Rodrigo Constantino's Blog, page 335
February 6, 2013
Luis Stuhlberger no Valor

Não acho que agora dá para dizer que os problemas do Brasil são culpa dos americanos, dos europeus ou dos russos, dos árabes, dos gregos. Os problemas nossos serão nossos. Os emergentes vão ter um ambiente melhor para crescer e competir.
[...]
Eu tenho um tema macro [sobre o Brasil] que eu chamo, lembrando aquele filme, de "Alguém tem que ceder". Dado que as bocas de jacaré não fecharam, ou vai ter mais inflação ou o câmbio vai depreciar, ou você vai ter um problema nas finanças públicas. Eu tenho várias teses no fundo para me beneficiar disso. Só que isso custa caro. No sentido de que enquanto não acontece, você perde dinheiro. Outra questão é que todo mundo acha que a única consequência desse colapso de modelo é crescer pouco, certo? É isso: cresce pouco e so what? So what? Não tem nenhuma influência sobre o câmbio, sobre inflação, nenhum colapso das finanças públicas? Ninguém olha isso.
[...]
Os empresários estão com medo de investir por várias questões. Mas o principal é o momento em que as empresas vivem, de colapso de modelo, porque como a tributação não cai e a massa de salário sobe, sem ganho de produtividade, as empresas têm uma compressão de margem. Tudo demora, tudo custa mais caro e os impostos e salários avançam na lucratividade.
[...]
Estou pagando para ver que o dano colateral vai vir mais rápido do que as melhorias. E o investidor me cobra todo dia. Ser gestor de recursos é pior que mulher posar para a "Playboy". Minha cota está lá para todo mundo ver, nua e crua. Se eu errar, não tem photoshop.
Published on February 06, 2013 09:35
February 5, 2013
Os Trapalhões
Rodrigo Constantino, O GLOBO
Sou uma pessoa nostálgica. Uma das boas lembranças que tenho de minha infância é ficar no colo do meu falecido avô assistindo “Os Trapalhões”. Eu adorava. É por isso que devo agradecer ao governo Dilma por resgatar lembranças tão doces de minha vida. Acompanhar os atos de seus ministros é voltar no tempo, é como ver as trapalhadas da turma do Didi.
Comecemos pelos malabarismos contábeis que o governo fez para apresentar o superávit fiscal de 2012. A coisa foi tão primária que faria um mágico de festa infantil ruborizar diante do amadorismo. Poderiam ao menos ter chamado um David Copperfield para ajudar a esconder as peripécias!
O ministro Mantega é imbatível. Sua declaração sobre a taxa de câmbio comprova: “O câmbio é flutuante, mas, se exagerar na dose, a gente vai lá e conserta.” Ou seja, o câmbio flutua, desde que na direção do valor que o governo considera “correto”.
Na mesma linha, o ministro Lobão (não confundir com o músico inteligente) nos brindou com essa pérola ao falar sobre o aumento da gasolina: “O mercado é livre, mas não deve exceder o limite do razoável.” Traduzindo: o mercado é livre, desde que coloque o preço que eu considero razoável.
Quem precisa de preços tabelados quando se tem uma “liberdade” dessas? O governo Dilma demonstra a cada dia seu forte ranço intervencionista. Pretende controlar toda a economia. Triste o país em que os preços mais importantes são todos decididos pelo governo!
Mas o nexo causal nunca foi o forte dessa equipe econômica. Eles acreditam que a economia ainda não se recuperou a despeito de suas fantásticas medidas. Não passa por suas brilhantes cabeças que é justamente o contrário: a economia patina e a inflação sobe por causa do governo!
Os investidores estão assustados com o grau de intervenção arbitrária. Também, pudera: a presidente usa seu poder para criar “campeões nacionais”, enquanto todos os privilégios e subsídios concedidos acabam prejudicando o restante, longe das graças estatais. O cobertor é curto. Para ajudar os “amigos do rei”, o governo tem destruído setores inteiros.
Basta ver o que aconteceu com o setor elétrico. As estatais foram dizimadas em bolsa, pois o governo, com foco no curtíssimo prazo, decidiu dar mais uma ajudinha aos industriais. Quem, em sã consciência, investiria em geração de energia em um cenário desses?
Mas isso não impediu a presidente de fazer propaganda eleitoral, anunciando a queda das tarifas e abusando do ufanismo boboca: quem critica a medida está contra o país!
A Petrobras tem sido utilizada para fins políticos desde o começo da gestão petista. O governo segura o preço da gasolina defasado para não impactar as taxas de inflação. Faltam recursos para a estatal investir, e sua ineficiência cria a necessidade de importação de combustível.
O Brasil perde, mas nunca se esqueçam de que “o petróleo é nosso” e a Petrobras é motivo de “orgulho nacional”.
Curiosidade: por que a presidente não fez uso da rede nacional de rádio e televisão para comunicar ao povo o aumento da gasolina, como fez para anunciar a queda das tarifas de eletricidade? Pergunta retórica, claro. Sabemos a resposta.
Mas o governo tem cartas na manga para conter a “inflação” (na verdade, o índice oficial, não a inflação verdadeira). A gasolina aumentou? Então basta aumentar a parcela de etanol na sua composição, diluindo o efeito. Se o próximo vilão for o feijão, já sabemos qual a solução: basta acrescentar mais água na feijoada!
Não devemos ficar surpresos com tais trapalhadas, quando lembramos que a Argentina é admirada por nosso governo, e que Delfim Netto é bastante influente na economia. Aliás, Delfim influencia nossa economia há décadas, sempre perto do poder. É uma espécie de Sarney da economia. O Brasil idolatra o fracasso.
