Rodrigo Constantino's Blog, page 359

August 24, 2012

Um século de Nelson Rodrigues

Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal
Não quero falar do voto de Ricardo Lewandowksi que absolve o petista João Paulo Cunha, nem das greves dos “servidores” públicos que assolam o país. Hoje é sexta-feira e de sol aqui no Rio. Falemos de algo melhor. Falemos de Nelson Rodrigues, que nessa quinta faria um século de vida.
Nada como a morte para tornar alguém querido por todos. É no mínimo curioso ver até gente da esquerda elogiando tanto nosso “reacionário” dramaturgo. Ah, se ele estivesse vivo... O fato é que Nelson jamais deu trégua para seus colegas da esquerda. Era paulada atrás de paulada, sempre com seu humor ácido. A canalha fala bem dele só porque agora ele não está mais aqui para detonar suas baboseiras “politicamente corretas”. Então façamos nós isso, resgatando algumas de suas célebres tiradas:
"Repito que o socialismo é todo um processo de desumanização."
"Daí o meu horror à medicina socializada. Vocês entendem? A socialização cria uma responsabilidade difusa, volatilizada, que não tem nome, nem cara, nem se individualiza nunca."
"O socialista que se diz anti-stalinista é, na melhor das hipóteses, um cínico. Os habitantes do mundo socialista, por maior que seja o seu malabarismo, acabarão sempre nos braços de Stalin. Admito que, por um prodígio de boa-fé obtusa, alguém se iluda. Não importa. Ainda esse é stalinista, sem o saber."
"Quem é a favor do mundo socialista, da Rússia, ou da China, ou de Cuba, é também a favor do Estado Assassino."
‎"Se me perguntarem qual a fatalidade de nossa época, responderia que são as esquerdas."
"O nosso homem de esquerda bate papo e só. Mas não sai do Leblon, não larga a praia e, à noite, vai para o Antonino's, gozar a sua boêmia ideológica."

"Há sujeitos, no Brasil, que não estão de quatro e urrando no bosque, porque há os Estados Unidos. Xingar essa pobre nação é uma maneira de ser inteligente sem ler, sem escrever, sem pensar."


Por fim, uma de minhas preferidas:

"Por que D. Hélder não vai rezar três Aves Marias e seus Padres Nossos para os seringueiros cegos, surdos e mudos? Ah, porque sem o ódio ao americano, nenhuma miséria é promocional, e não rende primeira página, nem manchete, nem entrevista, nem televisão."[image error]
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Published on August 24, 2012 05:33

