Rodrigo Constantino's Blog, page 330
May 6, 2013
As boas intenções do A.A.

O livro As boas intenções, do escritor espanhol Max Aub, ilustra de forma sarcástica como medidas repletas de bons sentimentos podem acarretar efeitos catastróficos, inclusive na vida daqueles que tais ações mais visavam a ajudar.
Trata-se da história de Agustín Alfaro (A.A.), “o que normalmente se chama um bom rapaz”, nas palavras do autor. O livro retrata uma série de acontecimentos trágicos que vão ocorrendo à medida que Agustín tenta proteger sua mãe do sofrimento.
Tudo começa quando surge na casa da família uma moça chamada Remedios, que alega ser mãe de um filho de Agustín. O problema é que o rebento não era de Agustín, e sim de seu pai, que usara o nome do filho com a amante.
No afã de poupar sua querida mãe de tamanho sofrimento, uma vez que ela considerava o marido um homem exemplar, Agustín acaba aceitando a farsa. O que se segue é uma verdadeira comédia de enganos que, naturalmente, acaba por desgraçar ainda mais a vida de sua mãe, sem falar das demais pessoas envolvidas, começando pelo próprio Agustín.
Pessoas repletas de boas intenções, mas desfalcadas na razão, podem se proteger das desgraças do mundo criando a ilusão de que basta a boa vontade para acabar com o mal. Lembrei dessa história quando vi as declarações de outro Augustin, o secretário do Tesouro Nacional, sobre o superávit primário. Para Arno Augustin (A.A.), a meta fiscal não é tão importante e deve ficar à mercê do comportamento da economia.
Em outras palavras, o governo não deve poupar para abater o endividamento público, e sim mirar no crescimento econômico. Claro que ninguém ousaria duvidar das boas intenções do secretário A.A., que não poderia ser acusado de interesse eleitoreiro de curto prazo. Suas intenções são puras, as melhores possíveis. Caso contrário a presidenta Dilma jamais o escolheria para cargo tão importante.
Mas é que, faltando-lhe conhecimento econômico, suas lindas intenções vão levar a uma comédia de enganos, no final altamente prejudicial aos mais pobres, que ele certamente quer ajudar. São pessoas assim, como o A.A. do livro e o nosso A.A., que reforçam a máxima de que o inferno está cheio de boas intenções...
Published on May 06, 2013 11:38
Pedagogia do crime
Percival Puggina
A primeira e principal lição foi sendo ministrada aos poucos. Era difícil, mas não impossível. Tratava-se de fazer com que a sociedade ingerisse enrolada, como rocambole, a ideia de que a criminalidade deriva das injustiças do modelo social e econômico. Aceita essa tese, era imperioso importar alguns de seus desdobramentos para o campo do Direito. Claro. Seria perverso tratar com rigor ditas vítimas da exclusão social. Aliás, a palavra "exclusão" e seu derivado "excluído", substituindo "pobre" e "pobreza", foram vitais para aceitação da tese e sua absorção pelo Direito Penal.
Espero ter ficado claro aos leitores que a situação exposta acima representa uma versão rasteira da velha luta de classes marxista. Uma luta de classes por outros meios, travada fora da lei, mas, paradoxalmente, sob sua especial proteção. Por isso, a impunidade é a aposta de menor risco desses beligerantes. Por isso, no Brasil, o crime compensa. Por isso, também, só os muito ingênuos acreditarão que um partido que pensa assim pretenda, seriamente, combater a criminalidade. Afine os ouvidos e perceberá o escandaloso silêncio, silêncio aliás de todos os poderes de Estado sobre esse tema que é o Número Um entre nós. Ou não?
Portanto, olhando-se o tecido social, chega-se à conclusão de que o grande excluído é o brasileiro honesto, quer seja pobre ou não. O outro, o que enveredou para as muitas ramificações do mundo do crime, leva vida de facilidades sabendo que tem a parceria implícita dos que hegemonizam a política nacional. Nada disso estaria acontecendo sem tal nexo.
