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April 6, 2020
COVID-19: A "SORTE GRANDE" DOS VIGARISTAS, CORRUPTOS E AT+E DE ASSASSINOS
Não há mais vida além da covid-19?
Desde Janeiro que não há praticamente notícias sobre outra coisa que não seja o coronavírus e a covid-19. Tudo o mais deixou de existir.
As notícias da doença são repetidas durante 24 h, até à exaustão, em todos os Media, sobretudo em nos canais televisivos, que são o principal meio de acesso à informação dos que estão em quarentena. Não falam de outra coisa.
Todos os grandes casos de Justiça, da gente corrupta que enriqueceu, roubando o Estado, o povo ou os accionistas dos bancos e empresas, desapareceram por completo dos radares dos Media. Que aconteceu a essa gente? Por onde anda Isabel dos Santos, Ricardo Salgado, Sócrates e quejandos? Continuam a fazer impunemente lavagem de dinheiro sujo ou a porem aquele de que se apropriaram fraudulentamente nas off-shores?
E os que fugiram aos impostos, os do futebol, por exemplo, livraram-se das investigações?
A Justiça, deixou de funcionar, com medo do vírus? Se já era lenta antes da pandemia, será que paralisou? Vi e ouvi a Ministra da Justiça (que aprecio) a falar dos presos que seriam postos em liberdade (com que concordo), mas não lhe ouvi uma única palavra sobre os criminosos de colarinho branco. Aposto que estarão "confinados ao isolamento" nas suas luxuosas moradias com piscina e outras mordomias (pagas com o saque que fizeram durante anos ao país), em quarentena como eu e os meus leitores. Parece-me mais umas férias de luxo e um prémio!
UCRANIANO MORTO À PANCADA, ALEGADAMENTE, POR INSPECTORES DO SEF
Ihor Homenyuk, tinha 40 e poucos anos, casado e com dois filhos
E não provoca a maior indignação que nenhum governante venha dar uma explicação aos portugueses sobre crimes cometidos por organizações policiais ou militares, como o que alegadamente cometeram três inspectores do SEF - Duarte Laja, Bruno Sousa e Luís Silva - espancando até à morte, cobardemente, Ihor Homenyuk, um ucraniano (que estava detido numa sala do aeroporto de Lisboa, sedado e manietado no chão). Estes inspectores gabaram-se do feito dizendo que "já não precisavam de ir ao ginásio", manifestando a impunidade de quem sabe que não tem testemunhas numa época trágica (mas, para seu azar, até houve testemunhas de colegas)?
Esmagaram-lhe o peito e as costas à bastonada, até a vítima não poder respirar e deixaram-no durante longas horas a morrer no chão da sala, até outro inspector o descobrir. E todos os que ouviram os seus gritos e não lhe prestaram auxilio, foram coniventes com o crime. Que foi encoberto por muita gente.
E o inspectores foram enviados para casa, pela sua directora com a pena de não poderem sair de casa? Como nós, em quarentena?
O SEF demorou mais de três horas a comunicar ao MP a morte do cidadão ucraniano nas suas instalações do aeroporto. E levou seis dias a informar a Inspecção-Geral da Administração Interna
Tenho direito a saber por que razão a cadeia de comando do SEF não se pronunciou sobre esta morte. São responsáveis pelo encobrimento de um crime tão repugnante, para mais cometido por forças de segurança que, num estado democrático, têm o dever e obrigação de proteger os cidadãos, mesmo os que possam ter cometido faltas ou mesmo serem criminosos?
Isto faz-me lembrar de um outro crime, que teve lugar há anos, numa esquadra da polícia de má memória, em que os inspectores decapitaram um preso. Julguei que barbaridades destas já não eram possíveis no nosso país.
TENHO DIREITO A UMA EXPLICAÇÃO DOS RESPONSÁVEIS E QUERO QUE OS CULPADOS SEJAM CASTIGADOS, ASSIM COMO OS SEUS CHEFES, QUE OS ENCOBRIRAM OU NÃO QUISERAM SABER.
Desde Janeiro que não há praticamente notícias sobre outra coisa que não seja o coronavírus e a covid-19. Tudo o mais deixou de existir.
As notícias da doença são repetidas durante 24 h, até à exaustão, em todos os Media, sobretudo em nos canais televisivos, que são o principal meio de acesso à informação dos que estão em quarentena. Não falam de outra coisa.
Todos os grandes casos de Justiça, da gente corrupta que enriqueceu, roubando o Estado, o povo ou os accionistas dos bancos e empresas, desapareceram por completo dos radares dos Media. Que aconteceu a essa gente? Por onde anda Isabel dos Santos, Ricardo Salgado, Sócrates e quejandos? Continuam a fazer impunemente lavagem de dinheiro sujo ou a porem aquele de que se apropriaram fraudulentamente nas off-shores?