O resumo da ópera bufa? Não temos mais câmbio flutuante, a Lei de Responsabilidade Fiscal foi abandonada, a inflação ameaça sair de controle, os bancos públicos criaram uma bolha de crédito, a inadimplência aumentou, os investimentos não vêm e a economia não cresce. Promissor?
O crescimento dos últimos anos, que já foi medíocre, teve boa ajuda externa. Tanto que nossa produtividade não aumentou quase nada. Tivemos um empurrão da alta das commodities. Isso acabou. E agora? Como crescer com esses trapalhões no governo?
Eu achava graça nas piadas dos Trapalhões. Elas eram inofensivas, ainda que politicamente incorretas para nossos padrões chatos de hoje. Mas as trapalhadas do governo não têm a menor graça. Elas vão custar muito caro ao Brasil.
Sou uma pessoa nostálgica. Uma das boas lembranças que tenho de minha infância é ficar no colo do meu falecido avô assistindo “Os Trapalhões”. Eu adorava. É por isso que devo agradecer ao governo Dilma por resgatar lembranças tão doces de minha vida. Acompanhar os atos de seus ministros é voltar no tempo, é como ver as trapalhadas da turma do Didi.
Comecemos pelos malabarismos contábeis que o governo fez para apresentar o superávit fiscal de 2012. A coisa foi tão primária que faria um mágico de festa infantil ruborizar diante do amadorismo. Poderiam ao menos ter chamado um David Copperfield para ajudar a esconder as peripécias!
O ministro Mantega é imbatível. Sua declaração sobre a taxa de câmbio comprova: “O câmbio é flutuante, mas, se exagerar na dose, a gente vai lá e conserta.” Ou seja, o câmbio flutua, desde que na direção do valor que o governo considera “correto”.
Na mesma linha, o ministro Lobão (não confundir com o músico inteligente) nos brindou com essa pérola ao falar sobre o aumento da gasolina: “O mercado é livre, mas não deve exceder o limite do razoável.” Traduzindo: o mercado é livre, desde que coloque o preço que eu considero razoável.
Quem precisa de preços tabelados quando se tem uma “liberdade” dessas? O governo Dilma demonstra a cada dia seu forte ranço intervencionista. Pretende controlar toda a economia. Triste o país em que os preços mais importantes são todos decididos pelo governo!
Mas o nexo causal nunca foi o forte dessa equipe econômica. Eles acreditam que a economia ainda não se recuperou a despeito de suas fantásticas medidas. Não passa por suas brilhantes cabeças que é justamente o contrário: a economia patina e a inflação sobe por causa do governo!
Os investidores estão assustados com o grau de intervenção arbitrária. Também, pudera: a presidente usa seu poder para criar “campeões nacionais”, enquanto todos os privilégios e subsídios concedidos acabam prejudicando o restante, longe das graças estatais. O cobertor é curto. Para ajudar os “amigos do rei”, o governo tem destruído setores inteiros.
Basta ver o que aconteceu com o setor elétrico. As estatais foram dizimadas em bolsa, pois o governo, com foco no curtíssimo prazo, decidiu dar mais uma ajudinha aos industriais. Quem, em sã consciência, investiria em geração de energia em um cenário desses?
Mas isso não impediu a presidente de fazer propaganda eleitoral, anunciando a queda das tarifas e abusando do ufanismo boboca: quem critica a medida está contra o país!
A Petrobras tem sido utilizada para fins políticos desde o começo da gestão petista. O governo segura o preço da gasolina defasado para não impactar as taxas de inflação. Faltam recursos para a estatal investir, e sua ineficiência cria a necessidade de importação de combustível.
O Brasil perde, mas nunca se esqueçam de que “o petróleo é nosso” e a Petrobras é motivo de “orgulho nacional”.
Curiosidade: por que a presidente não fez uso da rede nacional de rádio e televisão para comunicar ao povo o aumento da gasolina, como fez para anunciar a queda das tarifas de eletricidade? Pergunta retórica, claro. Sabemos a resposta.
Mas o governo tem cartas na manga para conter a “inflação” (na verdade, o índice oficial, não a inflação verdadeira). A gasolina aumentou? Então basta aumentar a parcela de etanol na sua composição, diluindo o efeito. Se o próximo vilão for o feijão, já sabemos qual a solução: basta acrescentar mais água na feijoada!
Não devemos ficar surpresos com tais trapalhadas, quando lembramos que a Argentina é admirada por nosso governo, e que Delfim Netto é bastante influente na economia. Aliás, Delfim influencia nossa economia há décadas, sempre perto do poder. É uma espécie de Sarney da economia. O Brasil idolatra o fracasso.
O resumo da ópera bufa? Não temos mais câmbio flutuante, a Lei de Responsabilidade Fiscal foi abandonada, a inflação ameaça sair de controle, os bancos públicos criaram uma bolha de crédito, a inadimplência aumentou, os investimentos não vêm e a economia não cresce. Promissor?
O crescimento dos últimos anos, que já foi medíocre, teve boa ajuda externa. Tanto que nossa produtividade não aumentou quase nada. Tivemos um empurrão da alta das commodities. Isso acabou. E agora? Como crescer com esses trapalhões no governo?
Eu achava graça nas piadas dos Trapalhões. Elas eram inofensivas, ainda que politicamente incorretas para nossos padrões chatos de hoje. Mas as trapalhadas do governo não têm a menor graça. Elas vão custar muito caro ao Brasil.
