Rodrigo Constantino's Blog, page 322
July 1, 2013
Por que dou meu apoio ao Partido Novo
Palestra que fiz na PUC-RJ sobre o Partido Novo, explicando porque essa iniciativa conta com o meu apoio.
Published on July 01, 2013 18:56
O inverno brasileiro
Carta Mensal da MP Advisors
“É o homem previamente esvaziado de sua própria história, sem entranhas de passado e, por isso mesmo, dócil a todas as disciplinas chamadas “internacionais” (…) só tem apetites, pensa que só tem direitos e não acha que tem obrigações: é um homem sem obrigações de nobreza.”
O Homem-Massa, segundo José Ortega Y Gasset
Usualmente, os estudantes escolhem o mês de outubro para a semana do saco cheio, para dar um tempo. Este ano, não só os estudantes mas também toda sorte de gente escolheu junho para dar o seu grito de basta. Todos foram para a rua protestar contra 'tudo isso que está aí'. Nossos leitores sabem que motivos não faltam para tanta indignação. Afinal, a conta dos 10 anos de PT está chegando, e garanto que não vai ser baratinha não. Mas o que exatamente está em curso? Esse movimento nas ruas é algo positivo ou negativo? Quais as implicações políticas do despertar do 'gigante'? E a economia? Qual a visibilidade para os investimentos?
Não se trata de uma carta mensal trivial e muito menos fácil. Quisera eu ter as certezas que as massas (reais e das redes sociais) demonstram com tanta propriedade, após descobriremo que afinal era essa tal de PEC 37. O que me move, neste texto, é um certo assombro com o nosso tempo e mais dúvidas do que certezas em relação ao nosso futuro. De qualquer forma, pode-se inferir do processo em curso:
- As redes sociais, a exemplo do que já ocorre em outros países, agilizam e potencializam esse movimento que os especialistas chamam de swarming (comportamento migratório de manada). A democracia tradicional representativa, onde o eleitor esperava pacientemente quatro anos por um recall (reelege ou não) do seu candidato parece obsoleta no mundo em rede, onde as demandas são instantâneas. A geração predominante (Y) é mimada e deseja tudo para ontem. O grande risco é a volta dos governos populistas, agradando a qualquer custo o seu eleitor.
- O filósofo Raymond Aron definiu os protestos de Paris em 68 como um 'psicodrama coletivo'. Pela variedade difusa de demandas (algumas contraditórias entre si) e pela falta de lideranças, o movimento tem componentes de um certo desconforto existencial de uma geração, onde a crença em Deus (presente nas gerações passadas) foi substituída pela crença no estado babá. Quando o provedor não atende suas expectativas, a revolta e a angústia tomam conta do indivíduo. Eles diagnosticam corretamente o problema (o estado é corrupto e ineficiente), mas pedem, como solução, justamente 'mais estado'. De positivo pode-se ressaltar que o brasileiro se descobre como um 'pagador de impostos'.
- Falta de conexão entre causa e efeito. Não é de se espantar saber que quem está nas ruas agora foi justamente quem elegeu PT & aliados nos últimos 10 anos? A massa se comporta como se os marcianos tivessem instalado o PT na direção do país, contra a nossa vontade.
- A resposta do governo nos levará mais e mais para a esquerda. Afinal, quando se pede para um pagodeiro tocar uma música, ele responderá tocando mais um pagode. Assim é com a Dilma, não importa o problema. Ela responderá sempre da mesma forma. Aliás, é bom frisar que gosto muito da Dilma e do Mantega, quando estão dormindo. Os dois acordados, e sendo pressionados pela turba, só responderão com mais e mais gastos públicos, já em curso com o passe livre para os estudantes, a suspensão de reajustes nas concessionárias elétricas e de rodovias e um não solicitado plebiscito de custo estimado em R$ 500 milhões.
- Muito da 'resposta' do governo e do congresso é apenas cortina de fumaça, e sabemos que educação e saúde não irão melhorar com esse nível de competência presente no governo, vide o atraso presente em praticamente todas as obras do PAC. No curto prazo, as ruas devem se acalmar (os protestos já reúnem menos e menos pessoas), porém no médio prazo (Copa de 2014?), essa multidão poderá voltar para as ruas, ensandecida e não mais disposta a dar um crédito de confiança para as autoridades. O resultado pode ser catastrófico.
É claro que não desejamos fazer a defesa das autoridades no poder, apenas questionamos se esse método das ruas é o mais eficaz. Acreditamos na legalidade e nas regras do jogo. O mais importante agora é termos certeza que o jogo eleitoral é limpo (porque não uma auditoria nas urnas eletrônicas?) e lutarmos por uma mudança dos rumos do país nas urnas e dentro das regras democráticas. A baderna nas ruas só interessa aos que não tem nenhum apreço pela democracia, que fique claro. E imaginar que colocar centenas de milhares nas ruas sem qualquer tipo de baderna é ingenuidade.
Para adicionar insulto à injúria, o ataque de nervos brasileiro ocorre bem no momento em que o banco central americano, o FED, anuncia que considera o início da redução do programa de compra de títulos (algo como USD 85 bilhões por mês) para o final de 2013 e se estendendo até meados de 2014. Embora isso não signifique aumento das taxas de juros (que viriam em um momento posterior), o mercado global se assustou e o impacto nos ativos financeiros foi generalizado. Títulos de renda fixa, ações, ouro e moedas tiveram oscilações negativas significativas. O resumo é que desde 2008 o Brasil teve 5 anos para arrumar a casa, fazer as reformas e pavimentar o caminho de crescimento sustentável. Mas qual foi a opção de Dilma? Tal qual a cigarra preguiçosa da fábula, ela optou por mais e mais gastos e estímulo ao endividamento e ao consumismo exagerado da nova classe C. Pois bem, o inverno está chegando e a cigarra não se preparou.
