Izzy Nobre's Blog, page 4
April 3, 2018
Episódio 72: Pizzas e Cenouras
VOLTAMOS!
No episódio de hoje, Izzy e Nathalia discutem uma briga com fatalidades por causa de ketchup na pizza, uma pirralhada que ganhou CENOURAS na Páscoa (vai tomar no cu mano), um casal que foi mordido por um rato dentro da Disney, e um maluco que tentou entrar na estratosfera com um foguete caseiro.
►Notícias comentadas
Polícia investiga se homens foram mortos após briga por catchup em Alvorada (Enviada por @andereu, que já saiu no tapa por causa de um amigo que colocava nuggets no miojo)
Alunos da rede municipal de Duque de Caxias ganham cenouras na semana da Páscoa (Enviada pelo @somevinicius, que falou que teria enfiado as cenouras no cu da professora)
Casal processa a Disney por mordida de rato dentro do Magic Kingdom (Enviada por… puta merda, esqueci quem mandou essa. Sou um bosta. Acho que nem mencionamos no programa…?)
Homem finalmente se lança em foguete caseiro para ‘provar’ que a Terra é plana (Enviada pelo @AMentedoDidi, que ainda não acredita que a Terra é plana. “Se a Terra é redonda, como é que eu consigo ficar em pé nela? Já tentou ficar em pé em cima de uma bola?”)
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March 19, 2018
A incalculável preguiça do homem moderno
Lembra de A Rede, com a Sandra Bullock? Eu só vi o filme uma vez, quando era moleque, mas ele causou uma impressão imensa em mim. Muito do que a Angela Bennett1Descobri hoje aliás que tem uma pessoa real com esse nome. fazia atrabés da internet no filme (trabalhar, comprar passagem aérea, jogar com os amigos e ser vítima de crimes) veio a se tornar lugar comum no mundo atual. Só que tem UMA coisa que ela fazia que eu, mesmo sendo um incorrigível viciado na rede, não havia adquirido como hábito ainda.
Comprar comida. Logo no começo do filme, a Angela despista o convite de um maluco que a chama pra jantar dizendo que “já tem planos”, e prossegue a pedir uma pizza no incrivelmente inexistente “Pizza.net”.

Num mundo em que “ah, todos os domínios já estão sendo usados!” é tào lugar comum, a parte menos verossímil do filme é o fato de que esse endereço tão óbvio está ainda disponível
Não lembro se ela faz compras no supermercado através da internet também, mas considerando o quão eremita a mulher é, preciso supor que é o caso. Fiz compras online uma única vez, e foi uma excelente experiência, e por motivos que realmente não consigo explicar voltei imediatamente a frequentar supermercado à moda antiga. Igual um cachorro que faz um truque bacana, recebe um quitute, e aí NUNCA MAIS repete o truque. Ou seja, eu sou tão racional como um cachorro semi-treinado.
Como eu vivo numa prisão mentalmente agonizante de trabalho nonstop, 2Não é brincadeira. Eu trabalho aproximadamente 16 horas por dia, todo santo dia. Tô prestes a ficar louco. meu tempo é escassíssimo, e a idéia de fazer compras do conforto do meu escritório se tornou ainda mais tentador. Então, fui ao site do Walmart e comecei a encher o carrinho virtual.
A conveniência máxima seria se o Walmart aqui perto entregasse a comida aqui na porta de casa, pra que eu pudesse viver o sonho de limitar minha interação com seres humanos ao mínimo necessário. Infelizmente — ou talvez eu que seja burrildo mesmo e não encontre a opção disso na página –, esse Walmart aqui da esquina só permite o “pick up”, ou seja, tu seleciona tudo, eles empacotam pra você, e você pinta lá algumas horas mais tarde pra pegar suas tralhas.
Embora ainda seja um saco ter que descer no estacionamento, tirar o carro, e ir até a loja, e subir de volta pro apartamento com oitocentas caixas de frango e sucrilhos, o sistema de compra online adianta em MUITO a minha vida. Eu vou só clicando em ADD TO CART nos itens desejados, em vez de ficar andando a esmo pelos corredores do Walmart, tentando futilmente lembrar de itens que eu esqueci de incluir na lista (e de quebra, comprando erroneamente vários itens supérfluos que eu esqueci que já tinha em casa).

Tava achando que era exagero né?
A propósito, creio que isso aí não é comum no Brasil. É uma espécie xaropinho pra deixar a água com sabor, com muito menos calorias do que suco ou refrigerante teria (zero, pra ser específico).
Inclusive seria importante ressaltar aqui que se você que acha que tá sendo super saudável substituindo refrigerante por suco — é por isso que tu vai continuar gordo pra sempre. Suco e refrigerante, no que diz respeito a calorias, são quase indistinguíveis.
Então. Tô aqui alegremente enchendo o carrinho virtual do Walmart, quando começo a me incomodar com o exercício de levantar do computador do escritório pra inspecionar a dispensa, procurando itens que estão em falta, ou próximos a acabar. É uma caminhada de 3.8 segundos, acho que não dá nem 10 passos completos, e ainda assim, isso começou a me encher o saco, e fiquei curioso pra saber se o Walmart tem um app pro iPhone pra que eu possa fazer as compras da forma mais conveniente possível, estando diretamente na frente da dispensa/geladeira.
Pra você ver como as coisas são. É uma ferramenta que eu negligenciei por anos, e agora FINALMENTE estou usando — ou seja, pra mim é como se ela nem existisse antes, e agora do nada essa função se materializou na minha frente, reduzindo demais o tempo que eu gastava num afazer doméstico, me possibilitando até mesmo fazer compras enquanto executo outras tarefas (estou neste EXATO momento finalizando o thumbnail de um vídeo, editando outro, e gravando um podcast ao mesmo tempo).
É um negócio novo, e maravilhoso, e em questão de minutos eu já estou botando defeitos e achando que não é bom o bastante.
Isso me lembra essa entrevista do Louie CK com o Conan O’Brien, em que o primeiro explica a situação do primeiro vôo que ele pegou com wifi, que era super novidade na época. O serviço deu pau, e os passageiros começaram a chilicar — sendo que o esperado era nem ter wifi porra nenhuma.
