Marcelo Rubens Paiva's Blog, page 32
August 25, 2017
Black Mirror 4 vem aí
A série mais enigmática, atual produto da Netflix, volta.
Com até Jodie Foster na direção.
Episódios anunciados:
Arkangel, com Rosemarie Dewitt, Brenna Harding e Owen Teague, dirigido por Jodie Foster.
Black Museum, com Douglas Hodge, Letitia Wright e Babs Olusanmokun, dirigido por Colm McCarthy.
Crocodile, com tem Andrea Riseborough, Andrew Gower e Kiran Sonia Sawar, dirigido por John Hillcoat.
Hang the DJ, com Georgina Campbell, Joe Cole e George Blagden, dirigido por Tim Van Patten.
Metalhead, com Maxine Peake, Jake Davies e Clint Dyer, dirigido por David Slade.
USS Callister, ficção científica com Jesse Plemons, Cristin Milioti, Jimmi Simpson e Michaela Coel . Na direção, Toby Haynes.
Importância da leitura na infância
Desde que me entendo por gente, há uma missão no país: fazer as pessoas lerem.
Difícil, já que a concorrência é o melodrama, a teledramaturgia eficiente, sedutora, que hipnotiza nas telas de milhões diariamente.
O chiclete dos olhos.
Só na Rede Globo, são de sete a oito produções (novelas) de alto nível no ar.
Nos estádios, quando o marketing no futebol não existia, placas com uma frase atribuída a Monteiro Lobato eram expostas nos gramados: UM PAÍS SE FAZ COM HOMENS E LIVROS.
O objetivo das feiras de livro e bienais era criar leitores.
Tem-se uma certeza: o hábito da leitura, aquilo que desejamos tanto ao Brasil, país muito longe do top do ranking dos que mais leem, é adquirido em casa, na infância.
Temos que insistir sempre. Não desistir.
Segunda-feira, dia 28, estreia o documentário Para Gostar de Ler, que fala sobre a importância da leitura na primeira infância.
Com a participação de Drauzio Varella e Leandro Karnal.
Produzido pela Prodigo.
Dirigido por alguém que conviveu com livros e as nuances do mercado editorial, Francesco Civita.
Depois da sessão, haverá um debate mediado de Marcos Piangers (O Papai é Pop), com o diretor, o escritor Ilan Breman, Wellington Nogueira, fundador do Doutores da Alegria, e Patrícia Pereira Leite, psicóloga e co-fundadora do Centro de Estudos A Cor da Letra.
O evento começa às 19h, no Espaço Itaú de Cinema da Rua Augusta, em São Paulo.
August 22, 2017
Chico é artista, não machista
O grande problema dos “ismos”: retratar um personagem como o todo.
Se um autor cria um homofóbico em sua obra, ele não é homofóbico, ele pode sim retratar o absurdo da homofobia, criticá-la.
Se um autor retrata machistas que se perguntam num bar “e aí, comeu?” e mostra no final que tal discurso é decadente, falso, da boca pra fora, atrasado, machistas, não está defendendo seus personagens, muito menos o machismo, mas retratando uma era, desvio cultural, que deve se encerrar.
Chico Buarque agora é acusado de ser machista pelo verso da nova música, Tua Cantiga:
Quando teu coração suplicar
Ou quando teu capricho exigir
Largo mulher e filhos
E de joelhos
Vou te seguir
O artista também autor de ficção retrata o amor de um amante por uma mulher casada. Também casado, espera sua amada se separar, para estar com ela para sempre. Escuta queixas e consola.
O artista não defende que casamentos devem ser abandonados se uma paixão secreta se separa.
Nem a união sem amor pleno.
Conta a história secreta de um cara, PERSONAGEM, que ama a amante, que para sua infelicidade é casada, mais do que tudo, e a espera, torce, implora pala ela se separar.
Retrata um personagem. Podemos gostar dele ou não.
Podemos justificar seu crime, como em Crime e Castigo (Dostoievski).
Afinal, é injusto com a esposa estar com ela e amar outra.
