L.C. Lavado's Blog, page 26

September 22, 2011

O "Paraíso" é um estado de espirito






As férias já lá vão e estamos todos de regresso a casa.



Agosto para trás, Setembro a terminar, Outubro a cameçar, e um novo ciclo aparece-nos pela frente... a vida real espera-nos e o paríso ficou para trás... ou talvez não.



Não para todos!

Não para uma mão cheia de felizardos.

Não para nós escritores.






Nós sabemos que o paraíso é muito para além das praias, das ilhas, das manhas tardias, das tardes de sesta, ou das noites de festa. O paraíso está muito mais perto e talvez se não fosse o (péssimo) hábito de mantermos o olhar no amanhã e no depois de amanhã, talvez mais conseguissem ver que o paraíso não é mais do que um estado de espírito.



Nós escritores (especiais como sempre) agarramos esse estado de espírito e fizemos dele o nosso brinquedo predilecto, tornamo-lo realidade e vivemos dentro dele, para no fim o oferecermos ao mundo em forma de histórias. E os mais afortunados entre nós até conseguem o talento de encantar leitores e fazê-los viver por algumas horas no paraíso.



Não há paraísos iguais, cada um de nós tem o seu e a forma de o escrever, e se todos formos fiéis a partilhá-lo com certeza haverá um mundo de prateleiras dipostas a recebê-lo.



O mais importante é encontrar-mos o paraíso, mantermo-nos dentro dele, e escrever, escrever, escrever…





Liliana




 •  0 comments  •  flag
Share on Twitter
Published on September 22, 2011 13:05

September 16, 2011

"One Day" nas Maldivas











Não foi só 1 dia, foram 7 bem passados numa ilhota das Maldivas mas foi "One Day" o livros destas férias.



"Só um livro!?"

(Já oiço o desespero)



Sim, foi mesmo só um livro porque o Snorkeling subiu-me à cabeça e pôs-me durante horas de rabo para o ar, cara dentro de água e olhos esbogalhados para os corais a mirar peixes que nem uma stalker com fetiche por escamas coloridas.






O "One Day" estava na pilha daqueles livros "ando para ler há séculos" e era um entre as dezenas que levei no Nook para ler, mas quando encontrei uma cópia na biblioteca do Hotel, deixei o electrónico e decidi a ir com o papel! (Há algo irresistivel em ler livros usados...)



Era um sinal dos Deuses das férias e Boas leituras: aquele era o meu livro.



Posso dizer sem dúvida que os primeiros capítulos foram do mais perspicaz e cómico que já li há muito... pena que a coisa não continuou assim!



Á mesma velocidade que o tempo vai passando na vida da Ema e do Dexter a leveza e o humor vão passando também e as angústias e desilusões tomam-lhe o lugar quase como se se tratasse de novas personagens ausentes mas constantes.



Durante as horas que passei a ler, adorei este livro; ele tem tudo o que se pode encontrar numa boa história.



David Mitchell conseguiu mais uma fã mas há algo que tenho de discordar com ele: crescer não tem de ser uma tragédia nem as perdas maiores do que os ganhos.



O livro fala dos 20 anos que se seguem ao dia que o Dexter e a Emma terminam a faculdade, segue-se a história de ambos que na minha perspectiva apenas serve de tela para retratar o crescimento, a descoberta, a mudança, alegrias, tristezas, conquistas e derrotas que fazem parte da vida de qualquer pessoa e os levam de jovens estudantes a adultos (mais ou menos sadios dependendo do caminho até lá)



É este caminho que discordo da forma como o autor o retratou... há sempre uma tristeza no ar, um fantasma de falhanço, uma melancolia amarga pelo passar dos anos; as personagens só parecem crescer / avançar pelas perdas e não por vitórias... quero acreditar que não sou a única a pensar que não há coisas boas apenas nos anos ingénuos da infância ou nos sonhadores da juventude, que ser adulto não é assim tão mau nem tão trágico quanto por vezes parece. Afinal, nós (projectos de adultos) podemos comer sobremesa antes do jantar, fazer um jantar de gomas, chocolates e batatas fritas, ficar a ler e a ver filmes até de madrugada, beber álcool até cair, ignorar a lógica da palhinha, soprar e pôr o sumo a borbulhar em alto e bom som como se de um projecto científico se tratasse (nojento, sim, e daí?)