Viveríamos uma realidade superior se o governo construísse presídios, ampliasse os contingentes policiais e equipasse adequadamente os agentes da lei, em vez de gastar a bolsos rotos com Copa disto e daquilo, trem bala, mordomias, comitivas a Roma e por aí vai. Viveríamos uma realidade superior se o Congresso produzisse um Código Penal e um Código de Processo Penal não benevolentes, não orientados para o descumprimento da pena, mas ordenados à sua rigorosa execução. Viveríamos uma realidade superior se os poderes de Estado incluíssem entre os princípios norteadores de suas ações a segurança da sociedade e os direitos humanos das vítimas da bandidagem. Viveríamos uma realidade superior se o Direito "achado nas ruas", que inspira ideologicamente a atuação de tantos magistrados, fizesse essa coleta nas esquinas, mas ouvindo os cidadãos, os trabalhadores, os pais de família, em vez de sintonizar a voz dos becos onde a criminalidade entra em sintonia com a ideologia.
O leitor sabe do que estou tratando aqui. Ele reconhece que, como escrevi recentemente, já ocorreu a Tomada do Brasil pelos maus brasileiros. Perdemos a guerra. O crime já venceu. Estamos na fase de requisição dos despojos que devem ser entregues aos vencedores. Estamos pagando, em vidas, sangue e haveres, a dívida dos conquistados. Saiba, leitor, que a parcela da esquerda que nos governa há mais de duas décadas, mudando de nome e de pêlo, mas afinada, em tons pouco variáveis pelo mesmo diapasão ideológico, está convencida de que se trata disso mesmo. É a luta de classe por outros meios e com outros soldados. Queixemo-nos ao bispo, se o bispo não cantar na mesma toada.
É a pedagogia do crime. Ela já nos ensinou a não reagir. Ela já nos disse que a posse de armas é privilégio do bandido. Ela já advertiu os policiais sobre os riscos a que se expõem ao usar as suas. Ela já nos mostrou que não adianta reclamar: continuaremos sem policiais, sem presídios, sem uma legislação penal que sirva à sociedade e não ao bandido. Isso tudo já nos foi evidenciado. Trata-se, agora, de entender outras ordens do poder fora da lei. Devemos saber, por exemplo, que esse poder se enfurece quando encontra suas vítimas com tostões no bolso. O suposto direito nosso de carregarmos na carteira o dinheiro que bem entendermos confronta como o direito dos bandidos aos nossos haveres. Por isso, cada vez mais, agridem, maltratam e executam, friamente, quem deixa de cumprir seu dever de derrotado. Tornamo-nos súditos, sim, não do Estado brasileiro, mas daqueles que tomaram a Nação para si. Seja um bom discípulo da pedagogia que a esquerda nos proporcionou. Não desatenda as demandas dos bandidos. O leão da Receita é muito mais manso.
Published on May 06, 2013 11:17
Visão da Semana
Teórica Investimentos
Visão da Semana (de 29 de abril a 6 de maio).
Cenário de lento crescimento e gradual recuperação da economia mundial continua se concretizando. As principais economias seguem processo de reequilíbrio, enquanto seus bancos centrais tentam, através de injeções maciças de liquidez, sustentar a economia, evitando cenário de ruptura, até que o organismo econômico possa se auto sustentar.
Apesar de alguns dados de atividade mais fracos, números recentes do mercado de trabalho nos EUA surpreenderam positivamente. Junto com a capacidade de geração de novos postos de emprego, o setor imobiliário e a confiança do consumidor norte-americano são pontos animadores e sustentam um cenário de recuperação gradual dos EUA. Na Zona do Euro, após largo período de enfraquecimento, vemos alguns sinais de estabilização e uma possível recuperação, ainda que incipiente, nos próximos meses ou trimestres. Acreditamos que exista alguma probabilidade de surpresas positivas vindas da economia europeia. O que foi, durante um bom tempo, a draga da economia global pode surpreender e passar a ser fator positivo para o mundo. Enquanto isso, a China se rebalanceia, melhorando a qualidade do perfil de crescimento, mas mantendo taxas bastante elevadas de expansão.
O lado doméstico continua sendo o ponto mais desanimador do nosso ambiente de investimento. A atual gestão econômica vem conseguindo retirar as mínimas condições, que antes existiam, para que a economia funcione de forma eficiente. Não que antes o modelo fosse perfeito ou eficiente, longe disso, mas existia um mínimo de condições para que o sistema pudesse tentar se desenvolver. O lado positivo é que a história nos mostra que, mesmo com péssimas gestões, a economia brasileira aos trancos e barrancos consegue se desenvolver.
