Rodrigo Constantino's Blog, page 398
January 2, 2012
Eles não morreram de overdose
João Luiz Mauad, O GLOBO
A repercussão da morte de Steve Jobs e as merecidas homenagens a ele prestadas, inclusive e principalmente aqui no Brasil, são dignas de registro, pois mostram talvez uma mudança profunda na opinião pública, historicamente avessa ao capitalismo em geral e aos capitalistas em particular. Devido a uma persistente cultura de privilégios e do intenso compadrio entre agentes públicos e privados, vigente por aqui desde priscas eras, a imagem dos empresários sempre foi a pior possível, não raro considerados ladrões, sonegadores ou exploradores do trabalho alheio.
O egoísmo é outra pecha frequentemente lançada contra os empreendedores para desmerecer seu trabalho e as realizações. Os detratores anticapitalistas esquecem que quase todos nós trabalhamos somente em proveito próprio. A única diferença é que a compensação pelo trabalho, seja ele de um humilde servente ou de um renomado cientista, é o salário, enquanto a dos empresários é o lucro. Aliás, há outra importante diferença: o risco. Os assalariados recebem pelo trabalho executado independentemente do resultado alcançado, mas os capitalistas serão recompensados apenas caso os seus investimentos e esforços se tornem lucrativos.
No verdadeiro capitalismo - onde a eficiência é recompensada, a ineficiência é punida e os favores do Estado estão fora do alcance -, a luta pela sobrevivência é tão dura que o bom empresário não pode se dar ao luxo de olhar o interesse social, mas unicamente os seus próprios interesses, sob pena de sucumbir ante a concorrência alheia ou a ineficiência própria. Contudo, foi justamente este famigerado "egoísmo" o responsável pela criação de produtos e serviços que transformaram o mundo num lugar muito melhor para viver.
Por mais que possa parecer estranho, foi graças à ambição de homens como Steve Jobs que a imensa maioria dos nossos contemporâneos goza hoje de um padrão de vida bem acima do que, há apenas poucas gerações, era impossível até aos mais abastados. Ou alguém duvida que o autointeresse dos capitalistas está por trás de quase todas as inovações tecnológicas que, de alguma forma, concorreram para satisfazer boa parte das carências humanas?
Convido-o a pensar algumas das maravilhas já criadas pelo engenho humano. Pense nos automóveis, locomotivas, navios e aviões, que possibilitam deslocamentos cada vez mais rápidos e seguros. Pense nos eletroeletrônicos que facilitam a vida e entretêm bilhões de indivíduos: geladeiras, televisores, máquinas de lavar, micro-ondas, condicionadores de ar, computadores, telefones celulares. Pense nos equipamentos que ajudam a tornar a medicina muito mais eficiente e prática, como tomógrafos, centrífugas, aparelhos de ultrassonografia, de ressonância magnética, microscópios eletrônicos, microchips, marca-passos. Pense na indústria farmacêutica, seus avanços e descobertas. Pense, por exemplo, que, há poucos anos, a maior parte dos doentes com úlcera gástrica terminava numa mesa de operações e hoje aquela é uma doença facilmente tratável com medicamentos. Pense na agricultura e nos avanços de produtividade que permitem alimentar um contingente humano que cresceu de forma geométrica, contradizendo as previsões catastróficas de Thomas Malthus e seus seguidores.
Esses avanços, e toda a fantástica geração de riquezas conseguida pelo homem, foram obtidos graças à divisão e à especialização do trabalho e, acima de tudo, ao interesse pessoal dos indivíduos, principalmente dos execrados capitalistas. Sem isso, talvez a maior parte da população ainda estivesse labutando de sol a sol, morando sem qualquer conforto e sujeita a condições extremas de insalubridade. Sem falar do cotidiano monótono, restrito a atividades básicas de sobrevivência.
Sem a recompensa pessoal, seja ela fruto da remuneração do trabalho ou do capital (lucro), não há incentivo para que os indivíduos produzam, invistam, pesquisem, desenvolvam novas tecnologias, criem e coloquem novos produtos e serviços à disposição dos demais. Analisem a relação de ganhadores do Prêmio Nobel nas áreas de ciência e tecnologia. Onde está (ou esteve) domiciliada a imensa maioria deles? Sem dúvida, em países onde há liberdade econômica (capitalismo) e, consequentemente, a busca pelo lucro. Será que isso acontece por acaso?[image error]
A repercussão da morte de Steve Jobs e as merecidas homenagens a ele prestadas, inclusive e principalmente aqui no Brasil, são dignas de registro, pois mostram talvez uma mudança profunda na opinião pública, historicamente avessa ao capitalismo em geral e aos capitalistas em particular. Devido a uma persistente cultura de privilégios e do intenso compadrio entre agentes públicos e privados, vigente por aqui desde priscas eras, a imagem dos empresários sempre foi a pior possível, não raro considerados ladrões, sonegadores ou exploradores do trabalho alheio.
O egoísmo é outra pecha frequentemente lançada contra os empreendedores para desmerecer seu trabalho e as realizações. Os detratores anticapitalistas esquecem que quase todos nós trabalhamos somente em proveito próprio. A única diferença é que a compensação pelo trabalho, seja ele de um humilde servente ou de um renomado cientista, é o salário, enquanto a dos empresários é o lucro. Aliás, há outra importante diferença: o risco. Os assalariados recebem pelo trabalho executado independentemente do resultado alcançado, mas os capitalistas serão recompensados apenas caso os seus investimentos e esforços se tornem lucrativos.
No verdadeiro capitalismo - onde a eficiência é recompensada, a ineficiência é punida e os favores do Estado estão fora do alcance -, a luta pela sobrevivência é tão dura que o bom empresário não pode se dar ao luxo de olhar o interesse social, mas unicamente os seus próprios interesses, sob pena de sucumbir ante a concorrência alheia ou a ineficiência própria. Contudo, foi justamente este famigerado "egoísmo" o responsável pela criação de produtos e serviços que transformaram o mundo num lugar muito melhor para viver.
Por mais que possa parecer estranho, foi graças à ambição de homens como Steve Jobs que a imensa maioria dos nossos contemporâneos goza hoje de um padrão de vida bem acima do que, há apenas poucas gerações, era impossível até aos mais abastados. Ou alguém duvida que o autointeresse dos capitalistas está por trás de quase todas as inovações tecnológicas que, de alguma forma, concorreram para satisfazer boa parte das carências humanas?
Convido-o a pensar algumas das maravilhas já criadas pelo engenho humano. Pense nos automóveis, locomotivas, navios e aviões, que possibilitam deslocamentos cada vez mais rápidos e seguros. Pense nos eletroeletrônicos que facilitam a vida e entretêm bilhões de indivíduos: geladeiras, televisores, máquinas de lavar, micro-ondas, condicionadores de ar, computadores, telefones celulares. Pense nos equipamentos que ajudam a tornar a medicina muito mais eficiente e prática, como tomógrafos, centrífugas, aparelhos de ultrassonografia, de ressonância magnética, microscópios eletrônicos, microchips, marca-passos. Pense na indústria farmacêutica, seus avanços e descobertas. Pense, por exemplo, que, há poucos anos, a maior parte dos doentes com úlcera gástrica terminava numa mesa de operações e hoje aquela é uma doença facilmente tratável com medicamentos. Pense na agricultura e nos avanços de produtividade que permitem alimentar um contingente humano que cresceu de forma geométrica, contradizendo as previsões catastróficas de Thomas Malthus e seus seguidores.
Esses avanços, e toda a fantástica geração de riquezas conseguida pelo homem, foram obtidos graças à divisão e à especialização do trabalho e, acima de tudo, ao interesse pessoal dos indivíduos, principalmente dos execrados capitalistas. Sem isso, talvez a maior parte da população ainda estivesse labutando de sol a sol, morando sem qualquer conforto e sujeita a condições extremas de insalubridade. Sem falar do cotidiano monótono, restrito a atividades básicas de sobrevivência.
