Rodrigo Constantino's Blog, page 390

February 29, 2012

Desejo de sucesso!

Doutor José Nazar *

Você quer o sucesso? Pergunte-se, então, até que ponto está disposto a se sacrificar por ele. Trata-se de um querer verdadeiro, decidido? Pode ser que sim, pode ser que não. Pois você pode dizer a si mesmo que o deseja, mas não se dispõe a pagar por ele, pagar o preço justo de uma possível conquista.
O sucesso requer de cada um disciplina e esforços. Fundamentalmente, exige de você constantes questionamentos. São muitas renúncias que se interpõem no meio do caminho. Como construir o edifício do sucesso, como mantê-lo sem se atrapalhar com ele? Mesmo porque, o caminho em direção ao sucesso, é o de uma obra que carrega consigo o estilo particular de cada um. Não se trata de ganhar dinheiro ou ficar rico. Isso pode ser uma consequência. O que importa é o seu nome atrelado à uma realização que produz uma marca diferencial.
O sucesso em sua vida depende de um desejo. Que lugar você ocupou no desejo de seus pais, de seus antepassados? De quê maneira você vai lidar com o que herdou? Como você vai responder com dignidade ao desejo que o habita? Isso não é qualquer coisa, pois requer um movimento vivo de uma insistência tenaz, específica. O pai ou a mãe podem ter faltado como presença física, mas o lugar do desejo já estava colocado em sua origem. Bem como um outro pode ter dado algum suporte para que ele vigorasse. Muitos reagem mal diante de uma falta, gozam de pobres coitados, tornam-se vítimas eternas, necessitando de ajuda. Outros, reagem de uma maneira distinta, tomam a falta como causa de seu desejo, insistem num movimento de progresso e respondem dizendo não à posição de vitimização. O vazio da falta, o som mudo de uma perda servem de fonte de ensinamentos. A vida é uma eterna escola para aqueles que desejam sucesso! Deixe de lado o orgulho e a arrogância, abandone a posição de querer ser amado, seja desejante.
Em outras situações, pode ser que você não se lembre de um desejo específico de seu pai ou de sua mãe, querendo que você fosse bem sucedido, nisto ou naquilo. Por exemplo, que você fosse um grande médico, que se tornasse um engenheiro magistral, que se realizasse como um famoso homem público, etc.. Ou seja, alguém bem realizado na vida.
Hoje, mais do que nunca, pais querem filhos vitoriosos. Eles educam seus filhos com muito sacrifício, tendo como meta o sucesso. Os pais se tornaram reféns do futuro de seus rebentos. Os pais não gozam de tranquilidade, pois não deixam muito espaço para que seus filhos cumpram sua parte nessa empreitada que, diga-se, não é nada fácil. Os pais estão sempre de prontidão. Eles se antecipam quanto aos passos dos filhos rumo a um possível sucesso, muito mais no âmbito profissional, que na vida amorosa. Por isso mesmo, a distância entre o sucesso e o fracasso tem estado cada vez menor, são vizinhos, separados por uma tênue linha onde reside o perigo. Exigências excessivas, fracassos iminentes!
O sucesso pleno é muito difícil. Talvez ele não exista. Quase sempre perde-se alguma coisa. Você pode ser muito bom naquilo que faz mas, e sua vida amorosa, sexual? Tem sobrado tempo para ser um bom amante?
Uma coisa é importante. Devemos ter clareza sobre o desejo que habita cada um de nós. Você deve mergulhar fundo em si mesmo e arrancar as letras deste desejo que o constituiu. O desejo carrega as marcas da historicidade de um passado que determinará nossos rumos na vida. O melhor e o pior, os acertos e os erros, os sucessos e os fracassos. Pode ser que você não se dê conta de que o encaminhamento de sua vida é sediada por medos e preocupações. Isso pode acarretar impedimentos em direção a um possível sucesso.
Desejo é algo carnal que sustenta uma vida em todas as direções. Até mesmo em direção ao fracasso, à morte. Portanto, meu caro, não existe nenhum modelo prévio , cartilha, ou código de rota para o sucesso.
Com frequência, encontramos pessoas que dizem não querer repetir a história de seu pai ou sua mãe. Procuram tomar rumos distintos e quando se dão conta, estão repetindo os mesmos erros, os mesmos fracassos. Há variações de desejos, apostas e desistências! De toda maneira, temos desejos contrariados. Como retificá-los? Pensar, sempre pensar, este ainda é o caminho.
É difícil, mas não é impossível, você delinear um caminho próprio que torne possível a construção sucessiva de boas realizações. Acredite, insista, realize diálogos com os mais velhos, os mais experientes. Até mesmo um livro, pode ser um bom interlocutor. Insista, ainda é possível.

