Pedro Guilherme Moreira's Blog, page 31

June 12, 2014

Começo hoje a adolescência e tu não existes


Começo hoje a adolescência e tu ainda não existes.Por não saber nada de ti, mas aspirar a ti, invento-te e faço-te o culto como se pudesses ser real.Assim, se compareceres, saberei que és tu.Não precisarei de te fazer perguntas.Posso estar no leito da morte e tu no da curso da vida, saberei.Se me deixares ler o olhar ou eu te divisar a sombra ao longe, numa determinada inclinação. Saberei.
Começo hoje a adolescência e acordei com o quarto cheio de verão, porque neste tempo ainda há verões, os melhores das nossas vidas. A mãe, como sempre, abriu a persiana cedo, depois a janela. Habituei-me a não acordar quando o quarto fica com a cor leitosa e firme das dez da manhã. Como a praia é perto, começam a entrar os sons abafados que, daqui a alguns anos, identificarei como sinais do resgaste da leveza à existência. Ou felicidade: os gritos das crianças e das gaivotas, os motores dos barcos na água, o pregão das senhoras das batatas, o cheiro a óleo de coco e a creme nívea, o iôdo, a maresia que sobe as casas da primeira linha e nos cai no jardim.A mãe abraça-me e dá-me os parabéns, diz-me que finalmente sou um homem, eu escrevo duas coisas no diário de bordo, engulo o leite achocolatado com pão com manteiga, visto os calções e a t-shirt do naranjito, e, ainda antes de os irmãos se levantarem, porque é dia dos meus anos e no dia dos meus anos levo a manhã para solidão, saio à rua. Levo a toalha, mas não levo a bola de voleibol. Hoje não quero grupos, quero distância.Porque tu ainda não existes.Caminho cinquenta metros e derivo da entrada principal, subo a duna maior e lá está, o mar daquele azul que os olhos nunca mais verão esgotada a inocência e a pureza, a areia daquele bege aveludado que os pés nunca mais sentirão por causa do peso dos dias, o ar com aquela humidade salgada que os lábios nunca mais provarão depois de serem beijados sem corpo.Estendo o braço direito para que o sol te mostre a minha pele dourada.Tu beijas-me a dobra do braço sobre a artéria radial, está quente, cheira bem, é o lugar onde a cabeça encaixa quando os abraços se transformam em colo, é o lugar onde dormes e, ainda que não existas, há uma certeza na minha pose acocorada na duna, nos olhos semicerrados que absorvem toda a luz que as pálpebras e as pestanas não filtram.Que eu já te amo.Os amores profundos não são difíceis.Os amor que existe em todas as partes do corpo quando as perguntas começam a ser feitas é um sereno e solitário monólogo onde ela se vai encaixar quando chegar.Se ela chegar.E se ela chegar, reconhece-se. Reconhece-nos, porque fez a mesma vida.Teve-nos nos braços no recesso das dunas ou numa montanha lunar.E o amor prossegue em monólogo, mas troca de sujeitos.Nós somos ela. Ela somos nós.Começa o caminho da imperfeição, desce do absoluto, passa a residir nas coisas simples, nos detalhes, no efémero, deixa de ser uma aspiração, é apenas a fragilidade da existência protegida pelos braços dos ventos e das marés que, afinal, se observavam sem ninguém, muito antes do combate.
Às vezes o detalhe é um pormenor gigante.Fica-se feio de parte a parte e o amor absoluto, que não é possível ser vivido nas falhas dos ossos e da carne, mas não tem necessariamente de morrer, tende a esgotar-se nas dores musculares da treva. Há os que cuidam de o manter, mesmo depois da separação, de forma maternal ou paternal e sob a incredulidade dos novos intérpretes. E então, nas costuras intestinas dos panos das barracas, nas praias, subsistem, por irreverência, amores absolutos sob todos os ventos e marés.
Começo hoje a adolescência e tu ainda não existes.Certos miúdos e miúdas pensam nestas coisas.Na praia, lá em baixo, ainda não consigo ver os amores absolutos que sobraram dos verões. Só naquela hora do abandono, quando os banheiros começam a levantar os panos das barracas, consigo perceber o que sobra. Às vezes sobra só sexo. Outras apenas ternura. Outras uma empatia suave e externa. Raras vezes vi nas torres de panos de barracas recolhidas no casebre de madeira pintado de vermelho e branco aquele que pode vir a ser o nosso amor, abandonado à míngua da vida, espécie de antecipação de outono.
Hoje à noite, vestido de gala com as minhas Levi's novas e uma camisa bordô às estrelas que o pai não usa, as fotografias vão suspender vários sorrisos abertos que os rolos de trinta e seis não mostrarão de imediato, abre-se o bolo, sopram-se as treze velas, serve-se o bolo, corre algum champanhe, tang e coca-cola sem variações, pudim boca-doce, o bolo de bolacha da mãe e as notas de dez contos dos avós, por isso não posso, não posso até que seja muito de noite, a mãe vá fechar a janela e a persiana e eu venha, sem ninguém me perceber, à porta da lavandaria, ao pátio das traseiras da casa, levar-te para os lugares que eu inventarei para ti, certamente uma avenida em nova iorque ou um sotoportego veneziano, um acampamento no topo da fuente dé ou uma planície amarela para cavaleiros de triste figura, um bosque de abetos no liechtenstein ou então apenas uma boca de incêndio mais recatada no alto de um bairro social onde não nos beijaremos, sequer nos tocaremos, não daremos as mãos ou passeios um ao outro, porque cuidaremos primeiro do amor absoluto.
Começo hoje a adolescência e tu ainda não existes, continuo a morte e tu tardas, prefiro pensar, no último suspiro, que afinal te conheci, do que ter uma vida de dias bonitos e tormentosos como o de hoje.Tinha-te dito que o mar está azul e é um verão antigo.Como os melhores.
PG-M 2014fonte da foto (propriedade inAcents.com)


