Marcelo Rubens Paiva's Blog, page 31
September 21, 2017
100 Anos de Revolução Russa no Sesc
Será que a patrulha ideológica vai estrilar?
Bom, não se pode negar a História.
Este ano é do centenário da Revolução Russa.
E entre os feitos, além do construtivismo, literatura e poesia, música, balé e teatro de alto nível, o cinema se destaca.
Entre eles, o pai do cinema moderno, Serguey Eisenstein.
Em 28 de setembro, o CineSesc (Rua Augusta, 2075) abre a mostra 100 Anos da Revolução de Outubro.
Junto, seminário com mais de 30 especialistas, 1917: O Ano que Abalou o Mundo, é promovido em parceria com a Boitempo.
São sete filmes com legenda:
Aleksandr Nevsky, de Eisenstein (1938), sobre o príncipe russo, Alexandr Nevsky, que organiza um exército popular para derrotar a invasão dos Cavaleiros Teutônicos. Com trilha de Prokofiev, o filme é uma alegoria da invasão nazista, e foi restaurado.
Solaris, de Andrei Tarkovsky (1972), Grande Prêmio do Júri e Prêmio da Crítica Internacional, no Festival de Cannes. Minha geração se lembra do filme considerado a resposta soviética à 2001 Uma Odisseia no Espaço. Numa época em que a corrida espacial foi para o xadrez, basquete e cinema.
Lenin em Outubro, de Mikhail Romm (1937). Sobre quem? Lenin (seu segundo filme sobre o líder da revolução).
Caminho para Berlim, de Serguey Popov (2015). Filme da nova safra, baseado em escritos de Konstantin Simonov.
Tratoristas, de Ivan Pyryev (1939). Um motorista der tanque volta da guerra e se apaixona pela líder de uma equipe de tratoristas.
A Ascensão, de Larissa Shepitko (1977). Dois ativistas soviéticos são presos por uma patrulha nazista. Ganhador do Urso de Ouro do Festival de Berlim.
Sonhos, de Karen Shakhnazarov e Aleksandr Borodyansky (1993). Mostra a derrocada do comunismo, ascensão de Yeltsin e restauração capitalista.
É, faltou Aleksandr Sókurov, de Arca Russa, filme que conta em um museu a história da Rússia, e do formidável filme Taurus, sobre os últimos dias de Lenin.
Como Reds (de Warren Beatty), Doutor Jivago (David Lean), Adeus Lenin (Becker), e outros da visão do “imperialismo decadente”, sobre a revolução (foi uma piada).
Mas está de bom tamanho.
Programação:
QUINTA – 28/09
19:00- ALEKSANDR NEVSKY (1938) P&B – 108 min –
Direção: Serguey Eisenstein
21:00- SOLARIS (1971) Cor – 166 min
Direção: Andrei Tarkovsky
SEXTA – 29/09
19:00 – LENIN EM OUTUBRO (1937) P&B – 108 min
Direção: Mikhail Romm
21:00 – O CAMINHO PARA BERLIM (2015) Cor – 82 min
Direção: Serguey Popov
23:00 – TRATORISTAS (1939) P&B – 82 min
Direção: Ivan Pyryev
SÁBADO – 30/09
19:00 – A ASCENSÃO (1976) Cor – 111 min
Direção: Larisa Shepitko
21:00 – ALEKSANDR NEVSKY (1938) P&B – 108 min
Direção: Serguey Eisenstein
23:00 – SONHOS (1993) Cor – 75 min
Direção e Argumento: Karen Shakhnazarov
DOMINGO – 01/10
19:00 – LENIN EM OUTUBRO (1937) P&B – 108 min
Direção: Mikhail Romm
21:00 – TRATORISTAS (1939) P&B – 82 min
Direção: Ivan Pyryev
TERÇA – 03/10
19:00 – O CAMINHO PARA BERLIM (2015) Cor – 82 min
Direção: Serguey Popov
21:00 – A ASCENSÃO (1976) Cor – 111 min
Direção: LarisaShepitko
QUARTA – 04/10
19:00 – SONHOS (1993) Cor – 75 min
Direção e Argumento: Karen Shakhnazarov
21:00 – SOLARIS (1971) Cor – 166 min
Direção: Andrei Tarkovsky
September 20, 2017
O bom cinema brasileiro
Setembro tem sido um mês generoso para o cinema brasileiro.
