Rodrigo Constantino's Blog, page 310

July 19, 2013

A Avaaz mostra sua cor... e ela é vermelha!

Rodrigo Constantino

Eu já sabia e já tinha alertado. Mas agora é oficial: a Avaaz mostra sua verdadeira cor, e ela tem cinquenta tons de vermelho. Em artigo para o GLOBO, Pedro Abromovay, o indivíduo por trás da Avaaz, já deixa toda a máscara de imparcialidade ao assinar o artigo com Lindbergh Farias, senador petista. Apartidário? Sei... Eles dizem:

Cidadãos que nunca haviam discutido a questão antes estão debatendo política com seus amigos, passaram a agir. A velha política está morrendo e existe agora um novo diálogo, horizontal e contínuo, e uma nova cultura política.

Mas essa "nova" forma de fazer política, mais "horizontal", vem com um selo de um senador pelo PT? É isso mesmo, produção? Essa maneira "moderna" de democracia sem políticos ou partidos está sendo proposta pela Avaaz ao lado de um senador petista? Eu entendi isso corretamente? Mas não é só isso. A Avaaz quer mais, e expõe seu objetivo de forma direta:

E qual a reforma capaz de dialogar com a nova realidade política? Instituir o financiamento público e reformar o sistema eleitoral é um bom começo. Mas essa nova reforma tem por meta tornar o Brasil uma democracia moderna que se destaque com orgulho no século XXI. O tamanho das manifestações públicas exige respostas ambiciosas. Podemos nos tornar uma nova Atenas.

Financiamento público de campanha? E que tipo de "gênio" pensa que isso vai reduzir o caixa dois, a corrupção, o poder financeiro de empreiteiras na política? Nova Atenas? Ah, agora estou entendendo. Ágora! Eis a solução para nossos problemas. Só um pequeno detalhe: não somos os cantões suíços, tampouco temos o tamanho da população de Atenas e a simplicidade de temas políticos a serem decididos de forma direta. 

A "nova" democracia, então, é a velha "democracia direta", só que aplicada para 200 milhões de pessoas, no modelo centralizador do estado brasileiro. Entenderam? Ainda não? Então vou facilitar com uma palavra: Venezuela. O que a Avaaz de Pedro Abromovay quer, bem ao ladinho do senador do PT, é apelar para plebiscitos manipulados para instaurar no país a "ditadura da maioria" sob o controle populista de uma seleta minoria.

Sinto muito lhe dizer isso, mas se em algum momento você assinou petição da Avaaz, saiba que você foi massa de manobra da esquerda. A Avaaz não me representa!
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Published on July 19, 2013 09:49

Orçamento paralelo via BNDES

Fonte: FolhaRodrigo Constantino

O professor Rogério Werneck cunhou a expressão "orçamento paralelo" para explicar as operações que se tornaram comuns entre Tesouro e BNDES. Isso já tem um bom tempo, mas mesmo após todos os alertas de vários articulistas, entre eles esse que vos escreve, o governo não só ignorou o problema, como o ampliou. Em seu artigo de hoje no GLOBO, Werneck retorna ao assunto:

Se o Tesouro não dispunha de recursos, que então se endividasse para fazer empréstimos subsidiados de longo prazo ao Banco. Estabeleceu-se, por fora do Orçamento, uma ligação direta entre o Tesouro e o BNDES, através da qual recursos provenientes da emissão de dívida pública passaram a ser transferidos ao Banco, sem contabilização no resultado primário e sem que a dívida líquida do setor público fosse afetada.

Desde 2007, cerca de R$ 370 bilhões foram transferidos do Tesouro ao BNDES. E isso permitiu a montagem de gigantesco orçamento paralelo no BNDES. Embora todos os recursos proviessem do Tesouro, passaram a conviver no Governo Federal dois mundos completamente distintos. De um lado, a dura realidade do Orçamento da União, em que se contavam centavos. De outro, a Ilha da Fantasia do BNDES, nutrida com emissões de dívida pública, em que parecia haver dinheiro para tudo.

Não chegou a ser uma surpresa que tanta fartura tenha dado lugar a um clima de megalomania e dissipação no Banco, propício ao surgimento de agendas próprias, missões inadiáveis e projetos de investimento grandiosos e voluntaristas. Que têm abarcado desde programas de cerceamento deliberado da concorrência para a formação de “campeões nacionais” ao desajuizado projeto do trem-bala. Como era de se esperar, as contas de muitas decisões impensadas já começaram a chegar. E o Banco vem tendo de se desdobrar para explicar o inexplicável. O maior desgaste político, contudo, ainda está por vir.

