Marcelo Rubens Paiva's Blog, page 44

November 22, 2016

O Itamaraty contra o Brasil

O Itamaraty contra o Brasil


A presidente Dilma tentou reorganizar a diplomacia brasileira.


Para ela, um clã pouco efetivo de muitos gastões, que resultava em poucos negócios e intercâmbios.


Muitos deles instalados em palácios luxuosos, que contrastam com as disparidades brasileiras.


De uma coisa ela tem razão: o Itamaraty tem trabalhado contra o Brasil.


Diz o artigo 33 do decreto nº 4.118/2002:


As áreas de competência do Ministério das Relações Exteriores são:



política internacional
relações diplomáticas e serviços consulares
participação nas negociações comerciais, econômicas, técnicas e culturais com governos e entidades estrangeiras
programas de cooperação internacional
apoio a delegações, comitivas e representações brasileiras em agências e organismos internacionais e multilaterais

Não se lê restrições de visitas ou turistas ao Brasil.


É o órgão político administrativo encarregado de auxiliar a Presidência da República na formulação e execução da política externa brasileira.


Mas quando os parlamentares brasileiros tentam aprovar hoje o fim do visto para americanos visitarem o Brasil, ele faz lobby contra.


Diplomatas ouvidos pelo Estado afirmaram que a isenção unilateral na concessão de vistos reduz o poder de barganha do Brasil em negociações futuras. E não tem o impacto desejado sobre o turismo.


Bem, para diplomatas que viajam com passaportes diplomáticos e não precisam de visto, não têm impacto.


Claro que tem!


Quantos países você deixou de visitar, para evitar burocracias por um visto?


Quantos americanos preferem outros países, para evitar burocracias por um visto brasileiro?


E quantos de nós poderemos ficar livres de vistos, se abrirmos as portas para os americanos?


O poder de barganha não está em limitar a chance de um gringo conhecer Copacabana, o Carnaval, o axé, a Amazônia, o Pantanal.


Itamaraty pensa pequeno.


Provinciano, apesar de ser nossa ponte para o exterior.

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Published on November 22, 2016 05:37

November 21, 2016

O que seria uma nova política?

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Diminuir a política é uma nova política?


Italianos votarão em 4 de dezembro o referendo constitucional que pede o suprimento do bicameralismo, redução de parlamentares, redução do custo do funcionamento do Congresso e supressão da CNEL (Consiglio Nazionale dell’Economia e del Lavoro), que rege sobre economia e leis trabalhistas.


Numa cédula rosa, que brasileiros com dupla nacionalidade também receberam, e podem votar pelo correio, o plebiscito é claro, é sim ou não.


É parte da reforma Renzi-Boschi.


Uma das repúblicas mais velhas da história vota por uma renovação radical, tocada pelo PD, Partido Democrático, fusão de várias correntes de centro-esquerda, que pede a extinção do Senado, sim, aquele em que César foi esfaqueado.


No fim fascismo, o Partido Comunista Italiano passou a ser a segunda força no poder da Itália democrática.


Com o escândalo do envolvimento na operação Mãos Limpas (junto com seus adversários políticos, que rachavam a propina), e a queda do Muro de Berlim, ele se desfez e virou PD.


Está hoje no poder com o primeiro-ministro Matteo Renzi na missão de aprovar o programa ousado de reforma da previdência e leis trabalho.


Se o líder de um partido não suporta a renovação, não lidera um bom partido.


A alternância do poder, elemento fundamental de uma democracia, nem sempre é respeitada por quem está atuando em prol dela, graças a ela, para ela.


O Partido Socialista Operário Espanhol, fundado antes da guerra civil, atingiu seu ápice entre 1982 e 1996, sob o comando de Felipe González.


Foi juntamente no período da entrada do país na Comunidade Europeia, que não aceitava a reposição de quadros, nem abria mão do poder.