O ambiente de liquidez global abundante tem conseguido evitar eventos de cauda, porém, uma expansão fundamentada somente ocorrerá através de reformas e ajustes estruturais, que precisam de tempo e consenso político. A liquidez é a ponte para se chegar no acordo político e nas reformas. Porém, sem os ajustes necessários, será uma ponte para lugar nenhum e voltaremos ao ambiente de crises e incertezas.
Published on May 06, 2013 09:49
May 3, 2013
Da Impunidade

O tema é batido, mas nunca é demais repetir: a impunidade é uma das principais causas da criminalidade. E no Brasil, infelizmente, ela campeia por toda a sociedade, configurando-se, talvez, como “o” problema nacional. Qualquer liberal reconhece a importância do império das leis para uma sociedade próspera e pacífica.
Em artigo no jornal O Globo, o escritor Jason Tércio comenta, sobre a questão da maioridade penal: “No ano passado o Brasil teve 53 mil homicídios, cerca de 25 por 100 mil habitantes. Inglaterra, França, Alemanha e Japão – países com idade penal entre 10 e 14 anos – têm a média de 1 homicídio anual por 100 mil habitantes. Evidentemente os motivos disso são inúmeros e variados, mas um dos principais é a ausência de impunidade”.
Ele está certo. A imprensa gosta de destacar os atentados em escolas americanas, alimentando a patologia antiamericana e a histeria contra o direito de comprar armas, esquecendo que aquele país é muito mais seguro que o nosso, onde temos um rigoroso estatuto de desarmamento. O ditado é antigo, mas válido: armas não matam; pessoas matam. E a impunidade é o maior convite ao crime, incluindo os mais jovens que, no Brasil, são protegidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Some-se a isso o carnaval dos direitos protelatórios dos réus do “mensalão”, já condenados pelo STF, mas com infindáveis recursos para ganhar tempo, e temos um clima de ampla impunidade no país, desde os crimes hediondos praticados por marginais de 17 anos, até tentativas de golpe à democracia, perpetradas por políticos de alto calibre. Não resta dúvida: a impunidade é o câncer que corrói as instituições brasileiras.
Published on May 03, 2013 06:52
April 30, 2013
O brioche estragado
Carta Mensal da MP Advisors
"Se me perguntarem qual a fatalidade de nossa época, responderia que são as esquerdas.”
Nelson Rodrigues
Após a derrocada da URSS, Coréia do Norte, Leste Europeu e Cuba, alguns ainda persistem no erro. O ser humano continua apostando num modelo que deu errado, a despeito de Darwin. Nesta carta, beberemos um pouco das águas da consultoria Gavekal para falar sobre o momento atual da França, que parece rumar para uma segunda recessão pós-crise de 2008. Faremos também um paralelo dos problemas do modelo econômico francês com o modelo para o qual o governo brasileiro caminha a cada dia que passa.
Vamos ser claros: a França de François Hollande está no meio de uma paralisia política, moral e econômica. O desemprego alcança novas máximas, a confiança no governo entre os empresários se deteriora, a produção industrial afunda, bem como o consumo privado, que já cai para os patamares de pós-crise 2008.
O desenho rígido do sistema do euro indica que países como a França irão experimentar um brutal ajuste cíclico como nos tempos do padrão ouro (onde não se podia imprimir ou desvalorizar a moeda). Os compatriotas de Asterix chegaram longe no experimento coletivista de bem estar social e agora rumam impávidos para o abismo.
As crises daquela época (padrão ouro) seguiam um padrão bem estabelecido: começavam com investidores animados com os bons retornos aumentando cada vez mais as suas apostas, bancos afrouxando os seus padrões de crédito, dificuldade de distinguir os reais empreendedores dos charlatões e analistas comentando que 'desta vez é diferente'. Isso ocorreu entre 1995 e 2007.
Depois vinha o pânico, com alguns investidores realizando que o retorno esperado não era mais aquele e vendendo suas posições, causando medo e movimentos súbitos no mercado Fase de algumas falências. Isso foi o que houve no biênio 2007-2008.