Tenho batido bastante nessa tecla, pois considero o BNDES um grande ícone do fracasso desse modelo econômico atual. O instrumento em mãos erradas é um enorme perigo, como começa a ficar evidente. Diante desse quadro preocupante, só consigo concluir que o BNDES deveria ser fechado. Em vez de fomentar o desenvolvimento, ele está servindo aos interesses de um pequeno grupo poderoso, e isso vai nos custar muito caro ainda. Werneck conclui:
Apesar das carências vergonhosas que o País continua exibindo em saneamento básico, transporte de massa, saúde, segurança e educação, o governo, por capricho ideológico, vem concentrando os financiamentos do BNDES, bancados com recursos do Tesouro, em projetos de investimento estatal em áreas nas quais o setor privado está interessado em investir. Um desacerto lamentável que, agora, pode lhe custar caro.
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Published on July 19, 2013 09:34

Corrupção na educação

Rodrigo Constantino

Deu no GLOBO: Estudo de analistas do Tesouro diz que ineficiência compromete 40% das verbas para o ensino

Um estudo elaborado por analistas de finanças e controle da Secretaria do Tesouro Nacional, vinculada ao Ministério da Fazenda, estima que pelo menos 40% dos recursos gastos pelas prefeituras brasileiras no ensino fundamental são desperdiçados, seja por corrupção ou ineficiência da máquina pública.

Publicado na página do Tesouro na internet, com a ressalva de que expressa a opinião dos autores e não necessariamente a do órgão, o texto diz que os recursos disponíveis são mais do que suficientes para o cumprimento das metas do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Logo, o problema dos municípios seria a má gestão e não a falta de dinheiro.

Nada de muito inesperado, mas quando quantificado, assusta, claro. Sabemos como gastos públicos costumam levar a desperdícios enormes, desvios, corrupção e ineficiência. Afinal, o mecanismo de incentivos é inadequado, trata-se do dinheiro da "viúva", sem o devido controle de quem realmente paga a conta.
Os liberais têm simpatia pela proposta de Milton Friedman, Prêmio Nobel de Economia, para melhorar o fundamental setor de educação. Trata-se do "voucher", o vale-educação. Ainda há risco de o governo desviar, usar mal, praticar corrupção, sem dúvida. Mas esse risco é minimizado. O governo entrega para os mais pobres um vale-educação, e estes decidem em qual escola particular utilizá-los. Os interesses ficam mais alinhados.
Não é uma panaceia, não vai eliminar os desvios ou a ineficiência em certos locais, ou resolver o problema da má qualidade dos próprios professores. Mas é um grande passo na direção certa, ao gerar concorrência maior na oferta, e deixar o poder de escolha com a família, maior preocupada com a educação dos filhos.
Continuar como está não dá. E jogar mais recursos públicos ainda no setor, com este modelo atual, como querem quase todos os políticos, é pedir para aumentarem os desvios e a corrupção, sem a melhoria expressiva na qualidade do ensino. Privatizar a educação, eis o caminho.
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Published on July 19, 2013 08:19

A mensagem de Eike Batista

Fonte: Correio do EstadoRodrigo Constantino

Eike Batista finalmente decidiu se pronunciar sobre a hecatombe que vem pulverizando seu império. Ele assume alguns erros, defende-se da acusação de ser um oportunista que surfou uma onda, ou um vendedor de ilusões por powepoint, trazendo seu histórico empreendedor à tona. Há pontos corretos, a meu ver, e outros nem tanto. Ele diz:

Muitas vezes as pessoas imaginam que surgi do nada, em meio a uma febre desenfreada de aberturas de capital, e que surfei na onda de um mercado em alta que, sem qualquer razão aparente, me ofereceu um cheque em branco com algumas dezenas de bilhões para que eu pudesse brincar de empreender. Nestes últimos anos aprendi muito, errei e acertei em diversos projetos contribuindo para geração de riqueza para terceiros, para mim e principalmente para investidores. Se algum dia mereci a confiança do mercado, foi porque havia uma trajetória de mais de 30 anos de muito trabalho, desafios superados, sucesso e uma capacidade comprovada de cumprir compromissos.

