Joel Neto's Blog, page 88

July 2, 2012

O mundo todo no lugar certo (outra vez)


Ainda o campeonato não começou e já Luís Filipe Vieira promete resistir a todas as provocações, “venham elas de onde vierem”. Isto apenas na véspera de o homem que na última época declarou inimigo público número um apitar a final do Europeu de futebol (e depois, aliás, de já ter apitado a final da Liga dos Campeões). A guerra vai regressar. Se querem que vos diga, e após até as televisões terem desvalorizado a liga portuguesa, não deixa de ser consolador percebê-lo./O JOGO

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Published on July 02, 2012 04:43

O Platini não leva lições de sanhora Merkel nem de mais ninguém


Platini pode ter muitos defeitos. O facto é que a sua UEFA, tal como de resto a UEFA do seu antecessor, Lennart Johansson, tem feito mais pela integração europeia do que dois terços dos políticos europeus (e até dos eurocratas propriamente ditos). A ideia de um Campeonato da Europa a disputar em “12 ou 13 países”, como defendeu este fim de semana o francês, é um pequeno oásis europeísta num ano absolutamente negro para a UE. De resto, e se se pode organizar um Europeu distribuído pelo Velho Continente todo, porque não pode esta auto-proclamada união deixar de ser uma mera confederação e passar a ser uma união mesmo?/O JOGO

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Published on July 02, 2012 04:37

As possibilidades de um maranho


O Lavrador, da Albergaria Dom Dinis, em Vila de Rei, não é apenas um salão de festas de casamento: é uma pequena pérola da gastronomia portuguesa e um marco incontornável da gastronomia beirã.


De Vila de Rei costuma dizer-se que é o centro geodésico do país, e depois raramente se diz mais alguma coisa. Dali se avista, em dias limpos, a própria Serra da Estrela, o que talvez demonstre o essencial. Situada a 20 km de Abrantes e a outro tanto da Sertã, na confluência entre o Norte do Ribatejo e o início das Beiras, Vila de Rei é oficialmente o sítio mais próximo de todos os pontos de Portugal continental combinados, mas ao mesmo tempo parece ficar longe de tudo. Na verdade, podia situar-se a meio nossa Route 66, se um dia tivéssemos tido uma, o que provavelmente explicará a conversão do seu mais famoso nativo, José Cardoso Pires, à narrativa cinematográfica. Mas, em todo o caso, seria ponto de paragem.


Até por causa d’O Lavrador, da Albergaria Dom Dinis, o lugar encantado onde durante anos Carlos Marçal recebeu os bons garfos da região (e não só) e Jorge Nunes se ocupa hoje de preservar o legado do mestre. Chegamos já com a tarde adiantada e pedimos maranhos. Maranhos e bucho recheado. À nossa volta, o sábado espraia-se no horizonte, como se o verão se espreguiçasse. Através das vidraças continua a chegar-nos esse Portugal on the road: um camião e depois silêncio, um silvo de harmónica no horizonte, uma rajada arrastando uma espiga. E nós, naturalmente, queremos maranhos e bucho, porque nenhum cowboy alguma vez pediu um copo de leite.


Haveremos de provar ainda os enchidos, belíssimos, a que aliás a vila dedica uma feira. E experimentaremos também a vitela estufada, igualmente excelente, e um bife com um certo molho de pimenta cuja fórmula tentarei ao longo de toda a refeição reconstituir, mas esbarrando uma vez e outra numa certa nota final adocicada que parece evocar uma memória especial, mas reprimida. Ou então foi o Pequeno João 2007, Herdade da Malhadinha Nova, o delicado tinto em que caldeamos tudo aquilo. Há coisas que o palato gosta de sublimar, sobretudo depois de se apropriar delas.