Na sequência, a fase de alívio com taxas de juros baixas, ajudas do governo e preços dos ativos retornando ao que eram antes da crise anterior. Então, as pessoas, erroneamente, concluem que a vida voltou ao normal. Isso foi vivido entre 2008 e 2012.
A fase que vem a seguir, em especial na França, é de depressão secundária, quando os investidores realizam que afinal o retorno dos investimentos continua bem baixo e, portanto vendem seus ativos. Os estudiosos da época do padrão ouro falam que essa fase pode durar entre três e cinco anos. A desvalorização da moeda, a única saída viável, está fora de cogitação pela estrutura do euro.
Mas se o problema é de desenho do euro, porque afinal a França é que vai primeiro para o abismo? Boa pergunta e começamos respondendo com o adágio popular (para os europeus) de que "muitas casas na Espanha, muitas fábricas na Alemanha e muitos funcionários públicos na França". O gasto público na terra de Amélie Poulain representa 57% do PIB. Você não leu errado, é isso mesmo! Quase 2/3 do PIB vem do setor público.
É muita gente sendo sustentada por poucos. Como se sabe, o 'estado' não cria riqueza e nada produz, ele apenas redistribui (com extrema corrupção e ineficiência) uma parte de quem produz para aqueles que não produzem (por incapacidade, doença ou por preguiça mesmo). Na França, há uma relação de dois 'malandros' sendo sustentados por um 'trabalhador'. Não tem como dar certo, não é verdade?
O ciclo vicioso funciona assim: uma 'elite' captura o estado e cresce cada vez mais. Para sustentar a farra, novos impostos são criados, reduzindo a capacidade de investimento dos empreendedores, que, por sua vez, têm lucros menores e naturalmente pagam menos impostos. Com a arrecadação em queda o que fazem os 'saqueadores' que tomaram conta do estado? Aumentam mais os impostos e contraem mais dívida (pública) para financiar o rombo.
Chega ao ponto em que até o mais pacífico dos servos protesta, como foi o caso de Gérard Depardieu que recentemente se naturalizou russo para não ter que pagar 75% de imposto de renda. E veja que ele foi duramente criticado por não ser 'patriota' e 'fraterno'. Trata-se do parasita se revoltando contra o hospedeiro que resolve tomar um vermífugo. No gráfico anexo, a lenta agonia do empreendedor na França.
O irônico desse desenho político, é que na medida em que você aumenta o número de 'beneficiados', mais fácil fica de se perpetuar no poder através do voto da maioria. Funcionários públicos, bolsistas, cotistas e alguns empresários que gostam da letra 'X', naturalmente tendem a perpetuar o sistema que lhes permite ganhar a vida sem muito esforço. Por hora, o que há é um sistema onde o setor público saqueia continuamente o setor privado. Esse assalto institucionalizado naturalmente cria um ciclo de queda econômica sem fim. O resultado disso será o sucateamento da indústria, fuga de cérebros para o exterior, recessão, inflação e desemprego nas alturas.
Esse avanço do estado francês sobre os empreendedores ocorre tanto em governos de 'esquerda' quanto de 'direita'. Sarkozy, a despeito de ter um senso estético melhor do que o de Hollande, na prática tocou a mesma música. O problema é cultural, ou indo mais fundo: trata-se da falência moral de uma sociedade.As elites francesas de fato acreditam que a tecnocracia comunista é melhor do que o capitalismo, e essa crença é aceita por grande parte da população. A música vai tocar até que o financiador dessa dívida continue aceitando isso e também até que o último empreendedor francês arrume as suas malas para Palo Alto, Nova York ou Cingapura. Um dia a farra termina.
E o que isso tem a ver com o Brasil? Acho que não precisa ter muita imaginação para traçarmos um paralelo com os charmosos franceses. Temos muito do que eles tem. Um 'estado' voraz e saqueador do setor privado, baixo crescimento, inflação, uma cultura 'esquerdizante', uma dívida pública que só cresce, uma indústria decadente, muitos 'direitos', poucos 'deveres' e uma demografia que daqui para frente teremos cada vez mais menos gente trabalhando e mais gente aposentada. Além disso, ainda temos corrupção endêmica e um nível educacional péssimo.
De positivo o Brasil tem uma capacidade (espero, ainda) de corrigir suas rotas e seus descaminhos. Caso não mudemos o nosso passo, seguiremos para o abismo, só quem sem a educação, charme, vinho e o TGV dos franceses.