E os que fugiram aos impostos, os do futebol, por exemplo, livraram-se das investigações?
A Justiça, deixou de funcionar, com medo do vírus? Se já era lenta antes da pandemia, será que paralisou? Vi e ouvi a Ministra da Justiça (que aprecio) a falar dos presos que seriam postos em liberdade (com que concordo), mas não lhe ouvi uma única palavra sobre os criminosos de colarinho branco. Aposto que estarão "confinados ao isolamento" nas suas luxuosas moradias com piscina e outras mordomias (pagas com o saque que fizeram durante anos ao país), em quarentena como eu e os meus leitores. Parece-me mais umas férias de luxo e um prémio!
UCRANIANO MORTO À PANCADA, ALEGADAMENTE, POR INSPECTORES DO SEF
Ihor Homenyuk, tinha 40 e poucos anos, casado e com dois filhos E não provoca a maior indignação que nenhum governante venha dar uma explicação aos portugueses sobre crimes cometidos por organizações policiais ou militares, como o que alegadamente cometeram três inspectores do SEF - Duarte Laja, Bruno Sousa e Luís Silva - espancando até à morte, cobardemente, Ihor Homenyuk, um ucraniano (que estava detido numa sala do aeroporto de Lisboa, sedado e manietado no chão). Estes inspectores gabaram-se do feito dizendo que "já não precisavam de ir ao ginásio", manifestando a impunidade de quem sabe que não tem testemunhas numa época trágica (mas, para seu azar, até houve testemunhas de colegas)?
Esmagaram-lhe o peito e as costas à bastonada, até a vítima não poder respirar e deixaram-no durante longas horas a morrer no chão da sala, até outro inspector o descobrir. E todos os que ouviram os seus gritos e não lhe prestaram auxilio, foram coniventes com o crime. Que foi encoberto por muita gente.
E o inspectores foram enviados para casa, pela sua directora com a pena de não poderem sair de casa? Como nós, em quarentena?
O SEF demorou mais de três horas a comunicar ao MP a morte do cidadão ucraniano nas suas instalações do aeroporto. E levou seis dias a informar a Inspecção-Geral da Administração Interna
Tenho direito a saber por que razão a cadeia de comando do SEF não se pronunciou sobre esta morte. São responsáveis pelo encobrimento de um crime tão repugnante, para mais cometido por forças de segurança que, num estado democrático, têm o dever e obrigação de proteger os cidadãos, mesmo os que possam ter cometido faltas ou mesmo serem criminosos?
Isto faz-me lembrar de um outro crime, que teve lugar há anos, numa esquadra da polícia de má memória, em que os inspectores decapitaram um preso. Julguei que barbaridades destas já não eram possíveis no nosso país.
TENHO DIREITO A UMA EXPLICAÇÃO DOS RESPONSÁVEIS E QUERO QUE OS CULPADOS SEJAM CASTIGADOS, ASSIM COMO OS SEUS CHEFES, QUE OS ENCOBRIRAM OU NÃO QUISERAM SABER.
Published on April 06, 2020 04:08
April 3, 2020
A PANDEMIA É UMA BÊNÇÃO PARA OS NEOLIBERAIS CONVICTOS
HUMOR NEGRO
Não consigo deixar de pensar no regozijo dos neoliberais mais fundamentalistas que passaram os últimos anos a queixarem-se das reformas que os velhos usufruem (esquecendo-se que a maioria de nós descontou durante mais de 35 anos para isso, portanto é dinheiro próprio, não é uma esmola).
Como a Pandemia tem feito, e continuará a fazer, uma razia nos velhos acima dos sessenta anos, os neoliberais vão ficar com o problema resolvido: a morte dos velhos é o seguro de vida para os jovens executivos, empresários, empreendedores e outros que tais.
E, se mesmo assim ainda não chegar para lhes assegurar uma vidinha de ricos, podem começar a "despachar" os pais e os avós mais resistentes à pandemia. Tapem-lhes a cara com uma almofada, durante o sono, que a morte se confundirá com a covid-19 e ninguém desconfiará.
Não consigo deixar de pensar no regozijo dos neoliberais mais fundamentalistas que passaram os últimos anos a queixarem-se das reformas que os velhos usufruem (esquecendo-se que a maioria de nós descontou durante mais de 35 anos para isso, portanto é dinheiro próprio, não é uma esmola).
Como a Pandemia tem feito, e continuará a fazer, uma razia nos velhos acima dos sessenta anos, os neoliberais vão ficar com o problema resolvido: a morte dos velhos é o seguro de vida para os jovens executivos, empresários, empreendedores e outros que tais.
