Rodrigo Constantino's Blog, page 315
July 11, 2013
Do cinismo democrático aos lobos e hienas

A democracia depende de instituições que, por sua vez, dependem de pilares culturais. Quando esses pilares se mostram de areia, quando a maioria começa a condenar "tudo isso que está aí", jogar tudo no mesmo saco, ridicularizar a própria democracia, a política em si, é porque estamos sob o risco de uma aventura autoritária.
Acreditar não que a democracia é fantástica, um Deus ou algo do tipo, mas que ela é aperfeiçoável, que por meio de reformas podemos melhorá-la, parece-me uma condição fundamental para sua própria sobrevivência. Quando seu descrédito é total, o que virá em seu lugar é uma incógnita, mas com elevada chance de mudar para algo pior.
Por isso condenei aqueles que votaram no palhaço Tiririca nas últimas eleições, como um voto de protesto contra a própria política, o Congresso como um todo. Esse tipo de postura ajuda a minar a confiança no sistema, que pode ser bastante imperfeito, mas que não pode ser substituído por poções mágicas, por soluções milagrosas.
É essa a mensagem que acabo de ver em trecho de A Civilização do Espetáculo , de Mario Vargas Llosa. Estou em boa companhia, pelo visto. Eis o que diz o Nobel de Literatura:
É essa atitude pessimista e cínica, e não a ampla corrupção, que pode efetivamente acabar com as democracias liberais, transformando-as numa casca esvaziada de substância e verdade, aquilo que os marxistas ridicularizavam com o apelido de democracia "formal". É uma atitude inconsciente em muitos casos, que se traduz como desinteresse e apatia em relação à vida pública, ceticismo em relação às instituições, relutância em pô-las à prova. Quando consideráveis parcelas de uma sociedade devastada pela inconseqüência sucumbem ao catastrofismo e à anomia cívica, o campo fica livre para os lobos e as hienas.
Que cada um possa refletir sobre isso, e compreender aquilo que Churchill resumiu tão bem: a democracia é o pior modelo, exceto todos os outros que já foram testados. Vamos deixar o espaço livre para os lobos e as hienas? Ou vamos lutar para ocupá-lo com pessoas minimamente decentes, razoáveis, capazes?
Published on July 11, 2013 18:17
Os dezoito sinais do colapso
Rodrigo Constantino
Um dos melhores gestores de recursos do Brasil é, sem dúvida, Luis Stuhlberger, do CSHG. Na última carta aos seus clientes, sua equipe resume os 18 sinais do esgotamento do modelo econômico atual. Com a devida autorização, publico aqui a lista, pois se trata de um ótimo resumo de nossa lamentável situação.
1) PIB do triênio 2011/2012/2013 estagnado na faixa de 2% a.a. ou menos e
sem perspectiva de melhora.
2) Estímulos fiscais e creditícios em quantidades significativas, oferecidos pelo
governo, surtem pouco efeito.
3) Inflação sem desonerações rodando entre 7% a.a. e 8% a.a.
4) Demanda de consumo moderada somada à oferta insuficiente geram inflação
endemicamente alta.
5) Deterioração da conta-corrente, mesmo com os termos de troca ainda altos,
piora continuamente nosso câmbio de equilíbrio.
6) “Good inflation” (inflação de serviços – inflação de duráveis) termina, o que
diminui a popularidade presidencial.
7) Esqueletos em bancos públicos, subsídios a educação universitária, energia e transporte
geram potencial aumento (guestimating) de 10 a 15 pontos na dívida líquida/PIB quando
forem reconhecidos.
8) Sustentabilidade fiscal de longo prazo pode ser colocada em xeque, dado o risco de
diminuição de arrecadação de impostos nos anos vindouros. Despesas com pouca margem
de compressão continuam crescendo em termos reais.
9) Provável rebaixamento por agências de classificação de risco de crédito.
10) Pacto federativo entre União, estados e municípios, com tensões crescentes, causadas
pelas necessidades pós-manifestações de investimentos relevantes em educação, saúde e
mobilidade urbana.
11) Investimento Estrangeiro Direto (IED) deve diminuir no próximo ano, dada a incerteza
eleitoral.
12) Relações entre PT e base aliada deteriorando-se continuamente.
13) Surgimento de candidaturas “ético-sonhadoras-populistas” x “socialismo do século XXI”.
14) O PT fará todos os esforços para ganhar a eleição presidencial, e a conta que sobrará para
2015 será relevante.
15) Carga tributária de 36% do PIB, com impostos sobre produção e consumo beirando 15%
do PIB.
16) A falta de competitividade e os 20 anos de investimento em um patamar de 4% do PIB a
menos do que deveria deixam-nos em uma situação frágil perante outros países emergentes,
como Coreia, México, Chile, etc., além do renascimento industrial americano.
17) Ameaça de novos impostos, como: CPMF versão século XXI, etc. para tentar manter o
equilíbrio fiscal.
18) Ausência total de debate sobre reforma trabalhista e agenda “realmente” positiva.
De chorar, não é mesmo? Então: hora de mudar! Há como reverter esse quadro. Mas vai demandar uma radical mudança de direção. Difícil é imaginar que tal mudança poderá ocorrer com o atual governo no poder...
Um dos melhores gestores de recursos do Brasil é, sem dúvida, Luis Stuhlberger, do CSHG. Na última carta aos seus clientes, sua equipe resume os 18 sinais do esgotamento do modelo econômico atual. Com a devida autorização, publico aqui a lista, pois se trata de um ótimo resumo de nossa lamentável situação.
1) PIB do triênio 2011/2012/2013 estagnado na faixa de 2% a.a. ou menos e
sem perspectiva de melhora.
2) Estímulos fiscais e creditícios em quantidades significativas, oferecidos pelo
governo, surtem pouco efeito.
3) Inflação sem desonerações rodando entre 7% a.a. e 8% a.a.
4) Demanda de consumo moderada somada à oferta insuficiente geram inflação
endemicamente alta.
5) Deterioração da conta-corrente, mesmo com os termos de troca ainda altos,
piora continuamente nosso câmbio de equilíbrio.
