Rodrigo Constantino's Blog, page 439
May 30, 2011
"Leave the kids alone"
LUIZ FELIPE PONDÉ, Folha de SP
DE FATO existem pessoas racistas. Homofóbicas, antissemitas (que hoje em dia se escondem atrás do antissionismo), que não gostam de pobres e de nordestinos. Pessoas assim barateiam o debate contemporâneo, assim como as que simplificam as trincheiras teóricas em que vivemos nos últimos anos, jogando tudo no mesmo saco do "reacionarismo". Como se o mundo permanecesse nos limites de um "centro acadêmico em guerra contra a repressão da ditadura".
Acho que muita gente tem saudades dos tempos da ditadura porque se sabia onde estava o mal. Será mesmo? Nem tanto. Muita gente ainda não sabe que a luta armada no Brasil foi feita por pessoas que queriam fazer do país uma ditadura de esquerda. Tivessem eles vencido, estaríamos hoje numa grande Cuba.
Mas como seria bom se o mundo fosse simples assim, preto no branco, amigos e inimigos, bons e maus. Não é. Na maior parte do tempo é cinza e confuso.
O debate ao redor do "politicamente (in)correto" incendeia a mídia. Pessoas querendo "mudar" Monteiro Lobato, querendo "curar" gays e "decretar" que não devemos corrigir o português dos pobres porque isso é ruim pra autoestima deles.
Tenho preconceito contra essa gente que vive pensando na "economia da autoestima", sorry...
Tomemos como exemplo o debate sobre a luta pelos "direitos gays".
O STF aprovou a união civil dos homossexuais. Vou mais longe: acho que deveriam ter o direito de se casar também e de ter filhos. E de ir às reuniões chatas de "pais e mestres". E de ficar pobres como os héteros por causa dos filhos. E de descobrir que pouco importa sua "visão de mundo", você estará sempre errado diante de um filho que cresceu.
Acho que quem "bate em gay" deve pagar não porque bateu num gay, mas porque gay é gente como todo mundo. Sou contra leis especiais que protejam gays. Complicado? Sinto muito.
Se um professor interrompe um menino e uma menina que se beijam na sala de aula é ok, mas, se fossem dois meninos, seria "homofobia"?
Hoje os jovens (e todo mundo) têm medo de dizer qualquer coisa que não seja "gay é lindo". Não há nada de revolucionário em ser gay, nem existe uma "comunidade gay". Gays são pessoas atoladas nas mesmas misérias e erros humanos. Neuróticos, como todo mundo, com sofrimentos específicos.
E aí chegamos a uma questão que me parece muito representativa dos equívocos do debate ao redor da "questão gay" (um belo exemplo do fascismo do politicamente correto): o pretenso direito de o Estado querer discutir "a heterossexualidade como normatividade sexual".
Intenções como essas representam a tendência totalitária do Estado moderno em querer se meter em assuntos que não são da sua competência.
O governo não tem que se meter a dizer a ninguém o que é "sexualidade normal". Isso é um crime contra a liberdade. E isso vai acabar "batendo" na sala de aula. E, como ninguém sabe direito o que está fazendo na sala de aula, essa nova "modinha" vai pegar.
Já disse em outras ocasiões que sou contra a tal da educação sexual quando pretende discutir "ideologias sexuais". Como pai, tenho todo o direito de suspeitar da sanidade mental de uma professora de educação sexual, porque em matéria de sexo todo mundo é mal resolvido.
Se as famílias são um lixo e por isso exigem das escolas o que elas não podem dar, as famílias das professoras também são um lixo.
Imaginemos uma aula de educação sexual na qual vá se "questionar a normatividade" (ou normalidade) da heterossexualidade. Como seria uma aula dessas?
Que tal assim? Meninos e meninas colocando com a boca uma camisinha num pênis de plástico para, quem sabe, perceberem que meninos também podem gostar de fazer sexo oral em meninos.
Ninguém tem o direito de fazer isso. Nem pai, nem mãe e muito menos professores que, provavelmente, ao se dedicarem a isso, "provam" suas pequenas taras.
O Estado deve dar o direito aos gays de viverem como os héteros e mais nada. Não deve se meter a dizer o que é normal. As pessoas têm o direito de sentir o mal estar "que quiserem". E deixem os filhos dos outros em paz.
Comentário: Nada a declarar. O artigo está sublime.
DE FATO existem pessoas racistas. Homofóbicas, antissemitas (que hoje em dia se escondem atrás do antissionismo), que não gostam de pobres e de nordestinos. Pessoas assim barateiam o debate contemporâneo, assim como as que simplificam as trincheiras teóricas em que vivemos nos últimos anos, jogando tudo no mesmo saco do "reacionarismo". Como se o mundo permanecesse nos limites de um "centro acadêmico em guerra contra a repressão da ditadura".
Acho que muita gente tem saudades dos tempos da ditadura porque se sabia onde estava o mal. Será mesmo? Nem tanto. Muita gente ainda não sabe que a luta armada no Brasil foi feita por pessoas que queriam fazer do país uma ditadura de esquerda. Tivessem eles vencido, estaríamos hoje numa grande Cuba.
Mas como seria bom se o mundo fosse simples assim, preto no branco, amigos e inimigos, bons e maus. Não é. Na maior parte do tempo é cinza e confuso.
O debate ao redor do "politicamente (in)correto" incendeia a mídia. Pessoas querendo "mudar" Monteiro Lobato, querendo "curar" gays e "decretar" que não devemos corrigir o português dos pobres porque isso é ruim pra autoestima deles.
Tenho preconceito contra essa gente que vive pensando na "economia da autoestima", sorry...
Tomemos como exemplo o debate sobre a luta pelos "direitos gays".
O STF aprovou a união civil dos homossexuais. Vou mais longe: acho que deveriam ter o direito de se casar também e de ter filhos. E de ir às reuniões chatas de "pais e mestres". E de ficar pobres como os héteros por causa dos filhos. E de descobrir que pouco importa sua "visão de mundo", você estará sempre errado diante de um filho que cresceu.
Acho que quem "bate em gay" deve pagar não porque bateu num gay, mas porque gay é gente como todo mundo. Sou contra leis especiais que protejam gays. Complicado? Sinto muito.
Se um professor interrompe um menino e uma menina que se beijam na sala de aula é ok, mas, se fossem dois meninos, seria "homofobia"?
Hoje os jovens (e todo mundo) têm medo de dizer qualquer coisa que não seja "gay é lindo". Não há nada de revolucionário em ser gay, nem existe uma "comunidade gay". Gays são pessoas atoladas nas mesmas misérias e erros humanos. Neuróticos, como todo mundo, com sofrimentos específicos.
E aí chegamos a uma questão que me parece muito representativa dos equívocos do debate ao redor da "questão gay" (um belo exemplo do fascismo do politicamente correto): o pretenso direito de o Estado querer discutir "a heterossexualidade como normatividade sexual".
Intenções como essas representam a tendência totalitária do Estado moderno em querer se meter em assuntos que não são da sua competência.
O governo não tem que se meter a dizer a ninguém o que é "sexualidade normal". Isso é um crime contra a liberdade. E isso vai acabar "batendo" na sala de aula. E, como ninguém sabe direito o que está fazendo na sala de aula, essa nova "modinha" vai pegar.
Já disse em outras ocasiões que sou contra a tal da educação sexual quando pretende discutir "ideologias sexuais". Como pai, tenho todo o direito de suspeitar da sanidade mental de uma professora de educação sexual, porque em matéria de sexo todo mundo é mal resolvido.