Mas nada, ainda assim, que conseguisse equivaler-se aos dois principais pratos beirões da casa, em particular os maranhos (também chamados, noutros pontos do Pinhal Interior Sul, de molhinhos), pelo simples facto de que se trata de uma das especialidades mais inventivas da culinária lusa, uma odisseia de cambiantes onde a carne de cabra e o arroz e a hortelã se revezam ao volante para uma viagem de sentidos a que só talvez o ouvido seja poupado. Uma receita que começa com a dissecação de um estômago e a sua reconstrução plástica, com agulha e linha – há ou não nisto uma metáfora para um tempo?


Partimos satisfeitos, apenas por cerimónia evitando o palito ao canto da boca – e depois eu, que apesar de tudo nunca me dispenso de pelo menos um momento de incivilidade por refeição, afasto-me para fumar. E, enquanto fumo, desfilam à minha frente os nomes: sopa de peixe, cabrito estonado, achigã do Zêzere, cabeça de garoupa – uma sucessão de poemas, épicos de um só verso a que ainda me apetece voltar. Provavelmente fora da simplicidade da casa, daquele seu ar de salão de festas de casamento (que, aliás, também é). Ou da companhia intimista, do jardim que nos aguardava, da modorra em que haveríamos de passar o resto da tarde. A refeição perfeita, já aqui o escrevi, é uma alquimia indecifrável. O melhor é desistir de compreender-lhe as combinações.


 


RESTAURANTE O LAVRADOR


Albergaria D. Dinis, Rua Doutor Eduardo Castro, 6110-218 Vila de Rei


Tel: 274898066


Cozinha tradicional portuguesa. Vinho a copo. Estilo/atmosfera: familiar/formal. Não fumadores. Reserva aconselhável. Aberto das 12:00 às 23:00. Fecha às quartas-feiras. Preço médio: € 18


O LUGAR

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Redondezas {#emotions_dlg.star}{#emotions_dlg.star}


Vista {#emotions_dlg.star}


Decoração {#emotions_dlg.star}{#emotions_dlg.star}{#emotions_dlg.star}


O SERVIÇO

Atmosfera {#emotions_dlg.star}{#emotions_dlg.star}{#emotions_dlg.star}


Know-how {#emotions_dlg.star}{#emotions_dlg.star}{#emotions_dlg.star}{#emotions_dlg.star}


Carta de vinhos {#emotions_dlg.star}{#emotions_dlg.star}{#emotions_dlg.star}{#emotions_dlg.star}


Aperitivos e digestivos {#emotions_dlg.star}{#emotions_dlg.star}{#emotions_dlg.star}


A COMIDA

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Quantidade {#emotions_dlg.star}{#emotions_dlg.star}{#emotions_dlg.star}{#emotions_dlg.star}


Qualidade/preço {#emotions_dlg.star}{#emotions_dlg.star}{#emotions_dlg.star}{#emotions_dlg.star}


Crónica gastronómica ("Restaurantes"), Notícias Magazine, 2 de Julho de 2012

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Published on July 02, 2012 04:24

Três blogs de culinária a descobrir

O da Elvira, um pequeno prodígio de multiculturalismo, de bom gosto e, já agora, de paixão pela ilha Terceira, onde a autora se instalou "para a vida" apesar de não ter qualquer ligação prévia à terra;


 


o da Patrícia, elegância pura, dos pratos propriamente ditos à maneira como são fotografados, passando pela preocupação de perceber as origens das tradições;


 


e o da Diana, adepta da cozinha e da vida criativas, inventora (entre outras iguarias) da geleia de massa de malagueta e de uma certa maneira de encontrar a beleza num paraíso perdido.

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Published on July 02, 2012 04:13

July 1, 2012

TERRA CHÃ, 1 DE JULHO DE 2012


Jantar em casa do Lídia e do Luciano. Como só a Lídia e o Luciano sabem fazer: longo, diversificado, com experiências trazidas das trocas e das aprendizagens com os amigos, absolutamente terno. Os afectos não se escolhem: acontecem – e então, nos dias sublimes, em que se está na companhia de sublimes, num lugar sublime, rodeado de cheiros sublimes, com uma disposição sublime, liberta-se a flor.  Pequenos milagres. Este começou com uma extraordinária geleia de massa de malagueta, produto  de uma certa Diana Pereira que não tardarei a adicionar no FaceBook, de resto por puro interesse (é o mínimo que podemos esperar uns dos outros, que tenham interesse em nós).