6) “Good inflation” (inflação de serviços – inflação de duráveis) termina, o que
diminui a popularidade presidencial.
7) Esqueletos em bancos públicos, subsídios a educação universitária, energia e transporte
geram potencial aumento (guestimating) de 10 a 15 pontos na dívida líquida/PIB quando
forem reconhecidos.
8) Sustentabilidade fiscal de longo prazo pode ser colocada em xeque, dado o risco de
diminuição de arrecadação de impostos nos anos vindouros. Despesas com pouca margem
de compressão continuam crescendo em termos reais.
9) Provável rebaixamento por agências de classificação de risco de crédito.
10) Pacto federativo entre União, estados e municípios, com tensões crescentes, causadas
pelas necessidades pós-manifestações de investimentos relevantes em educação, saúde e
mobilidade urbana.
11) Investimento Estrangeiro Direto (IED) deve diminuir no próximo ano, dada a incerteza
eleitoral.
12) Relações entre PT e base aliada deteriorando-se continuamente.
13) Surgimento de candidaturas “ético-sonhadoras-populistas” x “socialismo do século XXI”.
14) O PT fará todos os esforços para ganhar a eleição presidencial, e a conta que sobrará para
2015 será relevante.
15) Carga tributária de 36% do PIB, com impostos sobre produção e consumo beirando 15%
do PIB.
16) A falta de competitividade e os 20 anos de investimento em um patamar de 4% do PIB a
menos do que deveria deixam-nos em uma situação frágil perante outros países emergentes,
como Coreia, México, Chile, etc., além do renascimento industrial americano.
17) Ameaça de novos impostos, como: CPMF versão século XXI, etc. para tentar manter o
equilíbrio fiscal.
18) Ausência total de debate sobre reforma trabalhista e agenda “realmente” positiva.
De chorar, não é mesmo? Então: hora de mudar! Há como reverter esse quadro. Mas vai demandar uma radical mudança de direção. Difícil é imaginar que tal mudança poderá ocorrer com o atual governo no poder...
Published on July 11, 2013 12:47
Escutem o bilionário sueco!
Rodrigo Constantino
Deu no Valor: Bilionário sueco ataca protecionismo e cobra liberalização do Brasil
Marcus Wallenberg, presidente da holding familiar sueca Investor AB, que controla multinacionais como ABB, Atlas Copco, Electrolux, Ericsson e Saab, engrossou ontem o coro dos que pedem mais comprometimento do Brasil com abertura da economia.
Em entrevista ao Valor, o bilionário sueco disse que o Brasil tem uma "oportunidade fantástica" de levar adiante uma agenda de liberalização com a posse do brasileiro Roberto Azevêdo na Organização Mundial do Comércio (OMC) em setembro.
"Aguardamos um engajamento muito firme do Brasil [na liberalização]", acrescentou Wallenberg. Ele basicamente reforça o que vários executivos e diplomatas têm repetido, de passagem por Genebra: se o Brasil brigou para comandar o órgão que liberaliza o comércio mundial, deve então dar exemplo a partir de agora também nesse sentido.
O bilionário sueco é um dos empresários mais ativos na Câmara de Comércio Internacional (CCI), órgão que recentemente voltou a apontar o Brasil como a economia mais fechada entre as do G-20, grupo que reúne os principais países desenvolvidos e emergentes.
[...]
O bilionário sueco está certo, naturalmente. O Brasil ainda é uma economia muito fechada, protecionista, e isso nos prejudica. Há inclusive formas indiretas, além das simples tarifas, que o governo usa para impedir a livre concorrência com produtos importados. O sueco, que também é banqueiro (o que ele não é?), defendeu ainda o livre fluxo de capitais. Sem dúvida são bandeiras liberais, que devemos endossar.
O povo brasileiro, especialmente a parte dos mais pobres, só tem a ganhar com a maior abertura comercial. Isso reduziria o preço dos produtos no país, colocaria maior pressão na busca de eficiência por parte de nossas empresas, e traria um dinamismo econômico muito maior. O Brasil precisa parar de temer a concorrência global. Ela só tem a nos favorecer. Escutem o sueco!
Deu no Valor: Bilionário sueco ataca protecionismo e cobra liberalização do Brasil
Marcus Wallenberg, presidente da holding familiar sueca Investor AB, que controla multinacionais como ABB, Atlas Copco, Electrolux, Ericsson e Saab, engrossou ontem o coro dos que pedem mais comprometimento do Brasil com abertura da economia.
Em entrevista ao Valor, o bilionário sueco disse que o Brasil tem uma "oportunidade fantástica" de levar adiante uma agenda de liberalização com a posse do brasileiro Roberto Azevêdo na Organização Mundial do Comércio (OMC) em setembro.
"Aguardamos um engajamento muito firme do Brasil [na liberalização]", acrescentou Wallenberg. Ele basicamente reforça o que vários executivos e diplomatas têm repetido, de passagem por Genebra: se o Brasil brigou para comandar o órgão que liberaliza o comércio mundial, deve então dar exemplo a partir de agora também nesse sentido.
O bilionário sueco é um dos empresários mais ativos na Câmara de Comércio Internacional (CCI), órgão que recentemente voltou a apontar o Brasil como a economia mais fechada entre as do G-20, grupo que reúne os principais países desenvolvidos e emergentes.
[...]
O bilionário sueco está certo, naturalmente. O Brasil ainda é uma economia muito fechada, protecionista, e isso nos prejudica. Há inclusive formas indiretas, além das simples tarifas, que o governo usa para impedir a livre concorrência com produtos importados. O sueco, que também é banqueiro (o que ele não é?), defendeu ainda o livre fluxo de capitais. Sem dúvida são bandeiras liberais, que devemos endossar.
O povo brasileiro, especialmente a parte dos mais pobres, só tem a ganhar com a maior abertura comercial. Isso reduziria o preço dos produtos no país, colocaria maior pressão na busca de eficiência por parte de nossas empresas, e traria um dinamismo econômico muito maior. O Brasil precisa parar de temer a concorrência global. Ela só tem a nos favorecer. Escutem o sueco!