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Published on June 12, 2014 09:15

June 8, 2014

Da Beleza







Agora bou explicar o que se passou este ano entre mim e a escola Inês de Castro e o que se ia passando ao mesmo tempo entre mim e o resto do mundo.

Mais ou menos quando eu falei pela primeira bez com a professora Joana, defendi no tribunal um rapaz de 17 anos chamado Hernâni, que era daqueles um bocadinho atrasados e já num estuda e tem a compulsão de conduzir carros. Pega nos carros dos pais e dos amigos e anda até esgotar a gasolina. É preso porque abastece sem pagar, mas num tem uma berdadeira noção do que faz. Ele só quer rolar, rolar, ber as luzes da ribeira, do rio, da abenida, o mar da marginal, os meninos a sair das escolas de onde ele sempre fugiu, e a ponte, claro. No fim do julgamento, ele, quase da minha altura e ainda mais gordo e um bocado bruto, agarrou-me por um braço, a mãe tentou impedi-lo e eu disse para ela deixar,

deixe, deixe, não faz mal.
Então o Hernâni abraçou-me, deitou a cabeça no meu ombro e disse assim, agarrando a minha grabata às riscas:

Nunca ninguém tão bonito me ajudou.

Ele queria referir-se ao fato, não a mim, porque eu agora só uso fato em tribunal quando bou defender os pobres. Num é que eu num seja um rapaz jeitoso, num é que não me tenha começado a arranjar quando comecei a ser chamado para estar com mais pessoas, pelo menos depois de perceber que me expunha menos se fosse mais normal, e mais normal é mais belo para o Hernâni, mas não para a maioria de nós.

Nunca sabemos de que lado está a beleza que nos interessa.

Se por fora, se por dentro, se de lado, se a fazer o pino, se num sorriso ou numa lágrima.

Ainda agora, aqui, neste auditório, os que me estão a ouvir estão a pensar sempre em dois lados: se bai ser fixe ou se bai ser uma seca, se bai comover ou entediar, se bai ser bonito ou feio.

Mas a beleza já cá está, e não é minha.

Por exemplo: eu num mereço ter uma mulher tão bonita, e ela insiste em ser a mais bonita do pedaço, mas que nem pense que lhe bou fazer aqui uma homenagem estúpida qualquer, se no primeiro libro eu lhe expliquei porque é que nunca lhe faria uma dedicatória, e num é que lhe fiz uma neste? E é tão exagerada que ela num pense que bai ter outra.

Claro que a mulher pode ser musa, claro que muitas bezes é, mas o que importa, acima de tudo, é o cheirinho que está no ar de todas as casas às oito da noite, e que é quase sempre obra das mães. É muito diferente quando é feito em solidão, quando se cozinha para ninguém. E esta mãe que é a minha mulher, tal como a mulher que é minha mãe, são destacadas neste ebento literário para dizer que, tal como o Hernâni, transcendem e superam a literatura, e afinal são o fundamento dela, como todos e cada um de bocês. Eu num quero ser um artista atormentado, e já lá bão os dias em que precisava de sofrer para escreber, agora escrebo melhor se tiber colo e abraços e uma mulher que me faz sopa de agriões e me muda a etiqueta dos fatos. E muitos já sabem: nós, os parolos do norte, num bestimos fatos Armani, roubamos as etiquetas dos fatos Armani nos outlets e pedimos às nossas marabilhosas mulheres para as coserem nos nosso blazers horríbeis e baratos que passam a ser caros e blasés.

