Rodrigo Constantino's Blog, page 334

March 4, 2013

O Pesadelo


MP Advisors - Carta de Fevereiro
Dilma teve dificuldade para dormir nesta noite, o jantar ainda brigava com os sucos gástricos; os pensamentos ruins iam e vinham e nada do sono chegar.  Após muito rolar na cama, e com o auxílio de uma destas maravilhas capitalistas da indústria farmacêutica, ela finalmente pegou no sono. E logo começou a sonhar.
O sonho começou animador.  Uma linda moça, loura, elegante, ponderada e exalando sabedoria, a convidou para um passeio. Mentalmente, a presidente anotou que nunca havia visto a moça em nenhum congresso do PT.  O passeio seria pelo futuro próximo, algum lugar entre 2030 e 2040. 
O passeio começou fora do Brasil, pelos aliados bolivarianos.  A Venezuela era governada por Conchita Chávez III, neta de Hugo Chávez, que, embora vivo não governava e apenas enviava tweets do hospital.  O país virou um amontoado de miseráveis que agora importava petróleo, todos os que produziam ou tinham algum tipo de estudo agora estavam em Miami, que, com isso, viveu um novo boom econômico e já está entre as cinco maiores cidades americanas.  A próxima parada, rápida, foi a Bolívia que já não era mais um país e sim um campo de batalha de quadrilhas de cocaleros, sendo a mais poderosa aquela comandada pelo pessoal que soltou um sinalizador em um jogo de futebol há muito tempo atrás.  Estabeleceram-se na Bolívia.
Para encerrar o tour sul-americano, a linda moça levou Dilma para a Argentina.  A presidente achou que era uma peça de mau gosto que pregavam nela. Buenos Aires, tão linda, estava caquética e destruída como Havana.  Não havia mais produção rural; a carne era importada da Austrália (caríssima) e o tradicional doce de leite não existia mais.  A população fazia filas e mais filas atrás dos cupons de racionamento, que davam direito a uma porção diária de comida.  Já não havia mais moeda, corroída por uma inflação de quatro dígitos.  O escambo havia voltado e cada um se virava como podia.  O país era dirigido por uma neta do Maradona com um descendente de Perón, que tinha como plataforma de governo a recuperação das Ilhas Falklands, nesta altura já com um PIB superior ao da Argentina. 
Dilma começava a ficar zangada, achando que isso era uma pegadinha do Lobão ou do Mercadante. A moça então disse, "chega dos vizinhos, vamos ver o Brasil".  Dilma ficou feliz, "agora vamos ver a potência que eu e Lula criamos".  A visita começou por uma cidade do sul, onde tinha acabado de haver um incêndio em uma boate, ceifando a vida de 300 jovens.  Dilma ficou fula.  "Como? Nós baixamos 87 decretos e 234 artigos regulamentando a atividade de boates em 2013. Como pode?"
A próxima parada foi numa plataforma do pré-sal, da antiga Petrobrás.  A plataforma (como as outras) já não produzia mais nada há 20 anos.  Todas foram alugadas pela empresa de festas do Thor Batista e eram usadas para raves em alto mar. Tudo com open bar e passagem de helicóptero inclusos. Dilma ficou pensando no que poderia ter dado errado. Afinal, ela caprichou na proteção e no financiamento da indústria nacional.  Agora o Brasil importava petróleo dos Estados Unidos, que com sua tecnologia de extração do ouro negro do xisto betuminoso, se tornou o maior produtor mundial.
Ao passar pelas cidades Dilma levou um susto: o trânsito simplesmente parou (afinal o que esperar com quatro milhões de carros vendidos por ano e zero km de estradas construídas) e os carros estavam abandonados na rua, num grande nó.  As pessoas agora andavam a pé e as bicicletas do Itaú eram disputadas a tapas.
Ao procurar agências do Banco do Brasil e da Caixa Econômica, Dilma levou um susto ao não ver mais nenhuma.  A moça explicou que após a brutal expansão de crédito, seguiu-se uma onda de inadimplência que levou o governo a ter que fazer seguidas capitalizações nos dois bancos.  No final, o governo juntou os dois bancos num só, o Banco do Povo, que tinha no seu logo a figura do Che Guevara.  