Sim, é verdade que ele já tinha um currículo de sucesso em outras empreitadas, e alguns fracassos também (quem não tem?). Mas não resta dúvida de que o patamar atingido em tão curto espaço de tempo não guarda nenhuma proporção com esse passado. A magnitude dos empreendimentos recentes desafia qualquer lógica de pura confiança na trajetória bem-sucedida de antes. Há outra razão para crescimento tão meteórico, portanto. 
E, para mim, esse foi um fenômeno exógeno mais que qualquer coisa. Foi o que tentei explicar no meu artigo para o GLOBO, onde faço um paralelo de seu "sucesso" econômico com o "sucesso" político de Lula. Ambos surfaram, sim, uma forte onda que veio de fora, conscientes ou não disso. 
Há também o fator BNDES que não pode ser ignorado, e eu já apontei isso em artigo para o GLOBO também. Esse "doping" inicial do BNDES garante não só recursos subsidiados, como um "selo de qualidade", uma garantia estatal que abre mais portas. Empreendedor com tanta ajuda da mão estatal não é bem um ícone do empreendedorismo. Eike não cita isso hora alguma em seu artigo. Ele diz:
Tive ofertas para vender fatias expressivas ou mesmo o controle da OGX a partir de um valuation de 30 bilhões de dólares. Há dois anos, coloquei mais um bilhão de dólares do meu bolso na companhia. Eu perdi e venho perdendo bilhões de dólares com a OGX. Alguém que deseja iludir o próximo faz isso a um custo de bilhões de dólares? Se eu quisesse, poderia ter realizado uma venda programada de 100 milhões de dólares por semestre ao longo de 5 anos. Eu teria embolsado 5 bilhões de dólares e ainda assim permaneceria no controle da OGX. Mas não o fiz. Quem mais perdeu com a derrocada no valor da OGX foi um acionista: Eike Batista.
Certo, Eike "ficou" multibilionário, e depois perdeu boa parte disso. Ele acreditou nas próprias ilusões, no sonho que vendeu. Eu não o vejo como um embusteiro, um charlatão feito Madoff, que engrupiu otários de forma consciente. Ele mesmo caiu na tentação de crer que tinha um toque de Midas, que era um mago dos negócios, e que seria possível construir um império de 100 bilhões de reais quase da noite para o dia. Eike foi vítima de Eike, da arrogância, da megalomania. Ele diz:
Tenho consciência de que fui um símbolo para as pessoas, a representação de um Brasil que prospera, que dá certo e está preparado para desempenhar um papel de preponderância global. A destruição de valor dos meus negócios colocou por terra talvez o sonho de muita gente que acreditou na possibilidade de partir do zero e se tornar um empreendedor de sucesso.
Esse foi justamente o motivo pelo qual foi duro com Eike desde o início, preocupado em dissociá-lo da imagem de símbolo do empreendedorismo capitalista. É preciso cuidado na escolha de nossos heróis. Quando vem a queda, o personalismo machuca a ideia. Eike não é exatamente o ícone do empreendedorismo liberal. 
Fazer essa ressalva lá atrás foi importante justamente para poder, agora, lembrar que sua derrocada, parcial ou total, não é sinônimo do fracasso capitalista, em hipótese alguma! O capitalismo de estado e as bolhas fomentadas por crédito artificialmente barato é que merecem ser colocados no banco dos réus.
Honrarei todos os meus compromissos. Não deixarei de pagar um único centavo de cada dívida que contraí.
Por fim, Eike não aprendeu uma lição nisso tudo, pelo visto: não se promete aquilo que não é possível entregar. Honrar tantas dívidas, inclusive com o BNDES, ou seja, com nossos recursos, está simplesmente acima de sua capacidade, ao que tudo indica. 
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Published on July 19, 2013 08:06

Detroit e a lição de Schumpeter

Rodrigo Constantino

Deu no GLOBO: Detroit se torna a maior metrópole americana a pedir concordata

Símbolo da industrialização, da classe média e do sonho americanos, Detroit não resistiu a 50 anos de esvaziamento, falta de planejamento e desleixo fiscal, entrando ontem com pedido de concordata na Justiça federal de Michigan, na maior declaração de insolvência municipal da história dos EUA.

A icônica capital automotiva do país não conseguiu acordo com credores e sindicatos de servidores públicos para reescalonar a dívida estimada em US$ 18,5 bilhões e solicitou supervisão judicial para implementar um plano de reequilíbrio de suas finanças.

[...]