August 22, 2012

Capitalismo Popular x Capitalismo de Compadres


Rodrigo Constantino, revista VOTO
Um excelente livro novo é A Capitalism for the People, de Luigi Zingales, da Universidade de Chicago. Seu livro anterior, Salvando o Capitalismo dos Capitalistas, escrito em parceria com Rugharam Rajan, também é muito bom. O tema é basicamente o mesmo: o perigo do capitalismo de compadres.
Nascido na Itália, Zingales foi para os Estados Unidos quando jovem em busca de um ambiente mais livre, com maiores oportunidades individuais com base no mérito. Como ele próprio reconhece, o ambiente italiano era hostil a qualquer um que ousasse caminhar com as próprias pernas contando apenas com o talento, pois a rede de contatos pessoais era muito mais importante para definir o sucesso. A Itália é mesmo o Brasil da Europa.
Zingales encontrou essa “terra da liberdade” na América, e prosperou. Só que, de uns tempos para cá, ele tem visto os Estados Unidos se parecerem cada vez mais com a Itália da qual ele fugiu. O livre mercado tem sido capturado pelo interesse de grandes negócios, afetando o equilíbrio na democracia.
O povo está com raiva, principalmente após a crise de 2008 e os constantes pacotes de resgates. Sem saber exatamente diagnosticar as causas dos problemas, a população condena o capitalismo como um todo, em vez de sua versão deturpada. Foi para alertar sobre esses riscos que Zingales escreveu o livro.
Um capitalismo que permite que as pessoas fiquem ricas por meio de conexões políticas, não pelo sucesso no mercado, é um capitalismo que parece injusto e corrupto para muita gente. A crença de que o trabalho árduo será recompensado é parte essencial da cultura americana, e foi essa atitude que reduziu as pressões anticapitalistas nos Estados Unidos ao longo do tempo. Ela está agora ameaçada.
A maioria dos americanos acredita no poder dos mercados, mas está perturbada com a influência das grandes empresas no sistema. Na área financeira isso é ainda mais verdadeiro. Os lobistas de Wall Street exercem enorme poder sobre o banco central. Movimentos populistas ganham força com demandas de redistribuição de renda por meio do governo, o que coloca o livre mercado ainda mais em xeque.
O grande valor do mercado está na competição. Quando o governo cria subsídios, barreiras, privilégios, o mercado se transforma em algo completamente diferente. Isso não quer dizer que não exista um papel regulador para o estado. Zingales reconhece os riscos do excesso de regulação, mas ele acha que é importante ter regras claras impostas pelo governo que protejam a concorrência.
Sem uma proteção legal eficiente, sem garantias aos acionistas, com pouca informação aos clientes, os empresários mais inescrupulosos ganham, não os mais eficientes. Zingales deposita muita importância nas instituições, nas regras do jogo. Quando essas podem ser distorcidas de forma arbitrária, os vencedores não são os melhores jogadores, mas os mais corruptos.
Basta pensar nos oligarcas russos, em Silvio Berlusconi na Itália, no Carlos Slim no México, em Eike Batista no Brasil. Todos eles são muito próximos de seus respectivos governos. Suas fortunas vêm de setores sob forte intervenção estatal. Compare-se a isso o falecido Steve Jobs da Apple, Bill Gates da Microsoft ou os donos da Google, e a diferença salta aos olhos. Infelizmente, até nos Estados Unidos a via política tem ganhado cada vez mais peso relativo.
Uma vez que o sistema econômico é construído para favorecer as relações políticas em vez da eficiência, fica extremamente complicado reformá-lo, pois os grupos de interesse passam a acumular poder demais e criam barreiras às mudanças.
Defender o livre mercado não é o mesmo que defender os negócios. Quando os defensores do capitalismo passam a ser confundidos com os defensores desses grandes empresários ligados ao estado, então a imagem do capitalismo sai totalmente manchada. O povo acaba nutrindo ódio ao capitalismo, quando deveria condenar o “capitalismo de compadres”.   
Para o capitalismo sobreviver, as pessoas devem aceitar resultados desiguais. Mas quando os resultados passam a ser extremamente desiguais, e devido ao poder dos lobistas, então a maioria passa a rejeitar o modelo.
Essa é a idéia central do livro. O autor desenvolve com riqueza de detalhes os pontos, e apresenta dados interessantes. O objetivo deve ser resgatar a idéia de uma livre competição, com poder descentralizado, com o mecanismo de pesos e contrapesos funcionando. A hipertrofia do setor financeiro representa uma grande ameaça a isso.
O “capitalismo de compadres” só pode ser derrotado com apoio popular. Virar as costas para a democracia não resolve o problema. É preciso mostrar que a revolta é legítima, mas o alvo está mal calibrado. A culpa não é do capitalismo, mas de sua degeneração. É preciso resgatar a confiança no sistema, com regras simples e igualmente válidas para todos.
É preciso ainda recuperar o “capital cívico”, os valores éticos que rejeitam a idéia de que o importante é vencer, custe o que custar. Como vencer faz toda diferença do mundo. Atletas que ganham sob efeito de doping sofrem rejeição popular. É preciso exercer o mesmo tipo de pressão social contra negócios que vencem graças aos favores estatais.  [image error]
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Published on August 22, 2012 19:11

