Rodrigo Constantino's Blog, page 400
December 15, 2011
Geisel e Lula
Carlos Alberto Sardenberg, O GLOBO
Não foi por acaso que parte da esquerda brasileira encantou-se com a política econômica do presidente Ernesto Geisel, na década de 70. O general, que trazia uma bronca dos americanos, tinha uma visão muito ao gosto da chamada ala desenvolvimentista da América Latina: o Estado comanda as atividades, investindo, financiando, subsidiando, autorizando (ou vetando) os negócios e a atuação de empresas. Mais ainda: com a força das estatais e seus bancos, o governo organiza companhias para atuar em determinadas áreas.
O presidente Geisel, claro, tinha mais poderes do que os governantes da democracia. Todos os setores importantes da economia estavam nas mãos de estatais, de modo que o controle era mais direto. Além disso, havia o AI-5. Quando o presidente dizia a um empresário ou banqueiro o que deveria fazer, a proposta, digamos assim, tinha uma força extra.
Mas Lula arranjou um modo de recuperar o modelo, no que foi apoiado e seguido por Dilma. Geisel, por exemplo, era o dono da Vale. Lula não era, mas pressionou a mineradora, impôs negócios e terminou substituindo o presidente da companhia. Geisel montou as famosas companhias da área petroquímica, tripartites, constituídas por uma empresa estrangeira, uma nacional privada e uma estatal, na base do um terço cada. Aliás, convém notar: não faltaram multinacionais interessadas. O capital não se move por ideologia, mas por... dinheiro. Devia ser um bom negócio entrar num país sem competição, com apoio de um governo local que não devia satisfações ao Legislativo, ao Judiciário ou à imprensa.
Do mesmo modo, as multinacionais do petróleo, hoje, vão topar (ou não) o novo modelo de exploração do pré-sal não por motivos políticos, mas pela possibilidade de ganhar (ou não) dinheiro.
Lula, no regime democrático, substituiu o AI-5 pela ampla base partidária, cooptada e/ou comprada com vantagens e cargos. Na economia, sobraram instrumentos poderosos, como os bancos públicos, especialmente o braço armado de empréstimos especiais do BNDES. Além disso, em um país de carga tributária tão elevada, qualquer redução dá uma vantagem enorme ao setor escolhido. O governo Lula-Dilma usa e abusa desse recurso.
Geisel ampliou a ação da Petrobras, levando-a à petroquímica, ao comércio externo e ao varejo dos postos de gasolina. O presidente Lula também mandou a Petrobras ampliar seus negócios e tratou de devolver à estatal parte do poder que perdera com a lei do petróleo de 1997, colocando-a como dominante no pré-sal.
Geisel tocou grandes obras, grandes projetos. Lula, idem. Não é coincidência que o petista tenha retomado usinas nucleares que constavam do Brasil Potência do general. Geisel tinha outra grande vantagem. Na época, não tinha licença ambiental, não tinha Ministério Público, nem sindicatos, nem juízes, nem ONGs para suspender obras.
Já Lula e Dilma passam o tempo todo tentando driblar esses "estorvos", mas vai tudo mais devagar. Inclusive porque a repartição do governo por critérios partidários retira eficiência da administração, abre espaço para a corrupção.
O governo Geisel deixou uma ampla coleção de cemitérios fiscais e empresariais. Sua presidência beneficiou-se da estabilidade promovida pelas reformas da dupla Bulhões/Roberto Campos, no governo Castello Branco, e de uma conjuntura mundial favorável. Enquanto o Brasil conseguiu financiamento externo, com os bancos internacionais passando para os países em desenvolvimento os petrodólares, a juros baratos, o modelo ficou de pé. Com a crise mundial dos anos 70, com inflação e recessão, consequência da alta dos preços do petróleo, de alimentos e, em seguida, do choque de juros, a fonte secou e o Brasil quebrou.
Resultaram estatais tão grandes quanto ineficientes. E empresas privadas que não resistiam à menor competição. Sem as tetas do governo, simplesmente sumiram, deixando empresários ricos e uma conta para o contribuinte.
Convém pensar nisso quando Lula e Dilma forçam os bancos públicos a ampliarem seus financiamentos. Quando levam a Petrobras e empresas privadas a investimentos provavelmente acima de suas capacidades. Ou quando o governo toca essas obras enormes, como a transposição do Rio São Francisco ou o trem-bala.
Como Geisel, Lula também herdou uma estabilidade construída pela administração anterior e se beneficiou de um ambiente internacional extremamente favorável.
O ambiente internacional está mais hostil. E já são visíveis alguns ossos de esqueletos: obras atrasadas e mais caras, investimentos ficando pelo caminho, indústrias locais protegidas (e ineficientes), gasto público elevado, desequilíbrios econômicos voltando, como a persistente inflação.[image error]
Não foi por acaso que parte da esquerda brasileira encantou-se com a política econômica do presidente Ernesto Geisel, na década de 70. O general, que trazia uma bronca dos americanos, tinha uma visão muito ao gosto da chamada ala desenvolvimentista da América Latina: o Estado comanda as atividades, investindo, financiando, subsidiando, autorizando (ou vetando) os negócios e a atuação de empresas. Mais ainda: com a força das estatais e seus bancos, o governo organiza companhias para atuar em determinadas áreas.
O presidente Geisel, claro, tinha mais poderes do que os governantes da democracia. Todos os setores importantes da economia estavam nas mãos de estatais, de modo que o controle era mais direto. Além disso, havia o AI-5. Quando o presidente dizia a um empresário ou banqueiro o que deveria fazer, a proposta, digamos assim, tinha uma força extra.
Mas Lula arranjou um modo de recuperar o modelo, no que foi apoiado e seguido por Dilma. Geisel, por exemplo, era o dono da Vale. Lula não era, mas pressionou a mineradora, impôs negócios e terminou substituindo o presidente da companhia. Geisel montou as famosas companhias da área petroquímica, tripartites, constituídas por uma empresa estrangeira, uma nacional privada e uma estatal, na base do um terço cada. Aliás, convém notar: não faltaram multinacionais interessadas. O capital não se move por ideologia, mas por... dinheiro. Devia ser um bom negócio entrar num país sem competição, com apoio de um governo local que não devia satisfações ao Legislativo, ao Judiciário ou à imprensa.
Do mesmo modo, as multinacionais do petróleo, hoje, vão topar (ou não) o novo modelo de exploração do pré-sal não por motivos políticos, mas pela possibilidade de ganhar (ou não) dinheiro.
Lula, no regime democrático, substituiu o AI-5 pela ampla base partidária, cooptada e/ou comprada com vantagens e cargos. Na economia, sobraram instrumentos poderosos, como os bancos públicos, especialmente o braço armado de empréstimos especiais do BNDES. Além disso, em um país de carga tributária tão elevada, qualquer redução dá uma vantagem enorme ao setor escolhido. O governo Lula-Dilma usa e abusa desse recurso.
