje em dia do que posicionar-se contra um “movimento social”. A pessoa, no caso eu, passa a ser vista como uma espécie de fanático. O país vive um irremediável complexo de culpa em que “mais importante que acreditar em alguma coisa é não ter preconceitos contra todas as outras”. É como Povildo, o “leão vegetariano”. Personagem que inventei para servir como mascote da LBB – a Legião Brasileira de Bobalhões. Para essa gente, “portar” uma opinião própria é um verdadeiro horror. Imagino inclusive que sejam a favor do crime de “porte ilegal de opinião” - algo como andar armado sem licença.
Pobre sociedade brasileira! Coitadinha da nossa Universidade! Hoje em dia precisamos encontrar as bases da caridade e da solidariedade – próprias da condição humana – no “apoio” a estes grupos que a “elite acadêmica do Brasil” considera como representantes de uma cultura democrática. A regra então passa a ser confirmada pelas exceções - “O Milton só poderá ser considerado um legítimo democrata se apoiar as minorias que formam o país. Ou ele gosta dos movimentos dos gays, lésbicas, maconheiros, ciclistas, etc., ou é alguém que está PERMANENTEMENTE pensando em Golpe Militar”.
Percebam, meus amigos, que é a “Dignidade” (já que tem tanto médico falando nisso..rss) do próprio indivíduo que desapareceu. Se não me identifico com as lutas das minorias, sequer tenho direito de me identificar como parte da sociedade. Dane-se a Constituição, danem-se todos os impostos que pago ou até as eleições em que me obrigam a votar: é minha “obrigação moral” apoiar todos esses movimentos.

Meus leitores, é imperativo desconstruir esse discurso histérico, essa irracionalidade e essa condição de “Homem Marcha”. Todo esse filme já passou. Millor Fernandes tinha razão quando dizia que “uma ideologia, quando fica bem velinha e quer se aposentar, vem morar no Brasil”. Se continuarmos com essas idéias ridículas oriundas de uma Universidade que se prostitui para o PT seremos culturalmente um grande “Residencial Geriátrico” - sempre com vagas para aceitar mais uma ideologia caduca.
* Médico de Porto Alegre
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Published on July 18, 2013 07:50

BNDES: Sigilo inaceitável

Fonte: FolhaRodrigo Constantino

Deu no Bloomberg: Apesar de banco estatal ter divulgado à Bloomberg, após pedido que citou Lei de Acesso à informação, que empresas EBX contrataram R$ 10,4 bi em financiamentos, BNDES não quis dizer quanto desse total já foi desembolsado. Headlines:

BNDES rejeitou pedidos de procuradores e congressistas para detalhar os empréstimosDeputado Federal Cesar Colnago (PSDB-ES) fez proposta de excluir empréstimos e operações do BNDES da lei do sigilo bancárioTaxa de títulos do BNDES com vencimento em 2022 acumulam alta de 2,05 pp este anoAldo Musachio, professor da Harvard Business School, diz que colapso de empresas de Eike Batista gera receios de perdas para o BNDES, com riscos para o contribuinteMoody's disse em 8/julho que BNDES é banco mais exposto às empresas EBXMinistério da Fazenda não quis fazer comentáriosBNDES disse por e-mail que lei do sigilo bancário impede a divulgação de total liberado para empresas de EikeUma vez que o valor envolvido é gigantesco, e que o "império" de Eike Batista ruiu, acredito ser fundamental o "contribuinte" ter acesso a essas informações. Uma coisa é o banco alegar confidencialidade em fase de conversas, para não mexer no mercado, não impactar as ações de grupos que negociam financiamento com o BNDES. Isso até dá para engolir. 
Mas depois que todos já sabem que o grupo levantou bilhões no banco estatal, e que essa montanha de recursos corre o risco de desaparecer, parece-me que a transparência é questão de absoluto direito do pagador de impostos. Não podemos saber quanto do nosso dinheiro foi parar nas empresas de Eike? Esse sigilo, para um banco público, é algo inaceitável.
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Published on July 18, 2013 07:24