"Se me perguntarem qual a fatalidade de nossa época, responderia que são as esquerdas.”
Nelson Rodrigues
Após a derrocada da URSS, Coréia do Norte, Leste Europeu e Cuba, alguns ainda persistem no erro. O ser humano continua apostando num modelo que deu errado, a despeito de Darwin. Nesta carta, beberemos um pouco das águas da consultoria Gavekal para falar sobre o momento atual da França, que parece rumar para uma segunda recessão pós-crise de 2008. Faremos também um paralelo dos problemas do modelo econômico francês com o modelo para o qual o governo brasileiro caminha a cada dia que passa.
Vamos ser claros: a França de François Hollande está no meio de uma paralisia política, moral e econômica. O desemprego alcança novas máximas, a confiança no governo entre os empresários se deteriora, a produção industrial afunda, bem como o consumo privado, que já cai para os patamares de pós-crise 2008.
O desenho rígido do sistema do euro indica que países como a França irão experimentar um brutal ajuste cíclico como nos tempos do padrão ouro (onde não se podia imprimir ou desvalorizar a moeda). Os compatriotas de Asterix chegaram longe no experimento coletivista de bem estar social e agora rumam impávidos para o abismo.
As crises daquela época (padrão ouro) seguiam um padrão bem estabelecido: começavam com investidores animados com os bons retornos aumentando cada vez mais as suas apostas, bancos afrouxando os seus padrões de crédito, dificuldade de distinguir os reais empreendedores dos charlatões e analistas comentando que 'desta vez é diferente'. Isso ocorreu entre 1995 e 2007.
Depois vinha o pânico, com alguns investidores realizando que o retorno esperado não era mais aquele e vendendo suas posições, causando medo e movimentos súbitos no mercado Fase de algumas falências. Isso foi o que houve no biênio 2007-2008.

Na sequência, a fase de alívio com taxas de juros baixas, ajudas do governo e preços dos ativos retornando ao que eram antes da crise anterior. Então, as pessoas, erroneamente, concluem que a vida voltou ao normal. Isso foi vivido entre 2008 e 2012.
A fase que vem a seguir, em especial na França, é de depressão secundária, quando os investidores realizam que afinal o retorno dos investimentos continua bem baixo e, portanto vendem seus ativos. Os estudiosos da época do padrão ouro falam que essa fase pode durar entre três e cinco anos. A desvalorização da moeda, a única saída viável, está fora de cogitação pela estrutura do euro.
Mas se o problema é de desenho do euro, porque afinal a França é que vai primeiro para o abismo? Boa pergunta e começamos respondendo com o adágio popular (para os europeus) de que "muitas casas na Espanha, muitas fábricas na Alemanha e muitos funcionários públicos na França". O gasto público na terra de Amélie Poulain representa 57% do PIB. Você não leu errado, é isso mesmo! Quase 2/3 do PIB vem do setor público.
É muita gente sendo sustentada por poucos. Como se sabe, o 'estado' não cria riqueza e nada produz, ele apenas redistribui (com extrema corrupção e ineficiência) uma parte de quem produz para aqueles que não produzem (por incapacidade, doença ou por preguiça mesmo). Na França, há uma relação de dois 'malandros' sendo sustentados por um 'trabalhador'. Não tem como dar certo, não é verdade?
O ciclo vicioso funciona assim: uma 'elite' captura o estado e cresce cada vez mais. Para sustentar a farra, novos impostos são criados, reduzindo a capacidade de investimento dos empreendedores, que, por sua vez, têm lucros menores e naturalmente pagam menos impostos. Com a arrecadação em queda o que fazem os 'saqueadores' que tomaram conta do estado? Aumentam mais os impostos e contraem mais dívida (pública) para financiar o rombo.
Chega ao ponto em que até o mais pacífico dos servos protesta, como foi o caso de Gérard Depardieu que recentemente se naturalizou russo para não ter que pagar 75% de imposto de renda. E veja que ele foi duramente criticado por não ser 'patriota' e 'fraterno'. Trata-se do parasita se revoltando contra o hospedeiro que resolve tomar um vermífugo. No gráfico anexo, a lenta agonia do empreendedor na França.