Ora, há um ano eu era um terórico do teatro, um putativo Armani, até conhecer este grupo de blazer, o contra-regra, e esta escola, que já admiraba de trás, quando entre os escritores se comentaba que nenhuma escola trabalhaba tão bem como esta. É por isso que a noite de hoje é um sonho antigo, espécie de globos de ouro da literatura. E já é bom estar nomeado. Pois eu lia teoria do teatro e tenessee williams e tchekov e o diabo a sete quando me perguntaram: nós num queríamos abusar, mas habia alguma possibilidade de escreber o prólogo de uma peça? O morro teórico ruiu, eu escrebi, percebi que não habia escrita mais imediata do que a dramática e um dia bim conhecer o coração do grupo: numa roda no meio da sala de ensaio, o comando da professora Joana e do professor Pedro, os olhos da Catarina, os lábios da Mafalda, o sorriso da Daniela, os cabelos da Rita no meu ombro, os beijos que a Maria não queria e eu dei, o Gui, o Daniel e o outro Pedro. Tudo me pareceu, também, a corporização da beleza. E eram todos Armanis.

E nós somos sortudos porque ainda podemos tentar ser bonitos, porque o Hernâni nunca se interessará por etiquetas em fatos, e só quer conduzir infinitamente.

Eu a tentar fugir para os cafés de praia para surpreender em palavras o rasto dos objectos no mundo das pessoas e o Hernâni a roubar gasolina para nunca mais parar.

E afinal, na cara destes puros, regressámos em toda a arte ao primordial, ao simples, que em contexto é tudo o que é preciso, como nas redacções da primária: Eu tenho uma casa amarela e gosto muito da minha casa amarela. Eu passo as férias em frente ao mar e por isso gosto das minhas férias. Eu gosto do mar porque é salgado. Eu gosto da areia e de fazer castelos na areia.

A Bera é bonita. A mãe é bonita. O filho é bonito. O pai é bonito.

Os irmãos, os sobrinhos, os cunhados são bonitos. A madrinha e o padrinho são bonitos.

A professora Joana é bonita. A Mafalda, a Daniela, a Catarina, a Rita e a Maria são todas bonitas.

Os Pedros e o Gui e o Daniel são...engraçaditos.

O Hernâni, que não cheirava particularmente bem, tinha uma tshirt curta a deixar ber a barriga, um casaco cheio de buracos e o cabelo despenteado, o Hernâni é agora, para todos nesta sala, o mais bonito.

E eu também sou, mas só por isto:

Porque nas aldeias remotas deste país, sem facebook, ainda dizem que eu sou um rapaz jeitoso,

E porque a Margarida de uma delas, de Trancoso,

a rapariga tetraplégica que eu num conheço pessoalmente e é minha amiga no facebook (e bão ber como é falso o facebook!) e apaixonada por literatura porque, como ao Hernâni, a deixa conduzir sem parar, escreveu aquele comentário público num dia em que conseguiu estar desligada dos ventiladores, porque ela diz que é tão feliz quando o corpo lhe dá descanso e respiração e ela consegue escrever calmamente no facebook com aquela caneta de boca, e nesse dia resolveu dedicá-lo a mim, e não foi o comentário sobre o meu primeiro livro, A manhã do mundo, "Pedro, senti-me aquelas pessoas todas e morri feliz com elas a saltar das Torres, acreditas?", e eu só dizia "acredito, Margarida", mas só pensava, "como é que esta menina sem sorte decide que o bocadinho da semana em que não se sentiu sufocada é para me fazer um elogio a mim?", nem foi um comentário ao segundo, o Livro sem ninguém, quando me disse

"Agora cala-te, Pedro, passei o livro todo em lágrimas por me mostrares a vida normal do mundo e o meu corpo inexistente não aguenta mais poesia", e como eram bonitas estas palavras, e ela a insistir que só as conseguia escrever bem, não as conseguia dizer bem, porque a língua se arrastava e ela ficava feia no esforço e não se queria sentir ainda mais feia, até fechava os olhos quando passava os espelhos ao colo da mãe,

não, não foi nada disso, eu sei que sou bonito por causa do piropo mais simples, o que ela me deixou a uma fotografia que me tiraram na última Feira do livro do Porto, a última de todas, em que ela escreveu, entre fôlegos: “Ai, Pedro, tu tiras um pessoa do sério” (estão a ber como é falso o facebook?)

E eu, que sou uma menina, chorei que nem uma Madalena.

E pra num dizerem que o facebook são só likes e links, vou contar-bos o que é que a Margarida de Trancoso fazia quando num podia. Pedia à mãe para, invariavelmente, lhe colar uma ligação para uma música no facebook.

(original de James Shelton)
interpretada pela Elkie Brooks, mas neste caso inspirada na versão cantada pela Nina Simone, aqui resumida.


Quando aquilo aparecia no mural dela, nós já sabíamos que ela estava piorzita, e nessa música ela dizia sempre a mesma coisa, no mesmo tom, na mesma voz, segura, olímpica, visceral, emprestada pelo Jeff, e em que a mulher amada e perdida passava a significar apenas vida. A vida dela. E a embriaguez da árvore lilás o alívio do corpo pelos medicamentos.