Para este PERSONAGEM, como para algumas pessoas, o romance nunca se completa, como na obra do “racista” Machado de Assis, do “sexista’ Flaubert, do “direitista” Nelson Rodrigues, do “pedófilo” Nabokov.
Que se julgue e se leve o personagem de Chico ao banco de réus.
Nunca o autor da obra de FICÇÃO.
Escrevi a peça E aí, Comeu?, enquanto morava numa universidade da Califórnia, no berço do neo-feminismo.
E a montamos no final dos anos 1990. O público entendeu a ironia da peça, que fez uma carreira de sucesso.
Ganhamos prêmios (inclusive melhor texto), ela teve prestígio de público e crítica, gerou debates (o papa junguiano Carlos Byington levou seus alunos, que debateram com ele o conteúdo).
O filme seguiu linha diferente.
Tem cena que até discordo (quando os personagens tratam mal umas meninas no bar).
Mas, nas entrelinhas, está lá o debate.
Hoje sou chamado de esquerdomacho por ter escrito uma peça chamada E aí, Comeu?, que poucos dos que me xingam viram ou leram.
Já vi um suite que não tem o hábito de ouvir o outro lado e sempre apresenta apenas uma versão dos fatos me incluir numa lista com Gregório Duvivier (neto de Byington), Xico Sá e até Jean Wyllys da “esquerdomachia”.
Que se leve o PERSONAGEM ao banco de réus.
Nunca o autor da obra de FICÇÃO.
August 19, 2017
Festanças no aniversário da Vila Mada
Feliz Aniversário Vila Mada.
É o bairro mais carismático da cidade.
Que começou a se agitar com um bar que vendia de tudo (Mercearia São Pedro), um sujinho sem nome e outro que vendia empanadas argentina de exilados da ditadura de lá na Rua Wisard.
Juntou estudantes da USP, em busca de casinhas baratas, produtoras de cinema independentes.
Ficou conhecido como o bairro de intelectuais e “artistas”, rivalizando com a boemia do Bixiga.
E, claro, da escola de samba Pérola Negra.
Mesmo desfigurado, com bares inspirados em botecos cariocas, e uma leva de “boys” que o ocupam nas noites dos fins de semana e em carnavais, ainda mantém seu charme.
Com labs de culinárias e marcenarias, coworkings, lojas de móveis, galerias de arte e restaurantes excelentes.
A festa de aniversário do bairro tem décadas.
Hoje tem, espalhada em sambas (MUITOS SAMBAS), bares, especialmente nas ruas.
No pátio da igreja da Rua Girassol, 795:
10h às 22h – Espaço gastronômico com Foodtrucks e estandes de culinária. Como exemplo: Patio SP (sanduba de carne louca), MamaBia (Massas Artesanais), Pattio SP (coxinha de frango), Pira Grill (dadinhos de tapioca); Empanadas Chilenas (empanadas), Garrafas Bar (vinhos), Jairo (porções de calabresa e frango a passarinho), Tasca (comida portuguesa), Doce Caramelo (brigadeiros e doces de pote), Food Truck WonderFood (sanduiches diversos), Hambúrguer do Barão Food Truck (burgers).
10h às 22h – Exposição de arte com a participação dos artistas plásticos: Bill Soares,Vera Rocha, Gustavo Prata, Renato Jardim, Luiza Zaroni, Cynthia Loeb, Ceres Art, Rafael Faustino e Rosane Viegas. Shows de música.
10h às 22h – Área externa da igreja, grafites de Arte Sacra sob a curadoria do grafiteiro Binho Ribeiro.
11h às 17h – Artistas de rua, músicos e artistas circenses, circularão entre a matriz da festa e o quadrilátero do coração da Vila Madalena, entre as ruas Rodésia, Inácio Pereira da Rocha, Madalena e Mourato Coelho, onde os 65 bares e restaurantes e 35 lojas participantes estarão sinalizados com flags coloridos (veja detalhes no blog do site da Vila).
Missa e homenagens a personalidades do bairro.
18h às 18h30 – Show com o humorista Fabio Lins.