Published on July 11, 2013 12:02
O império contra-ataca
Rodrigo Constantino
O Banco Central subiu a taxa de juros básica pela terceira vez seguida, para o patamar de 8,5% ao ano. As entidades industriais reclamam, os economistas "desenvolvimentistas" reclamam, mas o fato é que a inflação está acima do topo da meta, já muito elevada, do governo. Não há outro remédio. Ou há?
Na verdade, o principal foco deveria ser uma austera política de redução de gastos públicos, assim como do crédito estatal. O governo gasta muito e usou seus bancos estatais para emprestar muito. Isso tudo pressionou a inflação, apesar do fraco desempenho da economia. Chegamos a um quadro praticamente de estagflação, conforme alertei no passado. O que fazer?
Uma postura séria de estadista, que pensa nas próximas gerações e não nas próximas eleições, seria partir para essas medidas drásticas e impopulares, cortando despesas do governo. Mas com a véspera das eleições antecipada? Com multidões nas ruas clamando por melhores serviços públicos? Complicado. Seria o certo, claro. Mas não dá para imaginar este governo indo para esse tipo de sacrifício.
Resta usar o único instrumento que sobra, a taxa de juros. Sem o auxílio do lado fiscal, a magnitude do aumento dos juros para conter a inflação passa a ser enorme, colocando em risco o já pífio crescimento econômico. O que isso tudo demonstra, uma vez mais, é que não há almoço grátis. Lá atrás, quando o governo iniciou um processo de corte de juros artificial e irresponsável, muitos soltavam fogos de artifício, enquanto poucos, dentre eles esse que vos escreve, faziam alertas de Cassandra.
O tempo costuma ser amigo da razão. Não deu outra. O governo, agora, precisa subir os juros, e nem assim tem sido capaz de conter a escalada inflacionária, pois perdeu credibilidade e as expectativas ficaram desancoradas. Os "desenvolvimentistas" comemoraram cedo demais. O império (mercado) contra-ataca. Sempre.
O Banco Central subiu a taxa de juros básica pela terceira vez seguida, para o patamar de 8,5% ao ano. As entidades industriais reclamam, os economistas "desenvolvimentistas" reclamam, mas o fato é que a inflação está acima do topo da meta, já muito elevada, do governo. Não há outro remédio. Ou há?
Na verdade, o principal foco deveria ser uma austera política de redução de gastos públicos, assim como do crédito estatal. O governo gasta muito e usou seus bancos estatais para emprestar muito. Isso tudo pressionou a inflação, apesar do fraco desempenho da economia. Chegamos a um quadro praticamente de estagflação, conforme alertei no passado. O que fazer?
Uma postura séria de estadista, que pensa nas próximas gerações e não nas próximas eleições, seria partir para essas medidas drásticas e impopulares, cortando despesas do governo. Mas com a véspera das eleições antecipada? Com multidões nas ruas clamando por melhores serviços públicos? Complicado. Seria o certo, claro. Mas não dá para imaginar este governo indo para esse tipo de sacrifício.
Resta usar o único instrumento que sobra, a taxa de juros. Sem o auxílio do lado fiscal, a magnitude do aumento dos juros para conter a inflação passa a ser enorme, colocando em risco o já pífio crescimento econômico. O que isso tudo demonstra, uma vez mais, é que não há almoço grátis. Lá atrás, quando o governo iniciou um processo de corte de juros artificial e irresponsável, muitos soltavam fogos de artifício, enquanto poucos, dentre eles esse que vos escreve, faziam alertas de Cassandra.
O tempo costuma ser amigo da razão. Não deu outra. O governo, agora, precisa subir os juros, e nem assim tem sido capaz de conter a escalada inflacionária, pois perdeu credibilidade e as expectativas ficaram desancoradas. Os "desenvolvimentistas" comemoraram cedo demais. O império (mercado) contra-ataca. Sempre.
Published on July 11, 2013 10:50
Protesto chapa-branca
Rodrigo Constantino
Vejam este rápido vídeo de Valter Pomar. Nele, vemos a imensa cara-de-pau de parte do PT ao tentar se apropriar das manifestações nas ruas. É uma medida ousada, pois claramente o tiro pode sair pela culatra. Mas a tentativa de se infiltrar em protestos que surgem de forma espontânea está evidente. O que não deixa de ser um paradoxo: o partido no governo chamando seus partidários para tomarem as ruas em protestos contra... o governo!
Sim, podem alegar que é para fazer "ainda mais", que a luta é contra "todos" e a "forma de se fazer política" no país, contra o PMDB, enfim, conforme Marcos Nobre afirmou em livro recente sobre as manifestações nas ruas. Mas é palhaçada achar que quem governa o país há mais de uma década poderia estar, de alguma forma, blindado, protegido ou acima de críticas gerais contra os serviços públicos e a corrupção. Sem falar que o próprio PMDB é da base aliada do governo!
As manifestações organizadas para hoje nasceram tortas: elas são obra de sindicatos que sempre mamaram nas tetas estatais. O depoimento de Valter Pomar, convocando os petistas às ruas, apenas comprova que os eventos marcados para hoje nada guardam em comum com o fenômeno que temos observado recentemente, quando milhares de pessoas da classe média saíram às ruas sem um chamado oficial desse tipo, sem partido, sem interesse eleitoreiro.
Protesto chapa-branca não está com nada! Essa tem sido a tática da esquerda desde sempre, especialmente do PT. Mas não cola mais. As pessoas saberão distinguir uma coisa da outra. Ficará claro que a esquerda organizada perdeu o monopólio das ruas. Assim se espera. Quem está nas ruas nesta quinta-feira é apenas massa de manobra de um partido político. Ainda que, como já disse, o tiro possa sair pela culatra.
Vejam este rápido vídeo de Valter Pomar. Nele, vemos a imensa cara-de-pau de parte do PT ao tentar se apropriar das manifestações nas ruas. É uma medida ousada, pois claramente o tiro pode sair pela culatra. Mas a tentativa de se infiltrar em protestos que surgem de forma espontânea está evidente. O que não deixa de ser um paradoxo: o partido no governo chamando seus partidários para tomarem as ruas em protestos contra... o governo!