Nos Estados Unidos isso dá cadeia

Fonte: ExameRodrigo Constantino

Segundo relata a revista Exame, Eike Batista está sendo acusado de "insider trading", quando um acionista controlador aproveita informações privilegiadas para operar em cima do mercado. A CVM investiga o caso. Diz a matéria:

O processo foi aberto após o pedido formal do investidor Rafael Ferri. Em carta aberta ao presidente da CVM, Leonardo Gomes Pereira, Ferri acusa Eike de “cerca de 20 dias antes de a OGX divulgar publicamente para o mercado o fato de que muitos poços de petróleo não eram viáveis economicamente, e a cotação da respectiva ação despencar, o bilionário discretamente vendeu 126 milhões dessas ações”.

A carta aberta de Ferri cita as duas vendas de ações realizadas recentemente por Eike Batista. O controlador da OGX vendeu cerca de 70,4 milhões de ações da petroleira nos últimos dias de maio. A informação foi publicada pela própria empresa na segunda-feira à noite para atender as exigências do artigo 11 da instrução 358 da CVM. Em junho, Eike voltou a reduzir sua fatia na companhia e sua participação passou para 57,18 por cento, segundo informações enviadas à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A participação anterior de Eike era de 58,92 por cento.

“O Sr. Eike Batista, quando vendeu suas ações, já não sabia que a empresa não era completamente viável? Ou foi somente uma coincidência?”, questiona Ferri.

Eu já tinha falado isso aqui, e repito: o mercado só funciona com regras claras, e punição para quem as descumpre. Leiam Luigi Zingales sobre o assunto: seus dois livros são fundamentais para compreender a importância das instituições no bom funcionamento do capitalismo. Tem libertário que defende o "insider trading", mas o fato é que esse tipo de atitude vai minando a credibilidade do próprio mercado. E ela é crucial para o progresso.
Fosse nos Estados Unidos, Eike Batista acabaria atrás das grades, caso fique comprovado o "insider trading". Acho que os americanos não chegaram aonde chegaram à toa, ou porque são bobos. Eles entendem - ou ao menos entendiam - a relevância da confiança nas regras do jogo. O Brasil precisa trilhar esse caminho também.
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Published on July 18, 2013 06:19

Sumiu o trigo argentino

Rodrigo Constantino

O socialismo tem uma incrível constância: onde ele é adotado, em pouco tempo há "fartura" geral, isto é, "farta" comida, "farta" papel higiênico, "farta" tudo! A escassez é o único resultado possível sob o socialismo. Sempre foi assim, e sempre será. Mises e Hayek já explicaram os motivos de forma irrefutável.

E eis que a Argentina vai ficando até sem grãos! Tradicional país exportador de commodities, responsável pela fortuna de Onassis em tempos áureos, o país vizinho vai definhando rapidamente sob o controle estatal de Kirchner. A Argentina teve a pior colheita de trigo dos últimos 111 anos. Isso mesmo: há um século atrás, o país conseguia produzir mais trigo do que hoje. Diz a reportagem:

Produtora de trigo por excelência, a Argentina ficou impossibilitada não só de abastecer a demanda brasileira do cereal, mas também a doméstica. O fraco desempenho do trigo levou a uma severa crise no abastecimento doméstico, cujo preço do produto tornou-se o mais alto do mundo, atingindo valores superiores a US$ 520/ton.

O retrocesso da safra de trigo foi resultado da mistura de intempéries climáticas, intervenção oficial no preço interno e restrições às exportações. Desde 2007, a área cultivada com trigo vem sofrendo cortes, como resposta dos produtores à intervenção oficial.