Dilma perguntou para a sua anfitriã o que era aquela fila no centro do Rio de Janeiro.  A moça explicou que era a fila do bolsa-vela.  Afinal, o setor de energia elétrica foi dizimado em 2012 e não houve mais investimentos.  Hoje temos energia somente 4 horas por dia e a vela virou artigo caro e escasso.  O governo petista, sempre atento ao social, criou o programa de distribuição de velas para os mais desfavorecidos.
Dilma perguntou sobre os programas de cotas.  Ficou sabendo que apenas quatro cotistas conseguiram se formar verdadeiramente.  Os outros se formaram por liminar ou pelo novo sistema de cotas para aprovação automática.  Os erros de engenharia e de médicos se avolumavam, causando muitas mortes; o CREA estudava a polêmica medida de somente habilitar engenheiros paraguaios. Ela anotou de chamar o Mercadante para uma reunião.
Dilma já estava ficando realmente preocupada quando se lembrou de Brasília.  Pediu para ver a cidade do poder.  Poucas surpresas. O presidente era governado pela chapa Lindbergh Farias do PT tendo como vice o filho do Collor, do PMDB.  No Congresso, os netos de Sarney e Renan se revezavam na presidência do Senado e se divertiam fazendo fogueiras com os abaixo-assinados para que saíssem. 
A base aliada já contava com 364 partidos e a palavra oposição foi retirada do Aurélio, por falta de uso.  Naturalmente, para pagar a conta deste estado gigantesco, a carga tributária já estava em 70% do PIB.  Com isso a economia não conseguia crescer e o PIB per capita já era metade do anotado em 2013.  O governo Lindbergh estudava exportar metade da população para África, e com isso melhorar o indicador. O prédio do Banco Central virou um Fundo Imobiliário de um Shopping e agora a política monetária era decidida diretamente por Lindbergh e por Collorzinho no poker das segundas, após o expediente.  A inflação não se sabe se oscila nos dois ou nos três dígitos, tantas são as manobras e tablitas sobre o índice.  Para manter o povo feliz e o projeto político em funcionamento, os programas de transferência de renda já atingem 300 milhões de pessoas, embora a população tenha apenas 280 milhões. Um mistério.
Dilma perguntou para a moça (seria uma fada?), afinal o que tinha dado errado?  A diáfana e sábia criatura calmamente explicou; "Dilma, todos esses experimentos sociais fracassaram, um após o outro. Os seres humanos são diferentes, e tem diferentes capacidades e ambições. Quando compulsoriamente (veja bem, nada contra a caridade espontânea) os mais fortes e trabalhadores tem que sustentar os fracos e preguiçosos, a sociedade implode. Afinal, o açougueiro não sai da cama de manhã imbuído de doar a melhor carne para o seu cliente. Sua motivação é o lucro. O lucro não é feio, muito pelo contrário. A beleza do lucro é ser a expressão monetária do trabalho bem feito, da inventividade, do sacrifício de uma juventude de estudos, do risco, enfim, de trocar o prazer momentâneo por algo bem maior lá na frente. Se você monta uma estrutura social onde os empreendedores são punidos e os preguiçosos são favorecidos o que você acha que os primeiros fazem? Vão embora, é claro. E o que é uma sociedade formada por gente acomodada? O que você acha que acontece em uma economia sufocada por milhões de normas e decretos, onde é mais simples se cadastrar em alguma bolsa- qualquer-coisa do que produzir uma caneta? O que você acha de uma sociedade onde o empresário gasta mais tempo com o seu contador do que com o seu cliente? Dilma, minha querida. Não se extermina as galinhas dos ovos de ouro de um país impunemente.".
Dilma acordou sobressaltada, o dia já amanhecia em Brasília e ela anotou no post-it que deveria alterar as regras de privatização de infraestrutura. Enquanto se maquiava lembrou-se de deixar o Tombini fazer alguma coisa com a inflação, que já estava incomodando, e também de demitir o Mantega.  Mas como fazer isso sem dar o gostinho para aqueles jornalistas ingleses nojentos?  Mas a pergunta que oprimia o seu coração era; "será que vai dar tempo?".
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Published on March 04, 2013 12:00

