Joel Neto's Blog, page 94
June 21, 2012
E também não se importa que lhe chamem o José Mourinho do comentário
Tomaz Morais, habituado a momentos de grande pressão como a fase final de um Europeu de futebol, garante que no momento em que os jogadores entrarem em campo aquele nervosinho desaparece todo.
Toda a gente tem direito a um momento de descontracção
O estudantes portugueses que estão a fazer o Erasmus no estrangeiro vão fazer hoje uma pausa nos estudos para ver a selecção.
A inesperada morte de Eunice Muñoz, logo em dia de Selecção
A sério? Depois das histórias com Vasco Granja e Camilo de Oliveira, o mesmo com Eunice Muñoz – e mesmo assim houve partilha em barda? Bom, ou é vontade de ser enganado, ou é o habitual mimetismo acéfalo. Estúpido não é quem não sabe: é quem não aprende. Ou muito me engano ou muitos portugueses, em estando no lugar do cão de Pavlov, demoravam o dobro do tempo do canito até perceberem o padrão do sino.
Egoístas, oportunistas e fundamentalmente estúpidos
Arshavin culpou os adeptos pela eliminação da Rússia. Bonucci teve de tapar a boca de Balotelli para sufocar insultos que este se pusera a fazer na direção do banco de Itália. Blokhin enervou-se de tal maneira com os palpites dos jornalistas sobre a eliminação da Ucrânia, que desafiou um repórter a resolver as coisas a soco. Anda tudo uma pilha de nervos no Europeu. Ao pé disto, o ajuste de contas de Paulo Bento ou o silêncio dos jogadores portugueses após a vitória sobre a Holanda é quase nada. E, ao pé da contestação aos selecionadores e aos jogadores da Holanda, da Polónia ou da Croácia, os protestos da opinião pública (líderes de opinião incluídos) quanto a Paulo Bento, Cristiano Ronaldo & Ca. são quase nada também. Pois, para mim, púnhamos o conta-quilómetros a zero e vivíamos o jogo de hoje como se do primeiro se tratasse. De contrário, voltaremos a dar espaço àqueles que aproveitaram o sangue quente do selecionador para novos e imponentes manifestos em defesa da liberdade de opinião. E eu não sei se aguento muito mais sem dizer-lhes que a liberdade de opinião nunca esteve em causa, mas apenas a sua própria incapacidade para perceber o óbvio: que isto não passa de futebol, que é apenas uma oportunidade para fazermos uma festa e que essa festa não só é gratuita como ainda injeta uma dúzia de milhões de euros na economia nacional. Fartinho de mártires e profetas – eis o que estou./O JOGO
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“Marimba-te para o Beckenbauer. Marimba-te para o Beckenbauer.”

Percebo bem o reparo feito por Johan Cruyff a Ronaldo. Se o capitão luso ainda se chateia quando lhe falam em Messi, então tem de crescer. Foi isso, aliás, que Cruyff percebeu sobre si próprio quando perdeu para a Alemanha a final do Mundial de 74. Falavam-lhe em Beckenbauer e ele trepava paredes. Aos anos seguinte, passou-os murmurando para si próprio: “Marimba-te para o Beckenbauer. Marimba-te para o Beckenbauer.” Como não conseguiu, ficou em casa em 78, convencido de que a Holanda não sobreviveria sem ele. Resultado final: segundo lugar na mesma. Pelo amor de Deus, Johan: ¿Por qué no te callas?/O JOGO
June 20, 2012
TERRA CHÃ, 20 DE JUNHO DE 2012
A caminhada de hoje foi pelas Veredas. É um dos meus trajectos preferidos. Da Fonte Faneca à Matela, da Mata do Estado à Canada da Serra – cada recanto é um reencontro e uma descoberta. Páro no miradouro do Charcão, junto a uma cerrado repleto de gado Holstein, e fico ali a olhar para o Monte Brasil, a Terra Chã mesmo sob mim, Angra do Heroísmo apenas um pouco mais à frente. À volta, dispersa-se o odor perfeito: uma delicada combinação de erva húmida, leite morno e bosta de vaca (sim, bosta de vaca), que ao mesmo tempo me devolve à infância e me protege do inquietante rumor lisboeta que trago comigo, repleto de histórias sobre a crise económica e o ocaso dos jornais e a morte dos leitores e o fim de tudo, e que a cada dia em que aqui estou se desvanece um pouco mais. Coisas inexplicáveis: nos Açores, até a bosta cheira bem. E o mofo.
Terra Chã, 20 de Junho de 2012
A caminhada de hoje foi pelas Veredas. É um dos meus trajectos preferidos. Da Fonte Faneca à Matela, da Mata do Estado à Canada da Serra – cada recanto é um reencontro e uma descoberta. Páro no miradouro do Charcão, junto a uma cerrado repleto de gado Holstein, e fico aqui a olhar para o Monte Brasil, a Terra Chã mesmo sob mim, Angra do Heroísmo apenas um pouco mais à frente. À volta, dispersa-se o cheiro perfeito: uma delicada combinação de erva, leite e bosta de vaca (sim, bosta de vaca), que ao mesmo tempo me devolve à infância e me protege desse inquietante rumor lisboeta, repleto de histórias sobre a crise económica e o ocaso dos jornais e a morte dos leitores e o fim de tudo, e que a cada dia em que aqui estou se desvanece um pouco mais. Coisas inexplicáveis: nos Açores, até a bosta cheira bem. E o mofo.