Published on February 05, 2013 11:42
February 4, 2013
A vida sob quatro milhões de normas
João Luiz Mauad, O GLOBO
As causas técnicas da tragédia de Santa Maria ainda são imprecisas e certamente serão objeto de vasta perícia. Uma conclusão, no entanto, parece inescapável. Negligência, imprudência e desrespeito à lei caminharam de mãos dadas naquela noite.Como era de se esperar, tão logo surgiram as primeiras notícias começou o clamor por mais regulação e mais burocracia, como se o problema fosse falta de leis. Ao contrário, aqui elas abundam e talvez por isso sejam tão ineficazes. Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), desde 05 de outubro de 1988 (data da promulgação da atual Constituição Federal), até 05 de outubro de 2012 (seu 24º aniversário), foram editadas 4.615.306 normas que regem a vida dos cidadãos brasileiros. Isto representa, em média, 788 por dia útil.Trata-se de um evidente exagero, alimentado por uma lógica perversa segundo a qual a eficiência de políticos e burocratas seria diretamente proporcional à quantidade de leis editadas, ainda que amplamente desrespeitadas.Já notaram que o primeiro item do currículo de qualquer candidato à reeleição é justamente o número de projetos de lei propostos?Diante dessa voracidade legiferante, resulta impossível a qualquer um conhecer o inteiro teor de uma determinada legislação. A existência de direitos e deveres pouco nítidos transforma os brasileiros em personagens kafkianos, reféns de processos burocráticos absurdos e totalmente vulneráveis à ação de agentes públicos mal intencionados, especialistas em criar dificuldades para vender facilidades.Não foram poucas as vezes, ao longo da história, em que leis elaboradas com as melhores das intenções acabaram gerando incentivos perversos e consequências imprevistas, não raro na direção oposta à planejada.Se a velha indústria de alvarás ainda corre solta e muita gente insiste em operar sem as devidas licenças, ao arrepio da legislação, mesmo com todos os riscos que isso representa, é porque o funcionamento regular é praticamente inalcançável. Como ensinam os economistas, os incentivos fazem toda a diferença.O antigo filósofo chinês Lao Tsu já dizia que quanto mais restrições artificiais impuserem ao povo, mais ele será empobrecido; e quanto mais regulamentos houver, mais se estimularão as fraudes, os roubos e outros ilícitos. As normas devem ser poucas, simples e objetivas, a fim de facilitar não só a sua aplicação como também a fiscalização. Não por acaso, os advogados competentes sempre acabam encontrando, na própria legislação, brechas que livram a cara de eventuais infratores. O fato é que de nada adiantam as leis se não puderem ser aplicadas com rigor.Alguns dirão que, à medida que a sociedade cresce, as normas devem se multiplicar, a fim de que a ordem seja mantida. Ledo engano.Quanto mais complexas forem as sociedades, mais as leis devem ser parcas e simplificadas, de fácil aplicação e rápida execução. Ademais, quanto mais ampla, prolixa e detalhada a legislação, maiores serão as chances de serem burladas com sucesso.
As causas técnicas da tragédia de Santa Maria ainda são imprecisas e certamente serão objeto de vasta perícia. Uma conclusão, no entanto, parece inescapável. Negligência, imprudência e desrespeito à lei caminharam de mãos dadas naquela noite.Como era de se esperar, tão logo surgiram as primeiras notícias começou o clamor por mais regulação e mais burocracia, como se o problema fosse falta de leis. Ao contrário, aqui elas abundam e talvez por isso sejam tão ineficazes. Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), desde 05 de outubro de 1988 (data da promulgação da atual Constituição Federal), até 05 de outubro de 2012 (seu 24º aniversário), foram editadas 4.615.306 normas que regem a vida dos cidadãos brasileiros. Isto representa, em média, 788 por dia útil.Trata-se de um evidente exagero, alimentado por uma lógica perversa segundo a qual a eficiência de políticos e burocratas seria diretamente proporcional à quantidade de leis editadas, ainda que amplamente desrespeitadas.Já notaram que o primeiro item do currículo de qualquer candidato à reeleição é justamente o número de projetos de lei propostos?Diante dessa voracidade legiferante, resulta impossível a qualquer um conhecer o inteiro teor de uma determinada legislação. A existência de direitos e deveres pouco nítidos transforma os brasileiros em personagens kafkianos, reféns de processos burocráticos absurdos e totalmente vulneráveis à ação de agentes públicos mal intencionados, especialistas em criar dificuldades para vender facilidades.Não foram poucas as vezes, ao longo da história, em que leis elaboradas com as melhores das intenções acabaram gerando incentivos perversos e consequências imprevistas, não raro na direção oposta à planejada.Se a velha indústria de alvarás ainda corre solta e muita gente insiste em operar sem as devidas licenças, ao arrepio da legislação, mesmo com todos os riscos que isso representa, é porque o funcionamento regular é praticamente inalcançável. Como ensinam os economistas, os incentivos fazem toda a diferença.O antigo filósofo chinês Lao Tsu já dizia que quanto mais restrições artificiais impuserem ao povo, mais ele será empobrecido; e quanto mais regulamentos houver, mais se estimularão as fraudes, os roubos e outros ilícitos. As normas devem ser poucas, simples e objetivas, a fim de facilitar não só a sua aplicação como também a fiscalização. Não por acaso, os advogados competentes sempre acabam encontrando, na própria legislação, brechas que livram a cara de eventuais infratores. O fato é que de nada adiantam as leis se não puderem ser aplicadas com rigor.Alguns dirão que, à medida que a sociedade cresce, as normas devem se multiplicar, a fim de que a ordem seja mantida. Ledo engano.Quanto mais complexas forem as sociedades, mais as leis devem ser parcas e simplificadas, de fácil aplicação e rápida execução. Ademais, quanto mais ampla, prolixa e detalhada a legislação, maiores serão as chances de serem burladas com sucesso.