* Escola Lacaniana de Psicanálise - RJ
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Published on February 29, 2012 12:45

Libertem a moeda!

Engole essa, Bernanke! Ron Paul vai direto ao ponto neste discurso feito hoje. Ouro e prata não deveriam ser vistos como um ATIVO pelo governo, e portanto taxados por ganho de capital. É hora de repelir o Legal Tender do Fiat Money e permitir que cada cidadão tenha, como MOEDA, ouro e prata em bancos, assim como referência em contratos privados. Hayek, Nobel de Economia, tem um livro sobre a desestatização da moeda que vale a pena ser lido. Segue uma pequena resenha que fiz.

PS: Se Ron Paul deixasse sua visão ingênua de política externa de lado, ele seria "o cara" mesmo![image error]
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Published on February 29, 2012 11:46

O legado de Thatcher

Aproveitando o momento de destaque, com o Oscar de melhor atriz (merecido) para Meryl Streep no filme sobre sua pessoa, segue um curto vídeo em homenagem ao legado desta grande estadista que foi Lady Thatcher, produzido pelo The Heritage Foundation. Fica aqui registrada a minha profunda admiração por esta grande mulher.
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Published on February 29, 2012 05:49

A carga tributária sobre o cidadão

Editorial de O Globo

Esta época do ano, em que as pessoas físicas acertam as contas com a Receita Federal, bem simbolizada na antiga propaganda oficial pela figura imponente e temida de um leão, costuma ser tempo de mau humor. Não é preciso entender de tributos para perceber - ou melhor, sentir no bolso - o aperto do torniquete tributário, sempre mais doloroso para assalariados que recolhem na fonte e com poucas ou nenhuma possibilidade de dedução do imposto já pago.

É conhecido o processo de aumento avassalador da carga de tributos ocorrida nos últimos 17 anos, período em que tucanos e petistas compartilharam o poder em Brasília. Em grande números, foram expropriados da sociedade, em impostos, dez pontos percentuais de PIB adicionais. E assim a carga está hoje na faixa de 36% do PIB, bastante acima da taxa de países desenvolvidos (Estados Unidos e Japão, por exemplo), bem como de economias emergentes equiparáveis ao Brasil.

Estudo da consultoria Ernst & Young Terco, feito sob encomenda do GLOBO, chegou aos números do desconforto sentido por parte da população brasileira, obrigada a trabalhar quatro meses apenas para alimentar o Leão. O levantamento considerou os dados oficiais sobre o imposto de renda retido na fonte e o IR da pessoa física, de 2002 a 2011. Incluem-se no levantamento rendimentos do trabalho e o produto da venda de imóveis e veículos.

Nestes dez anos, enquanto o volume de dinheiro arrecadado junto às pessoas físicas dobrou - de R$ 44,9 bilhões para R$ 90,7 bilhões -, o total coletado pela Receita nos demais contribuintes aumentou 72,2%. Ou seja, o peso dos impostos ficou maior sobre as pessoas físicas do que em geral. E, com isso, o que saiu da renda do cidadão para o Tesouro aumentou a participação relativa sobre o bolo total da arrecadação: passou de 11% para 13%.

O assalariado que recolhe imposto na fonte passou a ser um refém de fácil ordenha por uma Receita Federal cada vez mais automatizada, capaz, dizem, de bisbilhotar despesas registradas no mundo digital. Até a distribuição de alíquotas, no Brasil, tem graves distorções. A mais elevada, de 27,5%, por exemplo, incide sobre renda mais baixa do que ocorre nos Estados Unidos, Inglaterra, Chile, Argentina, China e Colômbia.

