Marcelo Rubens Paiva's Blog, page 36
June 2, 2017
Movimento pelas Diretas esclarece polêmicas
Movimento apartidário, que pede Diretas Já, juntou uma multidão domingo passado em Copacabana.
Tenta repetir a dose nesse domingo, 4 de junho, no Largo da Batata em São Paulo.
Lá, como aqui, o palco não estará fechado para políticos, mas aberto para artistas.
Gente da esquerda critica o fato de ser um movimento que torna secundária a presença de partidos e sindicatos.
Outros, de ser uma saída inconstitucional, num país que tem trauma delas.
Diante da polêmica, esclarece um de seus representantes, Alê Youssef: “O coletivo de organizadores divulgou uma nota afirmando que em nenhum momento falamos em barrar ou excluir qualquer movimento do nosso ato. Pelo contrário: achamos fundamental para a relevância da nossa manifestação a participação de todas e todos que estejam alinhados à causa das Diretas.”
Lá, Caetano Veloso, que com Paula Lavigne transformou sua casa em Ipanema numa espécie de centro de debates políticos da crise brasileira, em que quase diariamente organiza reuniões com políticos e artistas, foi o maior expoente.
Contou com Mano Brown, Rappin Hood, Mart’nália, BNegão.
Ganharam a presença surpresa de Milton Nascimento, veterano das Diretas Já de 1984.
Aqui, o SP Pelas Diretas Já, organizado por Midia Ninja, Arrastão de Blocos, Baixo Augusta e Tarados Ni Você, conta com Mano Brown, Criolo, Emicida, Otto, Tulipa, Maria Gadu, Simoninha e mais.
A inovação é por conta da organização: a iniciativa partiu dos blocos do novo Carnaval de São Paulo, que deixaram de lado as estrelas do carnaval baiano e se transformam no novo canal de militância de uma nova e politizada juventude, como Acadêmicos Baixo Augusta, Tarado Ni Você, Arrastão dos Blocos, Bloco Soviético, Vai Quem Qué e mais.
Por trás do movimento, lá como aqui, está um conhecido daqui, Youssef, militante político veterano da noite paulistana (saudoso StudioSP, uma das primeiras casas que revitalizaram a Rua Augusta), apresentador da Globo News e presidente do Bloco Baixo Augusta.
Youssef esclarece no pingue-pongue abaixo:
Por que fazer uma manifestação sem partidos ou sindicatos?
O que estamos propondo é uma nova linguagem: a partir de uma convocação da manifestação feita por artistas, mídia ativistas e grupos culturais, queremos estimular e envolver diversos setores da sociedade, inclusive os partidos, em torno dessa pauta urgente e que nos une.
Faremos um ato político com arte, onde as falas dos movimentos sociais e culturais que acontecerão ao longo do domingo, vão abordar as Diretas Já e outras pautas nacionais de oposição ao desastroso governo Temer.
Eles apareceram no Rio, com seus balões e bandeiras. Vocês se sentiram incomodados?
Não. É um direito de quem é engajado em qualquer causa, demostrar isso. Mas claro que seria muito bom para a ampliação do ato que todos os movimentos também se preocupassem em defender as Diretas já em cartazes e faixas que expressem isso, como pauta que unifica todo mundo que estará na rua.
Esta é uma manifestação de artistas? No Rio, Caetano e Milton cantaram. Milton, de surpresa. Em São Paulo, pode ter uma surpresa?
Tem muitos artistas expressando o desejo de se engajar. Tomara que outros grandes nomes que estejam em SP se animem para ajudar a espalhar a mensagem.
Como justificar pedir Diretas Já aos que defendem a saída constitucional?
O Instrumento da PEC é previsto justamente para que a Constituição possa ser aprimorada diante dos anseios sociais. Nesse sentido, o clamor popular e o amplo apoio às Diretas Já justificam essa emenda, para darmos ao povo o direito de decidir o futuro do país. Um projeto nesse sentido já está em curso.
Seria uma eleição para presidente para tampar um ano e meio, até 2018?
É dar ao povo o direito de decidir os rumos do país. A chamada por diretas é a defesa do conceito maior, e ela serve inclusive para esse período de transição, diante do caos político e da baixíssima credibilidade de um Congresso Nacional atolado em denúncias.
Quem seriam esses candidatos?
Cada partido poderá apresentar seu candidato. O movimento é sobre o direito de votar, não sobre em quem votar.
Incomoda a divisão Fla-Flu da militância dos brasileiros?
As Diretas já são, de acordo com as pesquisas, um tema que extrapola essa polarização. O que precisamos é “tangibilizar” esse apoio com povo na rua, para que a bolha de Brasília se toque. Nesse sentido, acreditamos que a cultura consegue romper a polarização e aproximar pessoas. O desafio é ter altivez e certeza que temos o direito de botar nosso bloco na rua.
O Carnaval se politizou?
