M. Barreto Condado's Blog, page 8

September 2, 2019

September 1, 2019

In "FAMÍLIA IDEAL - QUEM SOMOS - DIA DOIS", de MBarreto Condado


Dia Dois
O nosso núcleo familiar pode ser grande ou pequeno. Aberto ou fechado. Aquilo que quisermos, porque na realidade somos todas diferentes. E, é fantástico que assim seja!
Não importa se somos altas, baixas, gordas, magras, se temos os olhos claros ou escuros, se o nosso cabelo é longo ou curto, encaracolado ou liso, introvertidas ou extrovertidas, bem-dispostas ou azedas. Todas as nossas diferenças deixam de ter significado quando conseguimos reconhecer as nossas fraquezas, defeitos, qualidades, mas acima de tudo quando nos mantivermos fiéis aos princípios que nos foram sendo incutidos desde o nosso crescimento. Porque mais tarde ou mais cedo seremos chamadas a prestar contas sobre os nossos actos.
Se relevamos o que nos incomoda, ignorando comentários sussurrados, olhares de soslaio é a nossa forma de mostrar que medrámos. Se conseguirmos ver nas imperfeições de quem nos rodeia as nossas próprias e as tentarmos mudar, tornando-nos naquilo que quem nos moldou espera de nós. Com cada queda que damos voltamos a erguer-nos tornando-nos fundamentalmente na pessoa que desejamos ser.
Não somos santas, não tentamos atingir a máxima perfeição. Mas fazemos tudo o que está ao nosso alcance para sermos felizes e, acima de tudo corresponder às espectativas de quem nos moldou à sua imagem.
Quase sempre falhamos nos nossos intentos, mas nunca desistimos.
Uma coisa é certa cada uma tem a sua vida e faz as suas opções, as mesmas com as quais terá que viver.
Ninguém pode nem deve tentar viver a vida dos outros, numa derradeira tentativa de colmatar falhas na sua própria vida.
Devemos viver de cabeça erguida sem nunca olhar para trás. Afinal, não caminhamos nessa direcção.
Somos educadas a acreditar que conseguimos quebrar barreiras, ser felizes, realizadas. Mas a vida tem sempre um percurso diferente daquele que escolheram para nós e, no qual nos fizeram acreditar quando somos confrontadas com a fria realidade.
Afinal, nem tudo o que parece, é!
A família ideal é o início e o fim do percurso das mulheres de uma família que não é a ideal. Mas alguma será?
Educadas sob os mesmos princípios, esta será uma tentativa de reencontro de cada uma consigo mesma. Uma revelação das suas verdadeiras personalidades.
Deixando para já no ar algumas questões pendentes. Terão sido as suas decisões as mais acertadas? O que as move? O que mais temem? O que mais desejam? O que odeiam? O que gostariam de poder apagar? O que ainda desejam fazer?
Somos o resultado da nossa educação, do ambiente em que fomos criadas, dos vizinhos, dos amigos, das nossas boas ou más decisões.
E o que começa como amor verdadeiro quase sempre se transforma, transformando-nos.
Porém, a vida não pára e o que hoje parece garantido, pode sem nos apercebermos dar uma volta de trezentos e sessenta graus. Quando menos esperamos toda a prepotência, arrogância, estupidez pela qual nos deixámos guiar nos melhores anos da nossa vida, vem provar-nos que estávamos enganadas.
E será numa derradeira tentativa de colocarmos a cabeça à tona de água que nos aperceberemos de quem vem em nosso auxílio e quem nos empurra para o fundo.
Várias gerações nos antecederam, outras tantas nos sucederão e, a única certeza que temos é que deixamos o nosso legado aos nossos filhos esperando que o respeitem e sigam. Apesar de não o termos feito quando o nosso nos foi delegado.
Não pensem os homens que são os únicos a desconhecer a verdadeira natureza de uma mulher. Somos um livro em branco no qual vamos imprimindo a nossa história, rasuramos e escrevemos por cima, amachucamos, rasgamos. A nossa perfeição vive em união com a nossa imperfeição, somos de humores. Mas, naquilo que vos quisermos mostrar se prestarem atenção e nos derem algum do vosso tempo perceberão que tal como vocês andamos perdidas até nos encontrarmos.
O nosso núcleo familiar pode ser grande ou pequeno. Aberto ou fechado. Aquilo que quisermos, porque na realidade somos todos diferentes. E, é fantástico que assim seja!
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Published on September 01, 2019 01:00

