Rodrigo Constantino's Blog, page 332

April 12, 2013

Pela redução da maioridade


Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal
O tema da maioridade penal voltou ao debate com mais um crime cruel perpetrado por um jovem de 17 anos, que matou a vítima, outro jovem, mesmo sem tentativa de reação. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, assumiu a postura que defende endurecer as penas previstas no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). A mesma esquerda de sempre reage.
Quais são os seus argumentos? O comentarista Kennedy Alencar, na rádio CBN, expôs hoje um resumo do que eles pensam. Kennedy enxerga os bandidos como “vítimas da pobreza”, e acredita que a principal função da punição é “ressocializar” esses marginais. Por isso devemos ter cuidado com o “oportunismo” gerado no “calor das emoções”. Ele está satisfeito com o ECA e não quer reduzir a maioridade penal (que é muito menor nos principais países desenvolvidos).
Segundo sua lógica, tal redução faria apenas com que os bandidos aliciassem pessoas cada vez mais jovens, de 14 ou 15 anos. Brilhante! Logo, posso concluir que Kennedy seria favorável até mesmo ao aumento da maioridade, para 21 ou quiçá 25 anos. Afinal, isso iria “proteger” os jovens, pela ótica dele. Como as prisões são “pós-graduação” no crime, mandá-los para lá só piora as coisas. Viva a impunidade!
O “calor das emoções”, no fundo, já passou para vários outros crimes semelhantes, e os familiares das vítimas continuam aguardando punição mais severa para os cruéis e frios assassinos de seus parentes. Ao tratar marmanjos assassinos de 17 anos como seres inimputáveis ou vítimas da sociedade, a esquerda acaba estimulando a criminalidade.
Curiosamente, a mesma esquerda pensa que tais “crianças” se tornam “adultos responsáveis” na hora das eleições, permitindo o voto a partir de 16 anos. É mais fácil vender utopia socialista para a garotada. Portanto, votar aos 16 anos pode; ir para a cadeia por estourar os miolos de um rapaz inocente, não!

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Published on April 12, 2013 05:41

April 10, 2013

A entrevista daquele que já deveria estar preso

Rodrigo Constantino

José Dirceu, o "chefe de quadrilha" julgado e condenado e que já deveria estar preso, deu uma entrevista para a Folha, como muitos sabem. Nela, ele acusa (novamente) o ministro Fux de ter garantido que lhe absolveria no processo do mensalão. Como Dirceu é esperto, mas não é burro, ele disse que isso NÃO influenciou na escolha de Fux pela presidente Dilma. Seria escandaloso demais. 

E é! É um absurdo! Coisa de república de banana! Ora, se a suposta promessa de Fux não teve peso na escolha, então por que Dirceu traz isso à tona? Ou ele falava da boca para fora com um "zé ninguém" sem influência na escolha, ou Dirceu está confessando que a presidente Dilma apontou um ministro porque ele ofereceu em troca a sua absolvição. E tudo para avacalhar o julgamento do STF. 

Nós, que tampouco somos burros, sabemos a versão verdadeira. E isso apenas comprova que lugar de petralha mensaleiro é na cadeia, pois eles tentaram (e ainda tentam) destruir as principais instituições republicanas desse Brasil. Se Fux fez mesmo essa promessa, só podemos celebrar sua traição. E que a presidente Dilma não escolha mais um ministro com base em tais critérios, digamos, cubanos.

Quanto a Dirceu não se considerar culpado, mas sim um "perseguido político", isso já valia para a época em que ele sonhava em adotar uma ditadura nos moldes cubanos por aqui, na década de 60, achando (uma vez mais) que seus "nobres" fins justificavam os mais nefastos meios. Não tem jeito: pessoas com tal mentalidade e dispostas a partir para a ação merecem o único lugar adequado como destino: o xilindró. 