A dificuldade enfrentada ao longo dos anos para se ocupar as ruas com arte e cultura, fez com que os blocos de carnaval ganhassem uma veia ativista, de luta. O direito de ocupação da cidade está naturalmente associado a diversas outras causas sociais importantes e elas estiveram presentes em muitos blocos esse ano.
Os blocos de Carnaval de São Paulo passam a ser representantes de bandeiras políticas?
Os blocos de carnaval são expressões da nossa maior festa de cultura popular. Essa é nossa maior causa. Diante do caos político, é natural que esse universo se expresse e que causas sejam apoiadas por esses grupos durante o carnaval e também fora dele, sem qualquer pretensão de representação, mas com muito potencial de agitação.
June 1, 2017
Saiu carro nacional para cadeirantes dirigir sem sair da cadeira
A técnica já existe lá fora há décadas.
É possível um deficiente entrar e dirigir na sua cadeira de rodas.
Sem precisar de ajuda de ninguém.
Em vans, minivans e carros miniaturizados fabricados especialmente para essa demanda.
O benefício chegou no Brasil.
Com tecnologia bolada aqui, pela equipe da Cavenaghi, empresa paulistana há 46 anos no mercado, que se torna referência em adaptações veiculares, chega no mercado Pegasus (na mitologia, o cavalo alado, símbolo da imortalidade).
Com uma característica substancial: é um carro fabricado no Brasil, Ecosport (Ford), que pode ser comprado com isenção; diferentemente das vans ou minivans importadas, que pagam taxas e não têm manutenção por aqui.
É a boa notícia que deficientes de todo Brasil esperavam ansiosos.
O valor dependerá dos assessórios e da isenção.
Revolucionará a vida dos cadeirantes brasileiros.
Bem-vindo.
May 29, 2017
Traficantes de likes
Receber uma aprovação (like) num comentário postado em redes sociais, aumenta a sensação de prazer, a serotonina. Como um cigarro.
Posta-se para conseguir o like. Posta-se até conseguir. Como na dependência de uma droga.
Não receber, angústia.
Descobriu-se um negócio, porém, rentável, a chocadeira de likes.
O do tráfico deles:
Onde tem droga, tem traficante.
Ele aumenta a autoestima, o prestigio com o grupo social da rede social.
O like aumenta o poder de barganha. Pode-se fazer negócios com a popularidade na rede, conquistar pessoas.
Palavras, opiniões e fotos reverberam, mais e mais gente pode curtir (ou odiar), interagir, notar.
Sem a aprovação, a fissura pelo reconhecimento toma dimensões de crise de abstinência.
Alguns passam a noite em busca do like pedido. Noites. Virou mania. Virou epidemia. Vira doença social.
Como granjas, celulares são empilhados, conectados a uma central, curtindo posts, sites, blogs a uma clientela farta.
Não se sabe se vem de um paraíso de pirataria, China, Índia, Rússia, em que se vive uma anarquia cibernética.
É mais um componente para tornar não confiável no espaço infinito que conectou o mundo.
fontes: zerohedge e hypeness
May 25, 2017
A vantagem de terem chamado as Forças Armadas

Nilton Fukuda/Estadão
Desde junho de 2013, um grupo barulhento de militantes e organizações pedem uma intervenção militar, para debelar a crise política que parece não ter fim.
Na Avenida Paulista, eles têm uma esquina cativa, a da Pamplona, que, sobre carro de som, despejam palavras de ordem pela volta dos militares em manifestações contra Dilma e em defesa da Lava jato.
Ontem, chamaram. E foi o atual presidente da República quem chamou. Hoje, voltou atrás.
Por que a sociedade reagiu. O Conselho Nacional dos Direitos Humanos protestou.
Jornais em editoriais, a classe política e jurídica contestou.
Deputados tomaram a mesa da Câmara. Protestaram. Partiram em passeata pelos corredores.
Debates acalorados no Senado. O líder do PMDB, Renan Calheiros, contestou.
No Supremo, nos gabinetes, nas redes sociais, uma unanimidade: ninguém queria o Exército, não agora.
De um lado: a interpretação de que um governo que mal se sustenta em pé, que pode ser “impichado” ou cassado pelo TSE, apelou e chamou as tropas para se segurar no Poder.
Do outro: imagens de PMs atirando com trinta-oitão contra manifestantes diante dos Três Poderes; fogo e depredação em pelo menos cinco ministérios; mascarados com escudos improvisados partindo para cima da PM; barricadas.
Tudo o que se via ao vivo pela TV justificava urgência.
A manifestação fugira do controle dos organizadores, que pediam para manifestantes voltarem ao estádio Mané Garrincha.
Rodrigo Maia teria pedido a Força Nacional, para proteger o patrimônio e o livre exercício do debate democrático. Corretíssimo.
O presidente mandou Forças Armadas, num comunicado lacônico, de meio parágrafo, transmitido ao vivo, pelo ministro da Defesa, Raul Jungmann.
