Rodrigo Constantino's Blog, page 360
August 13, 2012
Uma boa ideia no combate à inflação
Meu artigo para o OrdemLivre defendendo o congelamento do salário dos 4.500 funcionários do Banco Central do Brasil.
[image error]
[image error]
Published on August 13, 2012 06:33
August 12, 2012
Só o chefe não sabia
Ferreira Gullar, Folha de SP
Falando francamente, qual é a imagem que se tem de Lula? Melhor dizendo, se alguém lhe pedisse uma definição do nosso ex-presidente da República, qual daria? Diria que se trata de uma pessoa desligada, pouco objetiva, que mal repara no que se passa à sua volta? Estou certo de que não diria isso, nem você nem muito menos quem privou ou priva com ele.
Ao contrário de alguém desligado, que entrega aos outros a função de informar-se e decidir por ele, Lula sempre se caracterizou por querer estar a par de tudo o que acontece à sua volta e, muito mais ainda, quando se trata de questões ligadas a seu partido e à realidade política em geral.
As pessoas que o conheceram no começo de sua vida política, como os que lidaram com ele depois, são unânimes em defini-lo como uma pessoa sagaz, atenta e sempre interessada em tudo saber do que se passava na área política e, particularmente, o que dizia respeito às disputas, providências e articulações que ocorriam dentro do seu partido e no plano político de um modo geral.
Isso já antes de sua chegada ao poder. Imagine você como passou a agir depois que se tornou presidente da República. Se hoje mesmo, quando já não ocupa nenhum cargo no governo nem no partido, faz questão de saber de tudo e opinar sobre tudo, acreditaria você que, no governo, deixava o barco correr solto, sem tomar conhecimento do que ocorria? Isto é, sabia de tudo menos do mensalão?
Veja bem, hoje mesmo, alguma coisa se faz na Câmara dos Deputados ou no Senado sem o conhecimento da Dilma? Os repórteres, os comentaristas políticos estão diariamente a nos informar do controle que o Planalto exerce sobre o Parlamento.
A cada problema que surge, a cada decisão importante, Dilma convoca os líderes da base parlamentar para dizer a eles como devem agir, como devem votar, que decisões tomar. Isso Dilma, hoje. Imagine o Lula, quando presidente, mega como sempre foi, mandão por natureza. Sem dúvida que estava a par de tudo e em tudo interferia, por meio de seus paus-mandados. Dá para acreditar, então, que ele só não sabia do mensalão, nem sequer ouvira falar? Claro que você não acredita nisso, nem eu.
É evidente que Lula não podia ignorar o mensalão porque não se tratava de uma questão secundária de seu governo. Longe disso, o mensalão foi o procedimento encontrado para, com dinheiro público, às vezes, e com o uso da máquina pública, noutras vezes, comprar o apoio de partidos e os votos de seus representantes no Congresso.
Não se tratava, portanto, de uma iniciativa secundária, tomada por figuras subalternas, sem o conhecimento do chefe do governo. Nada disso. Tratava-se, pelo contrário, de um procedimento de importância decisiva para a aprovação, pelo Congresso, de medidas vitais ao funcionamento do governo. Portanto, Lula não apenas sabia do mensalão como contava com o apoio dos mensaleiros para governar.
Certamente, o leitor perguntará: por que Lula, esperto como é, arriscou-se tanto? Pela simples razão de que não desejava dividir o poder com nenhum partido forte, capaz de lhe impor condições. Como é próprio de seu caráter e de seu partido, só admitia aliança com quem não lhe ameaçasse a hegemonia.
Não estou inventando nada. Todo mundo leu nos jornais, logo após a vitória nas eleições presidenciais, que José Dirceu articulava a aliança do novo governo com o PMDB.
Só que Lula não aceitou e, em seu lugar, buscou o apoio dos pequenos partidos, aos quais não teria que entregar ministérios e altos cargos nas estatais. Em vez disso, os compraria com dinheiro. E foi o que fez, até que, inconformado, Roberto Jefferson pôs a boca no mundo.
Lula, apavorado, advertiu os seus comparsas para que assumissem a culpa, pois, se ele, Lula, caísse, todos estariam perdidos. E assim foi para a televisão, disse que havia sido traído e se safou.
Bem mais tarde, com a cara de pau que o caracteriza, afirmou que nunca houve mensalão mas, ainda assim, tentou chantagear um ministro do Supremo. Afinal, por tudo isso, recebeu o título de doutor honoris causa! Merecidíssimo, claro![image error]
Falando francamente, qual é a imagem que se tem de Lula? Melhor dizendo, se alguém lhe pedisse uma definição do nosso ex-presidente da República, qual daria? Diria que se trata de uma pessoa desligada, pouco objetiva, que mal repara no que se passa à sua volta? Estou certo de que não diria isso, nem você nem muito menos quem privou ou priva com ele.
Ao contrário de alguém desligado, que entrega aos outros a função de informar-se e decidir por ele, Lula sempre se caracterizou por querer estar a par de tudo o que acontece à sua volta e, muito mais ainda, quando se trata de questões ligadas a seu partido e à realidade política em geral.
As pessoas que o conheceram no começo de sua vida política, como os que lidaram com ele depois, são unânimes em defini-lo como uma pessoa sagaz, atenta e sempre interessada em tudo saber do que se passava na área política e, particularmente, o que dizia respeito às disputas, providências e articulações que ocorriam dentro do seu partido e no plano político de um modo geral.
Isso já antes de sua chegada ao poder. Imagine você como passou a agir depois que se tornou presidente da República. Se hoje mesmo, quando já não ocupa nenhum cargo no governo nem no partido, faz questão de saber de tudo e opinar sobre tudo, acreditaria você que, no governo, deixava o barco correr solto, sem tomar conhecimento do que ocorria? Isto é, sabia de tudo menos do mensalão?
Veja bem, hoje mesmo, alguma coisa se faz na Câmara dos Deputados ou no Senado sem o conhecimento da Dilma? Os repórteres, os comentaristas políticos estão diariamente a nos informar do controle que o Planalto exerce sobre o Parlamento.