Published on February 04, 2013 08:39
Até quando apanhar?
Carta mensal da MP Advisors
Na Subida do Morro Me Contaram Que você bateu na minha nêgaIsso não é direitoBater numa mulherQue não é suaDeixou a nêga quase nuaNo meio da ruaA nêga quase que virou presunto
(Moreira da Silva e Ribeiro Cunha)
Se a economia brasileira fosse uma mulher, estaria apanhando tal qual na letra do samba de Moreira da Silva, o Kid Morengueira. Definitivamente, enquadra-se na Lei Maria da Penha por agressões e maus tratos. A "nêga" já mostra sinais de cansaço de tanto apanhar, porém o agressor continua batendo nela; insiste no mesmo remédio, crendo que a "nêga" irá ceder aos seus encantos. Ledo engano.
A "nêga" chamada "superávit primário", que nada mais é do que a economia entre receitas e despesas para pagamento dos juros da dívida, já há algum tempo não alcança sua meta de 3,1% do PIB. Ano passado, pelos truques contábeis do Mantega, foi de 2,00% do PIB (governo central), pelos números corretos foi algo como 1,80% do PIB (também somente governo central, sem estados e municípios). Além de ser um governo gastão, o atual comando da economia corrói a credibilidade do país por meros 0,20% do PIB. E a gastança, ao que tudo indica, não tem conseguido gerar crescimento.
A "nêga" chamada "meta de inflação" permanecia inconsciente num canto da sala quando começou a dar sinais de vida (tênues, por hora). O Banco Central, em sua última ata, finalmente reconheceu que o problema da economia nacional não é falta de demanda (que sim senhor, já está bem aquecida) e sim a oferta. A economia não cresce por falta de investimento. Pela primeira vez, o BC (ainda que timidamente, usando seu linguajar peculiar) apresenta um discurso diferente daquele da presidente Dilma e de seu despachante, o Guido. O BC deixa claro que a falta de oferta é problema do governo e não dele. Com isso,depreende-se que não haverá mais aventuras com os juros para baixo; porém isso não indica que o BC ganhou autonomia para subir os juros sem autorização da Dilma.
O principal motivo de preocupação com a inflação no curto prazo reside no mercado de trabalho extremamente apertado (já vivemos o pleno emprego) e um governo que a todo custo deseja o crescimento econômico. Como crescer sem mão de obra disponível? A saída desse dilema, sem gerar inflação, é o aumento de produtividade, o que não ocorre da noite para o dia e sem investimentos em educação. Não podemos esperar isso no curto prazo.
É claro que o governo usa de todas as artimanhas possíveis (redução do preço de energia, postergação dos aumentos dos transportes e sangria da Petrobrás ) para manter o IPCA dentro da sua meta de 6,5% ao ano. No curto prazo ele tem sido bem sucedido, porém sabemos que a inflação é como um imenso caminhão, tem muita inércia para sair do lugar, mas depois que sai é complicado segurar o bruto.
Voltando para o lado da oferta, sabemos que os grandes investimentos industriais analisam certos aspectos como estoque de mão de obra qualificada com custo justo e oferta de energia. Sabemos que qualquer novo projeto de grande monta terá dificuldades em contratar e não há garantia de energia.
É claro que a energia do Brasil era muito cara. Mas reduzir estes 20%, da maneira como foi feito e, principalmente, com a oferta limitada, é no mínimo temerário. Se, em 2012, com o país crescendo 1% e o preço caro, o consumo cresceu 4%, imagine em 2013, se o país crescer algo como 2% e com o preço da energia 20% mais baixo. Quanto será o aumento de consumo? Haverá oferta?
Olhando para a última "nêga", que se chamava "câmbio flutuante",vê-se a maneira errática de agir do governo petista. Quando quem esperneava mais alto era a FIESP, o câmbio oscilando entre 2,05 e 2,10 era interessante para o governo. E para lá ele foi. Quando a inflação começou a incomodar, lá veio o governo dizendo (através de leilões de swaps cambiais) que o nível era um pouco mais embaixo. E lá foi o valor do dólar para abaixo de R$ 2,00. Nos restaurantes, há o "menu do chef" e no Brasil, o "câmbio da Dilma".
O Brasil, já há algum tempo, não tem uma política econômica baseada em regras estáveis e previsíveis; o que existe é a política do "puxadinho":uma improvisação levando à outra até o surgimento de uma favela com barracos amontoados no barranco. Quando a chuva forte chegar....
Não é a toa que a imprensa internacional tem criticado a errática forma de governar de Dilma & Cia. Publicações sérias como The Economist e Financial Times parece que demoraram, mas pegaram gosto em denunciar o agressor da "nêga". O queridinho da vez,para os investidores estrangeiros, é o México. O vizinho dos americanos tem lá os seus problemas crônicos, mas tem feito o dever de casa e está pegando uma carona com a recuperação dos EUA.
Não que deva haver uma catástrofe iminente, apenas uma preguiçosa (bocejando, por favor) economia, com inflação em alta, infraestrutura em pandarecos e, mais uma vez, perdendo o bonde da história para nos tornarmos uma nação decente.
Não fica difícil entender porque o Ibovespa fechou o primeiro mês do ano no território negativo enquanto o SP500 já acelera no ano com cerca de 7%. Quando olhamos uma empresa como a Apple, que fatura USD 157 bilhões, com margem de 27% e negocia (após a correção) com relação preço-lucro de 10, fica complicado comprar as ações de consumo brasileiras com o triplo de relação preço-lucro. E o que ainda está barato (Petrobrás, Vale, bancos) não parece que vai começar a andar. Não esperem um ano interessante para as ações brasileiras; há opções mais interessantes lá fora.
