Rodrigo Constantino's Blog, page 341

December 3, 2012

Brasil por Ruchir Sharma

Como a nova entrevista sobre o Brasil colocou Ruchir Sharma em evidência novamente, seguem alguns trechos de seu livro Breakout Nations que falam de nossa situação econômica:
Crony capitalism is a cancer that undermines competition and slows economic growth. That is why the United States confronted the problem and moved to take down the robber barons by busting up their monopolies in the 1920s.
Foreign money-flows into Brazilian stocks and bonds climbed heavenward, up more than tenfold, from $5 billion a year in early 2007 to more than $50 billion in the twelve months through March 2011.
Brazil is the un-China, with interest rates that are too high, and a currency that is too expensive. It spends too little on roads and too much on welfare, and as a result has a very un-China-like growth record.
Since the early 1980s the Brazilian growth rate has oscillated around an average of 2.5 percent, spiking only in concert with increased prices for Brazil’s key commodity exports. This is not the profile of a rising economic power.
Since the crises of the 1980s Brazil’s government spending as a share of its economy has climbed steadily from nearly 20 percent—pretty typical for the emerging markets—to around 40 percent in 2010, among the highest in the developing world.
Between 1980 and 2008 Brazil’s productivity grew at an annual rate of about 0.2 percent, compared to 4 percent in China, a reflection of the fact that China was not only putting more people to work in factories and investing heavily in better equipment, as well as better roads to get the factory goods to market, but also figuring out how to make those workers and those machines work more efficiently.
Brazil’s economy seems to be hitting its limits on every front, as the aging airports of Rio and São Paulo—unimproved for decades now—struggle to keep up with increasing traffic, schools fail to graduate enough skilled workers, and businesses operate near capacity.
Unemployment has fallen to a decade-low 6 percent, but businessmen now complain that they have no choice but to hire unprepared and unqualified applicants. The average student in Brazil stays in school for only seven years, the lowest of any middle-income country;
Specifically the share of that overall investment devoted to new infrastructure—roads, railways, ports—is just 2 percent of GDP in Brazil, compared with an emerging-market average of 5 percent, and 10 percent in China.
The broad measure of how fully an economy is employing its total stock of labor and equipment—a number called the capacity utilization rate—is running at a very high level of 84 percent in Brazil, or about 5 percentage points higher than the average in other emerging markets.
Brazil’s puzzle is particularly difficult to solve because inflation kicks in at such a low rate of economic growth, so to fight inflation authorities raise interest rates quickly in an expansion cycle, pushing up the value of the currency and capping the potential speed at which the economy can grow.
Despite Brazil’s role as a major exporter, it is still one of the most protectionist “normal” economies in the world, short of the oddball cases, like North Korea.
If Brazil does not carry out the reforms, it will be hard-pressed to grow even at 4 percent per year—less than half as fast as China’s recent growth. Unless God really is Brazilian.

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Published on December 03, 2012 08:32

Falta-nos ambição!

Importante alerta feito pelo economista indiano do Morgan Stanley, Ruchir Sharma, autor do excelente "Breakout Nations", cuja leitura recomendo.

Seguem alguns trechos:

O Brasil tem confiado fortemente na exportação das commodities para países consumidores liderados pela China, e a desaceleração desse país é um grande motivo que nos faz ver o crescimento no Brasil escorregar para 2%, e o crescimento na Rússia escorregar para 3% a 4%. Ambos os países têm feito muito pouco para melhorar o ambiente de investimento doméstico, e o investimento deles em relação ao PIB continua muito devagar para estimular qualquer crescimento econômico mais rápido.

Eu não creio que o Brasil esteja no caminho certo, ao menos por enquanto. Um de seus grandes problemas é seu grande histórico de tributação e gastos em níveis muito altos, não acompanhados de suficiente investimento produtivo –fatores que deixaram o país com uma infraestrutura muito fraca, e, portanto, com uma tendência de crescimento em um ritmo muito devagar.