Sem a recompensa pessoal, seja ela fruto da remuneração do trabalho ou do capital (lucro), não há incentivo para que os indivíduos produzam, invistam, pesquisem, desenvolvam novas tecnologias, criem e coloquem novos produtos e serviços à disposição dos demais. Analisem a relação de ganhadores do Prêmio Nobel nas áreas de ciência e tecnologia. Onde está (ou esteve) domiciliada a imensa maioria deles? Sem dúvida, em países onde há liberdade econômica (capitalismo) e, consequentemente, a busca pelo lucro. Será que isso acontece por acaso?[image error]
Published on January 02, 2012 15:17
Dilemas morais
Published on January 02, 2012 06:25
Why Ron Paul Matters
By EDWARD H. CRANE, wSJ
The controversy surrounding decades-old newsletters to which GOP presidential aspirant Ron Paul lent his name is regrettable. First, it is regrettable because the sometimes bigoted, intolerant content of those newsletters is inconsistent with the views of the congressman as understood by those of us who know him. Yet, while Mr. Paul disavows supporting those ideas, he refuses to repudiate his close association with their likely source, Lew Rockwell, head of the Alabama-based Mises Institute.
Second, the New York Times editorialized recently that these unsavory writings "will leave a lasting stain on . . . the libertarian movement." That is wishful thinking on the part of the Times, but it adds to the background noise surrounding Mr. Paul's candidacy, obscuring the real libertarian policy initiatives that have made his candidacy the most remarkable development of the 2012 campaign.
Ron Paul's libertarian campaign has traction because so many Americans respond to his messages:
• Tax and spending. If ever there were sound and fury signifying nothing, it has to be the recent "debate" over the budget. Covered by the media as though it was negotiations on the Treaty of Versailles, the wrestling match between Republicans and Democrats centered on the nearly trivial question of whether the $12 trillion increase in the national debt over the next decade should be reduced by 3% or 2%.
Mr. Paul would cut the federal budget by $1 trillion immediately. He can't do it, of course, but voters sense he really wants to. As Milton Friedman once explained, the true tax on the American people is the level of spending—the resources taken from the private sector and employed in the public sector. Whether financed from direct taxation, inflation or borrowing, spending is the burden.
• Foreign policy and military spending. As the only candidate other than Jon Huntsman who says it is past time to bring the troops home from Afghanistan, Mr. Paul has tapped into a stirring recognition by limited-government Republicans and independents that an overreaching military presence around the world is inconsistent with small, constitutional government at home.
The massive cost of these interventions, in treasure and blood, highlights what a mistake they are, as sensible people on the left and right recognized from the beginning. Of course we want a strong military capable of defending the United States, but our current expenditures equal what the rest of the world spends, which makes little sense. It is futile to try to be the world's policeman—to try to create an American Empire as so many neoconservatives promote. And we can't afford it.
• Civil liberties. Libertarians often differ with conservatives over issues related to civil liberties. Mr. Paul's huge support among young people is due in large part to his fierce commitment to protecting the individual liberties guaranteed us in the Constitution. He would work to repeal significant parts of the so-called Patriot Act. Its many civil liberties transgressions include the issuance by the executive branch of National Security Letters (a form of administrative subpoena) without a court order, and the forbiddance of American citizens from mentioning that they have received one of these letters at the risk of jail.
The Bush and Obama administrations have claimed the right to incarcerate an American citizen on American soil, without charge, without access to an attorney, for an indefinite period.
President Obama even claims the right to kill American citizens on foreign soil, without due process of law, for suspected terrorist activities. Meanwhile, the Stop Online Piracy Act moving through the House is a clear effort by the federal government to censor the Internet. Mr. Paul stands up against all this, which should and does engender support from limited government advocates in the GOP.
• Austrian economics. Mr. Paul is often criticized for references to what some consider obscure economists of the so-called Austrian School. People should read them before criticizing. Nobel laureate Friedrich von Hayek and his mentor Ludwig von Mises were two of the greatest economists and social scientists ever to live.
Modern Austrian School economists such as Lawrence H. White, now at George Mason University, and Fred Foldvary at Santa Clara University predicted the housing bubble and the recession that followed the massive, multitrillion-dollar malinvestment caused by government redirection of capital into housing. Mr. Paul, like Austrian School economists, understands that we would be better off with a gold standard, competing currencies or a monetary rule than with the arbitrary and discretionary powers of our out-of-control Federal Reserve.
Mr. Paul should be given credit for his efforts to promote these ideas and other libertarian policies, all of which would make America better off. He'd be the first to admit he's not the most erudite candidate to make the case, but surely part of his appeal is his very genuine persona.
Which is not to say that Mr. Paul is always in sync with mainstream libertarians. His seeming indifference to attempts to prevent Iran from obtaining nuclear weapons, his support for a constitutional amendment to deny birthright citizenship to children of illegal aliens, and his opposition to the Nafta and Cafta free trade agreements in the name of doctrinal purity are at odds with most libertarians.
As for the Ron Paul newsletters, the best response was by my colleague David Boaz when the subject was raised publicly in 2008. About them he wrote in the Cato Institute's blog:
"Those words are not libertarian words. Maybe they reflect 'paleoconservative' ideas, though they're not the language of Burke or even Kirk. But libertarianism is a philosophy of individualism, tolerance, and liberty. As Ayn Rand wrote, 'Racism is the lowest, most crudely primitive form of collectivism.' Making sweeping, bigoted claims about all blacks, all homosexuals, or any other group is indeed a crudely primitive collectivism. Libertarians should make it clear that the people who wrote those things are not our comrades, not part of our movement, not part of the tradition of John Locke, Adam Smith, John Stuart Mill, William Lloyd Garrison, Frederick Douglass, Ludwig von Mises, F. A. Hayek, Ayn Rand, Milton Friedman, and Robert Nozick. Shame on them."
Support for dynamic market capitalism (as opposed to crony capitalism), social tolerance, and a healthy skepticism of foreign military adventurism is a combination of views held by a plurality of Americans. It is why the 21st century is likely to be a libertarian century. It is why the focus should be on Ron Paul's philosophy and his policy proposals in 2012.
Mr. Crane is co-founder and president of the Cato Institute.[image error]
The controversy surrounding decades-old newsletters to which GOP presidential aspirant Ron Paul lent his name is regrettable. First, it is regrettable because the sometimes bigoted, intolerant content of those newsletters is inconsistent with the views of the congressman as understood by those of us who know him. Yet, while Mr. Paul disavows supporting those ideas, he refuses to repudiate his close association with their likely source, Lew Rockwell, head of the Alabama-based Mises Institute.
Second, the New York Times editorialized recently that these unsavory writings "will leave a lasting stain on . . . the libertarian movement." That is wishful thinking on the part of the Times, but it adds to the background noise surrounding Mr. Paul's candidacy, obscuring the real libertarian policy initiatives that have made his candidacy the most remarkable development of the 2012 campaign.
Ron Paul's libertarian campaign has traction because so many Americans respond to his messages:
• Tax and spending. If ever there were sound and fury signifying nothing, it has to be the recent "debate" over the budget. Covered by the media as though it was negotiations on the Treaty of Versailles, the wrestling match between Republicans and Democrats centered on the nearly trivial question of whether the $12 trillion increase in the national debt over the next decade should be reduced by 3% or 2%.
Mr. Paul would cut the federal budget by $1 trillion immediately. He can't do it, of course, but voters sense he really wants to. As Milton Friedman once explained, the true tax on the American people is the level of spending—the resources taken from the private sector and employed in the public sector. Whether financed from direct taxation, inflation or borrowing, spending is the burden.
• Foreign policy and military spending. As the only candidate other than Jon Huntsman who says it is past time to bring the troops home from Afghanistan, Mr. Paul has tapped into a stirring recognition by limited-government Republicans and independents that an overreaching military presence around the world is inconsistent with small, constitutional government at home.
The massive cost of these interventions, in treasure and blood, highlights what a mistake they are, as sensible people on the left and right recognized from the beginning. Of course we want a strong military capable of defending the United States, but our current expenditures equal what the rest of the world spends, which makes little sense. It is futile to try to be the world's policeman—to try to create an American Empire as so many neoconservatives promote. And we can't afford it.