E, se mesmo assim ainda não chegar para lhes assegurar uma vidinha de ricos, podem começar a "despachar" os pais e os avós mais resistentes à pandemia. Tapem-lhes a cara com uma almofada, durante o sono, que a morte se confundirá com a covid-19 e ninguém desconfiará.
Published on April 03, 2020 02:27
April 2, 2020
OS CROMOS DO CORONAVÍRUS: NICOLÁS MADURO
Maduro acusa navio cruzeiro português de acto de “terrorismo e pirataria” Um barco da Marinha da Venezuela afundou-se após colidir com o cruzeiro de turistas que tinha bandeira portuguesa, Resolute.
O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, acusou o cruzeiro de ter cometido um acto de “terrorismo e pirataria” contra um barco da Marinha venezuelana que se afundou segunda-feira, após uma colisão.
Segundo Maduro, o barco venezuelano foi abalroado “de maneira brutal”. Tratou-se. contudo, de um acidente nas manobras e o navio cruzeiro recolheu todos os 'náufragos".
Maduro instou as autoridades do Curaçau, onde o barco está ancorado, a investigar este “acto de pirataria internacional”.
AS "PÉROLAS" DE MADURO:
«O barco [de bandeira portuguesa] que investiu contra a nossa nave é oito vezes mais pesado, é como se um gigante pugilista de 100 quilogramas agarrasse um menino pugilista e o golpeasse”, frisou.
"Trata-se de um acto de terrorismo e pirataria que há que investigar”, porque “se tivesse sido um barco de turistas não teria tido essa atitude de querer agredir“.
“As investigações continuam. As autoridades de Curaçau, em cumprimento dos compromissos internacionais, devem fazer a investigação, informar oficialmente e tomar as providências porque foi um acto de pirataria internacional”. disse Nicolás Maduro.
NOTA: O navio de turistas foi registado em Portugal, mas não pertence ao nosso país, mas sim ao Canadá e a outro país qualquer.
O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, acusou o cruzeiro de ter cometido um acto de “terrorismo e pirataria” contra um barco da Marinha venezuelana que se afundou segunda-feira, após uma colisão.
Segundo Maduro, o barco venezuelano foi abalroado “de maneira brutal”. Tratou-se. contudo, de um acidente nas manobras e o navio cruzeiro recolheu todos os 'náufragos".
Maduro instou as autoridades do Curaçau, onde o barco está ancorado, a investigar este “acto de pirataria internacional”.
AS "PÉROLAS" DE MADURO:
«O barco [de bandeira portuguesa] que investiu contra a nossa nave é oito vezes mais pesado, é como se um gigante pugilista de 100 quilogramas agarrasse um menino pugilista e o golpeasse”, frisou.
"Trata-se de um acto de terrorismo e pirataria que há que investigar”, porque “se tivesse sido um barco de turistas não teria tido essa atitude de querer agredir“.
“As investigações continuam. As autoridades de Curaçau, em cumprimento dos compromissos internacionais, devem fazer a investigação, informar oficialmente e tomar as providências porque foi um acto de pirataria internacional”. disse Nicolás Maduro.
NOTA: O navio de turistas foi registado em Portugal, mas não pertence ao nosso país, mas sim ao Canadá e a outro país qualquer.
Published on April 02, 2020 11:05
March 31, 2020
Ex-ministros denunciam Bolsonaro à OMS por campanha de desinformação ��
Twitter, Facebook e Instagram também apagam publicações de Bolsonaro, mas não apagam as de Trump... PORQUÊ?
O Twitter foi a primeira rede social a apagar conteúdos do Presidente do Brasil relacionados com a pandemia da Covid-19. Seguiram-se, nas últimas horas, o Facebook e o Instagram, com o argumento que as regras excluem publicações em que a "desinformação que possa causar danos reais às pessoas".
Em causa está um novo vídeo de Jair Bolsonaro, no qual o Presidente brasileiro conversa com um vendedor ambulante de Taguatinga, nos arredores de Brasília. “Conversei com as pessoas e elas querem trabalhar. É o que eu disse desde o início. Vamos tomar cuidado, as pessoas com mais de 65 [anos] devem ficar em casa”, bradou Bolsonaro.
Outra das ideias propaladas pelo Presidente foi a de que a cloroquina, fármaco utilizado para tratar a malária, “está a funcionar em todos os lugares”, algo que ainda carece de validação científica.
A pandemia da Covid-19 já fez 159 vítimas mortais no Brasil. Há registo de pelo menos 4579 infectados. Ex-ministros da saúde lançaram um manifesto repudiando as declarações de Jair Bolsonaro minimizando a pandemia do novo Coronavírus.