O partido foi acusado de colaborar com grupos separatistas, organizações terroristas, se embananou na gestão econômica (taxa de 22% de desemprego, recessão e inflação). Escândalos de corrupção vieram à tona. Foi derrotado pela oposição em 1996, o conservador PP.


A popularidade de Felipe González se desfez. Deixou o PSOE seguir seu caminho? Não. Só em 1997, no 34º Congresso do partido, foi demitido de surpresa. O partido passou um período na oposição, quando muitos achavam que seria extinto. Foi reconstruído e voltou ao poder em 2004, com José Luis Zapateiro.


Tem líderes que se apegam ao poder como cracas no corpo de uma Baleia-jubarte. Animais políticos peçonhentos não compreendem o revezamento, não se veem fora do topo da cadeia de comando, contaminando um projeto que precisa ser sempre revisto.


O mundo muda. Alguns líderes democráticos desconhecem o prazer do descanso. Sentem nostalgia de um poder monárquico.


Mas do que uma democracia mais precisa para se manter saudável é do movimento pendular ideológico. Como nas leis do mercado, a concorrência política é um caroço espinhoso necessário.


O PT, maior derrotado das últimas eleições, com muitos quadros na cadeia, um comportamento contrário a seus princípios e negando sua essência e estatutos da fundação, atolou na discórdia.


Alguns defendem a sua extinção. Outros, uma mudança radical. Diante de uma burocracia partidária engessada, com ex-presidente, ex-tesoureiros, ex-ministros, ex-senadores e até marqueteiros presos ou condenados, Tarso Genro defende a “refundação” do PT.


Vira e mexe, rola uma debandada. Nesta semana, foi o prefeito de Canoas, Jairo Jorge, quem abandonou o barco. Pode aumentar. Cinco tendências querem a troca imediata do comando do partido. Fundaram a aliança Muda PT. Questionam que sucessivos adiamentos de eleições internas, abuso de poder, ausência de debates, filiações em massa duvidosas e a máquina partidária interferem no processo de renovação.


CNB (Construindo um Novo Brasil), grupo liderado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, também defende a renovação, mas em diferente grau e nebulosa.


Lula não abre a mão de controlar o partido que fundou com o propósito de unificar uma nova esquerda.


O PT tem um dono, sempre teve, que indicou sua sucessora (para muitos, o maior erro que o partido cometeu) sem consultas, sem ouvir ninguém.


O PT é Lula, como o PCB era de outro Luís (com esse), o Carlos Prestes.


O partido fundado em 1922 chegou a ser a maior força de esquerda do continente. Tinha penetração no campo, no movimento operário e entre intelectuais (Oswald de Andrade, Graciliano Ramos, Jorge Amado, Oscar Niemeyer, até Ferreira Gullar, que chegou a viver na União Soviética).


Prestes foi convidado por Getúlio para fazer a Revolução de 30 e recusou. Fez uma em 1935 e perdeu. Participou da redemocratização em 1945 e da Constituinte com 17 deputados e um senador, Prestes.


A teimosia do seu líder causou a debandada. Rachou. Veio o PCdoB, fundado em 1962, partido que recentemente presidiu a Câmara (Aldo Rebelo) e hoje governa o Maranhão. Carlos Marighella fundou a ALN e, com a VPR, de ex-comunistas oficiais do Exército, mais o PCBR, do comunista histórico Apolônio de Carvalho, pegou em armas para combater a ditadura e fazer a revolução, divergindo da Executiva do Partidão.


Veio a redemocratização em 1985.


O PCB existe ainda e não tem representante no Congresso, relevância e nem sombra da força de mobilização do passado.


O Brasil não pode abrir mão de um forte partido de esquerda, para o bem-estar da democracia.


No entanto, não é Lula, para muitos, o responsável pela desestruturação da esquerda e caos ideológico em que vivemos, quem deve estar no comando de uma frente.


Sua interferência no processo de criação de uma grande aliança causa mais embaraços e divergências do que agrega.