A cada problema que surge, a cada decisão importante, Dilma convoca os líderes da base parlamentar para dizer a eles como devem agir, como devem votar, que decisões tomar. Isso Dilma, hoje. Imagine o Lula, quando presidente, mega como sempre foi, mandão por natureza. Sem dúvida que estava a par de tudo e em tudo interferia, por meio de seus paus-mandados. Dá para acreditar, então, que ele só não sabia do mensalão, nem sequer ouvira falar? Claro que você não acredita nisso, nem eu.
É evidente que Lula não podia ignorar o mensalão porque não se tratava de uma questão secundária de seu governo. Longe disso, o mensalão foi o procedimento encontrado para, com dinheiro público, às vezes, e com o uso da máquina pública, noutras vezes, comprar o apoio de partidos e os votos de seus representantes no Congresso.
Não se tratava, portanto, de uma iniciativa secundária, tomada por figuras subalternas, sem o conhecimento do chefe do governo. Nada disso. Tratava-se, pelo contrário, de um procedimento de importância decisiva para a aprovação, pelo Congresso, de medidas vitais ao funcionamento do governo. Portanto, Lula não apenas sabia do mensalão como contava com o apoio dos mensaleiros para governar.
Certamente, o leitor perguntará: por que Lula, esperto como é, arriscou-se tanto? Pela simples razão de que não desejava dividir o poder com nenhum partido forte, capaz de lhe impor condições. Como é próprio de seu caráter e de seu partido, só admitia aliança com quem não lhe ameaçasse a hegemonia.
Não estou inventando nada. Todo mundo leu nos jornais, logo após a vitória nas eleições presidenciais, que José Dirceu articulava a aliança do novo governo com o PMDB.
Só que Lula não aceitou e, em seu lugar, buscou o apoio dos pequenos partidos, aos quais não teria que entregar ministérios e altos cargos nas estatais. Em vez disso, os compraria com dinheiro. E foi o que fez, até que, inconformado, Roberto Jefferson pôs a boca no mundo.
Lula, apavorado, advertiu os seus comparsas para que assumissem a culpa, pois, se ele, Lula, caísse, todos estariam perdidos. E assim foi para a televisão, disse que havia sido traído e se safou.
Bem mais tarde, com a cara de pau que o caracteriza, afirmou que nunca houve mensalão mas, ainda assim, tentou chantagear um ministro do Supremo. Afinal, por tudo isso, recebeu o título de doutor honoris causa! Merecidíssimo, claro![image error]
Published on August 12, 2012 08:12
August 10, 2012
Luta de classes

A greve dos funcionários públicos ganhou maior dimensão e virulência, causando enormes transtornos para os brasileiros. O editorial da Folha de São Paulo conclama a presidente Dilma a não ceder: Hora de resistir. Diz ele: “O embate da presidente com um segmento tradicional do petismo é uma das principais provas de fogo de sua gestão”. Se ela falhar, ficará refém da máfia sindical ligada aos radicais do PT.
O editorial do jornal O Globo também faz pressão contra os grevistas, que usam a população como refém, apesar de seus salários bem acima da média do setor privado. Ele diz: “Se houver concessão generalizada de reajustes, governo Dilma terá recuado na intenção de incentivar investimentos e recuperar a competitividade da indústria”.
Esta é uma visão simpática à presidente Dilma. Eleita pelo “dedaço” do ex-presidente Lula, ela resolve combater certos erros do passado, e abrir mais espaço para investimentos, o que gera forte reação dos sindicatos. Se for este o caso, todos devem mesmo torcer para que um espírito de Thatcher se incorpore ao corpo de Dilma, para que ela tenha forças para enfrentar estes parasitas que ameaçam parar o país para preservar privilégios.
Mas confesso que teorias conspiratórias, neste caso, merecem o benefício da dúvida. É muito estranho este fenômeno de greve geral, orquestrada pela CUT, notória aliada de José Dirceu. E justo no momento do “julgamento do século”, que tem o próprio Dirceu como principal réu do “mensalão”. Teria algo a mais por trás destas greves? Teria também ligação com as eleições? Com disputa interna de poder na quadrilha petista?
Não sou Sherlock Holmes para saber. Mas pego emprestada a sabedoria do detetive criado por Sir Conan Doyle, e questiono: por que o cão não latiu? É o silêncio de Lula que me incomoda nesse assunto. Será que o Todo Poderoso não vem nem em defesa de seu companheiro Gilbertinho Carvalho, acusado de “traidor” pelos grevistas? Aí tem...