Na renda fixa, os prêmios estão magros e não compensam o risco de posições pré-fixadas ou mesmo compradas em ativos públicos atrelados a inflação (NTNB). Uma NTNB para 2014 paga hoje IPCA 1,84%. Se os alquimistas conseguirem ajustar o IPCA para 5,5% (sem chicanas eu creio algo como 6,5¨%) teremos apenas 7,34%, bem perto do CDI. Ainda é melhor do que ficar pós fixado, mas os grandes ganhos se deram em 2012. Quem comeu, comeu.
Quanto às posições cambiais, o melhor a fazer é esquecer. O câmbio vai para onde o humor do dia da Dilma mandar. Não dá para apostar.
O momento é escorregadio. Estamos vivendo uma era onde os ativos financeiros carregam um risco superior ao seu retorno potencial. O poder de compra do dinheiro se deteriora numa velocidade maior do que o índice oficial de inflação. A resposta dos indivíduos é um afluxo de dinheiro para o setor de imóveis. Isso fica claro quando olhamos a demanda altíssima de 2 fundos imobiliários (de agências de bancos) recém-lançados. Nos dois casos a demanda foi 10 vezes a oferta. Como o preço dos imóveis também está em seu máximo histórico, a chance de se fazer besteira também é grande.
Hoje, após anos de juros reais altos, chegou a hora de profissionalizar a gestão dos seus investimentos e saber que mais do que os juros fáceis do CDI, o vetor de crescimento do seu dinheiro virá de bons investimentos, a boa e velha economia e aportes mensais. Lembre-se que você agora vive em um país de juros reais perto de zero e com nível de vida bem caro. Como você está planejando a sua aposentadoria?
Published on February 04, 2013 06:03
February 1, 2013
Privatize Já na Amazon

Published on February 01, 2013 10:24
Crédito Vapt Vupt

Deu no GLOBO: “O governo vai usar os bancos públicos para estimular investimentos e aumentar o Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos). A ordem é acelerar o financiamento de grandes projetos de infraestrutura. Ontem, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, se reuniu com o presidente do BNDES, Luciano Coutinho; da Caixa Econômica Federal, Jorge Hereda; e do Banco do Brasil (BB), Aldemir Bendine, para pedir agilidade na aprovação de financiamentos, acelerando, por exemplo, a análise de risco”.
No afã de ver o PIB crescer no curto prazo, eis que o governo “pede” aos bancos públicos, responsáveis pela metade do crédito no país, para “acelerar” a análise de risco. Traduzindo: isso quer dizer afrouxar os critérios de risco. O importante é dar o financiamento, mesmo que aumentando os riscos. Se a coisa ficar feia, se a inadimplência aumentar muito, isso será mais à frente. Pode ser que a presidente Dilma já tenha até sido reeleita. Quem liga para os pepinos lá no futuro “distante”, após as eleições?
Na mesma matéria, consta que “Fontes da área econômica avaliam que o ciclo econômico baseado na expansão do consumo está esgotado e que apenas o retorno dos investimentos é capaz de reativar a economia”. Se for verdade, é boa notícia, ainda que bem tardia. Resta avisar aos membros da equipe que suas medidas contribuem para afastar investimentos. E também resta explicar o motivo pelo qual a Caixa resolveu aceitar até prata agora na penhora de bens para novos financiamentos, como relatou a rádio CBN. Em breve, o banco estatal aceitará latão para expandir o crédito popular!
O que fica disso tudo é o alerta de que governos cuidando do crédito são como raposas vigiando o galinheiro. Muitos ainda acusam o mercado pela bolha de crédito americana. Ignoram que as impressões digitais do governo estavam em todas as cenas do crime. No Brasil, estamos vendo dia a dia como o próprio governo faz de tudo para criar uma bolha creditícia. Quando ela estourar, não venham jogar a culpa no mercado!
Published on February 01, 2013 05:18
January 30, 2013
Privatize Já

“A verdade, deplorável verdade, é que o gosto pelas funções públicas e o desejo de viver à custa dos impostos não são, entre nós, uma doença particular de um partido: é a grande e permanente enfermidade democrática de nossa sociedade civil e da centralização excessiva de nosso governo; esse é o mal secreto que corroeu todos os antigos poderes e corroerá igualmente todos os novos.” (Alexis de Tocqueville – Lembranças de 1848; As jornadas Revolucionárias em Paris)
Aos 36 anos, o proficiente economista Rodrigo Constantino acaba de lançar o seu sétimo livro e, não por acaso, mais uma obra cujo pano de fundo é a incansável defesa da liberdade. “Privatize Já” - Editora Leya, 2012, 399 páginas - é o resultado de uma extensa pesquisa sobre o tema das privatizações, não só no Brasil, como no mundo inteiro. Embora repleto de dados empíricos que comprovam o sucesso das políticas privativistas, onde quer que elas tenham sido implementadas, o livro está longe de ser uma leitura monótona. Pelo contrário: dividido em 5 partes e 30 capítulos, o livro explica, de forma instigante, as vantagens da privatização e como a sua implementação, durante o Governo FHC, melhorou o Brasil e como ainda poderia melhorar muito mais, caso a ideologia estatizante, a mesma de que falava Tocqueville, já no Século XIX, possa ser derrubada.