Se as famílias são um lixo e por isso exigem das escolas o que elas não podem dar, as famílias das professoras também são um lixo.
Imaginemos uma aula de educação sexual na qual vá se "questionar a normatividade" (ou normalidade) da heterossexualidade. Como seria uma aula dessas?
Que tal assim? Meninos e meninas colocando com a boca uma camisinha num pênis de plástico para, quem sabe, perceberem que meninos também podem gostar de fazer sexo oral em meninos.
Ninguém tem o direito de fazer isso. Nem pai, nem mãe e muito menos professores que, provavelmente, ao se dedicarem a isso, "provam" suas pequenas taras.
O Estado deve dar o direito aos gays de viverem como os héteros e mais nada. Não deve se meter a dizer o que é normal. As pessoas têm o direito de sentir o mal estar "que quiserem". E deixem os filhos dos outros em paz.
Comentário: Nada a declarar. O artigo está sublime.
Published on May 30, 2011 07:44
May 29, 2011
A última tentação de Palocci
GUILHERME FIUZA, Revista ÉPOCA
Finalmente a verdade veio à tona. Foram cinco meses de doce hipnose. Muita gente que detesta Lula e não vota no PT nem amarrado declarou-se entusiasmado com Dilma Rousseff. Por que, afinal? Porque ela é mulher. Porque ela fala pouco. Porque ela não faz bravatas. O Brasil avalia presidentes como se avaliasse ator de novela: "está muito bem no papel", "acertou no figurino", "não me incomoda na hora do jantar". Só uma pessoa poderia cortar esse estranho devaneio coletivo: Lula.
E ele o fez com uma única frase, sincera e definitiva: "Se tirarem o Palocci, o governo dela (Dilma) vai se arrastar até o final".
Não deixa de ser um grande alívio. Já estava ficando aflitiva a catalepsia geral. Até o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social – uma espécie de recreio dos governantes, onde notáveis se reúnem para fazer nada em grande estilo – vinha sendo exaltado como ponto positivo da administração Dilma. O próximo passo seria a indicação do Ministério da Pesca ao Nobel da Paz. O país deve ser grato a Lula pelo esclarecimento providencial: sem Palocci, o governo Dilma não anda – se arrasta. Com todo respeito à laranjada de mitos feministas e esquerdistas que o sustenta.
Lula disse isso a senadores do PT, na já famosa reunião SOS Palocci. Sua intenção era nobre: lembrar aos distraídos que o ministro-chefe da Casa Civil não é importante para o governo – ele é o governo. O ex-presidente sabe bem do que está falando. Em 2002, quando foi eleito sucessor de Fernando Henrique, Lula tinha nas mãos nada mais que as bandeirolas xiitas do PT e uma alegoria de marketing chamada Fome Zero. O único de seu time que compreendia a diferença entre bater panela e governar era Antonio Palocci.
Quem mais naquela turma entenderia que o Banco Central não era exatamente um lobo mau a ser abatido com slogans populistas? Quem entenderia que responsabilidade fiscal não era palavrão da direita? Quem mais entenderia, política e tecnicamente, o que eram metas de inflação e superavit primário? Ninguém mais – tanto que a assembleia petista bombardeia esses conceitos até hoje. Acreditam que eles foram a "concessão neoliberal de Lula", e nem de longe desconfiam que aí estava a galinha dos ovos de ouro, que os alimentou fartamente de votos.
Palocci foi um excelente ministro da Fazenda, e Lula teve seu momento de estadista ao lhe dar poder. Mas Palocci caiu, e Lula teve de inventar Dilma para suceder-lhe. Sabendo da aventura em que estava se metendo, o ex-presidente fez o óbvio: escalou Palocci para governar Dilma, na campanha e na Presidência. Tinha plena consciência de que sua sucessora, que mal consegue completar um raciocínio em público, não teria estatura para construir uma liderança de fato.
É o que se viu nesses cinco meses. A inflação soltando suas labaredas, Dilma e Mantega dando ordens-unidas que o mercado ignora, e Palocci segurando as pontas sozinho do combate à gastança pública – e sendo, naturalmente, sabotado pelo PT por causa disso. Mas permaneceu forte, porque o mundo político respeita quem sabe o que faz. Só quem não respeita Palocci é ele mesmo.
Um dos políticos mais promissores do país, capaz de se reerguer depois de cair em desgraça por causa de uma casa de tolerância, o médico de Ribeirão Preto calibrou mal suas ambições pessoais. Fraquejou no lema que parece religioso na escola petista: usar o Estado para arrecadação privada. Palocci não resistiu à tentação de converter sua influência política em cachê. Mesmo no comando da campanha vitoriosa de Dilma, com seu futuro atrelado ao futuro do país, achou que era hora de faturar uns milhões por fora. Ou, no caso, por dentro.
A notícia é muito pior para o país do que para o governo. Este, como disse Lula, vai só se arrastar. O outro talvez ande para trás.
Finalmente a verdade veio à tona. Foram cinco meses de doce hipnose. Muita gente que detesta Lula e não vota no PT nem amarrado declarou-se entusiasmado com Dilma Rousseff. Por que, afinal? Porque ela é mulher. Porque ela fala pouco. Porque ela não faz bravatas. O Brasil avalia presidentes como se avaliasse ator de novela: "está muito bem no papel", "acertou no figurino", "não me incomoda na hora do jantar". Só uma pessoa poderia cortar esse estranho devaneio coletivo: Lula.
E ele o fez com uma única frase, sincera e definitiva: "Se tirarem o Palocci, o governo dela (Dilma) vai se arrastar até o final".
Não deixa de ser um grande alívio. Já estava ficando aflitiva a catalepsia geral. Até o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social – uma espécie de recreio dos governantes, onde notáveis se reúnem para fazer nada em grande estilo – vinha sendo exaltado como ponto positivo da administração Dilma. O próximo passo seria a indicação do Ministério da Pesca ao Nobel da Paz. O país deve ser grato a Lula pelo esclarecimento providencial: sem Palocci, o governo Dilma não anda – se arrasta. Com todo respeito à laranjada de mitos feministas e esquerdistas que o sustenta.
Lula disse isso a senadores do PT, na já famosa reunião SOS Palocci. Sua intenção era nobre: lembrar aos distraídos que o ministro-chefe da Casa Civil não é importante para o governo – ele é o governo. O ex-presidente sabe bem do que está falando. Em 2002, quando foi eleito sucessor de Fernando Henrique, Lula tinha nas mãos nada mais que as bandeirolas xiitas do PT e uma alegoria de marketing chamada Fome Zero. O único de seu time que compreendia a diferença entre bater panela e governar era Antonio Palocci.
Quem mais naquela turma entenderia que o Banco Central não era exatamente um lobo mau a ser abatido com slogans populistas? Quem entenderia que responsabilidade fiscal não era palavrão da direita? Quem mais entenderia, política e tecnicamente, o que eram metas de inflação e superavit primário? Ninguém mais – tanto que a assembleia petista bombardeia esses conceitos até hoje. Acreditam que eles foram a "concessão neoliberal de Lula", e nem de longe desconfiam que aí estava a galinha dos ovos de ouro, que os alimentou fartamente de votos.
Palocci foi um excelente ministro da Fazenda, e Lula teve seu momento de estadista ao lhe dar poder. Mas Palocci caiu, e Lula teve de inventar Dilma para suceder-lhe. Sabendo da aventura em que estava se metendo, o ex-presidente fez o óbvio: escalou Palocci para governar Dilma, na campanha e na Presidência. Tinha plena consciência de que sua sucessora, que mal consegue completar um raciocínio em público, não teria estatura para construir uma liderança de fato.