O desfecho, esperado nas últimas três semanas à medida que as negociações emperraram, é desolador para uma cidade que já teve a maior renda per capita dos EUA. Hoje, Detroit tem 710 mil habitantes, uma população 63% menor do que na década de 50, quando era a quarta maior cidade dos EUA; perdeu empresas e cérebros e vive um cenário de terra arrasada, com serviços públicos decadentes e bairros inteiros desertos.

Há 78 mil prédios comerciais abandonados por toda a cidade e, todos os anos, 13 mil residências deixam ter moradores. Neste quadro de asfixia, a base fiscal municipal encolheu muito e Detroit passou a não fechar mais as contas há cinco anos, recorrendo freneticamente à emissão de títulos para cumprir obrigações.

— O que o cidadão de Detroit precisa entender é que a situação na qual nos encontramos é o ápice de anos e anos e anos chutando a lata adiante na estrada — disse há um mês Kevyn Orr, que esteve à frente do bem-sucedido plano de reestruturação da Chrysler.

Lar de Ford, GM e Chrysler — as três irmãs, que são as maiores montadoras americanas e ironicamente foram resgatadas da falência pela Casa Branca após a eclosão da crise de 2008 —, Detroit vive cinco décadas de desindustrialização, provocadas pela consolidação das fabricantes de automóveis e autopeças e o deslocamento de fábricas para áreas do subúrbio da capital de Michigan, outros estados e mesmo países, ante a competição asiática.

A falência de Detroit tem muitas lições. O sindicalismo forte, a gastança estatal, o populismo, enfim, as bandeiras de esquerda que inexoravelmente cobram um alto preço da população. Mas talvez a principal delas seja sobre a "destruição criadora" de que falava Schumpeter. 
O capitalismo é dinâmico, concorrido, com grande avanço tecnológico. Isso assusta, sem dúvida, mas é o que garante o progresso, a geração de mais riqueza e conforto. Mas, para fazer parte desse fantástico sistema, é necessário encarar os desafios com realismo, e se adaptar, se tornar sempre mais competitivo. 
Detroit viveu seus anos áureos com as grande montadoras, mas essa fase passou. Em boa parte pelo elevado custo imposto a essas empresas, pelo poder sindical, pelos impostos estatais, pela mão de obra mais cara, as empresas buscaram alternativas para sobreviver. Michael Moore preferiu fazer populismo com isso, e ficar rico no processo, em vez de entender e explicar que não restava opção: era se adaptar, ou morrer.
O protecionismo comercial serve apenas para preservar empregos e empresas ineficientes, o que tem data de validade, é temporário. Não dá para fugir da realidade dos mercados para sempre, a não ser que se feche como um ouriço, tal como a Coreia do Norte. Ninguém pode celebrar o resultado, não é mesmo?
Concorrência incomoda, mas é parte do jogo, e parte fundamental. Detroit achou que dava para ignorar isso, e deu no que deu. Obama fez alarde de que não deixaria Detroit quebrar. Agora Obama, outro típico populista de esquerda, terá que conviver com mais esta lição dos mercados: a realidade é inexorável. O processo evolutivo do capitalismo não tolera acomodados e perdulários. 
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Published on July 19, 2013 04:35

July 18, 2013

O caso Zimmerman

Rodrigo Constantino

O clima é de revolta nos Estados Unidos após George Zimmerman ter sido absolvido pela Justiça pela morte de Trayvon Martin. O caso ganhou visibilidade nacional, ou mesmo internacional, em boa parte graças ao pronunciamento de Obama, que afirmou que se tivesse um filho homem, ele se pareceria com Trayvon. Mas há muita, muita coisa errada nisso tudo, mostrando como a cartada racial faz, como primeira vítima, a busca pela verdade.

Primeiro, o contexto da coisa, de forma bem resumida. Para quem quiser mais detalhes, Ben Shapiro trata do assunto no capítulo sobre racismo em seu excelente livro Bullies . O bairro é violento, e uma onda de crimes e atos de vandalismo varre o local. Moradores criam grupos de proteção e vigilância. Zimmerman faz a ronda noturna, e observa um sujeito com atitude suspeita, olhando para algumas casas sozinho. 

Ele liga para a polícia e relata o que vê. O garoto percebe que está sendo vigiado, e acelerada o passo. Zimmerman quer segui-lo. O policial pede uma descrição do suspeito, e Zimmerman o descreve. Após a pergunta do policial, ele diz que o garoto parece ser negro. Na transcrição da conversa, isso não merece tanta atenção. 