18h30 – Início da Projeção de Vídeo Mapping na fachada da igreja, com duração de aproximadamente três horas. O Vídeo mapping poderá ser apreciado também do lado de dentro da igreja onde se refletirá a projeção através dos vitrais dando a sensação de estar dentro de um caleidoscópio.
20h30 – Filmagem da projeção será transmitida no telão da Rua Aspicuelta e em todos os comércios participantes com TV.
Espalhado pelo bairro:
Música na Vila no CENTRO COMUNITÁRIO DA VILA MADALENA, com Os MADALENA/ Velha Guarda Pérola Negra/ Maloca Fina (Rua Manoel Henrique Lopes 33 – www.facebook.com/osmadalena)
AÇÃO SAÚDE – Verificação de pressão arterial, glicemia e atividades físicas.
AÇÃO CERVEJA ARTESANAL – Acompanhe a produção de uma cerveja artesanal [ cervejaria primeira da vila ]
AÇÃO RODA DE SAMBA – A partir das 15hs. Com Brôto e Velha Guarda do Pérola Negra (BAR SAMBA da Rua Fidalga, 308 – SP – https://www.facebook.com/barsambabr)
GRUPO SAMBABAR – das 14h às 17h- GRUPO TIM MAIA E CARMEN QUEIROZ – a partir das 21h (SEU DOMINGOS, na Rua Fidalga, 209)
GRUPO SAQUÊ NA CACHAÇA – das 16h às 21h (BAR DO BAIXO, Rua Cardeal Arcoverde, 1574 – 05408-001 e ou Belmiro Braga 22 https://www.facebook.com/bardobaixo.c...)
Veja mais: www.aniversariodavilamadalena.com.br – site e blog
August 17, 2017
O boom do streaming
O mundo não se resume a Netflix.
O Oldflix já é conhecido. A R$ 16,90 por mês, é chamado de Netflix dos filmes clássicos.
Mubi é incrível. Para cinéfilos ou diletantes. A cada dia, um filme novo é oferecido, e outro sai do catálogo, de clássicos do cinema da Alemanha Oriental e documentários franceses. Mas, cuidado. A maioria, como Querelle, de Fassbinder, vem sem legenda em português.
A US$ 5,99 por mês (primeira semana de graça, apesar do anúncio afirmar que é o primeiro mês), trazem legenda em inglês.
Conhece Looke? Filmes de arte, como Casa Grande, com a franquia Velozes e Furiosos, por R$ 16,90, num site nacional.
Gosta de filmes argentinos?
O site Canal do Ensino oferece alguns de graça.
No Thevore, encontram-se filmes argentinos legendados.
Na Argentina, cinema é coisa séria. Até o governo criou seu canal de streaming de filmes gratuitos:
http://www.cinemargentino.com/ (Psafe)
No Brasil, a Globo segue sozinha. Suas séries são exclusivas do canal Globo Play.
HBO oferece para os assinantes o HBO GO, com filmes e séries exclusivos e produzidos pelo canal, como o espetacular Game of Thrones.
Sem contar Apple TV, Amazon e, em breve, Disney, que anuncia que, a partir de 2018, lança seu canal próprio, enxugando a oferta em outros canais.
Quem é assinante da NET tem o NOW, com produtos (limitados) dos canais que têm sinal na rede.
No Youtube, inimigo número 1 das empresas de comunicação, a pirataria come solta. Cópias péssimas de filmes brasileiros estão à disposição, de E Aí, Comeu?, com uma tarja preta no meio, ao pernambucano Árido Movie.
O site Catraca Livre aponta que a tendência é de setorização.
Fez uma ótima lista de canais de streaming.
ClapMe: o Netflix dos Shows (R$ 15,90).
Crunchyroll: para os que gostam de anime e mangá, por R$ 14,90 ao mês.
Full Moon: de filmes trash a US$ 6,99 por mês.
PlayKids: como diz o nome, é de desenhos para crianças.
TubiTV: filmes de grandes estúdios, Paramount, Lions Gate, MGM (de graça).
Fandor: por US$ 10 ao mês, traz filmes independentes, inclusive brasileiros.