É o que se viu nesses cinco meses. A inflação soltando suas labaredas, Dilma e Mantega dando ordens-unidas que o mercado ignora, e Palocci segurando as pontas sozinho do combate à gastança pública – e sendo, naturalmente, sabotado pelo PT por causa disso. Mas permaneceu forte, porque o mundo político respeita quem sabe o que faz. Só quem não respeita Palocci é ele mesmo.
Um dos políticos mais promissores do país, capaz de se reerguer depois de cair em desgraça por causa de uma casa de tolerância, o médico de Ribeirão Preto calibrou mal suas ambições pessoais. Fraquejou no lema que parece religioso na escola petista: usar o Estado para arrecadação privada. Palocci não resistiu à tentação de converter sua influência política em cachê. Mesmo no comando da campanha vitoriosa de Dilma, com seu futuro atrelado ao futuro do país, achou que era hora de faturar uns milhões por fora. Ou, no caso, por dentro.
A notícia é muito pior para o país do que para o governo. Este, como disse Lula, vai só se arrastar. O outro talvez ande para trás.
Published on May 29, 2011 14:37
Not So Cool Rules
Editorial do WSJ
In the 1982 film "Fast Times at Ridgemont High," the character Jeff Spicoli expresses the Jeffersonian thesis that American democracy required "cool rules . . . pronto," lest our polity become just as "bogus" as the British rule it replaced. Where's Spicoli when you need him in Washington?
The closest thing we have is White House regulatory czar Cass Sunstein, who this week delivered a progress report on Mr. Obama's January announcement that the feds were going to review and then kill unnecessary rules across the bureaucracy. Mr. Sunstein reported some anecdotal success, including the fact that the Environmental Protection Agency has agreed to stop treating milk spills as "oil" spills for the purpose of regulating farms.
You read that right. It took a Presidential-level review to get the EPA to stop treating spilled milk like an oil slick. After we wrote about this folly on January 27 ("Land of Milk and Regulation"), EPA Administrator Lisa Jackson assailed us at a Congressional hearing. We can only imagine the protest she put up against Mr. Sunstein.
More broadly, Mr. Sunstein reports that his review has resulted in "immediate steps to save individuals, businesses, and state and local governments hundreds of millions of dollars every year in regulatory burdens."
Alas, this doesn't begin to ease the economic burden of regulation. In research sponsored by the federal Small Business Administration, Lafayette College economists Mark and Nicole Crain have estimated that Americans were spending more than $1.7 trillion annually just to comply with federal regulations—and that was before Mr. Obama took office.
The best measure of the overall regulatory burden comes from Wayne Crews of the Competitive Enterprise Institute in his annual "Ten Thousand Commandments" scorecard. Mr. Crews recently reported that there are more than 4,000 new regulations now in the pipeline, and he notes that in 2010 the bureaucrats set an all-time record by churning out 81,405 pages in the Federal Register, where new and proposed rules are published.
In Mr. Sunstein's own 2011 report to Congress, his office admits that of the 66 new major rules that the Obama Administration imposed on Americans in 2010, the issuing executive-branch agencies calculated both costs and benefits for only 18. That's less than 30% but it's still better than so-called independent agencies like the Federal Reserve, which were a perfect 0 for 17 in failing to estimate costs as well as benefits.
And all of this comes before the hundreds of huge rule-makings still to come under the Dodd-Frank and ObamaCare laws. Dodd-Frank alone requires 243 new regulations, according to the analysts at the Davis-Polk law firm.
A recent report from the Inspector General of the Commodity Futures Trading Commission (CFTC) illustrates the lack of bureaucratic concern about economic harm. Dodd-Frank gave the CFTC the lead role in writing new rules for derivatives markets, and the IG examined the commission's process for measuring the impact. The IG reports a series of recent incidents in which the staff of the agency's general counsel bulldozed the CFTC's economists to minimize the cost estimates for new derivatives rules.
Wrote the IG staff, "For the four rules we reviewed, the cost-benefit analyses were drafted by Commission staff in divisions other than the Office of Chief Economist. Staff from the Office of Chief Economist did review the drafts, but their edits were not always accepted." In one case, the lawyers even insisted that the only costs they needed to count were what a company would have to spend to find out if a rule applied to it, but not the costs of actually complying with the rule.
We appreciate Mr. Sunstein's effort, but in modern Washington he's less Spicoli and more like Sisyphus pushing the rock up the hill.
Comentário: É mesmo uma lástima ver o que estão fazendo com os Estados Unidos, que já foi a "terra da liberdade", e cada vez mais se parece com um típico país europeu, repleto de burocracia e com um estado-babá asfixiante. Obama apenas acelerou este processo socializante por lá. Triste.
In the 1982 film "Fast Times at Ridgemont High," the character Jeff Spicoli expresses the Jeffersonian thesis that American democracy required "cool rules . . . pronto," lest our polity become just as "bogus" as the British rule it replaced. Where's Spicoli when you need him in Washington?
The closest thing we have is White House regulatory czar Cass Sunstein, who this week delivered a progress report on Mr. Obama's January announcement that the feds were going to review and then kill unnecessary rules across the bureaucracy. Mr. Sunstein reported some anecdotal success, including the fact that the Environmental Protection Agency has agreed to stop treating milk spills as "oil" spills for the purpose of regulating farms.
You read that right. It took a Presidential-level review to get the EPA to stop treating spilled milk like an oil slick. After we wrote about this folly on January 27 ("Land of Milk and Regulation"), EPA Administrator Lisa Jackson assailed us at a Congressional hearing. We can only imagine the protest she put up against Mr. Sunstein.
More broadly, Mr. Sunstein reports that his review has resulted in "immediate steps to save individuals, businesses, and state and local governments hundreds of millions of dollars every year in regulatory burdens."
Alas, this doesn't begin to ease the economic burden of regulation. In research sponsored by the federal Small Business Administration, Lafayette College economists Mark and Nicole Crain have estimated that Americans were spending more than $1.7 trillion annually just to comply with federal regulations—and that was before Mr. Obama took office.
The best measure of the overall regulatory burden comes from Wayne Crews of the Competitive Enterprise Institute in his annual "Ten Thousand Commandments" scorecard. Mr. Crews recently reported that there are more than 4,000 new regulations now in the pipeline, and he notes that in 2010 the bureaucrats set an all-time record by churning out 81,405 pages in the Federal Register, where new and proposed rules are published.
In Mr. Sunstein's own 2011 report to Congress, his office admits that of the 66 new major rules that the Obama Administration imposed on Americans in 2010, the issuing executive-branch agencies calculated both costs and benefits for only 18. That's less than 30% but it's still better than so-called independent agencies like the Federal Reserve, which were a perfect 0 for 17 in failing to estimate costs as well as benefits.
And all of this comes before the hundreds of huge rule-makings still to come under the Dodd-Frank and ObamaCare laws. Dodd-Frank alone requires 243 new regulations, according to the analysts at the Davis-Polk law firm.
A recent report from the Inspector General of the Commodity Futures Trading Commission (CFTC) illustrates the lack of bureaucratic concern about economic harm. Dodd-Frank gave the CFTC the lead role in writing new rules for derivatives markets, and the IG examined the commission's process for measuring the impact. The IG reports a series of recent incidents in which the staff of the agency's general counsel bulldozed the CFTC's economists to minimize the cost estimates for new derivatives rules.