• Civil liberties. Libertarians often differ with conservatives over issues related to civil liberties. Mr. Paul's huge support among young people is due in large part to his fierce commitment to protecting the individual liberties guaranteed us in the Constitution. He would work to repeal significant parts of the so-called Patriot Act. Its many civil liberties transgressions include the issuance by the executive branch of National Security Letters (a form of administrative subpoena) without a court order, and the forbiddance of American citizens from mentioning that they have received one of these letters at the risk of jail.
The Bush and Obama administrations have claimed the right to incarcerate an American citizen on American soil, without charge, without access to an attorney, for an indefinite period.
President Obama even claims the right to kill American citizens on foreign soil, without due process of law, for suspected terrorist activities. Meanwhile, the Stop Online Piracy Act moving through the House is a clear effort by the federal government to censor the Internet. Mr. Paul stands up against all this, which should and does engender support from limited government advocates in the GOP.
• Austrian economics. Mr. Paul is often criticized for references to what some consider obscure economists of the so-called Austrian School. People should read them before criticizing. Nobel laureate Friedrich von Hayek and his mentor Ludwig von Mises were two of the greatest economists and social scientists ever to live.
Modern Austrian School economists such as Lawrence H. White, now at George Mason University, and Fred Foldvary at Santa Clara University predicted the housing bubble and the recession that followed the massive, multitrillion-dollar malinvestment caused by government redirection of capital into housing. Mr. Paul, like Austrian School economists, understands that we would be better off with a gold standard, competing currencies or a monetary rule than with the arbitrary and discretionary powers of our out-of-control Federal Reserve.
Mr. Paul should be given credit for his efforts to promote these ideas and other libertarian policies, all of which would make America better off. He'd be the first to admit he's not the most erudite candidate to make the case, but surely part of his appeal is his very genuine persona.
Which is not to say that Mr. Paul is always in sync with mainstream libertarians. His seeming indifference to attempts to prevent Iran from obtaining nuclear weapons, his support for a constitutional amendment to deny birthright citizenship to children of illegal aliens, and his opposition to the Nafta and Cafta free trade agreements in the name of doctrinal purity are at odds with most libertarians.
As for the Ron Paul newsletters, the best response was by my colleague David Boaz when the subject was raised publicly in 2008. About them he wrote in the Cato Institute's blog:
"Those words are not libertarian words. Maybe they reflect 'paleoconservative' ideas, though they're not the language of Burke or even Kirk. But libertarianism is a philosophy of individualism, tolerance, and liberty. As Ayn Rand wrote, 'Racism is the lowest, most crudely primitive form of collectivism.' Making sweeping, bigoted claims about all blacks, all homosexuals, or any other group is indeed a crudely primitive collectivism. Libertarians should make it clear that the people who wrote those things are not our comrades, not part of our movement, not part of the tradition of John Locke, Adam Smith, John Stuart Mill, William Lloyd Garrison, Frederick Douglass, Ludwig von Mises, F. A. Hayek, Ayn Rand, Milton Friedman, and Robert Nozick. Shame on them."
Support for dynamic market capitalism (as opposed to crony capitalism), social tolerance, and a healthy skepticism of foreign military adventurism is a combination of views held by a plurality of Americans. It is why the 21st century is likely to be a libertarian century. It is why the focus should be on Ron Paul's philosophy and his policy proposals in 2012.
Mr. Crane is co-founder and president of the Cato Institute.[image error]
Published on January 02, 2012 04:35
December 28, 2011
A sexta maior do mundo!
Rodrigo Constantino
A notícia levou os nacionalistas ao delírio: a economia brasileira, medida pelo imperfeito PIB, ultrapassou a do Reino Unido e assumiu a sexta posição no ranking mundial. Não é fantástico? Somos mais ricos que os ingleses! Ou será que não é bem assim?
Na verdade, não é nada assim. E por vários motivos. Em primeiro lugar, o "detalhe" mais óbvio, que até uma pequena criança é capaz de compreender: o Reino Unido produz aquele valor de bens e serviços com pouco mais de 60 milhões de habitantes, enquanto o Brasil produz seu PIB com cerca de 200 milhões. Em outras palavras, a produção per capita dos brasileiros ainda é bem menor do que a dos ingleses, e isso é muito mais relevante que o valor absoluto. Afinal, já passamos o PIB da Suíça, com seus 7,6 milhões de habitantes, faz tempo, e não creio que devemos soltar fogos de artifício por conta disso.
Mas não é apenas isso. O PIB mede um fluxo de produção a valor corrente, e isso depende de muitos fatores, tais como a taxa de câmbio e o preço das commodities, quando se trata de um país com relevante exportação de bens básicos como o Brasil. A Inglaterra está passando por uma dolorosa fase de ajustes, com retração econômica e desvalorização de sua moeda. Os países emergentes, especialmente aqueles com fartos recursos naturais como o Brasil, estão com outra dinâmica, crescendo mais e vendo suas moedas se valorizarem.
O governo Dilma não tem mérito pelo que se passa no Chile ou na Austrália, evidentemente. O Brasil, para falar a verdade, cresce aquém de seus pares. E não deixa de ser curioso que o governo tente jogar a culpa da queda do crescimento brasileiro na crise mundial, ao passo que evita reconhecer o crédito da pujança global, particularmente a chinesa, pela fase de maior crescimento econômico aqui. Dois pesos, duas medidas.
Fora isso, outros indicadores devem ser levados em conta para se medir (ou tentar medir) o sucesso de uma sociedade. O IDH é um deles, ainda que também bastante imperfeito. Mas não é preciso ir tão longe. Basta olhar ao redor do país e ver a quantidade de miséria, de favelas, a criminalidade, a infraestrutura caótica, a concentração ilegítima de renda graças aos privilégios do governo, a corrupção, a impunidade, para notar que apenas nacionalistas muito bobocas celebram um dado tão insignificante como este.
Sim, somos o sexto PIB do mundo. Sim, passamos o PIB do Reino Unido. E daí? Com tantos problemas que nos saltam aos olhos diariamente, é o caso de perguntar: Who cares?! Alguém aí melhorou de vida após saber desta notícia? Então que tal voltarmos nossa atenção para a imensa quantidade de problemas que temos de resolver para tornar o Brasil um país melhor, mais próspero, livre e justo? Podemos começar com a questão da impunidade, crucial para nosso futuro. Alguém viu Fernando Pimentel por aí? A propaganda estatal sobre o PIB acima do inglês é apenas "para inglês ver" – ou, no caso, para nacionalistas ingênuos acreditarem que isso muda muita coisa.[image error]
A notícia levou os nacionalistas ao delírio: a economia brasileira, medida pelo imperfeito PIB, ultrapassou a do Reino Unido e assumiu a sexta posição no ranking mundial. Não é fantástico? Somos mais ricos que os ingleses! Ou será que não é bem assim?
Na verdade, não é nada assim. E por vários motivos. Em primeiro lugar, o "detalhe" mais óbvio, que até uma pequena criança é capaz de compreender: o Reino Unido produz aquele valor de bens e serviços com pouco mais de 60 milhões de habitantes, enquanto o Brasil produz seu PIB com cerca de 200 milhões. Em outras palavras, a produção per capita dos brasileiros ainda é bem menor do que a dos ingleses, e isso é muito mais relevante que o valor absoluto. Afinal, já passamos o PIB da Suíça, com seus 7,6 milhões de habitantes, faz tempo, e não creio que devemos soltar fogos de artifício por conta disso.
Mas não é apenas isso. O PIB mede um fluxo de produção a valor corrente, e isso depende de muitos fatores, tais como a taxa de câmbio e o preço das commodities, quando se trata de um país com relevante exportação de bens básicos como o Brasil. A Inglaterra está passando por uma dolorosa fase de ajustes, com retração econômica e desvalorização de sua moeda. Os países emergentes, especialmente aqueles com fartos recursos naturais como o Brasil, estão com outra dinâmica, crescendo mais e vendo suas moedas se valorizarem.