O irônico desse desenho político, é que na medida em que você aumenta o número de 'beneficiados', mais fácil fica de se perpetuar no poder através do voto da maioria. Funcionários públicos, bolsistas, cotistas e alguns empresários que gostam da letra 'X', naturalmente tendem a perpetuar o sistema que lhes permite ganhar a vida sem muito esforço. Por hora, o que há é um sistema onde o setor público saqueia continuamente o setor privado. Esse assalto institucionalizado naturalmente cria um ciclo de queda econômica sem fim. O resultado disso será o sucateamento da indústria, fuga de cérebros para o exterior, recessão, inflação e desemprego nas alturas.
Esse avanço do estado francês sobre os empreendedores ocorre tanto em governos de 'esquerda' quanto de 'direita'. Sarkozy, a despeito de ter um senso estético melhor do que o de Hollande, na prática tocou a mesma música. O problema é cultural, ou indo mais fundo: trata-se da falência moral de uma sociedade.As elites francesas de fato acreditam que a tecnocracia comunista é melhor do que o capitalismo, e essa crença é aceita por grande parte da população. A música vai tocar até que o financiador dessa dívida continue aceitando isso e também até que o último empreendedor francês arrume as suas malas para Palo Alto, Nova York ou Cingapura. Um dia a farra termina.
E o que isso tem a ver com o Brasil? Acho que não precisa ter muita imaginação para traçarmos um paralelo com os charmosos franceses. Temos muito do que eles tem. Um 'estado' voraz e saqueador do setor privado, baixo crescimento, inflação, uma cultura 'esquerdizante', uma dívida pública que só cresce, uma indústria decadente, muitos 'direitos', poucos 'deveres' e uma demografia que daqui para frente teremos cada vez mais menos gente trabalhando e mais gente aposentada. Além disso, ainda temos corrupção endêmica e um nível educacional péssimo.
De positivo o Brasil tem uma capacidade (espero, ainda) de corrigir suas rotas e seus descaminhos. Caso não mudemos o nosso passo, seguiremos para o abismo, só quem sem a educação, charme, vinho e o TGV dos franceses.
Published on April 30, 2013 08:27
O risco bolivariano
Meu artigo de hoje no GLOBO fala sobre o risco bolivariano constante no Brasil. Os petistas não desistem da tentativa de golpe contra a Constituição.
Não existem mais valores objetivos, ninguém pode julgar nada, vale tudo, e quem discorda sofre de preconceito e é moralista. Com essa agenda politicamente correta, os socialistas modernos vão impondo uma mentalidade fascista que, em nome da “tolerância” e da “diversidade”, não tolera divergência alguma.
Leia o artigo na íntegra aqui, e divulgue se concordar com o alerta.
Não existem mais valores objetivos, ninguém pode julgar nada, vale tudo, e quem discorda sofre de preconceito e é moralista. Com essa agenda politicamente correta, os socialistas modernos vão impondo uma mentalidade fascista que, em nome da “tolerância” e da “diversidade”, não tolera divergência alguma.
Leia o artigo na íntegra aqui, e divulgue se concordar com o alerta.
Published on April 30, 2013 06:21
Pode um intelectual gostar da Disney?

Janer Cristaldo transformou nosso pequeno debate de Facebook em artigo, tendo, claro, a palavra final. É justo. Ele afirma, logo no título, que não se fazem mais intelectuais como antigamente. E eu respeito sua opinião. Pode até ser verdade. Afinal, de certa forma somos todos filhos de nosso tempo, em parte. Gostaria apenas de dizer duas coisas:
1) não respondo pelos meus seguidores, e não aprovo chamarem o outro de "senil" apenas por discordar de sua opinião;
2) mantenho minha visão de que é possível, sim, ter angústias profundas, mergulhar em pensamentos rebuscados, ler ótimos livros e escutar música de primeira, e depois trocar o chapéu, vestir a roupa de "homem comum" e se divertir com a última baboseira high tech de Hollywood ou na montanha-russa da Disney com a filha.
Eu não acho que para ser um intelectual é preciso ser carrancudo e ranzinza, ainda que concorde que não dá para ser o oposto, aquela "happy people", alguém que SÓ quer saber de distrações vazias, de futebol, carnaval e novelas. São coisas diferentes.