Wrote the IG staff, "For the four rules we reviewed, the cost-benefit analyses were drafted by Commission staff in divisions other than the Office of Chief Economist. Staff from the Office of Chief Economist did review the drafts, but their edits were not always accepted." In one case, the lawyers even insisted that the only costs they needed to count were what a company would have to spend to find out if a rule applied to it, but not the costs of actually complying with the rule.
We appreciate Mr. Sunstein's effort, but in modern Washington he's less Spicoli and more like Sisyphus pushing the rock up the hill.
Comentário: É mesmo uma lástima ver o que estão fazendo com os Estados Unidos, que já foi a "terra da liberdade", e cada vez mais se parece com um típico país europeu, repleto de burocracia e com um estado-babá asfixiante. Obama apenas acelerou este processo socializante por lá. Triste.
Published on May 29, 2011 05:53
May 28, 2011
Política e ambiente
Kátia Abreu
O LONGO processo de votação do novo Código Florestal, que só em sua fase final se arrasta por um ano, serviu para tornar claras as diferenças entre os produtores rurais brasileiros e os políticos que se definem como ambientalistas.
Não seria impróprio reconhecer que, de um modo geral, os ambientalistas são conservadores em sua visão do mundo e autoritários na sua ação política.
Além disso, só levam em conta aspectos ambientais, fechando os olhos para a rica complexidade da vida moderna que nos obriga a tratar com equilíbrio os fatores econômicos, sociais e culturais.
Os produtores rurais são otimistas em relação ao futuro e desejam o aumento da produção e da renda como aspiração legítima da sociedade. Para atingir seus propósitos, acreditam nos mecanismos da democracia representativa.
Por imaginar que os recursos da terra chegaram ao limite de utilização, os ambientalistas defendem a contenção e a modificação imediata do consumo das pessoas.
Tornaram-se o que se pode chamar de conservadores da era pós-moderna. Para eles, o que importa é recriar ambientes naturais que existiam antes do capitalismo moderno.
No fundo, a atual luta dos ambientalistas contra os produtores brasileiros é apenas um capítulo de sua guerra contra as formas de viver e de produzir que a ciência e a tecnologia permitiram, e que os homens naturalmente escolheram.
Essa visão tem graves consequências éticas, uma vez que implica limitar o jogo do consumo quando a grande maioria da humanidade ainda vive com baixa qualidade de vida e bem-estar.
Os produtores do Brasil, e grande parte da sociedade que os apoia, filiam-se a uma tradição mais otimista na capacidade que tem o homem de adaptar-se às mudanças no mundo material.
Desde os primórdios, a história não tem sido uma narrativa de fracassos e de desastres, mas, pelo contrário, de adaptação criativa e de superação.
Apesar de alguns insucessos, a marcha geral da civilização, invariavelmente, é positiva. No caso brasileiro, a adaptação da produção agrícola à evidente finitude dos recursos naturais já vem ocorrendo há tempos.
Nas últimas três décadas, a produção de grãos no país passou de 47 milhões de toneladas para 159 milhões de toneladas, enquanto a área plantada cresceu apenas de 37 para 49 milhões de hectares, com elevação de 151% na produtividade.
Se, em 2010, tivéssemos a mesma produtividade de 1977, teriam sido necessários, para a mesma produção agrícola, uma área total de 122 milhões de hectares, 73 milhões de hectares a mais do que efetivamente utilizamos.
O que poupa recursos e preserva o mundo natural de utilização não são normas, burocratas e retórica ambiental, mas a ação dos produtores e o apoio do avanço científico. Na prática, a política ambientalista não confia nas instituições da democracia representativa.
Longe dos principais partidos, seus integrantes exilam-se em pequenas siglas, em que desfrutam da comodidade do pensamento único, dispensando-se das canseiras do debate e do convencimento.
Com o apoio financeiro de empresas que se apropriam da natureza como ingrediente de marketing, procuram influir na burocracia do Estado para impor à sociedade sua visão restrita do mundo. E fogem da luta parlamentar -não propõem emendas nem projetos alternativos. No Brasil, até aqui, tiveram êxito.
Há 46 anos, o Congresso vem sendo privado de votar normas ambientais. A legislação em vigor foi criada ou modificada por meio de decretos, de resoluções e de portarias, decididas sem transparência e longe dos olhos da sociedade.
Os produtores rurais dependem da democracia para viver, produzir e progredir. Por isso, sua arena é o Parlamento e suas razões precisam ser compartilhadas pela maioria.
Como se vê, estamos diante de duas visões de mundo e de dois modos de ação política. O que prevalecer vai ditar os próximos rumos da sociedade, da economia e da política brasileiras.
O LONGO processo de votação do novo Código Florestal, que só em sua fase final se arrasta por um ano, serviu para tornar claras as diferenças entre os produtores rurais brasileiros e os políticos que se definem como ambientalistas.
Não seria impróprio reconhecer que, de um modo geral, os ambientalistas são conservadores em sua visão do mundo e autoritários na sua ação política.
Além disso, só levam em conta aspectos ambientais, fechando os olhos para a rica complexidade da vida moderna que nos obriga a tratar com equilíbrio os fatores econômicos, sociais e culturais.
Os produtores rurais são otimistas em relação ao futuro e desejam o aumento da produção e da renda como aspiração legítima da sociedade. Para atingir seus propósitos, acreditam nos mecanismos da democracia representativa.
Por imaginar que os recursos da terra chegaram ao limite de utilização, os ambientalistas defendem a contenção e a modificação imediata do consumo das pessoas.
Tornaram-se o que se pode chamar de conservadores da era pós-moderna. Para eles, o que importa é recriar ambientes naturais que existiam antes do capitalismo moderno.
No fundo, a atual luta dos ambientalistas contra os produtores brasileiros é apenas um capítulo de sua guerra contra as formas de viver e de produzir que a ciência e a tecnologia permitiram, e que os homens naturalmente escolheram.
Essa visão tem graves consequências éticas, uma vez que implica limitar o jogo do consumo quando a grande maioria da humanidade ainda vive com baixa qualidade de vida e bem-estar.
Os produtores do Brasil, e grande parte da sociedade que os apoia, filiam-se a uma tradição mais otimista na capacidade que tem o homem de adaptar-se às mudanças no mundo material.
Desde os primórdios, a história não tem sido uma narrativa de fracassos e de desastres, mas, pelo contrário, de adaptação criativa e de superação.
Apesar de alguns insucessos, a marcha geral da civilização, invariavelmente, é positiva. No caso brasileiro, a adaptação da produção agrícola à evidente finitude dos recursos naturais já vem ocorrendo há tempos.
Nas últimas três décadas, a produção de grãos no país passou de 47 milhões de toneladas para 159 milhões de toneladas, enquanto a área plantada cresceu apenas de 37 para 49 milhões de hectares, com elevação de 151% na produtividade.
Se, em 2010, tivéssemos a mesma produtividade de 1977, teriam sido necessários, para a mesma produção agrícola, uma área total de 122 milhões de hectares, 73 milhões de hectares a mais do que efetivamente utilizamos.
O que poupa recursos e preserva o mundo natural de utilização não são normas, burocratas e retórica ambiental, mas a ação dos produtores e o apoio do avanço científico. Na prática, a política ambientalista não confia nas instituições da democracia representativa.
Longe dos principais partidos, seus integrantes exilam-se em pequenas siglas, em que desfrutam da comodidade do pensamento único, dispensando-se das canseiras do debate e do convencimento.