Eu não sei o que está sendo maior neste meu caso, a preguiça de ir até a cozinha ver os itens que me faltam, ou a ingratidão de reconhecer o quanto a internet facilita nossa vida. O que eu sei é que preciso voltar ao estado de espírito em que QUALQUER novidade tecnológica me maravilha.
Lembra o fascínio de quando você descobriu que podia jogar qualquer jogo de SNES no seu computador? O mundo era mais mágico naquela época.

March 18, 2018
Episódio 71: TVs e Banhos
CHEGOU PORRA
No episódio de hoje, Izzy e Evandro comentam uma mulher que acertou um carro de polícia com uma televisão (!?), um perfil no twitter que monitora os banhos de uma das participantes do Big Brother, um homem que esqueceu que estava foragido da polícia e tentou ligar pro 190, e adolescentes full Joselito que brincaram de GTA da vida real em Minas Gerais!
►Notícias comentadas
Mulher é presa após atirar televisão contra companheiro e acertar viatura da Brigada Militar em Porto Alegre (Enviada por André Pinheiro, que já jogou um Atari num caminhão dos bombeiros)
‘BBB 18’: Perfil no Twitter monitora banhos de Ana Clara (Enviada por @theplopes, que tá prestando bastante atenção nesse perfil por motivos puramente científicos)
Homem é preso após ‘esquecer’ que estava foragido e chamar a polícia em SP (Enviada por @dudumaroja, que está fugindo da polícia há aproximadamente 10 anos e por isso não chama os homi pra nada — ou seja, tá liberado assaltar ele!)
‘Brincamos de GTA’, dizem adolescentes apreendidos após disparos de chumbinho em MG (Enviada por @jaonioquadros, que teve uma idéia parecida mas um pouquinho mais de noção, então ele deixará pra coloca-la em prática apenas no dia que Jesus voltar e a porra toda já estiver tão caótica que não vai fazer muita diferença)
►Recomendações
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March 6, 2018
Eu realmente queria que a Nintendo não matasse o 3DS
Quando a Nintendo lançou o 3DS em 2011, eu fui extremamente cético sobre seu futuro. Esse foi um dos vários artigos negativos sobre o console que escrevi pro TecnoBlog na época, e minha posição sobre o console é que seria a última tentativa da Nintendo de disputar seu bolso — literal e figurativamente — com smartphones.
De lá pra cá, após reduções de preço, novos modelos, e a avalanche de jogos first party que são o real motivo pelo qual alguém investe em consoles da Nintendo, minha opinião deu um 180 completo. Hoje, dono de dois 3DSs (o modelo da foto acima, o New 3DS, e um New 2DS XL), eu já começo a lamentar a inevitável morte do console.
O 3DS tá durando MUITO bem, e vendeu de forma inacreditável, se considerarmos o preço e o tipo de competição que ele precisou enfrentar. Nos primeiros anos de sua existência, além do malfadado PS Vita, 1RIP in peace. Como eu queria que o sucessor do PSP tivesse vingado… o 3DS lutava uma batalha bem desigual com smartphones. Vender Game Boy era infinitamente mais fácil num mundo em que todo bolso não tinha uma mini central de entretenimento conectada à internet.
Ao todo, foram vendidos pouco mais de 70 milhões de 3DSs ao redor do mundo. Contraste isso ao Game Boy Advance, que vendeu 81 milhões de unidades num mundo sem smartphones e sem nenhum outro console portátil como competidor — e além de tudo, custando consideravelmente menos. O GBA nunca custou mais de 100 dólares, enquanto o 3DS lançou por 250, ainda tem modelos por 200 nas prateleiras, e só recentemente, com o 2DS original, alcançou uma etiqueta de preço em paridade com o GBA.
Há algumas ressalvas nessa comparação, claro — o 3DS foi o portátil titular da Nintendo por 7 anos, enquanto o GBA só esteve no mercado desacompanhado por 3 (entre 2001 e 2004, ano de lançamento do DS, o que significou uma queda no appeal do console anterior). Então, pode-se dizer que o 3DS teve o dobro do tempo necessário pra vender um número próximo ao do GBA. Ainda assim, dá pra concluir que o 3DS deu muito mais certo do que até mesmo fãs da Nintendo esperavam. Como é o meu caso.
No meu coração, como a foto acima mostra, o 3DS e o Switch podem coexistir perfeitamente. Aliás, descobrir que meu 3DS cabe nesse case aí me fez desarrepender de comprá-lo. O Switch que dei de Natal pra minha namorada veio com um case esbelto, fininho, que dá mais gosto de jogar na mochila. Esse meu é meio gordinho, mas bastou achar uma usabilidade pro espaço extra que minha gordofobia em relação a ele evaporou.
Só que é claro que o 3DS não vai coexistir com o Switch; não por muito tempo. Oficialmente, a Nintendo ainda dá suporte ao console, e não há data determinada pra isso acabar — só que os desenvolvedores claramente antecipam que o 3DS já deu o que tinha que dar, e mudaram seu foco em peso pro Switch. A própria Nintendo não tem nenhum jogo planejado pro 3DS no momento, o que não inspira muita confiança na longevidade do console.
Ou seja, estou me preparando psicologicamente pra acordar um dia e ler a notícia de que o 3DS foi oficialmente descontinuado.
Isso vai me deixar profundamente triste porque, como um amante de portáteis, o Switch não me satisfaz inteiramente. Não me entenda errado — o revolucionário híbrido da Nintendo é um conceito útil e delicioso, mas o Switch não é um portátil clássico. O litmus test de portabilidade pra mim é: posso colocar num bolso? Posso trazer isso aqui comigo pra qualquer lugar, mesmo que eu acabe nem precisando, ou isso será um estorvo?
Tecnicamente, um notebook é um aparelho portátil. Um iPad, idem. Só que ambos requerem um certo investimento, digamos, ao serem levados pra fora de casa — porque se você acaba não usando, ele se torna apenas um trambolho incômodo. Você não leva o notebook com você pra qualquer lugar, só quando há uma certeza de que será necessário.