Sim, podem alegar que é para fazer "ainda mais", que a luta é contra "todos" e a "forma de se fazer política" no país, contra o PMDB, enfim, conforme Marcos Nobre afirmou em livro recente sobre as manifestações nas ruas. Mas é palhaçada achar que quem governa o país há mais de uma década poderia estar, de alguma forma, blindado, protegido ou acima de críticas gerais contra os serviços públicos e a corrupção. Sem falar que o próprio PMDB é da base aliada do governo!
As manifestações organizadas para hoje nasceram tortas: elas são obra de sindicatos que sempre mamaram nas tetas estatais. O depoimento de Valter Pomar, convocando os petistas às ruas, apenas comprova que os eventos marcados para hoje nada guardam em comum com o fenômeno que temos observado recentemente, quando milhares de pessoas da classe média saíram às ruas sem um chamado oficial desse tipo, sem partido, sem interesse eleitoreiro.
Protesto chapa-branca não está com nada! Essa tem sido a tática da esquerda desde sempre, especialmente do PT. Mas não cola mais. As pessoas saberão distinguir uma coisa da outra. Ficará claro que a esquerda organizada perdeu o monopólio das ruas. Assim se espera. Quem está nas ruas nesta quinta-feira é apenas massa de manobra de um partido político. Ainda que, como já disse, o tiro possa sair pela culatra.
Published on July 11, 2013 10:31
A voz autoritária
Rodrigo Constantino
O programa "A Voz do Brasil", enfiado ouvido adentro dos brasileiros na hora do rush, é realmente uma excrescência, um resquício dos tempos de ditadura. Resta saber quem terá a coragem de comprar essa briga em defesa dos ouvintes de rádio do país, contra os grupos organizados que mamam na estatal ou os políticos que se aproveitam desse espaço para fazer propaganda.
Hélio Saboya Flho, em artigo no GLOBO hoje, comprou essa boa briga. Eu dediquei um trecho do meu livro "Privatize Já" para mostrar o absurdo da coisa também. Segue um trecho do artigo do Helinho (para os íntimos), que merece reflexão:
Nem os ares da abertura foram capazes de livrar as ondas do rádio desse entulho autoritário. A "Voz do Brasil" atravessou os governos Sarney, Collor, Itamar, FHC, Lula e Dilma.
Há 15 anos, o então deputado federal pelo PFL de Santa Catarina Paulo Bauer encaminhou à Câmara um projeto de lei propondo o fim da obrigatoriedade de retransmissão do programa em cadeia nacional. Na exposição de motivos citou uma pesquisa do Ibope comprovando que o público ou não ouvia o programa (63%), ou desligava o rádio às dezenove horas de Brasília (37%), restando 5% que tinham por hábito ouvi-lo - habitualidade a ser relativizada por se cuidar de transmissão compulsória.
Ponderou que, com a multiplicação de canais de TV e rádios e com o surgimento da internet, o governo poderia dar ampla veiculação à "Voz do Brasil", frisando que o projeto não visava a extinguir o programa (uma pena), mas apenas tornar facultativa a retransmissão pelas emissoras privadas.
O projeto foi arquivado, não por nossos políticos acreditarem que suas bases colem o ouvido no radinho diariamente às sete da noite para saber das últimas novidades dos três poderes, mas apenas para manterem, ainda que em estado vegetativo, esse anacrônico mecanismo provedor de cargos públicos e sorvedor de recursos idem, baralhados em uma contabilidade nebulosa.
Estão em curso dois projetos de lei sobre o tema: um propõe o tombamento da "Voz do Brasil" como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil (!) e a ratificação de seu horário atual, e outro admitindo que a transmissão ocorra entre 19h e 22h.
A questão essencial não é sintonizada: a obrigatoriedade deve ou não ser mantida. Em recente entrevista, o presidente da EBC, Nelson Breve, argumentou o seguinte: "Eu até hoje não vi nenhuma pesquisa de âmbito nacional perguntando para as pessoas se elas querem ou não a continuidade da Voz do Brasil como obrigatória."
Como bom administrador, já deve tê-la encomendado.
E então? Vamos perguntar às vozes das ruas se elas querem continuar sendo obrigadas a aturar esse programa enfadonho bem na hora que retornam do trabalho para suas casas? Plebiscito já!
O programa "A Voz do Brasil", enfiado ouvido adentro dos brasileiros na hora do rush, é realmente uma excrescência, um resquício dos tempos de ditadura. Resta saber quem terá a coragem de comprar essa briga em defesa dos ouvintes de rádio do país, contra os grupos organizados que mamam na estatal ou os políticos que se aproveitam desse espaço para fazer propaganda.
Hélio Saboya Flho, em artigo no GLOBO hoje, comprou essa boa briga. Eu dediquei um trecho do meu livro "Privatize Já" para mostrar o absurdo da coisa também. Segue um trecho do artigo do Helinho (para os íntimos), que merece reflexão:
Nem os ares da abertura foram capazes de livrar as ondas do rádio desse entulho autoritário. A "Voz do Brasil" atravessou os governos Sarney, Collor, Itamar, FHC, Lula e Dilma.
Há 15 anos, o então deputado federal pelo PFL de Santa Catarina Paulo Bauer encaminhou à Câmara um projeto de lei propondo o fim da obrigatoriedade de retransmissão do programa em cadeia nacional. Na exposição de motivos citou uma pesquisa do Ibope comprovando que o público ou não ouvia o programa (63%), ou desligava o rádio às dezenove horas de Brasília (37%), restando 5% que tinham por hábito ouvi-lo - habitualidade a ser relativizada por se cuidar de transmissão compulsória.
Ponderou que, com a multiplicação de canais de TV e rádios e com o surgimento da internet, o governo poderia dar ampla veiculação à "Voz do Brasil", frisando que o projeto não visava a extinguir o programa (uma pena), mas apenas tornar facultativa a retransmissão pelas emissoras privadas.