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Published on November 21, 2016 05:01

November 17, 2016

A “cena nojenta” da ignorância

O radicalismo cega.


Uma manifestante que ocupou ontem a tribuna do Congresso confundiu a bandeira do Japão com uma tentativa de incluir a cor vermelha na bandeira brasileira.


Ela postou vídeo revelando a “cena nojenta” no Congresso Nacional.


“Reparem na nossa bandeira com o símbolo vermelho comunista. Essa será a nova bandeira do Brasil’, ela diz, dramaticamente, alertando seus possíveis espectadores.


 



 


A atual paranoia anti-comunista começa a ficar engraçada.


Como o maluco por vezes é engraçado.


“A nossa bandeira não será mais como conhecemos”. lamenta a manifestante.


O painel em comemoração ao centenário da imigração japonesa no Brasil fica exposto permanentemente no Congresso Nacional desde 2008.


Se foi brincadeira da manifestante, merece risada.


E já viralizou.


Se não foi…


Escreveu Ivan Valente, do PSOL: “Quando a ignorância invade a democracia. Manifestante que pede a intervenção militar confunde homenagem ao Japão c/ bandeira comunista”.


 

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Published on November 17, 2016 12:24

November 15, 2016

Livraria bane WiFi, laptop e celular

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O futuro chegou de forma invertida numa livraria americana de Wyoming.


Em respeito ao livro e hábito de leitura, que perde a guerra contra gadgets e widgets.


A Wind City Books dispensou seu equipamento de WiFi e sugere que seus clientes esqueçam os cacarecos eletrônicos, laptops e celulares, na bolsa.


“Bem-vindo a um lugar para livros e café. Dê um tempo. Viva como em 1993. E-mails podem esperar”, diz um cartaz na entrada, que informa que não tem Wi-Fi.


O ano se refere a 1994, quando a internet se consolidou e deixou de ser uma ferramenta das forças armadas e universidades.


“Queremos que as pessoas venham à nossa loja para relaxar e curtir um livro”, disse o livreiro Vicki Burger à afiliada da ABC, TV KTRK [nota de Brien Koerber ao Mashable].


Adorei.


Poderia inspirar muitos negócios por aqui.


Cafés, restaurantes, bares, livrarias, hotéis, motéis, restaurantes. Até um buffet infantil…


O futuro estressa.


Desconcentra.

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Published on November 15, 2016 13:02

November 9, 2016

Make America White Again

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Fizeram a America ser branca de novo.


O sonho acabou.


Sai a família mais cativante que já ocupou a Casa Branca, voltam os loiros ao poder.


Durou oito anos o sonho de uma América racialmente tolerante, que vislumbrava um mundo ideal de saúde para todos e respeito a todas as raças e religiões.


Voltou o que fez do país uma potência: um ultranacionalismo conservador aliado a barreiras sociais e fronteiriças.


Voltou a ignorância geopolítica.


Voltou o protecionismo.


A tensão entre pobres e imigrantes.


O americanos enlouqueceram?


Querem as fábricas exiladas pela globalização de volta.


Não as terão, porque o mercado apita mais.


O capitalismo é maior que os três poderes.


A surpresa foi que 30% de latinos votaram em Trump.


Latinos da Flórida votaram contra latinos da Califórnia.


Exilados cubano traíram seus vizinhos mexicanos.


Dá pra entender, afinal, foi do México que partiu o barco em que estavam Fidel e Guevara, para expulsar a elite cubana do poder.


Mas o que transparece é um sentimento nada solidário: latinos não aceitam mais estrangeiros entre eles.


30% de latinos querem barrar a entrada de muçulmanos e mais latinos.


Muitos não querem pagar pela saúde dos mais pobres.


Mulheres não necessariamente votam numa mulher.


O tabu de nunca haver uma mulher na presidência se mantem mais forte do de nunca haver um negro.


A Suprema Corte, o Senado e a Câmara ficam sob o domínio republicano.