Segundo deputado opositor Julio César Martínez (União Cívica Radical/UCR), a próxima safra de trigo, cujo plantio já começou, "também estará praticamente perdida porque o produtor não tem estímulo". Ele apresentou um projeto de lei para acabar com as retenções (as alíquotas de exportações) e proibir as barreiras às exportações. O texto determina que o governo terá a obrigatoriedade de fixar, no primeiro trimestre de cada ano, o volume necessário para atender a demanda doméstica. O restante da produção, pelo projeto, ficaria livre para exportação sem qualquer tipo de restrição.

Martínez explicou que, se o produtor tiver liberdade de vender sua colheita, terá estímulo para plantar cada vez mais. O deputado defende ainda, no texto, créditos do Banco de la Nación, equivalente ao Banco do Brasil, com taxas e prazos acessíveis ao pequeno e médio produtor e um ano de carência. O deputado afirmou que é um fracasso a política de intervenção aplicada pelo governo de Cristina Kirchner, executadas pelo secretário de Comércio, Guillermo Moreno.
Que a desgraça previsível da Argentina sob o socialismo crescente nos sirva de lição!
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Published on July 18, 2013 06:03

July 17, 2013

Ministro da desburocratização

Rodrigo Constantino

Tenho sido bastante crítico da Fiesp e das bandeiras levantadas pelo empresário Benjamin Steinbruch em seu espaço na Folha. Ambos parecem ter optado pelo "easy way", de pleitear mudanças fáceis de serem implementadas pelo governo - basta um decreto de cima e a taxa de juros cai - em vez de lutar pelas reformas mais estruturais que reduziriam o "Custo Brasil". Em sua última coluna, porém, Steinbruch finalmente se dedicou à boa luta. Merece, portanto, aplausos. Diz ele:

Estamos falando de burocracia, que é o excesso de procedimentos necessários para se obter um documento ou coisa parecida, uma epidemia que atinge o Brasil há décadas. É curioso que as manifestações populares de junho, tão difusas e que tentam passar a limpo o país, tenham se esquecido de pedir combate a essa doença brasileira.

Semanas atrás, a Folha publicou reportagem sobre a burocracia nos portos. Contou que um comandante de navio, quando chega ao Brasil, precisa entregar 190 informações a funcionários do governo. Para sair, um contêiner leva, em condições normais (sem caos logístico nas estradas), 13 dias, sendo seis gastos com papelada nos portos.

Triste é constatar que o programa Porto Sem Papel, implantado em 2010, acabou aumentando as dificuldades. Como os órgãos governamentais não aderiram ao sistema, as empresas passaram a ser obrigadas ao duplo trabalho de inserir os dados eletrônicos e entregar cópias dos documentos em papel.

Entraves burocráticos não são as únicas causas dos atrasos de obras de infraestrutura públicas e privadas no país. Mas estão, seguramente, entre as mais importantes. Em alguns Estados, obras de rodovias precisam obter três licenças ambientais, que não saem em menos de um ano.

Ninguém aguenta mais essa burocracia asfixiante, que transformou o Brasil em uma República Cartorial, com papelada de governo para todo lado, tornando a vida das empresas um verdadeiro inferno. Isso custa, e custa muito! A própria Fiesp fez um levantamento, citado pelo autor do artigo, que considero uma estimativa muito conservadora do verdadeiro custo da bagunça:

Um trabalho feito pela Fiesp mostrou que a burocracia custa R$ 46,3 bilhões por ano ao país, quase 1,5% do PIB. E constatou também algumas incríveis realidades: as empresas gastam 2.600 horas de trabalho por ano cuidando de documentos para pagamento de impostos, enquanto nos países desenvolvidos são necessárias apenas 216 horas para essa tarefa. Para abrir uma empresa, uma pessoa precisa fazer 16 procedimentos no Brasil; são só seis nos países desenvolvidos.
O que fazer? O próprio Steinbruch refresca a memória do leitor ao resgatar o saudoso Hélio Beltrão, empresário que ocupou o cargo de Ministro da Desburocratização:
A preocupação com a burocracia não é nova. No início dos anos 80, chegou a existir um Ministério da Desburocratização. Houve avanços, como a criação do estatuto da pequena empresa e dos juizados de pequenas causas. Mas a burocracia, que corrói a competitividade brasileira, continua endêmica e causando prejuízos de toda a ordem. Hélio Beltrão (1916-1997), quando ministro, dizia que quanto maior é a burocracia, menor é a democracia. 
Infelizmente, as coisas só pioraram desde então. Precisamos de uma nova investida nesse sentido. Precisamos de uma agenda séria que ataque esse excesso de burocracia no país. Quem se habilita a ser o novo Ministro da Desburocratização e declarar guerra a esses parasitas todos encastelados atrás da papelada estatal?
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Published on July 17, 2013 12:28