Uma das marcas do sistema tributário brasileiro, entre várias distorções, é a injustiça social, porque, via impostos indiretos, pessoas com renda baixa recolhem proporcionalmente mais que extratos de renda mais elevada. A constatação costuma levar a conclusões equivocadas, como a de que é preciso, então, aumentar o imposto sobre os rendimentos mais altos.

Como a carga tributária está elevada para todos, seriam criadas mais distorções. O caminho indicado é aproveitar a fase de crescimento do bolo da arrecadação para calibrar para baixo a carga tributária e tratar de ampliar a base de contribuintes - mais gente pagando, paga-se menos.

Porém, como a visão ideológica em vigor é que cabe ao Estado ser o grande repartidor das rendas da sociedade, o céu passa a ser o limite para a coleta de impostos. Claro que, deste ponto de vista, não estão em questão os serviços de má qualidade que o poder público dá em troca da extorsão tributária.
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Published on February 29, 2012 04:40

February 28, 2012

Veja vê vantagens na leitura de lixo

Janer Cristaldo

Quem acredita em tudo que lê, melhor não tivesse aprendido a ler, diz um provérbio oriental. Vou mais longe. Quem se nutre de best-sellers, nem devia ter aprendido a ler. Ainda há pouco, eu afirmava que fora da leitura não há salvação. Em meus dias de universidade, uma aluna me perguntava. Professor, é verdade que a leitura pode transformar a gente? Ora, é uma das poucas coisas que realmente transformam, eu diria. Pessoas, viagens, encontros, doenças, adversidades sempre mexem com nossas vidas. Mas a leitura continua sendo o método mais eficaz de mutação.

Mas há leituras e leituras. Uma coisa é ler Harry Potter e outra é ler Crime e Castigo. Conheço inclusive leitores contumazes – e os conheço de perto - que lêem talvez até mais do que eu leio, mas não fazem distinção alguma entre Rowling e Dostoievski. Crime e Castigo? Ah, sim a história daquele estudante que matou uma velhota? E estamos conversados. Como se fosse entrecho da novela das oito. As reflexões do russo sobre a vida e a morte, sobre o homem, Deus e a sociedade, escorrem como água entre os dedos. Ou seja, ler nem sempre é sinônimo de aquisição de cultura.

A revista Veja desta semana dá capa ao último best-seller tupiniquim, o padre Marcelo Rossi, com o título "O milagre da leitura", enfocando Ágape, livro que já vendeu 7,5 milhões de exemplares. Em editorial, a revista saúda "os resultados auspiciosos do censo encomendado ao Upea pela Câmara Brasileira do Livro. Os dados mostram que, de 2009 para 2010, o número de exemplares impressos no Brasil bateu em quase 500 milhões, com um crescimento de 23%."

Desse montante, 230 milhões pertencem ao que chamo de indústria textil – assim mesmo, sem acento, a indústria do texto. 144 milhões são comprados pelo governo e distribuídos gratuitamente às escolas, o que explica em boa parte a perenidade de autores que há muito estão mortos e bem mortos. E explica também a ojeriza dos jovens à leitura.

Muito bem. Mas que está lendo o brasileiro? Para começar, o tal de Ágape, do padre Marcelo Rossi. Ladeado por Zíbia Gasparetto, escritora espírita cujos livros são ditados por entidades de luz e já venderam 16 milhões de exemplares. Mais Jô Soares, que mistura o imperador D. Pedro II com Sarah Bernhardt e Sherlock Holmes, mais um violino Stradivarius. Mais outros ilustres nomes das letras pátrias, dos quais jamais ouvi falar: Thalita Rodrigues, crônica do cotidiano dos jovens; Ana Beatriz da Silva, série sobre as angústias da mente; Roberto Shinyashiki, o guru corporativo que fala sobre felicidade. Jô à parte, tudo auto-ajuda, esse gênero abominável da literatura, que vende falsas esperanças para os pobres de espírito.

Isso que Paulo Coelho não foi arrolado na reportagem, por não ter publicado título novo desde 2010. E sem falar em Gabriel Chalita, autor polímata que em seus 43 anos escreveu mais de 60 livros. Dos quais ninguém lembra título algum.