Sai o suingue. Entra a hipocrisia.


Obama Care será a primeira ação a ser detonada.


O ridículo muro, que em parte já existe, vem depois?


Atuarão junto com os russos contra o ISIS?


Maconha para uso recreativo foi aprovada na maioria dos estados em que foi proposta, como na Califórnia, assim como controle maior de armas.


Mas, calma.


A presidência não manda tanto assim numa república federativa.


O novo congresso republicano não é 100% pro-Trump.


O pesadelo é grande.


Não virá uma Terceira Guerra Mundial.


E quer apostar que as indústrias continuarão na China e no México?

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Published on November 09, 2016 05:28

November 8, 2016

Prorrogado prazo do eSocial

Quem passou o dia de ontem pendurado no computador, para pagar o DAE de seus empregados, e não conseguiu, sentiu que algo andava errado no site do eSocial.


E andava mesmo.


Era o último dia para o pagamento, e até hoje de manhã o site continuava travado.


Mau começo do governo que propõe ser a ponte para o futuro.


Os Ministros da Fazenda e do Trabalho e Emprego editarão portaria conjunta que prorrogará o prazo para pagamento do DAE até o dia 10 de novembro.


Informa a Área de Conteúdo da Sescon SP:













Na tarde de ontem, 7 de novembro, a Receita Federal foi informada oficialmente pelo Serviço Federal de Processamento de Dados – Serpro sobre problemas de instabilidade nos sistemas informatizados do site do eSocial, o que tem provocado morosidade na geração do Documento de Arrecadação do eSocial – DAE relativo ao mês de outubro de 2016, com vencimento para esta data.

Até as 17h haviam sido gerados 1.058.437 DAE, o que representa 90,46% do total de empregadores que já fizeram a emissão do documento. Contudo, resta cerca de 9,54% dos contribuintes que ainda não emitiram o DAE e podem enfrentar problemas na geração do documento e respectivo pagamento nesta data.


Diante dessa situação, os Ministros da Fazenda e do Trabalho e Emprego editarão portaria conjunta que prorrogará o prazo para pagamento do DAE até o dia 10 de novembro.


A medida permitirá que o Serpro estabilize os sistemas de emissão do DAE, oferecendo aos empregadores mais tempo e qualidade nos serviços oferecidos no site do eSocial.


Os contribuintes que emitiram o DAE com vencimento em 7 de novembro poderão pagar o documento nesta data ou emitir outro DAE para pagamento até a data do novo vencimento.


Fonte: Receita Federal do Brasil 

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Published on November 08, 2016 08:44

November 7, 2016

Fernanda Torres e a nossa estupidez

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Quando admitimos nossa estupidez.


Como é bom reconhecermos nossa ignorância.


Como é bom perguntar aquilo que o superego e a vaidade inibem.


Fernanda Torres resolver assumir sua estupidez para alguns assuntos e ir atrás de entender o que não compreendia.


Há oito anos, gravou o piloto da série Minha Estupidez, com seu vizinho João Ubaldo Ribeiro.


O programa estreia finalmente dia 14 de novembro no GNT.


Fernanda é uma espécie de representante da obra de Ubaldo, pois levava [leva] no teatro a irresistível obra que se tornou um monólogo, A Casa dos Budas Ditosos.


Mas mentia nas entrevistas ao afirmar que, sim, tinha lido Viva o Povo Brasileiro, o grande clássico do autor baiano.


A entrevista com Ubaldo é sensacional.


Ele conta que durante anos treinava no espelho uma risada simpática, até ele virar um “Ah-ha-hista”.


E ela, que acabou lendo o livro, destrincha a obra, com Evandro Mesquita atuando como o índio canibal, Caboco Capiroba, que come e analisa a carne de um holandês.


Cada entrevista é entremeada com uma obra de ficção, entrevista com o convidado e humor.


Nos próximos episódios:


O cientista Antônio Nobre visita O Inimigo do Povo, de Ibsen. E relembra a faculdade de agronomia, onde aprendeu a fabricar fertilizantes.