Muitos pensaram: ele deve ter se confundido, ao invés de dizer Forças Especiais, disse Forças Armadas.
Não, ele disse certo.
Nessas horas, recorremos ao especialista Roberto Godoy: 1,4 mil combatentes do Comando Militar do Planalto (CMP) e dos Fuzileiros Navais receberam a missão de exercer força necessária para proteger prédios da Esplanada do Ministério, uma “tropa que não é de brincadeira”.
O Comando de Operações Terrestres posicionou a tropa. Forças Armadas, alguns com M16, rifle americano de um metro, automático e semi, de 800 disparos por minuto, alcance de 650m, calibre 223 Remington, um veterano, cuidariam dos prédios. A PM do gramado.
A tarde foi quentíssima.
Repórteres narravam ao vivo o caos, como a queda de um Zeppelin.
Jungmann não deu entrevista nem explicações.
Comunicou e saiu.
Maia negou o pedido.
Jungmann reapareceu para explicar que imagens de PMs atirando e prédios em chamas levaram à decisão histórica.
Só à noite, numa entrevista a Gerson Camarotti (Globo News), deu outra versão.
O ministro disse que, sim, Maia pedira Forças Especiais, que estão espalhadas em conflitos pelo Brasil, especialmente no Rio de Janeiro, e que só havia cem soldados delas estacionados em Brasília.
Diante da urgência, e em acordo com o general Sérgio Etchegoyen, e da falta de homens, chamou o CMP e os fuzileiros.
Hoje, voltaram atrás.
E elas voltarão aos quarteis.
Imagens do passado vieram à tona.
Traumas do passado se reacenderam.
Numa vez em que elas foram chamadas, ficaram 21 anos no Poder.
Foi bom ter chamado o Exército.
Como assim, é ele mesmo, Marcelo Rubens Paiva, afirmando esta aberração política?!
Traiu seu pai, seu passado…
Sim, sou eu mesmo, Marcelo Rubens Paiva, que vivi o Golpe de 1964 no olho do furacão, estiva com meu pai e minha família exilado na Embaixada da Iugoslávia, cassado no AI-1, fizeram até a festa do meu aniversário lá dentro dos muros, vi ele, seus amigos (com seus filhos, meus amiguinhos) partirem para o exílio, alguns voltaram só em 1979, vimos ele arriscar e voltar antes, vi a casa ser invadida por homens da Aeronáutica em janeiro de 1971, levarem meu pai, e no dia seguinte minha mãe e irmã para o DOI-Codi, um laboratório de tortura, não vi mais meu pai, desaparecido político, fui para as ruas na juventude, lutar pelo fim da ditadura e depois pelas Diretas Já, fiz lobby com deficientes na Constituinte, me filiei ao PV, já exerci meu direito ao voto com prazer, já votei em FHC, Lula, até em Aécio…

Aniversário na embaixada com filhos de exilados
Repito, foi bom terem chamado as tropas.
Para unir democratas.
Pois é preciso repensar o Brasil, a política, encontrar um consenso razoável, um governo digno do mandato, um Congresso com ficha limpa.
Precisamos não fazer da democracia um banco de negócios escusos que enriquece uma classe política bandida e empobrece a Nação.
Não podemos brincar com a democracia ou jogá-la no lixo.
Iremos todos nos arrepender depois.
Sim, foi bom ter chamado as tropas. Elas não ficaram (nem queriam). São outros tempos.
May 24, 2017
Telefone sem fio – retirada de árvore causa tumulto em escola
Professores anunciaram que vão aderir à greve geral da sexta. A direção da escola não interferiu, reprimiu, ameaçou. Pediu apenas que bolassem um jeito de avisar às crianças. Que aproveitassem o momento para praticar uma experiência pedagógica, debatessem princípios da democracia, explicassem o que era uma greve, por que ficariam sem aula na sexta.
Era uma pré-escola que eventualmente promovia discussões e exercícios baseados na realidade.
Os pais teriam que ser avisados, para se planejarem. Se bem que, em se tratando de greve geral, acreditava-se que os pais, diante de um mercado repleto de opções, matricularam conscientemente seus filhos numa escola que, sabiam, costumava fazer exercícios baseados na realidade. Os pais não só adeririam à greve, como provavelmente já se planejaram.
Um (ou outro) pai (ou mãe), claro, se revoltaria. Acusaria a escola de aderir a um movimento conduzido por esquerdistas que querem transformar o Brasil numa outra Venezuela, que deveriam se mudar para Cuba, levar seus filhos a estudar (e passar fome) em escolas cubanas, em que sofreriam lavagem cerebral para se transformarem em massa de manobra do comunismo internacional.
Crianças que deveriam ler mais Mises e menos Marx.
Uma minoria se revoltou com a notícia de que a escola aderiria ao movimento de parar o país contra reformas que tirariam alguns direitos trabalhistas.