O Brasil está cheio de escritores que vendem milhões de livros e dos quais jamais ouvimos falar. Alguém conhece algum título – ou pelo menos ouviu falar – do padre Lauro Trevisan, de Santa Maria? Pois o homem – leio na Wikipédia – é autor de mais de 40 livros, todos eles best-sellers a nível internacional, com mais de dois milhões de exemplares vendidos. Em Portugal, as suas obras Apresse o Passo Que o Mundo Está a Mudar (2001), Como Usar o Seu Poder para Qualquer Coisa (2002),Conhece-te e Conhecerás o Teu Poder (2002), Regressão de Idade para a Libertação Total (2001) e Relax com Programação Positiva (2001) estão publicadas pela Editora Pergaminho. Os gaúchos têm uma celebridade em seus pagos e a desconhecem. Estes livros, você não os vê nem em livrarias. Exceto, é claro, na livraria que o padre administra em Santa Maria. São vendidos a partir de conferências e cursos de auto-ajuda.

Quem me acompanha, sabe de minha ojeriza aos best-sellers. Se um livro vendeu de repente um milhão de exemplares, este é um de meus critérios para não comprá-lo. Não existe tanta gente inteligente no mundo. Não existe um único best-seller em minha biblioteca. Aliás, quando saio atrás de um título, tenho de trotar entre uma livraria e outra, pois trata-se de livro geralmente pouco divulgado.

Os brasileiros estão lendo mais, diz Veja. Ora, de que adianta ler mais, quando o que se lê é isso? "O intelecto só precisa de uma faísca, mesmo que fraca, para acender o fogo da curiosidade e abrir uma clareira acolhedora que dará início ao interminável processo de enriquecimento do mundo interior. Qualquer livro pode ser essa faísca". A frase soa a texto de auto-ajuda. Pelo jeito, o redator se deixou contaminar ao lidar com tanto lixo.

Paulo Coelho ou padre Marcelo, Zíbia ou Trevisan, Thalita ou Chalita não produzem faísca alguma, não acendem fogo algum nem abrem clareira alguma. Quem lê essa gente jamais vai chegar a Poe ou Pessoa, a Dostoievski ou Orwell, a Cervantes ou Nietzsche.

Não vejo vantagem alguma neste maior número de brasileiros que lêem, quando o que se lê é lixo.
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Published on February 28, 2012 10:44

February 27, 2012

A prisão do futuro

Veja o Ministro da Justiça, Cesare Battisti, em 2030 explicando ao novo presidente do Gabão como o PT fez para ficar 27 anos no poder. Meu novo artigo para o OrdemLivre.
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Published on February 27, 2012 05:48

For the Fed, There's No Easy Exit


By GEORGE MELLOAN, WSJ

The crash of Zero Mostel's quasi-Ponzi scheme in 1968's "The Producers" left his partner Gene Wilder muttering, "No way out. No way out." Federal Reserve Chairman Ben Bernanke is in a somewhat similar position. Keynesian monetary "stimulus" has failed to revive the housing market, the federal deficit remains at a three-year flood tide, and the recovery is moving at ant-like speed. Americans enjoyed "The Producers." They're not enjoying this.

Presidential candidate Ron Paul's call to scuttle the Fed and return to a gold standard is getting surprising resonance with Republicans, judging from his strong showing in the Maine and Minnesota caucuses. Despite a rising chorus of complaints from seniors, pension funds and frugal savers about scanty returns on investments, the Fed has committed itself to nearly three more years of zero interest rates.

Mr. Bernanke defends that commitment on grounds that low interest rates will continue to make mortgages cheap and help the housing industry recover. But the housing market can't clear until the inventory of distressed housing is worked off. And that process is being inhibited by federal policies to forestall mortgage foreclosures, including a $25 billion shakedown of five big banks as a penalty for alleged foreclosure abuses.

There is no end in sight to the pressure on the Fed's balance sheet. The Fed has acquired over a half trillion dollars (net) of Treasury securities over the last 12 months. Its holdings are up to $1.665 trillion and it is financing some 40% of the deficit—which is now running at a $1.3 trillion annual rate and heading for another collision with the debt ceiling, possibly late this year.