Published on March 31, 2020 04:30
March 30, 2020
Confinamento nas "Caravelas de Descobrir"
No meu romance "O Navegador da Passagem" - Bartolomeu Dias (há muito esgotado), descrevo um outro tipo de confinamento, o das caravelas e naus de descobrir, as "gaiolas ou prisões do mar", como eram então chamadas, em que se viajava por mares desconhecidos, por vezes quase uma ano, como na odisseia da descoberta do Cabo das Tormentas/Boa Esperança.
Aqui vos deixo a descrição do que acontecia quando chegavam às costas da Guiné, com as calmarias.
O Navegador da Passagem:
«O marinheiro gritou a alta voz a saudação da manhã:
– São oito horas. Deus nos dê os bons dias. Boa viagem faça a caravela, senhor capitão, mestre e toda a companhia. Ámen.
Os quartos de vela começavam a ressentir-se com as baixas dos marinheiros e grumetes, aquando da rendição às quatro, oito e doze horas, de manhã e em iguais turnos depois do meio-dia, dividindo-se os homens da tarde em dois grupos que alternavam com as noites, tendo cada tripulante e oficial de servir dois quartos de vela de quatro horas cada um. O pessoal que estava de serviço ao nascer do sol, antes de ser rendido, baldeava as pontes com água do mar, tarefa repetida pelo turno das quatro da tarde, e os que vinham mais frescos punham-se à bomba, para escoar a água que nunca secava e acabava por apodrecer, tornando mais intenso o fedor na caravela.
Na derrota da Guiné, os alísios do nordeste tinham sido substituídos por uns ventos caprichosos e imprevisíveis que assolaram o mar com tornados e ondas altíssimas, sacudindo os três navios como madeiros à deriva, para logo cessarem tão subitamente como haviam começado. Era todavia um sossego enganador, escondendo perigos invisíveis, com a pequena frota a navegar às cegas através de um denso nevoeiro, imobilizando-se por fim numa grande calmaria, quente como fornalha.
Bartolomeu Dias achava-se já na amurada do lado da proa, quando Pêro de Alenquer surgira na coberta com um matalote que lhe transportava a caixa do astrolábio e fora postar-se junto ao mastro principal a fim de evitar os balanços da caravela enquanto tomava a altura do sol. Sabia que ele preferia executar aquele trabalho em terra onde era possível manter o aparelho imóvel e obter uma medição mais correcta, mas não fariam escala antes de S. Jorge da Mina e o mar com aquela calma parecia um lago de águas mortas.
(...)
Os homens padeciam do mal das calmarias, como lhe anunciara o barbeiro, uns com febres e outros com bostelas pela testa, moléstia frequente naquela costa. Não era difícil que o mal se pegasse aos matalotes de toda a armada, posto que, durante os períodos de imobilidade da frota, os batéis andavam cá e lá entre os três navios para os homens confraternizarem e tomarem algum desenfadamento. Sem demora mandou aviso a todos os oficiais para lhe virem prestar contas das suas dificuldades e necessidades.
– Na S. Pantaleão – queixou-se João Infante, muito agastado – a água tem gusanos e fede que nem tapando o nariz se adrega a beber.
– Ao passar a linha, danou-se grande parte dos alimentos – confirmou Diogo. – Andei com o despenseiro a ver dos estragos e tanto as carnes salgadas como as secas estão corruptas, o azeite, a manteiga, a marmelada e o mel fervem como se estivessem ao fogo, de mesmo fermentaram as passas e os figos que levávamos para os enfermos.
– E o bichedo que ali se cria, por via da corrupção das viandas com esta calma, é tanto que até parece as pragas do Egipto – acrescentou João Álvares, o mestre da naveta das provisões, apoiando o seu capitão.
– Nós também não vamos mal servido deles – disse mestre João Grego da S. Pantaleão.
– Nem nós, tão-pouco! – apressou-se a dizer António Leitão, para mostrar que a nau capitânia não gozava de privilégios especiais ou de melhores grumetes. – E com os homens a adoecerem, uns após outros, não podemos fazer a baldeação e lavagem com vinagre do porão, pois não temos assaz de gente com forças para trazer a carga para a ponte.
Os porões dos três navios, onde se armazenavam os víveres, principalmente o da naveta pela grande quantidade de alimentos que transportava, em nada se distinguiam já da aterradora ideia que os matalotes faziam das profundezas do inferno e cada descida ao bojo das caravelas era um calvário de sofrimento. As fezes e urina dos coelhos, galinhas e carneiros vivos, metidos em gradados e capoeiras, mas também dos homens que, apesar das proibições, bastas vezes ali se aliviavam, empestavam o ar e serviam de viveiros a enxames de piolhos, pulgas, percevejos, baratas e ratazanas.