O policial diz para Zimmerman não correr atrás do suspeito. Pouco se sabe depois disso. Mas sabe-se que Zimmerman chegou na delegacia local, após ter atirado no garoto, com sérios machucados na cabeça. Sua versão: o rapaz partiu para cima dele, bateu nele, que caiu no chão. Em legítima defesa, atirou e matou o suspeito. Mais um caso entre tantos na vizinhança perigosa. Caso encerrado para as autoridades locais.

Mas eis que a grande imprensa descobre o caso e leva para cadeia nacional. E há um detalhe: era época de campanha para presidente. Obama, acuado pelo desempenho fraco da economia, encontra a cartada racial perfeita: mais um crime contra negros nos Estados Unidos! A imprensa esquerdista morde a isca. Os trechos da conversa são editados, e passam a clara impressão de que um "branco" relatou do nada a cor do suspeito, e depois o matou. Crime de racismo.

Só que não era a verdade. Para começo de conversa, Zimmerman é meio hispânico, meio branco, assim como Obama é meio negro, meio branco. Para todos os efeitos raciais, ele é um hispânico. Um "pequeno" detalhe ocultado pela grande imprensa esquerdista, para alimentar a culpa da elite branca, o que sempre funciona. 

Em segundo lugar, o morto foi retratado como um pobre estudante, vítima do preconceito. Mas ele não era bem isso. É verdade que estava desarmado, que não era um assaltante em vias de cometer um crime, ao que tudo indica. Mas tinha um histórico nada exemplar. Era um hoodlum, como os americanos dizem, ou um "vadio". 

O que a imprensa fez foi transformá-lo em uma pobre vítima que teve seu futuro brilhante destruído abruptamente por um branco racista. E isso caiu como uma luva para a campanha de reeleição de Obama, curiosamente elogiado por não utilizar a "cartada racial' e se colocar como alguém pós-racial. 

Pelo visto, a questão da "raça" ainda está bem viva por lá, e muitos aproveitam isso para apelar para a vitimização das minorias contra a "elite branca", mesmo quando temos o que parece ser uma morte por legítima defesa envolvendo um hispânico e um negro.

Se o leitor acha que tenho algum viés racial por ser branco, recomendo então o artigo, escrito antes do resultado do julgamento, de Thomas Sowell. A busca isenta pela verdade não tem cor de pele. 
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Published on July 18, 2013 15:09

Eu escolho a polícia

Rodrigo Constantino

Estamos lá para dar segurança a todos vocês. Inclusive para a imprensa. E nós não temos tido apoio dos senhores também. Temos policiais feridos. Mas esses direitos humanos não é para a polícia. Somos policiais militares, eleitores e cidadãos. Se a PM não estiver ali, é anarquia. Todos têm que ter responsabilidade. Não brinquem com o que está acontecendo. Ninguém sabe o que está por trás. A responsabilidade da mídia é muito grande.
Esse foi o desabafo emocionado do comandante da Polícia Militar do Rio, Erir da Costa Filho. Ele disse que, boa ou ruim, essa é a PM que temos. É ela que está nas ruas para proteger os inocentes, as propriedades, o direito de ir e vir. 
A imprensa tem um papel fundamental de expor abusos de policiais, truculência desnecessária, crimes, despreparo, tudo isso. Mas é preciso tomar cuidado em não difamar injustamente toda a instituição e, com isso, criar um clima ainda maior de anomia, acuando os guardiões da lei e da ordem, tornando-os mais receosos ainda de agir contra os vândalos, baderneiros e marginais que têm invadido todas as manifestações "pacíficas" e instaurado o caos no país, depredando, ateando fogo, roubando, saqueando.  
Com todas as ressalvas necessárias, até porque nossa PM merece muitas críticas sim, eu endosso a fala do comandante em seu sentido geral. A PM precisa de apoio para agir contra os vagabundos que têm se aproveitado das manifestações para cometer crimes. 
Infelizmente, sabemos que a esquerda faz uma forte campanha contra a polícia há décadas, e que os "direitos humanos" são sempre voltados para os criminosos, e nunca para aqueles que sofreram no exercício de sua função protetora das leis. Entre o traficante assassino das favelas e o Caveirão, nós sabemos de qual lado fica a esquerda. Ficaremos do mesmo lado?
Eu não! Vamos lutar para melhorar nossa polícia, para treiná-la melhor, para coibir os abusos e punir severamente os desvios e crimes, para aparelhá-la mais e para aumentar seus salários (reduzindo outros gastos públicos totalmente desnecessários). Mas não vamos jogar o bebê fora junto com a água suja do banho. A escolha que temos é entre polícia e anarquia. Eu escolho a polícia.  
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Published on July 18, 2013 11:58