Outro problema é que o Brasil, instigado por seu histórico de instabilidade econômica, tem estado nos últimos anos mais preocupado com a estabilidade do que produzir crescimento –o que o deixa fundamentalmente menos ambicioso que muitos mercados emergentes.
E, por último, o Brasil ainda possui a mania de resolver seus problemas com a mão do Estado: a parte do Estado na economia do Brasil é muito alta para um país com seu nível de renda, comparado aos Estados de Bem-Estar Social avançados na Europa. Basicamente, o Brasil precisa de uma reforma estrutural profunda, que reduza seus impostos e gastos com encargos, e uma dose de ambição para se colocar em um movimento de arranque.


Em suma, é preciso reduzir o intervencionismo estatal e seu concomitante peso, e abraçar reformas LIBERAIS. Entre elas, claro, uma das mais importantes bandeiras é esta: Privatize Já!
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Published on December 03, 2012 07:48

Introdução de Privatize Já



Pedro, o Grande, o mais reformista dos czares russos, tentou
colocar seu país na direção ocidental. Certo dia, passando
pela cidade de Kazan, a caminho do mar Cáspio, ele visitou
duas fábricas de tecidos. Uma era estatal, a outra, privada.
Esta impressionou o czar pela limpeza e eficiência, enquanto a
estatal o chocou com trabalhadores bêbados e teares quebrados.
Tomado por seu desejo de mudar a Rússia, o imperador
decidiu simplesmente doar a fábrica estatal ao empresário.
Como resumiu o economista Roberto Campos, o governante
estaria “antecipando-se em quase três séculos ao programa de
privatização por vouchers de Boris Yeltsin”.
O caso, um tanto pitoresco, ilustra o que ocorre com enorme
frequência: as gritantes diferenças entre a gestão de empresas
privadas e a de estatais. Essas diferenças não ocorrem por acaso.
Pelo contrário, seria surpreendente se elas não existissem. De
uma fábrica de Kazan para a outra, não apenas o dono mudava,
mas também os incentivos que os funcionários e proprietários
tinham para oferecer serviços melhores e mais baratos, a recompensa
que obtinham em troca de ideias inovadoras e os riscos
que corriam caso a concorrência fosse mais eficiente que eles.

E o principal: para manter a esperança na tecelagem pública,o czar teria de apostar que os funcionários do governo eramseres essencialmente bons, movidos apenas por boas intençõese que acordavam pensando “O que posso fazer hoje pelo meupaís?” Já a aposta na tecelagem privada exigia uma visão menosingênua: a de que os seres humanos costumam focar em seuspróprios interesses antes de pensar nos demais.Três séculos depois, a teoria econômica continua do lado dePedro, o Grande. Já a opinião de muitos políticos e eleitores pareceficar na arquibancada oposta. Persiste entre os brasileiros umavisão bastante crítica ao processo de venda das empresas estatais.Uma pesquisa de 2007 feita pelo instituto Ipsos e encomendadapelo jornal O Estado de S. Paulo mostrou que mais de 60% dos entrevistadossão contra a privatização de serviços públicos. A maioriaabsoluta da população condena uma hipotética venda do Bancodo Brasil, da Caixa Econômica Federal ou da Petrobras. Pelo menosna opinião dos habitantes, privatizar não está na moda no Brasil.A imagem negativa do conceito de privatização se deve,além da propaganda política, ao modelo ruim adotado pelos governos,boa parte deles do PSDB, ao realizar as privatizações apartir dos anos 90. Os tucanos não tinham forte convicção doque faziam e realizaram o programa de desestatização em partepela extrema necessidade de caixa. Por isso são tão tímidos nadefesa de suas ações. O erro dos tucanos não foi ter privatizado,mas ter privatizado mal – e pouco.Para piorar, o cenário econômico internacional se deteriorouabruptamente logo depois dos principais leilões, com gravescrises internacionais que afetaram o crescimento do país. Essacoincidência tampouco ajudou a preservar uma boa imagemdas privatizações entre os brasileiros.
O próprio termo “privatização” virou uma espécie de palavrão,
sempre usado nas eleições presidenciais para retratar
adversários como corsários do patrimônio público e inimigos
do Brasil. O golpe costuma surtir efeito. Em 2006, o candidato
Geraldo Alckmin virou um outdoor ambulante de empresas estatais,
com boné, camisa e broches espalhados pelo corpo, tudo
para negar que privatizaria. Na eleição seguinte, depois de mais
ataques do PT, foi a vez de José Serra passar a eleição repetindo
que não privatizaria, ao contrário, fortaleceria as empresas
estatais. Nenhum deles conseguiu se limpar da mancha de privatizadores;
ambos perderam a eleição para o PT.
Mas é só as eleições passarem para que os candidatos vitoriosos,
de todos os partidos, se esqueçam das controvérsias
de campanha. Um serviço público precisa funcionar de verdade
para evitar fiascos na imprensa mundial durante a Copa
do Mundo? Privatizem-se os aeroportos. A economia brasileira
emperra, castigada pela péssima infraestrutura do país? Privatizem-
se estradas, ferrovias e portos. Todos eles dizem ser contra
a privatização. Todos eles sabem, em segredo, que dá mais
certo confiar na iniciativa privada.
Boa parte da esquerda acusa o governo de ter dilapidado
o patrimônio nacional com as privatizações. Veremos que isso
não passa de uma falácia, e que, acima de tudo, a reação histriônica
e até violenta da esquerda organizada interferiu para
reduzir o valor oferecido nos leilões. Também se diz, especialmente
entre os sindicatos, que a privatização aumenta o desemprego.
Na verdade, após eventuais demissões iniciais, por
conta de um quadro desnecessariamente inchado, as empresas
privadas, mais eficientes, costumam se expandir e contratar
muito mais funcionários.