E tome regulação!

Rodrigo Constantino

Não preciso repetir aqui que o inferno está cheio de boas intenções. Talvez a melhor ilustração para isso seja o excessivo grau de regulação a que chegamos. A mentalidade predominante é a de que as empresas querem ferrar seus consumidores, e que os burocratas das agências poderosas de regulação vão nos proteger, cuidar de nossos interesses, enfiar goela abaixo desses gananciosos empresários que só pensam em lucro normas e regras que nos beneficiam. Será?

Penso nisso quando leio sobre o grau crescente de ingerência da Anac no serviço das empresas aéreas. O que falta regular? O formato da fechadura do banheiro? O conteúdo da televisão a bordo? A roupa das aeromoças? A cor do estofado (talvez tudo vermelho)? Enfim, a intenção parece nobre - garantir mais comodidade para os usuários - mas o resultado costuma ser terrível: mais custos, repassados para nós, usuários.

Esse já é um setor complicado no mundo todo. Poucas empresas conseguem operar no azul por muito tempo. Elevados custos fixos, competição, leasing das aeronaves, combustível caro, processos judiciais, são muitos os riscos operacionais das empresas. Muitas pecam pela má qualidade dos serviços, não resta dúvida. E até acredito que haja uma função reguladora para pontos básicos. Deixe-me repetir isso, pois é importante: para pontos básicos.

Isso nada tem a ver com o governo, por meio da Anaz, fazer caridade com o chapéu alheio. Um elevador para os viajantes? Quantos atendimentos específicos para deficientes forem demandados? E quem paga por isso? Eis a pergunta que ninguém faz no Brasil: quem paga a conta? A turma que aplaude tais medidas "nobres" parece acreditar que recursos nascem em árvores ou brotam do chão, ou então que o pecaminoso lucro seja uma fonte inesgotável de recursos, bastando distribuir melhor. No limite, por que a empresa precisa de lucro, não é mesmo?

É preciso sempre ter em mente que esse tipo de regulação impõe pesados custos, que serão transferidos, normalmente para quem gostaria de ter a liberdade de escolha entre pagar ou não por eles. A melhor forma de testar a aceitação das comodidades com seus respectivos custos é o mercado, o plebiscito ininterrupto dos clientes. Se uma empresa quer oferecer amendoim e água, e a outra quer oferecer tapete vermelho de veludo com babá disponível para cada criança a bordo, que o voto final seja de quem efetivamente paga a conta. 
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Published on July 17, 2013 12:05

O fracasso órfão

Rodrigo Constantino

O sucesso tem muitos pais, o fracasso é órfão. Nunca esse ditado foi tão válido quanto agora, que economistas keynesianos "desenvolvimentistas" se fazem de neutros - ou mesmo de oposição! - em relação ao modelo que trouxe esse grande fracasso econômico. Eu comentei sobre isso aqui, e fico feliz de ver que Alexandre Schwartsman, outro dos que apontou as falhas antes, lá atrás, também não deixou passar batido essa tremenda cara-de-pau. Ele diz:

"Se minha Teoria da Relatividade estiver correta, a Alemanha dirá que sou alemão e a França me declarará um cidadão do mundo. Mas, se não estiver, a França dirá que sou alemão e os alemães dirão que sou judeu."