Paul Krugman tupiniquim

Rodrigo Constantino

Já temos um candidato perfeito para ser o Paul Krugman tupiniquim: Marcelo Miterhof, economista do BNDES e colunista da Folha. Só falta o Prêmio Nobel de Economia. A cada novo artigo do economista do banco estatal, fica clara sua visão completamente equivocada da área. 

Marcelo realmente parece acreditar que a gastança estatal puxa a demanda agregada e produz uma espécie de mecanismo perpétuo de crescimento. Inflação é fenômeno exógeno, que vem de Marte. Ele diz no último artigo:

Portanto, diferentemente do que diz o senso comum, o problema atual não é a inflação, que estaria corroendo a renda real (descontada a inflação) da população. Mas, sim, o crescimento econômico fraco, que ameaça a trajetória de ganhos reais dos salários e o pleno emprego herdados do período anterior.

O país tem crescido pouco porque houve recrudescimento da crise externa em 2011 e a política fiscal não atuou suficientemente para fazer a demanda doméstica compensá-la. Houve um certo afrouxamento fiscal, mas em boa medida ligado às desonerações tributárias, que não têm impacto direto sobre a demanda.

Com câmbio menos valorizado e reservas internacionais elevadas, o Brasil nem precisa temer problemas de balanço de pagamentos: um aumento do gasto público seria capaz de propiciar a retomada do crescimento sustentado baseado no mercado interno, alavancando investimentos e ganhos de produtividade.

Em outras palavras, o problema veio de fora (não fica claro porque Chile, México, Peru e Colômbia seguem crescendo muito mais que o Brasil e com muito menos inflação), e o governo reagiu pouco! Ou seja, nosso governo gasta pouco!!! Se o governo gastasse mais, então tudo estaria melhor, segundo o "gênio". Talvez se seu patrão, o BNDES, tivesse emprestado mais alguns bilhões ao Eike, tudo estivesse uma maravilha...
O economista conclui:
Primeiro, sob um modelo liberal, o nível de emprego depende sobremaneira do investimento privado, o que dá grande poder aos empresários, obrigando o governo a evitar iniciativas que abalem a confiança e as expectativas do mercado.

Segundo, os capitalistas desejam manter a atuação do governo restrita a atividades --como educação e saúde-- que não concorram com os negócios privados. Porém, uma política ativa de gasto público pode exigir entrar em novas esferas de investimento. Por exemplo, criar estatais é tido como ruim por definição.

Por fim, um pleno emprego prolongado causa mudanças políticas e sociais que grande parte da elite não deseja: por exemplo, mesmo com lucros maiores, crescerá a tensão em torno das negociações salariais. Uma renda mais bem distribuída afeta a hierarquia social vigente. O incômodo com os novos direitos das domésticas ou com a movimentação nos aeroportos lembra alguma coisa?

A perseguição da meta central de inflação neste momento de perda de ritmo econômico significa provocar recessão e desemprego...

Acho que Marx não escreveria algo tão socialista! Mas trata-se de um economista do BNDES escrevendo para a Folha. É algo realmente assustador! Meu voto para a escolha do Paul Krugman tupiniquim já tem nome e sobrenome...
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Published on July 18, 2013 11:29

Desgraça (estatal) na merenda indiana

Rodrigo Constantino

Confesso não gostar de escrever sobre tragédias logo depois que acontecem, muito menos para puxar o assunto para o tema da política e da ideologia. Esse tipo de coisa fica parecendo exploração sensacionalista da desgraça alheia, algo que a esquerda é especialista. Dito isso, não dá para ignorar o assunto no caso das merendas envenenadas na Índia. Outras vidas estão em jogo.

É porque as impressões digitais do governo estão claramente nas cenas do crime, e o Brasil, não custa lembrar, tem o segundo maior programa estatal dessa natureza. Alguém lembra do fracassado "Fome Zero"? Pois é. Quando o estado se arroga a capacidade de gerir programas mega complexos, normalmente a coisa desanda. Diz a reportagem da Folha:

O programa de alimentação escolar gratuita da Índia é o maior sistema desse tipo no mundo, e serve 114 milhões de crianças. O do Brasil vem em segundo lugar, com 47 milhões de crianças atendidas.