De qualquer forma, eis o que eu queria dizer: há uma clara luta de classes no Brasil hoje, e não tem nada a ver com capital versus trabalho. É a luta entre pagadores de impostos e parasitas, entre empreendedores e máfias sindicais, entre defensores da Sociedade Aberta e reacionários do Antigo Regime. Que as forças modernistas consigam vencer esta batalha![image error]
Published on August 10, 2012 06:36
August 9, 2012
Epidemia de amor pelas crianças
Contardo Calligaris, Folha de SP
1) É habitual que, na infância e na adolescência, um jovem sonhe com vitórias e aplausos, sem pensar nos esforços necessários para merecê-los.Nestes dias, deparo-me com crianças ninadas por devaneios de glória olímpica. Sem querer, corto seu barato, explicando o que é indispensável fazer para que esses sonhos se transformem numa chance real de chegar lá.As crianças respondem que elas não têm a intenção de realizar o tal sonho: apenas querem o prazer de devanear em paz. Até aqui, tudo bem, mas os pais me acusam de estragar, além dos sonhos, o futuro dos filhos, os quais, segundo eles, para triunfar na vida, precisariam confiar cegamente em seus dotes.O problema é que os elogios incondicionais dos pais e dos adultos não produzem "autoconfiança", mas dependência: os filhos se tornam cronicamente dependentes da aprovação dos pais e, mais tarde, dos outros. "Treinados" dessa forma, eles passam a vida se esforçando, não para alcançar o que desejam, mas para ganhar um aplauso.Claro, muitos pais gostam que assim seja, pois adoram se sentir indispensáveis (no cinema, uma mãe enfia a cara embaixo de seu próprio assento para atender o telefone que vibrou no meio do filme e sussurrar um importantíssimo: sim, pode tomar refrigerante).2) Meu irmão, aos dez anos, quis que todos escutássemos uma música que ele acabava de "compor". Movimentando ao acaso os dedos sobre o teclado (não tínhamos a menor educação musical), ele cantou uma letra que começava assim: sou bonito e eu o sei. Minha mãe escutou, constrangida, e, no fim, declarou que a letra era uma besteira, e a música, inexistente. Mas, se meu irmão quisesse, ele poderia estudar piano --à condição que se engajasse a se exercitar uma hora por dia. Meu irmão (desafinado como eu) desistiu disso e se tornou um médico excelente.3) Os pais dos meus pais davam, no máximo, um beijo na testa de seus filhos. Já meus pais nos beijavam e abraçavam. Mesmo assim, não éramos o centro da vida deles, enquanto nossos filhos são facilmente o centro da nossa.Para a geração de meus avós e de meus pais, a vida dos adultos não devia ser decidida em função do interesse das crianças, até porque o principal interesse das crianças era sua transformação em adulto (criança tem um defeito, foi-me dito uma vez por um tio: o de ser ainda só uma criança).Lá pelos meus oito anos, eu tinha passado o domingo com meus pais, visitando parentes. A noite chegou, e eu não tinha nem começado meu dever de casa. Pedi uma nota assinada que me desculpasse. Meu pai disse: esta criança está com sono e deve trabalhar, façam um café para ele. Detestei, mas também gostei de aprender que, mesmo na infância, há coisas mais importantes do que sono e bem-estar.4) Na pré-estreia do último "Batman", em Aurora, Colorado, um atirador feriu 58 pessoas e matou 12. Um comentador da TV norte-americana (não sei mais qual canal) disse, de uma menina assassinada, que ela era "uma vítima inocente".Se só a menina era inocente, quer dizer que os outros 11, por serem adultos, eram culpados e mereciam os tiros?Tudo bem, estou sendo de má-fé: o comentador queria nos enternecer e supunha, com razão, que, para a gente, perder um adulto fosse menos grave do que perder uma criança, que tem sua vida pela frente e, como se diz, ainda é "um anjo". No entanto, eu não acredito em anjos e ainda menos acredito que crianças sejam anjos. Também não sei o que é mais grave perder: a esperança de um futuro ou o patrimônio das experiências acumuladas de uma vida? Você trocaria seus bens atuais por um bilhete da Mega-Sena de sábado que vem?5) Cuidado, não sonho com uma impossível volta ao passado. Essas notas servem para propor uma mudança preliminar na maneira de contabilizar as falhas que podem atrapalhar a vida de nossos rebentos. Explico.A partir do fim do século 18, no Ocidente, as crianças adquiriram um valor novo e especial. Únicas continuadoras de nossas vidas, elas foram encarregadas de compensar nossos fracassos por seu sucesso e sua felicidade.Desde essa época, em que as crianças começaram a ser amadas e cuidadas extraordinariamente, nós nos preocupamos com os efeitos nelas de uma eventual falta de amor. Agora, começo a pensar que nossa preocupação com os estragos produzidos pela falta de amor sirva, sobretudo, para evitar de encarar os estragos produzidos pelos excessos de nosso amor pelas crianças.[image error]
Published on August 09, 2012 06:40
August 8, 2012
O Brasil é um país que cansa...
MARCUS VINÍCIUS DE FREITAS, Instituto Liberal
Recentemente, tive a oportunidade de conversar com representantes de uma empresa norte-americana do setor de saúde para analisar a viabilidade de iniciarem suas operações no Brasil, num segmento de grande impacto, com métodos e desenvolvimentos verdadeiramente revolucionários. Ao mostrarem os dados estatísticos, levantados a muito custo, no setor, havia evidência cabal de que a importação dos produtos, num primeiro momento, e a posterior abertura de operações no mercado poderiam, de fato, resolver alguns dos inúmeros problemas de saúde existentes no País.
Há alguns anos, tomaram a decisão de construir uma operação no Brasil. Desistiram, em razão dos entraves burocráticos. Recentemente, revisaram a decisão anterior e decidiram tentar novamente. Incrivelmente, os entraves não somente eram os mesmos, como cresceram. Citaram, por exemplo, a necessidade da visita de um inspetor da ANVISA à sede da empresa no Exterior para verificação, com um custo associado a esta visita. Este, no entanto, não é o problema. O grande entrave é o fato de não haver funcionários suficientes para levar adiante a determinação estatal.
E a pergunta que não queria calar durante o encontro: como é possível a sexta maior economia do mundo comportar-se como um país de 4º mundo?
Outra situação: um profissional, formado no Brasil, realizou estudos nas melhores universidades do mundo. Ao retornar ao País, que tem enorme necessidade de talentos e mão-de-obra qualificada, foi informado de que os seus títulos somente seriam válidos após um processo um tanto complicado e demorado de revalidação dos diplomas, sob o risco de não serem reconhecidos. Qual não foi o seu choque ao ouvir que, no Brasil, seus títulos não valiam nada!
Algumas coisas são realmente inexplicáveis. A pior coisa que existe é explicar o inexplicável. E o Brasil está repleto de casos. Fazemos leis sem o devido aparato para suportar a questão regulatória. Criamos requisitos absurdos, de natureza burocrática, e não incentivamos o esforço e o mérito. Somos um país medíocre, onde não se observa o desejo de mudar nada. Entramos no labirinto de Minotauro e seremos devorados pela nossa incompetência. Pior ainda... Seremos devorados porque não fazemos nada para, de fato, resolver as questões e nos tornarmos mais competitivos.