Na renda fixa a nossa visão mudou um pouco. Após um tempo de tutela, o Banco Central parece que ganhou da Dilma liberdade para agir. Afinal, ela viu que aumento dos preços pode tirar voto. Esperamos um banco central um pouco mais ativo e imaginamos, no final do ciclo de aumento dos juros, uma taxa SELIC na casa de 10% ao ano. No atual nível de preços dos títulos pré-fixados, não vemos um prêmio razoável para estas posições, bem como no mercado de papéis de curto prazo indexados à inflação. O melhor é ficar pós-fixado e aproveitar a elevação das taxas. No mercado internacional os preços dos títulos de renda fixa, após a correção, estão atrativos. Teremos um longo chão até o aumento de juros nos EUA.
Temos alertado nossos amigos e clientes a se manter longe da bolsa. A recente onda de populismo de Alckmin e Beto Richa, impedindo os reajustes dos pedágios e de energia (Copel), mostra que não existe setor seguro num país com governo socialista e oposição medrosa, que tenta agradar às ruas de qualquer maneira. E um ambiente de aumento de juros e estagflação não é propício para aventuras com as ações brasileiras.
O dólar teve um mês nervoso, chegando a bater em R$ 2,28 e fechando o mês na casa dos R$ 2,22. Aqui há dois fatores remando na mesma direção (desvalorização do real): a tendência do dólar se valorizar frente a todas as moedas (crescimento nos EUA ) somada aos nossos problemas intrínsecos. Mesmo com toda a munição do governo, a tendência do real é de uma lenta, porém constante, desvalorização.
O momento é de calma, liquidez, pouco risco e comedimento nos gastos. O futuro nunca esteve tão incerto.
“É o homem previamente esvaziado de sua própria história, sem entranhas de passado e, por isso mesmo, dócil a todas as disciplinas chamadas “internacionais” (…) só tem apetites, pensa que só tem direitos e não acha que tem obrigações: é um homem sem obrigações de nobreza.”
O Homem-Massa, segundo José Ortega Y Gasset
Usualmente, os estudantes escolhem o mês de outubro para a semana do saco cheio, para dar um tempo. Este ano, não só os estudantes mas também toda sorte de gente escolheu junho para dar o seu grito de basta. Todos foram para a rua protestar contra 'tudo isso que está aí'. Nossos leitores sabem que motivos não faltam para tanta indignação. Afinal, a conta dos 10 anos de PT está chegando, e garanto que não vai ser baratinha não. Mas o que exatamente está em curso? Esse movimento nas ruas é algo positivo ou negativo? Quais as implicações políticas do despertar do 'gigante'? E a economia? Qual a visibilidade para os investimentos?
Não se trata de uma carta mensal trivial e muito menos fácil. Quisera eu ter as certezas que as massas (reais e das redes sociais) demonstram com tanta propriedade, após descobriremo que afinal era essa tal de PEC 37. O que me move, neste texto, é um certo assombro com o nosso tempo e mais dúvidas do que certezas em relação ao nosso futuro. De qualquer forma, pode-se inferir do processo em curso:
- As redes sociais, a exemplo do que já ocorre em outros países, agilizam e potencializam esse movimento que os especialistas chamam de swarming (comportamento migratório de manada). A democracia tradicional representativa, onde o eleitor esperava pacientemente quatro anos por um recall (reelege ou não) do seu candidato parece obsoleta no mundo em rede, onde as demandas são instantâneas. A geração predominante (Y) é mimada e deseja tudo para ontem. O grande risco é a volta dos governos populistas, agradando a qualquer custo o seu eleitor.
- O filósofo Raymond Aron definiu os protestos de Paris em 68 como um 'psicodrama coletivo'. Pela variedade difusa de demandas (algumas contraditórias entre si) e pela falta de lideranças, o movimento tem componentes de um certo desconforto existencial de uma geração, onde a crença em Deus (presente nas gerações passadas) foi substituída pela crença no estado babá. Quando o provedor não atende suas expectativas, a revolta e a angústia tomam conta do indivíduo. Eles diagnosticam corretamente o problema (o estado é corrupto e ineficiente), mas pedem, como solução, justamente 'mais estado'. De positivo pode-se ressaltar que o brasileiro se descobre como um 'pagador de impostos'.
- Falta de conexão entre causa e efeito. Não é de se espantar saber que quem está nas ruas agora foi justamente quem elegeu PT & aliados nos últimos 10 anos? A massa se comporta como se os marcianos tivessem instalado o PT na direção do país, contra a nossa vontade.
- A resposta do governo nos levará mais e mais para a esquerda. Afinal, quando se pede para um pagodeiro tocar uma música, ele responderá tocando mais um pagode. Assim é com a Dilma, não importa o problema. Ela responderá sempre da mesma forma. Aliás, é bom frisar que gosto muito da Dilma e do Mantega, quando estão dormindo. Os dois acordados, e sendo pressionados pela turba, só responderão com mais e mais gastos públicos, já em curso com o passe livre para os estudantes, a suspensão de reajustes nas concessionárias elétricas e de rodovias e um não solicitado plebiscito de custo estimado em R$ 500 milhões.

- Muito da 'resposta' do governo e do congresso é apenas cortina de fumaça, e sabemos que educação e saúde não irão melhorar com esse nível de competência presente no governo, vide o atraso presente em praticamente todas as obras do PAC. No curto prazo, as ruas devem se acalmar (os protestos já reúnem menos e menos pessoas), porém no médio prazo (Copa de 2014?), essa multidão poderá voltar para as ruas, ensandecida e não mais disposta a dar um crédito de confiança para as autoridades. O resultado pode ser catastrófico.
É claro que não desejamos fazer a defesa das autoridades no poder, apenas questionamos se esse método das ruas é o mais eficaz. Acreditamos na legalidade e nas regras do jogo. O mais importante agora é termos certeza que o jogo eleitoral é limpo (porque não uma auditoria nas urnas eletrônicas?) e lutarmos por uma mudança dos rumos do país nas urnas e dentro das regras democráticas. A baderna nas ruas só interessa aos que não tem nenhum apreço pela democracia, que fique claro. E imaginar que colocar centenas de milhares nas ruas sem qualquer tipo de baderna é ingenuidade.