Com a antropóloga indigenista Manuela Carneiro da Cunha, que estudou com Lévi-Strauss, conhecemos o mito da origem do homem branco do povo Timbira, da tribo Kanela, do Maranhão, a escravidão indígena, o genocídio e o indianismo.


Fernanda aparece hilária como repórter na praia de Porto Seguro esperando as caravelas de Cabral. Evandro Mesquita faz um xamã.


O episódio da Ministra Carmen Lúcia é ilustrado pela cena do julgamento de O Mercador de Veneza, de Shakespeare.


Caetano Veloso conta com trechos de Panamérica, de José Agrippino.


Caetano lê trechos dos Tristes Trópicos, de Claude Levy Strauss, que Fernanda diz que mudou a sua vida: “Eu me valho da minha ignorância, da curiosidade onívora e de uma certa franqueza, que me leva a admitir, em público, que não sei o que é solipsismo, nem quem são Melpomene e Thalia, além de confessar que passei três anos mentindo que havia lido Viva o Povo Brasileiro.”


Melpomene e Thalia, explica Ubaldo, que apanhava do pai, para ler, são as musas da tragédia e comédia.


A série é dirigida por Mini Kerti e produzida pela Conspiração Filmes.


Ela nos faz querer ler mais, aprender, ir atrás das coisas, sem nos sentirmos totalmente ignorantes ou termos vergonha de perguntar.


Evandro está sensacional; revela como é bom ator.

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Published on November 07, 2016 10:11

November 4, 2016

Que mundo é esse?

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O canal de notícias Globo News passou um tempo se enrolando.


Poucos dos chamados “especialistas”, acadêmicos ou pensadores independentes, que colaboram com a programação, passaram a se recusar a ir a seus programas, no auge da recente polarização política.


Questionavam o comportamento de alguns comentaristas políticos que rasgaram manuais do bom jornalismo ao demonstrar ao vivo comprometimento político com apenas um lado da notícia.


Cuja ética foi questionada, manchando parte da reputação da emissora e do grupo a que pertence.


Que entendeu que estava na hora de mudar e soube renovar.


Chamou-se então Renata Lo Prete, jornalista que se criou na escola do pluralismo democrático nas redações e de se respeitar a opinião do “outro lado”.


Expressão cunhada pelo manual da Folha de S. Paulo, de onde ela vinha.


Mario Sergio Conti, também da escola do jornalismo ético e plural, passou a comandar um programa de entrevistas. Ao vivo, para não haver manipulação editada.


Maria Prata, sangue novo, com o DNA nobre dos escritores Marta Góes e Mario Prata, vindo da editoria de revistas de moda, encaixou como uma luva no programa Mundo S/A.


Ale Youssef e Hermano Vianna apoiaram literalmente seus cotovelos sobre as novas tecnologias, para entender a Revolução da Informação, no programa Navegador.


Mas o melhor estava por vir.


O programa QUE MUNDO É ESSE, pelas chamadas, parecia mais um programa de brasileiros conhecendo o exterior.


Que nada.


O programa de André Fran, Michel Coeli [diretores], Felipe UFO e Rodrigo Cebrian, da produtora independente BASE#1, vai para Nevada, EUA, para tentar entender como a democracia mais antiga do mundo moderno pôde cair no conto de horror chamado Donald Trump.


Uma equipe foi para Las Vegas, a cidade da mentira, dos excessos, dos extremos, o diamante do sonho americano.


Outra foi para o norte, para o festival hippie-hipster Burning Man, em Los Rock, onde a solidariedade, o mínimo, o altruísmo e a utopia resgatam valores da contracultura, numa cidade de mentira, um acampamento, que dura dias.


A equipe de Las Vegas flagra o desperdício de água, energia e descobre o máximo e o mínimo, como o tocador de sanfona mexicano que nem fala inglês e fica numa esquina “alegrando as pessoas”.