E a ladainha era mais ou menos assim:

I lost myself on a cool damp night
I gave myself in that misty light
I Was hypnotized by a strange delight
Under a lilac tree
I made wine from the lilac tree
I put my heart in its recipe
It makes me see what I wanna see
and be what I want to be


When I think more than I wanna think
I do things I never should do
I drink much more than I oughta drink
Because it brings me back you...

Lilac wine is sweet and heady, like my love
Lilac wine, (...)
Listen to me... I cannot see clearly
Isn't that she / coming to me / nearly here?

Porque a literatura não vale um tostão furado se não der braços e pernas e sensualidade e música a todos as Margaridas de todos os Trancosos.

E porque me chegam todos os dias histórias de Hernânis e Margaridas e todos os artistas e profissionais aqui presentes sabem que basta um destes pra dar força / e resisitir à neblina dos dias, que todos sabem como são privilegiados e esgotantes e bonitos, e aqui não há tédio, só beleza e riso.

Obrigado e biba o contra-regra, a Inês de Castro e bocês todos.
PG-M 2014 
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Published on June 08, 2014 13:47

June 5, 2014

Noite sem Ninguém

Todos os leitores deste blogue estão convidados a assistir gratuitamente ao espectáculo que será montado pelo grupo de teatro contra-regra em torno do "Livro sem Ninguém" - e que terá uma única apresentação amanhã,sexta, 6 de Junho de 2014, pelas 21:45h, no auditório da Escola Inês de Castro (parte nova), em Canidelo, Vila Nova de Gaia (em frente ao Golfe da Quinta do Fojo). O primeiro desafio é Luís Filipe Menezes falar de livros, e não de política. O segundo é o autor improbisar. Depois regressa Clarice Lispector e entra o contra-regra. A partir de pequenos excertos do livro haverá pretexto para cantar bossa nova, dançar tango (dançarinos profissionais) e ouvir música e ver imagens que o livro só costuma mostrar para dentro de cada um. O contra-regra, sendo um grupo amador, não brinca em serviço. Ensaia uma peça de Genet - talvez a mais intensa de todas as peças de Genet - (que tem prólogo do autor) desde Novembro de 2013, para a apresentar apenas em Outubro de 2014. Pedro Manana, Joana Félix, Catarina Lacerda, Rita Querales, entre outros, concendem ao autor o privilégio de darem vida a um Livro sem Ninguém numa Noite sem Ninguém, que terá venda de livros e Porto de Honra com comes, no final. Apareçam.Este espectáculo contará com a colaboração especial do próprio pai do autor, Guilherme Moreira, que interpretará - diz ele que pela última vez em público - A Lenda das Rosas, o belíssimo poema de Linhares Barbosa. É, pois, oportunidade única, e provavelmente irrepetível, de ter três gerações de Guilhermes Moreira no mesmo espaço público, já que o mais novo também estará presente. Abaixo podem ver o cartaz do evento, e ouvir, desde já, A Lenda das Rosas, por Guilherme Moreira:




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Published on June 05, 2014 06:53

May 29, 2014

O meu leitor paulista Francisco e a minha leitora carioca Irlane

Começo pela Irlane carioca, porque a comoção do Francisco paulista vai ser contada toda por imagens.A Irlane segue-me em ambiente de blogue e facebook,  e descobriu um post do ano passado que era uma ironia em tese política e social sobre o advento das redes sociais, olhando para o futuro e questionando o esvaziamento da palavra amigo, propondo, precisamente, "Inamigo". Ora, a Irlane pediu-me uma definição de inamigo para remessa ao projecto do Dicionário Informal, o que fiz. O notável neste duplo encontro (que aconteceu no mesmo dia por causa da pasta "As Outras", abaixo explicado) é a exigência, sabedoria e disponibilidade destes leitores. Como eu lhes disse, eu, mais do que escritor, sou servente de leitor. É o privilégio máximo ter pessoas assim perto de nós. E claro que isto acontece a muitos mais: mas, se acontece, que se celebre. Admiro muito leitores exigentes e dinâmicos, que não se deixam ficar no seu posto, que tentam chegar até nós: é a vantagem da contemporaneidade porque o resto são desvantagens. Como já muitas vezes disse, o textos deviam todos ficar a maturar cinquenta anos em casco de carvalho. Aqui fica a justa homenagem. A história do Francisco paulista vai contada pelas imagens do encontro, começando pelo meu post de hoje no facebook. Imagens com palavras, em vez de apenas palavras, para o coração aguentar :).
O meu post de hoje:

O post do Francisco, em 15 de Maio, no seu mural:
As palavras em privado - que me comoveram, mas que me escaparam ao tempo, e eu li quase duas semanas depois - e que o Francisco autorizou a revelar:
E depois do grato encontro:  
Maravilhoso, no mínimo. Agora a gente já não se perde.Obrigado a ambos. A todos.
PG-M 2014
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Published on May 29, 2014 09:51