O projeto foi arquivado, não por nossos políticos acreditarem que suas bases colem o ouvido no radinho diariamente às sete da noite para saber das últimas novidades dos três poderes, mas apenas para manterem, ainda que em estado vegetativo, esse anacrônico mecanismo provedor de cargos públicos e sorvedor de recursos idem, baralhados em uma contabilidade nebulosa.
Estão em curso dois projetos de lei sobre o tema: um propõe o tombamento da "Voz do Brasil" como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil (!) e a ratificação de seu horário atual, e outro admitindo que a transmissão ocorra entre 19h e 22h.
A questão essencial não é sintonizada: a obrigatoriedade deve ou não ser mantida. Em recente entrevista, o presidente da EBC, Nelson Breve, argumentou o seguinte: "Eu até hoje não vi nenhuma pesquisa de âmbito nacional perguntando para as pessoas se elas querem ou não a continuidade da Voz do Brasil como obrigatória."
Como bom administrador, já deve tê-la encomendado.
E então? Vamos perguntar às vozes das ruas se elas querem continuar sendo obrigadas a aturar esse programa enfadonho bem na hora que retornam do trabalho para suas casas? Plebiscito já!
Published on July 11, 2013 08:03
A estranha lógica de Stiglitz

Em artigo traduzido no GLOBO hoje, Joseph Stiglitz ataca as rodadas de negociação de livre comércio, pois elas seriam instrumentos de interesses corporativos contra os reais interesses dos cidadãos. Estes, segundo Stiglitz, são melhores atendidos por meio de subsídios estatais que colocam outros valores acima dos comerciais. Vejam esse trecho, volto depois:
O ponto mais geral, a que já se aludiu, é que os acordos de comércio colocam tipicamente os interesses comerciais à frente de outros valores – o direito a uma vida saudável e à proteção do ambiente, para nomear apenas dois. A França, por exemplo, exige uma “exceção cultural” nos acordos de comércio que lhe permita continuar a apoiar o seu cinema – o que beneficia todo o mundo. Este e outros valores mais amplos deveriam ser não-negociáveis.
Na verdade, a ironia é que os benefícios sociais de tais subsídios são enormes, mesmo que os custos sejam negligenciáveis. Alguém acredita realmente que um filme de arte Francês represente uma ameaça séria a uma grande produção cinematográfica para o verão de Hollywood? E no entanto a cobiça de Hollywood não conhece limites, e os negociadores comerciais da América não fazem prisioneiros. E é precisamente por isso que estas questões deveriam ser retiradas da mesa antes do início das negociações. De outro modo, haverá braços torcidos, e existe um risco real de que um acordo sacrifique valores básicos a interesses comerciais.
Se os negociadores criassem um regime genuíno de comércio livre que colocasse o interesse público em primeiro lugar, dando às opiniões de cidadãos vulgares pelo menos tanto peso como o dado às dos lobistas empresariais, eu poderia esperar que o acordo que deles emergisse iria fortalecer a economia e melhorar o bem-estar social. A realidade, contudo, é que temos um regime comercial controlado que coloca os interesses empresariais em primeiro lugar, e um processo de negociações que é antidemocrático e não-transparente.
A possibilidade de emergir das próximas conversações um acordo que sirva os interesses dos Americanos vulgares é baixa; as perspectivas para os cidadãos vulgares de outros países são ainda piores.
Não sei se o leitor compreendeu direito, mas eu tentarei explicar: o cinema francês, segundo Stiglitz, é um valor incrível para a humanidade; mas o público pagante não necessariamente concorda, pois, quando livre para escolher, acaba indo ver os enlatados de Hollywood. Logo, o governo francês precisa proteger seus produtores de cinema, para beneficiar o público, que, lembrando uma vez mais, prefere ver os filmes americanos. Entenderam?
A lógica de Stiglitz é a mesma de todo autoritário: o que eu considero melhor deve ser pago pelos outros, caso eles sejam ignorantes demais para entender a superioridade das minhas escolhas. Quem defende subsídios, protecionismo e barreiras comerciais, e não o faz pelo simples interesse de lucrar com a falta da concorrência, está partindo justamente desse tipo de premissa autoritária. Quer impor goela abaixo dos demais as suas preferências.
O problema é que cada um tem suas próprias escolhas, e quando há o instrumento à disposição, ele poderá ser capturado por qualquer grupo de interesse. No Brasil, vemos o estado subsidiando até mesmo funk! Será engraçado ver Stiglitz defender a importância disso para a "humanidade".
Você pode adorar filmes franceses, ou filmes iranianos. Pode detestar os filmes de Hollywood. Mas quem deve escolher é o indivíduo, o público votando com seu próprio bolso. Haverá nichos para gostos específicos, mais refinados até, se for o caso. Só não é correto obrigar o mais pobre a bancar o luxo do rico, forçar o "bruto" a pagar a conta do "intelectual". Isso é absurdo. Isso é autoritário. Isso é esquerda. Isso é Stiglitz!
PS: Alguns brasileiros usam o mesmo discurso, para garantir privilégios nacionalistas, como podemos ver aqui. E nesse artigo para a Folha, eu explico o risco de proselitismo ideológico quando o mecenas é o estado. Definitivamente, a livre escolha individual sem subsídios e protecionismo estatal é o melhor caminho.
Published on July 11, 2013 07:16
O olho do dono e os helicópteros de Cabral

Rodrigo Constantino
Deu no GLOBO: A frota exclusiva de sete helicópteros para atender o governador Sérgio Cabral, seu vice, Luiz Fernando Pezão, além de secretários e presidentes de autarquias do estado, vale hoje R$ 49,8 milhões. A estimativa é feita com base no valor do seguro de cada uma das aeronaves usadas pelo primeiro escalão. Essa frota é quase do mesmo porte da utilizada por bombeiros (dois helicópteros), PM (cinco), Polícia Civil (dois) e Secretaria de Saúde (um).