Polícia Federal – A Lei é para Todos?
A bilheteria está bem abaixo do que se esperava; maniqueísmo (partidarismo) no cinema nunca deu certo.
Tem o simpático e muito bem produzido, porém um pouo americanizado, Lino – Uma Aventura de Sete Vidas.
Mas dois filmes dão mostras de como a qualidade do cinema nacional atingiu o degrau que se espera de uma indústria que lança 140 produções/ano: Como Nossos Pais e Bingo – O rei das Manhãs.
Ambos da mesma produtora, Gullane, escritos pelo mesmo roteirista, Luiz Bolognesi (Bicho de Sete Cabeças, Elis).
Laís Bodansky, idealizadora e diretora de Como Nossos Pais, escreveu com ele.
Ambos têm trilhas deslumbrantes, dos meus parceiros de aberturas Rio 2016, Antônio Pinto e Beto Villares.
Ambos têm a mão de Oscar Nominees da trupe de Cidade de Deus, Pinto e Daniel Rezende.
Rezende, montador dos melhores filmes brasileiros, de Tropa de Elite 1, 2 a Cidade de Deus, até Árvore da Vida, está prontinho como diretor.
Ambos têm uma dupla de protagonistas espetacular.
Maria Ribeiro e Paulinho Vilhena (incluindo o surpreendente mentor Jorge Mautner e a maravilhosa Clarisse Abujamra) fazem de Como Nossos Pais um filme grandioso.
Vladimir Brichta e Leandra Leal (com Emanuelle Araújo arrasando como Gretchen) dão show em Bingo.
Brichta, que surgiu em A Máquina, inesquecível peça de João Falcão, com Wagner Moura, Lázaro Ramos, há muito merecia um papel que o levasse ao pódio dos grandes nomes da sua geração.
São filmes contemporâneos, com direção intensa, caprichada, de timing perfeito (cinema é timing, já diz minha amiga estudiosa Anna Muylaert, de Que Horas Ela Volta?).
Bingo é mais popular.
Os efeitos, os voos da câmera, o “corta para o musical” são espetaculares.
Sua dramaturgia por vezes segue um ritmo televisivo; um paradoxo, já que critica justamente o padrão obsessivo de escravizar a audiência e criar com um olho no Ibope.
Tem vilão. Filme não precisa ter vilão. Filme não deve ter vilão. Chega de cinema com vilão!
Aliás, os vilões são protagonistas agora. Ou melhor, as contradições e loucuras de um protagonista, do herói, é o fio-condutor das tramas atuais.
Outra. O conflito universalizado entre pai & filho, a atriz esquecida, o ator injustiçado, em Bingo, pega no grande público. Mas são conflitos batidos?
Como Nosso Pais é de uma inteligência surpreendente.
Se um grande conflito aparece nos dez ou 20 minutos de filme, segundo os manuais, Laís começa seu filme com o conflito principal nos primeiros minutos.
Pontos de virada vão se sucedendo, 15 minutos, 30 minutos, meio do filme.
Surpresas emergem. A trama muda de rumo.
O que parece uma história simples, se revela de uma complexidade vertical.
E Maria Ribeiro… Sou suspeito. Uma atriz que não representa apenas, reinterpreta, reescreve, co-dirige, tem um furacão dentro de si, vive a história como se fosse dela!
Já a dirigi para o teatro. E a cada ensaio meu amor por ela crescia.
Vá vê-los.
September 18, 2017
A renascença da televisão
A renascença da televisão?
Na cerimônia do EMMY 2017, exibida ontem, ela foi celebrada.
Na cerimônia transmitida.
Onde estavam melhor soap opera, cobertura jornalística, enlatados, esportes, programa de culinária, aquilo que empurra o trem chamado grade televisiva?
O que lembra a velha televisão, ficou para uma cerimônia à parte.