May 26, 2014

a carne da virgem maria


maria serve na perfeição
os ossos
de todas as mulheres
e dá de beber
à fé

ou nada

maria é
franca e assombrosa
tem uma luz branca na pele
e um segredo na boca
e um vinho a correr
na voz
e o firmamento
no rosto

e tudo

música e
o sangue nos astros 
o curso claro de um rio
nos olhos
o mar nos braços
o mundo na palma
das mãos

voltadas para cima

maria tem o colo formado
por tempo
e quando
tu surges no átrio
(tu e todas as mulheres)
ou nos planos da noite
ou nos beijos marginais
ou correndo menina
no pátio
ou mãe no espelho
ou sobre o meu corpo
nua
ou primordial

em todos os lugares
e a todas as luzes

e o amor é tão
insuportável
e tu tão admirável
e bela,

eu lavo-te os pés
e choro por transcendência
e digo que és

(por causa da figura divina
 sobre a credência
e do lamento insanável
dos dias)

a carne de todas
as virgens marias


PG-M 2014




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Published on May 26, 2014 12:11

May 16, 2014

Que nunca se cumpra um silêncio


 Não há um espaço nem um tempo para ti.Vi-te dissimulada num fiorde, incrustrada numa gôndola a fluir silenciosa num canal menor, como estátua efémera nas puertas del sol, a dançar num coreto mineiro, enrolada num xaile num prostíbulo lisboeta, inclinada da janela de um táxi amarelo na quinta avenida, a fumar uma cigarrilha na Closerie des Lilas. O facto é que na plateia do La Fenice não há mais ninguém. Só tu de cabelo dourado e ombros descobertos e ainda não sorris nem usas máscara.
És, como eu supunha, perfeita e intemporal, e por isso a mais bela mulher do mundo. Também não há ninguém no palco. Ninguém, portanto, só tu e eu. Seis de março de mil oitocentos e cinquenta e três, mas, ainda assim, nunca serás a mulher caída*. Podes ser Violetta, não importa, podes ser tudo, eu serei Alfredo ou outro qualquer.
Escorre o sangue do espectáculo no fim de todas as cenas e não haverá acto, nunca haverá acto, só desejo, Violetta Valéry. Quando o pano cai tu estás no centro da plateia e eu estou no centro do palco. Ainda não chegou o momento. Por ora, insinuas-te por trás da multidão e chegas ao backstage como todas as mulheres, indistinta e colectiva, sem cheiro e sem cor, sem imagem nem brilho. Na mais bela mulher do mundo nem tudo é regular. Começa com o movimento do corpo, que não é óbvio, cujo desenho se instala como o quadro mais desejado da exposição e que esteve para não ser exposto e irrompe no vazio ou no ar, que começa agora a encher-se, rompe com todas as barreiras e não precisa de estar sob luzes dedicadas. A mais bela mulher do mundo brilha por si, mesmo que transporte a alma no corpo frágil, anjo pálido. E então reparo em ti. Reparo nela. Reparo em ti. Ela és tu. Talvez a tua universalidade não me perimita este tratamento íntimo. E no entanto és única, és a visão de um noite e mais tarde, no estertor que me conduzirá ao templo da eternidade, a visão de uma vida. És a mulher mais bela que alguma vez pisou a terra. És a mulher mais bela de todas as que estão por existir. És um absoluto e és completamente relativa, específica, detalhada, bela.
Não é a beleza uma imprecisão do que está composto, uma imperfeição?
Violetta dos cabelos dourados, fica para o fim, deixa-os sair.Deixa sair o teatro inteiro, a ópera toda e não caias.Não fiques caída, Violetta Valéry.
Ainda antes do nosso momento, de seres a última de todas, portanto a primeira, foste a primeira e correste o risco da derradeira.Vinhas com os braços alçados e um sorriso demasiado transparente. Causaste-me um certo espanto, mas trazias contigo o encanto e pelo menos mais duas mulheres que estavam junto dele. Depois apenas a vulgaridade, o barulho indistinto, gritos de maestro, maestro, ou mestre, mestre, não sei, nessas noites de celebração, êxtase e sucesso eu sabia que me esperava a solidão da minha Villa, o manto negro da noite que na minha sala de fumo é vermelho enquanto estão todos e azul depois, no nada, gelada madrugada em que fumo sucessivamente todos os sentimentos por ordem descrescente até amanhecer miserável.
Muitas horas depois de terminar a mulher caída, Verdi partira na carruagem sem sequer pernoitar em Veneza, e sem a multidão perceber porquê, eu Alfredo mantivera-me no espaço da ópera e tu Violetta estavas detida, como eu pedira. Assim o leras no meu olhar suplicante: quantos homens e mulheres deixaram de se amar pelos séculos por silêncio? A causa do silêncio não é uma causa nobre, ou talvez o seja apenas depois de instalado o amor.Amem as pessoas em lados opostos das casas, sim, Violetta, é possível que sim, que o silêncio possa ser uma causa maior, uma causa de amor. Tu ficaste, intemporal, os ombros descobertos, a pele alva, os cabelos dourados a cair em flocos até metade das costas.E Eis, Violetta, o que não fiz:
Não te cingi a mim para que o cheiro nos percutisse.Não encostei a minha cara à tua nem te provei nenhum dos ombros.Não te corri a cortina dos olhos para te beijar candidamente, primeiro, e, conforme a cadência dos beijos e a continuidade das bocas e a temperatura dos lábios e a implicação das salivas e o compasso das línguas, te quebrar a resistência sem nunca te deixar caída e te paramentar nos braços e nas pernas e no colo e no ventre e a fluir.Em vez disso aproximei-me de ti e do teu olhar a interrogar-me se tinha sido mesmo por ti que esperara, e eu sim, claro que sim, esperaria uma vida inteira por este momento em que te vou dizer, Violetta, anjo pálido, corpo frágil, sem silêncio,que te desejei profundamente como nenhuma outra nessa noite ou em todas as representações de "La Traviata" até ao fim dessa semana, ou que todas as mulheres em Veneza, ou, provavelmente, todas as mulheres do mundo até ti, e que em todas as noites cheguei ao Cipriani e imaginei o que terias sido em mim nos meus aposentos faustosos com tudo o que o dinheiro pudesse comprar, ou então num beco pobre, sem nada sobre o corpo, na linha mais simples de uma folha não pautada e no infinito que a define,que te desejei profundamente mas que vou partir de Veneza e regressar à minha Villa sem te tocar e sem nada te dizer.
E deixo escrito este monólogo para que to profira o maior amor que tiveres na vida e se lembre, ao declamà-lo, do que terá de abdicar para ter simplesmente o teu respeito, que de nada vale na cotação dos sentimentos e das falhas humanas mais sofisticadas.E que é mais relevante a minha imagem real no centro da plateia muitas horas depois do fim da ópera, fraco, pálido como tu mas de figura negra, sombria, alto e inclinando-me para ti, Violetta, a beijar-te as mãos e a pedir-te perdão pelo que não fiz nem farei, mas sem silêncio nenhum,do que uma de milhões de noites de amor apaixonado em que o teu corpo ardente, como outros corpos ardentes, se dissolveria no meu, como se dissolveram tantos noutros que não eu.
Fica sabendo, anjo pálido, mulher intemporal, que me teria bastado um beijo teu, e que nesse beijo se condensaria, não o mais desesperado desejo que me trouxe até aqui, mas a tua beleza, que é o que o desejo, quando cumprido com urgência e egoísmo, confina em qualquer mulher e no homem que a cumpre.
E no final nem um beijo chegaria a ser preciso, bastaria a tua declaração não juramentada de que me desejaras tu e que, quando no cume da mais bela ária eu Alfredo te comovi ao ponto de fechares os olhos e seres feliz em meus braços pela eternidade, tu mulher te dissolverias para deixares apenas incólume a essência da beleza de todas as mulheres.
Que nunca se cumpra um silêncio.Que sempre se cumpra um desejo.
PG-M 2014fonte da foto
* data de estreia de "La Traviata" ("mulher caída" em português) no La Fenice
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Published on May 16, 2014 19:55