Hoje é o "One Day" de ontem, e porque nunca sabemos se teremos o de amanhã, é melhor aproveitar e dar cabo do desgraçado até ao último minuto!






Liliana






 •  0 comments  •  flag
Share on Twitter
Published on September 16, 2011 10:33

September 5, 2011

Escritores são Deuses obstinados




Nós escritores estamos entre os afortunados que amam aquilo que fazem; se não és apaixonado pela escrita é impossível seres um bom escritor.


É assim tão simples!

Há pedras no caminho como as há em tudo o que vale a pena ter / fazer, mas nós temos a habilidade e o talento para encontrar solução para todas. 





Nós escritores somos criaturas apaixonadas. 

Criamos uma história e passamos centenas de horas a martelar o teclado até ele transformar o que nos vai na cabeça em algo real. (sim, para nós umas palavras espalhadas por uma folha em branco é algo real. Não contrariem!)

Depois, passamos meses a olhar o monitor... para trás e para a frente no texto, cortar, colar, apagar, rescrever ... editar até à perfeição ( ou não ). E nisto pomos tudo o que somos . (Geralmente pomos só a parte melhor, mas há sempre um ou outro com mau feitio que gosta de borrar a fotografia e escrever blogs destes com piadas foleiras.)

Quando terminamos, começamos tudo outra vez.

Nós escritores somos obstinados. Essa é a verdade!

Para os Escritores Exploradores a descoberta desta paixão é recente e muitos de nós ainda estamos a viver a euforia da descoberta. Sentimos que podemos ser tudo através das histórias que criamos.
É nesta parte que alguns de nós entram em sobrecarga e têm uma overdose de criatividade. E como acontece nas overdoses: cais para o lado teso como um cepo! (...ou é a estrebuchar como um perú...? ...coelho...? Não tenho a certeza... isto também é no sentido figurativo... dá para terem a ideia.)

O certo é que de tanto querer, acabamos por correr o risco de não fazer nada.

Mas é compreensivel, não é? Afinal, acabamos de descobrir o potencial da nossa imaginação.

Podemos criar Mundos!

Isso não é o que só os Deuses fazem!? ...Pois! Agora percebem-nos melhor?

Einstein!? Stephen Hawking!? Eles são só génios. Nós escritores somos DEUSES!!! Ah! Ah! Ah!...

(Acho que devo fazer uma pausa neste post... estou-me a sentir estranha...)



Hello!!! Voltei! (Não há razão para alarme, as recaídas são perfeitamente normais.)

Como estava a dizer antes da minha mente flipar, com a descoberta da escrita, do potencial da imaginação e do que as duas combinadas podem criar, nós sentimo-nos maiores do que o mundo: queremos escrever sobre tudo; de todas as maneiras possíveis; em todos os género literários conhecido pelo Homem...

Lamento ter de vos dizer Escritores Exploradores que isso não é possível. Não totalmente. Não no primeiro livro.

Mas a boa notícia (gosto sempre de terminar com uma para animar os espíritos) é que talvez o consigas com o tempo.

Livros atrás de livro, quanto mais escreves mais vais experimentar (não te queixes, é o teu dever lembras-te? ), e vais descobrir a tua escrita.

Talvez tenhas sorte e o descubras logo no primeiro livro, talvez tenhas mais sorte ainda e descubras ao longo de vários livros que todos os géneros são teus.


És um Escritor Explorador: explora!

Depois já sabes... conta-nos como correu.


Liliana





 •  0 comments  •  flag
Share on Twitter
Published on September 05, 2011 11:18

September 2, 2011

Ponto de Escrita #34: Lápis ao rubro





Esta semana foi do mais insane que já vivi em muito tempo!

(o que na minha escala "wacko- wacko" é assustador) 







Basta imaginar crises existênciais, crises de valores, crises de escrita, crises de crises... tudo embalado numa montanha russa de "querer Vs dever", "sonhos Vs realidade"… e por aí a fora… e pode dar uma ideia de como a coisa foi grave. (Ah! E acho que vou ter um cão.) 