Geisel ampliou a ação da Petrobras, levando-a à petroquímica, ao comércio externo e ao varejo dos postos de gasolina. O presidente Lula também mandou a Petrobras ampliar seus negócios e tratou de devolver à estatal parte do poder que perdera com a lei do petróleo de 1997, colocando-a como dominante no pré-sal.
Geisel tocou grandes obras, grandes projetos. Lula, idem. Não é coincidência que o petista tenha retomado usinas nucleares que constavam do Brasil Potência do general. Geisel tinha outra grande vantagem. Na época, não tinha licença ambiental, não tinha Ministério Público, nem sindicatos, nem juízes, nem ONGs para suspender obras.
Já Lula e Dilma passam o tempo todo tentando driblar esses "estorvos", mas vai tudo mais devagar. Inclusive porque a repartição do governo por critérios partidários retira eficiência da administração, abre espaço para a corrupção.
O governo Geisel deixou uma ampla coleção de cemitérios fiscais e empresariais. Sua presidência beneficiou-se da estabilidade promovida pelas reformas da dupla Bulhões/Roberto Campos, no governo Castello Branco, e de uma conjuntura mundial favorável. Enquanto o Brasil conseguiu financiamento externo, com os bancos internacionais passando para os países em desenvolvimento os petrodólares, a juros baratos, o modelo ficou de pé. Com a crise mundial dos anos 70, com inflação e recessão, consequência da alta dos preços do petróleo, de alimentos e, em seguida, do choque de juros, a fonte secou e o Brasil quebrou.
Resultaram estatais tão grandes quanto ineficientes. E empresas privadas que não resistiam à menor competição. Sem as tetas do governo, simplesmente sumiram, deixando empresários ricos e uma conta para o contribuinte.
Convém pensar nisso quando Lula e Dilma forçam os bancos públicos a ampliarem seus financiamentos. Quando levam a Petrobras e empresas privadas a investimentos provavelmente acima de suas capacidades. Ou quando o governo toca essas obras enormes, como a transposição do Rio São Francisco ou o trem-bala.
Como Geisel, Lula também herdou uma estabilidade construída pela administração anterior e se beneficiou de um ambiente internacional extremamente favorável.
O ambiente internacional está mais hostil. E já são visíveis alguns ossos de esqueletos: obras atrasadas e mais caras, investimentos ficando pelo caminho, indústrias locais protegidas (e ineficientes), gasto público elevado, desequilíbrios econômicos voltando, como a persistente inflação.[image error]
Published on December 15, 2011 04:34
December 13, 2011
O show precisa continuar
Rodrigo Constantino, O GLOBO
Tudo que um governante mais deseja é uma desculpa para aumentar gastos. Quando ela vem embalada por uma teoria econômica, melhor ainda. Eis o que explica a popularidade do "desenvolvimentismo". Ninguém gosta de austeridade quando está no poder.
A economia brasileira ficou estagnada no terceiro trimestre, e deve crescer menos de 3% este ano (o ministro Guido Mantega previa 5,5%). Falta ao país uma dinâmica sustentável de crescimento. Mas, como o governo não faz reformas estruturais que permitiriam um vôo de águia, resta retomar os estímulos artificiais e produzir novo vôo de galinha.
Os "desenvolvimentistas" apontam apenas em uma direção. Nunca se lembram do termo "anticíclico" na era da bonança. É raro ver um deles pregando redução de gastos públicos ou aumento de juros durante os momentos de rápido crescimento e risco inflacionário. Nestas horas eles somem. Quando a economia ameaça esfriar, eles voltam demandando estímulos. O foco é sempre no curto prazo. Como disse o grande guru deles, "no longo prazo estaremos mortos". Esquecem que hoje é o longo prazo de alguns anos atrás.
O governo Dilma já anunciou novos pacotes de estímulos e mais aporte de capital nos bancos públicos. Onde foram parar aqueles "cortes" prometidos de R$50 bilhões nos gastos públicos? E a redução dos empréstimos do BNDES? A "Bolsa-Empresário", ao contrário, vai receber mais recursos! O problema é que cada novo estímulo produz mais inflação que crescimento. O resultado pode ser a conhecida estagflação.
O governo brasileiro parece mirar no modelo chinês, mas ignora diferenças cruciais. A China pratica a maior arbitragem de mão de obra da história, mergulhando tardiamente em sua revolução industrial, com um exército de chineses dispostos a trabalhar 18 horas diárias por salários pífios. O investimento passa de 40% do PIB, mais que o dobro do Brasil.
Mesmo assim, há claros sinais de esgotamento do modelo chinês. A inflação incomoda e houve péssima alocação de capital, pois as decisões são políticas, com desrespeito ao livre mercado. O governo realizou um gigantesco programa de estímulo após a crise de 2008, mas a conta chegou. Será inviável continuar crescendo 10% ao ano. A desaceleração chinesa vai gerar impactos negativos em nossa economia, dependente da exportação de recursos naturais.
O modelo mais parecido com o nosso pode ser, na verdade, o argentino, com acelerada inflação, controle estatal crescente e perda gradual de competitividade. O governo populista de Kirchner tenta quebrar o termômetro em vez de consertar os rumos da economia. O IBGE de lá, que calcula a inflação, foi politizado e perdeu totalmente sua credibilidade. Ainda não estamos nesse estágio. Mas quem garante que o governo, no desespero de salvar o crescimento imediato a qualquer custo, não vai seguir esta trilha? O risco claramente existe.
A conta das políticas "desenvolvimentistas" vai chegar cedo ou tarde, com juros. Enfrentar a dura realidade não será tarefa fácil. O crescimento sustentável depende de investimentos em capital físico e humano, além de um ambiente favorável aos negócios. Tudo aquilo que nos falta. O governo brasileiro expande o crédito público, reduz os juros na marra, sobe o salário mínimo por decreto, arrecada imposto demais, e gasta muito mal. Trata-se claramente de um modelo insustentável, com foco demasiado no curto prazo.
A economia brasileira ganhou na loteria chinesa e está gastando por conta, hipotecando seu futuro. Parece uma cigarra irresponsável, acreditando que o verão será eterno. Mas o inverno inexoravelmente chegará. O governo não tem como impedir este fato com mais estímulos. Isso pode apenas postergar um pouco o encontro com a realidade. Em contrapartida, aumentará o sofrimento futuro também. Não existe almoço grátis.
O "desenvolvimentismo" nunca conseguiu produzir prosperidade de forma sustentável. Ele ignora as verdadeiras causas da riqueza das nações. Ao focar somente no curto prazo, e ao depositar uma fé ingênua na capacidade do governo de atuar como locomotiva da economia, a cartilha "desenvolvimentista" estará sempre fadada ao fracasso. Não será diferente desta vez.