Aliás, o que as autoridades estão esperando para encaminhar de uma vez esse réu julgado e condenado ao lugar que ele merece? 
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Published on April 10, 2013 12:44

April 5, 2013

Sua reputação não lhe pertence


Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal
Sexta-feira, dia de buscar notícias boas para esse comentário. Eu poderia falar da entrevista do ministro Guido Mantega na Globo News, com Miriam Leitão, mas isso seria depressivo demais. Vimos um ministro com voz embargada, na defensiva, mentindo descaradamente, jogando a culpa de seus fracassos para bodes expiatórios, e negando os problemas existentes na economia. Não! Vamos falar de coisa boa!
O Congresso aprovou, finalmente, a lei que permite biografias não autorizadas no Brasil. Ainda falta tramitar pelo Senado e ser sancionada, mas é um ótimo começo. É absolutamente ridículo vetar o direito do escritor de escrever sobre alguma figura pública sem a sua autorização. Até porque biografia autorizada não é biografia; é propaganda. Biografia que se preza é sempre não autorizada, para ser o mais imparcial possível.
Nelson Motta escreveu em sua coluna de hoje no jornal O Globo sobre o assunto, relatando que já sofreu na pele com essa lei absurda. Como ele diz, seguindo essa lógica tosca, “não teríamos biografias nem de Hitler, bastaria seus herdeiros reivindicarem seus direitos no Fórum do Rio de Janeiro”.
Como disse Walter Block em seu provocativo e excelente livro Defendendo o Indefensável: “É fácil ser um defensor da liberdade de expressão quando isso se aplica aos direitos daqueles com quem estamos de acordo”. As pessoas, especialmente aquelas que são figuras públicas, precisam entender que seus atos lhes pertencem, mas não a opinião que os outros têm desses atos. A nossa reputação pertence aos demais, ao público.
Aquilo que for difamatório e mentiroso deve ser julgado, punido se for o caso, e suspenso. O ônus da prova cabe a quem acusa. Mas para isso já existem leis. O que é absurdo é proibir alguém de emitir opiniões ou relatar fatos comprovados sobre pessoas famosas. Isso é patético.
Viviane Mosé, no programa “Liberdade de Expressão” da CBN, defendeu a lei atual, pois cada um deveria ter o direito de contar sua própria história. Falso! Cada um que conte a sua versão, mas que outros gozem da mesma liberdade. A fama é uma faca de dois gumes. Não dá para ter apenas o bônus. Entrou na chuva é para se molhar.
Temos o direito de ler opiniões críticas e relatos não autorizados sobre a vida das celebridades, dos políticos, das pessoas famosas. Nos Estados Unidos isso é a coisa mais comum do mundo. Celebremos esse avanço, que já vem muito tarde, aqui no Brasil. Quem não deve, não teme.
Para finalizar, cito Thomas Sowell: “Você não pode impedir que as pessoas digam coisas ruins sobre você; tudo que você pode fazer é transformá-los em mentirosos”. Não é mesmo, Luis Nassif? Não é verdade, Paulo Henrique Amorim?
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Published on April 05, 2013 06:36

April 4, 2013

April 3, 2013

A cara de pau de Nassif

Rodrigo Constantino

Meu artigo de ontem no GLOBO realmente incomodou muita gente. E isso é ótimo sinal! Afinal, incomodou as pessoas que menos respeito merecem, pois são defensoras, por ideologia ou bolso, do que há de pior na política nacional: a ala podre do PT (talvez o certo seria falar em ala mais podre, pois desconheço ala decente ali). 

Uma dessas pessoas foi Luis Nassif. Ele escreveu um comentário onde sobram ofensas pessoais, mas faltam argumentos. Aliás, como de praxe na esquerda jurássica. Alguns acham que não vale a pena rebater gente como o Nassif, pois sua "opinião" seria diretamente atrelada ao interesse de quem paga sua conta. Pode ser. Mas acho que vale, sim, mostrar o modus operandi dessa turma. Afinal, a turma está no poder!

Nassif começa tentando manchar a imprensa pela escolha do meu nome como um dos tantos colunistas. Ele diz: "Por mais que tente, não consigo atinar com a lógica da partidarização da imprensa e os critérios de escolha de seus legionários". Como se ele não tivesse partido, e como se ninguém soubesse qual é! E como se os critérios de escolha fossem únicos e partidários...

Resta Nassif explicar, então, porque no mesmo jornal O Globo escrevem liberais como Paulo Guedes e eu próprio, e socialistas declarados como Verissimo, fora tantos outros colunistas ou convidados com forte viés de esquerda. A acusação de "partidarismo", como se vê, vem à tona apenas quando um dos lados se manifesta com firmeza, de forma direta: o lado liberal. Ser partidário do PT pode, segundo Nassif. Haja cara-de-pau!