May 13, 2014

Braszil


Esperei. Esperei uma semana e fiquei à espera de que o Brasil me saísse do corpo.
Os cheiros, os sabores, os fusos, os medos, as expectativas. Queria escrever em estado de consciência, e, em certa medida, o animal de alma cheia é um animal inconsciente, ou pelo menos subconsciente. Cedo percebi que nada mudava. A única diferença do terreno que deixara no fim de Abril fora o medo e o respeito pelo gigantismo e pelo perigo de São Paulo, onde, apesar de tudo, não passei da porta - a nobre Avenida Paulista em dia de Parada Gay. Porque em Minas Gerais a sensação mais estranha e inesperada de todas foi sentir que estava perto de casa. Não sei se a arquitectura, se o perfil das ruas, a cor das casas, o peso do ar, o sol - por ser inverno e estarmos a mil e duzentos metros de altitude o tropicalismo esbate-se -, mas a verdade é que só o imenso oceano agride esta certeza de sermos um só povo, uma só cultura, uma só pátria.
O Brasil é longe por causa do mar.É mais longe de Portugal do que o pólo norte.De avião, é tão longe de Portugal como Tóquio de Frankfurt.Não se tem essa noção até se ter passado dez horas num avião, dois terços delas apenas sobre o mar. E isso é injusto e violento, para o tanto que podíamos fazer lado a lado, e que, por obra e graça de músicos, pintores, escritores, vamos fazendo, não por esforço de governos ou editoras, tampouco da CPLP ou de acordos ortográficos anquilosados, essa raça de gente que continua a brincar às uniões e às irmandades mas não é capaz de fazer uma coisa tão simples como permitir uma ponte de livros duty free com portes subsidiados entre os dois países, pelo menos para intercâmbio entre eventos culturais. Não. É quase impossível e incomportável enviar livros para o Brasil. Já pessoas não.
E nós fomos.