Screambox: filmes de horror, a US$ 3 por mês.
Feeln: para fãs de final feliz de comédias românticas e de superação.
Spuul: traz as cores e a musicalidade do cinema indiano produzido por Bollywood.
Se você não quer mais sair de casa, belê.
Mas, dear, vá também ao cinema.
Compre pipoca, namore, veja gente, viva experiências de imersão total.
Recomendo.
August 15, 2017
Pai tira onda da filha e faz sucesso na rede
Pais e filhos não devem se cruzar nas redes sociais.
Regra 1 da ética da nova hiperexposição que as redes proporcionam.
No entanto, a curiosidade de alguns pais tem deixando alguns filhos constrangidos.
Especialmente se papai é um comediante.
Chris Martin, de Washington (EUA), resolveu trolar sua filha adolescente, Cassie, pelo Insta.
Incomodado pelos “sexys selfies” da precoce menina, com 50 mil seguidores, ao invés de mandar parar, tentou ao seu jeito ironizar.
Ela não gostou nem um pouco e escreveu: “MY FATHER HARASSES ME ON SOCIAL MEDIA.”
O tiro saiu pela culatra.
O post dela foi compartilhado por 25 mil usuários.
E seu pai, em poucos dias, ganhou mais de cem mil seguidores.
Superexposição em família.
Tem gente que aplaudiu a intromissão do gozador.
É engraçado, sim. Mas…
Novos tempos. Velhos conflitos geracionais.
Eu deixaria cada um na sua rede, sem cruzamento de informações.
E nunca exporia a filha dessa maneira, publicamente; especialmente uma adolescente.
Anos depois, na terapia, ela certamente se queixará.
Se não se queixar, aí é grave.
fonte: headlinenetword.com/rob ogden @oddchatter.com
August 11, 2017
O anti-outros Doria em campanha
Em uma semana, Doria é visto em Salvador com ACM Neto.
Doria com Rodrigo Maia, presidente da Câmara.
Doria com ex-senador Eduardo Suplicy.
Doria na capa da IstoÉ, em pose de estadista.
E Doria com Temer.
Para ilustrar seu álbum de fotografias?
Para o bem da cidade que administra, São Paulo?
Está mais que evidente: Doria roda em campanha para presidência.
A agenda de compromissos alheios à gestão da cidade é maior do que todas as outras: de visitas ao exterior a rodar pelo Brasil.
Não tem sete meses que administra a maior cidade do país.
Com trapalhadas e acertos.
E por enquanto sua plataforma é apenas a opção anti-Lula, ou anti-PT.
E uma agenda cheia de namoros e encontros amigáveis.
Será que ser apenas “anti” algo sustenta uma campanha?
Nome ausente na Lava Jato vira a grande obra: o legado.
E no seu grupo, PSDB, é dos poucos não citado.
Chegamos num ponto em que ser não citado por corrupção torna-se exceção.
Não ser citado em delações passa a ser o ponto forte de um currículo na política brasileira.
Doria passa a ser o anti-PMDB, o anti-Dem, o anti-Aécio, o anti-Alckmin.
Me pergunto quando começará a plataforma “Doria, o Anti-Bolsonaro”.
August 10, 2017
Encoste o celular
Antes, a pessoa tinha o trabalho e a vida, e quando voltava para a vida, depois de uma jornada cronometrada, com ponto, turno, deixava o trabalho fora de casa, relaxava na poltrona da sala, com um copinho de uísque ou vinho numa mão, e o controle remoto ou um livro na outra.
Agora, considera-se que a vida de uma pessoa é o trabalho.
A pessoa é um empreendimento.
Sua vida, a carreira.
Sua história, um currículo em redes sociais.
Trabalha-se no trabalho, na garagem, no carro ou metrô, no avião, na plataforma, na calçada, andando até o elevador. Tenta trabalhar no elevador, mas não há conexão, trabalha no banheiro, jantando, com o celular na mão.
Checa mensagens acordado e quase dormindo.