Um deles, que já se revoltara anteriormente, quando os alunos da escola, num exercício de cidadania, organizaram a simulação de uma votação à eleição municipal, em que, diferentemente do resultado oficial, ganhou o candidato da extrema-esquerda, seguido pelo candidato da esquerda, deixando em último o candidato considerado coxinha, o que de fato foi diplomado prefeito da cidade, sugeriu em e-mails enviados à direção, e ele sempre enviava e-mails à direção, que a escola abrisse as portas para todos os “pobres e negros do bairro” (assim mesmo ele escreveu), se quisesse de fato transformá-la numa comuna exemplar, e deixasse sem-teto, imigrantes sírios e haitianos se alimentarem com as crianças.
E-mail que a direção, claro, não respondeu.
Os professores, a maioria jovens pesquisadores, estudantes de psicologia, pedagogia, fariam uma roda, como costumavam fazer rotineiramente, com as crianças de seu grupo. Uma delas teve a ideia: e se inventarmos que a direção da escola pretende tirar a árvore do meio do parque, que serve de lastro a balanços de tiras de pneus, em que as crianças brincam?
Aquela árvore resiste há décadas. Testemunhou o crescimento de gerações. Homens e mulheres adultos, profissionais liberais que fizeram pré-escola naquela escola, e que matricularam seus filhos nela, lembram-se da árvore com carinho.
Diremos que a direção tiraria a árvore, e que todos, crianças e professores, se organizariam para protestar e demandar que a árvore continuasse onde sempre esteve.
O lamento foi geral. Crianças choraram. Perguntaram o que poderia ser feito para reverter e manter a árvore tão querida em seu lugar. O papo na roda foi direcionado para que se organizassem e protestassem.
Então, foi-lhes explicado que, não, a árvore não sairia, era uma hipótese, e que esse era o sentido de movimentos sociais se unirem para protestar e demandar, que é o que fariam na sexta, eles e muitos profissionais, professores, diretores, pais, funcionários, porteiros, estudantes, trabalhadores.
Sexta-feira, enquanto manifestantes estavam em praças discutindo as reformas (os pais foram convidados), uma criança comentou em casa que tirariam a árvore. A mãe correu para o grupo de pais do Whatsapp e perguntou se era verdade o que foi dito pela filha. O que foi perguntado em outras casas a outras crianças, no dia em que a cidade parou. Algumas negaram, afirmaram se tratar de um jogo. Mas o boato se espalhou.
Pais se indignaram. Por que tirariam a árvore?! Estudei naquela escola, aquela árvore faz parte do meu imaginário, foi importante para a minha educação, para aprender a respeitar a altura e a me segurar em cordas e balançar, e desenvolver domínios corporais, que ele pode, com a ação coordenada dos braços, me levar para cima, flutuar, para o alto, para o céu, e voltar, subir e voltar…
No sábado, a boataria migrou para outros grupos de pais de outras turmas. A revolta se instaurou. Não, não deixaremos arrancar a árvore, precisamos nos organizar, protestar.
Iniciaram um abaixo-assinado online, uma petição. Outro pai montou uma pesquisa: quem era a favor ou contra tirar a árvore. Domingo, montaram gráficos coloridos com estatísticas para serem enviados à direção.
Sugeriram entupir os e-mails da escola com protestos. Outros sugeriram abraçar a árvore nas primeiras horas da manhã de segunda. Outros achavam melhor não levar os filhos na segunda, como numa greve.
Um pai jornalista ficou de mandar a história para os jornais: um crime ambiental ocorreria no coração do bairro. Até aí, grupos em outras redes sociais foram formados. Denúncias com fotos da árvore tão querida, publicados com textões, eram compartilhadas por ex-alunos. Usuários postavam fotos suas de criança com a árvore ao fundo.
Amanheceu. Segunda-feira, para a surpresa do porteiro, dos professores e na direção, nenhum aluno aparecia. Uma leve neblina pairava no bairro. A rede de computadores da tesouraria travou. Uma enxurrada de e-mails carregados com fotos derrubou o sistema.
Uma passeata surgiu na rua. Faixas travaram a entrada da escola. O trânsito foi desviado. Uma comissão de pais e ex-alunos trouxe uma equipe de TV, advogados, ambientalistas, o Ministério Público e um representante da subprefeitura. Entrou para negociar.
coluna do caderno 2 do dia 20/05/2017
May 22, 2017
Os monstros de Lula
A euforia do governo Lula, “o cara”, em que a estabilidade econômica, os índices e a valorização das commodities levaram o mundo a olhar para nós com outros olhos, escondia uma aberração sobre a qual muitos comentávamos, mas éramos ignorados.
Nos chamavam de pessimistas, brasileiros com eterno complexo de vira-lata.