Pretendo neste livro desfazer mal-entendidos como esses
e expor os principais argumentos e fatos em prol das privatizações.
Mesmo com as falhas nos processos de venda, o mundo
em geral e o Brasil em particular estão repletos de casos bem-
-sucedidos nessa área, que trouxeram enormes benefícios para
os trabalhadores e os consumidores.
O estado brasileiro ainda controla mais de uma centena
de empresas, a Petrobras é motivo de “orgulho nacional” para
muitos, outros volta e meia resgatam a ideia de reestatizar a
Vale, e milhões de brasileiros enxergam o livre mercado com
extrema desconfiança, depositando uma fé exagerada no governo.
Enquanto isso, seguimos tendo que importar gasolina,
a corrupção é enorme e cada vez maior, fruto da concentração
de poder e recursos no governo, as greves dos “servidores” públicos
perturbam nossa vida, e nossa liberdade vive ameaçada
pelo excesso de poder econômico do estado.
Está na hora de reverter esse quadro, de debater o tema da
privatização sem deixar as paixões cegarem a razão. O estado
pode ter um importante papel como regulador, mas inevitavelmente
fracassa como empresário. Não se trata de má sorte, e sim
de sua própria natureza. Se cada um souber seu lugar adequado,
então nós, brasileiros, só teremos a ganhar com isso.
Vale, porém, fazer um alerta: defender a privatização não significa
endeusar o mercado, considerá-lo perfeito. Os defensores da
privatização reconhecem as falhas de mercado, mas entendem que
estas costumam ser bem menores que as falhas de governo.
Muitos dos que defendem a forte presença estatal cometem
a “falácia do nirvana”, ou seja, comparam uma realidade imperfeita
(falhas de mercado) com uma solução ideal e irrealista
(intervenção de um estado benevolente e onisciente). Esse erro
lógico talvez seja a principal razão pela qual tanta gente é levada
a demandar sempre mais governo.
Dito isso, privatizar não é uma panaceia, uma medida mágica
que soluciona todos os problemas. Longe disso. Mas é, sim,
um passo extremamente importante na direção de mais progresso,
mais prosperidade e também mais liberdade.
Só parte deste livro trata das polêmicas que o assunto costuma
provocar no Brasil. O resto dele tenta ir mais longe. Quero
sugerir ao leitor que provavelmente nossa cidade seria mais
verde e teríamos uma educação melhor se privatizássemos florestas
e escolas. Haveria mais prosperidade e liberdade se fossem
privatizados peixes, rios, oceanos, moedas, ruas, rins. (Sim,
rins e outros órgãos que as pessoas possuem, mas são proibidas
de vender.) Serão interessantes exercícios de imaginação para
aqueles que não se fecham em dogmas.
Abrace esta ideia: privatize já.




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Published on December 03, 2012 06:50

Que oposição?