The Fed still holds $836 billion of suspect mortgage-backed securities on its books, bought mainly to bail out Fannie Mae, Freddie Mac and AIG. The Fed lists them at par (the remaining principal value of the underlying mortgages). But sales from the AIG tranche over the last year have shown their market worth to be somewhere around 50 cents on the dollar.

The Fed nonetheless booked a surplus of $79.9 billion for 2011, mainly from the interest on its government securities. But by law that goes back to the Treasury. So in effect the Fed earns expenses and little else on its holdings, meanwhile taking a big risk. It is subject to a huge capital loss on its portfolio if interest rates rise and the market price of Treasurys goes down. That gives it one more incentive to hold interest rates as low as possible, despite the rising public clamor for higher returns on investment.

But as the U.S. economy continues its feeble recovery, banks are getting greater demand for more-lucrative industrial and commercial loans, which pay a much higher return than the quarter of a percent the Fed pays banks on its borrowings from the $1.5 trillion in reserves they hold in excess of their legal requirements. It uses those borrowings to buy government debt. The Fed could use its considerable muscle with the banks to hold on to those reserves, but denying lending to the private sector hardly furthers its professed goal of stimulating the economy.

Nonetheless, the Fed is indeed using its muscle to conscript banks into helping it shoulder the federal deficit. The "Volcker Rule" drafted by the Fed and other agencies that regulate banks is a product of the Dodd-Frank Act intended to prevent depository institutions from trading for their own account. But guess what? There's no restriction on trading in Treasurys. Thus the draft regulation joins Basel II regulations, which gives Treasurys a zero-risk rating in the risk-based capital requirements for banks, in tilting bank lending away from the private sector and toward supporting the federal government.

Former FDIC director Sheila Bair has called the Fed's Volcker Rule draft a 300-page "Rube Goldberg contraption," and even Paul Volcker has criticized it. A recent Journal article reported that foreign central bankers are furious that the U.S. Treasury escapes a ban that will apply to trading in their securities.

Bankers are up in arms as well, none of which helps Mr. Bernanke's relationship with the constituency he once represented before the Fed decided to become the handmaiden of the White House and Congress. But he has bigger troubles than that. The Treasury will keep rolling out tons of low-interest debt and someone has to buy it. Mr. Bernanke has been lucky that Japan and China continue to buy Treasurys and that European debt has been in bad odor, thus sending investors to U.S. bonds as a haven of last resort.

But how long can that last? Chinese and Japanese demand is slipping and there are at least some signs of light in Europe. All of the available signals point to the likelihood that the Fed will have to turn to more vigorous creation of new money (inflation) at some point—or face the possibility of rising market rates on government securities that sharply raise the Treasury's borrowing costs and devalue the Fed's enormous balance sheet.

No way out. No way out.

Mr. Melloan, a former columnist and deputy editor of the Journal editorial page, is the author of "The Great Money Binge: Spending Our Way to Socialism" (Simon & Schuster, 2009).
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Published on February 27, 2012 05:31