Alguns exemplos:
Odebrecht. Por que de repente a empreiteira baiana aparecia em todas as obras de grande porte e relevância e recebia a maior parte do dinheiro de investimentos em construção civil do BNDES?
Eike Batista. Do nada, o empresário carioca se tornava, como um magnata russo da fileira da KGB, um dos homens mais ricos do mundo, com empresas com o exótico xis no nome, financiado pelo BNDES?
JBS. Quem entendia a dinheirama pública (CAIXA e BNDES) investida numa única empresa, que comprava menores se tornou dona até das sandálias Havaianas, ícone da nossa cultura? Cujo presidente, num casamento para mil pessoas, juntou toda a classe política nos Jardins e criou a maior indústria de carnes do mundo?
A resposta todos sabiam.
Vinha do banco público que desprezou um dos pilares do capitalismo, a livre concorrência, com o intuito provinciano de criar grandes empresas, as Campeãs Nacionais.
Ou como Elio Gaspari escreveu em 2013, as Campeãs Nacionais do Desastre.
Foram bilhões em empresas de companheiros e neo-companheiros.
Criou-se uma nova elite com os pés fincados não no desenvolvimento social, mas na corrupção.
Alguma empresa de alta tecnologia, como na Coreia da Sul, que servia de exemplo? Nada.
Algum investimento maciço em ciência e pesquisa acadêmica? Nada.
Éramos campeões em carne, cerveja, minério de ferro, grãos, sandálias, petróleo e novas celebridades internacionais.
Ainda tinha na lista a supertele Oi, fusão da Telemar com Brasil Telecom, que vira pó.
O BNDES se tornava um iceberg que, todos sabiam, ia se chocar com o navio da República.
Um dos parágrafos marxistas que até os mais ferrenhos capitalistas respeitam é o de concentração de capital, a maior contradição do livre mercado: o monopólio. Dizia que grandes empresas comprariam pequenas até nascer o capitalismo de um só, sem concorrência.
Lula ignorou o princípio, alertado centenas de vezes por acadêmicos, companheiros, especialistas, artigos, editoriais, até pelo mercado.
A Lava Jato nos trouxe então detalhes do funcionamento do novo e promíscuo Estado.
Rios de dinheiro jorravam.
Rios de dinheiro financiavam campanhas de todos os partidos, da oposição à situação.
Era tanto dinheiro, que alguns milhões viram trocado e eram embolsados por toda a classe política brasileira, de A a Z, em malas, cuecas, meias, mochilas.
Políticos, jornalistas, juízes, procuradores, diretores de estatais, publicações, times de futebol, centrais sindicais, movimentos sociais, muitos participaram da farra que quebrou o país.
O BNDES fugiu dos seus princípios e serviu ao desenvolvimento de uma elite nacional corruptora, um Estado corrupto e uma economia não desenvolvida, ferida.
O BNDES, cujo dinheiro vinha do Fundo de Amparo do Trabalhador, PIS/PASEP, causou inflação monetária, endividou o tesouro, deteriorou no quadro fiscal do governo, ameaçou nosso grau de investimento, depreciou o real, causou inflação.
Para financiar bilionários que financiaram a classe política.
Contaminou a democracia.
E ruiu com a esperança.
Ainda restam no laboratório de Frankenstein explicações sobre metrôs, aeroportos, portos, a maior cervejaria da América Latina, tomada de três pinos, o novo acordo ortográfico e um exoesqueleto encalhado que, como tetraplégico incompleto, cansei de alertar, não servia para nada, já fora tentado sem sucesso e engolia uma fortuna destinada à pesquisa científica brasileira.
fonte do gráfico: Mises Brasil
May 19, 2017
Hitler não fundou o PT da Alemanha, Rachel
Em debates acalorados nas redes sociais, algumas vezes aparecem pérolas como “os Nazistas eram de esquerda”.
Não li tal aberração política uma, nem duas, mas centenas de vezes.
Tudo porque uma jovem e inexperiente militância de uma nova e jovem direita brasileira descobriu que Nazismo vem de Nacional Socialismo.
Agora, um ícone dessa militância, a apresentadora do SBT, Rachel Sheherazade, foi mais longe em sua comparação ideológica e escreveu no Twitter, em que tem mais de um milhão de seguidores, que “Hitler fundou o PT da Alemanha”.
A frase virou trend topic do dia (lista de assuntos mais discutidos na rede).
Também disse ontem que não votou em Aécio, pois ela é de direita, e “Aécio é PSDBista, ou seja, um esquerdista”.
Diz ela que o nazismo é uma vertente da esquerda.
Portanto, Hitler seria socialista.
E todos os socialistas seriam defensores do nazismo.
Rachel tem o direito democrático de detestar e combater a esquerda, o PSDB, de acreditar que o PT está associado a tudo de mal que acontece no país.
Os partidos, de fato, afastaram-se da sua essência e alimentou uma rede de corrupção com a elite do poder, num projeto duvidoso de se manter por décadas, seguindo a máxima de que os fins justificam os meios.