Deixem-me também dizer-vos, para afastar isto do sistema, já que, sinceramente, as saudades do grupo e da sua dinâmica são mais que muitas: para o Brasil partiram cinco indivíduos que escrevem, regressaram seis irmãos. Pode parecer "cheesy" dizê-lo assim, mas houve um trabalho activo de adaptação de cada um aos outros, foi encontrado um ponto médio onde o grupo funcionava perfeitamente, foi deixado o espaço individual - mais do que isso, respeitado e protegido o espaço e as opções de cada um -, encontradas também as caricaturas, o momento em que cada um era o artista e os outros ouviam, e, nas palestras, todos estiveram presentes para todos.


Depois foram as rotinas, que se podem ver no vídeo que resume a nossa presença no Brasil para quem nos recebeu e para quem nos viu partir: o nosso "Ponto" (onde tomávamos o primeiro café da manhã, um "expresso puro"), na esquina das ruas Minas Gerais e Rio de Janeiro, servido sempre com um "copito de três" de águas gaseificadas e, quase sempre, pão de queijo; o caminho para o Teatro da Urca, onde decorre o FLIPoços, passando pelo magnífico jardim do Parque José Afonso Junqueira, projectado pelo arquitecto Eduardo Pederneiras em 1928, e que conta hoje com 1123 espécies de árvores, rodeadas de belíssimos jardins ornamentais, onde dancei com a Lívia e com a Sylvia Plath (Caroline Nunes) e esta disse a "Tabacaria" de um fôlego, para a Lívia ouvir com uma candura e atenção que nunca se viram no público de um poema :). No final desse percurso, já em frente ao teatro, a nossa passadeira "Abby Road", atravessando a Avenida João Pinheiro. Depois ruas de esquadria com comércio autêntico, uma perdição porta sim-porta sim, porque Poços de Caldas protege-o: nas feiras de artesanato, por exemplo, só são permitidos artesãos locais.

Para bem comer, o Bepi, cujo dono aparece no vídeo a dançar a chula, e pela noite o Boteco Dom Pedro, onde fomos recebidos como reis por uma portuguesa, aliás tripeira, a Dulce - era consensual que se tinha comido aqui uma picanha uruguaia suprema, acompanhada de cerveja Brama ou Skol.

Pelas ruas da cidade, dia e noite, falou-se de tudo, desde o dia contra-tudo-e-contra-todos ao dia de sermos-positivos, ao dia filosófico-religoso, ao dia politicamente centrado, ao dia da literatura e da edição e dos livreiros, uma comunicação total que transvazou nas palestras, que as meninas mais atentas e críticas disseram terem sido as melhores, individualmente e em grupo, do festival nos últimos três anos.

E tudo  culmina nesse espírito omnipresente a que chamámos Serápio, e que o Luís Miguel Rocha descreveu, à chegada, melhor do que ninguém:

"Há uma personagem que sobressai na aventura brasileira: o seu nome é Serápio. Inventado pelos seis na manhã do primeiro dia, tornou-se omnipresente em todas as conversas. A sua omnipotência demonstrava-se através de palavras curtas em frases longas e toques no ombro a que se seguia a evocação dos nossos nomes próprios e uma pausa de alguns segundos como se não se lembrasse por que nos tocara. O Serápio não existe, a não ser nas mentes conturbadas de seis escritores, mas foi o nosso companheiro de viagem, sempre leal, sem nunca faltar, até à nossa extenuação. Um grande abraço, Serápio. Onde quer que estejas, deixa-te estar."

Fomos bem reais, contudo, na consideração, na estima uns pelos outros. Claro que a classe do Miguel Roza (uma surpresa absoluta, a caminho dos 84 anos) e a experiência e génio do Eric Frattini se destacaram, mas soubemos escutá-los, soubemos aprender, quisemos activamente aprender, e pode ser que, um dia, fiquemos parecidos com eles.

E reais foram a segurança Milene, a directora Gisele, o médico Rodrigo Falconi, as leitoras e actrizes e diseuses Caroline Nunes e Lívia d'Ângelo, Aidê, a livreira Cristina, a Dulce, a empregada do "Ponto" e tantos outros que não esqueceremos.

O vídeo, no final, foi comunicação pura, sem poluição de tiques ou certezas.
É, não parecendo, literatura em estado puro.

O Joel Neto disse às meninas, com assinalável dureza e realismo, que é irrepetível - não voltes ao lugar onde foste feliz :) - mas, como ficou dito acima (agora com toda a certeza) o animal de alma cheia é sempre inconsciente.  Sempre.