A prova do BNDES


Rodrigo Constantino
A nova prova de seleção que o BNDES realizou conta com uma questão no mínimo polêmica. Um conhecido que fez a prova me mandou o conteúdo. Trata-se da questão de número 57:
Um banco central adota um regime monetário de metas de inflação a serem alcançadas não de imediato, mas a médioprazo.Esse banco central, pela utilização eficiente de seus instrumentos de política monetária,(A) precisa manter constante a taxa percentual de expansão de um agregado monetário, escolhendo-o adequadamente.(B) precisa manter constante a taxa de juros real da economia, estabilizando a demanda interna.(C) precisa manter constante a taxa de câmbio real da economia, estabilizando a demanda externa.(D) consegue atenuar as flutuações de curto prazo do produto real da economia, estabilizando o emprego.(E) deve acelerar a taxa de crescimento do produto real da economia, incentivando os investimentos.
Segundo o Prêmio Nobel de Economia, Milton Friedman, o ideal seria ter uma espécie de robô no lugar do Banco Central, emitindo uma taxa constante de base monetária para garantir a estabilidade de preços no longo prazo. Uma de suas maiores queixas era justamente o excessivo ativismo monetário dos bancos centrais, que ele responsabilizava pelo Crash de 29. Portanto, para Friedman e boa parte da Escola de Chicago, a resposta (A) seria a mais adequada, creio eu. Afinal, a inflação é sempre um fenômeno monetário.
Para a Escola Austríaca nem se fala. O Banco Central sequer deveria existir. Mas, assumindo sua inevitabilidade, sem dúvida seu foco deveria ser no agregado monetário, pois a EA considera inflação justamente a expansão da moeda, e não seu efeito secundário, que é o aumento nos preços.
Mas o BNDES considerou correta a reposta (D), o que levanta várias questões. Em primeiro lugar, deposita nas autoridades monetárias um poder e uma sabedoria enormes, como se eles realmente fossem capazes de atenuar essas flutuações de curto prazo do produto. A crise de 2008 deveria ter colocado ao menos em xeque, se não enterrado de vez, essa prepotente e arrogante premissa.
Em segundo lugar, essa resposta claramente tenta relativizar a meta de inflação e colocá-la como secundária ao objetivo de preservar o emprego. Nos Estados Unidos, o Congresso definiu um mandato dual para o Banco Central, e ele deve, sim, atuar para conter a inflação e preservar o emprego. São duas metas para um instrumento. O que vimos desde 2008 é que esta estratégia vem falhando. O nível de desemprego continua elevado, distante da meta de “pleno emprego”, e a inflação já se encontra no topo da meta, sob risco de ruptura para cima, apesar da fraca atividade.
Mas no Brasil o mandato do Banco Central não é dual, e sim único: preservar o poder de compra da moeda. Portanto, essa resposta estaria claramente em conflito com este objetivo. Quem fez o gabarito da prova do BNDES? O Ministro Guido Mantega? O presidente do Banco Central Alexandre Tombini? É o que parece. Mas vale lembrar que essa postura míope, voltada para o curto prazo e para o emprego mais que para a inflação, tem sido justamente a responsável pela perda de credibilidade da instituição, vista cada vez mais como politizada e subserviente aos interesses eleitoreiros do governo.
É um absurdo o BNDES colocar como resposta certa aquela que está errada tanto pela teoria, como pela vasta experiência acumulada. Quando o Banco Central abandona seu foco objetivo no índice de preços com a desculpa de que está se adaptando às condições de “curto prazo” de modo a estabilizar o nível de emprego, ele está brincando com fogo e, possivelmente, soltando o dragão inflacionário.
É triste verificar que o BNDES endossa essa postura e seleciona seus funcionários já com base nesse alinhamento ideológico. Mas, como tudo ruim pode sempre piorar, em breve é possível que o banco considere como gabarito a resposta (E)!
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Published on March 04, 2013 08:41