O Brasil pode estar na moda. Mas moda passa. Melhor aproveitar enquanto a festa continua, pois depois virá a ressaca e não vai adiantar culpar o "mercado" (vide a Europa). As sementes da próxima crise foram plantadas pelo próprio governo. Mas quem liga? O show precisa continuar. Afinal, vem eleição aí...[image error]
Tudo que um governante mais deseja é uma desculpa para aumentar gastos. Quando ela vem embalada por uma teoria econômica, melhor ainda. Eis o que explica a popularidade do "desenvolvimentismo". Ninguém gosta de austeridade quando está no poder.
A economia brasileira ficou estagnada no terceiro trimestre, e deve crescer menos de 3% este ano (o ministro Guido Mantega previa 5,5%). Falta ao país uma dinâmica sustentável de crescimento. Mas, como o governo não faz reformas estruturais que permitiriam um vôo de águia, resta retomar os estímulos artificiais e produzir novo vôo de galinha.
Os "desenvolvimentistas" apontam apenas em uma direção. Nunca se lembram do termo "anticíclico" na era da bonança. É raro ver um deles pregando redução de gastos públicos ou aumento de juros durante os momentos de rápido crescimento e risco inflacionário. Nestas horas eles somem. Quando a economia ameaça esfriar, eles voltam demandando estímulos. O foco é sempre no curto prazo. Como disse o grande guru deles, "no longo prazo estaremos mortos". Esquecem que hoje é o longo prazo de alguns anos atrás.
O governo Dilma já anunciou novos pacotes de estímulos e mais aporte de capital nos bancos públicos. Onde foram parar aqueles "cortes" prometidos de R$50 bilhões nos gastos públicos? E a redução dos empréstimos do BNDES? A "Bolsa-Empresário", ao contrário, vai receber mais recursos! O problema é que cada novo estímulo produz mais inflação que crescimento. O resultado pode ser a conhecida estagflação.
O governo brasileiro parece mirar no modelo chinês, mas ignora diferenças cruciais. A China pratica a maior arbitragem de mão de obra da história, mergulhando tardiamente em sua revolução industrial, com um exército de chineses dispostos a trabalhar 18 horas diárias por salários pífios. O investimento passa de 40% do PIB, mais que o dobro do Brasil.
Mesmo assim, há claros sinais de esgotamento do modelo chinês. A inflação incomoda e houve péssima alocação de capital, pois as decisões são políticas, com desrespeito ao livre mercado. O governo realizou um gigantesco programa de estímulo após a crise de 2008, mas a conta chegou. Será inviável continuar crescendo 10% ao ano. A desaceleração chinesa vai gerar impactos negativos em nossa economia, dependente da exportação de recursos naturais.
O modelo mais parecido com o nosso pode ser, na verdade, o argentino, com acelerada inflação, controle estatal crescente e perda gradual de competitividade. O governo populista de Kirchner tenta quebrar o termômetro em vez de consertar os rumos da economia. O IBGE de lá, que calcula a inflação, foi politizado e perdeu totalmente sua credibilidade. Ainda não estamos nesse estágio. Mas quem garante que o governo, no desespero de salvar o crescimento imediato a qualquer custo, não vai seguir esta trilha? O risco claramente existe.
A conta das políticas "desenvolvimentistas" vai chegar cedo ou tarde, com juros. Enfrentar a dura realidade não será tarefa fácil. O crescimento sustentável depende de investimentos em capital físico e humano, além de um ambiente favorável aos negócios. Tudo aquilo que nos falta. O governo brasileiro expande o crédito público, reduz os juros na marra, sobe o salário mínimo por decreto, arrecada imposto demais, e gasta muito mal. Trata-se claramente de um modelo insustentável, com foco demasiado no curto prazo.
A economia brasileira ganhou na loteria chinesa e está gastando por conta, hipotecando seu futuro. Parece uma cigarra irresponsável, acreditando que o verão será eterno. Mas o inverno inexoravelmente chegará. O governo não tem como impedir este fato com mais estímulos. Isso pode apenas postergar um pouco o encontro com a realidade. Em contrapartida, aumentará o sofrimento futuro também. Não existe almoço grátis.
O "desenvolvimentismo" nunca conseguiu produzir prosperidade de forma sustentável. Ele ignora as verdadeiras causas da riqueza das nações. Ao focar somente no curto prazo, e ao depositar uma fé ingênua na capacidade do governo de atuar como locomotiva da economia, a cartilha "desenvolvimentista" estará sempre fadada ao fracasso. Não será diferente desta vez.
O Brasil pode estar na moda. Mas moda passa. Melhor aproveitar enquanto a festa continua, pois depois virá a ressaca e não vai adiantar culpar o "mercado" (vide a Europa). As sementes da próxima crise foram plantadas pelo próprio governo. Mas quem liga? O show precisa continuar. Afinal, vem eleição aí...[image error]
Published on December 13, 2011 07:44
December 12, 2011
Marketing do desejo
LUIZ FELIPE PONDÉ, Folha de SP
"Mais importante do que o sucesso é passar uma imagem de sucesso." Você pode ouvir uma frase como esta em qualquer palestra brega de motivação em recursos humanos.
Já disse antes que acho palestras assim a coisa mais brega que existe. Mais brega do que isso só mesmo achar que o mundo melhorou porque existe o Facebook.
A melhor forma de manter a dignidade na era do Facebook (se você não resistir a ter um) é não contar para ninguém que você tem um Facebook. Quase tudo é bobagem nas redes sociais porque o ser humano é banal e vive uma vida quase sempre monótona e previsível.
E a monotonia é o traje cotidiano do vazio. E a rotina é o modo civilizado de enfrentar o caos, outra face do vazio.
A ideia de que aprendemos a falar porque quisemos "conhecer" o mundo é falsa. Segundo os evolucionistas, é mais provável que tenhamos aprendido a falar para falar mal dos outros e fofocar.
O "Face" é, neste sentido, um artefato paleontológico que prova que nada mudou.
Sempre se soube que não basta à mulher de Cesar ser honesta, ela tem que parecer honesta, portanto, a imagem de honesta é mais importante do que a honestidade em si. Mas aqui, o foco é diferente: aqui a questão é a hipocrisia como substância da moral pública. Todo mundo sabe que a mentira é a mola essencial do convívio civilizado.
No caso de frases como a citada no primeiro parágrafo, comum em palestras de motivação em recursos humanos, é que são oferecidas como "verdades construtivas de comportamento". E não como o que verdadeiramente são: estratégias para desgraçados e "losers" se sentirem melhor.
Ficamos covardes. Fosse esta geração de jovens europeus (que só sabe pedir direitos e iPads) que tivesse que enfrentar Hitler, ele teria ganhado a guerra.