Rodrigo Constantino

Onde está a oposição no Brasil? Ninguém sabe, ninguém viu.

A entrevista de FHC na Folha hoje apenas comprova isso. Em um trecho ele destaca o óbvio para aqueles que têm olhos para enxergar, e que não caem na ladainha dos petistas: o PSDB não é nem nunca foi um partido com tintas liberais! Ele diz:

O PSDB nunca foi um partido que tivesse muito amor pelo mercado. Como todos os partidos brasileiros, as pessoas gostam mesmo é de governo, é de Estado. Isso desde Portugal, da Península Ibérica. O grande ator, querido, é o governo.

Alô, turma do PT, anotem isso de uma vez por todas: não há liberalismo ou neoliberalismo no Brasil, e o PSDB jamais representou os liberais por aqui. Nunca! São apenas uma esquerda menos radical que a de vocês, com perfume francês e sem tanto ranço autoritário. Os tucanos não flertam com ditadores como Fidel Castro, não enaltecem Cuba, não querem reestatizar estatais. Mas isso não os torna liberais! É o óbvio ululante, mas que precisa ser dito e repetido, uma vez que ainda se vende a ideia por aí de que o PSDB é liberal.

Em meu livro novo, Privatize Já (ed. LeYa), deixo claro que até nas privatizações o que foi feito, foi feito com falta de convicção. O PSDB privatizou por necessidade de caixa. Fez muito pouco, muito mal. E FHC está certo ao reconhecer a completa hegemonia dos partidos de esquerda em nossa política. Por isso mesmo precisamos de algo NOVO! E que se assuma liberal sem medo da patrulha politicamente correta. Chega de tanto partido sinistro! Vamos endireitar esse viés de uma vez...

Em seguida, questionado sobre a capacidade gerencial do atual governo, FHC alivia a presidente (ele até poderia chamá-la de "presidenta", tamanha a moleza que dá a ela). Para FHC, o PIB cresceu pouco por "mil razões", e nada prova que Dilma é uma péssima "gerentona". Com uma "oposição" dessas, quem precisa de aliados?

O fato é que o governo Dilma tem uma equipe econômica que precisa melhorar muito para ser apenas medíocre. É uma turma patética, que realmente acredita na capacidade clarividente do governo. Fizeram um monte de burradas gigantescas, com intervenções arbitrárias, produzindo insegurança no mercado (esse ente que o PT, como o PSDB, nunca gostou). 

Enquanto a "oposição" brasileira for representada pelo PSDB, estamos perdidos mesmo! Escrevi ano passado um artigo para O Globo alertando para esse risco, e pedindo de forma direta: Procura-se líder de oposição. Ainda não apareceu nenhum. Não devemos buscá-lo nos quadros tucanos...
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Published on December 03, 2012 06:26

November 30, 2012

80 mil visualizações

Prezados leitores, terminamos novembro com 80 mil visualizações do blog, repetindo o patamar de outubro. Até que para um hobby a coisa vai ficando séria. Imagina o desespero dos esquerdistas se eu vivesse disso e trabalhasse aqui full time?! 

Mas, por sorte deles e como não sou da imprensa golpista chapa-branca, que recebe polpudas verbas do estado para disseminar mentiras pelas redes sociais, preciso ganhar a vida alhures, restando menos tempo para postar aqui.

Aproveito para avisar que o blog está de cara nova, mais limpo e mais fácil de ler, principalmente pelo celular (o fundo branco ajuda).

Sigamos em frente! Obrigado a todos pelo apoio.
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Published on November 30, 2012 10:25

November 28, 2012

É hoje, Rio!

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Published on November 28, 2012 05:59

November 27, 2012

É hoje, Sampa!

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Published on November 27, 2012 03:56

Privatize Já!

Rodrigo Constantino, O GLOBO

Milton Friedman alertava que se o governo fosse colocado para administrar o deserto do Saara, em cinco anos faltaria areia no local. O que aconteceria se o governo fosse o empresário em um país com abundância de fontes baratas de energia?

Sabemos a resposta: apagões frequentes, necessidade de importar combustível e energia cara para os consumidores. É importante notar que este resultado não depende tanto assim de qual partido está no poder, ainda que a capacidade de o PT causar estragos maiores não deva jamais ser ignorada. Mas o principal ponto é que o mecanismo de incentivos na gestão estatal é totalmente inadequado.