O mesmo acontece com meu iPad; ele praticamente mora no meu criado mudo, sendo levado pra cozinha ocasionalmente pra cozinhar assistindo YouTube ou Netflix. É portátil, sim, mas não é algo cômodo pra sair levando pra qualquer lugar.

Onde meu Switch mora a maior parte do tempo hoje em dia
O Switch, pra mim, ocupa esse mesmo espaço. Sim, tecnicamente falando, o Switch é um aparelho portátil. A visão da Nintendo é que não haja distinção entre console de mesa e o portátil, e embora eu adore essa premissa, na prática isso significa que eu não terei mais um portátil lá na frente.
Pelo menos, não o que eu compreendo como portátil. Vou ter algo análogo ao iPad — eu até POSSO levar pra qualquer lugar, mas na real isso não acontece com frequência.
O motivo pelo qual isso me entristece, como entusiasta de portáteis, é reparar que será a primeira vez desde 1980 que a Nintendo não produzirá um sisteminha que você pode colocar no bolso. E é improvável que outra empresa surja pra ocupar essa lacuna, então ao criar o Switch a Nintendo sem querer matou o meu tipo favoríto de console.
Meu único conforto é lembrar que pra mim, consoles nunca realmente morrem. Veja o SNES, por exemplo — eu sinto com se tivesse MUITAS lembranças de jogar na locadora, mas quando boto na ponta do lápis, eu só as frequentei por um período de no mááááááximo 3 anos. Meu próprio SNES mal durou 2. Só que eu estive jogando SNES sem parar, praticamente todo dia (agora tendo acesso a TODA a biblioteca de títulos, aliás) pelos últimos 15. Alguns dos consoles que eu mais jogo (como o SNES ou GBA) na real estão na cova há mais de uma década. O DS Lite que eu tanto amo foi descontinuado em 2011 mas eu tô jogando HeartGold — finalmente, eu sei — diariamente.
Então beleza. A Nintendo pode até matar o 3DS, mas ele não vai morrer NUNCA pra mim.

February 28, 2018
Episódio 70: Turistas e Celulares!
Acorda, galera! O podcast demorou, mas saiu. Se você contribuísse com o Padrim isso não aconteceria, ein? Mas a gente te perdoa.
No episódio de hoje, Izzy e Evandro falam sobre o turista argentino que foi abandonado no meio da BR, um político xingando a cidadão de feia, otária e fedida, um chinês cujo cu caiu da bunda (literalmente) e um casal que pagou pra ver o Red Hot e viu uma banda irlandesa de gaita de fole. METE O PLAY!
►Notícias comentadas
Turista Argentino é esquecido por amigos na BR-290, em Alegrete (Enviada por Aline Cabral, que já deixou amigos na BR após uma noite de bebedeira. Que Deus os tenha)
Denunciado por furar fila, presidente da Câmara de Capão Bonito xinga moradora: ‘Feia. Otária. Fedida’ (Enviado por @grilocolt1, que já anunciou que irá processar a moradora por copyright)
Distraído com celular, chinês fica meia hora sentado na privada e seu reto ‘cai’ (Enviada por Samuel Vinícius, que decidiu vender o celular pra não correr esse risco)
Casal viaja para ver Red Hot Chili Peppers, mas descobre que ingresso é para show de gaita (Enviada por @felipemario, que achou que o casal saiu é no lucro)
►Recomendações
Do Evandro: Projeto pra levar crianças pra ver Pantera Negra
Do Izzy: Last Podcast on the Left
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February 14, 2018
Cê quer MESMO que o HBD volte às suas operações? Há uma forma.
Você deve ter notado que o site teve mais artigos publicados na última semana do que nos últimos seis meses. Bom, não faz sentido pedir um “aumento” sem mostrar trabalho, né?
Então. Atendendo a MUITOS leitores que viviam falando que certamente contribuiriam pra um crowdfunding pra trazer o HBD de volta aos seus tempos de “glória” (insira imaginariamente outros 12 pares de aspas), agora existe essa opção. Se você acha que a diversão/informação que eu trago aqui neste site vale a pena alguns reais, manda pra mim, que eu os converto em atualizações frequentes, textos profundos, ou seja — o tipo de coisa que você gosta e te fez você memorizar a URL do blog e voltar aqui todo dia buscando algo novo.
Com a sua ajuda, vai ter SEMPRE algo novo aqui.
Ah, tá querendo meu livro novo? Vai ter também.

February 13, 2018
5 JOGUINHOS ANTIGOS que fui ÚNICA pessoa a jogar!
Com Steam e Torrents, a molecada atual é bem mal acostumada — qualquer joguinho está a poucos cliques de distância, quer rode no seu notebook da Positivo ou não.
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Se era pra comprar mal, comprava logo isso então
Na minha época, essa era a única forma de ter jogos “completos”:1Digo “completos” porque inicialmente, as revistas de CD ROM traziam apenas demos/versões shareware dos jogos. Quando vocês me alopram por não zerar jogos, não levam em consideração que por boa parte da minha infância eu literalmente não tinha como zerar um jogo
February 12, 2018
TESTANDO UNS NEGÓCIOS
Pode ignorar esse post. Aliás, teria sido melhor você nem clicar!

February 11, 2018
5 bugs que QUEBRAVAM COMPLETAMENTE um jogo!
Você acha que é procrastinador? Você é um apenas um moleque. Eu vou te ensinar o que é procrastinar de verdade, meu amigo.
Eu tenho um vídeo de anunciante pra entregar, dois artigos que estão atrasados desde a semana passada, um livro incompleto que prometi que publicarei esse ano, um podcast pra gravar daqui 10 minutos, UM EXPEDIENTE NO TRABALHO DAQUI UMA HORA,1O dia em que eu finalmente puder viver apenas de internet e largar a corrida dos ratos pra sempre é o dia que finalmente me tornarei feliz, mas infelizmente esse negócio de blog não dá dinheiro. Escolhi o hobby errado. Devia ter me dedicado a aprender a jogar futebol ou fazer metanfetamina, isso sim! e não estou me ocupando com nenhum destes afazares.