“Privatize Já” é justamente um libelo contra essa ideologia estatizante que vem corroendo as entranhas da sociedade brasileira. De acordo com o prórpio Constantino, “uma pesquisa de 2007 feita pelo Instituto Ipsos e encomendada pelo jornal O Estado de São Paulo mostrou que mais de 60% dos entrevistados são contra a privatização de serviços públicos”. Além disso, mais da metade da população condenaria uma hipotética venda do Banco do Brasil, da Caixa Econômica ou da Petrobrás. Tal ideologia majoritária é alimentada, segundo Constantino, por uma série de falácias, disseminadas de forma sistemática por aqueles que têm interesse na manutenção do “status quo”.
Editado no mesmo padrão bem sucedido em outros livros da Editora Leya, “Privatize Já” intercala capítulos longos com pequenas inserções que contam histórias interessantes sobre o tema. Neste caso, Constantino utilizou de forma magistral as chamadas “páginas de fundo preto” para demonstrar como a propriedade privada é muito mais eficiente, não apenas em termos econômicos e sociais, mas até mesmo ecologicamente. Nessas páginas, Constantino explica, por exemplo, porque as baleias correm sérios riscos de extinção, enquanto as vacas são imunes a eles. Ou como a propriedade privada fez disparar o número de elefantes no Zimbábue, enquanto a propriedade pública os dizimava no Quênia. Há ainda histórias impagáveis, como a do fabricante soviético que produzia somente um tamanho de sapatos.
Enfim, como muito bem resumiu Constantino, “está na hora ... de debater o tema da privatização sem deixar as paixões cegarem a razão. O estado pode ter um importante papel como regulador, mas inevitavelmente fracassa como empresário. Não se trata de má sorte, e sim da sua própria natureza. Se cada um souber o seu lugar adequado, então nós, brasileiros, só teremos a ganhar com isso”.
Published on January 30, 2013 08:10
January 29, 2013
Santa Maria e a Guerra do Vietnã
Milton Pires
Em 1967 a Guerra do Vietnam envolvia um contingente cada vez maior de soldados americanos. A necessidade de atendimento aos feridos graves, entre eles as vítimas de queimadura e intoxicação, demandavam recursos materiais e humanos cada vez mais complexos. Os EUA construíram, na cidade litorânea de Da Nang, um hospital militar com o objetivo de atender suas tropas. Nesta época não existia propriamente a especialidade hoje conhecida como Terapia Intensiva. Foi com espanto que os médicos militares começaram a atender um número cada vez maior de pacientes vítimas de intoxicação em função do chamado “agente laranja” e outras substâncias químicas utilizadas para desfolhamento de florestas e localização dos esconderijos inimigos. As pessoas apresentavam como quadro clínico uma síndrome que envolvia, entre outros sinais e sintomas, acúmulo de líquidos nos pulmões e diminuição da capacidade de oxigenação do sangue. Essa nova doença ficou conhecida como “Pulmão de Da Nang” e hoje, nós intensivistas, a chamamos de SARA – Síndrome de Angústia Respiratória do Adulto. Fiz esta breve introdução para dizer que é isto que pode acontecer com os sobreviventes do incêndio de Santa Maria. Mais; gostaria que ficasse muito claro a todos que este tipo de “coisa” não pode ser atendido (numa situação que envolve um número de pacientes tão grandes) com segurança em nenhuma capital brasileira. Isto ocorre porque simplesmente não há unidades de terapia intensiva em número suficiente nem respiradores artificiais para atender tanta gente. Em meio a tanto desespero não há um só político ou autoridade da saúde com honestidade suficiente para dizer aquilo que escrevi acima. Há pelo menos quatro décadas assistimos gerações e mais gerações de secretários e ministros da saúde insistindo na ideia de medicina comunitária e prevenção. Pois bem, pergunto agora: o que nós, médicos intensivistas, devemos fazer com as pessoas que sobreviveram ao incêndio de Santa Maria? Encaminhá-las para postos de saúde? Não se constrói um hospital públicoem Porto Alegre desde 1970! Pelo contrário; vários foram à falência e fecharam!Que o Brasil inteiro saiba que é MENTIRA a afirmação das autoridades de que Porto Alegre tem leitos de UTI suficientes para atender toda essa gente! A secretaria estadual da saúde pode, se necessário, comprar leitos na rede privada mas mesmo assim é muita sorte haver algum disponível. Com relação aos responsáveis por esta tragédia, deixo aqui a minha opinião – foi o poder público corrupto, negligente e incompetente, quem MATOU todos estes jovens! É esse tipo de gente que quer entupir o o Brasil com médicos de Cuba e do Paraguai, que manda médicos para o Haiti e que insiste em saúde “comunitária”, que agora aparece na televisão chorando e abraçando os pais das pessoas que morreram. Termino aqui; como em toda situação de guerra, a primeira vítima de Santa Maria, assim como em Da Nang, foi a verdade – jamais esqueçam isto !
Milton PiresMédico IntensivistaPorto Alegre – RS.
Published on January 29, 2013 08:27
January 27, 2013
Para além do belo e do feio - A morte da arte no Brasil
Milton Simon Pires
Uma das frases que mais encanta os brasileiros é “gosto não se discute”. Parece que toda vez que alguém a pronuncia faz na verdade uma profissão de fé. Demonstra, não importa como, que se diferencia de uma verdadeira “legião de fanáticos”: pessoas retrógradas e de “direita” que sustentam que a música, a pintura, o cinema e a literatura (só para citar alguns exemplos) tem regras próprias cujo domínio exige por parte do artista uma atividade disciplinada e, em certo aspecto, racional. Proclama-se orgulhosamente que a chamada “inspiração” não tem regras, coisa que me faz recordar gente que, substituindo turismo por estudo, julga-se grande conhecedora de países estrangeiros. É cômico (para não dizer triste) observar aqueles que,transformando ateliers e estúdios de gravação em consultórios de psicanálise, misturam os conceitos de beleza e democracia de uma forma tão desonesta.