Por que não fazemos nada? Em primeiro lugar, porque temos vício de Estado. Achamos – erroneamente – que o governo é a solução e não o problema. Gostamos de discutir incansavelmente coisas inúteis. Quem olha para a pauta do Judiciário e do Executivo brasileiros, certamente, pensará que todos os problemas do Brasil já foram resolvidos, afinal, gastamos páginas e páginas, horas e horas discutindo Carlos Cachoeira e Mensalão, que são o assunto do momento. Trata-se de algo fácil de resolver. É só colocar na cadeia quem infringiu as regras. Só que as regras têm que ser melhores e não mal feitas. Há coisas muito mais importantes a fazer no Brasil. Será que enxergamos isso?
Em segundo, somos apaixonados por burocracia. Tudo no Brasil é devagar porque requer muitos papéis, muitos burocratas envolvidos. Para piorar, preservamos até segmentos de mercados para serviços burocráticos. Quem não notou que para tudo, hoje em dia, precisamos de um advogado? Ou de um despachante? Ou de um “facilitador”...? Ou até mesmo de uma mãe de santo!?
Por fim, é preciso devolver poder aos estados e aos indivíduos. Precisamos de mais Brasil e menos Brasília. É absurdo querermos ter um país com uma legislação única, desconsiderando as enormes diferenças, fatores e culturas regionais.
Flexibilizar deve ser um objetivo sempre presente. Desburocratizar é o outro. Recordo-me saudoso de uma das poucas ideias brilhantes do Presidente João Figueiredo, além da Anistia, ao criar o Ministério da Desburocratização, ao final da década de 1970, com Hélio Beltrão como Ministro... Lamentável notar que, depois de três décadas, o País segue igual, senão muito pior. E muito mais caro e mais lento. E menos competitivo.
Espero que o Governo não crie mais um ministério para este fim. Seria mais burocracia. Ali Babá só tinha 40 assessores. Pelo jeito, o Estado brasileiro parece sempre precisar de mais.
Professor de Direito e Relações Internacionais, FAAP[image error]
Recentemente, tive a oportunidade de conversar com representantes de uma empresa norte-americana do setor de saúde para analisar a viabilidade de iniciarem suas operações no Brasil, num segmento de grande impacto, com métodos e desenvolvimentos verdadeiramente revolucionários. Ao mostrarem os dados estatísticos, levantados a muito custo, no setor, havia evidência cabal de que a importação dos produtos, num primeiro momento, e a posterior abertura de operações no mercado poderiam, de fato, resolver alguns dos inúmeros problemas de saúde existentes no País.
Há alguns anos, tomaram a decisão de construir uma operação no Brasil. Desistiram, em razão dos entraves burocráticos. Recentemente, revisaram a decisão anterior e decidiram tentar novamente. Incrivelmente, os entraves não somente eram os mesmos, como cresceram. Citaram, por exemplo, a necessidade da visita de um inspetor da ANVISA à sede da empresa no Exterior para verificação, com um custo associado a esta visita. Este, no entanto, não é o problema. O grande entrave é o fato de não haver funcionários suficientes para levar adiante a determinação estatal.
E a pergunta que não queria calar durante o encontro: como é possível a sexta maior economia do mundo comportar-se como um país de 4º mundo?
Outra situação: um profissional, formado no Brasil, realizou estudos nas melhores universidades do mundo. Ao retornar ao País, que tem enorme necessidade de talentos e mão-de-obra qualificada, foi informado de que os seus títulos somente seriam válidos após um processo um tanto complicado e demorado de revalidação dos diplomas, sob o risco de não serem reconhecidos. Qual não foi o seu choque ao ouvir que, no Brasil, seus títulos não valiam nada!
Algumas coisas são realmente inexplicáveis. A pior coisa que existe é explicar o inexplicável. E o Brasil está repleto de casos. Fazemos leis sem o devido aparato para suportar a questão regulatória. Criamos requisitos absurdos, de natureza burocrática, e não incentivamos o esforço e o mérito. Somos um país medíocre, onde não se observa o desejo de mudar nada. Entramos no labirinto de Minotauro e seremos devorados pela nossa incompetência. Pior ainda... Seremos devorados porque não fazemos nada para, de fato, resolver as questões e nos tornarmos mais competitivos.
Por que não fazemos nada? Em primeiro lugar, porque temos vício de Estado. Achamos – erroneamente – que o governo é a solução e não o problema. Gostamos de discutir incansavelmente coisas inúteis. Quem olha para a pauta do Judiciário e do Executivo brasileiros, certamente, pensará que todos os problemas do Brasil já foram resolvidos, afinal, gastamos páginas e páginas, horas e horas discutindo Carlos Cachoeira e Mensalão, que são o assunto do momento. Trata-se de algo fácil de resolver. É só colocar na cadeia quem infringiu as regras. Só que as regras têm que ser melhores e não mal feitas. Há coisas muito mais importantes a fazer no Brasil. Será que enxergamos isso?
Em segundo, somos apaixonados por burocracia. Tudo no Brasil é devagar porque requer muitos papéis, muitos burocratas envolvidos. Para piorar, preservamos até segmentos de mercados para serviços burocráticos. Quem não notou que para tudo, hoje em dia, precisamos de um advogado? Ou de um despachante? Ou de um “facilitador”...? Ou até mesmo de uma mãe de santo!?
Por fim, é preciso devolver poder aos estados e aos indivíduos. Precisamos de mais Brasil e menos Brasília. É absurdo querermos ter um país com uma legislação única, desconsiderando as enormes diferenças, fatores e culturas regionais.
Flexibilizar deve ser um objetivo sempre presente. Desburocratizar é o outro. Recordo-me saudoso de uma das poucas ideias brilhantes do Presidente João Figueiredo, além da Anistia, ao criar o Ministério da Desburocratização, ao final da década de 1970, com Hélio Beltrão como Ministro... Lamentável notar que, depois de três décadas, o País segue igual, senão muito pior. E muito mais caro e mais lento. E menos competitivo.