O governo Dilma não tem mérito pelo que se passa no Chile ou na Austrália, evidentemente. O Brasil, para falar a verdade, cresce aquém de seus pares. E não deixa de ser curioso que o governo tente jogar a culpa da queda do crescimento brasileiro na crise mundial, ao passo que evita reconhecer o crédito da pujança global, particularmente a chinesa, pela fase de maior crescimento econômico aqui. Dois pesos, duas medidas.
Fora isso, outros indicadores devem ser levados em conta para se medir (ou tentar medir) o sucesso de uma sociedade. O IDH é um deles, ainda que também bastante imperfeito. Mas não é preciso ir tão longe. Basta olhar ao redor do país e ver a quantidade de miséria, de favelas, a criminalidade, a infraestrutura caótica, a concentração ilegítima de renda graças aos privilégios do governo, a corrupção, a impunidade, para notar que apenas nacionalistas muito bobocas celebram um dado tão insignificante como este.
Sim, somos o sexto PIB do mundo. Sim, passamos o PIB do Reino Unido. E daí? Com tantos problemas que nos saltam aos olhos diariamente, é o caso de perguntar: Who cares?! Alguém aí melhorou de vida após saber desta notícia? Então que tal voltarmos nossa atenção para a imensa quantidade de problemas que temos de resolver para tornar o Brasil um país melhor, mais próspero, livre e justo? Podemos começar com a questão da impunidade, crucial para nosso futuro. Alguém viu Fernando Pimentel por aí? A propaganda estatal sobre o PIB acima do inglês é apenas "para inglês ver" – ou, no caso, para nacionalistas ingênuos acreditarem que isso muda muita coisa.[image error]
Published on December 28, 2011 04:42
December 27, 2011
Censura
Censura, para os petralhas, significa não tomar o mesmo partido deles. Vejamos o caso deste livro "Privataria Tucana". Uma chuva de spam, orquestrada pelo bunker virtual dos petistas, tentou criar uma sensação de que o livro trazia notícias bombásticas e, por isso, seria ignorado ("censurado") pela grande imprensa. Em primeiro lugar, os veículos de imprensa são propriedade particular, e devem ter a liberdade de escolher os seus assuntos. Em segundo lugar, propriedade privada não censura. Somente o governo tem este poder. Propriedade privada seleciona temas entre alternativas, para seu espaço limitado e escasso. Quantos livros são lançados por mês no país? E quantos recebem atenção da grande mídia? São todos aqueles ignorados (a grande maioria) fruto de censura? Se meu livro não for resenhado pela revista VEJA, isso quer dizer que eu fui censurado? Percebe-se que petistas adoram deturpar a linguagem. Mas eis que agora alguns artigos críticos, detonando o livro, foram de fato publicados na grande imprensa. O livro, depois de muita propaganda petista, não foi mais ignorado; foi analisado, e refutado. E agora os petralhas reclamam que a imprensa só critica o livro, ou seja, nova "censura". Conclui-se que, para petralhas, só não há censura quando a grande imprensa CONCORDA com a propaganda mentirosa do PT. Hello, George Orwell...
PS: Uma rápida aula sobre linguagem para os petralhas que pululam neste site. Eu não censuro comentários. Eu SELECIONO aqueles que são publicados em MEU site, da mesma forma que até um petralha comunista seleciona quem pode ou não entrar em SUA própria casa. Chama-se PROPRIEDADE PRIVADA, aquilo que é fundamental para a civilização, e que petistas tanto atacam. Os critérios de seleção são MEUS. E como qualquer um pode observar, as críticas são aceitas e publicadas, DESDE QUE educadas e centradas em argumentos, e não pura ofensa. O problema é que talvez seja exigir demais de um petista o foco nos argumentos. Se fosse o caso, ele já teria deixado de ser petista há muito tempo![image error]
PS: Uma rápida aula sobre linguagem para os petralhas que pululam neste site. Eu não censuro comentários. Eu SELECIONO aqueles que são publicados em MEU site, da mesma forma que até um petralha comunista seleciona quem pode ou não entrar em SUA própria casa. Chama-se PROPRIEDADE PRIVADA, aquilo que é fundamental para a civilização, e que petistas tanto atacam. Os critérios de seleção são MEUS. E como qualquer um pode observar, as críticas são aceitas e publicadas, DESDE QUE educadas e centradas em argumentos, e não pura ofensa. O problema é que talvez seja exigir demais de um petista o foco nos argumentos. Se fosse o caso, ele já teria deixado de ser petista há muito tempo![image error]
Published on December 27, 2011 13:36
Um começo medíocre
Rodrigo Constantino, O GLOBO
O governo Dilma completa seu primeiro ano. O que pode ser dito sobre sua gestão até aqui? De forma resumida, o governo não parece à altura dos desafios que o país enfrenta. A sensação que fica é que a presidente deseja empurrar os problemas com a barriga, na expectativa de que cheguemos logo em 2014.
Durante as eleições, foi vendida a imagem de que Dilma era uma eficiente gestora que atuava nos bastidores. Deve ser uma atuação muito discreta mesmo, pois os resultados custam a aparecer. O que vimos foi uma série de atrasos em importantes obras públicas, além do corte nos investimentos como meio para atingir as metas fiscais, já que o governo foi incapaz de reduzir os gastos correntes. A privatização dos caóticos aeroportos nem saiu ainda!
A economia perdeu força e chega ao fim do ano com crescimento pífio. O Ibovespa cai quase 20%. A inflação deve romper o topo da já elevada meta, com o setor de serviços subindo mais de 9%. Trata-se do resultado dos estímulos estatais do modelo "desenvolvimentista", que olha apenas o curto prazo. O BNDES, com seu "orçamento paralelo", tenta compensar a ausência das reformas que dariam maior dinamismo à economia.
O país vive em um verdadeiro manicômio tributário, não apenas pela magnitude dos impostos, como por sua enorme complexidade. O que o governo fez? Tentou resgatar a CPMF. A receita tributária sobe sem parar, fruto da gula insaciável do governo. Para piorar, há sinais de incrível retrocesso protecionista, como na elevação do IPI para carros importados.
Nossas leis trabalhistas são ultrapassadas, distribuindo privilégios demais aos que possuem carteira assinada à custa daqueles na informalidade. As máfias sindicais vivem do indecente "imposto sindical". O que fez o governo para reverter este quadro?
A demografia brasileira ainda permite algum tempo para reformar o sistema previdenciário antes de uma catástrofe nos moldes da Europa, lembrando que lá os países ao menos ficaram ricos antes de envelhecerem. Mas o Brasil, mesmo com população jovem, apresenta um rombo previdenciário insustentável. Onde está a reforma?
A educação pública no Brasil continua de péssima qualidade, e a presidente resolveu manter Fernando Haddad no ministério mesmo depois de seguidos tropeços. O MEC está cada vez mais ideologizado. Nada de concreto foi feito para enfrentar o corporativismo no setor e impor maior meritocracia.
Alguns podem argumentar que existe "vontade política", mas a necessidade de preservar a "governabilidade" não permite grandes mudanças. Ora, foi o próprio PT quem buscou este modelo de poder! O presidente Lula teve oito anos para lutar por uma reforma política, mas o "mensalão" pareceu um atalho mais atraente. O governo ficou refém de uma colcha de retalhos sem nenhuma afinidade programática. Tudo se resume à partilha do butim da coisa pública.
O resultado está aí: "nunca antes na história deste país" tivemos tantos escândalos de corrupção em apenas um ano de governo. Seis ministros já caíram por conta disso, e outro está na corda bamba. E aqui surge o grande paradoxo: a popularidade da presidente segue em patamar elevado. A classe média parece ter acreditado na imagem de "faxineira" intolerante com os "malfeitos". Se a gestora eficiente não convence mais em uma economia em franca desaceleração, então ao menos se tem a bandeira ética como refúgio.
Mas esta não resiste a um minuto de reflexão. Todos os escândalos foram apontados pela imprensa, e a reação do governo sempre foi a de ganhar tempo ou proteger os acusados. O caso mais recente, do ministro Fernando Pimentel, que prestou "consultorias" milionárias entre um cargo público e outro, derruba de vez a máscara da "faxina". O caso se assemelha bastante ao de Palocci, e a própria presidente Dilma declarou que este só saiu porque quis.