Em seguida, Nassif parece sentir saudades de um tempo em que a inteligência estava com a esquerda. Sério? Quando foi isso? Ele diz: nos anos 70 e 80. Ou seja, quando muitos ainda defendiam o nefasto regime socialista, aquele que ceifou a vida de 100 milhões de inocentes, e espalhou muita miséria e escravidão pelo planeta. Se isso é inteligência, eu nem quero saber o que é burrice! Talvez pensar que não há gente inteligente no público para detectar as próprias burrices, não é mesmo?

Depois, Nassif tenta me desqualificar como ícone do liberalismo, citando nomes como os de Roberto Campos, Paulo Guedes e Eduardo Giannetti da Fonseca. Ora bolas, são todos admirados e respeitados por mim, mas não por eles, os petralhas! Roberto Campos era chamado de "Bob Fields" pela canalha, e era alvo de ataques virulentos, os mesmos que fazem direcionados a mim agora (aliás, não parem, pois vejo a gritaria da corja como combustível para minha batalha por mais liberdade).

À frente, Nassif acusa os liberais de anticomunistas caricatos, e de beligerantes, citando Serra como exemplo. Oh God! Entenderam? Beligerantes não são os petistas que Nassif puxa o saco. Imagina! Sabem aqueles discursos verborrágicos e raivosos do Lula, que tenta segregar o povo, dividir para conquistar? Nada beligerante. Agressivos são os liberais! E de uma vez por todas, Nassif e demais petralhas, parem de incluir José Serra no rol dos liberais! Ele não é, nunca foi, e pelo visto jamais será um de nós. Ele é um esquerdista de alma e corpo. Pergunte a ele!

Em momento de auge da cara-de-pau, ainda tentando me desqualificar como porta-voz do liberalismo, Nassif diz: "Há inúmeras teses legitimadoras do liberalismo: o empreendedorismo, a governança no mercado de capitais, a liberdade individual, a iniciativa, o combate às burocracias". Sério mesmo? E Nassif não sabe que essas são bandeiras que eu defendo, contra justamente os petistas que ele defende? A quem você quer enganar? Esse discurso "legítimo" do liberalismo, segundo você mesmo, é execrado pelos seus "patrões". Menos, Nassif...

Por fim, teve gente acusando o artigo de "homofóbico", por causa do parágrafo sobre a hipotética (ou seria profética?) Lei Jean Wyllys, que prenderia alguém por externar sua preferência por um filho heterossexual. Os que pensam assim ignoram que passaram recibo, que concordam que é "homofobia" simplesmente preferir um filho hetero. Viram só como estou no caminho certo em minha distopia? 

Se depender dessa gente, amanhã será crime você não ser indiferente quanto à escolha sexual de seu filho. Não é mais preciso odiar, desrespeitar, agredir um gay para ser homofóbico. Para ser "homofóbico", você precisa apenas pensar e dizer que não é indiferente ao fato de o filho ser macho ou gay. Quando vemos isso, conseguimos expressar até mesmo um pinguinho de simpatia pelo pastor Feliciano, não é mesmo? Olha o que gente como o Nassif consegue fazer comigo!!!
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Published on April 03, 2013 13:56