August 31, 2019

In "FAMÍLIA IDEAL - DIA UM", de MBarreto Condado


Dia Um
Todas as famílias têm os seus esqueletos. Estejam eles escondidos nos armários, esquecidos nos fundos falsos de velhas caixas. Fotografias que não passam de borrões. Um velho trapo, que se desfaz ao mínimo toque, mas que relembra um momento. Uma folha ressequida, de um passeio especial num parque de cujo nome já não nos lembramos e, que ainda marca a página de um livro.
Recortes de revistas, de jornais. Areia da praia. Uma concha do mar. Uma pedra em forma de coração…. Porém, no fundo, todos, sem excepção, guardamos no único lugar seguro os nossos maiores segredos. Aqueles sobre os quais nunca falamos, seja por vergonha, receio ou simplesmente por serem só nossos. Guardamo-los em nós, algo que aprendemos a fazer em família!
Afinal a nossa família é a ideal.
Ensinaram-nos a acreditar, na Fada dos Dentes, no Pai Natal, no Menino Jesus, no Coelhinho da Páscoa. Em tudo que nos dizem! Porque afinal o que sabemos nós?
Infelizmente crescemos e os sonhos esbatem-se.
A Fada dos Dentes, passa a ser uma moeda debaixo da almofada. A impossibilidade de o Pai Natal descer com o seu saco através de um exaustor é notória. O menino Jesus acaba substituído por cuecas, meias e brinquedos em demasia e totalmente desnecessários. E pior do que não conseguir pôr ovos é o facto do Coelhinho da Páscoa não ser realmente de chocolate.
A nossa família ideal perde a sua credibilidade para as evidências, para os obstáculos diários com que nos confrontamos.
Chega o momento de lidarmos com o que temos e, alterarmos o que não gostamos.
Para os mais afortunados essa mudança começa cedo, para os mais distraídos acabará por chegar eventualmente.
Os nossos pais são os nossos heróis, os nossos avós as pessoas mais sábias, os nossos tios quem nos ampara quando os outros não estão presentes, os nossos primos são irmãos. Todos que nos rodeiam são família ainda que muitas das vezes não o sejam.
Dependemos deles quase tanto como do ar que respiramos, até ao dia em que crescemos e cada um como que por magia ganha uma nova personalidade. Tornamo-nos do dia para a noite em desconhecidos. É verdade que partilhamos o mesmo ADN, que fomos educados dentro dos mesmos princípios. Somos família e ao mesmo tempo não somos! As brincadeiras, as histórias, as festas que partilhávamos passam a ser momentos de tortura, como se um disco riscado continuasse a insistir na mesma nota. Mas, é no momento em que perdemos a base da nossa sustentação que mostramos a nossa verdadeira natureza.
Os avós partem deixando alguns dos seus segredos, conseguindo esconder a maioria por não terem quem os conheça e possa falar deles.
Os pais que aos nossos olhos eram perfeitos, demonstram as suas fragilidades.
Os tios simplesmente se afastam.
A maior parte dos primos passam de irmãos a filhos da …
É quando decidimos ter chegado o momento de mudar, criarmos as nossas próprias famílias numa derradeira tentativa de recriar os laços perdidos. Não desapontar quem ainda acredita em nós. Não importam os motivos, pode ser por amor, interesse, loucura, medo de ficar sós. Por tudo e por nada.
Se serão famílias ideais? Talvez seja pedir de mais!
Nos momentos em que julgamos já não ser possível voltar a acreditar, alguns conseguem encontrar esse elo, porém, os outros continuam manifestamente a procurar a tal família.
Criamos novas uniões, mas na realidade, não voltamos a acreditar em quem fomos ou no que nos unia. Toda a nossa postura muda. Com a idade tornamo-nos cépticos, irascíveis, individualistas, superiores, fingidos, orgulhosos, mostramos a nossa verdadeira face. Mas acima de tudo afastamo-nos cada vez mais uns dos outros até sermos meros desconhecidos.
Sem nunca desistirmos tentamos à nossa maneira construir o nosso caminho, pedra sobre pedra.A família ideal passamos a ser nós, a sós ou acompanhados. Afinal quem melhor conhece as nossas necessidades, do que nós próprios?
Contudo, continuamos a questionar principalmente os nossos pais. A descobrir, a saber o que fazem, como o fazem, a ser bombardeados com informações sobre as quais dávamos tudo para não ter conhecimento.
A família ideal continua a ter os seus esqueletos. Já não estão escondidos, mas à vista de todos. Em bilhetes deixados propositadamente para serem lidos. Em fotografias rasgadas. Deitam-se fora as roupas velhas e compram-se novas. Pisamos as folhas ressequidas. Já não lemos, andamos demasiado ocupados com os telemóveis. Reciclamos revistas e jornais. Odiamos a areia da praia que se entranha nos fatos de banho. Esmagamos as conchas do mar ao caminhar. Atiramos as pedras para a água sem nos apercebermos que ainda mantêm a forma de coração….

In "Letras Em Movimento", de MBarreto Condado
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Published on August 31, 2019 01:00

August 30, 2019

Excelente Sexta-Feira

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Published on August 30, 2019 01:00

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