Enorme (astronômica mesmo) é a distância que vai de Guido Mantega a Albert Einstein, mas não pude deixar de me lembrar dessa frase ao ler a tentativa patética de ilustres representantes do "keynesianismo de quermesse" de renegar modelo econômico adotado recentemente no país, buscando também se distanciar do falante ministro da Fazenda.

Durante os anos em que o país adotou o chamado "tripé macroeconômico", caracterizado pelo câmbio flutuante, pelo compromis- so com as metas de inflação e pelo cumprimento das metas do superavit primário, autodenominados "desenvolvimentistas" não se vexaram de prometer um desempenho melhor caso sua estratégia fosse adotada.

Segundo esse pessoal, seria possível crescer muito mais caso a taxa de câmbio fosse administrada, a taxa de juros, reduzida, o grau de intervenção do governo na economia aumentasse (via políticas setoriais) e a política fiscal fosse relaxada.

Não é necessário nenhum grande salto de imaginação para notar que essas têm sido as vigas mestras do que se convencionou chamar de "nova matriz econômica", que entrou paulatinamente em vigor nos anos finais do governo Lula, ganhando força considerável nestes dois anos e meio da administração Dilma. Diga-se, aliás, que a transição foi aplaudida entusiasticamente por todos os que defendiam essa alternativa ao "tripé".

A tentativa de jogar a culpa em fatores exógenos também demonstra falta de hombridade para assumir os erros. Schwartsman não deixa barato:
É duro de engolir. À parte a desaceleração global ser uma pálida sombra do enfarte econômico de 2008/09, não se pode ignorar o desempenho dos demais países emergentes, em particular os latino-americanos, cujo crescimento tem sido bem mais vigoroso que o brasileiro e sem os nossos desequilíbrios, como mostra a inflação muito mais baixa nesses países.

Partindo de um diagnóstico equivocado, tentam se diferenciar das políticas adotadas como se estas tivessem atuado na direção correta, apenas em intensidade insuficiente. Em outras palavras, defendem gastos ainda maiores, sem aparentemente levar em conta que o dispêndio federal está no nível mais alto da história, muito menos perceber as consequências desse tipo de política sobre a inflação e as contas externas.

Nada esqueceram e nada aprenderam; exceto talvez que a derrota é uma órfã que precisa ser abandonada no primeiro artigo que se tenha chance.

Ouch!
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Published on July 17, 2013 11:45

O que sobrou do socialismo

Fonte: EXAMERodrigo Constantino

Deu na EXAME: Panamá retém navio da Coreia do Norte que levava material bélico de Cuba.

As autoridades panamenhas retiveram em Colón, no litoral do Caribe, um navio de bandeira norte-coreana com uma carga de açúcar procedente de Cuba, na qual armas de guerra foram encontradas, anunciou o presidente do Panamá, Ricardo Martinelli.

"O navio vinha de Cuba com destino à Coreia do Norte", afirmou Martinelli, que indicou que, "ao tirar a primeira camada" de açúcar da carga, as armas foram encontradas em dois contêineres.
O presidente panamenho, que pediu às autoridades do porto de Manzanillo averiguarem o fato, confirmou que se trata de "material bélico e balístico". Perguntado sobre a possibilidade de mísseis fazerem parte deste carregamento, Martinelli afirmou desconhecer o tema.As imagens reproduzidas na televisão local mostraram parte das armas achadas, uns artefatos grandes e alongados de cor verde, arrematados com uma ponta cônica, que estavam ocultos sob as lonas."Que o mundo saiba que material bélico não declarado não pode passar pelo Canal do Panamá", afirmou Martinelli, que também ressaltou que tanto o capitão do navio como os 35 tripulantes, que se encontram detidos, travaram uma forte resistência.É realmente lamentável ver no que os dois últimos países mais fiéis ao regime socialista se transformaram. Não foi por falta de alertas por parte dos liberais, desde o começo, enquanto muitos "intelectuais" sonhavam com as maravilhas do igualitarismo. Os economistas austríacos Mises e Hayek, por exemplo, mostraram como o modelo socialista levaria ao totalitarismo e ao caos econômico. Não deu outra.