Obrigado, Brasil. Ou Brazil. Ou, afinal de contas, nosso 

Braszil.
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Published on May 13, 2014 09:56

Ágape

por Caroline Nunes (sobre a palestra do grupo de portugueses no Brasil, Flipoços 2014)
"Era noite e estava frio. Ela gostava de frio, mas não gostava de tremer. Até pensou em ir embora, mas sabia que seria um crime passível de morte.
Devia ter trazido um casaco, foi a última coisa que pensou antes de começarem as apresentações, e eles começarem a entrar, um a um. Exalavam inteligência e genialidade de uma forma que não podia ser certa. Homens assim, geralmente, não encontramos vivos.
Eram quatro. O que estava sentado na terceira cadeira iniciou falando, falando muito bem. Praticamente um showman, divertindo a platéia e encaixando assuntos profundamente interessantes, um imã de atenção, uma presença agradável.
Em seguida falou o quarto. Os tremores cessaram. Sua voz, grave e certa, enchia os corações de todos que o ouviam, e todos o ouviam. Naquele momento, o teatro era o mundo, e era a voz de um deus que preenchia o espaço, um deus que lia uma beleza suprema, a própria catarse. Apesar do sotaque, a união que havia entre todos ali dentro criava um entendimento universal.
Veio o primeiro, e foi como se coroasse. Leu ele também sua beleza, que vinha num sentido diferente. Assunto diferente. Estilo diferente, não obstante, fabuloso. Finalidade, a mesma, resultado também: um profundo espanto e aconchegamento das almas alunas ali.
E o segundo fechou. Homem de sabedoria ímpar e encantador, apenas nos falou, mas, a essa altura, com a sintonia que ali havia, era o necessário para que nos elevasse a outro nível, sobre o qual não há convenções ou conhecimento, mas que existe.
E quando acabou, o frio havia ido embora definitivamente, suplantado pelo amor. Ágape.

(Joel Neto estava na primeira cadeira, o Roza Dias na segunda, Luís Miguel Rocha na terceira e Pedro Guilherme-Moreira na quarta.)"
Carol diria mais tarde a Tabacaria, quase de um fôlego, para nós. Abençoada, digo eu. Obrigado.
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Published on May 13, 2014 09:42

May 6, 2014

Tabacaria dito por uma adolescente brasileira

Foi assim. A Carol e a Lívia gostaram da conferência dos portugueses Joel, Roza, Rocha e -Moreira e do espanhol Frattini, e manifestaram-no. No outro dia eu e o Eric saímos da notável palestra do sobrinho de Pessoa para um café, e a Carol mostrou os cadernos. O Eric ficou espantado com a tristeza e o pessimismo, eu fiquei ligado a algo que reconhecia. Nenhum de nós duvidou da qualidade do que ali estava, e faltava apenas cumprir uma vontade da Carol: ouvir os seus poemas ditos com sotaque do português europeu. Quando isso se concretizou, já no esplendoroso jardim de Poços de Caldas, em frente ao teatro da Urca, a Carol foi desafiada a dizer ela um poema: sabia a Tabacaria. Toda? Praticamente, sim. Pressentindo que fosse verdade, pedi para gravar. Eis. Quando cheguei ao hotel rolei o vídeo só para mim e pensei: como é possível isto, a oito mil quilómetros de casa? Como é possível ter tanta sorte? Magníficas Carol e Lívia.
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Published on May 06, 2014 16:03

5 portugueses e 1 espanhol de arraso num festival literário

Foi porque a literatura pode ser colorida sem ser histriónica ou engajada, ser leve sem ser light, e porque essa leveza se conquista com uma cedência consciente à contemporaneidade que traz todos para o centro e o escritor para as faldas, observando, respondendo e crescendo com os seus leitores. Foi porque este grupo nada homogéneo era feito de pares que chegaram com vontade de se aprenderem e de se estimarem, de se apoiarem e protegerem, e todas as sessões tiveram os restantes na assistência, a vibrarem com orgulho. E plenitude. Foi por isso que o Joel Neto, ao responder a duas notáveis meninas de 16 e 15 anos que são já actrizes e escritoras, a nossa Sylvia Plath (Caroline Nunes) e a nossa Lívia, que diziam que havíamos sido o melhor grupo de sempre no FLIPoços, quer individual quer colectivamente, e nos instavam a repetir a experiência, disse uma coisa dura: isto é irrepetível. Nunca voltes ao lugar onde foste feliz. De quaquer modo, se algum dia essa ocasião surgir, nós sabemos que, com ainda mais trabalho e entrega, podemos fazer ainda melhor, mas sempre diferente. Como dançar com todas as mineiras. Fica aqui um vídeo ímpar de uma semana ímpar:
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Published on May 06, 2014 15:03