O que lembra o glamour de Hollywood e do cinema, foi apropriado. Grande paradoxo.
Nunca tanto conteúdo inédito foi lançado num ano apenas: 420 entre séries, filmes e programas.
Rolou até uma ironia com o meio que mais sofre com o boom da televisão, o mercado exibidor de cinema.
O apresentador da cerimônia, Stephen Colbert, que perdeu o prêmio de apresentador para John Oliver, que pode ser visto pela GNT, soltou, diante do auditório lotado:
“Quanta gente aqui hoje. Mais gente aqui do que nas salas de cinema deste verão.”
A multiplicidade de plataformas é a responsável pelo renascimento da indústria fonográfica e, agora, da televisão.
E pode ser a salvação de toda indústria bombardeada pela tecnologia da informação.
Vê-se TV em TVs, computadores, laptops, celulares, tablets, no busão, no metrô, na academia, no avião, na sala de espera, na praia…
Vítimas: cinemas tradicionais.
A excelência do conteúdo concorrendo ontem era também inédito.
A parceria com o cinema virou casamento de papel-passado.
Nicole Kidman e Roberto de Niro estavam na primeira fila, dividindo ombro a ombro espaço com Ophra (que apresentou o prêmio principal) e a recordista Julia Louis-Dreyfus, que venceu seis EMMYS consecutivos, a maravilhosa Elaine Benes e atual Vossa Excelência Selina Meyer.
A Casa Branca virou tema.
Não só em SNL e Veep, os grandes premiados (sem contar House of Card, que injustamente não levou nada).
Foi lembrado que Trump, o atual presidente, do meio, nunca ganhou um EMMY, e que talvez tudo teria sido diferente se tivesse ganho; cujo rancor contra a classe artística é evidente.
HBO (com 28 estatuetas) e Netflix (com 20) foram as grandes vencedoras.
A série Big Little Lies papou tudo, ator, atriz, roteiro. Justíssimo.
O novo canal de streaming Hulu, com dez, a surpresa.
As redes ABC (com 7) e NBC (com 15) e FOX (com 5) não foram mal.
Black Mirror, surpresa, ganhou dois prêmios. Agora que é co-produzida pela Netflix, está entre as grandes.
The Handmaid’s Tale, que no Brasil não vemos (é do streaming Hulu, não disponível para nós, e sem previsão para estrear por aqui) foi a grande vencedora em série dramática, superado Westwold, que não ganhou nada assim como Stranger Things, a queridinha do público.
Elisabeth Moss, a protagonista Peggy de Mad Men, foi indicada muitas vezes, mas ganhou só agora, protagonizando Hadsmaid’s Tail.
The Crown, a favorita, ganhou só como ator coadjuvante, o veterano John Lithgow, que no discurso dedicou ao seu personagem e a falta que ele nos faz, Churchill.
E a diversidade foi celebrada. Pela primeira vez, uma afrodescendente ganhou o prêmio de melhor roteirista, melhor ator foi para um negro, assim como direção, os trans foram homenageados, mulheres pediram melhores papeis. Como manda o bom-senso.
September 13, 2017
Fla-Flu nas artes plásticas
Líder do MBL zoado em tumblr.
O protesto contra a exposição de temática “queer” do Santander Cultural elevou o racha político ao biscoito fino: as artes plásticas.
De repente, uma militância contrária à exposição passou a conhecer Adriana Varejão, uma das 250 artistas expostas, e a xingá-la pela internet.
E aqueles que defendem uma arte provocativa, que promova debate, defenda a diversidade e exclua qualquer tipo de censura ou controle ao pensamento do artista, descobriu que um movimento conservador, como MBL, também frequenta exposições (e a se choca).
Procurado, o curador da mostra tirada de cartaz de Porto Alegre, Gaudêncio Fidélis, confirmou que há convites para levá-la a outras cidades.
BH saiu na frente.
“Existe uma logística complexa sobre a qual nem consigo pensar agora”, diz Gaudêncio. “Estou respondendo a infinitas solicitações de entrevistas de diversos países e está absurda esta demanda.”