Espero que o Governo não crie mais um ministério para este fim. Seria mais burocracia. Ali Babá só tinha 40 assessores. Pelo jeito, o Estado brasileiro parece sempre precisar de mais.
Professor de Direito e Relações Internacionais, FAAP[image error]
Published on August 08, 2012 09:32
August 7, 2012
As neves do Kilimanjaro
[image error] Rodrigo Constantino
Fui ver, após recomendação de um amigo, o filme “As Neves do Kilimanjaro”, inspirado no conto “Os Pobres”, de Victor Hugo. O francês Robert Guédiguian tenta resgatar nele sua fé no ser humano, na capacidade de bondade e redenção em seres culpados que somos.
O filme conta a história de um líder sindical que perde o emprego em um sorteio no sindicato, depois sofre um assalto e passa a refletir sobre sua vida, sentindo-se culpado por ter se “aburguesado” demais. O cineasta se considera de extrema-esquerda, e é crítico desta esquerda burguesa que chegou ao poder em vários países.
O filme é bom, e retrata a realidade cada vez mais complicada dos europeus em crise, onde faltam empregos, especialmente para os mais jovens. O “ranço” de esquerda fica evidente quando o assaltante, que era um colega de trabalho do assaltado e que também foi demitido no sorteio, transforma-se em vítima na história.
O espectador é levado a morrer de pena daquele que iniciava certamente uma “carreira” no crime (ele já planejava o próximo assalto quando foi preso), ainda que com arma de brinquedo, pois ele o fazia por uma boa causa, qual seja, ajudar seus dois irmãos menores, órfãos de pai e filhos de uma prostituta ausente.
O assalto, por esta ótica, passa a ser justificado, e o assaltado sente-se culpado, pois tem um carro, uma propriedade e pode gozar de sua aposentadoria precoce e forçada com uma viagem para Kilimanjaro. O líder sindical passa a se ver como o burguês patrão que ele sempre combateu em vida, e isso lhe é insuportável.
Não dá para não nutrir alguma simpatia pela postura do personagem principal, e esse é o golpe de mestre do cineasta. Justamente por isso me sinto na necessidade de escrever sobre o filme, expondo minhas reflexões. O sindicalista acredita em tudo aquilo que eu condeno e abomino, mas me é impossível não respeitá-lo, se não por sua inteligência, ao menos por sua integridade e bondade.
Logo no começo do filme, com o sorteio dos que serão demitidos, ele demonstra esta integridade colocando o próprio nome na lista, o que poderia ser evitado por ele ser líder do sindicato. Trata-se de alguém que acredita naqueles valores e princípios, e não de um oportunista que usa o sindicato como trampolim para privilégios (a enorme maioria dos casos reais, sejamos sinceros).
Seu amigo de infância e co-cunhado, além de colega de trabalho, tenta alertá-lo de que ele não precisava participar do sorteio. É o mesmo que está com ele no momento do assalto, e que deseja a prisão perpétua para o criminoso. O mesmo que deu de presente ao amigo uma revista que fora sua (do amigo) primeira revista na infância, supostamente encontrada em um sebo com seu nome na contracapa. No fundo, ironia das ironias, ela havia sido roubada pelo próprio quando criança. O mais rígido no julgamento do “pobre” assaltante era o mais flexível nos valores e princípios. Haja hipocrisia.
O casal principal era feliz à sua maneira, com sua vida simples, com sua família. Após o assalto, ambos redescobrem este sentido verdadeiro de suas vidas, e decidem, cada um em segredo no começo, ajudar os dois irmãos mais novos do assaltante, preso por denúncia do marido. Estragando parte do final para quem ainda não viu o filme, eles resolvem abrigar as crianças em casa, apesar da revolta de seus filhos.
Foi a maneira que encontraram de “fazer a coisa certa”, ainda que isso não resolva os problemas do mundo e não apague a responsabilidade do assaltante. Era o que eles podiam fazer. Era o possível, estender a mão para ajudar aquelas crianças inocentes, tentar salvá-los do mesmo destino triste do irmão mais velho. Era sua contribuição para uma sociedade melhor. No auge da crise, é possível dar o melhor de si, e fazer a coisa certa, ser um exemplo aos demais, preservar o caráter e a bondade.
E por que ao mesmo tempo o filme me incomodou tanto? Porque a esquerda não pode e não deve monopolizar tais virtudes! O ato solidário, o prazer nas coisas simples e na família, a empatia com o próximo, tudo isso são coisas que independem da propriedade, do carro, da conta bancária, da vida no burgo ou no campo.
Se as religiões serviram para incutir este senso de caridade nas pessoas no passado, o socialismo tentou se apropriar desta bandeira com sua seita laica no século 20. Eu esperava que, após 100 milhões de mortos e outros tantos milhões miseráveis ou escravizados, a esquerda teria mais receio de pregar seu modelo de “solidariedade”.
Sim, podemos até admitir que o caos social e o enorme desemprego são fatores que estimulam o crime de jovens desesperados. Sim, também podemos aceitar que alguns “burgueses” simplesmente não ligam para o entorno, e que o individualismo exacerbado pode ser perigoso para o tecido social. Mas com o diagnóstico totalmente errado das causas que levaram a esta situação, a receita só pode ser fracassada.
Não é o capitalismo, o patrão burguês ou a globalização que jogaram os trabalhadores no desemprego. Muito pelo contrário: são as tentativas de impedir seu funcionamento que costumam produzir mais miséria e desemprego. O assaltante, já preso, discorda do assaltado quando este diz que não tinha o que ser feito além do sorteio. Era possível fazer mais greves, eventualmente incendiar a fábrica, tudo menos um acordo de “merda”. Estamentalidade é a maior responsável pelas desgraças vividas pelos trabalhadores europeus hoje!
Os pobres não são pobres porque os ricos são ricos, e acreditar nisso é alimentar uma das mais perigosas falácias que existem. Esse é o grande “crime” desse instigante filme. O personagem principal pode ter sua casa simples, seu carro velho na garagem, e fazer sua viagem para Kilimanjaro sem tanta culpa. Não é por isso que o jovem estava desempregado, tampouco isso justifica ele ser alvo de um crime. O que não diminui o valor de sua integridade e de sua bondade, apesar do arcabouço teórico totalmente errado.