O objetivo deste pequeno texto é uma ligeira reflexão sob o conceito de beleza e da própria arte no Brasil dos dias de hoje. Antes de começar; algumas rápidas observações. Estética é um campo próprio da filosofia. Seu domínio está muito além da capacidade de alguém que aborda o assunto como amador porque encontrou na Medicina uma profissão e na Filosofia um hobby. Decorre daí a necessidade de um aviso – que ninguém perca tempo achando que vai aqui uma definição clara daquilo que é ou não é “arte verdadeira”. O enfoque é muito mais modesto. Trata-se de apresentar a confusão existente entre os conceitos de beleza e justiça e sustentar que, uma vez proprietária do discurso que diz o que é a verdade na História, uma “elite cultural” passou também a definir o que é ou não a verdadeira Arte.
Foi na década de 1960 que isto ocorreu. Na filosofia imperava a desconstrução. Derrida, Deleuze, Foucault, entre outros questionando a própria linguagem, reduziram aquilo que havia de racional na comunicação a uma simples manifestação de uma verdade maior – uma verdade simbólica incapaz de ser alcançada tanto pelo homem comum quanto pelo intelectual “não engajado”. Só era considerada arte aquela manifestação capaz de promover “transformação social”. Foi dessa linha de pensamento que surgiram as condições necessárias para que Sabiá, em 1968 fosse vaiada por uma plateia que preferiu um hino maoísta, Para não dizer que não falei de Flores, como vencedor do Terceiro Festival Internacional da Canção. Esse foi, na minha opinião, um momento crucial na história da arte brasileira. Ao vaiar a obra-prima de Tom Jobim, o público brasileiro fazia uma profecia – dali em diante poderia se esperar de tudo: desde Valesca Popozuda até o Bonde do Tigrão abriu-se a lata de lixo da MPB. Ao mesmo tempo agonizavam o cinema, o teatro e as artes plásticas. A geração de 1968 conseguiu acabar com toda necessidade de recolhimento e do esforço de um verdadeiro artista quando pretende alcançar o belo e desde aquela época até hoje o que se assiste num país com a riqueza cultural do Brasil é um festival de obscenidades e uma mediocridade incrível que prima por chocar e agredir.
Essa “nova geração”, sendo incapaz de saber o que o belo, define de forma magistral o que é o feio. Ex-prostitutas, assaltantes e traficantes lotam estádios inteiros com o charme de pertencerem “a comunidade”, “ao mundo real”, e de cantarem e atuarem “sem preconceitos” porque são “gente do povo” - como se isso fosse pré-requisito mínimo para “ser artista”. Cantam, não as ruas, mas o lixo delas nas grandes cidades porque fazem a apologia da maconha, do crack e da iniciação sexual precoce da mulher brasileira.
Nossa literatura toda prima pela pornografia e desabafos de escritoras que fracassaram no casamento e na criação dos filhos. Nossos “grandes escritores” são uma vergonha num país que deu ao mundo gente como Machado de Assis, Érico Veríssimo e Mário Quintana, além de pensadores como Gilberto Freire ou Mário Ferreira dos Santos. Seu único dado de currículo é literalmente terem sobrevivido ao uso fanático de drogas e as tais “experiências místicas” dos anos 60. Nossos artistas plásticos flertam com a esquizofrenia a ponto de, ao entrarmos em uma exposição, não sabermos o que é a “obra” e o que pertence a parte do ambiente onde não passou o serviço de limpeza. Na mesma linha, o cinema nacional leva as telas a vida de uma prostituta viciada em cocaína como alguém que “venceu na vida”.
Tudo lixo...tudo mentira..e pior financiado por um Governo Federal corrupto que insiste em promover esse tipo de gente sempre, é claro, roubando tudo que pode, inaugurando todo tipo de obra com cantoras nordestinas de minissaias tão curtas quanto suas ideias e bobalhões com cabelo moicano cheio de gel cantando com sotaque de Ribeirão Preto.
Encerro aqui meus amigos. Que vergonha ser brasileiro nessa hora! Nietzsche achava que deveríamos buscar uma vida além do bem e do mal. Ele jamais conseguiu e morreu louco por causa disso mas o Brasil alcançou algo impressionante – uma arte além do belo e do feio, uma imundície tão grande que não representa nada mais do que a morte da própria arte.
Milton Pires é médico em Porto Alegre - RS
Uma das frases que mais encanta os brasileiros é “gosto não se discute”. Parece que toda vez que alguém a pronuncia faz na verdade uma profissão de fé. Demonstra, não importa como, que se diferencia de uma verdadeira “legião de fanáticos”: pessoas retrógradas e de “direita” que sustentam que a música, a pintura, o cinema e a literatura (só para citar alguns exemplos) tem regras próprias cujo domínio exige por parte do artista uma atividade disciplinada e, em certo aspecto, racional. Proclama-se orgulhosamente que a chamada “inspiração” não tem regras, coisa que me faz recordar gente que, substituindo turismo por estudo, julga-se grande conhecedora de países estrangeiros. É cômico (para não dizer triste) observar aqueles que,transformando ateliers e estúdios de gravação em consultórios de psicanálise, misturam os conceitos de beleza e democracia de uma forma tão desonesta.