Em vez disso, estou cuidadosamente cortando TODA A GRAMA DE VIRIDIAN FOREST pra ver o que acontece no jogo quando você não pode mais encontrar pokemons.
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Desde que eu descobri que o move “Cut” pode ser usado pra cortar grama no jogo (uma função completamente inútil, até onde posso averigurar), fiquei obcecado com a idéia de cortar toda a grama em Kanto inteiro pra, como diz o filósofo youtuber, “PRA VER NO QUE DEU” — e é isso que estive fazendo pelas últimas 3 horas, em vez de fazer qualquer outra coisa que esteja diretamente conectada à minha habilidade de pagar minhas contas.2Eu estou realmente comprometido em manter o hobby errado pelo jeito.
Só que os desenvolvedores de pokemon anteciparam um desocupado do meu calibre, porque a grama retorna sempre que você sai e volta daquela tela. Pensando bem, se eu tivesse pesquisado isso na internet antes de sair testando a hipótese eu mesmo, eu não teria desperdiçado 3 horas da minha vida. Culpo o método científico.
Há outras formas de potencialmente quebrar Pokemon — gastar TODO o dinheiro possível no jogo comprando Ultra Balls e montar o maior e mais impressionante time de Metapods do mundo, por exemplo. Se lembro bem, alguns trechos do jogo requerem dinheiro. Seria possível quebrar o jogo assim? Bom, se minha experiência como cortador de grama oficial de Kanto é alguma indicação, presumo que a GameFreak antecipou isso, também.
Só que nem todo dev é tão cuidadoso quanto eles, aparentemente. Aqui estão 5 bugs que tem o potencial de impedir completamente a progressão no jogo.
A ponte quebrada de Twilight Princess
Considerando que tanto a Nintendo quando Zelda são exemplares de qualidade na indústria gamer, eu não esperava começar essa lista com essa dupla, mas realmente todo mundo vai te decepcionar um dia.
Quando você termina a parte das minas Goron, você segue pra Bridge of Eldin e explode umas rochas que bloqueiam o caminho pra Lanayru Province. Isso é pra impedir temporariamente que o jogador retorne àquela área até ele completar aquela quest, no Gerudo Desert (onde o jogador recupera o pedaço que falta da ponte).
Até aí, tudo bem. Acontece que, se você salvar o jogo aí mesmo, ANTES de ir pro Twilight Realm, ao carregar o save você aparece perto da saída de Kakariko Village, com o pedaço da ponte faltando. E é impossível sair dessa área a não ser por essa ponte.
Lá na frente no jogo (em Gerudo Desert, como mencionei) você encontraria o pedaço da ponte e a reconstruiria, assim podendo atravessar entre uma área e outra — mas esse bug te impede de progredir até a parte em que você recuperaria o pedaço que falta. A ponte fica eternamente não-terminada, que nem obra pública em São Paulo.
Ou seja — você acabou de quebrar o jogo irremediavelmente. Não há conserto pra ele.
Parabéns, Nintendo! Mas eu vou dar um crédito aos caras e supor que essa será a sua única participação nessa lista.
A porta em Metroid: Other M
PORRA, NINTENDO.
Como se fãs de Metroid não tivessem sofrido bastante nos anos recentes, Other M os apresentou com um bug que quebra o jogo completamente.
Essa porta pyrosphere do screenshot se localiza no porão da Desert Refinery no Sector 3. É o seguinte: nessa parte Samus precisa enfrentar Dessgeegas, uns inimigos crustáceos. Pouco antes de encontrar esses inimigos, a Samus recebe do Comandante Adam Malkovich a autorização pra usar o Ice Beam, uma de suas armas clássicas. E após derrotar esses bichos, essa porta aí no screenshot se abre.
Aí que vem o problema — se após derrotar os Dessgeegas, você voltar pro local onde usou o Ice Beam pela primeira vez (em vez de ir direto pra porta), essa pyrosphere aí fica trancadas pra sempre, te deixando preso nesse lugar a menos que você recomece o jogo.
A Nintendo admitiu a cagada e tentou dar um jeito no problema, mas isso requeria salvar o seu save3Redundante, eu sei num SD card e mandar pra eles. Sim, enviar fisicamente, pelo correio. Dentro de uma cartinha, colando selo e tudo, e depois esperando pacientemente pra que a missiva chegasse lááááá na Nintendo.
Ou seja, usando a mesma tecnologia que você teria usado se fosse um desbravador bandeirante interrompendo sua exploração da selva sulamericana pra enviar uma carta pra mamãe em Lisboa em 1632.
E essa era a melhor solução, aliás. O recomendado era enviar o WII INTEIRO pra eles. Como se a porra do jogo fosse num cartucho de NES em 1990 e não num console com (teoricamente) capacidade de conexão com a internet.
Como todo dono de console da Nintendo sabe, funcionalidade online nunca foi o forte deles. Afinal, pra algo bastante trivial como jogar online com os amigos você precisa cadastrar CPF e tipo sanguíneo uns dos outros.
O multiplayer online de Splatoon 2, que roda no mais recente e capaz console da empresa, não tem voice chat — você tem que usar um app no celular pra conversar com os amigos. Jogos como Mario Kart 8 Deluxe nem tem isso, então quando jogo com meu irmão e minha namorada, cada um em sua respectiva casa, tenho que IMAGINAR as aloprações que meu irmão faz com a minha cara a cada corrida que eu perco.

Pelo menos a Nintendo não dá uma de EA e inventa que essa prática injustificável é de alguma forma pro benefício do próprio jogador. “Com a exclusiva função NoChat, o orgulho do gamer não é ferido por esculacho dos oponentes vitoriosos! Apenas US$9.99!“
Então, considerando que em relação a internet a Nintendo age como se estivessemos em 1997, não é surpresa que esses japas sejam incapaz de propagar um update pela internet.