Com o apoio financeiro de empresas que se apropriam da natureza como ingrediente de marketing, procuram influir na burocracia do Estado para impor à sociedade sua visão restrita do mundo. E fogem da luta parlamentar -não propõem emendas nem projetos alternativos. No Brasil, até aqui, tiveram êxito.
Há 46 anos, o Congresso vem sendo privado de votar normas ambientais. A legislação em vigor foi criada ou modificada por meio de decretos, de resoluções e de portarias, decididas sem transparência e longe dos olhos da sociedade.
Os produtores rurais dependem da democracia para viver, produzir e progredir. Por isso, sua arena é o Parlamento e suas razões precisam ser compartilhadas pela maioria.
Como se vê, estamos diante de duas visões de mundo e de dois modos de ação política. O que prevalecer vai ditar os próximos rumos da sociedade, da economia e da política brasileiras.
Published on May 28, 2011 19:41
Marxista pop e o novo comunismo

Rodrigo Constantino
A esquerda festiva carioca entrou em polvorosa estes dias, com a visita do filósofo marxista Slavoj Zizek, que atacou a democracia representativa liberal em palestra no Odeon. O caderno Proza & Verso do jornal O Globo entrevistou o filósofo esloveno e traz matéria de capa hoje com o título "A novidade do comunismo". Como se a mais ultrapassada ideologia de todas pudesse ter realmente alguma novidade...
Zizek defende as "causas perdidas", e lamenta a perda do espírito revolucionário da esquerda. Ele não tem tempo para angústias e dúvidas, típicas dos liberais que reconhecem a complexidade da vida em sociedade: "Penso que existe a verdade, que existe a verdade universal, e que ela pode mesmo ser vista politicamente". Claro que esta verdade seria... a sua. Como disse Bertrand Russell, o problema no mundo é que os tolos e fanáticos estão sempre tão certos de si mesmos, mas as pessoas mais sábias estão repletas de dúvidas.
Para Zizek, o problema de Hitler é que ele não foi violento o bastante. Calma, ele explica: não é que ele deveria ter matado mais judeus; é que ele não foi violento o bastante na revolução, em que violência significa "transformação das relações sociais". Gandhi é que teria sido mais violento como revolucionário, pois organizou um movimento de massa com o objetivo de impedir o funcionamento do Estado colonial inglês na Índia. Alguém sente o cheiro, ainda que de leve, do duplipensar orwelliano aqui? Paz é guerra. Verdade é mentira.
O filósofo não defende, portanto, a violência. A revolução deve vencer no "dia seguinte". Agora, como ninguém é de ferro, ele confessa: "Se aqueles no poder resistem, é claro que deve haver alguma violência, mas apenas como forma de defesa". Entenderam? Sou contra a violência, mas se os demais não concordarem com minha revolução, que afinal de contas é a pura encarnação da verdade absoluta, e disso tenho certeza, então sim, posso usar violência como meio, em legítima defesa. Não é fantástico?
Revolução, para Zizek, não é um estado de emergência, mas apenas "mudança radical". Ele explica melhor: "Revolução para mim é mudança nas relações sociais de poder". O filósofo acredita que esta "revolução" não se dá com eventos isolados, midiáticos, com massas nas ruas tacando fogo em carros, mas sim de forma lenta e gradual. Um trabalho árduo, diário, paciente. Quem compreendeu isso foi o comunista italiano Antonio Gramsci, que criou um verdadeiro estratagema de tomada de poder em doses homeopáticas, pelas vias culturais principalmente. Nada novo aqui também.
Como em toda seita, há a esperança no dia da redenção. Para Zizek, "o comunismo vai vencer ou estaremos todos na merda" (na verdade, todos onde o comunismo venceu é que ficaram sempre na merda). Ele reconhece que o resultado geral do comunismo no século XX foi um fiasco, e que a social-democracia está hoje em crise. Mas Zizek ainda defende o comunismo, pois o capitalismo liberal global, em que ele curiosamente inclui a China, não tem condições de resolver os problemas atuais, como a questão ambiental, biogenética e propriedade intelectual. E ele não se considera um utópico. Para Zizek, a única utopia é "acreditar que as coisas podem seguir indefinidamente seu curso atual".
Aqui ele resgata o pessimismo malthusiano para justificar seu ponto: "É claro por exemplo que se a China continuar se desenvolvendo na escala atual haverá uma demanda materialmente impossível de atender". Será mesmo? Desde muito tempo que os pessimistas alegam que o crescimento populacional não será acompanhado pelo progresso material, mas os dados insistem em prová-los errados. A qualidade de vida material aumentou e muito no mundo de forma geral, e graças justamente ao progresso capitalista. O mercado tem essa mania de inovar, de aumentar a eficiência e produtividade, ou seja, fazer mais com menos. Os recursos naturais não mudaram muito no planeta, mas atualmente temos bilhões de habitantes, e o petróleo não vai acabar em breve! O problema da China não é o crescimento acelerado, mas a falta de liberdade econômica. O lado ruim é justamente a herança comunista, não as pitadas de capitalismo que fizeram milhões saírem da miséria.
Por fim, resta mencionar quem foi o "filósofo" brasileiro que ajudou a divulgar o evento com Zizek: Emir Sader. Para quem não lembra, Sader é aquele que até hoje defende o regime cubano, a mais longeva ditadura do mundo, responsável pela morte de milhares de inocentes. Talvez seja a tal violência necessária para as mudanças sociais, que um dia ainda hão de chegar! Sader escreveu um artigo para enaltecer a vinda de Zizek, em que diz: "Sua nova vinda ao Brasil será, sem dúvida, um grande acontecimento intelectual e político. É um provocador, no melhor sentido da palavra – de provocar o debate, a revisão de clichês, de saber se situar contra a corrente, de enfrentar temas que outros abandonaram, sob a pressão da mídia conservadora. Vale sempre a pena ler e ouvir Zizek, interlocutor obrigatório de quem não tem medo da realidade do presente, do passado e do futuro".
Como vocês podem ver, é o "novo comunismo", sem nenhuma ligação com aquele velho, carcomido e putrefato junto com os milhões de cadáveres que produziu. Quem for louco o suficiente que compre estas novas embalagens para os mesmos sonhos utópicos de antes, que deixaram apenas um enorme rastro de sangue e miséria. De minha parte, fico com este "maldito" liberalismo democrático, que tem seus defeitos sim, como qualquer modelo de sociedade com seres humanos imperfeitos, mas que é infinitamente mais justo e eficiente, como a história mostrou. Reformas e mudanças, sempre! Afinal, trata-se de um modelo vivo, uma sociedade aberta, que deve progredir gradualmente, por tentativa e erro. Mas "soluções" mágicas, ainda mais o resgate do mais que ultrapassado comunismo, isso nem pensar!
O filósofo e psicanalista Zizek costuma encantar as esquerdas. É o marxista pop, como alguns já o chamaram. Ser popular com a esquerda festiva que adora viajar a Paris e com jovens revolucionários que odeiam "tudo que está aí" e querem destruir o "sistema" não é mérito algum para mim. Prefiro todos os anônimos ou impopulares que lutam diariamente para construir, de fato, um mundo melhor e mais justo, com respeito às liberdades alheias e, por tabela, repúdio ao comunismo, novo ou velho.
Published on May 28, 2011 08:25
May 26, 2011
Explicar que é bom, nada!

Rodrigo Constantino
O ministro Palocci "explicou" nesta quinta-feira a senadores petistas o seu aumento patrimonial e também teria acusado a oposição de tentar desestabilizar o governo com "informações despropositadas". A presidente Dilma entrou no embalo e reclamou que agora todos focam no conteúdo das acusações, e não no vazamento delas. Dilma ainda teria acusado a oposição de desejar o "terceiro turno" das eleições.