Controle de Imprensa - Emir Sader e as Ilusões Garantidas

Milton Simon Pires


Ilusões Perdidas é uma das obras primas de Balzac. Romance que tem como personagem principal o jovem Lucien Chardon, é uma crônica social da França do século XIX no período da Restauração. Narra principalmente a decepção do jovem poeta interiorano que, em meio a hipocrisia de Paris e tendo falhado como escritor, procura no jornalismo o  caminho para o sucesso. Sem Lei de Imprensa ou Fórum Nacional para Democratização das Comunicações,  imagino que o sofrimento de Lucien ao enfrentar os interesses da mídia privada seria um prato cheio para o nosso Emir Sader quando  escreveu Imprensa livre é imprensa privada? (Emir Sader – Carta Maior – 28/10/2009). Ontem, dia primeiro de março, o Diretório Nacional do PT manifestou-se mais uma vez sobre o tema e, naquilo que se chama “aviso da história”, deixou  explícitas as suas intenções sobre o assunto. Para sabermos se existe ou não risco de censura no Brasil petista não é sobre a natureza da democracia nem sobre a função social da imprensa que devemos pensar. A relação entre sociedade livre e imprensa independente está suficiente estabelecida pela história. Na internet, a página da Embaixada Americana no Brasil deixa muito claro que Numa democracia, a imprensa não deve ser controlada pelo governo. Os governos democráticos não têm ministros da informação para decidir sobre o conteúdo dos jornais nem sobre as atividades dos jornalistas; não exigem que os jornalistas sejam investigados pelo Estado; nem obrigam os jornalistas a aderir a sindicatos controlados pelo governo.Nesse sentido, não é sobre Rosseau, Voltaire, ou Jeremy Bentham que vamos falar aqui para entender a questão da liberdade de imprensa do ponto de vista histórico e filosófico. Vamos, isto sim, recorrer a um filósofo contemporâneo chamado Isaiah  Berlin que,ao discorrer sobre liberdade, afirma que esta é basicamente o  “direito de ser deixado em paz”. Este conceito, na obra de Berlin, chama-se “liberdade negativa” em oposição à capacidade do sujeito, através das suas próprias ações, de exercer aquilo que pensa ser a sua liberdade – liberdade esta “positiva”. Fiz esta breve introdução para dizer que é este, ao meu ver, o “armamento teórico” que alguém precisa portar se quiser enfrentar o Partido dos Trabalhadores no que se refere a questão do controle de imprensa. O que se impõem, para não ser enganado, é voltar no tempo e  compreender, em primeiro lugar a natureza totalitária de uma organização criminosa que, misturando marxismo com religião e o submundo do sindicalismo paulista, apresentou-se como partido político e agora governa o Brasil há 10 anos! Mesmo que quisesse (e não quer) o PT não pode permitir uma imprensa livre por que esta é incompatível com seu plano de poder e de controle da informação na sociedade. A imprensa, segundo a concepção petista, não tem função de informar ninguém. Seu objetivo único é servir como órgão de propaganda e, conforme escreveu Adolph Hitler em 1926,A propaganda política busca imbuir o povo, como um todo, com uma doutrina... A propaganda para o público em geral funciona a partir do ponto de vista de uma idéia, e o prepara para quando da vitória daquela opinião.  A estratégia para que se busque um consenso  a respeito da necessidade de um controle “social” sobre os órgãos de comunicação tem como fundamento o ensinamento de Lenin quando este sugere “acusar o inimigo de tentar fazer exatamente aquilo que VOCÊ quer fazer”. Assim quando Sader pergunta se uma imprensa privada é uma imprensa livre a resposta rápida deve ser uma só: existe apenas  um tipo de verdadeira imprensa – a privada ! A outra, e isso intelectual petista não diz, não é imprensa mas sim órgão de propaganda. Invocando os desmandos dos maus jornalistas, lembrando a imprensa comprada, citando os falsos escândalos, o que esse tipo de gente cria é, na verdade, um falso dilema e coloca o país inteiro, mais uma vez, sob risco de retorno da censura. São páginas e mais páginas escritas por militantes do PT que, disfarçados de jornalistas, propõem uma espécie de AI-13.O que torna um governo verdadeiramente democrático, e isso o governo do PT nunca vai ser, não é a origem do seu poder mas sim os seus limites. Ou o Brasil inteiro compreende isto rapidamente ou alguém como Emir Sader vai ter  as suas ilusões, por muito tempo, garantidas.
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Published on March 04, 2013 07:03