Hoje, ambos são países criminosos, mafiosos, que mantêm o povo inteiro refém, como gado bovino, enquanto seus governantes praticam todo tipo de ato ilícito, como exportação de drogas, foco de prostituição infantil, venda de armas ilegais etc. E pensar que Cuba chegou a ter mísseis poderosos apontados para a Flórida! Fidel e Raúl desejavam usá-los, o que seria, sem dúvida, o começo da Terceira Guerra Mundial.

O socialismo foi, sem dúvida, o maior equívoco da história. Quantas vidas destruídas em nome dessa utopia! O mais triste, além do sofrimento de todos que vivem sob esses regimes anacrônicos remanescentes, é o fato de que muitos ainda não abandonaram suas ilusões, seus sonhos, esta utopia assassina. Isso é ao mesmo tempo espantoso e assustador.
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Published on July 17, 2013 11:26

Em cima do muro?

Rodrigo Constantino

A reportagem de capa do Segundo Caderno do GLOBO fala de novo livro sobre Bruce Springsteen, especificamente sobre a história do show que ele fez na Alemanha em 1988, meses antes da queda do Muro. O que há de instrutivo nisso é a roupagem que a esquerda sempre usa para parecer neutra, isenta, imparcial, acima das disputas partidárias ou ideológicas. O cantor teria dito, segundo a matéria:

Não sou a favor ou contra nenhum governo. Estou aqui para tocar rock and roll para vocês, na esperança de que um dia todas as barreiras sejam derrubadas.

Muito bonito, não é mesmo? Nos remete até à música "Imagine", de John Lennon. Só tem um detalhe chato: é mentira! Springsteen, ou "The Boss", como gosta de ser chamado, tem partido, ideologia, e é ativista. Ganha uma mariola quem acertar para qual lado ele faz campanha? O lado esquerdo, claro!

Bruce endossou a campanha de Obama e fez shows para levantar recursos para o então candidato Democrata. Além disso, seus discursos politizados clamam sempre por "justiça social", leia-se mais impostos. Afinal, Bruce é identificado como um "homem do povo", próximo dos operários de chão de fábrica. Tirando o fato de que ele é podre de rico e faz de tudo para pagar menos impostos...

O cantor, que ganha milhões enquanto posa como guardião das classes baixas, economiza milhares de dólares em impostos com mecanismos um tanto obscuros. Ele se declara um fazendeiro dentro do limite estadual que lhe garante subsídios fiscais em toda a sua enorme propriedade. A ganância parece ruim apenas quando é dos outros.
Além disso, algo como 15% da venda total de seus discos se dá pelo canal de distribuição da Wal-Mart. A gigantesca rede de varejo, como sabemos, é vista como inimiga número um dos trabalhadores simples, pois não aderiu ao jogo de sindicalização que, no fundo, atende aos interesses apenas dos sindicalistas.
Volto ao ponto inicial: sempre que alguém afirmar que não quer saber de ideologia ou partido, que é contra "tudo isso que está aí", que não gosta desse debate ultrapassado entre direita e esquerda, saiba que há enorme probabilidade de você estar diante de um esquerdista. Bruce Springsteen é um caso claro disso. Vejam o que o autor do livro diz sobre o impacto do show na queda do Muro de Berlim:
Obviamente, o show não teve efeito direto na queda. Houve a pressão popular, o Gorbachev e outros fatores que contribuíram decisivamente para isso.
Sentiram falta de algum nome na lista? Pois é. Nada de Ronald Reagan, provavelmente o maior responsável individual pela queda do Muro! Mas o socialista GOrbachev, que tentava salvar o regime, é citado com destaque. Acima de ideologias? Sei...
Muito cuidado com aqueles que pairam "acima" da política. Obama era um deles. E seu viés é totalmente de esquerda. Quase sempre é assim.  
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Published on July 17, 2013 10:48

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Rodrigo Constantino
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