Os preços da comida dispararam na Índia nos últimos anos, e os pais de famílias mais pobres dependem das refeições fornecidas pelas escolas para garantir a nutrição das crianças.

No entanto, o programa enfrenta sérios problemas de desperdício e corrupção. Incidentes de envenenamento são comuns, ainda que raramente tão graves.

As autoridades suspenderam um fiscal de alimentos e iniciaram um caso de negligência criminosa contra a diretora da escola. Nitish Kumar, ministro chefe do Estado de Bihar, ordenou um inquérito e anunciou uma indenização de 200 mil rúpias (cerca de R$ 7.500) aos pais das crianças mortas.
O governo abre inquérito, pune um subalterno qualquer, solta alguma verba para as famílias vítimas da desgraça, e vida que segue - ao menos para aqueles que não perderam seus filhos nessa tragédia. Acidentes acontecem, não resta dúvida. Ou, como diz o ditado, "shit happens". Só que "acidentes" costumam acontecer com uma frequência espantosa quando se trata de gestão estatal. E eis o ponto importante de frisar aqui.
Onde há governo e bilhões em recursos, pode estar certo de que haverá corrupção, desvios, negligência e descaso. É por conta do mecanismo de incentivos envolvido. Enquanto as pessoas não compreenderem isso, vão associar ao mero acaso tantas tragédias que ocorrem quando há elevado grau de intervenção estatal. Não é coincidência. 
Quando se trata da construção de arenas esportivas ou coisa do tipo, o risco é penalizar o bolso dos pagadores de impostos. Mas quando há hospitais ou programas de alimentos envolvidos, aí estamos falando do risco de vida para milhões de pessoas. Quem assume a responsabilidade por isso? Quem paga o preço pelo sofrimento dos inocentes?
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Published on July 18, 2013 11:07

A barbárie do espetáculo

Rodrigo Constantino

É difícil ver a infeliz capa da "Rolling Stone" e não pensar no livro que acabei de ler de Mario Vargas Llosa, A civilização do espetáculo . Escrevi aqui sobre esse pessimismo mais "conservador" do Prêmio Nobel de Literatura. 

O fato é que ele pode ter até exagerado na dose, mas não errou na direção. Vivemos tempos estranhos, em que tudo parece voltado ao espetáculo, ao entretenimento light, até mesmo uma desgraça desse calibre, como a ocorrida em Boston.

O que a revista fez foi ajudar a glamourizar um terrorista, a tratá-lo como celebridade cool, influenciando negativamente os jovens leitores. Como alertou Andy Warhol, todos terão seus 15 minutos de fama. O lamentável é constatar que alguns conseguem buscar isso com a desgraça alheia. Diz a reportagem no G1:

A revista americana "Rolling Stone", especializada em música, cinema e televisão, apresenta na capa da mais recente edição o jovem Dzhokhar Tsarnaev, acusado dos atentados da maratona de Boston de abril, o que gerou uma avalanche de críticas.

Com o olhar melancólico, o cabelo caindo sobre os olhos e barba por fazer, Tsarnaev parece pensativo na fotografia, que não teve a data revelada. Ele usa uma camisa branca e aparece contra uma parede, também branca.

Os apresentadores do "Today Show", o programa matutino do canal NBC, afirmaram que o jovem tinha um ar de Jim Morrison, o cantor do grupo The Doors que a revista colocou na capa em 1991, no aniversário de 20 anos da morte do astro.

A imagem ilustra a principal reportagem da revista, que é quinzenal, na qual a jornalista Janet Reitman descreve Dzhokhar Tsarnaev como um "estudante brilhante e promissor, rejeitado pela família, que cedeu ao islamismo radical e virou um monstro".

Mas a foto, que dá um ar idealista a Tsarnaev, provocou uma avalanche de críticas em um país que ainda está traumatizado com os ataques de Boston.

O texto pode tratá-lo como "monstro", mas a imagem é de uma celebridade. E sabemos que a imagem vale mais hoje em dia, mais do que nunca. É triste ver essa espetaculização do terror. Creio que vivemos na era da barbárie do espetáculo. 
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Published on July 18, 2013 10:34

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Rodrigo Constantino
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