São tantos absurdos juntos que é difícil saber por onde começar. Para começo de conversa, por que Palocci perdeu a voz em público e resolve, depois de vários dias, "explicar" somente para seus aliados petistas seu recém-adquirido toque de Midas? O povo brasileiro quer saber, ministro! Como se ganha tantos milhões em tão pouco tempo prestando "consultoria"? Tenho certeza que uma dica dessas não seria ignorada nem pelo bilionário Eike Batista.
Além disso, falar em "informações despropositadas" é mesmo o cúmulo da cara-de-pau. Ora, despropositado é ganhar tanto dinheiro assim em poucos dias por meio de "consultoria", ministro! Se alguém desconfiar de tráfico de influência, não poderemos acusá-lo de paranóico, não é mesmo?
Os petistas parecem perdidos mesmo, e já atacaram os tucanos e a imprensa. O mensageiro precisa ser morto para abafar a notícia, assim como o sofá precisa ser jogado fora para eliminar o adultério. A presidente fala de oposição, mas qual? Se não fosse o trabalho justamente da imprensa que tanto incomoda governos corruptos, já éramos uma Argentina, quiçá Venezuela. Parece o sonho dos petistas mesmo.
Sobre focar no conteúdo das informações reveladas, que absurdo, não é mesmo? Onde já se viu o povo focar no conteúdo das coisas? Vejamos um exemplo: o sujeito descobre que sua mulher o está traindo, mas eis que quem mostra a prova contundente é o vizinho que tem interesse na mulher. Claro que o marido traído deve focar na forma como a prova surgiu, e não na traição em si, certo? Tem coisas que só os petistas conseguem dizer com a maior tranqüilidade!
Até agora, vimos apenas baratas tontas, mas explicar que é bom, nada! Também, pudera: não há como explicar tantos milhões em tão pouco tempo com "consultoria" de ex e futuro ministro. Ao menos não sem chamar o povo de imbecil.
Published on May 26, 2011 18:02
Faith and the markets

Buttonwood - THE ECONOMIST
The religious rituals of the finance sector
HAROLD CAMPING, the radio preacher who inaccurately forecast that the Apocalypse would begin on May 21st, made a rookie's mistake. Any pundit could have told him that when you forecast an event, you should not name a date. But if you are forced into doing so, choose a date so far in the future that you will not be around to be proved wrong.
Religion is largely a matter of faith, rather than scientifically testable propositions. But even in the financial markets, where participants worship Mammon rather than God, faith plays a larger role than its hard-headed participants would like to admit.
When it comes to assessing the prospects of a company like LinkedIn, a newly floated online business-networking firm, investors rely entirely on the assumption that the company's future growth can justify the stratospheric level of its current valuation. They have to assess the management's strategy, the level of competition, changes in customer habits, the economic outlook and many other factors that are extremely difficult to forecast. Buying shares in such a company is a leap of faith by any standard.
During the lead-up to the establishment of the European single currency, investors bought the bonds of weaker governments on the ground that all would converge on the high standing of Germany. They had faith that countries like Greece and Portugal would use the breathing space of lower interest rates to usher in economic reform. That belief proved sadly misplaced.
Finance even has its own high priests in the form of the analysts and fund managers who promise their clients heavenly rewards if only they listen to their advice. They preach regular sermons in the form of brokers' notes and quarterly reports, and they house themselves in vast cathedral-like buildings that dominate the skyline. Each day also has its canonical hours as traders pray for profitable opportunities at the European, American and Asian market openings. Finance has its annual calendar, too, marked with festivals known as results seasons in which the lucky participants receive their temporal (rather than spiritual) dividends.
And like any self-respecting religion, finance has its doctrinal schisms as well. Active fund managers are a bit like the medieval Catholic church, offering eternal salvation to those willing to pay the appropriate sum, which are known in modern parlance as performance fees rather than indulgences. The active-investment sect has its elaborate rituals and language, with a liturgy ("information ratios" and "alpha generation") as baffling to the layman as the Latin mass was to the medieval peasant. Clients are supposed to listen to their presentations in a reverential hush, trusting that all the mumbo-jumbo will deliver superior results.
The passive fund managers, or index-trackers, are akin to early Lutherans. Investors have no need for priestly intermediaries between them and the market, say the index-trackers. All they require is the full text of those companies that are included in the benchmark.
Finance also has its equivalent of holy men, the gurus who pronounce on the market outlook. Not for nothing is Warren Buffett known as the "sage of Omaha". The faithful conduct an annual pilgrimage to Nebraska every year to attend the annual meeting of his company, Berkshire Hathaway. His folksy demeanour would surely make him the ideal neighbourhood priest, bringing comfort through life's ups and downs. Those made of sterner stuff prefer the more puritanical oratory of Nouriel Roubini, forever preaching hellfire and damnation for those (particularly the Federal Reserve) who fail to repent.
Finance seems to be a polytheistic rather than a monotheistic faith. The objects of veneration change on a regular basis from emerging markets through internet companies to commodities. These enthusiasms often have a cultlike quality with adherents inclined to pour scorn on unbelievers who "just don't get it". It is striking that the cults often involve asset classes that do not deliver much in the way of immediate cashflow. Dividends will be paid far into the future, long after the likely holding period of the average investor. It is a little bit like the promise of an afterlife.
Even when these cults prove to be built on sand, investors show a remarkable willingness to forget their disappointment and move on. Mr Camping clearly hopes his followers will be equally forgiving. He has revised his doomsday forecast to October 21st.
Published on May 26, 2011 13:35
Palestra aborda situação econômica no mundo e no Brasil

Diário do Comércio
Economista pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro PUC-RJ, com MBA em Finanças pelo Ibmec, Rodrigo Constantino foi o primeiro palestrante do Jantar de Negócios do DIÁRIO DO COMÉRCIO em 2011. Ele trabalha no mercado financeiro desde 1997. Escritor, já publicou os livros "Prisioneiros da Liberdade", "Estrela Cadente: As Contradições e Trapalhadas do PT", "Egoísmo Racional - o individualismo de Ayn Rand" e, ainda, "Uma Luz na Escuridão". Demonstrou grande conhecimento e visão clara e apartidária, ao discorrer sobre a situação econômica mundial e brasileira.
Ele iniciou a palestra recomendando o estudo dos teóricos da escola austríaca de economia, considerada por ele "uma das mais sólidas que existe". Segundo Constantino, essa escola se baseia na teoria de ciclos econômicos, que podem ser divididos em momentos de pico e de queda do nível de atividade.
Para o economista, esses ciclos têm sido substancialmente agravados pela ação dos governos, via interferência dos bancos centrais dos países. "O governo inunda o mercado com moeda e os bancos expandem crédito de forma irresponsável, impactando o preço dos produtos", afirmou.
Nesse contexto, acrescentou o economista, os empresários entram no "jogo" do governo e acabam errando em bloco porque, no final das contas, o recurso prometido não existe de fato, o que força os preços para baixo. Em outras palavras, o resultado dessa operação são as perigosas "bolhas". Em 2000/2001 explodiu a primeira, das empresas de tecnologia e internet.
Segundo Constantino, naquela época havia a necessidade de medidas de ajustes que não foram tomadas pelos governos, seja por receio do desgaste político que esse tipo de atitude gera ou mesmo pela dificuldade de restringir, "do dia para a noite", facilidades que vinham sendo concedidas há algum tempo. "Em economia não existe almoço grátis", destacou.