August 21, 2012

Tomates e ovos podres


João Pereira Coutinho, Folha de SP
Julian Assange aparece na janela da embaixada do Equador, em Londres. Prepara-se para falar às massas. Não consegue. Uma quantidade generosa de tomates e ovos podres atinge o seu rosto adolescente e pretensamente rebelde. A multidão aplaude. Os jornalistas também. Acabou o circo.Envergonhado com a humilhação, Assange regressa para dentro da embaixada. Depois de um duche (frio) e de um café (forte), o foragido australiano decide ser homem pela primeira vez na vida e entrega-se às autoridades inglesas. Segue-se a extradição para a Suécia."The end."Foi mais ou menos por essa altura que eu acordei. Assange ainda falava. Imbecilidades sobre imbecilidades. Infelizmente, ninguém jogou tomates ou ovos podres na cara dele. Deprimi.Na janela da mesma embaixada, o fundador da Wikileaks vestia o traje de grande mártir da liberdade de expressão -- um insulto para qualquer jornalista sério -- e pedia aos Estados Unidos para pararem a "caça às bruxas" contra o Wikileaks.
Na cabeça alucinada e apedeuta de Assange, o comportamento de Barack Obama só é comparável à perseguição anticomunista movida pelo Estado americano a alguns dos seus cidadãos em finais da década de 1940.
A comparação deveria ser repulsiva para qualquer criatura com erudição e neurônios. As perseguições anticomunistas do senador Joseph McCarthy foram uma deriva securitária lamentável contra supostos inimigos ideológicos que Washington suspeitava estarem infiltrados no serviço público, no ensino ou na indústria do espetáculo.As ações de Julian Assange são diferentes: goste-se ou desgoste-se, houve uma revelação objetiva de documentos secretos do governo americano. As vítimas do macartismo eram inocentes. Assange não é inocente.Mas esse nem sequer é o ponto. Na janela da embaixada do Equador, em Londres, esteve um homem procurado pela Justiça sueca por alegadas agressões sexuais contra mulheres.E a Suécia, convém lembrar aos amnésicos, é uma democracia europeia civilizada, onde a investigação judicial é séria, os direitos humanos são respeitados --e as garantias de um julgamento justo também. A Suécia não pretende deter e julgar Assange por seus pecadilhos com a Wikileaks. Deseja detê-lo e julgá-lo pelos seus alegados crimes contra duas mulheres em 2010.Curiosamente, crimes desses costumavam inflamar as feministas de carteirinha. Não mais. Será que o antiamericanismo de Assange perdoa tudo?Em caso afirmativo, um conselho ao leitor: violar uma mulher pode não ser grave desde que você seja um inimigo declarado da política americana.Claro que, a pairar sobre esta grotesca novela, existe um equívoco e uma farsa.O equívoco, alimentado pelo próprio Assange, resume-se em poucas linhas: se houver extradição para a Suécia, a Suécia poderá extraditar Assange para os Estados Unidos onde ele seria julgado por espionagem (um crime punível com a morte).A hipótese não passa de um delírio teórico e qualquer aluno principiante de direito internacional sabe por que: o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem não permite processos de extradição para países onde existe a séria possibilidade de aplicação da pena capital. Não é a Justiça americana que Assange teme. É apenas a Justiça sueca.Finalmente, a farsa. E dois nomes sobre ela: Rafael Correa. Honestamente, serei mesmo a única pessoa a sentir genuína náusea quando o presidente do Equador surge em cena como um grande defensor da liberdade de expressão?Por motivos puramente antiamericanos, o Equador resolveu conceder asilo a Julian Assange. Mas, se Assange fosse verdadeiramente um defensor da liberdade de expressão, ele recusaria os favores de um país onde essa liberdade é artigo raro.Será preciso lembrar aos colegas de ofício os constantes atropelos que o governo de Quito comete sobre jornalistas críticos do presidente?O mundo midiático, na sua estupidez bovina, continua a olhar para Julian Assange como um herói da "transparência" e da luta contra o "imperialismo".Seria preferível optar por tomates e ovos podres. Assange não passa de um foragido vulgar e de um manipulador de massas talentoso.[image error]
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Published on August 21, 2012 08:08