– O guardião só à força de castigos e pancada faz entrar lá os grumetes, para alguma limpeza, pois saem cobertos de bichos e infestam o navio.
– Água, para lavar roupas, conveses ou porões, só a do mar, mestre Leitão – recomendou Bartolomeu Dias. – Mesmo corrupta, não se pode desperdiçar, pois não sabemos quando chegaremos à Mina para a aguada. »
Nota: O quarto da alva, das quatro às oito da manhã.
(O Navegador da Passagem - Deana Barroqueiro)
Aqui vos deixo a descrição do que acontecia quando chegavam às costas da Guiné, com as calmarias.
O Navegador da Passagem:
«O marinheiro gritou a alta voz a saudação da manhã:
– São oito horas. Deus nos dê os bons dias. Boa viagem faça a caravela, senhor capitão, mestre e toda a companhia. Ámen.
Os quartos de vela começavam a ressentir-se com as baixas dos marinheiros e grumetes, aquando da rendição às quatro, oito e doze horas, de manhã e em iguais turnos depois do meio-dia, dividindo-se os homens da tarde em dois grupos que alternavam com as noites, tendo cada tripulante e oficial de servir dois quartos de vela de quatro horas cada um. O pessoal que estava de serviço ao nascer do sol, antes de ser rendido, baldeava as pontes com água do mar, tarefa repetida pelo turno das quatro da tarde, e os que vinham mais frescos punham-se à bomba, para escoar a água que nunca secava e acabava por apodrecer, tornando mais intenso o fedor na caravela.
Na derrota da Guiné, os alísios do nordeste tinham sido substituídos por uns ventos caprichosos e imprevisíveis que assolaram o mar com tornados e ondas altíssimas, sacudindo os três navios como madeiros à deriva, para logo cessarem tão subitamente como haviam começado. Era todavia um sossego enganador, escondendo perigos invisíveis, com a pequena frota a navegar às cegas através de um denso nevoeiro, imobilizando-se por fim numa grande calmaria, quente como fornalha.
Bartolomeu Dias achava-se já na amurada do lado da proa, quando Pêro de Alenquer surgira na coberta com um matalote que lhe transportava a caixa do astrolábio e fora postar-se junto ao mastro principal a fim de evitar os balanços da caravela enquanto tomava a altura do sol. Sabia que ele preferia executar aquele trabalho em terra onde era possível manter o aparelho imóvel e obter uma medição mais correcta, mas não fariam escala antes de S. Jorge da Mina e o mar com aquela calma parecia um lago de águas mortas.
(...)
Os homens padeciam do mal das calmarias, como lhe anunciara o barbeiro, uns com febres e outros com bostelas pela testa, moléstia frequente naquela costa. Não era difícil que o mal se pegasse aos matalotes de toda a armada, posto que, durante os períodos de imobilidade da frota, os batéis andavam cá e lá entre os três navios para os homens confraternizarem e tomarem algum desenfadamento. Sem demora mandou aviso a todos os oficiais para lhe virem prestar contas das suas dificuldades e necessidades.
– Na S. Pantaleão – queixou-se João Infante, muito agastado – a água tem gusanos e fede que nem tapando o nariz se adrega a beber.
– Ao passar a linha, danou-se grande parte dos alimentos – confirmou Diogo. – Andei com o despenseiro a ver dos estragos e tanto as carnes salgadas como as secas estão corruptas, o azeite, a manteiga, a marmelada e o mel fervem como se estivessem ao fogo, de mesmo fermentaram as passas e os figos que levávamos para os enfermos.
– E o bichedo que ali se cria, por via da corrupção das viandas com esta calma, é tanto que até parece as pragas do Egipto – acrescentou João Álvares, o mestre da naveta das provisões, apoiando o seu capitão.
– Nós também não vamos mal servido deles – disse mestre João Grego da S. Pantaleão.
– Nem nós, tão-pouco! – apressou-se a dizer António Leitão, para mostrar que a nau capitânia não gozava de privilégios especiais ou de melhores grumetes. – E com os homens a adoecerem, uns após outros, não podemos fazer a baldeação e lavagem com vinagre do porão, pois não temos assaz de gente com forças para trazer a carga para a ponte.
Os porões dos três navios, onde se armazenavam os víveres, principalmente o da naveta pela grande quantidade de alimentos que transportava, em nada se distinguiam já da aterradora ideia que os matalotes faziam das profundezas do inferno e cada descida ao bojo das caravelas era um calvário de sofrimento. As fezes e urina dos coelhos, galinhas e carneiros vivos, metidos em gradados e capoeiras, mas também dos homens que, apesar das proibições, bastas vezes ali se aliviavam, empestavam o ar e serviam de viveiros a enxames de piolhos, pulgas, percevejos, baratas e ratazanas.