Agora, por que diabos não foi possível, sei lá, receber os saves por email e enviá-los de volta pros jogadores dessa forma mais simples E BARATA também jamais foi explicado.
Vou repetir — PORRA, NINTENDO!
O barril que quebra Donkey Kong Contry 2 — e o seu SNES
CÊ TÁ DE SACANAGEM COMIGO, NINTENDO. De novo?!
Donkey Kong Contry 2 é amplamente considerado um dos melhores jogos de plataforma que já existiram.4E considerando o fim desse gênero em matéria de jogos AAA pra console, não acho que ele perderá esse posto. E sim, antes que você mencione aí 47 excelentes jogos de plataforma que saíram ano passado: existe uma diferença entre um jogo indie (mesmo que fantástico) e um que recebeu todo o foco — e dinheiro! — de uma dev líder no ramo em seu auge.
Na pior das hipóteses, DKC2 se garante entre os 5 melhores com facilidade. Qualquer personalidade gamer que NÃO inclua DKC2 em seu Top 5 de jogos de plataforma deve ser um agente russo insatisfeito com o caos que causou nos EUA e quer estabilizar nós brasileiros também.
E essa qualidade toda de DKC2 isso é impressionante se considerarmos que havia um bug no jogo que podia literalmente quebrar o seu Super Nintendo.
Em Castle Crush, a trigésima fase do jogo, havia um trecho em que um barril DK aparecia do lado esquerdo da tela, e era elevado ao topo junto com o Diddy e a Dixie.
Talvez você lembre bem:

DKC2 foi tão presente na minha infância que basta ver um screenshot pra me sentir tão feliz e despreocupado quando eu era em 1995. Alguém precisa sintetizar o hormônio que meu cérebro produz ao ver esse jogo e vender igual um Simple Rick.
Pois bem. Neste infame bug, se você pegar o barril, soltar, e pegar de novo imediatamente, ele se torna invisível. Ao joga-lo, o sprite do bonequinho que você está usando naquele momento se transforma em outros personagens do jogo. Se você tentar se mover, o jogo dá um tilt impressionante:
É curioso que o comportamento do bug não era sempre o mesmo, mas de qualquer forma a fase se tornava impossível de completar.
Se você fosse um gamer sortudo, o jogo apenas resetava. Se fosse um pouco mais azarado, podia perder saves no cartucho.
Pra jogadores ainda menos privilegiados por Fortuna, a deusa romana da sorte, o bug podia danificar a própria memória do cartucho e foder o jogo permanentemente.
E eu, um dos caras mais azarados do planeta, teria provavelmente ferrado o SNES no processo. Sim, rodar o código bichado àquele ponto aparentemente tinha o poder de foder o seu console.
Eu já comentei aqui sobre a ocasião quando destruí meu SNES jogando Donkey Kong Country 2. Eu e meu irmão estávamos justamente em vias de zerar o jogo, então eu gosto de reavaliar a situação como “quebrei o console só pra não deixar o jogo quebra-lo antes”.
Curiosamente, a Nintendo não se preocupou em consertar o jogo quando este foi lançado no Virtual Console do WiiU, então se você foi um dos 7 gamers que comprou o console, sinta-se à vontade pra experimentar essa roleta russa!
Os gringos se referem a bug que impedem terminantemente o progresso como “game breaking glitches“. Esse do Castle Crush é um exemplo literal da expressão.
Myth 2: HD Blighter
Ótimo, uma pausa de jogos da Big N por um instante. Já tava colocando meu Switch no OLX com medo de que essa porra vai incendiar minha casa ou me causar disfunção erétil.
Antes de se tornar célebre pela série Halo, a Bungie era mais conhecida pela franquia Myth, um excelentíssimo jogo de estratégia tática em tempo real. Joguei BASTANTE o primeiro jogo da série, que acredito ter sido oferecida no Brasil em uma daquelas muitas revistas de CD ROM do finalzinho dos anos 90/começo dos anos 2000. Tenho essa impressão porque, como provavelmente foi também o seu caso, os únicos jogos “completos” que eu tinha na época vinham na capa dessas revistas.
Se eu tivesse que chutar um nome, diria que foi a SUPER CD XTREME ou algo que soasse assim. Todas elas tinham esses tipos de nome.
Então, a continuação Myth 2: Soulblighter melhorava o jogo em inúmeros aspectos, mas não no quesito “manter seu computador funcionando normalmente”. Se você instalasse o jogo em um diretório além do padrão recomendado pelo jogo, ao desinstala-lo, o HD inteiro era apagado.
Um erro catastrófico, mas em defesa da Bungie, a única forma que isso aconteceria é se o jogador instalasse o jogo direto no diretório C:\ como um babuíno. Não é algo que a maioria dos usuários faria, mas quando a consequência de um Uninstall mal programado é perder um TCC, essa defesa vale pouca coisa.
MissingNO, o misterioso Pokemon que não existia
Ironias da vida: Comecei o artigo dando crédito à GameFreak, por antecipar comportamento do jogador que poderia potencialmente quebrar FireRed, e termino tirando o mesmo crédito porque agora eu lembrei que um dos glitches mais clássicos da história dos jogos estava justamente no jogo que inspirou FireRed.
Então o placar fica 0 GameFreak, e -4 Nintendo porque puta que o pariu, hein? Eu juro que não esperava que essa lista seria um Hall of Shame da Big N, mas aí está.
MissingNO, que era abreviação de Missing Number, é um erro de programação se manifestando como um pokemon. Além de parecer um QR Code que se deprimiu com sua inutilidade e cometeu suicídio por enforcamento, MissingNO também é um tipo de Pokemon que, embora planejado nos estágios iniciais, acabou nunca sendo incluindo no jogo — no caso, “bird”.
Entre as outras anomalias, o MissingNO também pode evoluir além do Level 100 que é o teto dos outros pokemons, tem o base attack mais alto do jogo — mas o base defense mais baixo, também. É como se um Mewtwo tivesse transado com um Caterpie (com consentimento, claro) e parido um saco de confetes.