Quando o empresário depende do lucro para sobreviver no livre mercado, a busca por excelência passa a ser questão de vida ou morte para ele. Manter a elevada produtividade de sua empresa e atender bem à demanda de seus clientes é crucial para ele prosperar. Para tanto, ele terá de estimular seus bons funcionários, e punir os incompetentes.

Já nas estatais, os “donos” somos nós, sem poder algum de influência em sua gestão, que fica sob o controle de políticos e burocratas cujos interesses diferem dos nossos. A troca de favores políticos para a “governabilidade”, o uso da empresa como cabide de empregos para apaniguados ou instrumento de política nacionalista, o descaso com o “dinheiro da viúva”, estas são as características comuns nas estatais.

Não é coincidência a enorme quantidade de escândalos de corrupção que é divulgada na imprensa envolvendo estatais, tampouco o fato de os setores dominados pelo Estado serem os mais precários. Portos e aeroportos, os Correios, os transportes públicos, as escolas e os hospitais administrados pelo governo, o Detran, os presídios, enfim, basta o Estado intervir muito para estragar qualquer setor da economia.

Quando um partido com mentalidade mais estatizante assume o governo, a situação tende a piorar bastante. A arrogância de que o governo pode fazer melhor do que a iniciativa privada acaba levando a um nefasto modelo “desenvolvimentista”. É o caso do governo atual. A presidente Dilma acredita que é realmente capaz de administrar os importantes setores de nossa economia.

Isso explica a quantidade assustadora de intervenções arbitrárias que tanto mal têm causado ao país. A Petrobras virou símbolo de incompetência, com crescimento pífio da produção e enorme destruição de valor para seus milhões de acionistas. Seu valor de mercado já caiu pela metade desde 2010, mesmo com o preço do petróleo estável no mundo. Enquanto isso, o valor da Ambev quase dobrou no mesmo período e chegou a ultrapassar o da estatal.

Os bancos públicos se transformaram em instrumentos de populismo, fornecendo crédito barato a uma taxa de crescimento irresponsável, que vai acabar produzindo uma bolha imobiliária no Brasil, tal como vimos nos EUA, na Irlanda e na Espanha. A Caixa expandiu sua carteira em 45% nos últimos 12 meses!

O BNDES virou um megaesquema de transferência de recursos dos pagadores de impostos para grandes empresas próximas ao governo. Grupos como JBS, Marfrig e EBX, do bilionário Eike Batista, receberam bilhões em empréstimos subsidiados.

A Eletrobras já perdeu cerca de 70% de seu valor de mercado apenas este ano, pois o governo resolveu usar a estatal como centro de custo para sua meta de reduzir as tarifas de eletricidade na marra, em vez de cortar os impostos (que correspondem a 45% da tarifa final). Como o cobertor é curto, vai faltar recurso para novos investimentos, prejudicando o futuro do setor.

Existem outros exemplos, mas o ponto está claro: o governo costuma ser um péssimo empresário, e isso se deve a fatores estruturais. Quando um partido convencido de sua suposta clarividência chega ao poder, o estrago por meio das estatais tende a ser ainda pior. Estamos vendo exatamente isso na gestão Dilma. Suas medidas estancaram o crescimento econômico, mas a inflação continua elevada.

O Brasil, para usar um termo dos psicólogos, é hoje um caso borderline. O governo sofre do transtorno de personalidade limítrofe. Ele ainda não sabe se quer fazer parte do grupo dos vizinhos mais decentes, como Chile, Colômbia e Peru, ou do “eixo do mal”, com a Venezuela, Argentina, Bolívia e Equador. Pelos sinais emitidos até aqui, ele parece gostar é do fracasso socialista mesmo.

_______

Aproveito para convidar todos ao lançamento do meu novo livro “Privatize Já!”, pela editora Leya, amanhã na Livraria Travessa do Shopping Leblon, às 19h. Haverá um debate com Elena Landau antes dos autógrafos.
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Published on November 27, 2012 03:43

... e se fosse seu filho?