Ainda não fechou com ninguém.
Analisa todas as propostas e decidirá na bonança o que fazer: “Estou aberto a todas as solicitações”.
Enquanto isso, #InternetNaoPerdoa.
O líder mais famoso do MBL, Kim Kataguri, ganhou um tumblr em que aparece em montagens de fotos “queer” (gays): queerkaraguiri.tumblr.com.
Fotos montagens em obras de Mappletorph, David Lachapelle, Terry Richardson e até da Vinci.
Ficou bem.
September 10, 2017
Movimento Brasil Livre sem liberdade
A informação de que, em Porto Alegre, o Santander Cultural encerrou, hoje, a exposição Queermuseu – Cartografias da Diferença na Arte Brasileira, por conta de um movimento chamado Movimento Brasil Livre (MBL), é grave.
Muito grave.
Nela, 250 obras assinadas por 85 artistas, como Leonilson e Lygia Clark.
Pintura, gravura, fotografia, serigrafia, desenho, colagem, cerâmica, escultura e vídeo, cuja temática é o universo “queer” (termo pejorativo para gays), ou seja, o preconceito contra o universo LGBT.
O MBL, grupo identificado com os ideais da direita, acusou de a exposição promover blasfêmia e pedofilia.
2,3 milhões seguem sua página do Facebook , como o ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão.
Fez campanha pesada nas redes sociais.
O curador da mostra, Gaudêncio Fidélis, disse ao Zero Hora:
“Eu não fui consultado em nenhum momento sobre isso e ninguém do Santander entrou em contato comigo ainda. Sou absolutamente contra o fechamento”.
Para o site Jornal Livre, “após pressão popular, Santander volta atrás e encerra bizarra mostra”.
Massa Marcelo (https://www.facebook.com/massa.marcelo.94) escreveu no comentário do site acima: “essa merda de viadismo já tá enchendo o saco, porque a maioria tem que aguentar essa minoria barulhenta de viados”.
Os extremos se encontram.
Uns garotos brasileiros conservadores e de direita imitam a Rússia e Cuba, que não exemplo de tolerância a homossexuais.
September 6, 2017
Não falta assunto para Narcos
Pablo se foi.
Morto só, traído, num telhado comum, fuzilado por um traidor.
Mas a Guerra conta as Drogas está longe de terminar.
E Narcos, série da Netflix, também.
Sai Pablo Escobar e o grande Wagner Moura (daqueles atores que não representam, recriam e acrescentam).
Sai o vilão dúbio, cativante, assassino que queria se dar bem e ser da classe alta, amado por seus vizinhos, um narcotraficante populista que se dedica à família.
Entram quatro vilões, o Cartel de Cali, mais ambiciosos, mais capitalistas, que renegam a violência, em troca da lista de corrupção.
A trilha da abertura é a mesma, a salsa está lá, a notória beleza das colombianas faz presente, as imagens de arquivo da realidade se misturam à ficção, em dez episódios.
A trama continua a ser conduzida pelo agente do DEA, Javier Peña (Pedro Pascal, que minha mulher acha o maior gato).
Cali é o cenário.
Os inimigos são muitos.
A Colômbia vive uma baderna institucional: um governo corrupto, financiado por carteis, uma polícia corrupta, que trabalha para os carteis, guerrilheiros da FARC, parceiros dos carteis, milícias privadas, parceiras da CIA, americanos de mãos atadas, companhias telefônicas controladas por carteis, mexicanos que desovam a droga nos EUA para os carteis, um Exército submisso a corruptos, com dois oficiais honestos, e uma solitária agência, DEA, de poucos recursos.
A guerra está vencida, a própria CIA admite, mas eles não desistem.
A série perdeu seu grande protagonista, Pablo Escobar (que gerou novela, outras séries e filmes).
Mas a trama continua fascinante.
Os bilhões da cocaína continuam a jorrar.
As contradições de um Continente refém do passado colonial, do crime e da corrupção, atravancam o futuro.
Trama sem fim: logo, nas próximas temporadas, pode entrar a FARC no tráfico, aliada aos sequestros, Hugo Chavez, e depois o México com seus carteis.