Para adicionar insulto à injúria, o ataque de nervos brasileiro ocorre bem no momento em que o banco central americano, o FED, anuncia que considera o início da redução do programa de compra de títulos (algo como USD 85 bilhões por mês) para o final de 2013 e se estendendo até meados de 2014. Embora isso não signifique aumento das taxas de juros (que viriam em um momento posterior), o mercado global se assustou e o impacto nos ativos financeiros foi generalizado. Títulos de renda fixa, ações, ouro e moedas tiveram oscilações negativas significativas. O resumo é que desde 2008 o Brasil teve 5 anos para arrumar a casa, fazer as reformas e pavimentar o caminho de crescimento sustentável. Mas qual foi a opção de Dilma? Tal qual a cigarra preguiçosa da fábula, ela optou por mais e mais gastos e estímulo ao endividamento e ao consumismo exagerado da nova classe C. Pois bem, o inverno está chegando e a cigarra não se preparou.
Na renda fixa a nossa visão mudou um pouco. Após um tempo de tutela, o Banco Central parece que ganhou da Dilma liberdade para agir. Afinal, ela viu que aumento dos preços pode tirar voto. Esperamos um banco central um pouco mais ativo e imaginamos, no final do ciclo de aumento dos juros, uma taxa SELIC na casa de 10% ao ano. No atual nível de preços dos títulos pré-fixados, não vemos um prêmio razoável para estas posições, bem como no mercado de papéis de curto prazo indexados à inflação. O melhor é ficar pós-fixado e aproveitar a elevação das taxas. No mercado internacional os preços dos títulos de renda fixa, após a correção, estão atrativos. Teremos um longo chão até o aumento de juros nos EUA.
Temos alertado nossos amigos e clientes a se manter longe da bolsa. A recente onda de populismo de Alckmin e Beto Richa, impedindo os reajustes dos pedágios e de energia (Copel), mostra que não existe setor seguro num país com governo socialista e oposição medrosa, que tenta agradar às ruas de qualquer maneira. E um ambiente de aumento de juros e estagflação não é propício para aventuras com as ações brasileiras.
O dólar teve um mês nervoso, chegando a bater em R$ 2,28 e fechando o mês na casa dos R$ 2,22. Aqui há dois fatores remando na mesma direção (desvalorização do real): a tendência do dólar se valorizar frente a todas as moedas (crescimento nos EUA ) somada aos nossos problemas intrínsecos. Mesmo com toda a munição do governo, a tendência do real é de uma lenta, porém constante, desvalorização.
O momento é de calma, liquidez, pouco risco e comedimento nos gastos. O futuro nunca esteve tão incerto.
Published on July 01, 2013 10:47
Imagina se fosse com Bush...

A crise gerada pelo vazamento de informações sigilosas de espionagem do governo americano se internacionalizou. O Ministério das Relações Exteriores da Alemanha convocou o embaixador norte-americano no país, Philip Murphy, para pedir esclarecimentos sobre alegações de que a Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês) dos EUA espionou instituições da União Europeia.
Abro aqui um parêntese: não vejo Edward Snowden, o ex-técnico da CIA responsável pelos vazamentos, como um herói libertário, ao contrário de muitos colegas. Claro que há efeitos positivos no que ele fez, mas nem por isso seus atos são defensáveis, já que, para liberais como eu, os fins nobres não justificam quaisquer meios. Isso sem falar que não costumo ter muita simpatia por "heróis da liberdade" cujo alvo prioritário é sempre o governo americano, e que depois ainda buscam refúgio nas piores ditaduras mundo afora. Fecho o parêntese.
O que eu queria falar aqui pode ser resumido em uma perguntinha básica: alguém consegue imaginar qual seria a reação em geral caso essas denúncias todas ocorressem durante o governo Bush? O governo americano usando os drones de forma compulsiva e sem controle ou transparência, a Associated Press sendo monitorada pelo governo, a Receita Federal (IRS) investigando opositores políticos com mais afinco, e espionagem envolvendo até a Europa? Sério, qual seria a reação das pessoas, da grande imprensa?
Posso imaginar Michael Moore com sua corpulenta presença diária na imprensa, alegando que vive sob a pior ditadura do mundo. Noam Chomsky diria que nem Hitler chegou tão longe. A CNN não falaria de outra coisa. Sean Penn viajaria até Cuba para abraçar Fidel Castro e apontar como deveria ser um regime verdadeiramente livre. Oliver Stone diria que a América tinha que ter perdido a Guerra Fria para o mundo poder viver com liberdade sob a União Soviética.
E não só por lá. Aqui, Arnaldo Jabor daria ataques histéricos semanalmente em suas colunas de jornal, e faria acusações terríveis na televisão. Todos ficariam chocados e não falariam de outra coisa: o governo americano sob Bush com esse histórico seria visto como a mais cruel e nefasta ditadura que o mundo já viu! Ninguém pode duvidar disso...
O fato de não ser nada parecida a reação quando é Obama no poder diz muito sobre a esquerda. Mostra como ela parte de um duplo padrão de julgamento, como ela apela para um salvo-conduto quando quem abusa do poder é "um dos seus". Sim, há críticas aqui e acolá, sem dúvida. Até porque Obama não pode mais ser reeleito, e a esquerda já prepara o terreno para outro - ou outra - messias, que virá "salvar a Pátria" e quiçá a humanidade.
A esquerda monopoliza os fins nobres, as virtudes, e quando alguém se mostra autoritário, corrupto, vendido ou incompetente, então ela ou fecha os olhos, ou pior!, diz que o governante em questão "aderiu à direita". A esquerda precisa permanecer pura. É uma tática pérfida, nojenta, asquerosa, mas que infelizmente ainda engana muitos inocentes úteis.
Observar a reação dessa gente diante dos escândalos do governo Obama é bastante instrutivo. Trata-se de um silêncio constrangedor se comparado ao que seriam os ataques raivosos no caso de um governo Republicano. Um peso, duas medidas. Essa é a marca registrada da esquerda. É lamentável...
Published on July 01, 2013 10:38
June 30, 2013
June 29, 2013
O efeito do populismo
Rodrigo Constantino
A nova pesquisa Datafolha mostra que a aprovação da presidente Dilma despencou 27 pontos em apenas 3 semanas. Resultado, evidentemente, das manifestações que tomaram as ruas do país, derrubando a imagem falsa de cenário fantástico que o governo tentava vender aos incautos e adormecidos.