Provavelmente esses estragados por décadas de "estado de bem-estar social" teriam dito "não à guerra em nome da paz". Grande parte do estrago que Hitler fez no início foi causada por gente que gostava de dizer que a paz sempre é possível. Gente medrosa mesmo.
Mas nossa época, como eu costumo dizer muitas vezes, é a época do marketing de comportamento. A "ciência da mentira dos losers". Dentro desta disciplina geral, existe o marketing do desejo, especializado em mentir para as pessoas dizendo que "sim, confie no seu desejo que tudo dará certo".
Mesmo alguns psicanalistas (vergonha da profissão) embarcaram nesse otimismo de classe média. "Nunca traia seu desejo", dirão os traidores da psicanálise.
Sabe-se muito bem que é o desejo que nos trai porque ele está e vai além do que, muitas vezes, conseguimos suportar.
Uma das grandes tragédias de nosso tempo é o fato de que não existem mais recursos "simbólicos" para aqueles que resistem ao desejo em nome de "um bem maior", como no caso da família, do casamento, ou simplesmente resistir a virar canalhas com desculpas do marketing. O legal é ser "escroto" se dizendo "livre". A "ética do desejo", que recusa abrir mão do próprio desejo em nome de algo maior do que ele, destruiu a noção de caráter.
Para a moçada do marketing do desejo, resistir ao desejo é coisa de gente idiota e mal resolvida porque ter caráter não deixa você muito feliz o tempo todo.
É verdade que resistir ao desejo não garante felicidade alguma, mas uma cultura dominada pela ideia de felicidade é uma cultura de frouxos. Mas outra verdade, não menor do que a anterior, é que o desejo pode ser um companheiro traiçoeiro. A afetação da felicidade faz de nós retardados mentais. Eu nunca confio em gente feliz.
O mestre Freud dizia que o desejo é desejo de morte. Afirmação dura. Mas o que ela carrega em si é o que já sabemos: o desejo nos aproxima do nada (morte) porque desvaloriza tudo que temos. Por isso, quando movidos por ele, sem o cuidado de quem se sabe parte de uma espécie louca, flertamos com o valor zero de tudo.
Nada disso significa abrir mão do desejo, mas sim saber que ele nos faz animais que caminham sobre tumbas que sorriem para nós como mulheres fáceis. Resistir ao desejo talvez seja uma das formas mais discretas de amar a vida.[image error]
"Mais importante do que o sucesso é passar uma imagem de sucesso." Você pode ouvir uma frase como esta em qualquer palestra brega de motivação em recursos humanos.
Já disse antes que acho palestras assim a coisa mais brega que existe. Mais brega do que isso só mesmo achar que o mundo melhorou porque existe o Facebook.
A melhor forma de manter a dignidade na era do Facebook (se você não resistir a ter um) é não contar para ninguém que você tem um Facebook. Quase tudo é bobagem nas redes sociais porque o ser humano é banal e vive uma vida quase sempre monótona e previsível.
E a monotonia é o traje cotidiano do vazio. E a rotina é o modo civilizado de enfrentar o caos, outra face do vazio.
A ideia de que aprendemos a falar porque quisemos "conhecer" o mundo é falsa. Segundo os evolucionistas, é mais provável que tenhamos aprendido a falar para falar mal dos outros e fofocar.
O "Face" é, neste sentido, um artefato paleontológico que prova que nada mudou.
Sempre se soube que não basta à mulher de Cesar ser honesta, ela tem que parecer honesta, portanto, a imagem de honesta é mais importante do que a honestidade em si. Mas aqui, o foco é diferente: aqui a questão é a hipocrisia como substância da moral pública. Todo mundo sabe que a mentira é a mola essencial do convívio civilizado.
No caso de frases como a citada no primeiro parágrafo, comum em palestras de motivação em recursos humanos, é que são oferecidas como "verdades construtivas de comportamento". E não como o que verdadeiramente são: estratégias para desgraçados e "losers" se sentirem melhor.
Ficamos covardes. Fosse esta geração de jovens europeus (que só sabe pedir direitos e iPads) que tivesse que enfrentar Hitler, ele teria ganhado a guerra.
Provavelmente esses estragados por décadas de "estado de bem-estar social" teriam dito "não à guerra em nome da paz". Grande parte do estrago que Hitler fez no início foi causada por gente que gostava de dizer que a paz sempre é possível. Gente medrosa mesmo.
Mas nossa época, como eu costumo dizer muitas vezes, é a época do marketing de comportamento. A "ciência da mentira dos losers". Dentro desta disciplina geral, existe o marketing do desejo, especializado em mentir para as pessoas dizendo que "sim, confie no seu desejo que tudo dará certo".
Mesmo alguns psicanalistas (vergonha da profissão) embarcaram nesse otimismo de classe média. "Nunca traia seu desejo", dirão os traidores da psicanálise.
Sabe-se muito bem que é o desejo que nos trai porque ele está e vai além do que, muitas vezes, conseguimos suportar.
Uma das grandes tragédias de nosso tempo é o fato de que não existem mais recursos "simbólicos" para aqueles que resistem ao desejo em nome de "um bem maior", como no caso da família, do casamento, ou simplesmente resistir a virar canalhas com desculpas do marketing. O legal é ser "escroto" se dizendo "livre". A "ética do desejo", que recusa abrir mão do próprio desejo em nome de algo maior do que ele, destruiu a noção de caráter.
Para a moçada do marketing do desejo, resistir ao desejo é coisa de gente idiota e mal resolvida porque ter caráter não deixa você muito feliz o tempo todo.
É verdade que resistir ao desejo não garante felicidade alguma, mas uma cultura dominada pela ideia de felicidade é uma cultura de frouxos. Mas outra verdade, não menor do que a anterior, é que o desejo pode ser um companheiro traiçoeiro. A afetação da felicidade faz de nós retardados mentais. Eu nunca confio em gente feliz.
O mestre Freud dizia que o desejo é desejo de morte. Afirmação dura. Mas o que ela carrega em si é o que já sabemos: o desejo nos aproxima do nada (morte) porque desvaloriza tudo que temos. Por isso, quando movidos por ele, sem o cuidado de quem se sabe parte de uma espécie louca, flertamos com o valor zero de tudo.