No entanto, Rachel, como apresentadora de TV, tem o dever, como todos nós, de medir as palavras, de cumprir um papel que também nos cabe, denunciar e educar, investigar e propor.
Não, Rachel, os nazistas combateram a esquerda alemã.
Comunistas e pensadores de esquerda foram os primeiros a ocupar os campos de concentração. Como prisioneiros.
Hitler expandiu a fronteira ao leste e invadiu a Rússia, pois seu maior inimigo era o comunismo.
Queria, no fundo, uma aliança com a Inglaterra, para juntos combaterem a esquerda, e não entendia por que Churchill não cedia.
Os americanos não entravam na guerra, porque tinham dúvidas de que, para muitos americanos, Hitler era melhor do que Stalin.
Empresas com o GM e IBM fizeram negócios com os nazistas.
Não foram os EUA que declararam guerra à Alemanha, foi o contrário.
Ela já levou um enquadro, ao vivo, do seu patrão, Silvio Santos, que pediu para ela, durante a entrega do Troféu Imprensa, de forma indelicada e machista, que “eu te chamei para você continuar com a sua beleza, com a sua voz, foi para ler as notícias, e não dar a sua opinião. Se quiser falar sobre política, compre uma estação de TV e faça por sua própria conta”.
Ela faz por conta própria.
Para o mal do país.
May 18, 2017
Precisamos falar de Paterson
O novo filme de Jim Jarmusch é um caso sério.
É uma homenagem ao velho e bom cinema.
É para ser visto diversas vezes, devido à quantidade de informações e simbologia.
Sua linguagem parece se contrapor aos caminhos seguidos pela indústria, em que roteiristas e diretores se debruçam sobre manuais de roteiro e ignoram a alta-cultura, alta literatura, a poesia.
Não por outra, Infinite Jazz, de Foster Wallace, aparece na estante do motorista de ônibus e poeta, Paterson, de Paterson, Nova Jersey.
Alguns poemas declamados no filme são de Jarmusch.
Os declamados pelo protagonista são de Ron Padgett, do movimento conhecido como Escola de Nova York, estrela da poesia contemporânea e ainda em atividade.
Que começou editando um jornalzinho de poesia em que conseguia publicar inéditos de Allen Ginsberg, Jack Kerouac, LeRoi Jones, e. e. cummings, enviados pelos próprios.
Do que se trata o filme?
Da fugacidade da poesia, da arte, da vida.
De viver e observar a simplicidade do mundo, como caixas de fósforo, inspirado.
O cachorro é o divertido “vilão”. No começa, uma gangue informa que aquele cachorro vale muito e pode ser roubado.
Esperamos o filme todo que ele seja.
Um golpe contra todas as regras do novo cinema de ação é praticado (em 10 minutos, apresenta-se o personagem, em 20 minutos, apresenta o conflito, seguimos com o “herói” por sua jornada, pontos de virada modificam a trama).
Nada disso acontece.
O filme não tem o bem e o mal, todos têm problemas, todos têm manias, paixões, todos vivem.
Todos têm um duplo (repare que muitos personagens são gêmeos), como um poeta motorista de ônibus, um motorista de ônibus poeta anônimo, que vive realizado em seu anonimato, prefere-o.
O elenco é fenomenal, com o melhor ator atualmente, Adam Driver, e a sedutora Golshifteh Farahani, de ascendência iraniana.
O personagem não quer ter celular. Não quer entrar na onda digital.
Apesar do filme ser produzido pela Amazon, que entra com pontapé na porta no mercado de filmes e séries.
A cidade onde se passa o filme é berço de Allen Ginsberg e William Carlos Williams e aparece em On The Road, de Kerouac.
O cachorro do filme, personagem à parte, um bulldog inglês; na verdade é uma cadela, Nellie, morreu ano passado, depois de ganhar o Palm Dog Honor de Cannes, que cães notórios, como de O Artista e o de Daniel Blake, já ganharam.
May 16, 2017
Experiência de uma mulher separada com filho no Tinder
Fernanda, 27 anos, resolveu compartilhar uma experiência que, considera, “social”, no Facebook.
Com filho, criou um perfil real na rede de encontros mais popular, Tinder.
Publicou fotos em que, conta, estava gata.
Perfil: “Mãe. Professora. Militante. Feminista. Amor à culinária, literatura e aos amigos. Ódio ao capital e aos de coração raso”.
Ela já tinha constatado que é comum homens com fotos dos filhos.
Mulheres? Nunca.
“Ser mulher não é fácil. Ser mulher e mãe, menos ainda. Ser mulher, mãe e reivindicar uma vida social fora dos padrões patriarcais, é enlouquecedor. Na luta da mulher mãe, a resposta é essa mesmo: Não há ninguém perto de você, só seu filho”.
O experimento durou uma semana.