É possível, portanto, unir as duas coisas: integridade moral e bondade, com inteligência e conhecimento para reconhecer qual o melhor modelo que efetivamente ajuda os mais pobres e melhora a vida em sociedade. Este não pode ser um modelo que dependa somente do altruísmo de pessoas bondosas como o personagem principal do filme. O cineasta deveria ter mais fé no poder da “mão invisível” dos mercados, sem precisar, com isso, abandonar totalmente sua esperança na humanidade. Doses de realismo não fazem mal a ninguém. [image error]
Published on August 07, 2012 19:20
Privatizem a Petrobras!
Rodrigo Constantino, O GLOBO
A Petrobras possui controle estatal, mas tem capital misto, com milhares de investidores brasileiros e estrangeiros. O uso político da estatal tem custado cada vez mais a esses investidores, cujos interesses são ignorados pelo governo. O prejuízo divulgado na sexta é mais uma prova disso. O governo mantém o preço dos combustíveis defasado para segurar a inflação, afetando negativamente o lucro da empresa. Além disso, ele demanda grande participação de fornecedores nacionais nos bilionários investimentos da estatal, o que custa mais e atrasa o cronograma. É o uso da empresa para a política industrial de governo, que já arrecada bilhões em royalties e impostos. Infelizmente, quando o assunto é Petrobras o debate fica tomado pela emoção, sem espaço para argumentos racionais. A esquerda estatizante e a direita nacionalista se unem ideologicamente, alimentadas por muitos interesses obscuros em jogo, e repetem em uníssono que o setor é “estratégico”. A Embraer, a Telebrás e a Vale também eram “estratégicas”. Ora, justamente por ser estratégico o setor deveria ser retirado da gestão politizada, ineficiente e corrupta do governo. A exploração do petróleo começou pela iniciativa privada nos Estados Unidos. Desde a primeira prospecção de Edwin Drake em 1859, na Pensilvânia, o setor viu um crescimento incrível com base na competição de várias empresas privadas. O Canadá também conta com dezenas de empresas privadas atuando no setor. Por outro lado, países como Venezuela, México, Irã, Arábia Saudita, Nigéria e Rússia possuem estatais controlando a exploração de petróleo. Ninguém ousaria dizer que isto fez bem para seus respectivos povos, vítimas de regimes autoritários. O brasileiro paga uma das gasolinas mais caras do mundo, o país ainda precisa importar derivados de petróleo após décadas de sonho com a autossuficiência, a estatal é palco de diversos escândalos de corrupção, mas muitos ainda repetem, inflando o peito, que “o petróleo é nosso”. Nosso de quem, cara-pálida? O crescimento da produção de óleo e gás da Petrobras desde que o PT assumiu o governo foi medíocre: somente 2,4% ao ano. Trata-se de um resultado lamentável após tantos bilhões investidos, inclusive com financiamento do BNDES. A Petrobras, que tinha R$ 26,7 bilhões de dívida líquida em 2007, terminou o primeiro semestre de 2012 devendo mais de R$ 130 bilhões. O endividamento sobe em ritmo acelerado por conta de seu gigantesco programa de investimentos, mas nem os investidores nem os consumidores se beneficiam disso. A rentabilidade da Petrobras é uma das menores do setor. Seu retorno sobre patrimônio líquido não chega a 10%, metade da média de seus pares internacionais. Os investidores acusam o golpe, e as ações da Petrobras apresentam um dos piores desempenhos no mundo. Desde 2009, suas ações caíram 5%, enquanto o Ibovespa subiu mais de 40% e a Vale mais de 50%. É o governo destruindo o valor da poupança de milhares de pessoas, incluindo todos que utilizaram o FGTS como instrumento para apostar na empresa. Por que não há maior revolta então? Por que não há mobilização pela privatização da Petrossauro, como a chamava Roberto Campos? Parte da resposta é o fator ideológico já citado. Outra parte diz respeito a enorme quantidade de grupos de interesse que mamam nas tetas da estatal.Seus 80 mil funcionários custaram para a empresa mais de R$ 18 bilhões em 2011, ou quase R$ 20 mil mensais por empregado. Claro que muitos merecem o que ganham, mas como negar o uso da estatal como cabide de emprego para os “amigos do rei”?Fornecedores nacionais ineficientes ou corruptos também agradecem, pois não precisam competir abertamente no livre mercado. O caminho até a estatal muitas vezes é outro, como comprova o caso do Silvinho “Land Rover”, o ex-secretário do PT que ganhou um carro importado de uma empresa fornecedora da estatal.Artistas e cineastas engajados da “esquerda caviar” também aplaudem a estatal, que destinou mais de R$ 650 milhões para patrocínios culturais de 2008 a 2011. Isso sem falar de blogueiros “chapa-branca”, que recebem gordas verbas da estatal. A lista é longa.Os políticos, então, nem se fala. Quem esqueceu Severino Cavalcanti negociando à luz do dia, em nome da “governabilidade”, aquela diretoria que “fura poço”? O ex-presidente Lula era outro que adorava usar a Petrobras para seus fins políticos em parceria com Hugo Chávez. Só há uma maneira eficaz de acabar com esta pouca vergonha que tem custado tão caro aos investidores da empresa: sua privatização! [image error]
Published on August 07, 2012 06:24
August 6, 2012
"Bonequinha de luxo"
Luiz Felipe Pondé, Folha de SP
Não sou daqueles que acha o passado melhor que o presente, mas no cinema americano, às vezes, temo que isso seja verdade. Salvo algumas exceções, claro, como Clint Eastwood ou Debra Granik (autora do grandioso "Inverno da Alma", no original, "Winter's Bone", título maravilhoso), todo mundo só quer fazer filmes para gente com idade mental de cinco anos ou ensinar as pessoas a serem melhores.Todo artista que quer fazer o mundo melhor com sua arte é mau artista ou mau-caráter. Oscar Wilde suspeitava da poesia sincera e eu, da arte engajada. "Arte do bem" é arte menor e chata.Revi o maravilhoso "Bonequinha de Luxo", de Blake Edwards, de 1961, com Audrey Hepburn e George Peppard. A última cena, ela arrependida, procurando o gato que abandonara num beco sujo, e, logo depois, os dois se beijando sob uma forte chuva, misturando as lágrimas às gotas que caem do céu, é um louvor ao amor romântico, como redenção de uma vida vazia em meio às ambições de sucesso e reconhecimento social.Peppard salva a bonequinha de luxo (Hepburn) de uma vida miserável em meio a ansiedade por status e por luxo. A miséria moral é sempre humana, demasiado humana. A grandeza humana, por sua