Não sei se o Janer tem filhos, mas esse debate me remeteu ao grande historiador Paul Johnson, que define intelectual como alguém que ama as idéias mais do que as pessoas. Quando estou dando um lupin na montanha-russa do Hulk e vendo o sorriso de felicidade estampado no rosto de minha filha, isso é algo muito bom, que não pode ser comparado ao prazer de ler um angustiante Camus ou Kafka. São coisas bem diferentes, e lamento que, para alguns, uma coisa impeça a outra.
Enfim, respeito a opinião de Janer, mas ainda acho que poderíamos, eu e ele, trocar dois dedos de prosa profunda sobre o impacto da igreja nas instituições moralizantes da humanidade, e fazer isso logo depois de ver o último filme do Batman. Por que não?
PS: Dando o benefício da dúvida ao Janer, eu confesso ter dificuldade de imaginar Luiz Felipe Pondé, um filósofo que eu admiro, ao lado do Mickey. Acho que ele vomitaria em cima do Pateta (rs). Mas, como concluiu o próprio Janer, você não pode fugir de quem você é, e minha personalidade, meu estilo, minha visão de mundo, são diferentes. Neles, o humor banal encontra algum espaço, até para suavizar o peso da angústia com as coisas mais sérias. Mas, cada um é cada um. E viva as divergências saudáveis!
Published on April 30, 2013 04:23
April 29, 2013
Visão da Semana
Teórica Investimentos
Visão da Semana (de 22 de abril a 29 de abril).
Economia global segue seu lento processo de cicatrização. Conforme nossa principal tese de investimento, as principais economias do mundo atravessam período de reequilíbrio, ajustando internamente seus desequilíbrios fiscais, monetários e, em alguns casos, sociais, para, a partir de então, poderem entrar novamente em um ciclo de crescimento sustentado de longo prazo. Inegavelmente, a digestão dos excessos está acontecendo. Essa reorganização do organismo econômico não acontece numa linha reta e, por isso, ainda teremos sustos ao longo desse tortuoso caminho de recuperação.
Segundo os dados divulgados na semana passada, a economia dos EUA cresceu 2,5% no primeiro trimestre de 2013, abaixo do esperado, em parte explicado pelos efeitos dos cortes de gastos iniciados no ano passado. Os gastos do governo caíram cerca de 15% se comparado com o mesmo período de 2012. O destaque positivo foi o consumo das famílias, que aumentou 3,2%, mais do que se antecipava. Existem dúvidas, porém, se o desempenho do consumo permanecerá positivo nos próximos meses. Aparentemente, tudo indica que o ritmo médio de crescimento da economia americana nos próximos trimestres permanecerá em 2%, o mesmo observado desde 2009. É um crescimento baixo, se comparado à média histórica, mas, levando em consideração nosso pano de fundo de um processo de desalavancagem global e o crescimento Europeu, essa expansão não parece tão ruim. O destaque na Europa, que segue ajustando mais rapidamente e, por isso, paga o preço de uma desaceleração mais aguda, foi o acordo político na Itália. A eleição do novo primeiro ministro e a posse de um governo de coalizão acaba com o impasse político e abre espaço para uma potencial agenda de importantes e necessárias reformas econômicas e políticas.
Do lado doméstico, o BC divulgou a ata do Copom. Apesar de condizente com o comunicado após a decisão de elevar a Selic em 25 pontos base em abril, a ata mostrou um tom cauteloso com o cenário externo, porém também explicitou uma clara preocupação com o ambiente inflacionário. A autoridade monetária tem tido dificuldades em coordenar as expectativas de mercado e, com isso, gera mais incertezas para o cenário prospectivo de juros e inflação.
O ambiente de liquidez global abundante, efetivado pelos principais bancos centrais do mundo, evita eventos de cauda, porém é insuficiente para gerar crescimento sustentado de longo prazo. Uma expansão fundamentada somente ocorre através de reformas e ajustes estruturais, que precisam de tempo e consenso político. A liquidez é a ponte para se chegar no acordo político e nas reformas. Porém, sem os ajuste necessários, será uma ponte para lugar nenhum e voltaremos ao ambiente de crises e incertezas.
Published on April 29, 2013 07:50
April 27, 2013
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