Não há intolerância alguma com "malfeitos". Ao contrário, este é um governo envolto em escândalos, cuja responsabilidade é, em última instância, sempre da própria presidente, que escolhe seus ministros. É questão de tempo até a maioria perceber que esta "faxina ética" não passa de um engodo.
O governo Dilma, em seu primeiro ano, não soube aproveitar o capital político fruto da popularidade elevada: não apresentou nenhuma reforma relevante; não cortou gastos públicos; reduziu os investimentos; ressuscitou fantasmas ideológicos como o protecionismo; não debelou a ameaça inflacionária; e entregou fraco crescimento. Isso tudo além dos infindáveis escândalos de corrupção. Um começo medíocre, sendo bastante obsequioso.[image error]
O governo Dilma completa seu primeiro ano. O que pode ser dito sobre sua gestão até aqui? De forma resumida, o governo não parece à altura dos desafios que o país enfrenta. A sensação que fica é que a presidente deseja empurrar os problemas com a barriga, na expectativa de que cheguemos logo em 2014.
Durante as eleições, foi vendida a imagem de que Dilma era uma eficiente gestora que atuava nos bastidores. Deve ser uma atuação muito discreta mesmo, pois os resultados custam a aparecer. O que vimos foi uma série de atrasos em importantes obras públicas, além do corte nos investimentos como meio para atingir as metas fiscais, já que o governo foi incapaz de reduzir os gastos correntes. A privatização dos caóticos aeroportos nem saiu ainda!
A economia perdeu força e chega ao fim do ano com crescimento pífio. O Ibovespa cai quase 20%. A inflação deve romper o topo da já elevada meta, com o setor de serviços subindo mais de 9%. Trata-se do resultado dos estímulos estatais do modelo "desenvolvimentista", que olha apenas o curto prazo. O BNDES, com seu "orçamento paralelo", tenta compensar a ausência das reformas que dariam maior dinamismo à economia.
O país vive em um verdadeiro manicômio tributário, não apenas pela magnitude dos impostos, como por sua enorme complexidade. O que o governo fez? Tentou resgatar a CPMF. A receita tributária sobe sem parar, fruto da gula insaciável do governo. Para piorar, há sinais de incrível retrocesso protecionista, como na elevação do IPI para carros importados.
Nossas leis trabalhistas são ultrapassadas, distribuindo privilégios demais aos que possuem carteira assinada à custa daqueles na informalidade. As máfias sindicais vivem do indecente "imposto sindical". O que fez o governo para reverter este quadro?
A demografia brasileira ainda permite algum tempo para reformar o sistema previdenciário antes de uma catástrofe nos moldes da Europa, lembrando que lá os países ao menos ficaram ricos antes de envelhecerem. Mas o Brasil, mesmo com população jovem, apresenta um rombo previdenciário insustentável. Onde está a reforma?
A educação pública no Brasil continua de péssima qualidade, e a presidente resolveu manter Fernando Haddad no ministério mesmo depois de seguidos tropeços. O MEC está cada vez mais ideologizado. Nada de concreto foi feito para enfrentar o corporativismo no setor e impor maior meritocracia.
Alguns podem argumentar que existe "vontade política", mas a necessidade de preservar a "governabilidade" não permite grandes mudanças. Ora, foi o próprio PT quem buscou este modelo de poder! O presidente Lula teve oito anos para lutar por uma reforma política, mas o "mensalão" pareceu um atalho mais atraente. O governo ficou refém de uma colcha de retalhos sem nenhuma afinidade programática. Tudo se resume à partilha do butim da coisa pública.
O resultado está aí: "nunca antes na história deste país" tivemos tantos escândalos de corrupção em apenas um ano de governo. Seis ministros já caíram por conta disso, e outro está na corda bamba. E aqui surge o grande paradoxo: a popularidade da presidente segue em patamar elevado. A classe média parece ter acreditado na imagem de "faxineira" intolerante com os "malfeitos". Se a gestora eficiente não convence mais em uma economia em franca desaceleração, então ao menos se tem a bandeira ética como refúgio.
Mas esta não resiste a um minuto de reflexão. Todos os escândalos foram apontados pela imprensa, e a reação do governo sempre foi a de ganhar tempo ou proteger os acusados. O caso mais recente, do ministro Fernando Pimentel, que prestou "consultorias" milionárias entre um cargo público e outro, derruba de vez a máscara da "faxina". O caso se assemelha bastante ao de Palocci, e a própria presidente Dilma declarou que este só saiu porque quis.
Não há intolerância alguma com "malfeitos". Ao contrário, este é um governo envolto em escândalos, cuja responsabilidade é, em última instância, sempre da própria presidente, que escolhe seus ministros. É questão de tempo até a maioria perceber que esta "faxina ética" não passa de um engodo.
O governo Dilma, em seu primeiro ano, não soube aproveitar o capital político fruto da popularidade elevada: não apresentou nenhuma reforma relevante; não cortou gastos públicos; reduziu os investimentos; ressuscitou fantasmas ideológicos como o protecionismo; não debelou a ameaça inflacionária; e entregou fraco crescimento. Isso tudo além dos infindáveis escândalos de corrupção. Um começo medíocre, sendo bastante obsequioso.[image error]
Published on December 27, 2011 04:23
Querem impor a mordaça
Marco Antonio Villa, O GLOBO
Não é novidade a forma de agir dos donos do poder. Nas três últimas eleições presidenciais, o PT e seus comparsas produziram dossiês, violaram sigilos fiscais e bancários, espalharam boatos, caluniaram seus opositores, montaram farsas. Não tiveram receio de transgredir a Constituição e todo aparato legal. Para ganhar, praticaram a estratégia do vale-tudo. Transformaram seus militantes, incrustados na máquina do Estado, em informantes, em difamadores dos cidadãos. A máquina petista virou uma Stasi tropical, tão truculenta como aquela que oprimiu os alemães-orientais durante 40 anos.
A truculência é uma forma fascista de evitar o confronto de ideias. Para os fascistas, o debate é nocivo à sua forma de domínio, de controle absoluto da sociedade, pois pressupõe a existência do opositor. Para o PT, que segue esta linha, a política não é o espaço da cidadania. Na verdade, os petistas odeiam a política. Fizeram nos últimos anos um trabalho de despolitizar os confrontos ideológicos e infantilizaram as divergências (basta recordar a denominação "mãe do PAC").
A pluralidade ideológica e a alternância do poder foram somente suportadas. Na verdade, os petistas odeiam ter de conviver com a democracia. No passado adjetivavam o regime como "burguês"; hoje, como detém o poder, demonizam todos aqueles que se colocam contra o seu projeto autoritário. Enxergam na Venezuela, no Equador e, mais recentemente, na Argentina exemplos para serem seguidos. Querem, como nestes três países, amordaçar os meios de comunicação e impor a ferro e fogo seu domínio sobre a sociedade.
Mesmo com todo o poder de Estado, nunca conseguiram vencer, no primeiro turno, uma eleição presidencial. Encontraram resistência por parte de milhões de eleitores. Mas não desistiram de seus propósitos. Querem controlar a imprensa de qualquer forma. Para isso contam com o poder financeiro do governo e de seus asseclas. Compram consciências sem nenhum recato. E não faltam vendedores sequiosos para mamar nas tetas do Estado.
O panfleto de Amaury Ribeiro Junior ("A privataria tucana") é apenas um produto da máquina petista de triturar reputações. Foi produzido nos esgotos do Palácio do Planalto. E foi publicado, neste momento, justamente com a intenção de desviar a atenção nacional dos sucessivos escândalos de corrupção do governo federal. A marca oficialista é tão evidente que, na quarta capa, o editor usa a expressão "malfeito", popularizada recentemente pela presidente Dilma Rousseff quando defendeu seus ministros corruptos.