– O guardião só à força de castigos e pancada faz entrar lá os grumetes, para alguma limpeza, pois saem cobertos de bichos e infestam o navio.
– Água, para lavar roupas, conveses ou porões, só a do mar, mestre Leitão – recomendou Bartolomeu Dias. – Mesmo corrupta, não se pode desperdiçar, pois não sabemos quando chegaremos à Mina para a aguada. »
Nota: O quarto da alva, das quatro às oito da manhã.
(O Navegador da Passagem - Deana Barroqueiro)
Published on March 30, 2020 10:06
OS CROMOS DO CORONAVÍRUS: KIM JONG-UN
OS CROMOS DO CORONAVÍRUS: KIM JONG-UN
A Coreia do Norte sem coronavírus? Oficialmente, sim. Mas as dúvidas são muitas. Apesar de ser o país mais isolado do mundo, a Coreia do Norte faz fronteira e tem contactos com a China, onde o coronavírus surgiu há cerca de três meses.
O discurso do regime de Pyongyang garante a inexistência de ocorrências. Contudo, as medidas de contenção sugerem que “as autoridades sabem que há casos e que o país corre grandes riscos”, alerta um professor de Estudos Coreanos da Universidade de Londres. Coreia do Norte ainda não registou qualquer caso de infeção com o coronavírus Covid-19, pelo menos a acreditar nas informações oficiais.
A imprensa na vizinha Coreia do Sul e nos EUA tem reportado múltiplas suspeitas de casos, cuja confirmação não seria de estranhar tendo em conta que o país faz fronteira com a China, o epicentro do vírus. Nos últimos dias, as autoridades de Pyongyang selaram fronteiras, fecharam embaixadas, mandaram pessoal diplomático de volta para os seus países, suspenderam o turismo e encerraram muitos locais públicos e todas as escolas.
A revista “Foreign Affairs” escreveu na semana passada que “a Coreia do Norte está extraordinariamente impreparada para uma emergência médica desta magnitude”, com “um sistema de saúde em ruínas” e “sedento de investimento público”. Numa altura em que o número de mortos em todo o mundo ultrapassou os 4.700, a Coreia do Norte “está indiscutivelmente mais vulnerável a um surto viral deste tipo do que qualquer outro país do mundo”, sublinha a publicação num artigo que alude ao “maior teste” que o líder do regime, Kim Jong-un, enfrenta até à data.
(JORNAL EXPRESSO)
A Coreia do Norte sem coronavírus? Oficialmente, sim. Mas as dúvidas são muitas. Apesar de ser o país mais isolado do mundo, a Coreia do Norte faz fronteira e tem contactos com a China, onde o coronavírus surgiu há cerca de três meses.
O discurso do regime de Pyongyang garante a inexistência de ocorrências. Contudo, as medidas de contenção sugerem que “as autoridades sabem que há casos e que o país corre grandes riscos”, alerta um professor de Estudos Coreanos da Universidade de Londres. Coreia do Norte ainda não registou qualquer caso de infeção com o coronavírus Covid-19, pelo menos a acreditar nas informações oficiais.
A imprensa na vizinha Coreia do Sul e nos EUA tem reportado múltiplas suspeitas de casos, cuja confirmação não seria de estranhar tendo em conta que o país faz fronteira com a China, o epicentro do vírus. Nos últimos dias, as autoridades de Pyongyang selaram fronteiras, fecharam embaixadas, mandaram pessoal diplomático de volta para os seus países, suspenderam o turismo e encerraram muitos locais públicos e todas as escolas.
A revista “Foreign Affairs” escreveu na semana passada que “a Coreia do Norte está extraordinariamente impreparada para uma emergência médica desta magnitude”, com “um sistema de saúde em ruínas” e “sedento de investimento público”. Numa altura em que o número de mortos em todo o mundo ultrapassou os 4.700, a Coreia do Norte “está indiscutivelmente mais vulnerável a um surto viral deste tipo do que qualquer outro país do mundo”, sublinha a publicação num artigo que alude ao “maior teste” que o líder do regime, Kim Jong-un, enfrenta até à data.
(JORNAL EXPRESSO)
Published on March 30, 2020 09:46
NÚMEROS NEGROS (MENOS NEGROS?)
COVID-19: PORTUGAL HOJE, 30 DE MARÇO
OS NÚMEROS NEGROS (MENOS NEGROS?)
Nas últimas 24 horas houve mais 21 mortes em Portugal por Covid-19. No total há registo de 140 vítimas mortais, de acordo com o último relatório de situação publicado esta segunda-feira pela DGS, pouco depois das 12.00 h.