Já a equipe do deserto percebe que, apesar das aparências, dinheiro lá também conta: paga-se para entrar; existem distintas tendas, das mais ricas às humildes.


Em 2015 já tinha se enfronhado no território do ISIS.


Hoje, 23h, equipes do Que Mundo É Esse vão para o Texas, entender o fascínio do povo de lá pelas armas.


É um novo estilo de programa turístico: sai a bobajada e bajulação, entra a geopolítica.


Só assim procuramos entender que mundo é esse.


 


+++


 


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Mudando de assunto, SPCINE, produtora, distribuidora e exibidora de cinema fundada pela administração Haddad, dá frutos.


Parte inspirada na bem-sucedida RioFilme, tem MAIS DE 20 SALAS DE CINEMA, inclusive nos CEUs e bibliotecas públicas [200 sessões semanais e expectativa de 960 mil espectadores por ano].


Estreia hoje no circuito o fabuloso filme CANÇÃO DA VIDA, sua produção.


Com Marina Person espetacular como Júlia, mãe de dois filhos, depressiva, a um passo do suicídio.


Dirigido por Gustavo Rosa de Moura [Cildo, Piadeiros], o filme traz João Miguel como um jornalista de cultura de um programa de TV que não sabe mais o que fazer para entender e ajudar a mulher que tentara suicídio.


O tema parece pesado.


A trilha agride.


Vê-se o filme com um incômodo no peito.


E foi feito para isso mesmo.


É daqueles que precisamos ver, se quisermos um chacoalhão na vida.


E procuramos entender que mundo é esse.

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Published on November 04, 2016 06:52

November 3, 2016

A crise do Estado de Direito brasileiro

Justiça deturpada.


Crise no Estado de Direito brasileiro.


O pacto social do novo governo não se configurou.


Ele joga jovens contra jovens, pais contra pais, a sociedade contra estudantes, ao confirmar o Enem, apesar de escolas ocupadas.


O Massacre de Carandiru virou legítima defesa pelo Tribunal de Justiça SP.


A PM interrompendo atores de uma peça autorizada e patrocinada pelo Estado, que crítica justamente a PM?


Juíza que coloca mulheres em celas com presos homens perdeu a noção de direito.


É ilegal algemar adolescentes, como em Tocantins.


A sugestão de tortura de um juiz do Distrito Federal chocou o mundo do Direito.


Nela, uma flagrante violação do Estatuto da Criança e Adolescente, em que o Estado deve fazer de tudo para protege-los.


A Lava Jato é das melhores operações que já aconteceram no país.


Mas ações dela já levaram indagações sobre atos autoritários de juízes e promotores.


O combatente promotor de Justiça no MP da Bahia e professor de Processo Penal da Universidade Federal da Bahia, Elmir Duclerc, listou em ordem “mais ou menos cronológica” o que ele chama de o epitáfio do Estado de Direito no Brasil.


“Vamos nos acostumando com o absurdo, mas vejam como o quadro, desenhado em pouco mais de um ano, é pavoroso, no seu conjunto”, escreveu o promotor, que presta consultoria à comissão especial do Congresso que analisa mudanças no Código de Processo Penal.


São eles:


1) Conduções coercitivas ilegais.


2) Abuso de prisões preventivas.


3) Delações de pessoas presas preventivamente, em alguns casos após uma longa prisão.


4) Invocação, como pano de fundo teórico para isso, da teoria do “garantismo” penal, de Ferrajoli, que é CONTRA o instituto da prisão preventiva.


5) Interceptação telefônica de advogados.


6) Juiz aceitando prêmio por “fazer a diferença” em processos que ainda estão em curso.


7) Vazamentos de informação criminosos e impunes.


8) Associação de juízes lutando politicamente pelo fim da presunção de inocência.


9) MPF mobilizando recursos para fazer campanha pelo endurecimento da lei e redução de garantias, e invocando também Ferrajoli, aquele do Direito Penal mínimo e garantista.