Quando abrimos a pesquisa por região, renda e escolaridade, o efeito do populismo do governo petista salta aos olhos. Enquanto no Nordeste somente 16% consideram o governo ruim ou péssimo, essa proporção quase dobra no Sudeste, indo para 30%. Por outro lado, 40% dos nordestinos entrevistados avaliam o governo como ótimo ou bom, contra apenas 26% no Sudeste.
Sabemos que as esmolas estatais do programa Bolsa Família se concentraram mais no Nordeste, o que sem dúvida explica boa parte dessa diferença gritante. Mas qual partido vai ousar colocar o dedo nessa ferida? Qual político terá coragem de chamar as coisas pelos seus nomes verdadeiros, e condenar essa absurda compra de votos?
Quando analisamos as avaliações por renda familiar, também fica claro que o populismo do governo atrai os mais pobres, como ocorre na Venezuela bolivariana ou na Argentina de Kirchner. Se somente 23% daqueles que ganham até dois salários mínimos consideram o governo ruim ou péssimo, essa proporção chega a 33% na faixa superior a dez salários. Desses mais ricos, apenas 21% avaliam o governo como ótimo ou bom, contra 35% dos que ganham até dois salários. Esses dados corroboram com a análise acima.
Avaliando por escolaridade, 31% dos que possuem nível superior pensam que o governo Dilma é ruim ou péssimo, enquanto apenas 21% consideram que ele é ótimo ou bom. Já para aqueles com curso fundamental, a aprovação sobe para 38%, e a reprovação cai para 22%. Quanto mais estudo formal, menos empolgação com o governo Dilma.
Claro que os populistas do PT podem usar esses dados para, uma vez mais, vender a idéia de que seu governo é uma luta do "povo" contra as "elites", mas quem ainda cai nessa baboseira? O fato é que o PT, como todo partido demagógico, chafurda na miséria e na ignorância, vendendo promessas irreais, distribuindo benesses e comprando votos. Sua forma de governar, como todo populista, é segregar o povo, colocando uns contra os outros.
O resultado disso, na Venezuela, na Argentina, na Bolívia e no Equador, foi catastrófico. Vivemos em tempos onde o que vem dos guetos, das favelas, das "comunidades" deve ser celebrado. Acabou que a Venezuela, líder nesse processo, virou ela toda uma grande favela, com pequenas ilhas de prosperidade, quase sempre de gente ligada ao governo.
Hoje em dia, os mais ricos e educados é que parecem querer copiar os demais, e não o contrário. Vide o modismo com o funk. Uma pena, pois, como fica claro, os mais pobres e com menos estudos são também presas mais fáceis e vítimas dos populistas de plantão, que adoram perpetuar essa miséria e essa ignorância para se preservar no poder.
A nova pesquisa Datafolha mostra que a aprovação da presidente Dilma despencou 27 pontos em apenas 3 semanas. Resultado, evidentemente, das manifestações que tomaram as ruas do país, derrubando a imagem falsa de cenário fantástico que o governo tentava vender aos incautos e adormecidos.
Quando abrimos a pesquisa por região, renda e escolaridade, o efeito do populismo do governo petista salta aos olhos. Enquanto no Nordeste somente 16% consideram o governo ruim ou péssimo, essa proporção quase dobra no Sudeste, indo para 30%. Por outro lado, 40% dos nordestinos entrevistados avaliam o governo como ótimo ou bom, contra apenas 26% no Sudeste.
Sabemos que as esmolas estatais do programa Bolsa Família se concentraram mais no Nordeste, o que sem dúvida explica boa parte dessa diferença gritante. Mas qual partido vai ousar colocar o dedo nessa ferida? Qual político terá coragem de chamar as coisas pelos seus nomes verdadeiros, e condenar essa absurda compra de votos?
Quando analisamos as avaliações por renda familiar, também fica claro que o populismo do governo atrai os mais pobres, como ocorre na Venezuela bolivariana ou na Argentina de Kirchner. Se somente 23% daqueles que ganham até dois salários mínimos consideram o governo ruim ou péssimo, essa proporção chega a 33% na faixa superior a dez salários. Desses mais ricos, apenas 21% avaliam o governo como ótimo ou bom, contra 35% dos que ganham até dois salários. Esses dados corroboram com a análise acima.
Avaliando por escolaridade, 31% dos que possuem nível superior pensam que o governo Dilma é ruim ou péssimo, enquanto apenas 21% consideram que ele é ótimo ou bom. Já para aqueles com curso fundamental, a aprovação sobe para 38%, e a reprovação cai para 22%. Quanto mais estudo formal, menos empolgação com o governo Dilma.
Claro que os populistas do PT podem usar esses dados para, uma vez mais, vender a idéia de que seu governo é uma luta do "povo" contra as "elites", mas quem ainda cai nessa baboseira? O fato é que o PT, como todo partido demagógico, chafurda na miséria e na ignorância, vendendo promessas irreais, distribuindo benesses e comprando votos. Sua forma de governar, como todo populista, é segregar o povo, colocando uns contra os outros.
O resultado disso, na Venezuela, na Argentina, na Bolívia e no Equador, foi catastrófico. Vivemos em tempos onde o que vem dos guetos, das favelas, das "comunidades" deve ser celebrado. Acabou que a Venezuela, líder nesse processo, virou ela toda uma grande favela, com pequenas ilhas de prosperidade, quase sempre de gente ligada ao governo.
Hoje em dia, os mais ricos e educados é que parecem querer copiar os demais, e não o contrário. Vide o modismo com o funk. Uma pena, pois, como fica claro, os mais pobres e com menos estudos são também presas mais fáceis e vítimas dos populistas de plantão, que adoram perpetuar essa miséria e essa ignorância para se preservar no poder.
Published on June 29, 2013 07:03
June 28, 2013
Xenofobia corporativista
Rodrigo Constantino
Deu, nesta quarta-feira (26), no Valor: Carência de leitos demanda R$ 5 bi em cinco anos
O Brasil precisa investir R$ 5 bilhões nos próximos cinco anos para suprir a carência de 14 mil leitos hospitalares, segundo estimativa da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp). Se a legislação brasileira permitisse, grande parte desses recursos poderiam ser supridos por investimentos estrangeiros, já que não há disponibilidade interna de um volume de capital dessa magnitude. O projeto de lei 259/2009, do senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), amplia as possibilidades do recebimento de investimentos estrangeiros na assistência à saúde, abrindo a perspectiva de melhoria do atendimento e de expansão do setor.