O bug é bem simples de realizar pros caçadores de anomalias gamers — primeiro, converse com aquele velhinho em Viridian City cujo objetivo de vida é explicar pra moleques sem rumo como se capturar um pokemon.
Quando você o encontra pela primeira vez, esse velho vagabundo está caído na sarjeta, esperando que tal qual dona Florinda alguém lhe dê uma xicará de café.
Nessa simulação bastante aproximada da vida real, você vai pacientemente ouvir o velho te explicando mais uma vez algo que você já sabe. Logo em seguida, monte nas costas de algum pokemon voador e vá pra Cinnabar Island, e usando SURF, fique nadando na beiradinha da praia no lado direito da ilha.
Eventualmente um MissingNO vai aparecer, e você pode captura-lo normalmente. A propósito, “MissingNO” é porque o jogo não foi capaz de retornar o número de referência do pokemon que você REALMENTE deveria estar vendo, e em vez do código apenas travar ou reiniciar o software, essa letra d vestida a moda carnavalesca aparece.
Apesar de que ter um MissingNO pode destruir o seu save (e impossibilitar saves futuros, além de causar vários bugs gráficos), existe um bom motivo pra arriscar tê-lo — a captura do pokemon multiplica o sexto item na sua mochila. Se este for uma Master Ball, PÁ, agora tu tem tipo 80 Master Balls. Talvez você não possa mais desligar o Game Boy, mas foda-se!
(Aliás, se esse texto de 2300 palavras não te deixou vesgo, taqui um maior ainda com todos os aspectos técnicos por trás do MissingNO)
Vale lembrar que MissingNO não é o único pokemon bugado, tem o tem o ‘M também. É que MissingNO é o irmão que ficou famoso.

A versão humana de ‘M e MissingNO
Agora, vale a pena arriscar o seu cartucho de Pokemon Red pra obter 99 Fishing Rods?
Quem sabe. Se tivesse uma forma de multiplicar cortadores de grama pra me ajudar a desmatar Viridian, eu arriscaria.
***
Espero que vocês estejam curtindo o retorno do HBD. Em breve, apresentarei um projeto pra garantir que você nunca mais passe meses sem ver um artigo novo aqui. Conto com seu apoio!

Como eu me perdi numa cidade do interior maranhense (de cueca e sem dinheiro): uma aventura carnavalesca
(Durante o Carnaval, acessos à internet despencam mais do que bebum na sarjeta durante a passagem do bloco. Mas eu não queria deixar o HBD completamente desatualizado durante o fim de semana inteiro, então resolvi plagiar a mim mesmo, repostando aqui um dos maiores clássicos do site — e que é extremamente relevante ao feriado.
Como o HBD está num momento de revival, e atraindo inúmeros leitores que nem sabiam que eu tinha site, faz sentido apresenta-los ao acervo histórico aqui do site. Divirtam-se!)
Ao passear no tuíter, percebo que estou rodeado de nerds misantropos paga-paus da América do Norte que alegam “odiar o carnaval”. Eu até compreendo esta mentalidade; quando eu tinha lá meus 16 ou 17 anos e me identificava como “metaleiro”, andava por aí com camisetas pretas e cara fechada, e carteira atada à calça via corrente, eu também tinha essa opinião.
Entretanto, bastou uma viagem de carnaval para mudar totalmente minha opinião sobre este excelente feriado nacional. Apesar de eu me foder inacreditavelmente nessa história, a lembrança dos bons momentos carnavalescos sobrepujaram a negatividade. Como você pode ver pelo título deste post, eu tenho TODOS OS MOTIVOS pra odiar carnaval, e no entanto tenho muita saudade desse fenômeno cultural.
E contarei esta história para você hoje.
Voltamos ao longíquo ano de 2002. Caralho, já faz mais de uma DÉCADA que essa porra aconteceu. Me sinto velhíssimo.
Na época eu namorava uma garota chamada Priscila; Priscila e suas amigas/primas tinham o hábito de passar o Carnaval em cidades do interior do Maranhão. Eu, como ex-crente e “atual” metaleiro, passei a vida inteira sem o menor apreço por tradições carnavalescas. Jamais havia participado de nada do tipo, e realmente não fazia questão. Se existisse tuiter naquela época, lá eu estaria falando mal do Carnaval.
Entretanto, a promessa de uma viagem libidinosa como aquela, sem nenhum “adulto” por perto, dormindo no mesmo quarto que a namorada, convenceu-me.
Dois grandes amigos meus, a Renata e o Panda (atualmente casados, e com uma linda filhinha que creio ter sido concebida justamente naquele carnaval, veja só você!), juntaram-se à caravana. Fizemos uma vaquinha para alugar a casa do vizinho do primo do cunhado do ex-colega de faculdade do pai da minha namorada, ou algo assim.
Evidentemente, o pai da menina não sabia que as garotas estavam trazendo dois marmanjos com elas. Era algo a se manter em segredo, evidentemente.
No dia marcado, a galera se encontra na rodoviária de São Luís, com destino à pacata cidade de Itapecuru Mirim. Olhaí:
Percebo agora que é uma pena que não existiam celulares com câmera naquela época; o registro fotográfico muito enriqueceria este relato. Aliás, creio que ninguém da nossa turma sequer tinha câmeras convencionais!
Então. A galera se reuniu na rodoviária e rumamos em direção à cidadezinha de Itapecuru. Esta viagem reforçou em mim meu amor por cidadezinhas pequenas do interior nordestino, onde passei boa parte da minha infância em viagens com a família. Jamais moraria em um (gosto da agitação da cidade grande), mas gosto muito do ambiente bucólico dessas pequenas cidades.
Chegamos na casa, desempacotamos nossas tralhas, nos revezamos para tomar banho num daqueles banheiros que só uma casinha pequena de cidade interiorana dedicada a aluguel sazonal proporciona (do tipo em que o chuveiro nada mais é que um cano de PVC brotando da parede), e todo mundo se espalhou pra explorar a cidade. As primas/irmãs foram ver amigas locais, Panda e Renata foram fazer sei lá o que — passear na pracinha? –, e a namorada me levou pra comer num restaurante bacana da cidade. De forma quase maternal, ela falou algo que ouvi muito em minha infância quando meus pais precisavam me convencer a ir num restaurante novo:
“Você vai gostar, eles têm batata frita!”