Nada disso significa abrir mão do desejo, mas sim saber que ele nos faz animais que caminham sobre tumbas que sorriem para nós como mulheres fáceis. Resistir ao desejo talvez seja uma das formas mais discretas de amar a vida.[image error]
Published on December 12, 2011 05:19
December 11, 2011
Demóstenes Torres
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O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) não tem medo de se identificar com a direita democrática, num país onde há hegemonia da esquerda na política. Combate, com argumentos, as injustas cotas raciais, a despeito da pressão dos grupos organizados. Condena o uso do Estado para fins particulares. Tem sido firme e coerente ao atacar os desvios de recursos públicos. Denuncia a doutrinação ideológica pelos órgãos estatais, como o MEC. Não teme pregar maior rigor penal para reduzir a criminalidade, mesmo isso sendo "politicamente incorreto". Defende a urgência de um partido que tenha a democracia, a economia de mercado e sólidos valores morais como plataforma. Talvez como nenhum outro parlamentar, representa aquilo que está tão em falta em nosso país atualmente: uma oposição verdadeira e com propostas alternativas concretas para um país mais livre, justo e próspero. - Meu comentário para a edição especial da Revista ÉPOCA desta semana, sobre os 100 mais influentes de 2011.[image error]
O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) não tem medo de se identificar com a direita democrática, num país onde há hegemonia da esquerda na política. Combate, com argumentos, as injustas cotas raciais, a despeito da pressão dos grupos organizados. Condena o uso do Estado para fins particulares. Tem sido firme e coerente ao atacar os desvios de recursos públicos. Denuncia a doutrinação ideológica pelos órgãos estatais, como o MEC. Não teme pregar maior rigor penal para reduzir a criminalidade, mesmo isso sendo "politicamente incorreto". Defende a urgência de um partido que tenha a democracia, a economia de mercado e sólidos valores morais como plataforma. Talvez como nenhum outro parlamentar, representa aquilo que está tão em falta em nosso país atualmente: uma oposição verdadeira e com propostas alternativas concretas para um país mais livre, justo e próspero. - Meu comentário para a edição especial da Revista ÉPOCA desta semana, sobre os 100 mais influentes de 2011.[image error]
Published on December 11, 2011 13:07
December 10, 2011
Debate Hayek vs Keynes
Minha palestra no debate Hayek vs Keynes na Academia Brasileira de Letras, organizado pelo IBMEC (Virginia Barbosa), onde explico de forma sucinta a Teoria Austríaca de Ciclos Econômicos (TACE), situando-a na crise econômica atual.[image error]
Published on December 10, 2011 14:00
Pimentel e os delitos explicáveis
Guilherme Fiuza, O GLOBO
O caso Pimentel não traz novidade alguma. Corno dizem os governistas, não há motivo para espanto. Tudo foi feito absolutamente dentro das normas vigentes. E as normas vigentes no governo popular, após farta literatura, todos já sabem quais são: usar a política como meio de vida. e o poder público como agenciador particular.
Fernando Pimentel, ministro do Desenvolvimento. Indústria e Comércio Exterior, ex-prefeito de Belo Horizonte e amigo de Dilma Rousseff, cavou R$ 2 milhões como consultor "para sobreviver". Faz sentido. Um amigo da presidente da República não pode ter uma sobrevivência qualquer. E quem tem um currículo desses não pode pensar pequeno. Assim o ministro se tornou um sobrevivente diferenciado.
Antes de criticar Fernando Pimentel, ponha-se no lugar dele. Você termina seu mandato de prefeito da capital mineira e ainda falta um ano para a campanha presidencial. que você vai coordenar às custas do seu partido. A vitória na eleição é bem provável, mas ainda faltarão dois anos para você virar ministro. Nesse momento de insegurança, que alternativa lhe resta a não ser prestar uma consultoria milionária?
E por que um cliente privado, com interesses vitais no Estado, contrataria para elaborar projetos técnicos e cenários econômicos um homem-forte do partido que governa o país? Elementar: porque ele é um excelente economista. Fernando Pimentel tinha sido prefeito, era o braço direito da candidata de Lula, provável futuro ministro e, depois, candidato forte a governador. Por que uma entidade empresarial com interesses nas três esferas de governo entregaria, desprezando todos os PhDs do mercado, seu projeto ao neoconsultor Pimentel?
Naturalmente, por causa do seu súbito e insuperável talento profissional. O estudo custou R$ 1 milhão, mas ninguém poderá conhece-Io: o consultor não entregou uma linha escrita ao cliente. Segundo ele. foi uma "consultoria direta". Difícil definir esse novo conceito, mas, pelo preço, deve ser muito bom.
Um consultor bem-sucedido também precisa ter sorte. Pimentel conseguiu arranjar o sócio perfeito: outro excelente profissional, capaz de conciliar o trabalho na consultoria com um cargo na Prefeitura de BH — conseguido, aliás, pelo próprio Pimentel. Aí vêm as coincidências da vida: pouco depois de pagar cerca de R$ 500 mil aos consultores, uma construtora conseguiu um contrato de quase RS 100 milhões com a Prefeitura. Sem dúvida, uma consultoria pé-quente.
Mas o Brasil é um país de invejosos, e já estão querendo derrubar o ministro Pimentel. Antonio Palocci sabe bem o que é isso: você passa a vida fazendo assembleia, chega ao poder com o suor do seu rosto, monta com o partido a sua carteira de clientes, mas não pode fazer o primeiro milhão que já querem puxar seu tapete. A maior injustiça de todas, porém, quem está sofrendo é a presidente Dilma.
Em menos de um ano de governo, já rolaram seis dessas cabeças privilegiadas que ela escolheu para dirigir (e digerir) o Brasil. A presidente aparece como autora dessas de- capitações em série, que a maldosa opinião pública chama de faxina. Não é verdade. Dilma não tem nada a ver com isso.
Pelo contrário. Ela não queria demitir nenhum dos seis— mesmo depois de reveladas suas peripécias privadas com dinheiro público. A opinião pública não notou esse detalhe (estava sonhando com a faxineira), mas, diferentemente da consultoria direta de Pimentel, está tudo registrado. Com o inesquecível Carlos Lupi, por exemplo, a presidente foi praticamente uma mãe.
Depois da primeira leva de convênios piratas desenterrados no Ministério do Trabalho— num rombo de quase R$ 300 milhões —. Dilma aproveitou uma calmaria nas manchetes para tentar sepultar o caso: 'O passado passou, gente!" Mas o passado voltou com tudo — e trouxe até cenas explícitas, como o ministro saindo de avião arranjado por empresário-cliente (onde ele dissera nunca ter entrado).
A presidente não só continuou firme, como peitou a Comissão de Ética Pública contra a demissão do ministro. Com a revelação de que Carlos Lupi ocupara simultaneamente dois cargos públicos, afrontando a Constituição. Dilma finalmente tomou uma providência: anunciou que pediria ao ministro uma "explicação convincente" para o delito.
Mesmo protegido pelo novíssimo conceito dos delitos explicáveis. Lupi caiu. De podre.
Mas a luta continua. Pimentel, o braço direito, já foi instruído pela presidente a manter a "normalidade da agenda". Emissários do palácio afirmaram que R$ 2 milhões não é um valor "tão astronômico assim". Tradução: o delito de Pimentel é muito mais explicável que o de Palocci. Nada como ter bons parâmetros em casa.