O objetivo deste pequeno texto é uma ligeira reflexão sob o conceito de beleza e da própria arte no Brasil dos dias de hoje. Antes de começar; algumas rápidas observações. Estética é um campo próprio da filosofia. Seu domínio está muito além da capacidade de alguém que aborda o assunto como amador porque encontrou na Medicina uma profissão e na Filosofia um hobby. Decorre daí a necessidade de um aviso – que ninguém perca tempo achando que vai aqui uma definição clara daquilo que é ou não é “arte verdadeira”. O enfoque é muito mais modesto. Trata-se de apresentar a confusão existente entre os conceitos de beleza e justiça e sustentar que, uma vez proprietária do discurso que diz o que é a verdade na História, uma “elite cultural” passou também a definir o que é ou não a verdadeira Arte.
Foi na década de 1960 que isto ocorreu. Na filosofia imperava a desconstrução. Derrida, Deleuze, Foucault, entre outros questionando a própria linguagem, reduziram aquilo que havia de racional na comunicação a uma simples manifestação de uma verdade maior – uma verdade simbólica incapaz de ser alcançada tanto pelo homem comum quanto pelo intelectual “não engajado”. Só era considerada arte aquela manifestação capaz de promover “transformação social”. Foi dessa linha de pensamento que surgiram as condições necessárias para que Sabiá, em 1968 fosse vaiada por uma plateia que preferiu um hino maoísta, Para não dizer que não falei de Flores, como vencedor do Terceiro Festival Internacional da Canção. Esse foi, na minha opinião, um momento crucial na história da arte brasileira. Ao vaiar a obra-prima de Tom Jobim, o público brasileiro fazia uma profecia – dali em diante poderia se esperar de tudo: desde Valesca Popozuda até o Bonde do Tigrão abriu-se a lata de lixo da MPB. Ao mesmo tempo agonizavam o cinema, o teatro e as artes plásticas. A geração de 1968 conseguiu acabar com toda necessidade de recolhimento e do esforço de um verdadeiro artista quando pretende alcançar o belo e desde aquela época até hoje o que se assiste num país com a riqueza cultural do Brasil é um festival de obscenidades e uma mediocridade incrível que prima por chocar e agredir.
Essa “nova geração”, sendo incapaz de saber o que o belo, define de forma magistral o que é o feio. Ex-prostitutas, assaltantes e traficantes lotam estádios inteiros com o charme de pertencerem “a comunidade”, “ao mundo real”, e de cantarem e atuarem “sem preconceitos” porque são “gente do povo” - como se isso fosse pré-requisito mínimo para “ser artista”. Cantam, não as ruas, mas o lixo delas nas grandes cidades porque fazem a apologia da maconha, do crack e da iniciação sexual precoce da mulher brasileira.
Nossa literatura toda prima pela pornografia e desabafos de escritoras que fracassaram no casamento e na criação dos filhos. Nossos “grandes escritores” são uma vergonha num país que deu ao mundo gente como Machado de Assis, Érico Veríssimo e Mário Quintana, além de pensadores como Gilberto Freire ou Mário Ferreira dos Santos. Seu único dado de currículo é literalmente terem sobrevivido ao uso fanático de drogas e as tais “experiências místicas” dos anos 60. Nossos artistas plásticos flertam com a esquizofrenia a ponto de, ao entrarmos em uma exposição, não sabermos o que é a “obra” e o que pertence a parte do ambiente onde não passou o serviço de limpeza. Na mesma linha, o cinema nacional leva as telas a vida de uma prostituta viciada em cocaína como alguém que “venceu na vida”.
Tudo lixo...tudo mentira..e pior financiado por um Governo Federal corrupto que insiste em promover esse tipo de gente sempre, é claro, roubando tudo que pode, inaugurando todo tipo de obra com cantoras nordestinas de minissaias tão curtas quanto suas ideias e bobalhões com cabelo moicano cheio de gel cantando com sotaque de Ribeirão Preto.
Encerro aqui meus amigos. Que vergonha ser brasileiro nessa hora! Nietzsche achava que deveríamos buscar uma vida além do bem e do mal. Ele jamais conseguiu e morreu louco por causa disso mas o Brasil alcançou algo impressionante – uma arte além do belo e do feio, uma imundície tão grande que não representa nada mais do que a morte da própria arte.
Milton Pires é médico em Porto Alegre - RS
Published on January 27, 2013 14:06
January 25, 2013
Tudo errado

As medidas adotadas pela presidente Dilma no setor elétrico estão todas erradas. Elas denotam a visão míope desse governo, que parece abraçar como poucos a máxima de Keynes: “No longo prazo estaremos todos mortos”. Um estadista, conforme sabia Churchill, preocupa-se com as próximas gerações, enquanto um populista só pensa nas próximas eleições. Dilma fez claramente sua escolha.
O desconto na conta de luz ignora os riscos que isso acarreta para o futuro do setor. Faltarão recursos para investimento em geração. A conta será paga pelas estatais, que desabaram na bolsa. Até o BNDES, sempre ele!, deve assumir parte da fatura, comprando crédito de recebível de Itaipu. É o futuro sendo hipotecado no afã de estimular um pouco mais a capenga economia no curto prazo.
A forma que a presidente escolheu para o anúncio das medidas comprova seu total viés eleitoreiro. Confundindo governo com nação e estado com partido, Dilma adotou um tom extremamente político em cadeia nacional de rádio e televisão, usando o governo para fazer campanha eleitoral. Ainda prometeu o que não tem como cumprir, uma vez que há sim risco de racionamento se não chover. E Dilma controla muitas coisas, mas não o clima.
A Fiesp pode celebrar, assim como alguns consumidores leigos em economia ou igualmente míopes. Mas aqueles com maior esclarecimento sabem que empurrar custos para frente pode ser como jogar uma bola de neve morro abaixo: o risco de avalanche não é nada desprezível.
Published on January 25, 2013 05:04
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