O projeto altera a artigo 23 da Lei 8080/90 para permitir a participação de empresa ou de capital estrangeiro na assistência à saúde como pessoa jurídica, sob a forma de sociedade anônima, com o máximo de 49% do capital votante.
O número de leitos é uma variável importante no segmento hospitalar para a obtenção de ganhos de produtividade e poder de barganha. No Brasil, a média é de 71 leitos por hospital, segundo a Anahp. Nos Estados Unidos, a média é de 162 leitos por hospital. De acordo com a entidade, enquanto o número de usuários de planos de saúde cresceu, em média, 4,1% ao ano desde 2007, foram fechados cerca de 11,2% dos leitos privados no mesmo período, um total de 18.322 leitos.
"Nossa expectativa é de que haja simetria entre os diversos atores do setor de saúde, ou seja, regras iguais para todos", diz Francisco Balestrin, presidente do conselho de administração da Anahp. Hoje, apenas os planos e seguros de saúde admitem a entrada de capital estrangeiro, inclusive na compra de hospitais.
Segundo Balestrin, o setor tem registrado o interesse de vários players internacionais em investir no país, tanto da parte de privaty equities, quanto de investidores institucionais e de empresas proprietárias de redes hospitalares. Não que esses investidores possam suprir toda a necessidade de investimentos, que é muito alta, mas seu ingresso também estimularia a entrada de outros players nacionais. "Quando você tem players internacionais, o mercado fica mais profissional e mais atraente inclusive para empresas locais. Abre-se um círculo virtuoso no mercado, que se torna mais profissional", diz Balestrin.
O projeto estabelece restrições parciais ao capital estrangeiro nas áreas de cirurgia cardiovascular, hemodinâmica, quimioterapia, radioterapia, hemodiálise, transplantes e bancos de órgãos ou tecidos, por considerá-las passíveis de controle por oligopólios. Também impede que o investidor estrangeiro opere apenas em nichos de grande rentabilidade, em detrimento da exploração de outros serviços. O objetivo dessa restrição é desestimular, com a limitação do número de leitos, qualquer investimento estrangeiro na saúde voltado exclusivamente para a alta complexidade, como um hospital especializado em cirurgia cardíaca.
O hospital até pode ser especialista, mas terá que atuar também na média complexidade e na atenção básica. Além disso, o investidor estrangeiro também será obrigado a se associar a um parceiro local, que deverá ser o sócio majoritário do empreendimento, com participação mínima de 51%.
O principal argumento do senador Flexa Ribeiro é o aumento da concorrência que a entrada do capital estrangeiro propiciaria no mercado de saúde, com a consequente redução de preços para os compradores de serviços. Segundo Balestrin, o projeto havia ficado parado por algum tempo mas o assunto voltou a ter destaque depois da audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, realizada no início de junho. "Temos que trabalhar com a preocupação de que a vinda desses recursos sirva principalmente para investimentos, para a construção de novos hospitais, laboratórios, enfim, para melhorar a qualidade do atendimento aos usuários desse setor de saúde suplementar", disse o senador Humberto Costa durante o debate. Para ele, a vinda de recursos externos pode favorecer a tendência de incorporar mais equipamentos, tratamentos sofisticados, muitas vezes desnecessários.
Já o diretor do Departamento de Regulamentação, Avaliação e controle de Sistemas do Ministério da Saúde, Fausto dos Santos, não considera que a vinda do capital estrangeiro seja a solução, "mas uma alternativa importante que permitirá a chegada de novos recursos". A seu ver, trata-se de investimento de maturação tardia, ou seja, com perspectiva de retorno do capital empregado a longo prazo.
Comento: Será que as pessoas pensam que os administradores estrangeiros de hospitais são todos como a bicha má da novela "Amor à vida", da Globo? Como explicou um amigo, analista do setor:
É muito visível a diferença entre o setor de laboratórios e seguradoras/operadoras e o de hospitais. Não deveria ser assim, pois apesar de algumas diferenças, todos eles estão expostos aos mesmos drivers (geração de emprego formal, aumento da renda, envelhecimento da população, etc...). A entrada de capital estrangeiro é a responsável por isso.
DASA e Fleury vieram a mercado, captaram e investiram bastante para expandir a rede de atendimento. Outros laboratórios como o Pardini e o Alliar receberam investimentos de private equity do Gávea e Pátria, respectivamente. Como sabemos que o mercado de PE (Private Equity) na maioria das vezes tem como estratégia de saída a bolsa, esses investimentos também estão indiretamente ligados a possibilidade de entrada de capital estrangeiro.
Para o setor de plano de saúde o exemplo é a Amil, que foi listada e "deslistada". Já rebatendo as potenciais críticas dos nacionalistas a respeito da venda de uma líder de mercado para um gringo, não faltam comentários de reguladores e políticos sobre os benefícios que a United vai trazer ao mercado brasileiro em termos de upgrade tecnológico com investimentos em sistemas de TI que façam uma melhor gestão de sinistro. Ela faz isso há décadas nos EUA.
Voltei: O Brasil é mestre nessas maluquices xenófobas. Sabemos, por exemplo, que a Azul existe, tendo pressionado a concorrência oligopolizada de TAM e Gol e capturado em pouco tempo quase 20% do mercado de aviação nacional, só porque seu dono, por acidente, nasceu no Brasil. Seus pais eram gringos e estavam de passagem por aqui. Caso contrário, o dono da JetBlue não poderia abrir sua empresa brasileira. O setor de educação sofre barreiras parecidas. E hospital idem. Faz sentido? Qual o nexo de o país abrir mão do capital e da expertise estrangeira nessas importantes áreas? Claro que as desculpas nacionalistas são apenas cortina de fumaça para proteger empresários locais. É uma xenofobia corporativista...