No meio destas tretas todas, se liguei o iMac uma vez foi muito e o ficheiro Word com o novo livro nem sequer chegou a tanto.



Caso haja algo de útil a tirar desta semana diabólica é que por muito que me esforce, é impossivel não escrever



Ai, ai... fraquezas, fraquezas... pelo menos a minha é mais fácil de saciar do que a do Dexter Morgan)



Embora o meu Word esteja na mesma, o meu bloco de notas está ao rubro… 










...tudo frente e verso e espaço bem aproveitadinho que as árvores já são poucas.

Esta carrada de gatafunhos é suposto serem os próximos capítulos, logo que eu consiga decifrá-los. 






A mania dos papeizinhos é recente. Não me recordo bem quando começou mas apercebi-me que são um bom truque para desbravar o matagal de ideias; definir estrutura de acontecimentos; focar pontos chave dos capítulos; e em momentos especialmente importantes para a história e/ou cenas complicadas entre personagens, funciona às mil maravilhas!



É uma espécie de exercício de escrita livre onde escrevo exactamente como penso mesmo que por vezes misture capítulos, falas de personagens, ou nada bata realmente certo com nada... é um vale tudo (do tipo Tim Burton meets South Park)





Cada escritor com o seu próprio génio criativo. Conta lá o teu!





Tempo de voltar ao Word.



Wish me luck!



Liliana
















 •  0 comments  •  flag
Share on Twitter
Published on September 02, 2011 06:21

August 29, 2011

Socorro! Personagens a esvanecer







Os personagens são a chave de um livro.(Ou pelo menos é o que diz a minha auto-proclamada religião literária)





Como leitora, Neil Gaiman para mim é frustrante como procurar livros baratos na Feira Do livro... em todas as santas vezes é sempre a mesma coisa:numa primeira vista de olhos: promete
lá vou eu toda doida
pego num livro 
pego noutro livro (eu sou insistente)
Livro 1 "uuummm"
Livro 2 "isto não vai ser fácil"
Livro 3 "outra vez não..."
Pronto! é aqui que a coisa descarrila!


Os personagens dele nunca me cativam. Resultado: deixo o livro sem o terminar. (ou a Feira do livro sem comprar)

Abandonar um livro é sempre uma dor de cotovelo (sinto-me estúpida porque acho sempre que eu é que não consegui compreender a mensagem do autor) mas há tantos à espera de oportunidade para serem lidos que não me há gigante literário que me faça manter o nariz espetado num que não me cheira. (O falecido Saramago que o diga)Posso sempre voltar a eles um dia mais tarde e quem sabe talvez o resultado seja diferente.

Mesmo que não concordes que os personagens são o mais importante, de certeza que sabes que são muito importantes no teu livro, e por isso dedicas bastante tempo a criá-los, caracterizá-los e fazê-los o mais reais (ou surreais, dependendo do que andas a inventar escrever), tirando partido de todo o valor que podem adicionar à história.

Há medida que escreves e avanças no número de páginas, algo impensável pode vir a acontecer: tu esqueceste o rosto das tuas personagens.

De repente, já não tens a certeza se os olhos era verdes ou azuis... ou seriam cinzentos? Tens a certeza que eram de uma cor clara! O cabelo tocava os ombros... ou cobria os ombros? Era liso... tens quase a certeza... voltas ás páginas iniciais (as únicas nas quais ainda tens confiança) e descobres que até as tuas certezas estavam erradas!

Quando isto me aconteceu, ao primeiro livro fiquei preocupada; no segundo fique mesmo preocupada; no terceiro tive a certeza de que alguma coisa havia de errado com a minha memória! Como é que era possível não me lembrar dos meus próprios personagens!? Mais tarde ou mais cedo, todos eles acabavam por ficar parecidos comigo... até os homens... a magnitude que o meu egocêntrismo alcança é coisa digna de ser estudada!

Até que um dia feliz descobri que não estava sozinha! (há sempre um conforto perverso em saber que algures no mundo alguém espetou com a pata na mesma poça que tu.)