10) Juiz autorizando escutas ilegais e divulgando, ilegal e impunemente, o seu conteúdo.


11) Tribunal federal decretando o estado de exceção no Brasil e invocando o pensamento de Giorgio Agamben, que é um virulento CRÍTICO do estado de exceção.


12) STF emendando CF para acabar com a presunção de inocência.


13) Uso de algemas para conter adolescentes manifestantes.


14) TJSP criando a tese da legitima defesa mediante massacre.


15) O mesmo tribunal processando juíza por mandar soltar presos ilegais.


16) Atores presos por satirizarem a atuação da polícia em peça teatral.


17) Juiz autorizando tortura contra adolescentes


18) Juiz invadindo a competência do STF para determinar buscas e prisões nas dependências do Congresso.


19) Associação de juízes lutando politicamente contra PL que tipifica mais detalhadamente o abuso de autoridade.

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Published on November 03, 2016 09:35

October 31, 2016

O novo é velho na política brasileira

O novo do velho na política brasileira


As eleições municipais de 2016 demonstram que o eleitor brasileiro está cansado da velha política. Mas nem tanto.


Os não políticos João Doria, empresário, Alexandre Kalil, ex-presidente de time de futebol, e Marcelo Crivella, pastor evangélico, foram eleitos.


Velhos políticos, como Rafael Grecca, Curitiba, e o octogenário Iris Rezende, Goiana, voltaram do ostracismo.


Herdeiros de clãs tradicionais, como ACM Netto (Salvador), Rui Palmeira (Maceió), sobrinho do ex-líder estudantil Vladimir Palmeira, e Nelson Marchezan Jr. (Porto Alegre), trazem consigo o DNA da política.


No entanto, a velha estrutura partidária se manteve intacta.


O poder municipal será dividido entre PSDB (803 prefeituras), PMDB (1037), PDT (335), PP (492), partidos que nasceram ainda na Abertura Política da década de 1980, no processo iniciado na ditadura e desenhado pelo general Golbery do Couto e Silva.


Que deu origem no PT (254 prefeituras).


Partidos da Era Vargas mantêm-se organizados e ativos, como PTB (262 prefeituras) e PSB (413 prefeituras).


O PPS, ex-PCB, partido fundado nos anos 1920, elegeu 122 prefeitos.


O refundado PCB não elegeu ninguém.


PCdoB, racha do PCB do começo dos anos 1960, elegeu 81 prefeitos.


Da nova esquerda, como PSOL, PSTU e PCO, só o PSOL emplacou dois candidatos, apesar de ter saído com 430.


O novo partido NOVO saiu com um candidato, que não se elegeu.


REDE saiu com 155. Elegeu sete.


Os partidos tradicionais ainda continuam no Poder.


Se a operação Mãos Limpas, da Itália, levou à ruptura de tradicionais agremiações e a fundação de novas, a Lava Jato ainda não foi tão longe.


A esquerda foi a grande derrotada. Especialmente o PT, que de 638 prefeituras antes de 2016 caiu para 254 e apenas uma capital, Rio Branco (AC).


A extrema-direita mostrou que grita mais (especialmente nas redes sociais) do que apita.


Lula e Dilma nem apareceram para votar.


E melancolicamente não fizeram a diferença ou pouco participaram no segundo turno.


Em Goiana, foram escondidos, como a estrela do PT.


Sinaliza-se que o projeto Lula para 2018 está na revisão. Motor fundiu.


Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB) são as apostas para 2018.


Podem polarizar as eleições presidenciais com um candidato do PMDB ainda não escolhido e longe de uma unanimidade.


Aécio não conseguiu emplacar seu candidato em BH, e a Lava Jato começa a respingar em José Serra.


O mesmo do velho ainda continuará firme nos pilares da política brasileira.

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Published on October 31, 2016 10:13

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Marcelo Rubens Paiva
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