Devo dizer aliás com uma certa melancolia que aqueles dias passados inteiramente do lado da namorada, um pequeno vislumbre da vida de casal que vivo atualmente com minha esposa, foram muito legais. A tal Priscila me odeia atualmente, vá entender, já que ELA que me chifrou. Uma pena, pois eu gostaria de poder manter um relacionamento cordial com ela, como matenho com outras ex. Pra alguém que gosta de preservar o passado, como eu, o contato com pessoas que viveram o outro lado da história é bacana.
Mas, continuando a história! Fomos ao restaurante, e lá comi as prometidas batatinhas. À noite, festejamos junto ao trio elétrico. Não bebi uma gota sequer de álcool (nunca fui de beber muito; mesmo atualmente, eu bebo muito pouco, só em situações sociais mesmo), e nem gostava daquele estilo musical, mas me diverti pra caralho. Não há como não se divertir numa viagem com namorada e amigos, a menos que você já esteja naquele ponto do relacionamento em que a convivência com a pessoa é um fardo.
Voltamos pra casa mais ou menos às 3 da manhã. Tive apenas a preocupação em tirar as roupas suadas, e caí na cama ao lado da mulher de cueca. Não restaram forças nem para completar a pecaminosa celebração da festa mundana que é o Carnaval com fornicação pré-marital.
Poucas horas mais tarde, mais ou menos às 8 da manhã, acordo com a mulher batendo na minha cara vigorosamente. “ACORDA! ACORDA!”, ela sussurava em desespero.
Finalmente vim à tona. Confuso, perguntei o que diabos acontecia. Ouvi à distância batidas na porta da frente da casa. Uma voz abafada chamava minha mulher lá da rua. Mesmo sob a névoa da confusão de quem acaba de acordar, eu comecei a entender o que estava acontecendo. A namorada falou as mais temidas cinco palavras da língua português para um jovem rapaz de 18 anos, depois de “minha menstruação atrasou, e agora?”:
“MEU PAI TÁ LÁ FORA”
Ao nosso lado, Renata já havia acordado Panda, que estava na mesma confusão e desepero que eu. As batidas na porta continuavam, e Priscila percebeu que precisava responder o chamado.
“Tou indo, preciso só me vestir!” ela berrou na direção da porta. Não era inteiramente uma mentira, eu pensei, embora não nos rendesse muito tempo para formular um plano de fuga.
Tentei vestir-me apressadamente, ainda sem saber o que faria. Percebi no meio do caminho que havia vestido o shortinho que minha namorada havia usado na noite anterior; despi-me apressadamente. A menina já tinha enrolado o pai por muito tempo e decidiu que era hora de abrir a porta. “Se escondam!” ela falou, creio que sem muita fé na nossa habilidade de se esconder num casebre de 60 metros quadrados.
Ainda de cuecas e sem saber o que fazer, eu e Panda corremos para os fundos da casa, pensando em nos esconder lá enquanto o pai da mulher visitava a casa. Era um plano de merda, mas o que você faria?
Priscila abre a porta, e pelos sons entendo que o pai da menina não estava sozinho: ele havia trazido seu irmão (ou seja, pai das outras meninas na casa), seu filho, e a mãe. E pelo tom da conversa, não era uma visita breve: ele planejara passar o dia lá.
“Fodeu, maluco“, eu disse pro Panda. “A gente vai ter que ficar aqui no quintal o dia inteiro!”
Mas a situação estava prestes a piorar. Enquanto esperávamos em total silêncio num cantinho do quintal, ao lado do tanque de lavar roupa, o pai da menina diz que tá com fome, dando indicação que iria à cozinha em breve investigar o conteúdo da geladeira. O problema é que nosso fenomenal esconderijo era perfeitamente visível da cozinha.
Panda olha pra mim, com total terror em seu rosto, esperando que eu desse um jeito na situação. Ele era mais “convidado” na casa que eu (afinal, eu tinha uma conexão maior com os anfitriões da viagem), então talvez na cabeça dele eu devia ser o encarregado de resolver a merda.
Se o velho resolvesse ir à cozinha, não haveria como se esconder. Precisávamos sair de lá com urgência, mas passar pela casa era totalmente fora de cogitação. Estando eu de posse de 0 perucas, a idéia cartunesca de se disfarçar de amigas da namorada era também impraticável.
Sobrava apenas o muro do quintal; seus tijolos semi-quebrados e reboco esfarelando só de olhar nos tentando com a possibilidade de fuga.
Não tinha outra solução. Pensei sem meus botões (afinal estava praticamente pelado) “puta que pariu, eu não acredito que estou fazendo isso” e disse pro Panda que o jeito era pular o muro mesmo. Ele olhou pra mim, olhou pro muro, e nem pensou duas vezes: saltou-o, deixando-me para trás. Panda sempre foi um cara mais preparado para mudanças que eu.
Corri esbaforido atrás do meu companheiro de viagem e pulei o muro também.
O chão do outro lado era mais baixo que o chão do quintal da casa das meninas, então eu me fodi todo ao cair em cima de um caixote de madeira que explodiu ruidosamente embaixo de mim. Creio que Panda, com mais habilidade atlética, havia usado-o para descer cuidadosamente do muro. Eu, que ainda nem era gordo na época, desci seguindo a lei universal de que gordo só faz gordice.
Encontramos-nos no quintal da casa aos fundos, totalmente tomado por um matagal espesso, sem ter a menor noção de pra onde ir dali em diante. Enquanto tentávamos orquestrar um plano, uma velha bastante coroca surgiu na porta dos funtos da casa que acabávamos de invadir. Ela percebeu a movimentação nos fundos do seu quintal, e apertou os olhos na nossa direção, tentando entender o que diabos era aquilo.
Comecei uma prece silenciosa.