Quanto tem insônia… Acessa bancos, consulta, paga contas, resolve pendências. Dorme com um travesseiro e o celular. Escova os dentes com uma mão e trabalha com a outra. Vida e trabalho são uma coisa só. O celular é uma extensão do corpo, um novo membro. São as torres de transmissão do empreendedor.
Lazer virou trabalho.
Viagem é trabalho.
A epidemia da multitasking (múltiplas tarefas) nos contaminou.
Trabalho é nosso crush, nosso like, nosso pow. Casa-se com o trabalho. Passa-se férias com ele. Seremos enterrados com nossos smartphones. Porque se voltarmos do mundo do além e ressuscitarmos, dá para dar uma trabalhadinha.
No passado, a pessoa não via a hora de viajar para, com uma latinha de cerveja ao lado, ou um coco, colocar os pés na areia e não se chatear. Agora, aproveita o tempo livre da viagem para fazer um curso com uma estrela do TED ou se hospedar em retiros que o tornem uma pessoa melhor. Melhor?
Antes, esportes eram a oportunidade de desanuviar, encontrar amigos, rir, desopilar, descontar, chutar, arremessar, lançar. Agora, a pessoa faz atividades físicas como um ganho pessoal: academia, ioga, pilates. Andar de bike não tem o propósito de ir à esquina comprar jornal ou flores. É uma atividade física para aumentar a resistência ao trabalho, e também contribuir para o respeito ao meio ambiente.
Tempo não é dinheiro. Tempo é tudo. Economizá-lo, a missão da tecnologia de informação: o 3G virou 4G, que em breve será 5G; a cada nove meses, um processador dobra a velocidade; aplicativos economizam idas a bancos, o transporte, o “dating” (precisa-se encontrar um termo em português, que classifique um encontro não como um rolê despretensioso, mas um em que há interesses afetivos em jogo e que algo pode rolar entre duas pessoas). Até o check-in em hotéis e aeroportos é feito por celulares.
Mas será que um dia nos cansaremos deles?
Ronaldo Lemos, do MIT Media Lab, escreveu para a Ilustríssima: mercado de livros digitais está em declínio em quase todo o planeta (exceto da China). Em 2016, nos Estados Unidos, queda de 16% nas vendas de livros digitais e aumento de 3,3% de impressos. Na Inglaterra, a venda de e-books encolheu 4%, e o consumo de impressos subiu 7%.
Vivemos a era do slow food (buscar o prazer de selecionar os alimentos, cozinhar e comer sem pressa). Podemos entrar na era da slow media, ler concentradamente e usar a internet sem pressa. Entramos na era da screen fatigue (cansaço das telas)?
Lemos lembra a luta do designer americano Tristan Harris, que trabalhou no Google, e as dicas dadas, aliás numa viralizada fala no TED. Ele pede um comportamento ético da indústria dos celulares, como projetar smartphones que deem a possibilidade de manter o usuário desconectado por um tempo. E a criação de listas de notícias organizadas por credibilidade, não popularidade (cliques).
A nós, usuários, o que sugere é difícil, mas não impossível:
– Desligar todas as notificações do celular, exceto as que são geradas por pessoas reais.
– Bloquear alertas disparados automaticamente e não autorizados.
– Reprogramar a tela inicial do celular, deixando visíveis apenas aplicativos essenciais. Deixar a maioria guardada em pastas fora do campo visual.
– Não abrir apps por meio de um ícone, mas por texto, digitando o nome deles para acessá-los, o que levaria a uma reflexão sobre a necessidade de usá-los naquele momento.
– A dica mais conhecida: carregar o celular fora do quarto à noite. E evitar olhar o aparelho logo após acordar.
Compre um despertador. Como um vício, ser marcado numa foto, ler a resposta de uma mensagem enviada e notar likes em posts aumentam a serotonina, a satisfação, e dá a recompensa esporádica semelhante a das drogas.
Como por elas, muitos estão escravizados por seus aparelhos, para a satisfação e os rendimentos da indústria de corporações bilionárias e dos mais ricos do planeta (Facebook, Google, Apple, Youtube, Amazon).
A periodicidade imprevisível da recompensa é o grande segredo da compulsão.
Postamos para termos curtidas.