Dos sete aparelhos do primeiro escalão, três foram comprados no governo Cabral. O mais caro é o Agusta, que está estimado em R$ 19,6 milhões e foi adquirido em 2012. Outro, EC135, foi comprado em 2009 e vale R$ 11,9 milhões. Nesta quarta-feira, o governo decidiu repassar aos bombeiros uma das suas aeronaves, modelo Esquilo (R$ 1,2 milhão).
Além de Cabral, que usa os helicópteros para levar a família e babás para Mangaratiba, onde tem casa, como revelou a revista “Veja”, o vice-governador e o presidente da Alerj, deputado Paulo Melo (PMDB), usam as aeronaves para chegar às suas casas. Pezão costuma ir para Piraí de helicóptero, enquanto Melo já utilizou um para chegar a Saquarema. Em nota, a assessoria de Pezão diz que o uso da aeronave é prerrogativa do cargo, pois o vice “vem de uma cidade do interior”.
[...]
Comento: Diz o velho ditado que o olho do dono engorda o boi. O que isso quer dizer é que somente o escrutínio de quem paga a conta, de quem está com o seu na reta, é que permite o bom uso dos recursos. Quando lidamos com o dinheiro da "viúva", há uma tendência sempre maior ao relaxamento, ao uso indevido para fins pessoais. Como nas quatro formas de gasto descritas por Milton Friedman, quando usamos o dinheiro dos outros conosco, nos preocupados com o destino dele, e quase nunca com seu custo.
Claro que fatores culturais ou legais exercem influência também. O mesmo GLOBO mostra, logo abaixo da matéria sobre as "estripulias" de Cabral, que deputados e ministros suíços andam de ônibus ou trem. Helicóptero, só quando não tiver outro jeito e passar por um processo prévio de autorização. Cultura faz diferença. E punição caso for pego abusando dos recursos públicos também.
Esse caso nos remete ao livro Barbarians at the Gate, de Bryan Burrough e John Heylar, que conta o incrível caso de debacle da RJR Nabisco, empresa que chegou a ficar entre as 20 maiores dos Estados Unidos. Enquanto corporação, com seu capital pulverizado e sem um dono específico, a empresa acabou se tornando um instrumento de vida nababesca para seus executivos. Li o livro há muitos anos, mas lembro de trechos impressionantes, justamente sobre a gigantesca frota de aeronaves da empresa.
Ela tinha um hangar que intimidava o da Coca Cola, bem ao lado. Fora isso, tinha uma sede altamente suntuosa, repleta de luxo importado. O risco de principal é comum em corporações. Os acionistas, milhões espalhados sem concentração, acabam em conflito de interesses com os executivos, que têm interesse em expandir seus ganhos e mordomias.
Mas no setor privado, mais cedo ou mais tarde, isso tem um custo elevado. Os acionistas sentem no bolso, e acusam o golpe. Oliver Stone, o comunista que idolatra Fidel Castro, retratou em seu clássico filme Wall Street a figura pejorativa do especulador que pretende lucrar com o corte dessa ineficiência nas empresas. Era Gordon Gekko, na brilhante atuação de Michael Douglas, ridicularizando uma empresa que gastava milhares de dólares para fazer memorandos de um lado a outro. Seu principal discurso ficou famoso ao afirmar que "ganância é bom".
Sim, é a ganância, o desejo de lucrar, que faz com que acionistas não tolerem abusos com os seus recursos! Mas o problema aumenta quando falamos de governos, pois eles não quebram: eles quebram o povo! E nós, os "acionistas" do estado, não temos o devido controle sobre seus gastos. Podemos mitigar o problema exigindo maior transparência, contando com o fundamental papel da imprensa (por isso os autoritários, como os petistas, querem sempre controlar a imprensa), e punindo quem for pego abusando.
Mas a falha é estrutural, vem do próprio mecanismo de incentivos. Por isso mesmo precisamos reduzir ao máximo os recursos que transitam pelo setor público. O governo deve ficar restrito às suas funções básicas. Quanto menos impostos arrecadar, menor a quantidade de tentações que aparecem.
Por fim, vamos lembrar que todos esses merecidos ataques a Sérgio Cabral podem ajudar a candidatura de alguém pior em todos os aspectos, que é o petista Lindbergh Farias, ele também acusado de falcatruas e ligado ao PT, o mais corrupto de todos, líder do mensalão. Alguém acha que "Lindinho" abriria mão do luxo todo que o estado fornece com o nosso dinheiro?
Published on July 11, 2013 06:02
A África é aqui
Rodrigo Constantino
Deu no GLOBO: Governo tratora oposição e aprova perdão de dívida de U$ 278,6 milhões do Congo
Governo e oposição travaram um duro embate no plenário na votação do projeto de resolução, do Executivo, que permitiu o perdão e reescalonamento da dívida de US$ 352,6 milhões do Congo, um dos quatro países que o Brasil está tirando da inadimplência, para que o BNDES possa financiar empreendimentos de empresas brasileiras nesses países. O PSDB , DEM e senadores do PDT e PMDB acusaram o governo congolês de ser uma ditadura corrupta, que tem crescimento superior a alguns estados pobres do Brasil. O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) pediu verificação de quórum, mas a anistia foi aprovada por 39 votos dos governistas, contra 21 da oposição e duas abstenções.
O perdão será de US$ 278,6 e o resto, será reescalonado a perder de vista.
- A presidente Dilma quer beneficiar ditadores, governos corruptos que tem a mesma prática do governo daqui, de proteger mensaleiros. Estão acostumados a esconder coisas para fazer a gente de bobo e idiota - protestou Jarbas Vasconcelos.
O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) disse que o perdão passou por descuido na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) . Ele pediu também explicações sobre empréstimos secretos do BNDES para Cuba e Angola.
- O governo do PT está fazendo generosidades com o chapéu do povo brasileiro a ditaduras sangrentas e corruptas, que esmagam sua população, com denúncias de lavagem de dinheiro no nosso país. Com isso abre perspectiva para o BNDES continuar oferecendo empréstimos a essas nações, o que mais grave - protestou Álvaro Dias.