March 1, 2013

448 anos da Cidade Maravilhosa



Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal
O Rio faz aniversário hoje. É natural que o comentário do dia seja sobre a “minha” Cidade Maravilhosa. Carioca da gema, eu sou um “amante crítico” da cidade: existem várias coisas que admiro no Rio, e tantas outras que condeno. Falemos brevemente sobre isso então.
Primeiro, as qualidades. Falar da beleza natural é obviedade ululante. Já visitei vários países mundo afora, mas poucas vezes vi paisagens tão belas como as nossas. Especialmente essa combinação de mar com vegetação e morros, algo simplesmente lindo. Além disso, há o jeito descontraído dos cariocas, o estilo de vida mais descolado, mais informal, que faz quase qualquer um se sentir em casa. Pontos para o Rio.
Mas... tem o lado negativo disso. Carioca costuma se achar muito esperto. Há malandro demais para otário de menos. O “jeitinho” brasileiro encontrou no Rio seu ícone perfeito. Acostamento, jogar lixo na rua e na praia, parar em local proibido, assim são os costumes do carioca típico. Aquele cidadão seguidor das leis e da ordem, bem educado e respeitador da coisa pública, esse é espécie em extinção, mais do que a arara azul do filme Rio. Observar um pouco mais o que os suíços têm de bom e tentar copiá-los não faria mal aos cariocas...
Por fim, o Rio, por ter sido capital, ainda abriga enorme contingente de funcionários públicos que, em simbiose com os artistas e “intelectuais” da cidade, criam a fina flor da esquerda caviar. É aqui que surgem as piores ideias políticas, a mentalidade de que pobre é “puro” e que favelas são intocáveis pela polícia, que o governo deve ser o “pai do povo” etc. Talvez isso esteja melhorando um pouco nos últimos anos.
Aqueles que pensam como eu, seguem na luta por mais ordem e respeito, sem que a descontração carioca desapareça. Creio que é possível ter as duas coisas. Não precisamos jogar o bebê fora junto com a água suja. Relaxamento sim. Malandragem não. Enfim, parabéns Rio!   
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Published on March 01, 2013 05:49

February 22, 2013

A lógica do chuchu


Rodrigo Constantino, para o Instituto LiberalO ministro do Turismo, Gastão Vieira, disse nesta quinta-feira que o governo vai monitorar o comportamento das diárias de hotéis para evitar preços abusivos durante a Copa das Confederações, em junho. Trata-se de apenas mais um caso entre tantos que demonstra o viés intervencionista desse governo atual.O ministro Guido Mantega já declarou que o câmbio pode flutuar, mas perto do seu preço “justo”, assim como o ministro de Minas e Energia, Lobão, afirmou que o preço da gasolina era livre, desde que sem abusos. Na cabeça de todos os ministros de Dilma, pelo visto, a ideia de preço livre existe somente atrelada à convergência para o que eles consideram preço justo. Preço de mercado, nesse caso, seria preço de Estado.Nenhum governo precisa de tabelamento oficial de preço quando adota essa noção de preço livre. O mais preocupante, naturalmente, é constatar que esse governo não tem o menor conhecimento sobre o funcionamento do mercado, sobre as leis de oferta e demanda. E ainda querem segurar os índices oficiais de inflação com esse tipo de malandragem, postergando ajuste de ônibus e aluguel, travando na marra tarifas de hotéis e preço da gasolina, concedendo desoneração pontual para produtos que subiram muito.É a “lógica do chuchu”, alusão ao método com que o então ministro Delfim Netto combatia a inflação no passado. Em busca desse tal “preço justo”, o governo Dilma vai conseguir criar a prateleira vazia e o mercado negro. Socorro!
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Published on February 22, 2013 04:35