O braço direito de Dilma já foi Erenice Guerra, banida pelos invejosos só porque vendeu influência na Casa Civil. A semelhança com o know how do braço direito atual deve ser mera coincidência.[image error]
O caso Pimentel não traz novidade alguma. Corno dizem os governistas, não há motivo para espanto. Tudo foi feito absolutamente dentro das normas vigentes. E as normas vigentes no governo popular, após farta literatura, todos já sabem quais são: usar a política como meio de vida. e o poder público como agenciador particular.
Fernando Pimentel, ministro do Desenvolvimento. Indústria e Comércio Exterior, ex-prefeito de Belo Horizonte e amigo de Dilma Rousseff, cavou R$ 2 milhões como consultor "para sobreviver". Faz sentido. Um amigo da presidente da República não pode ter uma sobrevivência qualquer. E quem tem um currículo desses não pode pensar pequeno. Assim o ministro se tornou um sobrevivente diferenciado.
Antes de criticar Fernando Pimentel, ponha-se no lugar dele. Você termina seu mandato de prefeito da capital mineira e ainda falta um ano para a campanha presidencial. que você vai coordenar às custas do seu partido. A vitória na eleição é bem provável, mas ainda faltarão dois anos para você virar ministro. Nesse momento de insegurança, que alternativa lhe resta a não ser prestar uma consultoria milionária?
E por que um cliente privado, com interesses vitais no Estado, contrataria para elaborar projetos técnicos e cenários econômicos um homem-forte do partido que governa o país? Elementar: porque ele é um excelente economista. Fernando Pimentel tinha sido prefeito, era o braço direito da candidata de Lula, provável futuro ministro e, depois, candidato forte a governador. Por que uma entidade empresarial com interesses nas três esferas de governo entregaria, desprezando todos os PhDs do mercado, seu projeto ao neoconsultor Pimentel?
Naturalmente, por causa do seu súbito e insuperável talento profissional. O estudo custou R$ 1 milhão, mas ninguém poderá conhece-Io: o consultor não entregou uma linha escrita ao cliente. Segundo ele. foi uma "consultoria direta". Difícil definir esse novo conceito, mas, pelo preço, deve ser muito bom.
Um consultor bem-sucedido também precisa ter sorte. Pimentel conseguiu arranjar o sócio perfeito: outro excelente profissional, capaz de conciliar o trabalho na consultoria com um cargo na Prefeitura de BH — conseguido, aliás, pelo próprio Pimentel. Aí vêm as coincidências da vida: pouco depois de pagar cerca de R$ 500 mil aos consultores, uma construtora conseguiu um contrato de quase RS 100 milhões com a Prefeitura. Sem dúvida, uma consultoria pé-quente.
Mas o Brasil é um país de invejosos, e já estão querendo derrubar o ministro Pimentel. Antonio Palocci sabe bem o que é isso: você passa a vida fazendo assembleia, chega ao poder com o suor do seu rosto, monta com o partido a sua carteira de clientes, mas não pode fazer o primeiro milhão que já querem puxar seu tapete. A maior injustiça de todas, porém, quem está sofrendo é a presidente Dilma.
Em menos de um ano de governo, já rolaram seis dessas cabeças privilegiadas que ela escolheu para dirigir (e digerir) o Brasil. A presidente aparece como autora dessas de- capitações em série, que a maldosa opinião pública chama de faxina. Não é verdade. Dilma não tem nada a ver com isso.
Pelo contrário. Ela não queria demitir nenhum dos seis— mesmo depois de reveladas suas peripécias privadas com dinheiro público. A opinião pública não notou esse detalhe (estava sonhando com a faxineira), mas, diferentemente da consultoria direta de Pimentel, está tudo registrado. Com o inesquecível Carlos Lupi, por exemplo, a presidente foi praticamente uma mãe.
Depois da primeira leva de convênios piratas desenterrados no Ministério do Trabalho— num rombo de quase R$ 300 milhões —. Dilma aproveitou uma calmaria nas manchetes para tentar sepultar o caso: 'O passado passou, gente!" Mas o passado voltou com tudo — e trouxe até cenas explícitas, como o ministro saindo de avião arranjado por empresário-cliente (onde ele dissera nunca ter entrado).
A presidente não só continuou firme, como peitou a Comissão de Ética Pública contra a demissão do ministro. Com a revelação de que Carlos Lupi ocupara simultaneamente dois cargos públicos, afrontando a Constituição. Dilma finalmente tomou uma providência: anunciou que pediria ao ministro uma "explicação convincente" para o delito.
Mesmo protegido pelo novíssimo conceito dos delitos explicáveis. Lupi caiu. De podre.
Mas a luta continua. Pimentel, o braço direito, já foi instruído pela presidente a manter a "normalidade da agenda". Emissários do palácio afirmaram que R$ 2 milhões não é um valor "tão astronômico assim". Tradução: o delito de Pimentel é muito mais explicável que o de Palocci. Nada como ter bons parâmetros em casa.
O braço direito de Dilma já foi Erenice Guerra, banida pelos invejosos só porque vendeu influência na Casa Civil. A semelhança com o know how do braço direito atual deve ser mera coincidência.[image error]
Published on December 10, 2011 05:04
Until Europe Meets Again
Editorial do WSJ
The script could have been written in advance—Europe's leaders, meeting amid market turmoil about the consequences of failure, came together in Brussels Thursday night and Friday, and sure enough, went home declaring victory.
Broadly speaking, German Chancellor Angela Merkel got her way: The latest incarnation of the deal to save the euro involves mostly a promise by everyone to be a little more German about spending, deficits and debt. Most of the details remain to be worked out, but without an amended EU treaty the legal authority for any of it is a loose end.
On the plus side, there is no multitrillion-euro bailout fund (with Germany inevitably paying most of it), and no promise from the European Central Bank to monetize everyone's debt, either directly or laundered through the International Monetary Fund. ECB President Mario Draghi deserves at least some of the credit for upholding the central bank's independence.
Mrs. Merkel's demand of more fiscal discipline is also correct, but an agreement that offers the European Court of Justice as the enforcer is, well, amusing. What court will go toe to toe with Italian or French unions? When German rectitude meets Italian street politics, who do you think will win?
You will also look in vain for any provision addressing Europe's central problem—stagnant economic growth. If you believe, as most Europeans now do, that government spending equals economic growth, then "budget discipline" becomes mainly a bludgeon for enforcing the tax increases needed to chase high levels of spending. This will drive Europe into a long-term austerity trap. Europe needs major spending cuts and entitlement and pension reform. But outside Germany, political leaders are still holding out for an ECB rescue.