A inoperância dos governos contribuiu para a formação de uma segunda "bolha", a imobiliária, que explodiu no final de 2008. Para Constantino, no epicentro daquela crise estão as digitais do governo norte-americano, via estímulo ao crédito para pessoas de baixa renda que, em algum momento, não poderiam arcar com essa conta. A insegurança do mercado fez com que o ouro, até então considerado uma opção conservadora de investimento, apresentasse expressiva rentabilidade, saltando de US$ 500 para US$ 1,5 mil a onça.
A situação da Europa não é diferente da vivenciada pelos Estados Unidos. As medidas adotadas para conter o desemprego e garantir a produtividade acabaram rendendo mais demissões e um período de letargia do qual os países de economia mais frágil ainda não se recuperaram, apesar de milhões de euros disponibilizados para auxílio.
"Os países não querem enfrentar o problema e todos ainda praticam taxas de juros abaixo do nível considerado saudável", advertiu.
No caso do Japão, o país se arrasta há 20 anos com taxas de juros também próximas de zero, exportando capital para o restante do mundo.
China - Segundo o economista, a China, que tem servido de exemplo para tantos países em desenvolvimento, também é um case marcado pela falta de sustentabilidade. "Eles colocaram 1,3 bilhão de trabalhadores baratos no mercado de consumo mas as decisões estão concentradas nas mãos do governo, o que é um risco", avaliou.
Neste contexto, a situação brasileira é positiva, segundo o economista. A relação entre importações e exportações deu um salto nos últimos oito anos, principalmente pela valorização das commodities, que incrementaram fortemente o valor das exportações nacionais. A desvalorização do dólar frente ao real também tem criado um sistema de importações barato que, estrategicamente utilizado, pode incrementar a economia do país.
Dos Brics, o Brasil é o que está na frente, com melhoria dos dados macroeconômicos, crescimento da oferta de crédito ao percentual de 20% ao ano, nos últimos quatro anos. "Só agora isso está impactando o índice inflacionário", argumentou. O cenário de estabilidade econômica também tem incentivado as empresas a abrirem capital.
Entretanto, permanecem os mesmos gargalos de sempre. Entre eles, o "manicômio tributário" nacional e o problema previdenciário, considerado uma bomba-relógio que está prestes a explodir se não for definitivamente solucionado. A legislação trabalhista praticada pelo país também já deveria ter sido modernizada, ressaltou o economista. Completando, as questões que envolvem a logística e a infraestrutura "capenga" do país são temas que aparecem diariamente, mas que não têm sido enfrentadas com a devida energia.
"O governo arrecada quase 40% do PIB para sustentar a máquina que está bastante inchada. A oferta de bolsas para tudo e todos, incluindo-se aí os empresários, via BNDES, também não é um cenário duradouro e/ou sustentável", afirmou. Soma-se a isso a falta de mão de obra qualificada, que prejudica o andamento de investimentos em infraestrutura.
Para o economista, embora o cenário seja de crescimento, é imprescindível que o governo federal assuma a parte que lhe cabe na solução de tantos problemas, pois só assim o processo de desenvolvimento do país será sustentável no longo prazo, o que realmente se deseja, e não mais um ciclo de alta que será substituído por outro, de queda.
Published on May 26, 2011 11:53
Palocci e a hidra de duas cabeças
Demétrio Magnoli - O Estado de S.Paulo
Antônio Palocci não estará alheio à coincidência de que os lucros fabulosos de sua firma de consultoria tenham vindo à tona precisamente quando o governo Dilma Rousseff enfrenta uma encruzilhada crucial. De novo, mas numa conjuntura internacional diferente, eclode no núcleo do poder a disputa sobre o lugar do Estado na economia brasileira. Atrás do "fogo amigo" contra o chefe da Casa Civil está o projeto de radicalização do pacto lulista esboçado após a queda de Palocci, em 2006.
No primeiro mandato de Lula, a dupla Palocci-Henrique Meirelles funcionou como âncora da ortodoxia herdada, expressa nos três mandamentos oriundos do Plano Real: metas de inflação, câmbio flutuante e equilíbrio fiscal. O escândalo do caseiro abriu a oportunidade para o avanço dos "desenvolvimentistas" e, no segundo mandato, sob o comando ambivalente de Guido Mantega e Meirelles, surgiram os traços de um desenho alternativo, que tendia a suprimir o equilíbrio fiscal do tripé de política econômica. A quebra do Lehman Brothers, em 2008, rompeu o dique de contenção do Banco Central, propiciando a articulação do pacto lulista destinado a eleger Dilma Rousseff. Os vagalhões do tsunami seriam reduzidos a uma "marolinha" pela ressurreição do "Estado provedor".
No princípio, era necessidade. À estiagem global de liquidez o governo Lula contrapôs uma torrente de crédito e investimento que, em menos de um ano, reativou o crescimento interno. Depois, a necessidade foi retraduzida como virtude: o frenesi de gastos públicos aqueceu a caldeira da demanda interna, produzindo a fogueira de 2010. No ano eleitoral, a economia entrou em desabalada carreira, à custa de contratação de dívida pública, apreciação cambial e deterioração das contas externas.
Economia é política concentrada. O pacto lulista aliou o governo à fração principal do grande empresariado por intermédio do BNDES, das estatais e dos fundos de pensão. A inflexão de política econômica alicerçou-se sobre a convergência de duas motivações. Lula, que não se importa com ideias, consolidava uma aliança de poder que tornaria viável a transição para um governo destituído de seu carisma. Os arautos do capitalismo de Estado, representantes de uma doutrina, visualizavam a oportunidade para destruir alguns pilares da ortodoxia vigente. Fruto da convergência, surgiu a hidra de duas cabeças: uma política econômica que almeja conciliar voluntarismo desenvolvimentista e controle da inflação na moldura restritiva do câmbio flutuante.
Dilma montou seu governo à luz de um desejo continuísta, revigorando o poder de Mantega na equipe econômica, mas, simultaneamente, traçando um limite para as aventuras desenvolvimentistas pela nomeação de Palocci para o cargo fantasmagórico de primeiro-ministro. A hidra bifronte deveria seguir sua marcha, espalhando inconsistências ao longo de uma vereda providencialmente aberta pelos elevados fluxos externos de investimentos no Brasil. O repique inflacionário atual, num cenário de apreciação da moeda rodeado por incertezas externas, assinala a encruzilhada: cedo ou tarde, será preciso cortar uma das cabeças da hidra.
Decepar a cabeça desenvolvimentista exige a recuperação do equilíbrio fiscal por meio da redução dos gastos públicos, que possibilitaria mais à frente uma queda sustentada da taxa de juros. No curto prazo, porém, a inflação precisaria ser contida por aumentos inclementes dos juros. Em vários cenários externos malignos, a combinação de apertos fiscais e monetários provocaria uma recessão doméstica. A hipótese é politicamente dolorosa, talvez intragável, pois uma presidente sem carisma estaria declarando nulo o pacto lulista que a conduziu ao Planalto.
A alternativa, acalentada por figuras influentes, dentro e fora do governo, é decepar a cabeça ortodoxa, renunciando ao câmbio flutuante e ao sistema de metas de inflação. Num ambiente de aumento de preços internos, o governo usaria sua artilharia pesada para promover um vasto programa de obras e financiar o grande empresariado associado ao Estado. O real seria desvalorizado e o câmbio, posto sob cabresto. Sob a égide de um protecionismo restaurado, o mercado interno se converteria no eixo de expansão econômica. A hipótese equivale a um passeio às cegas num campo minado pelo retorno da inflação e pela queda dos salários reais.