Caixa de Pandora


Rodrigo Constantino, O GLOBOAgora que os principais bancos divulgaram seus balanços do primeiro semestre de 2012, podemos fazer uma análise melhor dos rumos do setor. O que vemos em relação à expansão creditícia, especialmente nos bancos estatais, é inquietante. Não é trivial dizer se há ou não uma bolha de crédito no Brasil. Mas, se o governo seguir na tendência atual, isso claramente será um risco concreto.A Caixa Econômica Federal expandiu em 45% sua carteira de crédito em apenas 12 meses. Trata-se de um crescimento espantoso, boa parte voltada para o programa "Minha Casa, Minha Vida". O Banco do Brasil, por sua vez, aumentou em 20% a carteira no mesmo período. Juntos, esses dois bancos possuem uma carteira acima de R$ 750 bilhões!Os bancos privados seguem em mão contrária, reduzindo o ritmo de crescimento. Itaú Unibanco e Bradesco expandiram, na média, em apenas 12% a carteira de crédito nos últimos 12 meses. A inadimplência em alta acendeu o sinal de alerta, e os banqueiros decidiram pisar no freio, apesar da pressão do governo.O grau de alavancagem dos bancos públicos é bem maior. O Banco do Brasil e a Caixa possuem, somados, mais de R$ 1,6 trilhão em ativos, para míseros R$ 83 bilhões de patrimônio líquido. Ou seja, uma alavancagem de quase 20 vezes! Por outro lado, os três maiores bancos privados possuem, juntos, alavancagem de 10,5 vezes.Em outras palavras, os bancos públicos apresentam o dobro de risco. A Caixa é o mais agressivo de todos, com quase R$ 600 bilhões em ativos para singelos R$ 21,4 bilhões de patrimônio. Uma alavancagem assustadora de quase 28 vezes! Para explicar de outra forma, basta uma perda de 4% nos ativos para reduzir todo o patrimônio da Caixa a pó.Ciente do enorme risco, o governo já fala em injetar mais capital no banco. Isso significa, em linguagem clara, que os "contribuintes" serão chamados para pagar pela farra de crédito dos mais endividados. A prudência é punida, enquanto o comportamento de cigarra irresponsável é premiado. O show precisa continuar.Quando observamos esses dados, a incômoda pergunta feita séculos atrás pelo poeta romano Juvenal vem à tona: Quis custodiet ipsos custodes? Traduzindo: quem vigia os vigias? Se o próprio governo deve cuidar da saúde do sistema financeiro, como garantir que ele não será o grande responsável pela criação de bolhas com foco no curto prazo?Muitos culpam a desregulamentação pela crise americana recente. Ignoram que o epicentro da crise estava justamente em um setor bastante regulamentado: o de hipotecas. Dois gigantes do setor, empresas semiestatais, bancaram verdadeira orgia de crédito imobiliário, principalmente para as classes mais baixas, com os famosos "subprimes".Tanto a Fannie Mae como a Freddie Mac sofreram intensa pressão de Washington para expandir a carteira de crédito voltada para os mais pobres. É muito popular o governante que ajuda no sonho da casa própria, independentemente da capacidade futura de pagamento.Essas empresas, atreladas até a alma ao governo, contavam com um órgão regulador exclusivo, cuja única missão era assegurar sua saúde financeira. Isso não impediu que seu grau de alavancagem chegasse a 50 vezes! O resultado agora é conhecido: os pagadores de impostos foram obrigados a cobrir o rombo bilionário.É muito tentador para um governante usar bancos públicos para financiar uma farra de crédito sem lastro. Ele colhe os louros no curto prazo, com mais crescimento econômico, enquanto os problemas só aparecem lá na frente, no mandato de outro. Estamos cansados de saber disso com os históricos fracassos do BNH, Banco do Brasil, Banerj, Banespa, etc.O brasileiro já se encontra bastante endividado. O modelo de consumo calcado em crédito se esgotou. A economia não cresce e a inflação segue elevada. O inverno chegou para as cigarras. Os bancos privados percebem isso, mas sofrem forte pressão do governo para expandirem ainda mais o crédito.Os bancos públicos assumem a iniciativa, roubando mercado de forma irresponsável. Já correspondem a quase metade do total de crédito do país, lembrando que Marx e Engels defendiam o controle estatal do crédito como instrumento para a revolução comunista.Quando Pandora abriu a caixa que ganhara de presente, contra todos os alertas, ela espalhou pelo mundo vários males. Sobrou na caixa a esperança, a última que morre. Espera-se que o governo saiba parar com essa política inflacionária a tempo. Caso contrário, teremos muito sofrimento depois. Assim diz Cassandra, cuja maldição era prever o futuro, mas não ser escutada...[image error]
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Published on August 21, 2012 06:09