Foram 83 matchs de homens entre 24 e 34 anos.
Separou dez trechos de diálogos que, prepare-se, fazem revelações enjoativas, deprimentes, sobre os novos tempos. Usamos a ortografia e digitação original.
1 Raul, 27 anos:
-Oi gata
-Oi. tudo bem?
-Melhor agora. Que bom que você avisa que tem filho.
-É? Por que?
-Assim facilita e a gente não tem surpresa.
-Como assim?
-ah gata não se apaixona nem se desiludi
– como assim?
– vc é mãe já sei q n rola nd sério
2 Felipe, 31 anos:
-Tu é mãe? ainda amamenta?
– Oi. Tudo bem? Não mais, por que?
– Nada não.
(combinação desfeita, por ele)
3 Lucas, 28 anos:
-então o seu filho está onde agora?
– Em casa, comigo. por que?
-Nossa. Você é bem feminazi esquerdista mesmo. coitada da criança com uma mãe puta dessas que fica procurando macho.
4 Lucas, 24 anos:
– Sou mais novo que vc
-Sim. 3 anos. Isso é um problema grande?
-n, n. é q vc é mãe, e eu procuro uma namorada
-E?…
-E que daí n dá, né
-Por que? Sua mãe nunca namorou?
-N fala da minha mãe vadia
(combinação desfeita, por ele)
5 Markus, 25 anos:
-vc tem com quem deixar a criança? n sou chegado, mas achei vc gata.
-oi? tu n é chegado em que?
– Filho dos outros kkk
– Tu tem a foto com uma criança!!!!
– É meu afilhado.
-Pra chamar mulher?
– Siiim. da certo. Com vcs tbm?
(combinação desfeita por mim, porque não tive mais estomago)
6 Marcos, 27 anos:
-Mas priorizei outras coisas na minha vida
-Como assim? temos a mesma idade e tu tbm é pai
-sou pq minha ex quis. acho q ela e vc n são iguais
-Como assim?
– Vim morar no sul pra fugir dela
– E do teu filho?
-tbm. ela engravidou de gosto
-hmmm. Quantos anos vcs tinham?
-Ela 17 e eu 26
– Tu recém foi pai então?
– ahan
– meu, tu é quase 10 anos mais velho que ela. Acho q ela n queria engravidar e ter um filho sozinha em SP
– mas ela n se cuidou
n tenho muito a ver com isso
(combinação desfeita por mim, por motivos óbvios)
7 Ivan, 34 anos:
-Divorciada?
-Oi. Tudo bem contigo? Sim, sou separada. Por que?
-É que mulher com filho a gente pergunta né
– Por que?
-Se n casou é que n vale muito
– Como assim? tu vai vender a mulher? Quanto é que ta o @ da mulher no século XXI?
– Li teu perfil até o final agora
vc é feminista
raça ruim eim
o corno que deve ter te dado um pe na bunda pq tu n se depila
8 Renan, 26 anos:
– mas vc foi irresponsável
– Fomos um pouco, mas levo uma vida normal.
– e vc cria seu filho sem pai?
-Não. meu filho tem um pai, que ama muito ele.
Nao entendi a colocação.
– alem de mãe e bura kkkkkkk
– Burra? Além de mãe? Por que? Tu tem problemas?
– Problema tem tu q tem filho e fica no tinder catando outra barriga
feminista suja
professor ainda kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
9 Tarciso, 31 anos:
– Sou marinheiro e busco apenas aventuras.
– hmmm
– Você ser mãe facilita as coisas
– Por que?
– Porque não precisamos fingir engenuidade e podemos pular os cortejos.
-INgenuidade, querido.
– Vá se fuder
10 Elton, 29 anos:
-… eu concordo com esses caras na verdade
– tu concorda com os absurdos que disse que já ouvi por ser mãe?
– ué, vc ficou solteira pq quis e parece esperta
– e???
– e que todo mundo sabe q ngm leva a sério mulher com filho
– Por que?
-p q se ja teve filho e ta solteira boa coisa n é
– Então todas mulheres divorciadas são péssimas pessoas e péssimas mães? e as que são mães solo porque o cara fugiu?
– N. minha mãe tbm se divorciou quando eu era criança pq meu pai batia nela
– ela foi uma mãe ruim?
– N né
minha cora é minha vida
– Quantos anos ela tinha quando isso aconteceu?
– Ela tinha 26 e eu 5
– Eu e sua mãe fomos mães com a mesma idade e nos separamos também com quase a mesma idade hehehe
(match desfeito, por ele)
Fernanda escreveu: “Quando se fala em irresponsabilidade social e abuso afetivo sobre as mulheres, negligenciar essa cultura da misoginia acerca da maternidade é ser canalha. A solidão da mãe é vista como obstáculo para tornar aquela mulher forte. Nós não queremos esses obstáculos. Ninguém quer. Essa cultura coloca todos os dias milhões de mulheres numa posição que facilita a exposição aos abusos”.