February 19, 2013

A ameaça fascista


Rodrigo Constantino, O GLOBO
Os liberais defensores do livre mercado são comumente chamados de “reacionários” ou de “fascistas” pela esquerda. O que nem todos sabem é que o fascismo sempre foi um casamento entre nacionalistas, sindicatos e grandes empresários, em uma simbiose totalmente antiliberal.Para Robert Paxton, em “A anatomia do fascismo”, o programa fascista era “uma curiosa mistura de patriotismo de veteranos e de experimento social radical, uma espécie de “nacional-socialismo’”.Donald Sassoon, em “Mussolini e a ascensão do fascismo”, mostra como o clientelismo, a mentalidade antiparlamentar presente na tradição socialista italiana, e um dos mais altos índices de sindicalização da Europa ajudaram a levar os fascistas ao poder.O próprio Mussolini foi socialista, gostava de se identificar como “homem do povo” e se dizia um defensor da classe operária. Sua visão era extremamente coletivista, bem sintetizada na máxima: "Tudo no Estado, nada contra o Estado, e nada fora do Estado." Não existe nada menos liberal que isso!Se há um “liberalismo” que realmente se assemelha ao fascismo, este é o dos “progressistas” modernos que usurparam o termo para pregar bandeiras estatizantes e coletivistas, como demonstra Johah Goldberg em “Fascismo de esquerda”. Mas este não guarda nenhuma relação com o liberalismo clássico, defensor do livre mercado e do indivíduo como um fim em si mesmo.O capitalismo liberal defende a propriedade privada, a liberdade individual e a livre concorrência, inclusive universal (globalização). Se, por um lado, esse modelo é o melhor para a grande maioria dispersa, por outro ele gera desconforto em certos grupos organizados. Ninguém gosta de concorrência, ainda que ela seja essencial para o progresso.É assim que algumas categorias se unem e, apesar de minoritárias, conseguem fazer um forte lobby para obter privilégios estatais. Suas vantagens são concentradas, e os custos são espalhados por toda a sociedade. Grandes empresários e sindicatos se juntam em busca de medidas que obstruem a livre concorrência, e tudo isso em nome dos “interesses nacionais”.Tivemos recentemente um claro exemplo disso na questão dos portos. Qualquer um sabe que nossa infraestrutura é caótica, e impõe um pesado custo ao país em termos de competitividade. Mas, quando reformas tímidas para modernizar um pouco os portos foram propostas, a reação foi imediata. Modernizar os portos implica mais concorrência, e isso os sindicatos e os capitães da indústria nacional não aceitam.Toda a retórica nacionalista serve somente para ocultar essa agenda de interesses que, no fundo, prejudica a população brasileira. Nossos portos, assim como estradas e aeroportos, estão em estado precário porque faltam investimentos e porque a gestão estatal é sempre terrível. Mas mexer nisso é comprar briga com as forças reacionárias.O ideal, do ponto de vista liberal, seria privatizar de uma vez portos, estradas, ferrovias, bancos públicos, a Infraero e a Petrobras. A Companhia Docas do RJ, por exemplo, dá prejuízo acima de R$ 100 milhões por ano! Os escândalos de corrupção são frequentes. A reserva de mercado garante privilégios absurdos aos sindicatos. Os produtos chegam aos consumidores a preços maiores. A quem interessa isso tudo?A Petrobras está em evidência também, pois o governo está destruindo a olhos nus a maior empresa brasileira. Seu uso político para fins partidários já fez com que dezenas de bilhões de reais evaporassem em seu valor de mercado. O país ainda precisa importar gasolina, e faltam recursos para os investimentos necessários. Quem ganha com isso?Mas quando um liberal aponta esses fatos e apresenta seus argumentos em defesa das privatizações, ele é logo tachado de “reacionário” ou “fascista” pelos esquerdistas. Quem é reacionário: aquele que deseja modernizar a economia com mais concorrência ou aquele que luta pelo passado mercantilista? Quem é fascista: aquele que combate a nefasta aliança entre sindicatos e grandes empresários ou aquele que pede mais privilégios em nome do nacionalismo?Um dos aspectos que facilitaram a ascensão fascista na Itália foi a total descrença na democracia, no Parlamento corrupto, envolto em escândalos de compra de votos dos deputados. Outro fator foi a inexistência de uma oposição organizada. Soa familiar?Todo cuidado é pouco. O fascismo é uma ameaça real, como podemos ver na Venezuela e na Argentina. Antídotos contra ele são justamente a privatização e a concomitante redução do intervencionismo estatal na economia.
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Published on February 19, 2013 10:59