August 20, 2012

Basta

Luiz Felipe Pondé, Folha de SP


A Anvisa é uma das agências fascistas que querem controlar nossas vidas nos mínimos detalhes, com sua proposta de exigir receita médica para comprar remédios tarja vermelha. É uma das pragas contemporâneas.Não acredito na boa vontade nem na ciência desses tecnocratas da Anvisa. Acho que eles se masturbam à noite sonhando como vão controlar a vida dos outros em nome da saúde pública. Não acredito em motivações ideológicas para nada, apenas em taras sexuais escondidas. Freud na veia...Dou mais dois exemplos desse tipo de praga: proibir publicidade para crianças e cotas de 50% nas universidade federais para índios, negros e pobres (alguma pequena porcentagem neste último caso vá lá).Nós, contribuintes, não podemos nos defender dessa lei das cotas. Essa lei rouba nosso dinheiro na medida em que somos nós que pagamos pelas universidades federais.Até quando vamos aceitar esta ditadura "light" que "bate nossa carteira" dizendo que é em nome da justiça social? "Justiça social" é uma das assinaturas do fascismo em nossa época.O fascismo não morreu, e um dos maiores desserviços que minha classe intelectual presta à sociedade é deixar que as pessoas pensem que o fascismo morreu. Aldous Huxley ("Admirável Mundo Novo"), George Orwell ("1984") e Ayn Rand ("A Revolta de Atlas") deveriam ser adotados em todas as escolas para ensinar o que os professores não ensinam e deveriam ensinar: que o fascismo não morreu.O fascismo é a marca de tecnocratas e políticos que querem governar a vida achando que somos idiotas incapazes de decidir e que usam nosso dinheiro para esconder suas incompetências e sustentar suas ideologias "do bem". Querem nos tornar idiotas e pobres, para depois "tomar conta de nós".O governo brasileiro, que flerta com o fascismo, engana as pessoas se concentrando em temas da "igualdade" e "saúde pública". A proposta de cotas nas universidades federais, além de populismo sem-vergonha, maquia a incompetência imoral do governo em retribuir à sociedade o que arrecada monstruosamente em impostos. A máquina de arrecadação de impostos no Brasil faz do governo sócio parasita de todo mundo que trabalha.Em vez de investir dinheiro na educação básica, sua obrigação, o governo usa o dinheiro público em aventuras como o mensalão, se escondendo atrás de medidas (cotas nas universidades, controles da Anvisa, proibição de publicidade para crianças) que não arranham a corrupção ideologicamente justificada inventada pelo PT, mas que têm grande apelo publicitário.O que é corrupção ideologicamente justificada? Você se lembra do "rouba, mas faz"? O PT diz "porque sou do bem, posso roubar". Essas leis não atrapalham a corrupção porque não disputam dinheiro com a corrupção. O pior é que, como parte do corpo de professores e funcionários das universidades federais é também fascista, acha isso tudo lindo.Quanto à proibição da publicidade infantil, todo mundo sabe que só a família e a escola podem fazer alguma coisa para educar crianças. Todo mundo sabe que é difícil educar, ocupar e conviver dizendo "não" para as crianças. Todo mundo sabe que, quanto menos a mãe está em casa e quanto mais ela é só e menos tempo tem para criança, mais a criança come porcaria.E quanto mais isso tudo acontece, mais se precisa de escola pública competente para preencher o vazio de famílias que não cumprem sua função, ainda que nunca seja a mesma coisa. Mas escola pública atrapalha a corrupção porque gasta o dinheiro da "mesada do bem". Mais barato para o governo é brincar de proibir a publicidade infantil.Os mesmos que gozam pensando em mandar na vida dos outros são os que mentem quando não dizem que as crianças comem porcaria porque ficam largadas em casa sem mãe para tomar conta delas (e sem boas escolas). Não precisa ser gênio para saber que ,sem mãe atenta, nada funciona na vida das crianças.Os mesmos que cospem na cara da família como instituição, estimulam as mulheres a pensarem só em si mesmas e acusam a família de ser autoritária são os que pedem a proibição da publicidade infantil.[image error]
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Published on August 20, 2012 06:31