A seguir, um estupendo feijão assado (a Lídia chama-lhe feijoada, mas eu acho que o seu feijão merece ser reconhecido como um pouco mais do que isso). E, para finalizar, qual pièce de résistance, uma modesta (chama-lhe ela também) alcatra terceirense feita em forno de lenha. Perfeita, claro – como perfeitos os precedentes. Conversou-se com abundância e bebeu-se das inevitáveis aguardentes do Luciano. O tio Vieira insistiu em que eu passasse lá por  casa, a apanhar uns repolhos. O João e a Elvira contaram-nos por que decidiram trocar Paris pela Terceira, mesmo não tendo qualquer relação prévia com os Açores. A Cecília tornou a ser a adolescente paradoxalmente encantadora que sempre é. Cheirava a madeira queimada e a especiarias – e, cá fora, a lua cheia derramava-se suavemente sobre o mar, para além de São Bartolomeu dos Regatos, para além do Pesqueiro, para além do mundo tangível. No fim, o João e o Luciano trocaram um saco de alfaces por um saco de batatas. E eu tive inveja daquela troca como de poucas coisas na vida. A cada semana que passa, a cada mês, a cada ano – de cada vez que paro e, irreflectidamente, me permito pensar nisso, é um pouco mais difícil voltar para uma grande cidade.

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Published on July 01, 2012 18:34

June 30, 2012

TERRA CHÃ, 30 DE JUNHO DE 2012

Adicionei hoje um jacarandá e uma acácia ao jardim da Terra Chã. Corrijo: plantei hoje um jacarandá e uma acácia na Terra Chã. Com os faias crescidas, a recuperação dos fundos concluída e os canteiros em velocidade de cruzeiro – o que numa freguesia rural açoriana quer dizer bonitos, mas rústicos, de alguma maneira inacabados –, chegou a hora de tratar das sombras. A araucária, oferecida pelo Manuel Morgado, já aí estava, crescendo. O plátano, que receberá os visitantes junto à porta principal, fora plantado no ano passado pelo José Gabriel. Agora, acrescentei-lhe duas árvores de flores coloridas: um jacarandá, que pretendo um pedacinho de Lisboa aqui em casa, e uma acácia, que espero me permita em breve dispensar o guarda-sol. E, no entanto, foi com uma nostalgia inquieta – todas as nostalgias são inquietas? – que as plantámos, eu e o Chico. Não é totalmente boçal, ao contrário do que às vezes nos parece, a ideia de que fazer um filho, escrever um livro e plantar uma árvore constituem as três grandes realizações do homem concretizado, uma espécie de santíssima trindade para um mínimo de história pessoal (ou talvez algum tipo de rito de passagem em direcção a ela). Os filhos, os livros e as árvores são aquilo que nos sobrevive. Mais do que aquilo que legamos: são aquilo que amamos e, no entanto, viverá depois de nós. Aquilo que não veremos crescer. Aquilo que não veremos tornar-se velho. Aquilo de que, no fundo, não teremos memória. Aquilo que, pelo contrário, terá memória de nós. Aquilo que na verdade decidirá sobre a memória de nós. O problema é sempre a memória. E, se não há nisto uma vertigem, então eu não sei onde a possa haver.

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Published on June 30, 2012 14:05

Jardim da Terra Chã


Perspectiva.


Jacarandá.


Acácia.


Castanheiro.


Jacarandá e acácia.



Rosas.



Ficus.


Araucária.


Cedro.


 


Plátano.


 


Escritório.
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Published on June 30, 2012 13:07

June 29, 2012

100 razões para pisar o verde IV (para V.F.)


Blair O'Neal

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Published on June 29, 2012 16:27

(Alguns dos) Lugares de "Os Sítios Sem Resposta", em São Bartolomeu dos Regatos

* a casa de Maria Carminda, infelizmente, já não existe.


 






 


 


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Published on June 29, 2012 11:03