Sob o pretexto de criticar as privatizações, focou exclusivamente o seu panfleto em José Serra. O autor chegou a pagar a um despachante para violar os sigilos fiscais de vários cidadãos, tudo isso sob a proteção de uma funcionária (petista, claro) da agência da Receita Federal, em Mauá, região metropolitana de São Paulo. Ribeiro - que está sendo processado - não tem vergonha de confessar o crime. Disse que não sabia como o despachante obtinha as informações sigilosas. Usou 130 páginas para transcrever documentos sem nenhuma relação com o texto, como uma tentativa de apresentar seriedade, pesquisa, na elaboração das calúnias. Na verdade, não tinha como ocupar as páginas do panfleto com outras reportagens requentadas (a maioria publicada na revista "IstoÉ").
Demonstrando absoluto desconhecimento do processo das privatizações, o autor construiu um texto desconexo. Começa contando que sofreu um atentado quando investigava o tráfico de drogas em uma cidade-satélite do Distrito Federal. Depois apresenta uma enorme barafunda de nomes e informações. Fala até de um diamante cor-de-rosa que teria saído clandestinamente do país. Passa por Fernandinho Beira-Mar, o juiz Nicolau e por Ricardo Teixeira. Chega até a desenvolver uma tese que as lan houses, na periferia, facilitam a ação dos traficantes. Termina o longo arrazoado dizendo que foi obrigado a fugir de Brasília (sem explicar algum motivo razoável).
O panfleto não tem o mínimo sentido. Poderia servir - pela prática petista - como um dossiê, destes que o partido usa habitualmente para coagir e tentar desmoralizar seus adversários nas eleições (vale recordar que Ribeiro trabalhou na campanha presidencial de Dilma). O autor faz afirmações megalomaníacas, sem nenhuma comprovação. A edição foi tão malfeita que não tomaram nem o cuidado de atualizar as reportagens requentadas, como na página 170, quando é dito que "o primo do hoje candidato tucano à Presidência da República..." A eleição foi em 2010 e o livro foi publicado em novembro de 2011 (e, segundo o autor, concluído em junho deste ano).
O panfleto deveria ser ignorado. Porém, o Ministério da Verdade petista, digno de George Orwell, construiu um verdadeiro rolo compressor. Criou a farsa do livro invisível, isto quando recebeu ampla cobertura televisiva da rede onde o jornalista dá expediente. Junto às centenas de vozes de aluguel, Ribeiro quis transformar o texto difamatório em denúncia. Fracassou. O panfleto não para em pé e logo cairá no esquecimento. Mas deixa uma lição: o PT não vai deixar o poder tão facilmente, como alguns ingênuos imaginam. Usará de todos os instrumentos de intimidação contra seus adversários, mesmo aqueles que hoje silenciam, acreditando que estão "pela covardia" protegidos da fúria fascista. O PT não terá dúvida em rasgar a Constituição, se for necessário ao seu plano de perpetuação no poder. O panfleto é somente uma pequena peça da estrutura fascista do petismo.[image error]
Não é novidade a forma de agir dos donos do poder. Nas três últimas eleições presidenciais, o PT e seus comparsas produziram dossiês, violaram sigilos fiscais e bancários, espalharam boatos, caluniaram seus opositores, montaram farsas. Não tiveram receio de transgredir a Constituição e todo aparato legal. Para ganhar, praticaram a estratégia do vale-tudo. Transformaram seus militantes, incrustados na máquina do Estado, em informantes, em difamadores dos cidadãos. A máquina petista virou uma Stasi tropical, tão truculenta como aquela que oprimiu os alemães-orientais durante 40 anos.
A truculência é uma forma fascista de evitar o confronto de ideias. Para os fascistas, o debate é nocivo à sua forma de domínio, de controle absoluto da sociedade, pois pressupõe a existência do opositor. Para o PT, que segue esta linha, a política não é o espaço da cidadania. Na verdade, os petistas odeiam a política. Fizeram nos últimos anos um trabalho de despolitizar os confrontos ideológicos e infantilizaram as divergências (basta recordar a denominação "mãe do PAC").
A pluralidade ideológica e a alternância do poder foram somente suportadas. Na verdade, os petistas odeiam ter de conviver com a democracia. No passado adjetivavam o regime como "burguês"; hoje, como detém o poder, demonizam todos aqueles que se colocam contra o seu projeto autoritário. Enxergam na Venezuela, no Equador e, mais recentemente, na Argentina exemplos para serem seguidos. Querem, como nestes três países, amordaçar os meios de comunicação e impor a ferro e fogo seu domínio sobre a sociedade.
Mesmo com todo o poder de Estado, nunca conseguiram vencer, no primeiro turno, uma eleição presidencial. Encontraram resistência por parte de milhões de eleitores. Mas não desistiram de seus propósitos. Querem controlar a imprensa de qualquer forma. Para isso contam com o poder financeiro do governo e de seus asseclas. Compram consciências sem nenhum recato. E não faltam vendedores sequiosos para mamar nas tetas do Estado.
O panfleto de Amaury Ribeiro Junior ("A privataria tucana") é apenas um produto da máquina petista de triturar reputações. Foi produzido nos esgotos do Palácio do Planalto. E foi publicado, neste momento, justamente com a intenção de desviar a atenção nacional dos sucessivos escândalos de corrupção do governo federal. A marca oficialista é tão evidente que, na quarta capa, o editor usa a expressão "malfeito", popularizada recentemente pela presidente Dilma Rousseff quando defendeu seus ministros corruptos.
Sob o pretexto de criticar as privatizações, focou exclusivamente o seu panfleto em José Serra. O autor chegou a pagar a um despachante para violar os sigilos fiscais de vários cidadãos, tudo isso sob a proteção de uma funcionária (petista, claro) da agência da Receita Federal, em Mauá, região metropolitana de São Paulo. Ribeiro - que está sendo processado - não tem vergonha de confessar o crime. Disse que não sabia como o despachante obtinha as informações sigilosas. Usou 130 páginas para transcrever documentos sem nenhuma relação com o texto, como uma tentativa de apresentar seriedade, pesquisa, na elaboração das calúnias. Na verdade, não tinha como ocupar as páginas do panfleto com outras reportagens requentadas (a maioria publicada na revista "IstoÉ").
Demonstrando absoluto desconhecimento do processo das privatizações, o autor construiu um texto desconexo. Começa contando que sofreu um atentado quando investigava o tráfico de drogas em uma cidade-satélite do Distrito Federal. Depois apresenta uma enorme barafunda de nomes e informações. Fala até de um diamante cor-de-rosa que teria saído clandestinamente do país. Passa por Fernandinho Beira-Mar, o juiz Nicolau e por Ricardo Teixeira. Chega até a desenvolver uma tese que as lan houses, na periferia, facilitam a ação dos traficantes. Termina o longo arrazoado dizendo que foi obrigado a fugir de Brasília (sem explicar algum motivo razoável).
O panfleto não tem o mínimo sentido. Poderia servir - pela prática petista - como um dossiê, destes que o partido usa habitualmente para coagir e tentar desmoralizar seus adversários nas eleições (vale recordar que Ribeiro trabalhou na campanha presidencial de Dilma). O autor faz afirmações megalomaníacas, sem nenhuma comprovação. A edição foi tão malfeita que não tomaram nem o cuidado de atualizar as reportagens requentadas, como na página 170, quando é dito que "o primo do hoje candidato tucano à Presidência da República..." A eleição foi em 2010 e o livro foi publicado em novembro de 2011 (e, segundo o autor, concluído em junho deste ano).
O panfleto deveria ser ignorado. Porém, o Ministério da Verdade petista, digno de George Orwell, construiu um verdadeiro rolo compressor. Criou a farsa do livro invisível, isto quando recebeu ampla cobertura televisiva da rede onde o jornalista dá expediente. Junto às centenas de vozes de aluguel, Ribeiro quis transformar o texto difamatório em denúncia. Fracassou. O panfleto não para em pé e logo cairá no esquecimento. Mas deixa uma lição: o PT não vai deixar o poder tão facilmente, como alguns ingênuos imaginam. Usará de todos os instrumentos de intimidação contra seus adversários, mesmo aqueles que hoje silenciam, acreditando que estão "pela covardia" protegidos da fúria fascista. O PT não terá dúvida em rasgar a Constituição, se for necessário ao seu plano de perpetuação no poder. O panfleto é somente uma pequena peça da estrutura fascista do petismo.[image error]
Published on December 27, 2011 03:58
December 26, 2011
Segurança tem custo

Rodrigo Constantino, revista VOTO
Vivemos em uma época um tanto acovardada, em que muitos passaram a crer que é possível eliminar os riscos da vida delegando a responsabilidade ao governo. Com o auxílio das leis, vamos impor alimentos saudáveis, banir o tabaco da face da Terra, cortar a fritura e a gordura, produzir automóveis ultra-seguros e por aí vai. Tudo em nome de uma vida mais protegida e prolongada. Poucos se dão conta, porém, de que esta obsessão por mais segurança tem custos.