August 18, 2012

O pavão Assange

Álvaro Pereira Júnior, Folha de SP


Do jeito que ele gosta, Julian Assange ocupa o centro do noticiário mundial. Quando escrevo, o australiano ainda está na embaixada em Londres do Equador, país que lhe concedeu asilo. Mas o governo britânico não deixa que ele saia. Quer despachá-lo para a Suécia, onde Assange é réu em dois casos de abuso sexual.Assange foi um dos fundadores, em 2006, do site WikiLeaks, especializado em receber e divulgar informações confidenciais. Da cientologia aos defensores do aquecimento global, passando por governos e corporações, muita gente apanhou com a divulgação de documentos secretos por essa tropa combativa. Assange montou um esquema de sonho para um ególatra: no WikiLeaks, todo mundo é anônimo, menos ele.Os nomes dos informantes são segredos. Os principais colaboradores são conhecidos apenas pelas iniciais. Mas, ele, Assange, dá entrevistas, escreve artigos, assume com gosto o papel de messias da transparência total.Transparência que ele próprio não pratica. O WikiLeaks funciona em meio a paranoia e segredos, à moda de uma seita. E Assange sempre escondeu sua história de vida. Só em 2010 o repórter Raffi Khatchadourian, da revista "New Yorker", descobriu algumas coisas: padrasto violento, mãe hippie contestadora e nômade (até os 14 anos de idade, Assange mudou 37 vezes de casa).O WikiLeaks fez estragos importantes e merecidos desde o começo. Mas Assange só assumiu o papel de celebridade mundial em 2010, quando procurou revistas e jornais respeitados de EUA e Europa para investigar toneladas de documentos secretos da diplomacia americana.Foi uma grande sacada. Trouxe o WikiLeaks, até então uma operação de "fringe", para o domínio da mídia respeitável. Usou a perícia de jornais como "Guardian" e "New York Times" de mergulhar em documentos, detectar o que tem interesse jornalístico e transformar isso em reportagens.Mas, como disse Fernando Rodrigues na Folha de 15/8, também decretou o início do fim do Wikileaks: "Os meios de comunicação tradicionais aprenderam o caminho. Vários já usam sistemas on-line, recebem dados e preservam as fontes".A organização se esgotou, mas Assange obteve a fama.Em abril passado, participei de uma feira de televisão, em Cannes. O glamour e a visibilidade não se comparam, mas local e estrutura são os mesmos do famoso festival de cinema.A fachada do Palais des Festivals estava coberta por um cartaz imenso, anunciando "The World Tomorrow", um "talk show" apresentado por Assange no Russia Today, RT, canal bancado pelo Kremlim para ser tipo uma Fox News "alternativa".O programa ia ao ar do apartamento dele. Entrevistado do primeiro dia: Hassan Nasrallah, do grupo terrorista Hizbollah.Seguiram-se outros do mesmo naipe, até chegar a vez de Rafael Correa, presidente do Equador, país que acabou lhe oferecendo asilo. O paladino da liberdade era acolhido por um perseguidor de jornalistas.Inescapável, também, a ironia de o cofundador do WikiLeaks ganhar espaço no RT, sustentado por Vladimir Putin, de notório histórico de "transparência".Mais irônico ainda que, justo na semana em que se decide o destino de Assange, o mesmo governo Putin que lhe dedica tantas mesuras tenha voltado forças contra três meninas do coletivo anarcopunk Pussy Riot.Em fevereiro, as "punkettes" do Pussy Riot invadiram a catedral do Cristo Salvador, em Moscou. Dançando e pulando, cantaram um rock tosco exigindo a saída de Putin.As três foram a julgamento, sob risco de cana brava por vandalismo. Escrevo antes do veredicto. E leio no site da "Economist" que, quarta passada, o trio teve direito a considerações finais. Foi um discurso histórico de Maria Alyokhina, Yekaterina Samutsevich e Nadezhda Tolokonnikova (esta última de uma beleza desconcertante, "riot girl" do Volga).Assim descreveu a revista: "Elas falaram de arte, de liberdade, da busca por significados, tudo pontuado por referências aos Evangelhos, aos 'Ensaios' de Montaigne e à 'humildade ontológica'".Nada disso faz parte da visão de Julian Assange.Idi Amin acabou na Arábia Saudita, Anastasio Somoza se exilou no Paraguai, carrascos da Segunda Guerra vieram parar na Bolívia, na Argentina e no Brasil.Se não for preso no caminho do aeroporto, Julian Assange, que parecia arauto de uma revolução jornalística, entra para o rol dos exilados em destinos exóticos. Uma espécie de pária, mas um pária famoso. Deve estar feliz.[image error]
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Published on August 18, 2012 07:05

August 17, 2012

O peso de uma palavra


Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal
A esquerda em geral e o PT em particular são mestres no uso de eufemismos para obliterar conceitos ou monopolizar fins nobres. A cartilha politicamente correta deles tenta sempre manipular as palavras em seu favor. É assim que seus crimes viram “malfeitos”, enquanto o dos outros é “roubalheira”. Eles tentam até suprimir da imprensa o termo “mensalão”. Há vários exemplos.
O “pacifista” é aquele que monopoliza o fim nobre da paz, independentemente do meio necessário para tanto. “Justiça social” vira uma meta vaga e ambígua que justifica todo tipo de injustiça contra indivíduos e suas propriedades. O “ambientalista” (leia-se “melancia”) é o único preocupado com o meio-ambiente. Setor “estratégico” vira sinônimo de necessidade de controle estatal, e quem defende a gestão privada vira um “entreguista”.
As favelas viram “comunidades”, as empregadas domésticas viram “secretárias do lar”, os negros e pardos viram “afro-descendentes”. Enquanto isso, o defensor de menos estado e valores tradicionais vira um “ultraconservador”. Não dá para negar que a esquerda sabe usar e abusar das palavras em sua propaganda enganosa como ninguém. São mestres nessa arte.
E por isso tanta preocupação agora com a pecha de “privatistas”. Eles passaram décadas demonizando a privatização, como se fosse o mesmo que um crime hediondo. E eis que, uma vez no poder, a realidade se impõe e a necessidade os obriga a privatizar! A palavra assusta e, desesperados, eles tentam a todo custo se proteger dela. É “concessão”. É “parceria”.
Bobagem semântica, claro. Transferir a gestão para a iniciativa privada, eis o conceito básico de privatização. Certos setores fazem isso por meio de concessões, por suas características intrínsecas. Mas o resultado é o mesmo: retirar o governo do controle e passá-lo para o setor privado em busca de lucro.
Se ele anda como cachorro, abana o rabo como cachorro, e late como cachorro, então só pode ser um cachorro! Veio com muito atraso e ainda com várias falhas no modelo, mas finalmente o PT está acelerando o programa de privatização. Antes tarde do que nunca. Que agüentem agora o peso desta palavra: privatistas!     [image error]
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Published on August 17, 2012 06:17