The Obama Administration has been especially unhelpful, running a quiet campaign for the ECB to crank up the presses to bail out the spenders and bond-holding banks. This U.S. interference undermines Mrs. Merkel and others seeking fiscal reform while encouraging those who think the ECB is the only way out.
We wish the Germans well in driving a hard bargain in return for writing a big check, but there is a better way. That would be to return to the euro as it was originally conceived: Countries share a currency but are responsible for their own fiscal policies, including the consequences of default.
This would require that France and Germany recapitalize their banks in the event of a major sovereign default. Interest-rate spreads among euro-zone countries would continue to be wider than before the crisis began, perhaps for many years, but this would be its own form of fiscal discipline. Spreads going forward would provide a kind of early-warning system, without the need for a new bureaucracy to enforce discipline.
No one in Europe seems to have the stomach for that. So we are stuck with these summit sequels and the certainty of more uncertainty. Meanwhile, Adam Smith's market discipline will grind on mercilessly to impose its own solution.[image error]
The script could have been written in advance—Europe's leaders, meeting amid market turmoil about the consequences of failure, came together in Brussels Thursday night and Friday, and sure enough, went home declaring victory.
Broadly speaking, German Chancellor Angela Merkel got her way: The latest incarnation of the deal to save the euro involves mostly a promise by everyone to be a little more German about spending, deficits and debt. Most of the details remain to be worked out, but without an amended EU treaty the legal authority for any of it is a loose end.
On the plus side, there is no multitrillion-euro bailout fund (with Germany inevitably paying most of it), and no promise from the European Central Bank to monetize everyone's debt, either directly or laundered through the International Monetary Fund. ECB President Mario Draghi deserves at least some of the credit for upholding the central bank's independence.
Mrs. Merkel's demand of more fiscal discipline is also correct, but an agreement that offers the European Court of Justice as the enforcer is, well, amusing. What court will go toe to toe with Italian or French unions? When German rectitude meets Italian street politics, who do you think will win?
You will also look in vain for any provision addressing Europe's central problem—stagnant economic growth. If you believe, as most Europeans now do, that government spending equals economic growth, then "budget discipline" becomes mainly a bludgeon for enforcing the tax increases needed to chase high levels of spending. This will drive Europe into a long-term austerity trap. Europe needs major spending cuts and entitlement and pension reform. But outside Germany, political leaders are still holding out for an ECB rescue.
The Obama Administration has been especially unhelpful, running a quiet campaign for the ECB to crank up the presses to bail out the spenders and bond-holding banks. This U.S. interference undermines Mrs. Merkel and others seeking fiscal reform while encouraging those who think the ECB is the only way out.
We wish the Germans well in driving a hard bargain in return for writing a big check, but there is a better way. That would be to return to the euro as it was originally conceived: Countries share a currency but are responsible for their own fiscal policies, including the consequences of default.
This would require that France and Germany recapitalize their banks in the event of a major sovereign default. Interest-rate spreads among euro-zone countries would continue to be wider than before the crisis began, perhaps for many years, but this would be its own form of fiscal discipline. Spreads going forward would provide a kind of early-warning system, without the need for a new bureaucracy to enforce discipline.
No one in Europe seems to have the stomach for that. So we are stuck with these summit sequels and the certainty of more uncertainty. Meanwhile, Adam Smith's market discipline will grind on mercilessly to impose its own solution.[image error]
Published on December 10, 2011 05:00
December 9, 2011
Políticos consultores

Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal
O Brasil, um país institucionalmente frágil, onde mudanças políticas podem alterar drasticamente o rumo da economia da noite para o dia, sempre teve um ambiente fértil para o trabalho de consultores políticos. Estes jamais morreram de tédio, tampouco lhes faltou clientes dispostos a pagar boas quantias para os que fossem capazes de antecipar eventos importantes ou esmiuçar os pormenores de Brasília. Várias consultorias surgiram, fazendo trabalho sério de análise e projeção.
Mas a chegada do PT ao poder contribuiu para a proliferação de um novo tipo de "profissão": o político consultor. A ordem dos fatores, neste caso, altera o produto. Não se trata mais de profissionais sérios que vendem sua capacidade diferenciada de análise sobre o quadro político e econômico do país. Ao contrário, são os próprios políticos que se tornam "consultores" num piscar de olhos, enquanto seus partidos permanecem no poder. Algo como um interregno remunerado – muito bem remunerado –, entre um cargo e outro na política.
Enquanto os consultores políticos ralam por anos, com equipes altamente renomadas, para acumular um dinheiro suado a ser distribuído normalmente por bastante gente (análise séria costuma dar trabalho), os políticos consultores do PT fazem milhões brotarem como que num passe de mágica. O Partido dos Trabalhadores descobriu no poder os encantos do capital, mas não aquele fruto do valor criado no livre mercado, e sim aquele que vem fácil, apenas pelas portas abertas na máquina estatal que consome quase 40% de tudo que é produzido no país. Em bom português, sem eufemismos, o velho "tráfico de influência".
A "genialidade" dos petistas no setor privado é mesmo algo incrível. Gente que atuou na política quase a vida inteira, ou que nunca foi capaz de ficar rica no setor privado, consegue acumular milhões em poucos meses dando "consultoria". Mais alguns anos no poder e o PT será o partido dos milionários. Como tem rico ali. O pior é que ainda tem muito ingênuo espalhado pelo país que acredita no discurso de luta pelos trabalhadores, carregado de sensacionalismo contra "as elites". O PT é a elite! Ainda que o pior tipo existente de elite: aquela sem valor ou ética.