April 2, 2013

De volta do futuro


Rodrigo Constantino, O GLOBO
O ano é 2030. Cheguei aqui com minha DeLorean, na esperança de encontrar um país mais próspero e livre. Qual não foi minha surpresa quando dei logo de cara com uma enorme estátua de Lula!Curioso, perguntei a um transeunte do que se tratava. Um tanto incrédulo com minha ignorância, o rapaz explicou que era a homenagem ao São Lula, ex-presidente e “pai dos pobres”. Havia uma estátua dessas em cada cidade grande do país. Afinal, tínhamos a obrigação de celebrar os 150 milhões de brasileiros incluídos no Bolsa Família.Após o susto inicial, eu quis saber quem pagava por tanta esmola, e se isso não gerava uma nefasta dependência do Estado. O rapaz parece não ter compreendido minha pergunta. Disse que estava com pressa para entrar na fila do pão, e que seu cartão de racionamento ainda dava direito a uns bons cem gramas.Em seguida, vi na televisão de uma loja um rosto conhecido, ainda que envelhecido. Era o ministro Guido Mantega! E pelo visto ele ainda era o ministro. Ele estava explicando o motivo pelo qual sua previsão de crescimento de 5% não se concretizou. A queda de 3% do PIB havia sido culpa da crise em Madagascar. Mas tudo iria melhorar no próximo ano.Notei então o preço do aparelho de TV: 100 mil bolívares. Assustado, perguntei ao vendedor do que se tratava, explicando que eu era de fora. O homem disse que, em 2022, após a inflação chegar em 20% ao mês, o governo cortou três zeros da moeda. Pensei logo no bigodudo. Como isso não funcionou, o governo decidiu adotar o bolívar, moeda comum do Mercosul.Descobri que os países “bolivarianos” chegaram a adotar o escambo, depois que suas respectivas moedas perderam quase todo o valor frente ao dólar. A moeda comum foi uma medida urgente, pois estava difícil efetuar as trocas. O criador de gado argentino precisava encontrar um produtor de soja brasileiro disposto a trocar o mesmo valor de gado por soja. Era um caos!Levantei ainda alguns dados no jornal “Granma Brasil” (parece que o “controle democrático” da imprensa havia finalmente passado, e o governo se tornou o dono do único jornal no país). A inflação oficial era de “apenas” 30%, mas todos sabiam nas ruas que ela era ao menos o triplo disso. Um centenário Delfim Netto desqualificava os críticos do Banco Central como “ortodoxos fanáticos”.Não havia mais miserável no Brasil, pois a linha de pobreza era calculada com base no mesmo valor nominal de 2010. Mas havia mendigos para todo lado. Um desses mendigos me pareceu familiar. Eu poderia jurar que era o Mr. X! Mas não poderia ser. Afinal, ele era um dos homens mais ricos do país, e tinha ótimo relacionamento com o governo. O BNDES era um grande parceiro seu.Foi quando decidi ver que fim tinha levado o banco estatal. Soube que, após o décimo aumento de capital na Petrobras (que agora importava toda a gasolina vendida), e vários calotes dos “campeões nacionais”, o BNDES tinha se unido ao Banco do Brasil e à Caixa, esta falida nos escombros do Minha Casa Minha Vida, para formar o Banco do Povo. O símbolo era uma estrela vermelha.O Tesouro já tinha injetado mais de US$ 2 trilhões no banco, para tampar os rombos criados na época da farra creditícia. Especialistas gregos foram chamados para prestar consultoria.Com fome, procurei um restaurante. Todos eram muito parecidos, e tinham a mesma estrela vermelha na entrada. Soube então que era o resultado de um decreto do governo Mercadante em 2018. Em nome da igualdade, todos os restaurantes teriam que fornecer o mesmo cardápio pelo mesmo preço. Frango era item de luxo, e custava muito caro. Continuei faminto.Veio em minha direção uma multidão de mulheres desesperadas protestando. Quis saber o que era aquilo, e me explicaram que, em 2014, quase todas as empregadas domésticas perderam seus empregos por causa de mudanças nas leis. Havia ficado proibitivo contratá-las. Desde então, elas vagam pelas ruas protestando e mendigando, sem oportunidades de emprego. “O inferno está cheio de boas intenções”, pensei.Um rebuliço começou perto de mim, e uma tropa de choque surgiu do nada e arrastou um sujeito até a cadeia. Descobri que ele foi acusado de homofobia e enquadrado na Lei Jean Willys, pegando 10 anos de prisão por ter dito abertamente que preferia um filho heterossexual a um filho gay. A pena foi acrescida de 2 anos pelo uso do termo gay, em vez de “homoafetivo”.Desesperado com tudo, eu ajustei minha máquina de volta para 2013, decidido a fazer o que estivesse ao meu limitado alcance para impedir um futuro tão maldito do meu país.
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Published on April 02, 2013 19:08