Vejamos o caso do automóvel. A paranóia para se evitar acidentes, sempre atacando os sintomas em vez das causas, já levou à criação de uma lei intolerante ao extremo com o consumo de álcool. O sujeito que sair para jantar com a mulher e beber uma taça de vinho estará cometendo um crime se pegar no volante depois. O custo indireto desta medida radical pode ser a redução do faturamento dos restaurantes, suborno para policiais, multa para o governo, ou mais gasto com táxi. Tudo por causa da maldita taça de vinho!
A intenção é boa: impedir que bêbados sem condição alguma peguem na direção dos carros, colocando a vida dos outros em evidente perigo. Mas o custo de exagerar na dose – não da bebida, mas da lei – pode ser muito alto. A dificuldade de se medir seu efeito indireto faz com que a maioria note somente os resultados diretos no curto prazo: a redução de acidentes. Mas se esta é a única meta, e se vamos ignorar seus custos, então banir de uma vez o uso do automóvel seria ainda mais eficiente para acabar com os acidentes.
Quando colocamos a situação desta forma, a maioria compreende que tal medida seria absurda, pois seu custo seria muito elevado. Mas estamos apenas discutindo uma questão de grau. A tal "Lei Seca" também impõe pesados custos, e estes devem ser levados em conta na hora de decidir a questão. O ponto principal é reconhecer que a segurança tem custos, e ela não deve, por si só, ser o único objetivo. Há outros valores em jogo, e devemos evitar o sensacionalismo daqueles que repetem que "salvar vidas não tem preço". Tem sim, e ele pode ser bem elevado!
Os economistas aprendem logo cedo que os recursos são escassos, e que seu uso passa constantemente por uma concorrência entre diferentes alternativas. A segurança é mais um item que deve ser levado em conta, mas não o único. Ainda sobre automóveis, podemos pensar nos itens de segurança de um carro. Freios ABS, airbags, blindagem, tudo isso pode realmente oferecer mais segurança para o usuário. Mas nem por isso vamos assumir que são isentos de custo.
Quando o governo obriga os fabricantes a incluir esses itens nos modelos básicos, isso envolve preços maiores para os consumidores. Ignorar este efeito é fugir da realidade. Se todos os carros terão que oferecer airbags de fábrica, isso quer dizer que o custo será repassado para o preço final. Em outras palavras, o governo está decidindo pelo consumidor o que ele deve valorizar mais entre as alternativas concorrentes. Talvez o consumidor preferisse um sistema de som mais potente. Ou talvez ele achasse melhor economizar esta quantia e usá-la para outra finalidade qualquer.
Logo, sempre que o governo apela para a mensagem de maior segurança para impor medidas, deve-se ter em mente o que ele está fazendo de fato: escolhendo pelos consumidores. A premissa por trás desta mentalidade paternalista é que os próprios consumidores são incapazes de escolher por conta própria. Assume-se que o usuário não valoriza tanto sua própria segurança, e que ele assim deveria fazer. Trata-se de uma visão autoritária e depreciativa do indivíduo, tratado como mentecapto.
Viver é arriscado. É impossível, além de indesejável, eliminar todos os riscos. E, como os recursos são escassos e segurança tem custo, deve-se sempre encarar a busca por maior segurança como um "trade-off", ou seja, algo é deixado de lado em troca dela. Quando observamos a coisa por este prisma realista, a questão que surge é a seguinte: quem deve escolher? Muitos pensam que cabe ao governo esta escolha. São os adeptos de uma crença autoritária e elitista, um tanto platônica até, de que os governantes são mais esclarecidos e devem impor suas preferências aos demais.
Outros aceitam que as escolhas devem ser do próprio indivíduo, que por sua vez deve assumir a responsabilidade por elas. Se viver é arriscado e se mais segurança significa menos de algum outro bem, então é o próprio indivíduo quem deve pesar os prós e contras e decidir, quando apenas a sua segurança está em jogo. É a postura dos liberais que, como Thomas Sowell, reconhecem que não há nada mais perigoso do que deixar algumas pessoas tomarem as decisões pelas quais outros terão que pagar pelos custos.
Como sabia Hayek, outro grande liberal, a liberdade concedida somente quando se sabe a priori que seus efeitos serão benéficos não é liberdade. Ser livre, afinal, significa ser livre para cometer grandes erros ou correr riscos mortais. Segurança custa caro, e quando imposta sacrifica o que há de mais valioso para o indivíduo: sua liberdade. Agradeço a preocupação dos demais, mas podem deixar que da minha segurança eu mesmo cuido!
Published on December 26, 2011 09:19
Saudades de Deus
LUIZ FELIPE PONDÉ, Folha de SP
Tem coisa mais monótona do que discutir sobre a existência ou não de Deus? Ninguém crê em Deus "por razões lógicas". Isso é papo furado. Ninguém "decide" ter fé.
Tentar provar que Deus existe porque ele seria "uma necessidade da razão" me parece um engodo.
Primeiro porque a razão é risível em suas necessidades, como diria o cético Michel de Montaigne (século 16). A pergunta pela origem de tudo que existe (como numa espécie de aristotelismo aguado) não prova nada. Temos inúmeras necessidades que não são autoevidentes -por exemplo, que o bem deva vencer ao final das coisas.
Muitas vezes o mal vence e pronto. Quase sempre. Por outro lado, é interessante se pensar de onde veio a matéria que explodiu um dia e o lugar onde ela explodiu.
Mas isso nada prova acerca do Deus ocidental. O princípio pode ser uma mecânica estúpida.
Aliás, o chamado "argument from evil" (argumento a partir do mal) do ateísmo é famoso. Autores grandes como Dostoiévski e Kafka, entre outros, já o frequentaram de forma brilhante.
O argumento basicamente é o seguinte: se Deus é bom, por que o mundo é mau? Alguns já chegaram a supor que Deus seria mesmo mau, como o próprio Kafka.
Duas questões são importantes apontar nesse debate, uma com relação aos crentes, outra aos ateus.
Primeiro os crentes. Uma falácia comum por parte dos crentes é supor que seria impossível você ser uma pessoa razoavelmente moral sem alguma forma de religião. A história prova que ateus e crentes dividem o mesmo lote de miséria moral. Pouco importa ser ou não crente.
Pessoalmente, acho que o acaso decide: o temperamento (o acaso de você ter nascido "assim ou assado") é quase sempre o juiz do comportamento humano e não "valores" religiosos ou éticos seculares (não religiosos).
Portanto, a tentativa de afirmar que, se você é ateu você necessariamente não é "bom", é pura falácia. Tampouco penso que uma religião faça falta para todas as pessoas. Muita gente vive sem crise sem acreditar em coisa nenhuma "do outro mundo". Isso não significa que ela seja sempre feliz (tampouco os religiosos o são), a (in)felicidade depende de inúmeros fatores.
E mais: "crer ou não crer" não é algo que você escolhe, "acontece". Grandes teólogos como Santo Agostinho, Lutero e Calvino diziam que a "fé é uma graça" (simplificando a coisa), alguns receberam o dom e outros não (portanto, ela "acontece", como eu dizia acima, não é você quem escolhe ter ou não). Acho essa ideia bem mais elegante do que esse papo furado acerca das necessidades racionais, sociais, morais ou psíquicas da crença.
Quanto aos ateus, acho risível a ideia de que o ateísmo seja uma "conquista" da razão ou de alguma forma de rigor moral ou "coragem cosmológica".