August 16, 2012

"Paidrastos" (e "mãedrastas)


Contardo Calligaris, Folha de SP
Domingo passado foi Dia dos Pais -como disse R., 9 anos, é o dia em que o pai dá um dinheiro para que a mãe compre um presente para ele, o qual será entregue pelas crianças.Esta coluna chega com um pouco de atraso; por isso, é sobre os pais do segundo turno: os padrastos.Não encontrei uma estatística que me dissesse quantas famílias, no Brasil, vivem com filhos de casamentos anteriores de um dos pais ou de ambos (talvez um leitor sociólogo possa me ajudar).Mas é fácil constatar que muitas famílias são hoje compostas de pais, filhos e, como se expressou uma vez um de meus enteados, de "paidrastos" e "mãedrastas". O tema, claro, mereceria mais do que estas pequenas notas.Sobre as madrastas, só o essencial: o homem que tem filhos de um casamento anterior acredita cegamente que sua nova mulher os amará como se fossem filhos dela (ser mãe, para uma mulher, seria um instinto irresistível). O pai de Cinderela, mesmo vivo, não se daria conta de que sua filha era a rival detestada e perseguida pela sua nova mulher e pelas suas enteadas.Ora, com várias exceções (claro), para a nova mulher, os filhos do casamento anterior do marido são rivais, irmãozinhos metidos que disputam com ela o amor do "pai" comum -isso vale especialmente quando ela tem filhos de um casamento anterior ou planeja ter mais filhos no novo casamento.Mas vamos aos padrastos, que são o nosso tema do dia.1) Apesar dos testes de DNA, ser pai continua sendo uma questão mais simbólica que real, ou seja, o pai ainda é aquele que a mãe indica como pai. Uma consequência disso é que os homens são perfeitamente capazes de se esquecer de seus filhos depois de uma separação (a não ser que a mulher continue lhes repetindo, noite e dia, que eles são os pais das ditas crianças).Por essa mesma razão, os homens são facilmente padrastos atenciosos -basta que a nova mulher lhes atribua essa função. Agora, por serem "atenciosos", eles não são menos precários: como acontece no caso dos próprios filhos, o laço do homem com seus enteados é subordinado ao laço com a mulher que é mãe deles. Em outras palavras, se o padrasto se separar da nova mulher, dificilmente ele manterá uma relação com os enteados, mesmo que eles tenham se criado com ele durante anos.Triste? Talvez. Mas já imaginou a complicação no caso de vários casamentos sucessivos? Que tal um almoço de Dia dos Pais com pai, padrasto 1, padrasto 2 e padrasto 3?2) Disse que os homens são facilmente padrastos atenciosos. Justamente, aqui surge um problema: ao redor da educação dos enteados, o padrasto quase sempre descobre que há, entre ele e sua nova mulher, diferenças de valores -que só aparecem na hora de cada um mostrar seus dotes pedagógicos. No eventual conflito, o padrasto está, de fato, quase impotente.Primeiro, se ele quiser impor regras, a nova mulher entenderá isso como análogo ao que ela mesma gostaria de fazer com os filhos do casamento anterior do marido -ou seja, ela achará que o marido usa uma severidade seletiva, que ele nunca aplicaria aos seus próprios filhos.Segundo, educar implica correr o risco de ser detestado -risco que um pai deve correr sem hesitação; mas o padrasto precisa e quer conquistar a simpatia dos enteados, sob pena de ouvir o fatídico: "Você não é meu pai!".3) Os enteados não são anjos. Num primeiro momento, todos eles podem festejar a recomposição de um quadro familiar, seja ele qual for. Logo, os meninos tendem a se tornar paladinos da honra materna e paterna (como é que a mãe se interessa por outro homem que não seja eu? Quem é este cara que quer ocupar o lugar do meu pai?).Quanto às meninas, elas oscilam entre três caminhos: lamentam que a mãe, e não elas, conquiste todos esses homens; receiam que, aceitando o padrasto, elas trairiam o pai e seriam desamadas por ele; enfim, bem mais do que os meninos, elas não querem compartilhar a mãe com ninguém.A experiência do divórcio dos pais criou jovens interessantes. A sensação de que eles não foram uma razão suficiente para que os pais ficassem juntos produziu, em alguns, uma insegurança doentia para a vida toda, mas, em outros, deixou um fundo de sabedoria melancólica que resiste bravamente às ideias narcisistas mais estupidamente grandiosas.Quanto às complexidades da vida numa segunda ou terceira família, está na hora de considerar suas consequências para as crianças e os adultos que delas virão. Voltarei ao tema.[image error]
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Published on August 16, 2012 07:07