vez, só é verdadeiramente visível diante dessa miséria."Bonequinha de Luxo" foge da fórmula idiota dos filmes românticos da atualidade que seguem a chave de sempre ver o homem como um ser insensível, estúpido, mentiroso e incapaz de amar de verdade.Degrada-se a imagem do homem fazendo dele um macaco inútil. Essa imagem do homem é tão falsa quanto a de que homens gostam de mulheres burras. Mulheres burras, apenas e unicamente quando bonitas, servem para relações curtas, depois cansam. Nem só de pernas vive o homem, mas também do verbo feminino.O roteiro dessas bobagens é assim: ele se declara, ela se faz de difícil, mas acaba dizendo que o ama, ele se desespera porque ela vai descobrir que ele mentiu em algum momento, ela descobre inevitavelmente sua mentira, o repele sob o signo de que mulheres não suportam mentiras (em si uma mentira) e, finalmente, ele confessa que não presta e ela o aceita de volta sob a promessa dele de que jamais mentirá "again".Grande exemplo de romantismo para idiotas. O problema com estas fórmulas é que elas humilham o ser humano ao invés de erguê-lo, porque nós só temos alguma dignidade depois de mergulhar no abismo. O abismo (o sofrimento dos heróis) nestes filmes é de brincadeirinha, como tudo mais hoje em dia quando se fala de moral.Vivemos numa época tomada pela fúria de um "bem idiota". O ser humano só revela o que há de melhor nele quando é esmagado.A "bonequinha" é uma candidata a amante de luxo nos anos 1960 em Nova York, ansiosa por ser amada, mas no fundo morrendo de medo de amar. Ele, um escritor jovem e desconhecido, é um gigolô sustentado por uma milionária entediada. Portanto, ambos são a mesma coisa. Vivem em festas cabeças de riquinhos que mostram o início dos anos 1960, regadas a muito álcool.O filme mostra como os anos 1960 foram em grande parte um engodo: supostamente liberal e contra o sistema, mas em grande parte apenas uma festa do cabide em que os liberados fugiam de si mesmos o tempo todo. A vida é quase sempre insuportável, e os anos 1960 inventaram uma forma nova de mentir sobre isso: a revolução sexual.Ele a salva quando a faz perder o medo de investir no amor que um sente pelo outro. A cena do táxi, segundos depois de ela abandonar seu gato na sarjeta em meio a tempestade, é o ápice da tensão dramática: ela joga seu gato na sarjeta como fazia consigo mesma. Desafiada pela fala dele "você é uma covarde", ela rompe o círculo da futilidade afetiva.A diferença entre este final feliz e o dos filmes atuais é que "nunca mais minta pra mim" é papo de bobo, enquanto que ter medo de amar é coisa de gente grande que sabe o risco que é o amor.Tristes tempos os nossos nos quais todo mundo dá gargalhada numa festa contínua, fingindo que sexo é "a" questão, quando o verdadeiro desafio é outro.Diante do amor, sexo sem amor é para iniciantes.[image error]
Published on August 06, 2012 08:05
Draghi and friends just want your money
By Bill Gross, Financial Times
Psst! Investors – do you wanna know a secret? Do you wanna know what Angela Merkel, François Hollande, Christine Lagarde and Mario Draghi all share in common? They want your money!They’ve wanted it for years now but you are resisting by holding on to it or investing it at negative interest rates in Switzerland, Germany and a growing number of other countries considered to be European Union havens. They want you to be less frugal and more risk-seeking. They want your money as a substitute for theirs in Spain, Italy and, of course, Greece, but they don’t mention that any more. The example would be too off-putting. “Investors,” they plead, “show us your money!”The ultimate goal of monetary and fiscal policy in the EU is to re-engage the private sector. The EU needs the private sector as a willing (but not necessarily equal) partner in funding its economy. This often gets lost in the noisy details of all too frequent promises such as the one to defend the euro made by Mr Draghi, European Central Bank president.Investors get distracted by the hundreds of billions of euros in sovereign policy checks, promises and IOUs that make for media headlines but forget it’s their trillions that are the real objective. Even Mr Hollande in left-leaning France recognises that the private sector is critical for future growth in the EU. He knows that, without its partnership, a one-sided funding via state-controlled banks and central banks will inevitably lead to high debt-to-GDP ratios, rating service downgrades and a downhill vicious cycle of recession.But private investors are balking – and for what it seems are good reasons – because policy makers’ efforts have been, until now, a day late and a euro short, or more accurately, years late and a trillion euros short. Let’s look at some examples of this.First, Greek bailouts that included private sector involvement but no official sector involvement, resulting in the inevitable investor conclusion that future programmes for Spain and Italy might resemble the same.Second, an initial tightening and then a reluctant lowering of ECB policy rates.Third, a bond purchase programme (securities markets programme or SMP) by the ECB that was too small and prematurely abandoned.Fourth, fiscal austerity packages for individual countries that accelerated recessionary/depressionary growth paths.Fifth, public fights among northern and southern EU countries that highlighted the seemingly perpetual dysfunctionality of the eurozone 17 and the EU 27.Finally, Mr Draghi’s reversal last Thursday. Someone must have got to him between London and Frankfurt.Policy makers now face an unprecedented expansion of risk spreads and credit agency downgrades which almost guarantee that sickbed countries can never be discharged from intensive care.Interest rates over and above each country’s nominal GDP growth rate will inevitably add to a country’s debt as a percentage of GDP, even if budgets are in primary balance.Investors misguidedly focus on 7 per cent yields in Spanish and Italian bond markets as some sort of high watermark – below which swimmers can safely touch bottom. But even at 7 per cent deep, the toes cannot stretch. Maybe even 4 per cent is not shallow enough.At current yields, growth rates, and deficits, the spread may incrementally add 2-3 per cent to Spain and Italy’s tenuous debt ratios every year. While it is true that both countries can shorten maturity offerings and even accept the benefit of