Deu, nesta quarta-feira (26), no Valor: Carência de leitos demanda R$ 5 bi em cinco anos
O Brasil precisa investir R$ 5 bilhões nos próximos cinco anos para suprir a carência de 14 mil leitos hospitalares, segundo estimativa da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp). Se a legislação brasileira permitisse, grande parte desses recursos poderiam ser supridos por investimentos estrangeiros, já que não há disponibilidade interna de um volume de capital dessa magnitude. O projeto de lei 259/2009, do senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), amplia as possibilidades do recebimento de investimentos estrangeiros na assistência à saúde, abrindo a perspectiva de melhoria do atendimento e de expansão do setor.
O projeto altera a artigo 23 da Lei 8080/90 para permitir a participação de empresa ou de capital estrangeiro na assistência à saúde como pessoa jurídica, sob a forma de sociedade anônima, com o máximo de 49% do capital votante.
O número de leitos é uma variável importante no segmento hospitalar para a obtenção de ganhos de produtividade e poder de barganha. No Brasil, a média é de 71 leitos por hospital, segundo a Anahp. Nos Estados Unidos, a média é de 162 leitos por hospital. De acordo com a entidade, enquanto o número de usuários de planos de saúde cresceu, em média, 4,1% ao ano desde 2007, foram fechados cerca de 11,2% dos leitos privados no mesmo período, um total de 18.322 leitos.
"Nossa expectativa é de que haja simetria entre os diversos atores do setor de saúde, ou seja, regras iguais para todos", diz Francisco Balestrin, presidente do conselho de administração da Anahp. Hoje, apenas os planos e seguros de saúde admitem a entrada de capital estrangeiro, inclusive na compra de hospitais.
Segundo Balestrin, o setor tem registrado o interesse de vários players internacionais em investir no país, tanto da parte de privaty equities, quanto de investidores institucionais e de empresas proprietárias de redes hospitalares. Não que esses investidores possam suprir toda a necessidade de investimentos, que é muito alta, mas seu ingresso também estimularia a entrada de outros players nacionais. "Quando você tem players internacionais, o mercado fica mais profissional e mais atraente inclusive para empresas locais. Abre-se um círculo virtuoso no mercado, que se torna mais profissional", diz Balestrin.
O projeto estabelece restrições parciais ao capital estrangeiro nas áreas de cirurgia cardiovascular, hemodinâmica, quimioterapia, radioterapia, hemodiálise, transplantes e bancos de órgãos ou tecidos, por considerá-las passíveis de controle por oligopólios. Também impede que o investidor estrangeiro opere apenas em nichos de grande rentabilidade, em detrimento da exploração de outros serviços. O objetivo dessa restrição é desestimular, com a limitação do número de leitos, qualquer investimento estrangeiro na saúde voltado exclusivamente para a alta complexidade, como um hospital especializado em cirurgia cardíaca.
O hospital até pode ser especialista, mas terá que atuar também na média complexidade e na atenção básica. Além disso, o investidor estrangeiro também será obrigado a se associar a um parceiro local, que deverá ser o sócio majoritário do empreendimento, com participação mínima de 51%.
O principal argumento do senador Flexa Ribeiro é o aumento da concorrência que a entrada do capital estrangeiro propiciaria no mercado de saúde, com a consequente redução de preços para os compradores de serviços. Segundo Balestrin, o projeto havia ficado parado por algum tempo mas o assunto voltou a ter destaque depois da audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, realizada no início de junho. "Temos que trabalhar com a preocupação de que a vinda desses recursos sirva principalmente para investimentos, para a construção de novos hospitais, laboratórios, enfim, para melhorar a qualidade do atendimento aos usuários desse setor de saúde suplementar", disse o senador Humberto Costa durante o debate. Para ele, a vinda de recursos externos pode favorecer a tendência de incorporar mais equipamentos, tratamentos sofisticados, muitas vezes desnecessários.
Já o diretor do Departamento de Regulamentação, Avaliação e controle de Sistemas do Ministério da Saúde, Fausto dos Santos, não considera que a vinda do capital estrangeiro seja a solução, "mas uma alternativa importante que permitirá a chegada de novos recursos". A seu ver, trata-se de investimento de maturação tardia, ou seja, com perspectiva de retorno do capital empregado a longo prazo.
Comento: Será que as pessoas pensam que os administradores estrangeiros de hospitais são todos como a bicha má da novela "Amor à vida", da Globo? Como explicou um amigo, analista do setor:
É muito visível a diferença entre o setor de laboratórios e seguradoras/operadoras e o de hospitais. Não deveria ser assim, pois apesar de algumas diferenças, todos eles estão expostos aos mesmos drivers (geração de emprego formal, aumento da renda, envelhecimento da população, etc...). A entrada de capital estrangeiro é a responsável por isso.
DASA e Fleury vieram a mercado, captaram e investiram bastante para expandir a rede de atendimento. Outros laboratórios como o Pardini e o Alliar receberam investimentos de private equity do Gávea e Pátria, respectivamente. Como sabemos que o mercado de PE (Private Equity) na maioria das vezes tem como estratégia de saída a bolsa, esses investimentos também estão indiretamente ligados a possibilidade de entrada de capital estrangeiro.
Para o setor de plano de saúde o exemplo é a Amil, que foi listada e "deslistada". Já rebatendo as potenciais críticas dos nacionalistas a respeito da venda de uma líder de mercado para um gringo, não faltam comentários de reguladores e políticos sobre os benefícios que a United vai trazer ao mercado brasileiro em termos de upgrade tecnológico com investimentos em sistemas de TI que façam uma melhor gestão de sinistro. Ela faz isso há décadas nos EUA.
Voltei: O Brasil é mestre nessas maluquices xenófobas. Sabemos, por exemplo, que a Azul existe, tendo pressionado a concorrência oligopolizada de TAM e Gol e capturado em pouco tempo quase 20% do mercado de aviação nacional, só porque seu dono, por acidente, nasceu no Brasil. Seus pais eram gringos e estavam de passagem por aqui. Caso contrário, o dono da JetBlue não poderia abrir sua empresa brasileira. O setor de educação sofre barreiras parecidas. E hospital idem. Faz sentido? Qual o nexo de o país abrir mão do capital e da expertise estrangeira nessas importantes áreas? Claro que as desculpas nacionalistas são apenas cortina de fumaça para proteger empresários locais. É uma xenofobia corporativista...