Fernanda, com esse perfil, se eu fosse solteiro e estivesse no Tinder, me apaixonava na hora; eu e muitos amigos.
May 13, 2017
Manifesto de mulheres em encontro de cantoras
Show inédito em SP
Na semana do Dia das Mães, elas resolveram se unir, para lançar com Ana Cañas o clipe da música Respeita.
São elas: Marina Lima, Taciana Barros, Karina Buhr, Preta Rara, Jeckie Brown, Mag Magrela, Naná Rizini, Preta Ferreira, Sinhá.
É hoje, sábado, 13/05, às 19, no CCSP (Centro Cultural São Paulo).
Respeita, produção pelo Instituto, é um sensacional rap inédito escrito por Ana Cañas. Referência ao refrão criado pela artista Rita Wainer, “respeita as minas, po#%a!”:
No clipe, dirigido por Isadora Brant e João Wainer, juntaram 85 mulheres na linha de frente da militância e resistência de movimentos sociais e feministas.
Durante as gravações, foi pedido para que cada uma delas fechasse os olhos e pensasse em agressão e opressão que experimentaram.
Quando abrissem, devolveriam para a câmera a resposta só com o olhar.
“Muitas emoções vieram à tona. Algumas gritaram se rebelaram, outras choraram. É uma mistura de sentimentos, todos muito verdadeiros e presentes. Pude perceber que essa é uma dor que todas nós carregamos, não importando a classe social, a idade ou a cor da pele”, disse Ana, que já foi vítima de assédio sexual.
Mulheres que participaram, entre outras, Andréia Horta (atriz), Cacique Márcia (Aldeia Jaraguá), Elza Soares (cantora), Júlia Lemmertz (atriz), Karina Buhr (cantora), Laura Neiva (atriz), Maria Rita Kehl (psicanalista, jornalista, poetisa e cronista), Maria da Penha (farmacêutica e Fundadora do Instituto Maria da Penha), Mariana Lima (atriz), Marlene Bergamo (Jornalistas Livres), Maureen Bisilliat (fotógrafa), Mel Lisboa (atriz), Roberta Martinelli (jornalista e apresentadora), , Sophie Charlotte (atriz), Vera Egito (cineasta), Zélia Duncan (cantora).
Cañas começou cantando jazz na noite em bares e hotéis.
Foi fixa no renomado Baretto (Hotel Fasano).
No primeiro disco, Amor e Caos, de 2007, abraçou a MBP.
Redescobriu Liminha, ícone do rock dos anos 1980 (produtor de nove em cada dez discos de sucesso), cantou com Gil, foi trilha de novela com Viver a Vida, fez parceria com Nando Reis e show dirigido por Ney Matogrosso. Canta de La Vie En Rose ao clássico do Led Zeppelin, Rock and Roll.
Com seu último disco, Tô na Vida, o quarto da cantora formada em Artes Cênicas na ECA – USP, ganhou todos os prêmios. Produzido por Lúcio Maia (Nação Zumbi), tem participações de Arnaldo Antunes e Dadi.
RESPEITA
Você que pensa que pode dizer o que quiser
Respeita aí, eu sou mulher
Quando a palavra desacata, mata, doí
Fala toda errada que nada constrói
Constrangimento, em detrimento
de todo discernimento
quando ela diz
Não mas eu tô vendo, eu tô sabendo
Eu tô sacando o movimento
É covardia no momento
Quando ele levanta a mão
Ela vai, ela vem
Meu corpo, minha lei
Tô por aí, mas não tô à toa
Respeita, respeita
Respeita as mina porra
Diversão é um conceito diferente
Onde todas as partes envolvidas contém
O silêncio é um grito de socorro
escondido pela alma, pelo corpo
Pelo o que nunca foi dito
Ninguém viu, ninguém vê, ninguém quer saber
A dor é sua, a culpa não é sua
Mas ninguém vai te dizer
E o cinismo obtuso
Daquele cara confuso
Eu vou esclarecer: abuso
Ela vai, ela vem
Meu corpo, minha lei
Tô por aí, mas não tô à toa
Respeita, respeita
Respeita as mina porra
Violência por todo mundo
A todo minuto, por todas nós
Por essa voz
Que só quer paz
Por todo luto, nunca é demais
Desrespeitada, ignorada
Assediada, explorada
Mutilada, destratada
Reprimida, explorada
Mas a luz não se apaga
Digo que sinto
Ninguém me cala
Ela vai, ela vem
Meu corpo, minha lei
Tô por aí, mas não tô à toa
Respeita, respeita
Respeita as mina porra
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Show / Manifesto – Ana Cañas
Lançamento do Clipe “Respeita”
Local: Centro Cultural São Paulo, Rua Vergueiro, 100
Data: dia 13 de maio, sábado
Horário: 19h
Preço: R$10 (meia) e R$20 (inteira)
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