April 1, 2013

A Maré


Carta mensal da MP Advisors 
"O dinheiro compra até o amor verdadeiro."Nelson Rodrigues
Não creio que os atuais presidentes dos bancos centrais dos Estados Unidos, Europa e Japão conheçam a obra de Nelson Rodrigues, eles porém concordam e usam a frase à exaustão. Até porque esse dinheiro não é deles e é muito fácil de imprimir.  Como diria Ben Bernanke, além de amor verdadeiro, o dinheiro compra também inflação de ativos.
Nesta carta mensal iremos falar um pouco lá de fora, afinal países periféricos como o Brasil nada mais são do que barquinhos que sobem e descem de acordo com a maré, representada pelos grandes blocos econômicos.  De vez em quando, nosso barquinho é acometido da síndrome de Netuno, que segundo a mitologia acalma e enfurece oceanos, mas logo depois o enfermeiro traz o seu remédio e ele se acalma.
Os dados estão aí: no governo FHC os preços das commodities caíram; no governo Lula subiram 180% e no governo Dilma já caem 15%. Analisando-se o desempenho da economia nacional nestes três governos, entendemos que parte não desprezível do crescimento (ou da falta do mesmo) advém justamente do que acontece no resto do mundo, a famosa maré.  Mesmo que recentemente a estagflação brasileira seja resultado das escolhas de Dilma, ainda assim vale olharmos como andam as coisas pelo mundo.
Em sua última reunião, o Federal Reserve manteve as taxas de juros perto de zero e nos informou que continuará a inundar o mercado de dinheiro, comprando USD 40 bilhões por mês de papéis hipotecários e USD 45 bilhões por mês de títulos governamentais mais longos.   Com isso, o FED irriga a economia (via mercado imobiliário) e mantém as taxas de juros de longo prazo artificialmente baixas.  Porém, Ben Bernanke e seus diretores avisam que o "open bar" tem data e hora para acabar.  Assim que a taxa de desemprego chegar em 6,5% (está em 7,7%) ou a inflação subir além de 2,5% (projeção de 1 ou 2 anos) eles irão começar o desmonte da festa.
Na Europa, as tensões financeiras que tinham acalmado desde o segundo semestre do ano passado, retornaram.  O Chipre, país pequeno e pouco importante, quebrou e teve de ser socorrido. Até aí nada demais se não fosse pela forma que isto está sendo conduzido.  Como contrapartida para uma ajuda de cerca de USD 10 bilhões, a ilhota deverá concordar em "taxar" os depósitos bancários acima de EUR 100 mil em algo como 30%.  É notório que o sistema bancário cipriota é uma máquina de lavar dinheiro ilegal, especialmente da Rússia, porém um confisco é sempre um confisco.  Fica complicado convencer um português, um espanhol, um grego ou um irlandês que ele deva deixar a sua poupança num banco local, após esse "plano collor" cipriota.   A população da zona do euro, criada na filosofia social-democrata,  não está vendo retorno para os ajustes fiscais e já começa a protestar na urnas.  A recente eleição italiana, onde um comediante (e um partido sem estrutura nenhuma) abocanhou 1/3 dos votos, é o maior reflexo disso. 









  