Nada disso, como já disse antes, e repito, até golfinhos conseguem ser ateus em sua maravilhosa vida aquática. Fiquei ateu quando tinha oito anos.
O ateísmo me parece, entre todas as hipóteses sobre o universo, a mais fácil, simples, rápida e quase "fast food theory" (teoria fast food).
Não precisamos nos esforçar muito para perceber que podemos talvez um dia descobrir a causa "natural" do universo, ou acabarmos como espécie antes de descobrir qualquer coisa. E "who cares" se sumirmos um dia?
E mais: é quase evidente que somos uma raça abandonada na face da Terra e a indiferença dos elementos naturais para conosco (sejam eles externos ou internos ao nosso corpo) salta aos olhos.
E mais: a possibilidade de estarmos sozinhos é sempre mais fácil do que acompanhados por um ser maravilhoso, dono do universo e que sabe cada fio do cabelo que você tem na cabeça.
Não há nenhuma evidencia definitiva de que Deus ou que qualquer outra entidade divina exista. O ônus da prova é de quem crê. Além do fato de que os japoneses, caras bem inteligentes, não creem em Jesus na maioria das vezes.
Acho Deus uma hipótese acerca da origem das coisas mais elegante do que a dos golfinhos. Mas, por outro lado, a ideia de que um dia o pó tomou consciência de si mesmo e constatou sua dolorosa solidão cósmica é bela como uma ópera.
Tem coisa mais monótona do que discutir sobre a existência ou não de Deus? Ninguém crê em Deus "por razões lógicas". Isso é papo furado. Ninguém "decide" ter fé.
Tentar provar que Deus existe porque ele seria "uma necessidade da razão" me parece um engodo.
Primeiro porque a razão é risível em suas necessidades, como diria o cético Michel de Montaigne (século 16). A pergunta pela origem de tudo que existe (como numa espécie de aristotelismo aguado) não prova nada. Temos inúmeras necessidades que não são autoevidentes -por exemplo, que o bem deva vencer ao final das coisas.
Muitas vezes o mal vence e pronto. Quase sempre. Por outro lado, é interessante se pensar de onde veio a matéria que explodiu um dia e o lugar onde ela explodiu.
Mas isso nada prova acerca do Deus ocidental. O princípio pode ser uma mecânica estúpida.
Aliás, o chamado "argument from evil" (argumento a partir do mal) do ateísmo é famoso. Autores grandes como Dostoiévski e Kafka, entre outros, já o frequentaram de forma brilhante.
O argumento basicamente é o seguinte: se Deus é bom, por que o mundo é mau? Alguns já chegaram a supor que Deus seria mesmo mau, como o próprio Kafka.
Duas questões são importantes apontar nesse debate, uma com relação aos crentes, outra aos ateus.
Primeiro os crentes. Uma falácia comum por parte dos crentes é supor que seria impossível você ser uma pessoa razoavelmente moral sem alguma forma de religião. A história prova que ateus e crentes dividem o mesmo lote de miséria moral. Pouco importa ser ou não crente.
Pessoalmente, acho que o acaso decide: o temperamento (o acaso de você ter nascido "assim ou assado") é quase sempre o juiz do comportamento humano e não "valores" religiosos ou éticos seculares (não religiosos).
Portanto, a tentativa de afirmar que, se você é ateu você necessariamente não é "bom", é pura falácia. Tampouco penso que uma religião faça falta para todas as pessoas. Muita gente vive sem crise sem acreditar em coisa nenhuma "do outro mundo". Isso não significa que ela seja sempre feliz (tampouco os religiosos o são), a (in)felicidade depende de inúmeros fatores.
E mais: "crer ou não crer" não é algo que você escolhe, "acontece". Grandes teólogos como Santo Agostinho, Lutero e Calvino diziam que a "fé é uma graça" (simplificando a coisa), alguns receberam o dom e outros não (portanto, ela "acontece", como eu dizia acima, não é você quem escolhe ter ou não). Acho essa ideia bem mais elegante do que esse papo furado acerca das necessidades racionais, sociais, morais ou psíquicas da crença.
Quanto aos ateus, acho risível a ideia de que o ateísmo seja uma "conquista" da razão ou de alguma forma de rigor moral ou "coragem cosmológica".
Nada disso, como já disse antes, e repito, até golfinhos conseguem ser ateus em sua maravilhosa vida aquática. Fiquei ateu quando tinha oito anos.
O ateísmo me parece, entre todas as hipóteses sobre o universo, a mais fácil, simples, rápida e quase "fast food theory" (teoria fast food).
Não precisamos nos esforçar muito para perceber que podemos talvez um dia descobrir a causa "natural" do universo, ou acabarmos como espécie antes de descobrir qualquer coisa. E "who cares" se sumirmos um dia?
E mais: é quase evidente que somos uma raça abandonada na face da Terra e a indiferença dos elementos naturais para conosco (sejam eles externos ou internos ao nosso corpo) salta aos olhos.
E mais: a possibilidade de estarmos sozinhos é sempre mais fácil do que acompanhados por um ser maravilhoso, dono do universo e que sabe cada fio do cabelo que você tem na cabeça.
Não há nenhuma evidencia definitiva de que Deus ou que qualquer outra entidade divina exista. O ônus da prova é de quem crê. Além do fato de que os japoneses, caras bem inteligentes, não creem em Jesus na maioria das vezes.
Acho Deus uma hipótese acerca da origem das coisas mais elegante do que a dos golfinhos. Mas, por outro lado, a ideia de que um dia o pó tomou consciência de si mesmo e constatou sua dolorosa solidão cósmica é bela como uma ópera.
Published on December 26, 2011 05:08
December 23, 2011
Argentina: a meta dos petistas

Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal
O ataque do governo Kirchner à imprensa independente atingiu patamares venezuelanos, quiçá cubanos, nos últimos dias. A tentativa de calar o grupo Clarín vem desde o governo anterior do falecido Nestor Kirchner. Os meios usados são sempre truculentos, como na operação em que mais de 200 fiscais da Receita foram à sede do jornal para buscar qualquer indício de ilegalidade. Desta vez, a intenção é cortar a matéria-prima do jornal: o papel.
O senador Miguel Pichetto, líder da bancada governista, foi direto ao ponto: "O Clarín é inimigo do governo". Simples assim. O governo não tolera críticas, e precisa usar – a abusar – das leis arbitrárias para impedir o trabalho destes "inimigos". Outro senador governista explicou a lógica da medida que poderá aumentar a participação acionária do Estado na fornecedora de papel: "Se a lei levará ou não a uma expropriação não sabemos, ainda não fazemos futurologia. Mas se isso ocorrer, não será expropriada a liberdade de expressão, mas uma empresa". Ah bom!
O que se passa na Argentina nos remete ao alerta feito por Hayek em seu brilhante O Caminho da Servidão, onde o economista austríaco demonstra que a liberdade econômica é fundamental para preservar a liberdade política. Em outras palavras, se o governo pode intervir de forma arbitrária na economia, ele pode manter qualquer um como refém. Basta ele ser dono de uma simples fornecedora de papel, por exemplo, para ele controlar toda a mídia impressa. O cão não morde a mão que o alimenta.
Os lamentáveis, porém previsíveis acontecimentos argentinos devem servir de alerta aos brasileiros. O governo petista, antes com o presidente Lula e agora com Dilma, vem tentando expandir os tentáculos estatais na economia, infelizmente com sucesso. E o controle da imprensa independente tem sido uma verdadeira obsessão de muitos petistas. Se os argentinos, mais educados que nós na média, não foram capazes de evitar tal destino trágico, o que garante que nós iremos escapar desta sina?
Toda mobilização será necessária para proteger a liberdade de imprensa por aqui. Afinal, sabemos que aquilo que a Argentina está conseguindo fazer é a meta de muitos petistas. Alguns devem inclusive estar com baba de inveja escorrendo pelo canto da boca, sonhando com o dia em que a revista Veja e os jornais O Globo e Estadão dependerão da aprovação do governo para obter papel.
Published on December 23, 2011 05:06
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