PS: A última edição especial da "Isto É Dinheiro" fala sobre os empreendedores de 2011, e estampa na capa, entre o "time dos sonhos", bem ao lado do banqueiro André Esteves, ninguém menos que o ministro Fernando Pimentel. Empreendedor? E não é que faz sentido?![image error]
Published on December 09, 2011 04:59
December 7, 2011
Bundesbank é mesmo diferente
Vale a pena ler este curto discurso do presidente do Bundesbank, Jens Weidmann. Um dos poucos na região que tem focado nos pontos realmente estruturais para resolver a crise, mirando no longo prazo. Segue um trecho:
Regarding the institutional framework, policy makers have to decide which direction monetary union is to take. As I have discussed in more detail in earlier speeches, there are in principle two conceivable options which lead to a consistent and economically sustainable framework for monetary union. The first would be a return to the founding principles, that is, taking the responsibility of individual member states in matters of fiscal and economic policy seriously. For this option, it would be necessary to strengthen the current framework in a manner that really ensures sufficient incentives for sound public finances – therefore, the no-bail-out clause is an integral part of this approach. The second option would imply a major shift entailing a fundamental change in the federal structure of the European Union. It would involve a significant additional transfer of national responsibilities to the European level, particularly in fiscal affairs. In the event that national governments do not comply with strict deficit and debt rules, they would have to delegate their fiscal sovereignty to the European level – at least temporarily. Only a clear decision for either of the two options lays the foundation to preserve monetary union as a stability union in the long run and to safeguard its role in the global economy. It is up to governments in Europe to make this decision. Hence, I welcome the German government's attempts to press for greater political integration, including transfers of national responsibilities. Let me be clear: it will be a lengthy and arduous process requiring important legal changes. However, a credible commitment to this process could have beneficial effects right away.[image error]
Regarding the institutional framework, policy makers have to decide which direction monetary union is to take. As I have discussed in more detail in earlier speeches, there are in principle two conceivable options which lead to a consistent and economically sustainable framework for monetary union. The first would be a return to the founding principles, that is, taking the responsibility of individual member states in matters of fiscal and economic policy seriously. For this option, it would be necessary to strengthen the current framework in a manner that really ensures sufficient incentives for sound public finances – therefore, the no-bail-out clause is an integral part of this approach. The second option would imply a major shift entailing a fundamental change in the federal structure of the European Union. It would involve a significant additional transfer of national responsibilities to the European level, particularly in fiscal affairs. In the event that national governments do not comply with strict deficit and debt rules, they would have to delegate their fiscal sovereignty to the European level – at least temporarily. Only a clear decision for either of the two options lays the foundation to preserve monetary union as a stability union in the long run and to safeguard its role in the global economy. It is up to governments in Europe to make this decision. Hence, I welcome the German government's attempts to press for greater political integration, including transfers of national responsibilities. Let me be clear: it will be a lengthy and arduous process requiring important legal changes. However, a credible commitment to this process could have beneficial effects right away.[image error]
Published on December 07, 2011 09:03
December 6, 2011
What's Italian for Reform?
Editorial do WSJ
Answer: Chasing tax revenue at the expense of economic growth.
Now that Nicolas Sarkozy and Angela Merkel have announced that they will seek a new treaty to refashion economic governance in the euro zone, what remains to be seen is if the new Brussels rules are merely a rewrite of the old mindset. The "new" budget measures announced in Italy suggest the old game is far from over.
Italian Prime Minister Mario Monti unveiled a €30 billion plan Sunday to get the country's public finances under control. Unfortunately for Italy and the euro zone, Mr. Monti's measures are long on tax hikes and short on serious reform. The newly appointed premier seems intent on following Greece down the EU/International Monetary Fund-mandated road of chasing tax revenue at the expense of economic growth.
Mr. Monti's proposals come in the form of an emergency decree, which means he can start implementing them before the Parliament approves them. They include a two-percentage-point hike in the value-added tax rate to 23% (U.S. consumption taxers take note), the reinstatement of a property tax repealed in 2008, and not least a 1.5% tax on income repatriated under a previously announced amnesty program.
Set against this are an increase in the retirement age to hold down the cost of pensions for Italy's rapidly graying population and tax incentives for businesses that hire women and young people. Youth unemployment in Italy approaches 30%.
Making it marginally cheaper to expand payrolls is useful, but it does nothing to address the Italian labor market's fundamental problem—the inability of firms to lay off workers if they employ 10 people or more. The supposed right to a job for life, enshrined in Italy's Article 18, is the single biggest obstacle to rationalizing the Italian economy.
Mr. Monti's proposal to increase the retirement age to 62 for women and 66 for men, from 60 and 65, respectively, will help to slow the growth of Italy's pension bill, currently some 14% of GDP. Italy's demographics make it the second-oldest country in the world after Japan. But it will be years before the pension reform is fully phased in.
Some ideas that Mr. Monti overlooked in his initial sortie deserve serious consideration. Liberalizing entry into the retail market, where productivity is low and costs high, would help modernize an industry still dominated by small, inefficient shops. A decade ago, the planning process for approving new stores was delegated to Italy's regional governments, and the areas since deregulated have outperformed the more restrictive provinces.
The new EU treaty promised Monday by Mr. Sarkozy and Mrs. Merkel would give Brussels bureaucrats more control over national budgets, a move that is supposed to ensure better economic management within the euro zone. But the EU's economic prescriptions in the current crisis have not been encouraging. The Monti reforms merely reflect a familiar Brussels mindset that values short-term tax revenue over long-term prosperity.[image error]
Answer: Chasing tax revenue at the expense of economic growth.
Now that Nicolas Sarkozy and Angela Merkel have announced that they will seek a new treaty to refashion economic governance in the euro zone, what remains to be seen is if the new Brussels rules are merely a rewrite of the old mindset. The "new" budget measures announced in Italy suggest the old game is far from over.
Italian Prime Minister Mario Monti unveiled a €30 billion plan Sunday to get the country's public finances under control. Unfortunately for Italy and the euro zone, Mr. Monti's measures are long on tax hikes and short on serious reform. The newly appointed premier seems intent on following Greece down the EU/International Monetary Fund-mandated road of chasing tax revenue at the expense of economic growth.
Mr. Monti's proposals come in the form of an emergency decree, which means he can start implementing them before the Parliament approves them. They include a two-percentage-point hike in the value-added tax rate to 23% (U.S. consumption taxers take note), the reinstatement of a property tax repealed in 2008, and not least a 1.5% tax on income repatriated under a previously announced amnesty program.
Set against this are an increase in the retirement age to hold down the cost of pensions for Italy's rapidly graying population and tax incentives for businesses that hire women and young people. Youth unemployment in Italy approaches 30%.
Making it marginally cheaper to expand payrolls is useful, but it does nothing to address the Italian labor market's fundamental problem—the inability of firms to lay off workers if they employ 10 people or more. The supposed right to a job for life, enshrined in Italy's Article 18, is the single biggest obstacle to rationalizing the Italian economy.
Mr. Monti's proposal to increase the retirement age to 62 for women and 66 for men, from 60 and 65, respectively, will help to slow the growth of Italy's pension bill, currently some 14% of GDP. Italy's demographics make it the second-oldest country in the world after Japan. But it will be years before the pension reform is fully phased in.
Some ideas that Mr. Monti overlooked in his initial sortie deserve serious consideration. Liberalizing entry into the retail market, where productivity is low and costs high, would help modernize an industry still dominated by small, inefficient shops. A decade ago, the planning process for approving new stores was delegated to Italy's regional governments, and the areas since deregulated have outperformed the more restrictive provinces.
The new EU treaty promised Monday by Mr. Sarkozy and Mrs. Merkel would give Brussels bureaucrats more control over national budgets, a move that is supposed to ensure better economic management within the euro zone. But the EU's economic prescriptions in the current crisis have not been encouraging. The Monti reforms merely reflect a familiar Brussels mindset that values short-term tax revenue over long-term prosperity.[image error]
Published on December 06, 2011 02:32
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