Dr. José Nazar, psiquiatra e psicanalista 

É isso mesmo, ...e se fosse o seu filho, ou sua filha, que estivesse perdido no mundo das drogas, vivendo nos escombros de uma cracolândia. Qual seria a sua posição, você seria contra ou a favor de uma internação hospita- lar à força? Nesse caso, a coisa seria diferente?E você, qual é a sua opinião, é contra ou a favor de uma internação compulsória? Esta foi a pergunta que lancei para alguns pro- fissionais, que têm reagido de uma maneira veemente contra a ideia das internações compulsó- rias para usuários de drogas, mesmo em casos de muita gravidade. Mas quando lancei, mesmo sem pensar, a pergunta: e se fosse seu filho? A resposta veio rápida: aí seria totalmente diferente!De fato, essa não é uma questão simples de se resolver. Se é que algum dia ela venha a ser resolvida, pois parece que o ser humano necessita da droga para continuar vivendo.A sociedade como um todo deveria participar, se implicar, praticar um pouco mais de cidadania, dizer o que acha de uma situação tão difícil quanto delicada como essa. Isso porque, todos estamos no mesmo barco, fazemos parte dessa tragédia, de algo esdrúxulo que redundou na construção de redutos abismais, assim chamados de cracolândia.Esse fato, atual, tornou-se motivo de um debate que não vai ficar por aí, de graça, isso ainda vai render. A coisa toda circula entre o que se torna necessário, no sentido de uma medida justa, no sentido de fazer cessar algo desconhecido pelo próprio sujeito, de uma doença compulsiva grave, que coloca em risco máximo, a vida do usuário de drogas – e, como consequência, a de outros também, sejam familiares ou não –, e aquilo que é permitido por lei, o que é humano ou não, agressivo ou aterrorizante, em relação a intervenções.Difícil para os governos, para os agentes de saúde, para a sociedade, para os cofres públicos. Um problema de saúde pública!O problema reside na iniciativa atual do governo – diga-se, corajosa, saudável num certo sentido –, que resolveu olhar de frente para esta questão limite, levando a sério uma iniciativa de se criar uma política pública, mais agressiva, contundente, radical, em relação aos excessos que têm com- parecido, em relação ao uso abusivo de drogas, mais especificamente, do crack.Veja, em se tratando de doenças da cabeça, não existe uma medida justa, correta, sem dor.As intervenções propostas neste plano inicial de combate aos excessos da pulsão de morte geram consequências.Muitas são as pessoas que não concordam com uma internação compulsória de usuários de crack. Uns se apoiam em leis existentes, estabelecidas, profissionais da área de saúde mental, que acreditam ser possível alcançar o mesmo objetivo, utilizando procedimentos menos agressivos, e por aí vai. Só que a coisa continua, formam-se guetos, núcleos alimentados pelos efeitos catastróficos de uma pulsão de morte, suicídio em massa.A razão de tal recusa encontra respaldo no argumento de que o sujeito deve ter liberdade de dizer se aceita ou não tratar a sua dependência em regime fechado. Esse ponto de vista vale até para aqueles de- pendentes que vivem suas vidas no abandono dos redutos denominados cracolândia.Acreditam que possa haver uma outra maneira de abordar uma situação como essa, sem a necessidade do uso da força, abrindo perspectivas de diálogos.O debate sobre o uso e o abuso de drogas ultrapassa todos os valores preconizados pelas dimensões da existência humana.Quem sabe responder por uma questão como esta, tão difícil quanto delicada, que toca fundo os impasses da vida e da morte?O indivíduo que se encontra imerso no vício de crack, ele mesmo não pensa mais, há muito abriu mão da sua dignidade de desejo, e deixou de responder por si mesmo. Tornou-se um objeto, onde não mais sabemos quem é quem, se ele próprio não se tornou a própria droga.Uma cracolância é algo que promove os piores sentimentos em todos nós. Ali, naquele amontoado de indivíduos em sofrimento, existe um pedacinho de cada um de nós, de um dejeto, de uma escória, de uma...desistência.Portanto, sou inteiramente a favor das internações compulsórias. Isso não é sem erros, isso não é sem dor, isso não é sem uma margem de risco. Mas é melhor do que nada fazer. Desculpem-me!
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Published on November 27, 2012 02:55

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Rodrigo Constantino
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