Published on June 28, 2013 09:18
Escravos contemporâneos

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou nesta quinta-feira por unanimidade a chamada PEC do Trabalho Escravo (PEC 57-A/1999). O texto, que há 14 anos tramita no Congresso, permite a expropriação de terras onde houver “exploração” de trabalhadores. Nesses casos, as terras seriam destinadas à reforma agrária ou a programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário.
Claro que ninguém pode ser contra isso, certo? Falso. O leitor, quando escuta “escravo”, provavelmente pensa em trabalhadores acorrentados, levando chibatadas dos capazes, impedidos de sair em busca de alternativas de trabalho. Mas não é nada disso! Os “escravos” contemporâneos não guardam similaridade alguma com os escravos do passado.
Se não tiver carteira assinada (mais de um terço da mão de obra brasileira não possui carteira), se as condições do local de trabalho não forem "adequadas" de acordo com infindáveis normas arbitrárias (são mais de 250), se as autoridades, enfim, resolverem achar indícios de "trabalho escravo", então o proprietário poderá perder sua propriedade, sem mais nem menos.
Abre-se um precedente perigoso, um risco enorme ao nobre e fundamental pilar da sociedade moderna: a propriedade privada.Todos gostariam que as condições de trabalho fossem as melhores possíveis em todo lugar, óbvio. Mas não é por meio de canetadas milagrosas do governo que vamos obter melhorias. Essas regras vagas podem servir como instrumento para fins ideológicos da esquerda. Schopenhauer alertou: “Quem espera que o diabo ande pelo mundo com chifres será sempre sua presa”.
Published on June 28, 2013 06:30
June 27, 2013
Ativismo de rua é vantagem para a esquerda
Ou Profissão: Revolucionário
Rodrigo Constantino
Vou tentar explicar de forma bastante sucinta porque a tendência é o ativismo das ruas virar monopólio das bandeiras de esquerda, como sempre foram. Entender essa lógica é fundamental para aquele grupo de liberais ou libertários empolgado com as manifestações, pensando ser possível capturar as ruas para o lado de cá.
O liberal, por definição, possui visão antiestatizante e mais individualista, menos coletivista. Além disso, ele costuma defender a meritocracia e o livre mercado, premiando o esforço do indivíduo. Isso faz com que ele, normalmente, valorize bastante a educação, o trabalho, a preparação em nível individual para subir na vida.
Em meu tempo de PUC, a distinção não poderia ser mais clara: no mesmo pilotis, habitavam os futuros economistas e advogados, aproveitando o tempo vago entre aulas para estudar, e o pessoal de comunicação, que formava o grupo "Cambralha", uma turma que parecia ter tempo vago infindável para fumar maconha e "debater" sobre os males da humanidade.
É claro que estou generalizando e, portanto, sendo injusto com muitos casos individuais. Mas o grande quadro era esse mesmo. Lembro-me perfeitamente quando a lanchonete Subway anunciou que teria uma filial na faculdade. Os economistas e advogados agradeceram mais uma opção de lanche rápido, e os esquerdistas do "Cambralha" fizeram o que mais gostam: um teatrinho para protestar, com todos de mãos dadas lutando contra o "capitalismo". O slogan era "A PUC não é shopping center". Losers...
Mas eis o meu ponto principal: liberal quer ralar para ser alguém na vida, e para tanto precisa estudar e trabalhar. Já muito esquerdista, desde cedo, percebe que há uma alternativa para os vagabundos: pegar megafones, gritar slogans populistas, vestir camisa do assassino Che Guevara e pintar o rosto em passeatas. Eles aprenderam que alguns chegam até ao Senado com essa incrível trajetória! Os outros, como prêmio de consolação, ganham postos em sindicatos e estatais.
Logo, quanto mais tempo a "ocupação" das ruas demorar, mais os liberais terão que abandonar a farra e retornar para suas vidas cansativas, de dedicação aos estudos e ao trabalho. Já os esquerdistas verão nisso uma oportunidade para seu futuro na política, nos sindicatos, na UNE. A desvantagem é evidente para o lado liberal.
Para piorar, há a questão do financiamento. O liberal acredita na responsabilidade individual e condena o estado inchado; já o esquerdista adora mamar nas tetas estatais! Ele suga os impostos dos outros via ONGs, sindicatos, patrocínios estatais etc. Nenhum grupo com bandeiras liberais terá fôlego para manter um exército de ativistas nas ruas; os esquerdistas vivem disso!
As manifestações têm sido marcadas cada vez mais cedo, no meio da semana. Quanto mais tempo isso durar, menos adesões de liberais veremos, e maior será a parcela dos esquerdistas defensores do grande estado. Além disso, os liberais também vão acabar retirando seu apoio, pois manifestações no meio do dia são desastrosas para os negócios. Quem depende do lucro para sobreviver não pode se dar ao luxo de parar dia sim, dia não, de perder faturamento. Já quem vive de impostos pode passar o dia inteiro nas ruas, pregando um "mundo melhor".
Espero ter deixado bem claro porque os liberais deveriam condenar esse tipo de "democracia das ruas". Ela estimula a demagogia, o sensacionalismo e o populismo, e ainda por cima se torna território quase exclusivo, com o passar do tempo, da esquerda. Esse não é o nosso campo de batalha.
Rodrigo Constantino
Vou tentar explicar de forma bastante sucinta porque a tendência é o ativismo das ruas virar monopólio das bandeiras de esquerda, como sempre foram. Entender essa lógica é fundamental para aquele grupo de liberais ou libertários empolgado com as manifestações, pensando ser possível capturar as ruas para o lado de cá.
O liberal, por definição, possui visão antiestatizante e mais individualista, menos coletivista. Além disso, ele costuma defender a meritocracia e o livre mercado, premiando o esforço do indivíduo. Isso faz com que ele, normalmente, valorize bastante a educação, o trabalho, a preparação em nível individual para subir na vida.