O fio de cabelo de uma mulher

Luiz Felipe Pondé, Folha de SP

Dias atrás escrevi que não me preocupo com a África nem com as baleias nem com você. Pânico na bancada da classe média...
Muita gente pergunta o que eu queria dizer com isso. Uma pessoa se indignou porque eu tive a ousadia de dizer que ele não era objeto de minha preocupação.
Se ele me lê, pensa ele, devo me preocupar com ele. Ele, ele, ele. Não. Sou indiferente a sua necessidade de autoestima.
Só levo a sério um argumento como este (quem me lê deve ser objeto de minha atenção) se nele estiver em jogo as leis de mercado e olhe lá. Mas pessoas indignadas normalmente acham que seus sentimentos morais são infinitamente mais caros do que as leis de mercado. Eu, de minha parte, sei que minha fisiologia é parte das leis de mercado.
Assim como a prostituta é a primeira e a mais sublime vocação de toda mulher, afirmo: sou lido, logo existo. Saber que eu tenho um preço é uma das formas mais belas de libertação que conheço.
Mas a queixa de nosso mal-amado está longe disso. É a queixa de um indignado com a maturidade.
Se Freud já dizia que pessoas adultas são uma raridade, hoje ficaria chocado com o fato de que infantilidade se tornou um direito de todo cidadão.
A maior desgraça da democracia, dizia Nelson Rodrigues, é que ela traz à tona a força numérica dos idiotas, que são a maioria da humanidade. Aceitar a idade adulta hoje em dia é tão raro como a virtude de uma mulher que bebeu vinho demais no jantar.
Aliás, devo pedir perdão às mulheres "fáceis", por compará-las a tão miserável condição: a recusa da maturidade.
Ainda bem que nem todo mundo que me lê ou me conhece depende de mim para se sentir amado, porque, antes de tudo, amo muito pouco. E, com os anos, menos ainda. O deserto pode ser uma graça.
Dou hoje uma indicação para os adultos que me leem. "Adulto" aqui, como sempre, não tem a ver com a data de nascimento no RG. Já vi pessoas muito jovens serem capazes de suportar "a hostilidade primitiva do mundo" ("Mito de Sísifo", outro livro de Camus) sem reclamar da gloriosa indiferença do Sol.
Assista à bela e econômica montagem do "O Estrangeiro", uma adaptação feita pelo dinamarquês Morten Kirkskov do livro com o mesmo nome do francês Albert Camus. Ela está em cartaz, até 4/3, no Teatro Cacilda Becker, com Guilherme Leme e direção de Vera Holtz. Uma pérola discreta, como deve ser tudo o que tem valor.
O estrangeiro da história, Meursault, vive em Argel, Argélia (país de Camus). Ele mata um árabe e é preso. Dias antes, sua mãe morrera. Ele não chorou no enterro.
Para muita gente, assim como para o promotor que condena Meursault, não chorar na morte da mãe é prova cabal de "ter o crime no coração" (antes mesmo de ele matar um "homem qualquer"), e é, portanto, o ato de um niilista.
Por isso, o promotor diz que Meursault tornou possível o parricídio ao ser julgado no dia seguinte, e, por isso mesmo, deveria ser julgado por ambos os crimes. Para o promotor, não chorar a morte da mãe é abrir as portas para o parricídio.
O fato de, no dia seguinte à morte da sua mãe, ele ter se deliciado, na praia, nos braços de uma mulher, Marie, cheia de amor para dar, era evidência de sua desumanidade. Pior: fora ao cinema com ela para ver uma comédia.
Vê-se que Camus era um apreciador do sexo frágil (coisa cada vez mais rara) na forma como descreve Marie, linda, cozinhando sua comida, de vestido solto e listrado, enchendo sua vida de desejo, com os cabelos caindo nos ombros. Marie usava aquele tipo de vestido de verão solto, que permitia Meursault tocar, como se fora seu dono, o calor úmido entre suas pernas.
Mas o promotor está enganado. Chorar no enterro da mãe pode ser tão falso como as indignações de hoje em dia.
Como diz Meursault ao padre: "Sua religião não vale um fio de cabelo de uma mulher". Em meio à "doce indiferença do mundo", o desejo por uma mulher pode ser mais difícil do que chorar a morte de uma mãe "distante".
Concluo, com uma ponta de dor, que sou da raça de Meursault.
Prefiro a hostilidade primitiva do mundo e mulheres fáceis com vestidos de verão.
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Published on February 27, 2012 04:54

February 23, 2012

Sinais

Rodrigo Constantino

Ricardo abriu os olhos de repente. Ver ou não ver o relógio, eis a questão! Tomado por um intenso receio, ele já sabia não ter mais alternativa. Esticou a mão em meio à escuridão e puxou o relógio, colocando-o bem em frente aos seus olhos arregalados. 3:00. Não era 2:59, tampouco 3:01, mas sim 3:00, com uma precisão suíça. Tudo o que ele não desejava, ou achava que não desejava.