prior terming of their debt stock, eventual drowning will occur even at 4 per cent or higher 10-year yields as long as nominal GDP growth is anywhere close to flat.Policy makers will solicit the private market’s participation in an effort to get there, by attempting to lead via co-ordinated monetary/fiscal efforts involving the SMP from the ECB and hundreds of billions of euros from bailout funds – the European Financial Stability Facility and ultimately the European Stability Mechanism. But without the private sector’s co-operation, the effort may be futile.The dirty little secret that sovereign debt issuing nations need to remember most of all is that credit and maturity extension is based upon trust. After all, “credere” is a Latin word meaning just that. After trust has been lost due to half-baked policy measures; after credit agencies belatedly have recognised embedded costs of debt that can no longer insure solvency; after marginal investors have been flushed from the system to what appear to be safer return of principal havens; and after policy makers finally appreciate the fragility of their rigged fiscal and monetary system; after all of that – there is no coming home, there is no going back in the water.Psst investors: Stay dry my friends!Bill Gross is founder and co-chief investment officer of Pimco
[image error]
Psst! Investors – do you wanna know a secret? Do you wanna know what Angela Merkel, François Hollande, Christine Lagarde and Mario Draghi all share in common? They want your money!They’ve wanted it for years now but you are resisting by holding on to it or investing it at negative interest rates in Switzerland, Germany and a growing number of other countries considered to be European Union havens. They want you to be less frugal and more risk-seeking. They want your money as a substitute for theirs in Spain, Italy and, of course, Greece, but they don’t mention that any more. The example would be too off-putting. “Investors,” they plead, “show us your money!”The ultimate goal of monetary and fiscal policy in the EU is to re-engage the private sector. The EU needs the private sector as a willing (but not necessarily equal) partner in funding its economy. This often gets lost in the noisy details of all too frequent promises such as the one to defend the euro made by Mr Draghi, European Central Bank president.Investors get distracted by the hundreds of billions of euros in sovereign policy checks, promises and IOUs that make for media headlines but forget it’s their trillions that are the real objective. Even Mr Hollande in left-leaning France recognises that the private sector is critical for future growth in the EU. He knows that, without its partnership, a one-sided funding via state-controlled banks and central banks will inevitably lead to high debt-to-GDP ratios, rating service downgrades and a downhill vicious cycle of recession.But private investors are balking – and for what it seems are good reasons – because policy makers’ efforts have been, until now, a day late and a euro short, or more accurately, years late and a trillion euros short. Let’s look at some examples of this.First, Greek bailouts that included private sector involvement but no official sector involvement, resulting in the inevitable investor conclusion that future programmes for Spain and Italy might resemble the same.Second, an initial tightening and then a reluctant lowering of ECB policy rates.Third, a bond purchase programme (securities markets programme or SMP) by the ECB that was too small and prematurely abandoned.Fourth, fiscal austerity packages for individual countries that accelerated recessionary/depressionary growth paths.Fifth, public fights among northern and southern EU countries that highlighted the seemingly perpetual dysfunctionality of the eurozone 17 and the EU 27.Finally, Mr Draghi’s reversal last Thursday. Someone must have got to him between London and Frankfurt.Policy makers now face an unprecedented expansion of risk spreads and credit agency downgrades which almost guarantee that sickbed countries can never be discharged from intensive care.Interest rates over and above each country’s nominal GDP growth rate will inevitably add to a country’s debt as a percentage of GDP, even if budgets are in primary balance.Investors misguidedly focus on 7 per cent yields in Spanish and Italian bond markets as some sort of high watermark – below which swimmers can safely touch bottom. But even at 7 per cent deep, the toes cannot stretch. Maybe even 4 per cent is not shallow enough.At current yields, growth rates, and deficits, the spread may incrementally add 2-3 per cent to Spain and Italy’s tenuous debt ratios every year. While it is true that both countries can shorten maturity offerings and even accept the benefit of prior terming of their debt stock, eventual drowning will occur even at 4 per cent or higher 10-year yields as long as nominal GDP growth is anywhere close to flat.Policy makers will solicit the private market’s participation in an effort to get there, by attempting to lead via co-ordinated monetary/fiscal efforts involving the SMP from the ECB and hundreds of billions of euros from bailout funds – the European Financial Stability Facility and ultimately the European Stability Mechanism. But without the private sector’s co-operation, the effort may be futile.The dirty little secret that sovereign debt issuing nations need to remember most of all is that credit and maturity extension is based upon trust. After all, “credere” is a Latin word meaning just that. After trust has been lost due to half-baked policy measures; after credit agencies belatedly have recognised embedded costs of debt that can no longer insure solvency; after marginal investors have been flushed from the system to what appear to be safer return of principal havens; and after policy makers finally appreciate the fragility of their rigged fiscal and monetary system; after all of that – there is no coming home, there is no going back in the water.Psst investors: Stay dry my friends!Bill Gross is founder and co-chief investment officer of Pimco
[image error]
Published on August 06, 2012 04:29
August 3, 2012
Rodrigo Constantino's Blog
- Rodrigo Constantino's profile
- 32 followers
Rodrigo Constantino isn't a Goodreads Author
(yet),
but they
do have a blog,
so here are some recent posts imported from
their feed.