CÔMPUTO GERAL DOS DADOS DISPONIBILIZADOS
Há 6.408 pessoas infectadas e 4.845 aguardam resultados laboratoriais. Houve um aumento de mais 446 casos confirmados face a domingo, o que representa uma variação de 7,5%.
Do total de infectados 571 pessoas estão internadas, das quais 164 nos cuidados intensivos. A grande maioria está a recuperar em casa.
A região Norte continua a ser a que regista maior número de mortos (74), seguida da região Centro (34) e da região de Lisboa e Vale do Tejo (30) e depois o Algarve, com duas vítimas mortais. Sobre as 140 mortes registadas, 85 tinham mais de 80 anos, 31 tinham idades entre os 70 e os 79 anos, 16 vítimas tinham idades entre os 60 e os 69 anos, seis entre os 50 e os 59 e dois óbitos ocorreram no grupo etário entre os 40 e os 49 anos.
Os concelhos onde há mais casos confirmados são o Porto, Lisboa, Vila Nova de Gaia, Maia, Matosinhos, Gondomar e Ovar. É por isso o Norte que continua a registar o maior número de infecções (3.801), seguindo-se a região de Lisboa e Vale do Tejo (1.577 casos), a região Centro (784), o Algarve (116) e o Alentejo (45). Na Madeira há registo de 44 casos e os Açores têm confirmados 41 casos. Há nesta altura 11.482 contactos em vigilância pelas autoridades. Em relação aos casos de infecção, a faixa etária mais afectada é a dos 40 aos 49 anos, seguida dos 50 aos 59, dos 30 aos 39 e dos 60 aos 69 anos.
OS NÚMEROS NEGROS (MENOS NEGROS?)
Nas últimas 24 horas houve mais 21 mortes em Portugal por Covid-19. No total há registo de 140 vítimas mortais, de acordo com o último relatório de situação publicado esta segunda-feira pela DGS, pouco depois das 12.00 h.
CÔMPUTO GERAL DOS DADOS DISPONIBILIZADOS
Há 6.408 pessoas infectadas e 4.845 aguardam resultados laboratoriais. Houve um aumento de mais 446 casos confirmados face a domingo, o que representa uma variação de 7,5%.
Do total de infectados 571 pessoas estão internadas, das quais 164 nos cuidados intensivos. A grande maioria está a recuperar em casa.
A região Norte continua a ser a que regista maior número de mortos (74), seguida da região Centro (34) e da região de Lisboa e Vale do Tejo (30) e depois o Algarve, com duas vítimas mortais. Sobre as 140 mortes registadas, 85 tinham mais de 80 anos, 31 tinham idades entre os 70 e os 79 anos, 16 vítimas tinham idades entre os 60 e os 69 anos, seis entre os 50 e os 59 e dois óbitos ocorreram no grupo etário entre os 40 e os 49 anos.
Os concelhos onde há mais casos confirmados são o Porto, Lisboa, Vila Nova de Gaia, Maia, Matosinhos, Gondomar e Ovar. É por isso o Norte que continua a registar o maior número de infecções (3.801), seguindo-se a região de Lisboa e Vale do Tejo (1.577 casos), a região Centro (784), o Algarve (116) e o Alentejo (45). Na Madeira há registo de 44 casos e os Açores têm confirmados 41 casos. Há nesta altura 11.482 contactos em vigilância pelas autoridades. Em relação aos casos de infecção, a faixa etária mais afectada é a dos 40 aos 49 anos, seguida dos 50 aos 59, dos 30 aos 39 e dos 60 aos 69 anos.
Published on March 30, 2020 09:41
March 27, 2020
OS «CROMOS» DO CORONAVÍRUS: BORIS JOHNSON
Das asneiras do Brexit às da infecção colectiva para tornar os ingleses imunes, deu o dito por não dito, mente e desmente-se, sem pingo de vergonha! Foi infectado, por ironia do destino.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, está infectado pelo coronavírus, anunciou nesta sexta-feira o próprio no Twitter. Johnson fez o teste depois de ter sintomas leves, já está em isolamento profiláctico e promete continuar a liderar a resposta do Governo durante a crise pandémica de covid-19.
O ministro da Saúde, Matt Hancock, também está infectado. “Desenvolvi nas últimas 24 horas sintomas leves e testei positivo para coronavírus”, escreveu no Twitter o primeiro-ministro. “Estou agora em isolamento, mas continuarei a chefiar a resposta do Governo por vídeo-conferência à medida que combatemos este vírus. Juntos vamos derrotá-lo”.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, está infectado pelo coronavírus, anunciou nesta sexta-feira o próprio no Twitter. Johnson fez o teste depois de ter sintomas leves, já está em isolamento profiláctico e promete continuar a liderar a resposta do Governo durante a crise pandémica de covid-19.