Em meu tempo de PUC, a distinção não poderia ser mais clara: no mesmo pilotis, habitavam os futuros economistas e advogados, aproveitando o tempo vago entre aulas para estudar, e o pessoal de comunicação, que formava o grupo "Cambralha", uma turma que parecia ter tempo vago infindável para fumar maconha e "debater" sobre os males da humanidade.
É claro que estou generalizando e, portanto, sendo injusto com muitos casos individuais. Mas o grande quadro era esse mesmo. Lembro-me perfeitamente quando a lanchonete Subway anunciou que teria uma filial na faculdade. Os economistas e advogados agradeceram mais uma opção de lanche rápido, e os esquerdistas do "Cambralha" fizeram o que mais gostam: um teatrinho para protestar, com todos de mãos dadas lutando contra o "capitalismo". O slogan era "A PUC não é shopping center". Losers...
Mas eis o meu ponto principal: liberal quer ralar para ser alguém na vida, e para tanto precisa estudar e trabalhar. Já muito esquerdista, desde cedo, percebe que há uma alternativa para os vagabundos: pegar megafones, gritar slogans populistas, vestir camisa do assassino Che Guevara e pintar o rosto em passeatas. Eles aprenderam que alguns chegam até ao Senado com essa incrível trajetória! Os outros, como prêmio de consolação, ganham postos em sindicatos e estatais.
Logo, quanto mais tempo a "ocupação" das ruas demorar, mais os liberais terão que abandonar a farra e retornar para suas vidas cansativas, de dedicação aos estudos e ao trabalho. Já os esquerdistas verão nisso uma oportunidade para seu futuro na política, nos sindicatos, na UNE. A desvantagem é evidente para o lado liberal.
Para piorar, há a questão do financiamento. O liberal acredita na responsabilidade individual e condena o estado inchado; já o esquerdista adora mamar nas tetas estatais! Ele suga os impostos dos outros via ONGs, sindicatos, patrocínios estatais etc. Nenhum grupo com bandeiras liberais terá fôlego para manter um exército de ativistas nas ruas; os esquerdistas vivem disso!
As manifestações têm sido marcadas cada vez mais cedo, no meio da semana. Quanto mais tempo isso durar, menos adesões de liberais veremos, e maior será a parcela dos esquerdistas defensores do grande estado. Além disso, os liberais também vão acabar retirando seu apoio, pois manifestações no meio do dia são desastrosas para os negócios. Quem depende do lucro para sobreviver não pode se dar ao luxo de parar dia sim, dia não, de perder faturamento. Já quem vive de impostos pode passar o dia inteiro nas ruas, pregando um "mundo melhor".
Espero ter deixado bem claro porque os liberais deveriam condenar esse tipo de "democracia das ruas". Ela estimula a demagogia, o sensacionalismo e o populismo, e ainda por cima se torna território quase exclusivo, com o passar do tempo, da esquerda. Esse não é o nosso campo de batalha.
Published on June 27, 2013 16:41
A voz das ruas
Só para dizer que eu escutei a "voz das ruas" e aumentei a fonte para facilitar a leitura pelo blog. Obrigado a todos pela colaboração.
Published on June 27, 2013 11:51
Racionalização: O país que não se conhece

Racionalização - Processo de justificar, pelo raciocínio, um comportamento qualquer depois de realizado, atribuindo-se-lhe outros motivos que não os reais.Por não poder conceber os motivos reais por trás do comportamento de seu amado, a moça promove uma racionalização, ao afirmar veementemente: "Ele não ligou porque está trabalhando até tarde".Comecei o texto assim, com um “copiar e colar” de um tal de dicionário informal da internet, para dizer que é exatamente isso que a imprensa brasileira começou a fazer agora com as manifestações. É impressionante ver que se criou um certo tipo de “narrador de manifestação” - alguém que começa com “como é bonito ver as pessoas exercendo seus direitos” e termina com “são uns poucos vândalos que estragam esse momento democrático atirando pedras nos policiais”..Pelo amor de Deus, até quando vai esse tipo de comentário imbecil? Até quando esses “gênios” da Globo News, Band e outras “empresas de comunicação” vão continuar com a idéia de que estão transmitindo algo que tenha regras? Não é preciso ser um especialista para entender um mínimo daquilo que se chama de “psicologia de multidão” - uma ciência que para LBB, a Legião Brasileira de Bobalhões, deve ser nova. Entendessem um mínimo a respeito daquilo que falam e chegariam à conclusão de que um movimento assim não é um desfile de escola de samba, que ele não tem inicio, meio e fim, e que o comportamento de todas, isso mesmo seus idiotas, de todas as pessoas é imprevisível! Multidões não são times de futebol, não podem ser “analisadas” ao vivo pelo Galvão Bueno, e não existem “destaques” nelas para se analisar. A violência intrínseca de 120.000 pessoas nas ruas de São Paulo consiste exatamente em 120.000 pessoas nas ruas de São Paulo! Não interessa o que elas vão fazer nem se a motivação é justa. Não interessa nem ao leitor saber aqui se sou contra ou não ao direito das pessoas se manifestarem. 120.000 pessoas caminhando pelo meio da rua numa cidade do tamanho de São Paulo ou qualquer outra grande capital brasileira é, em si, algo perigoso e violento por natureza. Qualquer um que já esteve em algo assim sabe que as pessoas mais corajosas e fortes tornam-se covardes e fogem da polícia ao mesmo tempo que mocinhas de colégio se transformam em demônios – fiz um cursinho de psicologia pela internet nesse final de semana e aprendi isso - legal, né? Enquanto a “ficha não cair” e o próprio Brasil não apreender sequer a interpretar o que está sentindo não há mérito algum em “psicólogos de televisão” serem contra ou a favor daquilo que está acontecendo. Já disse em texto anterior o que penso estar ocorrendo, já disse que sou fanaticamente contra, apontei quem são os responsáveis, e defini quais seus objetivos. Hoje a ideia foi outra – mostrar que a imprensa do “país tropical e abençoado por Deus” não sabe nem como narrar os fatos e mistura um sentimento de “Festa da Democracia” + “desfile de escola de samba” + “catástrofe natural” numa prova evidente de racionalização e numa “manifestação”, se me permitem o trocadilho, mais do que clara de que o país não se conhece...
Published on June 27, 2013 11:03
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