Subitamente, um forte calafrio tomou conta de seu corpo, da ponta dos pés até o último fio de cabelo. Estava suando frio. Ele não podia acreditar no que via. Em nítido desespero, cutucou com a delicadeza de um ogro sua mulher, Alissa, que dormia profundamente. Com brados apavorados, disse em sua voz rouca e trêmula:

- Acorda, Alissa! Acorda! Veja! São três em ponto! O que isso quer dizer? Será Ele? Caramba! Uma vida inteira de crenças puramente racionais colocada abaixo em um segundo! Não pode ser. Meu Deus!

- Calma, Ricardo! Você é muito bobo... fica calmo! Isso não é nada. Acontece. É pura coincidência. Seu relógio biológico foi programado para te despertar nesta hora. Deixa eu dormir que amanhã tenho que acordar cedo para trabalhar.

Mas a adrenalina já tinha consumido cada milímetro do corpo de Ricardo, totalmente retesado. Antes de ir dormir, na noite anterior, ele ainda tinha dito para Alissa, com ar jocoso:

- E se eu acordar às três horas em ponto? Isso vai ser claramente um sinal, um aviso.

Alissa bem que tinha alertado, com um toque de clarividência, que se isso acontecesse mesmo, tudo que ela queria era ser deixada em paz, dormindo. Mas isso já era pedir demais. Naquele momento, Ricardo soube a definição de medo, de uma forma que palavras não podem explicar.

Também, pudera: tudo conspirou contra o pobre coitado naquela noite! Parecia que os deuses tinham apenas sua existência em mente. Ele queria ler um livro leve, algum conto de humor de Tchékhov, algo que o fizesse relaxar para dormir melhor. Mas na minúscula travessia do escritório ao quarto, ele deparou com sua mulher e um filme instigante. Tratava-se de "O Exorcismo de Emily Rose". Tinha que ser justo naquela noite! Com isso ele não contava.

De forma quase automática, sentou-se ao lado de Alissa e começou a acompanhar com interesse o filme. Ali, possivelmente, ele já sabia ter cometido um erro. Ou não seria um erro? Mas o fato é que não desgrudou mais os olhos da tela. E uma das partes que mais lhe chamou a atenção foi justamente quando o padre explicou o significado bíblico daquele horário, três horas da madrugada, que a sua advogada havia acordado ao som da gravação de uma suposta possessão de Emily. Era nada menos que a hora dos demônios, o inverso das três horas da tarde, um horário divino, quando Jesus teria sido morto. Neste horário, 3:00, os gatos costumam miar pois vêem os espíritos malignos.

Em qualquer outro dia, em qualquer outra hora, isso tudo teria sido motivo de piada para Ricardo. Ele sabia melhor! Já tinha lido Hume sobre as origens naturais das religiões, sabia com Popper que buscamos sempre confirmar nossas teorias em vez de refutá-las, conhecia com Nietzsche as motivações humanas, demasiado humanas por trás dos misticismos. Ou não sabia? Era justamente esta dúvida, novidade trazida bruscamente pela curiosa rede de coincidências daquela noite, que tanto o assustara. Pois tinha um detalhe extra: era noite de fortes ventos uivantes, prenúncio da tempestade que se aproximava. As portas de sua casa batiam como se uma mão invisível quisesse deliberadamente zombar de seu pavor. O assobio do vento forte remetia diretamente aos filmes de terror de sua infância. E justo naquela madrugada! Era acaso demais até para um ateu racional feito Ricardo!

Naquela madrugada, Ricardo foi salvo pelo Valium de sua mulher. A medicina poderia, uma vez mais, conter os arroubos místicos do ser humano. Mas a semente da dúvida já havia sido plantada na mente cética de Ricardo. Suas certezas davam lugar à angústia. E se aquilo foi um aviso? E se foi uma mensagem? Afinal, a racionalização serve justamente para encaixar os fatos em nossas teorias, mas nada pode mudar a imagem que os olhos remelentos de Ricardo captaram naquela madrugada: 3:00. Se ao menos fosse 2:59! Por que não 3:01? Mas não! Tinha que ser exatamente 3:00. Que baita relógio biológico esse, sendo que Ricardo sequer sabia que horas tinha se deitado para dormir. Um legítimo Hublot natural, só se for!