O ministro da Saúde, Matt Hancock, também está infectado. “Desenvolvi nas últimas 24 horas sintomas leves e testei positivo para coronavírus”, escreveu no Twitter o primeiro-ministro. “Estou agora em isolamento, mas continuarei a chefiar a resposta do Governo por vídeo-conferência à medida que combatemos este vírus. Juntos vamos derrotá-lo”.
Published on March 27, 2020 14:48
OS «CROMOS» DO CORONAVÍRUS: O Ministro das Finanças Holandês
Em tempo de crise global, em vésperas de uma recessão económica a que ainda ninguém adivinha a dimensão e em plena pandemia em Portugal, “repugnante” não é palavra que se queira ouvir a um primeiro-ministro. Mas assim foi no final da reunião de ontem do Conselho Europeu.
Wopke Hoekstra, ministro das finanças holandês, terá dito esta semana que “a comissão europeia devia investigar países como Espanha, que afirmam não ter margem orçamental para lidar com os efeitos da crise provocada pelo novo coronavírus, apesar de a zona euro estar a crescer há sete anos consecutivos”.
E António Costa não gostou de ser confrontado com as declarações. "Esse discurso é repugnante. Ninguém está disponível para ouvir o ministro das Finanças holandês a dizer o que disseram em 2009, 2010, 2011. Não foi a Espanha que importou o vírus. O vírus atinge a todos por igual. Se algum país da UE acha que resolve o problema deixando o vírus à solta nos outros países, não percebeu bem o que é a UE", disse. Também não percebeu bem o coronavírus.
E o que saiu da reunião entre chefes de governo? Pouco ou nada de conclusivo. Apenas a noção de que quatro países resistem às 'coronabonds' - Holanda, Alemanha, Finlândia e Áustria – e que, eventualmente, mais do que nunca, a desunião entre países europeus pode resultar num desfecho, tragicamente “repugnante”.
(Jornal Expresso)
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Wopke Hoekstra, ministro das finanças holandês, terá dito esta semana que “a comissão europeia devia investigar países como Espanha, que afirmam não ter margem orçamental para lidar com os efeitos da crise provocada pelo novo coronavírus, apesar de a zona euro estar a crescer há sete anos consecutivos”.
E António Costa não gostou de ser confrontado com as declarações. "Esse discurso é repugnante. Ninguém está disponível para ouvir o ministro das Finanças holandês a dizer o que disseram em 2009, 2010, 2011. Não foi a Espanha que importou o vírus. O vírus atinge a todos por igual. Se algum país da UE acha que resolve o problema deixando o vírus à solta nos outros países, não percebeu bem o que é a UE", disse. Também não percebeu bem o coronavírus.
E o que saiu da reunião entre chefes de governo? Pouco ou nada de conclusivo. Apenas a noção de que quatro países resistem às 'coronabonds' - Holanda, Alemanha, Finlândia e Áustria – e que, eventualmente, mais do que nunca, a desunião entre países europeus pode resultar num desfecho, tragicamente “repugnante”.
(Jornal Expresso)
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Published on March 27, 2020 10:15
OS «CROMOS» DO CORONAVÍRUS: TRUMP
“Para que precisam de 30 mil ventiladores”, pergunta Trump, que duvida do número de infecções nos EUA “Tenho a sensação que em muitas áreas estão a anunciar números maiores do que na realidade vão ser”, disse Trump à Fox News.
Os Estados Unidos tornaram-se, na quinta-feira à noite, o país com maior número de casos registados de covid-19 - neste momento são 85.991 as pessoas infectadas com o novo coronavírus. Porém, pouco depois da divulgação deste dado, o Presidente Donald Trump criticou os governadores dos estados e questionou os pedidos de material médico.
Na entrevista de quinta-feira à noite à Fox, o Presidente dos EUA foi mais longe e duvidou da necessidade desse material. “Eu não acredito que precisem de 40 mil ou 30 mil ventiladores”, afirmou. Uma crítica directa ao governador de Nova Iorque, Andrew Cuomo, que disse que essa era a necessidade deste estado perante o aumento de número de casos e o risco para a vida dos cidadãos.
“Sabem, quando se entra num grande hospital vemos que eles têm dois ventiladores. Agora, de repente, estão a perguntar ‘podemos comprar 30 mil'?”, disse Trump, que foi também duramente criticado por Cuomo pela sua atitude perante a doença que já matou 24.007 pessoas e todo o mundo, e 1178 nos EUA, segundo o mapa interactivo da Universidade Johns Hopkins.
(Jornal Público)

Published on March 27, 2020 10:09
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