Num artigo, um outro escritor desabafava que lhe acontecia o mesmo e que por sua vez também andava um bocado preocupado até também ele encontrar um outro escritor na mesma situação.Três com o mesmo sintoma? E conhecendo a cortina de silêncio que a maioria dos escritores usa para se esconder... Já posso extrapolar e dizer que é normal!!!E foi assim que mais uma alegria veio à minha vida!

Agora fica aqui mais um testemunho para reforçar que "é normal esqueceres os teus personagens".Embora passes meses ou até anos em torno deles, a tua mente vai-se focando na trama e em criar a história, afastando-se dos personagens que (na verdade) já estão há muito definidos e poucos neurónios exigem.

Um truque : procura na net, em jornais e/ou revistas, fotos de pessoas que se parecem com a imagem que pensaste para os teus personagens. Cola-as no teu bloco de notas, aproveita e escreve ao lado os pontos-chaves da personalidade e biografia de cada um deles, e deixa a tua cabeça livre para imaginar o que ainda falta no teu livro.



Confessa!

Quando é que te esqueceste de uma das tuas personagens?



Liliana



 •  0 comments  •  flag
Share on Twitter
Published on August 29, 2011 11:55

August 26, 2011

É o 1° livro. Não percas o ar!









Todos nós somos iniciantes em algum ponto da nossa vida.













Escritores famosos, anónimos, profissionais ou amadores, todos começamos no mesmo momento: quando decidimos pôr palavras em papel sem ter uma urtiga de ideia do que dali iria sair.

 Os caminhos depois divergem em incontáveis possibilidades, e é então que a ansiedade e os nervos levam a melhor de muitos de nós.

 "O que devo fazer?"; "A história faz sentido?"; "Os personagens são credivéis?"; "Estou a demorar muito tempo para acabar a primeira versão?"; "Será que vou ser publicado?"; "Devo parar de editar? ... não... devo editar mais? ...melhor?"



Nós escritores nos primeiros anos de escrita tendemos a esquecer a aventura do 1 livro e os privilégios da descoberta. Estamos demasiado focados na tarefa em mãos, até nos vermos sugados para o ciclo:





- Ansiedade em terminar o 1° draft

- Editar, re-editar, e editar mais um bocado

- A persseguição à perfeição

- Submeter a editoras

- Esperar por respostas das editoras

- Desesperar por respostas das editoras

- Desilusão pelas respostas das editoras

- Dúvidas se "és bom o suficiente"

- Dúvidas existenciais





...sim, nós escritores temos uma tendência para o dramático.





Não deixes que o teu primeiro livro te tire o ar, nem as unhas de tanto as roeres até ao sabugo!





Tenta aproveitar a caminhada.





A descoberta pessoal quando fazemos algo pela primeira vez; deslumbramento em perceber que o conseguimos fazer; as emoções dos altos e dos baixos. Todas as novas sensações.





Não obceques com a perfeição. (tudo bem, obceca só um bocadinho)





Goza da liberdade. Experimenta. Diverte-te. E orgulha-te nisso!



Liliana



 •  0 comments  •  flag
Share on Twitter
Published on August 26, 2011 01:11

August 22, 2011

Ponto de Escrita #33: E agora, lá vou eu outra vez!



Uau!O estado em que estão as minhas unhas são o melhor testemunho da carga de trabalhos desta semana.Á parte das dúvidas existênciais do custume, rescrever as minhas tão estimadas 15 páginas foi dificil mas... estranhamente terapêutico.

Foi como entrar numa pequena biblioteca abandonada e maltratada e começar a tirar o pó e as teias de aranha às prateleiras, organizar os livros, restaurar os mal tratados... no final resultou num cenário inspirador onde só apetece sentar e por fim ler um livro... ou neste caso continuar a escrevê-lo.

Como comentei no Ponto de Escrita #31, ao ler as primeiras páginas que tinha, gostei do que estava escrito, gostei muito mais do que seria de esperar de um draft, mas agora gosto  ainda mais!

Apesar de ser o meu 5º livro, é o 1º que estou a escrever em Inglês... e isso torna rudo muito mais divertido!Dores de cabeça com a gramática à parte, é tudo aventura!