A presidente pode adiar o desenlace, decidindo nada decidir, numa aposta equilibrada sobre as vultosas reservas internacionais do País e as esperanças numa evolução benigna do cenário mundial. O Ministério da Fazenda atribui as ameaças inflacionárias à especulação internacional nos mercados de commodities, silenciando acerca da orgia fiscal promovida no ano eleitoral. Hoje, num seminário conjunto do governo brasileiro e do FMI, Mantega repetirá sua peça acusatória contra as políticas monetárias dos EUA e da China, a fim de atribuir a fatores externos o impasse brasileiro. Ele tem alguma razão, como costumam ter uma pitada de razão todos os que invocam o espectro do "inimigo estrangeiro" para ocultar insolúveis dilemas internos.
"Não importam os nomes, a responsabilidade pela economia é minha", assegurou Dilma ainda antes da posse. Na política real, feita por pessoas de carne e osso, não por abstrações sociológicas, os nomes importam, sim - como sabem as fontes últimas das suspeitas que cercam o primeiro-ministro. Tais fontes evidenciaram apenas a película pública da história da firma de consultoria (ou de lobby, como sugere Michel Temer?), pois não pretendiam derrubar seu proprietário, mas tomá-lo como refém, provocando uma incapacitação política. O serviço, que contou com o auxílio involuntário do próprio Palocci, já está feito. O dilema econômico subsiste, mas o campo de batalha foi modificado.
Antônio Palocci não estará alheio à coincidência de que os lucros fabulosos de sua firma de consultoria tenham vindo à tona precisamente quando o governo Dilma Rousseff enfrenta uma encruzilhada crucial. De novo, mas numa conjuntura internacional diferente, eclode no núcleo do poder a disputa sobre o lugar do Estado na economia brasileira. Atrás do "fogo amigo" contra o chefe da Casa Civil está o projeto de radicalização do pacto lulista esboçado após a queda de Palocci, em 2006.
No primeiro mandato de Lula, a dupla Palocci-Henrique Meirelles funcionou como âncora da ortodoxia herdada, expressa nos três mandamentos oriundos do Plano Real: metas de inflação, câmbio flutuante e equilíbrio fiscal. O escândalo do caseiro abriu a oportunidade para o avanço dos "desenvolvimentistas" e, no segundo mandato, sob o comando ambivalente de Guido Mantega e Meirelles, surgiram os traços de um desenho alternativo, que tendia a suprimir o equilíbrio fiscal do tripé de política econômica. A quebra do Lehman Brothers, em 2008, rompeu o dique de contenção do Banco Central, propiciando a articulação do pacto lulista destinado a eleger Dilma Rousseff. Os vagalhões do tsunami seriam reduzidos a uma "marolinha" pela ressurreição do "Estado provedor".
No princípio, era necessidade. À estiagem global de liquidez o governo Lula contrapôs uma torrente de crédito e investimento que, em menos de um ano, reativou o crescimento interno. Depois, a necessidade foi retraduzida como virtude: o frenesi de gastos públicos aqueceu a caldeira da demanda interna, produzindo a fogueira de 2010. No ano eleitoral, a economia entrou em desabalada carreira, à custa de contratação de dívida pública, apreciação cambial e deterioração das contas externas.
Economia é política concentrada. O pacto lulista aliou o governo à fração principal do grande empresariado por intermédio do BNDES, das estatais e dos fundos de pensão. A inflexão de política econômica alicerçou-se sobre a convergência de duas motivações. Lula, que não se importa com ideias, consolidava uma aliança de poder que tornaria viável a transição para um governo destituído de seu carisma. Os arautos do capitalismo de Estado, representantes de uma doutrina, visualizavam a oportunidade para destruir alguns pilares da ortodoxia vigente. Fruto da convergência, surgiu a hidra de duas cabeças: uma política econômica que almeja conciliar voluntarismo desenvolvimentista e controle da inflação na moldura restritiva do câmbio flutuante.
Dilma montou seu governo à luz de um desejo continuísta, revigorando o poder de Mantega na equipe econômica, mas, simultaneamente, traçando um limite para as aventuras desenvolvimentistas pela nomeação de Palocci para o cargo fantasmagórico de primeiro-ministro. A hidra bifronte deveria seguir sua marcha, espalhando inconsistências ao longo de uma vereda providencialmente aberta pelos elevados fluxos externos de investimentos no Brasil. O repique inflacionário atual, num cenário de apreciação da moeda rodeado por incertezas externas, assinala a encruzilhada: cedo ou tarde, será preciso cortar uma das cabeças da hidra.
Decepar a cabeça desenvolvimentista exige a recuperação do equilíbrio fiscal por meio da redução dos gastos públicos, que possibilitaria mais à frente uma queda sustentada da taxa de juros. No curto prazo, porém, a inflação precisaria ser contida por aumentos inclementes dos juros. Em vários cenários externos malignos, a combinação de apertos fiscais e monetários provocaria uma recessão doméstica. A hipótese é politicamente dolorosa, talvez intragável, pois uma presidente sem carisma estaria declarando nulo o pacto lulista que a conduziu ao Planalto.
A alternativa, acalentada por figuras influentes, dentro e fora do governo, é decepar a cabeça ortodoxa, renunciando ao câmbio flutuante e ao sistema de metas de inflação. Num ambiente de aumento de preços internos, o governo usaria sua artilharia pesada para promover um vasto programa de obras e financiar o grande empresariado associado ao Estado. O real seria desvalorizado e o câmbio, posto sob cabresto. Sob a égide de um protecionismo restaurado, o mercado interno se converteria no eixo de expansão econômica. A hipótese equivale a um passeio às cegas num campo minado pelo retorno da inflação e pela queda dos salários reais.
A presidente pode adiar o desenlace, decidindo nada decidir, numa aposta equilibrada sobre as vultosas reservas internacionais do País e as esperanças numa evolução benigna do cenário mundial. O Ministério da Fazenda atribui as ameaças inflacionárias à especulação internacional nos mercados de commodities, silenciando acerca da orgia fiscal promovida no ano eleitoral. Hoje, num seminário conjunto do governo brasileiro e do FMI, Mantega repetirá sua peça acusatória contra as políticas monetárias dos EUA e da China, a fim de atribuir a fatores externos o impasse brasileiro. Ele tem alguma razão, como costumam ter uma pitada de razão todos os que invocam o espectro do "inimigo estrangeiro" para ocultar insolúveis dilemas internos.
"Não importam os nomes, a responsabilidade pela economia é minha", assegurou Dilma ainda antes da posse. Na política real, feita por pessoas de carne e osso, não por abstrações sociológicas, os nomes importam, sim - como sabem as fontes últimas das suspeitas que cercam o primeiro-ministro. Tais fontes evidenciaram apenas a película pública da história da firma de consultoria (ou de lobby, como sugere Michel Temer?), pois não pretendiam derrubar seu proprietário, mas tomá-lo como refém, provocando uma incapacitação política. O serviço, que contou com o auxílio involuntário do próprio Palocci, já está feito. O dilema econômico subsiste, mas o campo de batalha foi modificado.
Published on May 26, 2011 11:34
Primeira enquete
Na busca de maior interatividade no blog, realizei a primeira enquete, cuja pergunta foi "por que um socialista chefiava o FMI?" Foram 90 votos no total, e a resposta vencedora, com 52% do total, foi "porque coerência e política não se misturam". De fato, existem coisas que só vemos mesmo na política...
Published on May 26, 2011 11:06
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