“Senhor Jesus Nazareno do Cristo, sei que há muito tempo não nos falamos. Sou eu, o Israel, filho da Flor e do Felipe, beleza? Eles são seus broders então me sinto na liberdade de pedir um favor. Essa mulher já tá nas últimas mesmo, então se você tava planejando dar-lhe cataratas, olha, eu não quero me impor nem nada, mas eu acho que agora seria uma hora boa“.
A mulher cerrou mais ainda os olhinhos octagenários, e eles encontraram os meus. Ela me viu.
“Valeu ein maluco“, eu disse ao filho de deus, decepcionado.
“O qui cês tão fazeno aí, minino?” inquiriu a anciã interiorana, com o natural tom de desconfiança que você exibiria ao encontrar dois marmanjos de cueca se escondendo em seu quintal.
Eu TRAVEI. Não tinha a menor idéia do que dizer, então meio que fingi que não havia ouvido, enquanto tentava me esconder (sem sucesso) no matagal. Era bastante óbvio que ela conseguia me ver, então era um exercício retardado. Panda tomou as rédeas.
“Me desculpe, senhora” ele falou, limpando a garganta “viemos aqui para a cidade numa excursão e nos perdemos na selva” ele disse, enquanto apontou dramaticamente para a vegetação selvagem que cobria o quintal da mulher. Lembrando que o quintal estava totalmente cercado pelos muros das casas ao redor.
Eu não conseguia acreditar que o maluco tinha realmente falado que “se perdeu na selva”, e o rosto dele indicava que ele também compartilhava deste sentimento. Com um cabo de vassoura na mão e ainda mais desconfiada, ela falou:
“Pois ocês dois parem de fazer o que tão fazeno, se vistam, e saiam já daqui que isso não é coisa de Deus!” ela pontuou o comando se benzendo com o sinal da cruz e deixando claro o que ela achava que estávamos fazendo.
Eu e Panda nos entreolhamos. Saímos do nosso “esconderijo”, eu talvez com mais vergonha do que se tivesse realmente sido flagrado dando a bunda pra um amigo. Atravessamos a casa da mulher — dois marmanjos de cueca!!!! — enquanto ela vinha no nosso encalço, ainda segurando a vassoura. Na sala da casa da véia, dois homens igualmente velhos assistindo TV, e uma menininha de uns 5 anos comendo papinha.
Não sabia se era falta de educação passar pela sala da família seminu sem dizer uma palavra sequer, então mandei um “opa… bom dia…”, cabisbaixo.
Chegamos à rua. Lá estava eu, descalço, de cueca, sem um centavo no “bolso” — ou seja, um resultado relativamente congruente com uma noite de folia carnavalesca como outra qualquer. Se o dia fosse, sei lá, 5 de outubro, seria uma visão um pouco mais incomum. Mas na semana de carnaval, passava. Então não estávamos tãããão na merda assim, ao menos.
Eu e Panda passamos na frente da nossa casa, e constatamos o carro do pai da minha namorada. Atravessamos a rua pra passar na calçada oposta.
“E agora, maluco?” perguntou Panda.
“Sei lá, mano. Tem algum dinheiro aí?” retorqui, sem muita esperança.
“Nada. E tu?”
Bati nas coxas, onde bolsos geralmente se encontram quando você está usando roupas, enquanto fazia aquela cara universal de “tô sem nada, mano”.
Vagamos a cidade sem rumo, e já estava começando a ficar com fome. Volta e meia passávamos em frente à rua da nossa casa, e dávamos meia-volta ao ver que o carro do pai da minha namorada continuava estacionado lá.
A cidade jazia completamente inativa, o que é natural para uma manhã pós-Carnaval (e ainda era o primeiro dia). Pouco a pouco, vendedores ambulantes começaram a montar bancas na avenida principal da cidade, para atrair os turistas com o aroma de coxinhas e suco de maracujá. A fome apertou mais ainda.
Panda eventualmente lembrou-se que um de seus amigos da capital estava em Itapecuru para as festividades, mas não sabia qual era a casa do cara, só a área onde a casa ficava. Passamos algumas horas perambulando a região, na esperança que Panda lembrasse onde o maluco estava hospedado. Quando finalmente encontramos, tudo que o rapaz teve para nos dar foi dois reais bem amassados que ele tinha no bolso no momento.
Eu e Panda havíamos passado em frente a uma locadora inúmeras vezes em nossa peregrinação sem rumo pela pequena cidade de Itapecuru. Não restou dúvidas de como gastar o dinheiro — entramos na locadora e jogamos Donkey Kong Country 2 por umas três horas. E lembrando: de cueca, e descalços, como se não houvesse nada de errado com essa cena.
Ao final dessas três horas (sem sequer zerar a porra do jogo, o Panda era ruim demais), voltamos à rua. Eu já tava morrendo de fome, cansado, e queimado de sol. E pior, já não sabia mais nem onde diabos eu estava na cidade.
Já estava começando a me acostumar à minha condição de andarilho pelado e fodido. Se arrumasse um pedaço de papelão e um carvão, poderia escrever uma placa suplicando por algum tipo de alimento. Nem precisaria voltar à UFMA na semana que vem, o que é um bom bônus da minha nova vida de mendigo a qual eu já começava a me acostumar e fazer planos inclusive. “Amanhã vou sentar naquela calçada ali, talvez na quarta feira eu tente comer algo revirando o lixo atrás da igrejinha”.
Foi aí que vi a namorada correndo em minha direção, com uma marmita e uma troca de roupa. O pai e sua comitiva já havia indo embora, a barra estava limpa há horas. Ela estava me procurando pela cidade inteira, e obviamente não me achou porque eu tava no fundão da locadora jogando SNES. Coloquei a camiseta que ela me deu com cuidado, tentando inutilmente evitar muito contato do tecido com minha pele totalmente esturricada de sol.
E na marmita que ela trouxe, um almoço do mesmo restaurante lá das batatinhas fritas. Já estavam frias a essa altura, mas um mendigo profissional como eu já me via a essa altura não há de recusar batatas fritas, independente de seu estado.
Poisé. Não sei por que vocês odeiam carnaval.

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