Estou a descobrir uma "outra" escritora em mim... nem melhor nem pior do que a "portuguesa", apenas diferente.O cérebro funciona de forma fascinante, ao pensar e escrever numa outra lingua, ele mudou-me "a voz" e o estilo; como conto as histórias; como escolho aventuras; o tipo de personagens; os comportamentos...

Por tudo o que podemos descobrir sobre nós como escritores é que vale a pena desafiarmo-nos e ousar sempre um caminho diferente do já percorrido. Não é preciso escrever numa outra língua, basta um outro género, passar Romance a Mistério ou Thriller a Horror; fazer o personagem principal responder "sim" quando usualmente deveria responder "não" e desafiar a imaginação a criar um inesperado "o que acontece depois?" "como é que a história vai continuar depois de uma resposta errada?"

É com este "depois" e "continuar" que estou mais uma vez a começar.Rescrever já lá vai, agora é voltar a imaginar...

Liliana




 •  0 comments  •  flag
Share on Twitter
Published on August 22, 2011 11:59

Ponto de Escrita #33: Lá vou eu outra vez!





Uau!O estado em que estão as minhas unhas são o melhor testemunho da carga de trabalhos desta semana.Á parte das dúvidas existênciais do custume, rescrever as minhas tão estimadas 15 páginas foi dificil mas... estranhamente terapêutico.

Foi como entrar numa pequena biblioteca abandonada e maltratada e começar a tirar o pó e as teias de aranha às prateleiras, organizar os livros, restaurar os mal tratados... no final resultou num cenário inspirador onde só apetece sentar e por fim ler um livro... ou neste caso continuar a escrevê-lo.

Como comentei no Ponto de Escrita #31, ao ler as primeiras páginas que tinha, gostei do que estava escrito, gostei muito mais do que seria de esperar de um draft, mas agora gosto  ainda mais!

Apesar de ser o meu 5º livro, é o 1º que estou a escrever em Inglês... e isso torna rudo muito mais divertido!Dores de cabeça com a gramática à parte, é tudo aventura!

Estou a descobrir uma "outra" escritora em mim... nem melhor nem pior do que a "portuguesa", apenas diferente.O cérebro funciona de forma fascinante, ao pensar e escrever numa outra lingua, ele mudou-me "a voz" e o estilo; como conto as histórias; como escolho aventuras; o tipo de personagens; os comportamentos...

Por tudo o que podemos descobrir sobre nós como escritores é que vale a pena desafiarmo-nos e ousar sempre um caminho diferente do já percorrido. Não é preciso escrever numa outra língua, basta um outro género, passar Romance a Mistério ou Thriller a Horror; fazer o personagem principal responder "sim" quando usualmente deveria responder "não" e desafiar a imaginação a criar um inesperado "o que acontece depois?" "como é que a história vai continuar depois de uma resposta errada?"

É com este "depois" e "continuar" que estou mais uma vez a começar.Rescrever já lá vai, agora é voltar a imaginar...

Liliana




 •  0 comments  •  flag
Share on Twitter
Published on August 22, 2011 11:59

August 18, 2011

O momento de "The Lovely Bones"









"The Lovely Bones" foi um dos raros casos em que vi o filme e não li o livro.






Ler mais de duzentas páginas daquela história é uma visão penosa! Por mais bela que a escrita seja, é triste demais para mim.

(E para penoso já me bastou mais um aniversário na semana passada)





Mas para além dos cenários maravilhosos (parabéns ao Director de Fotografia), houve um pormenor que faz com que não esqueça este filme, e esteja aqui a escrever este post.

Uma frase.





"I was here for a moment. And then I was gone."





Não sei se a frase consta no livro, ou/se como foi traduzida para Português, mas não me atrevo sequer a tentar uma tradução.

O sentimento de precariedade de "sermos", do "aqui e agora", de tudo o que tomamos com certo e eterno e que na realidade não o são. Está tudo nela. Uma frase tão tocante como assustadora.





No dia a dia é fácil perdermo-nos no que é "suposto" querermos, no que é "suposto" fazermos, nas expectativas que os que nos amam depositam em nós, no que os outros pensam ou podem pensar, no que é universalmente considerado certo ou errado... é fácil tornarmo-nos na pessoa que o mundo espera que sejamos em vez da pessoa que verdadeiramente desejamos ser.