- Essas operações se transformaram em relações comerciais que não vem acompanhadas das devidas explicações. Estamos também buscando informações sobre operações do BNDES que estão sob o carimbo do sigilo para Cuba e Angola - completou o presidente do PSDB, Aécio Neves (MG).
No comando da tropa de choque governista, estavam os líderes Wellington Dias (PT-PI), Eduardo Braga (PMDB-AM), José Pimentel (PT-CE) e Vanessa Graziottin (PCdoB-AM).
- Pode ser que naquela época era um regime de ditadores, mas as relações comerciais do Brasil são interessantes. Temos que parar com essa coisa tupiniquim. Temos produtos em condições de exportar. Temos que ter um olhar especial para esses países - defendeu Wellington Dias.
O líder do Democratas, José Agripino (RN), lembrou que há milhares de pequenos produtores rurais no Nordeste tendo suas terras tomadas pelo governo, porque não consegue reescalonar suas dívidas com bancos oficiais. E esse mesmo critério de anistia não é aplicado a eles.
- Está se perdoando dívidas de países que crescem muito mais do que o Nordeste. Eu gostaria imensamente que as dívidas dos pequenos produtores rurais do semiárido tivessem o mesmo tratamento quando os oficiais de Justiça batem a sua porta para tomar suas terras - disse Agripino.
Eduardo Braga apelou para a pobreza dos países africanos:
- Não é possível que vamos penalizar um povo tão humilde e necessitado como o povo africano!
- Se é questão de ajudar os necessitados, que tal ajudar o povo do Nordeste que passa por uma das piores secas da sua história? A gente deveria primeiro defender os nossos pobres - rebateu Jarbas.
- Está todo mundo endividado aqui no Brasil e o cara do Congo, da conga sei lá, comprando apartamento milionário no Rio de Janeiro vai ter sua dívida perdoada? Não temos que perdoar nada! - protestou o senador Ivo Cassol (PP-RO).
Sem sucesso, com maioria esmagadora no plenário, o governo aprovou o perdão da dívida do Congo. O primeiro de uma fila, dos prometidos por Dilma em sua passagem pela África.
Comento: A postura do governo é, claramente, um acinte, um ataque ao pobre povo brasileiro, que trabalha duro, por cinco meses do ano, somente para pagar impostos. Isso significa transferir recursos dos brasileiros humildes para empresários ou ditadores ricos. O governo brasileiro quer comprar o assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, assim como ajudar alguns poucos e grandes empresários brasileiros que fazem negócios com países africanos.
Mascarar esses reais interesses pérfidos sob o manto do altruísmo e da solidariedade é uma afronta. Pobreza nós temos aqui de sobra; não precisamos ir para a África para vê-la. Perdoar a dívida desses países é abrir mão do dinheiro que pertence ao povo brasileiro, não ao PT. Isso sem falar que nem mesmo tal ato, tão defendido por gente como o cantor do U2 Bono, nem mesmo ajuda os africanos.
Ao contrário: isso apenas reforça a idéia de que esses governos africanos não são bons devedores, e que, portanto, não merecem novos créditos. Ninguém ganha com isso, à exceção do PT, de meia dúzia de grandes empresários, e dos ditadores corruptos da África. A África é aqui. E o PT faz de tudo para perpetuar essa condição...
Deu no GLOBO: Governo tratora oposição e aprova perdão de dívida de U$ 278,6 milhões do Congo
Governo e oposição travaram um duro embate no plenário na votação do projeto de resolução, do Executivo, que permitiu o perdão e reescalonamento da dívida de US$ 352,6 milhões do Congo, um dos quatro países que o Brasil está tirando da inadimplência, para que o BNDES possa financiar empreendimentos de empresas brasileiras nesses países. O PSDB , DEM e senadores do PDT e PMDB acusaram o governo congolês de ser uma ditadura corrupta, que tem crescimento superior a alguns estados pobres do Brasil. O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) pediu verificação de quórum, mas a anistia foi aprovada por 39 votos dos governistas, contra 21 da oposição e duas abstenções.
O perdão será de US$ 278,6 e o resto, será reescalonado a perder de vista.
- A presidente Dilma quer beneficiar ditadores, governos corruptos que tem a mesma prática do governo daqui, de proteger mensaleiros. Estão acostumados a esconder coisas para fazer a gente de bobo e idiota - protestou Jarbas Vasconcelos.
O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) disse que o perdão passou por descuido na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) . Ele pediu também explicações sobre empréstimos secretos do BNDES para Cuba e Angola.
- O governo do PT está fazendo generosidades com o chapéu do povo brasileiro a ditaduras sangrentas e corruptas, que esmagam sua população, com denúncias de lavagem de dinheiro no nosso país. Com isso abre perspectiva para o BNDES continuar oferecendo empréstimos a essas nações, o que mais grave - protestou Álvaro Dias.
- Essas operações se transformaram em relações comerciais que não vem acompanhadas das devidas explicações. Estamos também buscando informações sobre operações do BNDES que estão sob o carimbo do sigilo para Cuba e Angola - completou o presidente do PSDB, Aécio Neves (MG).
No comando da tropa de choque governista, estavam os líderes Wellington Dias (PT-PI), Eduardo Braga (PMDB-AM), José Pimentel (PT-CE) e Vanessa Graziottin (PCdoB-AM).
- Pode ser que naquela época era um regime de ditadores, mas as relações comerciais do Brasil são interessantes. Temos que parar com essa coisa tupiniquim. Temos produtos em condições de exportar. Temos que ter um olhar especial para esses países - defendeu Wellington Dias.
O líder do Democratas, José Agripino (RN), lembrou que há milhares de pequenos produtores rurais no Nordeste tendo suas terras tomadas pelo governo, porque não consegue reescalonar suas dívidas com bancos oficiais. E esse mesmo critério de anistia não é aplicado a eles.
- Está se perdoando dívidas de países que crescem muito mais do que o Nordeste. Eu gostaria imensamente que as dívidas dos pequenos produtores rurais do semiárido tivessem o mesmo tratamento quando os oficiais de Justiça batem a sua porta para tomar suas terras - disse Agripino.