Sem elas, não temos recompensas, vem a frustração, e postamos mais e mais. Como a droga.
Deixar de postar?
Cercado pela tentação (e prazer) que as redes sociais geram?
coluna no caderno 2 do dia 28 de julho
August 8, 2017
Democracia brasileira está doente
O que está para acontecer entre hoje e 2018 merece atenção.
A ovada que Doria recebeu em Salvador, terra em que o petismo mantém a popularidade alta, é um sinal de que a campanha eleitoral para a presidência será radicalizada.
Um retrato do país polarizado, dividido.
Uma parcela da população não convive bem com o oposto.
Para ela, o adversário merece escracho, vaia e ovo.
A urna não basta para punir ou revelar o desejo de um eleitor.
Até porque muda-se de lado como se muda de camisa.
São tristes as cenas que começaram em 2013, quando pessoas comuns passaram a agredir verbalmente em restaurantes, bares, filas de check-in, dentro de aviões, alvos com (qualquer) comprometimento político.
De cantores populares, como Chico Buarque, comediantes, como Gregório Duvivier, atores, como Zé de Abreu, a políticos, ministros, congressistas, deputados, senadores, ex-ministros, delatados, delatores.
Alguns respondem com cusparada.
Outros respondem com argumentos.
A maioria ignora.
Guido Mantega foi o primeiro alvo conhecido. Em restaurante de Brasília.
Foi xingado por um “anônimo” comensal.
Jaques Wagner, Patrus Ananias, Romero Jucá, José Dirceu, Eduardo Cunha, Paulinho da Força, Mercadante, Gleise Hoffmann, Fernando Pimentel, Bolsonaro…
A lista é grande.
E não vai parar.
É um triste legado da crise política brasileira, das incongruências das leis, das decisões judiciais contestáveis e polêmicas.
Que deu num ceticismo sem precedentes.
O assédio jurídico e institucional gerou o assédio do eleitor comum.
Antes, votávamos, e fim de papo.
As contradições nos tribunais, encontros secretos entre juízes, ministros e políticos, deixam uma população desconfiada.
Todas as instituições estão sob suspeita.
Até as insuspeitas, como as cortes superiores (STF, STJ, TCU, TSE).
Até as entidades de classe (Fiesp, CNI, CUT, CGT, Força).
Até a decisão das urnas pode ser cassada por uma corte manipulada, suspeita, ou, na linguagem popular, “vendida”.
A democracia enfraqueceu, como um osso com osteoporose.
Ou se rompe, ou prótese nele; numa cirurgia radical.
Salvemos a democracia.
Oremos pelo Brasil.
August 7, 2017
Para lembrar Itamar
Falo de outro Itamar, do Negro Dito, do original, do eterno: Itamar Assunção.
Que surgiu em 1979 no cenário musical brasileiro, tocando baixo para um vizinho, Arrigo Barnabé.
Firmou-se como uma voz paralela da chamada Vanguarda Paulista, que rompeu com o monopólio das grandes gravadoras.
Passaram a fazer seus próprios discos, chamados de “independentes”.
A intenção era manter o estilo sem a influência nefasta dos produtores, do mercado e do gosto comum.
Movimento que, abençoado por Leminski, encantou Elis Regina, foi chamado de “maldito” e ofuscado pelo Brock, ou rock brasileiro, que estourou de 1982 em diante.
Itamar morreu precocemente em 2003.
E já foi gravado por Rita Lee, Ney Matogrosso, Cássia Eller, Cidade Negra, Tom Zé, Luiza Possi e outros.
Nesta sexta-feira, 11/08, sua banda Isca de Polícia ressurge para tocar clássicos de Itamar.
Num show grandioso no Auditório Ibirapuera.
Luiz Chagas, Jean Trad, Paulo Lepetit, Vange Millet e Suzana Salles tocarão também de Tom Zé a Arnaldo Antunes.
Na bateria, Marco de Costa entra no lugar de Gigante Brasil, morto em 2008.
Marcelo Rubens Paiva's Blog
- Marcelo Rubens Paiva's profile
- 279 followers