E no escasso "momento" que nos é concedido, acredito que muitos de nós nunca o chega a descobrir.





Quem nos pode condenar?

É natural a vontade de agradar a quem nos rodeia, pais, irmãos, irmãs, namorados, maridos e mulheres, primos e tias... e pode não parecer, mas é tão natural como eles aceitarem que o que nos faz felizes não é tirar um bom curso na faculdade, arranjar um bom emprego , endividarmo-nos para o resto da vida numa boa casa ; construir um bom casamento , ter filhos... mas antes, pegar na mochila e ir à boleia até à Holanda, viver num barco em Amesterdão e arranjar forma de desenrascar a vida com os trocos que se consegue da venda dos quadros pintados em passeios e vendidos aos turistas... ou... ser um escritor... porque não?





Só que... é sempre mais nobre cedermos e sacrificarmos a vida pela felicidade dos outros, do que exigir respeito ao que somos e ao que queremos ser.

É mais nobre, e mais fácil. E há até quem lhe chame cobardice.





Porque se a infelicidade anda a par do dia, durante vários dias: é porque "têm de ser"; se a frustração é tão usual que já passou a fazer parte da personalidade: é tudo pelos outros, em prol dos outros e tudo, tudo culpa dos outros.





O busílis é que num "levantar de cabeça" e "ir à luta", a possibilidade de falhanço está lá, é bem real, e se ela acontecer não há outros para culpar... somos só nós e isso assusta com as urtigas!





A boa notícia (porque vocês sabem como adoro dar boas notícias) é que mesmo ao falhar, quando se olha para trás nunca se sente como tal. Porque ao ousar lutar, nem uma grande derrota ultrapassa essa vitória.





Vamos escrevendo, escrevendo, escrevendo... porque para ir escrevendo ainda temos coragem.





Liliana




 •  0 comments  •  flag
Share on Twitter
Published on August 18, 2011 23:48

August 15, 2011

Ponto de Escrita #32 : Rescrever que nem um Super-Herói



Afinal as más notícias não foram assim tão catastróficas.



Durante o fim-de-semana andei com as folhas e os blocos de notas acupulados a mim e pus-me a escrutinar o draft.

Descobri que se tivesse o talento para rescrever ainda havia uso a dar ao que tinha escrito.

Quando digo "talento" não é ter poderes de super-escritor. Talvez devesse antes dizer destreza ou sangue frio.



É instintivo tentar preservar o que críamos, e por isso reescrever pode tornar-se uma prova de fogo (mas a papel e tinta).



Esperam-nos armadilhas e tentações...

- "isto não está assim tão mal"

- "talvez a ideia seja a correcta"

- "será que esta nova visão da história é a que devo mesmo levar para a frente?"

- "quando escrevi pareceu-me tão bem. Talvez deva esperar algum tempo, só para ter a certeza..."





...e depois o tempo passa e o trabalho fica empancado, ou pior, o rescrever resume-se a mudar duas vírgulas e continuar a investir tempo e energias em algo que, aquela vozinha no fundo da nossa cabeça chamada consciência vai estar sempre a repetir "não está bom o suficiente", "podias fazer melhor" até que mais dia menos dia a frustração acaba por nos dar um pontapé no rabo (bem merecido)

É como aqueles namorados de longa data que decidem casar por tudo o que já investiram na relação durante tantos anos no passado e não pelos muitos que os esperam no futuro.



Sim, estas dúvidas e questões existenciais andaram-me pela mioleira este fim-de-semana, mas que nem um herói (perdão) heroína destemida pus a minha capa e tal qual Zorro desatei a cortar pelo texto a fazer das personagens e da história uma nova versão melhorada deles mesmos. 

Há momentos em que é preciso um escritor deixe o coração de lado.



Reescreve como se o texto base não fosse teu (sim, sei o que estou a pedir, lê lá mais uma vez a frase anterior) e garanto que o resultado final te vai saber a vitória e vais ter energia redobrada para continuar a escrever a que poderá ser a obra da tua vida.



Porque nunca se sabe... vamos lá escrever?

Claro que vamos!

Liliana



 •  2 comments  •  flag
Share on Twitter
Published on August 15, 2011 16:53