Até o Brasil e as organizações criminosas daqui podem ser tema de uma temporada.
Não falta assunto.
September 4, 2017
Vamos falar de Darcy Ribeiro
Houve um momento em que o pensamento acadêmico e sociológico regeu o Brasil.
E que o Brasil de frente pro mar olhou para seu vasto continente.
O Largo São Francisco (USP) abre um dia, 12 de setembro, terça-feira, para debruçarmos sobre a obra e vida daquele que tirou o Brasil profundo da figuração.
E o amou como poucos.
Viu a educação como a única saída.
Entrou para a política.
UnB, CIEPs, Museu do Índio, e Memorial da AL são algumas de suas obras.
Amar o Brasil é a primeira mesa, que abre às 9h o evento coordenado pelo professor Alessandro Octaviani.
Eduardo Suplicy, com cineasta Isa Grinspum e Rosa Freire, é um dos que contarão como era conviver com ele.
Darcy na Política será abordado por um colega do ministério Jango, Almino Afonso, e pelo senador Cristovam Buarque, que como Darcy esteve à frente do MEC.
Darcy Educador será abordado por Juca Kfoury, Luiz Felipe de Alencastro, que era um jovem estudante em Brasília em 1964.
O Índio do Brasil é a mesa comandada por Dalmo Dallari, o cineasta Zelito Viana, e o cacique Aritana (Yawalapiti).
João Pedro Stadeli, do MST , e Gilberto Bercovici, da faculdade, enceram para falar do legado de Darcy, O Inventor do Brasil.
Tudo no Auditório do Primeiro Andar da Faculdade de Direito da USP.
August 31, 2017
Estupro impune
Mais um estupro que não foi estupro.
Por vezes, o Judiciário interpreta a lei de uma forma que, na essência, justiça não é realizada.
As palavras são analisadas, ganham mais poder do que os atos.
O passageiro Diego Ferreira de Novais, de 27 anos, durante o dia, tirou o pênis para fora e se masturbou na frente de uma menina sentada.
Quando o mesmo trafegava na Avenida Paulista, ejaculou nela.
Várias vezes o elemento praticou o abuso. Várias vezes foi preso e solto.
É crime?
Para o juiz José Eugenio do Amaral Souza Neto, não houve “constrangimento, tampouco violência ou grave ameaça”.
O motorista do ônibus estacionou, chamou a polícia, enquanto a menina, atordoada e aos prantos, ficou sentada na calçada. Chamaram a sua família. Foi fazer um BO.
O que, para ela, para seu futuro, representará tal agressão?
Marcas ficarão para sempre; basta ler inúmeros relatos de assédio traumáticos, antes secretos, que recentemente emergiram nas redes sociais.
Para o juiz, que liberou o réu, não houve constrangimento.
Tomou a missão de interpretar a lei com a prepotência de um sábio:
“O crime de estupro tem como núcleo típico constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso. Entendo que não houve o constrangimento, tampouco violência ou grave ameaça, pois a vítima estava sentada em um banco do ônibus, quando foi surpreendida pela ejaculação.”
Releia. Não houve violência. Não houve constrangimento.
Não?
Como se define violência ou constrangimento?
Em seguida, contradisse.
“O ato praticado pelo indiciado é bastante grave, já que se masturbou e ejaculou em um ônibus cheio, em cima de uma passageira, que ficou, logicamente, bastante nervosa e traumatizada”.
Para ele, bastante traumatizada não é constrangimento.
Traumatizar não é ameaça, nem ato violento.
Que mensagem é passada ao motorista do ônibus, que estacionou o veículo e segurou o suspeito, aos passageiros que se revoltaram e se solidarizaram, aos policiais chamados, que levaram o acusado para a delegacia, a todos nós?
Que masturbar e ejacular numa garota é contravenção.
Que está liberada a masturbação no transporte público; não dá cana.
Nem para o busão, nem chama a polícia. Segue, motorista… Alguém limpa a menina.
O crime agradece, Excelência.