Desde então, quando Ricardo acorda no meio da madrugada, sente-se tentado a olhar o relógio, talvez em busca de um novo "sinal", talvez para se convencer de que coincidências, por maiores que sejam, de fato existem. Mas na maioria das vezes, ele prefere simplesmente ignorar o relógio e tentar retomar o sono, pensando em outra coisa qualquer – quando isso é possível. Vai que ele olhe aquele maldito 3:00 novamente! Para que produzir "prova" contra si mesmo? Para que desafiar os demônios que hibernam em um canto esquecido de sua mente? Quem procura, acha! Afinal, já diz o famoso ditado: "No creo en las brujas, pero que las hay las hay". Ainda que seja uma bruxa criada das profundezas de uma mente perturbada. Quem poderia realmente dizer?

O fato é que um ano depois desta fatídica noite, Ricardo vai dormir novamente com esta história na cabeça. Ele havia conversado sobre religião durante o dia, defendendo seu ateísmo publicamente e ridicularizando o poder das orações. Nada como o tempo para apagar aquelas lembranças do medo, do verdadeiro pavor que sentira naquela madrugada, desafiado pelo Desconhecido em suas mais sólidas crenças. Antes de dormir, ele pensa no horário mágico, e questiona qual seria sua reação se acordasse uma vez mais às três horas em ponto. Sorri e vai para a cama, razoavelmente relaxado.

Na madrugada, sua cadela de estimação, que sempre dorme no quarto do casal, começa a andar de um lado para o outro, fazendo um barulho irritante com suas patinhas sobre o piso de madeira, extremamente agitada. Ricardo acorda, abre os olhos e pensa se olha ou não a maldita hora. Afinal, seu suposto relógio biológico não pode controlar também as vontades de sua cachorrinha, pode? Olhar ou não olhar a hora, eis a questão! Há escolha? Ricardo tateia com a mão sua cabeceira, acha seu telefone, e clica no botão para ver o horário digital e luminoso. Lá estava estampado, bem diante de seus olhos incrédulos: 3:00.
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Published on February 23, 2012 12:03

February 22, 2012

The Tragic Greek Sideshow

Editorial do WSJ

The good news about the latest Greek bailout is that it is much less consequential to Europe or the global economy than the first bailout two years ago. The tragedy is that the cost will be the crushing of the Greek economy and the diminishing of democracy—in its Athens birthplace, no less.

More than saving Greece, the last two years have been mainly about insulating the rest of Europe from Greece. This Europe has gradually done. Tuesday's bailout takes another such step by protecting the European Central Bank from taking losses on its Greek bonds, while forcing private bondholders to take losses of as much as 70% in net present value.

This is a far better deal than they arguably deserve, given that Greek debt will remain above a crippling 120% of GDP even under the most optimistic scenarios. A better outcome would have been a steeper haircut and greater debt reduction, but that would have hurt the European banks that lent so much money to Greece. It also might have made the banks less eager to lend to other European countries.

But if Greece is now a sideshow, it is a tragic one. Under the burden of debt and austerity policies, the Greek economy won't recover for years. Some of the reforms imposed on Athens by the rest of Europe will force spending cuts that were inevitable and will be beneficial in the long term, such as the job cuts in Greece's bloated government. But what Greece really needs are supply-side reforms that will make it easier to form new businesses, attract new investment, and keep Greek young people from fleeing the country.

Most striking in this deal is the damage to Greek self-government. The EU's price for this bailout were assurances from Greece's two biggest parties—Pasok on the center-left and New Democracy on the center-right—that they maintain current policies after elections this spring. Party leaders swallowed that pill to get the bailout, but Greek voters are understandably dismayed.

This tension—between democracy and sovereignty on the one hand and technocracy and "solidarity" on the other—has long been at the heart of Europe's unity project. Europe's solution for Greece has been to lurch even further in the direction of central control at the expense of local democracy. As so often is true in Europe, what goes by the name solidarity is really the self-interest of the strongest countries.

It would have been far better had Europe let Greece default two years ago, reducing its debt to manageable levels and confronting the economic pain of reform earlier. The rest of Europe may congratulate itself this week on one more example of its "solidarity." But two years later, everything is worse for Greece. This is not the glory that the founders of the euro project imagined.
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Published on February 22, 2012 05:17

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Rodrigo Constantino
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