Na Ásia, o Japão cansou de apanhar sozinho na guerra cambial e entrou na farra da impressão de dinheiro. Com isso o yen caiu de 75 para 95 por dólar.  As exportações japonesas agradecem;  o movimento até demorou, tendo em vista que o ambiente era deflacionário desde a década de 90.  Porém sabemos que a guerra cambial, em termos de crescimento global, é um jogo de soma zero.  Agora foi a vez dos japoneses.  Na China, há o começo de um novo governo com metas claras e ambiciosas de crescimento estável em 7,5% ao ano e inflação não superior a 3,5%.  Tarefa particularmente complicada, pois a China está em fase de transição de crescimento via exportação (mão de obra muito barata) para crescimento via consumo interno.  Cabe ressaltar que a demografia chinesa está mudando muito rapidamente e isso terá impactos grandes no mundo.  A taxa de reposição chinesa é de 1,4 filhos por mulher,levando a um envelhecimento acelerado da população. Hoje há 116 milhões de pessoas entre 20 e 24 anos. Esse número deve cair para 94 milhões em 2020 e para apenas 67 milhões em 2030.  Enquanto isso, o time das pessoas acima de 60 anos já conta com 180 milhões, vai para 240 milhões em 2020 e 360 milhões em 2030.  Além do óbvio problema previdenciário, haverá cada vez menos jovens querendo ir para as fábricas, pelo menor número de jovens e por eles quererem fazer faculdade e não ir para uma linha de montagem.   
O modelo chinês, que tanto ajudou os emergentes produtores de commodities, está em franca transição e parece que isso  nem passa pela cabeça das nossas autoridades econômicas.  Aliás, a demografia é sempre vista como uma ciência de longo prazo, porém os efeitos já estão aí.  Parte do que a Europa/EUA vivem hoje (baixo crescimento, contas fiscais que não fecham) já é função de uma população declinante. A figura, no centro da página, ilustra essa desaceleração de longo prazo.
A baixa volatilidade que os ativos financeiros exibem já há quase um ano são um reflexo do fato que os blocos econômicos estão mais ou menos sincronizados em seu expansionismo monetário.  O bom senso indica que isso não deve durar, pois os EUA estão bem na frente do resto em todo processo.  Imaginem o que será um banco central americano recolhendo dinheiro enquanto os outros continuam na festa? Interessante não?  Por hora,  a festa sincronizada dos bancos centrais e a baixa volatilidade parecem continuar, mas não por muito tempo.  O fato é que o mundo está envelhecendo, as fontes de crescimento econômico estão se esgotando e a dívida de quase todo mundo está muito alta.  Como a conta fecha?  A resposta de médio e longo prazo é complicada, um pouco mais de inflação, um Chipre aqui e outro acolá, alguma revolução tecnológica?  Mente quem diz ter visibilidade nisso.
No curto prazo (até o fim deste semestre) a inflação global deve se manter comportada, e com isso a renda fixa (bonds) corporativa deve continuar atrativa (embora bem vulnerável ao fim da festa).  As ações de empresas americanas devem continuar a se valorizar, embora mais caras que seus pares europeus.  Falando em ações, a pobreza das ações brasileiras frente ao resto do mundo também deverá permanecer ( motivos aqui explicados anteriormente).  Gostamos particularmente (porém sempre selecionando) do setor imobiliário (fundos imobiliários e empresas do setor) nos Estados Unidos, que ainda oferece diversos ativos com boas chances de ganho.  Não vemos o ouro com valorização abrupta de curto prazo, porém achamos que as quedas devem ser aproveitadas para posições de médio e longo prazo contra a inflação global que tem boas chances de ocorrer.  Em resumo, a festa do dinheiro barato ainda deve demorar mais um pouco, mas o fim dela não deverá ser tranquilo não.  
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Published on April 01, 2013 13:25

March 25, 2013

Entrevista para Café Colombo

Segue a entrevista que concedi ao Café Colombo sobre meu livro Privatize Já.
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Published on March 25, 2013 16:01

March 22, 2013

Militância fascista


Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal
No caderno dos leitores no jornal O Globo de hoje, o leitor Jayme Ferrari foi direto ao ponto: “O pastor Feliciano foi eleito com 200 mil votos e escolhido para a presidência da Comissão de Direitos Humanos. Por que o escarcéu? Jamais votaria nele, mas me causa mais indignação os deputados João Paulo Cunha e José Genuíno, condenados a penas somadas de 17 anos de cadeia, integrarem a Comissão de Justiça (!) da Câmara. Cadê a militância barulhenta gritando contra esse absurdo? Cadê a UNE? E a turba “progressista”? Progressismo bom é dos amigos”.
Ninguém precisa ter um pingo de simpatia pelo pastor Feliciano (meu caso) para compreender o perigo que estamos vivendo. Há uma minoria, uma patota muito organizada, que pensa que pode mandar no grito! São fascistas em potencial ou já formados. Não aceitam as regras do jogo, não toleram a democracia. O jornalista Reinaldo Azevedo escreveu um importante artigo sobre o assunto, mostrando o desrespeito dessa gente ao Estado Democrático de Direito. São os “fascistas do bem”, e precisam ser contidos antes que seja tarde demais.
Não chama a atenção do prezado leitor o fato de que toda essa grita é voltada apenas para o pastor Feliciano, e não haja um único movimento organizado contra os petistas condenados no Congresso, ocupando comissões importantes como a de Justiça? Se o leitor assinou aquela petição contra Renan Calheiros pela Avaaz, saiba que essa ONG, liderada por um esquerdista convicto, não faz campanha contra um único petista! Onde estão as petições pela prisão de Dirceu, pela derrubada de Genoíno e Cunha? Ninguém sabe, ninguém viu.
Atentai para este fato, estimado leitor! O duplo padrão “moral” é evidente. Há um grupelho minoritário, porém muito bem orquestrado e barulhento, que pretende solapar as instituições democráticas e governar no grito. Onde foi que já vimos isso antes? Sim, naquele nefasto regime: o fascismo!

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Published on March 22, 2013 06:56

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