No dia seguinte, outra mulher sofreu abuso em outro ônibus, na mesma Avenida Paulista, e outro réu foi à delegacia, graças também à intervenção do motorista.
Até a magistratura deixar de interpretar e passar a fazer justiça.
Entende-se a gana da população que, lamentavelmente, queria linchá-lo ali mesmo na Avenida Paulista.
Sabia que não dava para contar com nosso expendioso sistema judiciário.
August 30, 2017
Festa do novo cinema italiano
Eco.
Não é festival, mostra, é aquilo que eles mais sabem fazer: festa.
Organizada pela Associação Il Sorpasso (que distribuí o cinema italiano), rola em Portugal, Brasil, Angola e Moçambique.
E tem parceria da Mottironi Editore, Embaixada da Itália em Brasília, Institutos Italianos de Cultura de São Paulo e Rio de Janeiro, Cinecittà Luce, Ministério da Cultura Italiana e do Anica.
A 8 ½ Festa do Cinema Italiano acontece em cinemas da rede Itaú em sete capitais: São Paulo, Rio, Brasília, Recife, Salvador, Curitiba, Belo horizonte e Porto Alegre.
É a chance de ver o novo cinema italiano, produzidos em 2016-17.
Legendado.
Como:
Mais no site
http://www.festadocinemaitaliano.com.br/
Em SP e DF, começa amanhã, 31 de agosto, e vai até 6 de setembro de 2017.
Confira a Programação em São Paulo (Itaú de Cinema Augusta)
PROGRAMA:
31 AGOSTO Quinta-feira
19h ALGO DE NOVO
21h30 EM GUERRA POR AMOR
1 SETEMBRO Sexta-feira
19h PARO QUANDO QUERO – MASTERCLASS
21h30 O FANTASMA DA SICÍLIA
2 SETEMBRO Sábado
19h HISTÓRIAS DE AMOR QUE NÃO PERTENCEM A ESTE MUNDO
21h30 L’ORA LEGALE (A hora Oficial)
3 SETEMBRO Domingo
19h LASCIATI ANDARE (Deixa Rolar)
21h30 ALGO DE NOVO
4 SETEMBRO Segunda-feira
19h O FANTASMA DA SICÍLIA
21h30 PARO QUANDO QUERO – MASTERCLASS
5 SETEMBRO Terça-feira
19h EM GUERRA POR AMOR
21h30 HISTÓRIAS DE AMOR QUE NÃO PERTENCEM A ESTE MUNDO
6 SETEMBRO Quarta-feira
19h L’ORA LEGALE (A hora Oficial)
21h30 LASCIATI ANDARE (Deixa Rolar)
INGRESSOS
Preço único para todas as sessões:
R$ 20 (inteira)
R$ 10 (meia/estudante)
August 28, 2017
Game of Thrones vira novelão
Ao se popularizar (ou pretender se), a séria mais cara e comentada da história, Game of Thrones, ganhou contornos de telenovela.
Se, no começo, a ousadia dramática era a marca, com incesto, mortes surpreendentes de protagonistas, uma trama intrincada que obrigava o espectador a fazer anotações (ou a consultar parentes adolescentes e com memória fresca), terminou ontem a temporada com os recursos mais utilizados por autores de novela:
O casal de jovens e lindos protagonistas, herdeiros do trono, fica no final.
O vilão é morto, num julgamento com reviravolta.
Quem é filho de quem descobre-se de outrem.
A vilã acaba sozinha, abandonada pelo único que a amava.
Uma gravidez pode ser uma mentirinha.
Se a antes, todos eram vilões e heróis, numa trama dialética de personagens esféricos, complexos, em que um carregava o que tem de melhor e pior num ser humano, agora o vilão ficou plano: reconhece seus erros pede desculpas por eles.
Sem contar que o sexo, antes descarado, com ligeira dose de violência, ficou pasteurizado, fofo, apaixonado, sob luz baixa, que dá para passar às 22h.
É uma saída para a audiência da HBO, que enfrenta a concorrência pesada do streaming, bombar.
A série continua espetacular.
Sem a mesma ousadia (coragem) dramática.
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