Eduardo Braga apelou para a pobreza dos países africanos:
- Não é possível que vamos penalizar um povo tão humilde e necessitado como o povo africano!
- Se é questão de ajudar os necessitados, que tal ajudar o povo do Nordeste que passa por uma das piores secas da sua história? A gente deveria primeiro defender os nossos pobres - rebateu Jarbas.
- Está todo mundo endividado aqui no Brasil e o cara do Congo, da conga sei lá, comprando apartamento milionário no Rio de Janeiro vai ter sua dívida perdoada? Não temos que perdoar nada! - protestou o senador Ivo Cassol (PP-RO).
Sem sucesso, com maioria esmagadora no plenário, o governo aprovou o perdão da dívida do Congo. O primeiro de uma fila, dos prometidos por Dilma em sua passagem pela África.
Comento: A postura do governo é, claramente, um acinte, um ataque ao pobre povo brasileiro, que trabalha duro, por cinco meses do ano, somente para pagar impostos. Isso significa transferir recursos dos brasileiros humildes para empresários ou ditadores ricos. O governo brasileiro quer comprar o assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, assim como ajudar alguns poucos e grandes empresários brasileiros que fazem negócios com países africanos.
Mascarar esses reais interesses pérfidos sob o manto do altruísmo e da solidariedade é uma afronta. Pobreza nós temos aqui de sobra; não precisamos ir para a África para vê-la. Perdoar a dívida desses países é abrir mão do dinheiro que pertence ao povo brasileiro, não ao PT. Isso sem falar que nem mesmo tal ato, tão defendido por gente como o cantor do U2 Bono, nem mesmo ajuda os africanos.
Ao contrário: isso apenas reforça a idéia de que esses governos africanos não são bons devedores, e que, portanto, não merecem novos créditos. Ninguém ganha com isso, à exceção do PT, de meia dúzia de grandes empresários, e dos ditadores corruptos da África. A África é aqui. E o PT faz de tudo para perpetuar essa condição...
Published on July 11, 2013 05:00
July 10, 2013
Verissimo e a voz das ruas

Tenho seguidores que não devem gostar muito de mim. É que eles me mandam artigos e entrevistas que demandam o consumo de Engov ou Plasil de minha parte, pois meu estômago embrulha. Eu sei que abracei o papel de "mídia watch", e deve ser meu lado masoquista falando. Mas, enfim, vamos lá encarar uma vez mais ele, um dos alvos preferidos por aqui (não posso fazer nada se o homem só produz besteira sempre que tenta falar sério). Estou falando de Verissimo, claro, e sua nova entrevista para a IstoÉ.
Começo deparando com uma declaração bem pertinente: “A desmoralização da política e dos políticos deve preocupar a todos, porque a falência da política é a falência da democracia”. Fato. Tenho alertado que a "nova" forma de se fazer democracia, uma espécie de "democracia direta", que procura passar por cima da organização partidária, não funciona. Leva ao populismo, demagogia, em graus ainda piores que os atuais. Mas depois Verissimo volta ao seu normal:
No fundo, o que se vê nas ruas é uma crítica, nem sempre consciente, ao capitalismo brasileiro. Estão pedindo o fim do lucro desmedido com serviços públicos como o transporte, o fim do poder corruptor do dinheiro, mais saúde e educação subsidiadas pelo Estado. Eu nunca tinha visto tantos socialistas juntos. Será curioso ver como essa massa vai votar.
Como é que é? O povo está revoltado com os péssimos serviços prestados pelo governo, por tudo aquilo que ficou a cargo do estado, e Verissimo acha que estão atacando o capitalismo, o lucro? As empresas capitalistas em busca de lucro que operam no mercado livre não são alvos de ataques, e sim aquelas que fazem conchavo com o governo, quando este decide tudo sobre elas e seus setores. Não custa lembrar que quando a saúde do cronista ficou ruim, ele buscou um hospital privado, que deseja lucrar, para salvar sua vida, e não o fantástico SUS. No mais: o poder corruptor do dinheiro? Por que, então, há menos corrupção em países que são mais ricos que o Brasil? Verissimo, quando fala de política, é um grande palhaço...
A analogia óbvia é com o Maio de 68, na França, que também era contra um tudo indefinido. Tem gente que diz que o que houve em Paris, naquela primavera, foi só uma queima de hormônios. Já o Cohn–Bendit disse que 68 foi o preâmbulo de 81, quando a esquerda chegou ao poder na França. Resta ver qual será o 81 do nosso 68.
Verissimo deve detestar os brasileiros mesmo, ao desejar nosso 81 francês. Mitterrand, quando chegou ao poder, simplesmente afundou a França em enorme crise econômica. Nacionalizou setores importantes, gerou inflação alta e desemprego. Teve que reverter parcialmente seu socialismo para não afundar o país no caos total. Enquanto isso, a Inglaterra de Thatcher, ao lado, ia na direção contrária, colhendo sucesso atrás de sucesso. Verissimo prefere o fracasso.
Infelizmente aquele ímpeto anticorrupção do início do seu governo não se sustentou. Mas, falando do PT no poder em geral, qualquer governo que consegue distribuir renda e diminuir a pobreza tem no mínimo a minha simpatia.
Após falar que um dos destaques das ruas deveria ser a cobrança sobre o "mensalão" do PSDB, como se realmente houvesse semelhança entre o que ocorreu em Minas Gerais e o golpe na democracia que o PT tentou realizar, Verissimo vem elogiar Dilma. Segundo ele, faltou ímpeto no combate à corrupção. Quem Verissimo quer enganar? Alguém ainda acha que Dilma era uma "faxineira ética", e não alguém totalmente conivente com os "malfeitores"? No mais, Verissimo deixa claro que se o governante "distribuir renda", então pode roubar na boa, que gozará de sua simpatia. Gente assim, sem dúvida, não goza da minha simpatia...
Published on July 10, 2013 16:04
Rodrigo Constantino's Blog
- Rodrigo Constantino's profile
- 32 followers
Rodrigo Constantino isn't a Goodreads Author
(yet),
but they
do have a blog,
so here are some recent posts imported from
their feed.