February 18, 2013

Yoani Sanchez no Brasil


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Published on February 18, 2013 15:40

February 14, 2013

Como a venda de estatais salvou o Brasil


Excelente resenha do meu livro "Privatize Já" escrita por José Maria e Silva para o Jornal Opção.
"Se o movimento pelas Diretas Já devolveu ao cidadão seus direitos políticos, ainda falta ao Brasil devolver às pessoas seus direitos econômicos — começando pelo direito de não ser escravizado por impostos, que roubam o salário do trabalhador e o lucro das empresas, sem devolver praticamente nada em troca, pois os serviços públicos são muito ruins." (José Maria e Silva)

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Published on February 14, 2013 03:47

February 8, 2013

Que venha o Carnaval

Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal
Hoje é sexta-feira, véspera do feriadão de Carnaval. O bom senso demanda que o tema desse comentário seja leve, se possível até positivo. Afinal, não queremos estragar o clima de ninguém com coisas sombrias.

Por exemplo: eu não pretendo falar de como o governo Dilma está destruindo a Petrobras. Seria triste demais lembrar que todos aqueles que acreditaram que “o petróleo é nosso”, na promessa de autossuficiência de combustível, que as ações da estatal “orgulho nacional” dariam uma boa rentabilidade, foram ludibriados, deliberadamente enganados, feitos de otários.

Tampouco pretendo falar das patéticas maquiagens contábeis do governo para fingir que ainda cumpre a meta de superávit primário. Novamente, isso iria estragar a alegria dos foliões, podendo causar indigestão e mal-estar nesse momento de festa. Quem quer saber de Mantega no Carnaval? Se ainda fosse KY...


O leitor será poupado também de outros assuntos chatos, como a “bolsa novela” que o governo quer criar para levar a televisão digital aos mais pobres, incluindo aqueles que dependem das esmolas estatais para viver (afinal, novelas são itens necessários em nossa cesta básica). Quem quer se preocupar com mais um privilégio, mais uma esmola, mais um esquema de compra de votos, tudo pago com o couro da classe média?

Nada disso. É hora de pular Carnaval, de participar dos blocos de rua, de sambar, de ver peitos siliconados na televisão. Ou, se o leitor tiver um perfil mais parecido com o meu, é o caso de aproveitar o feriado para ler um bom livro e passar tempo com a família. Qualquer coisa, menos falar das trapalhadas do governo. Por isso poupei o leitor desses temas incômodos. Que venha o Pão e o Circo! Que venha o Carnaval...
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Published on February 08, 2013 03:19

February 7, 2013

Mais um capítulo da guerra cambial


Rodrigo Constantino

Mario Draghi, presidente do ECB, falou hoje que o euro forte está prejudicando a recuperação da região. A moeda cai 1% agora, como resultado. O discurso de Draghi já é, por sua vez, reação às medidas do Japão, que pretende desvalorizar o Yen para "ganhar competitividade". 

No Brasil, muitos keynesianos defendem uma moeda desvalorizada como política econômica. Hoje mesmo tem um desses artigos no Valor, do vice-presidente da Associação Keynesiana Brasileira, José Luis Oreiro. 

Em suma, são capítulos da "guerra cambial" que ocorre no mundo, com todos os governos pensando que é possível proteger seus mercados e economias apenas mexendo na moeda, sem fazer o dever de casa com reformas liberais. Doce ilusão! 

O resultado poderá ser uma nova escalada protecionista mundial e mais inflação. Por isso o ouro acaba sendo uma espécie de "porto seguro" nessa hora. Quem viver, verá. 
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Published on February 07, 2013 07:53

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Rodrigo Constantino
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