August 15, 2012

Forum Liberdade e Democracia


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Published on August 15, 2012 09:42

August 13, 2012

Sensibilidade cultural


Luiz Felipe Pondé, Folha de SP
Hoje em dia gostamos de inventar termos "científicos". Um deles é "sensibilidade cultural", e o usamos para criticar formas de "intolerância cultural" (ou insensibilidade cultural), ou seja, tratar mal pessoas com hábitos diferentes dos nossos ou negar o direito de se praticar coisas estranhas para nossa cultura. A forma mais radical de criticar esta intolerância é dizer que "todo outro é lindo".Gosto mais da expressão "tolerância" quando era inocentemente aplicada a casas de mulheres que fazem sexo em troca de dinheiro, as chamadas "casas de tolerância". Tenho saudade do uso da palavra "tolerância" neste sentido. Hoje em dia, a expressão "tolerância" é comumente utilizada por fanáticos que querem afirmar que tudo que vem do "outro" é lindo e maravilhoso.Polêmicas ao redor do uso do véu islâmico têm sacudido a Europa. Até a Olimpíada em Londres não escapa disso. Recusar o direito de se usar o véu (ou similares) seria falta de sensibilidade cultural ou falta de tolerância cultural.A verdade é que esse negócio de tolerância ou sensibilidade cultural com o outro (da qual partilho) é invenção de ocidental rico. E às vezes, temo, a moçada que gosta de falar disso fica tomando vinho em suas casas em segurança e nada sabem do mundo em chamas por aí. "Outros" são triturados por muitos dos "outros" que teimamos em achar lindo. Só que estes "outros" triturados são invisíveis para olhos acostumados às vítimas "profissionais" da nossa época. A indústria das vítimas oficiais não assimila esses miseráveis de fato em suas campanhas de conscientização chique.Esses defensores da sensibilidade cultural, antropólogos de boutique, deveriam pegar um avião, sair de Paris, Londres, Nova York e São Paulo, e viajar um pouco. Quem sabe ir para algumas regiões da África, como Sahel (área semiárida no continente), Mali ou norte da Nigéria, dominadas por salafistas muçulmanos fanáticos, e defender a sensibilidade cultural por lá. Queria ver como esses inteligentinhos iriam se virar com esses salafistas que não estão nem aí para suas modinhas culturais.No Mali, domingo 29 de julho, salafistas pegaram um casal que teve um filho fora do casamento, enterraram os dois até o pescoço e mataram a pedradas. Eles já têm espancado cristãos, destruído seus mausoléus e também destruído locais históricos do próprio islamismo que para eles não seja o "islamismo correto". Qualquer um que não obedeça sua versão da "sharia", a lei islâmica, é castigado fisicamente.Sabe-se muito bem que no Egito, cristãos coptas são espancados há muito tempo e não têm os mesmos direitos civis que os muçulmanos. Por que os inteligentinhos de plantão da sensibilidade cultural não montam uma agência especial de direitos humanos para os cristãos? Que tal propor um jogo de futebol entre muçulmanos e cristãos no Egito para ensinar a "sensibilidade cultural" à maioria muçulmana lá?Recentemente ouvi relatos antropológicos interessantes acerca de um país importante do golfo Pérsico. País que já ocupou várias vezes a mídia internacional em destaque.Lá, mulheres estrangeiras (filipinas, paquistanesas) que buscam trabalho são constantemente violentadas por seus patrões e espancadas pelas suas patroas. Muitas vezes mortas. Todo mundo sabe (o país é minúsculo), mas não importa, porque a população local tem mais direitos dos que os estrangeiros.Quer um exemplo: você pode trabalhar lá a vida inteira e nunca terá direito de comprar uma propriedade para você. Seu passaporte fica retido na mão do seu empregador, e se ele não quiser te dar quando você pedir, se você não achar alguém da população natural local que interceda a seu favor, você poderá não conseguir sair do país. Se você bater num carro de um cidadão natural do país, você nunca terá razão.Todo mundo sabe que em países desta região, tocar num muçulmano é considerado ilegal. Você poderá ser preso ou deportado se alguém reportar que você tocou um dos seres "sagrados" naturais da terra. Experimente converter um deles. Cadeia na certa. Que insensibilidade cultural, não?[image error]
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Published on August 13, 2012 06:58

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Rodrigo Constantino
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