Rodrigo Constantino's Blog, page 436

June 13, 2011

Estado Ltda.

Deu na ÉPOCA

Um levantamento inédito de ÉPOCA identifica 675 empresas na órbita do governo federal e revela a extensão da interferência estatal na economia

José Fucs e Marcos Coronato, com Keila Cândido, Matheus Paggi, Camila Camilo, Danilo Thomaz e Juliana Elias

A queda do Muro de Berlim parecia ter encerrado o debate sobre o tamanho do Estado na economia. Com a vitória de um sistema baseado na livre-iniciativa – o capitalismo – sobre outro baseado no planejamento estatal – o socialismo –, a conclusão era cristalina: o governo deveria limitar ao mínimo a regulação sobre as atividades privadas e cuidar (bem) dos serviços básicos, como saúde, educação, justiça e segurança. Deveria ser apenas um bandeirinha, no máximo o juiz do jogo econômico – nunca técnico, zagueiro ou artilheiro. Em setembro de 2008, porém, com a eclosão da crise global, os governos de quase todo o mundo tiveram de injetar trilhões de dólares para reanimar suas economias. Nos Estados Unidos e em outros países, o Estado assumiu o controle de bancos, seguradoras e até mesmo de montadoras de automóveis à beira da falência. Foi a deixa para a ressurreição dos críticos do modelo liberal, que predominara por quase três décadas e garantira ao planeta uma era de crescimento sem igual na história. Vozes antes relegadas a um papel secundário no debate voltaram à cena com ares de protagonistas. Uma delas, o economista americano Joseph Stiglitz, prêmio Nobel de Economia em 2001, afirmou recentemente a ÉPOCA: "Não é o tamanho do Estado que importa, é o que o governo faz".

Vá lá. Mas o que, exatamente, faz o governo num país de economia complexa como o Brasil? Trata-se, como o próprio Stiglitz há de reconhecer, de uma questão importantíssima – mas de resposta dificílima. O governo brasileiro regula a atividade econômica? Regula. O Estado é dono de empresas? Também. É sócio de empresas que não controla totalmente? Certamente. E ainda é dono de bancos mastodônticos e de companhias gigantescas, que detêm participações em uma fauna de empresas de todas as espécies. Para não falar no controle que exerce sobre os fundos de pensão das estatais, os maiores investidores do mercado. De diferentes formas, o governo interfere na gestão de algumas das maiores empresas privadas nacionais, em setores tão distantes quanto metalurgia, criação de animais para abate ou telefonia. A teia de interesses estatais nos negócios é tão complexa, tem tantas facetas e envolve tantos conflitos de interesse que o próprio governo não consegue avaliá-la de modo preciso. Nem o Ministério do Planejamento, a que está ligado o Departamento de Coordenação e Controle das Empresas Estatais, nem a Secretaria do Tesouro Nacional, que controla o caixa federal, sabem quantas empresas no país têm participação estatal. E não há, em nenhuma repartição de Brasília, um diagnóstico completo da atuação e da influência do governo sobre nossa economia.

Nos últimos três meses, uma equipe de jornalistas de ÉPOCA dedicou-se a desfazer o nevoeiro que encobre essa questão. Com o apoio da empresa de informações financeiras Economática, mergulhamos em relatórios ministeriais, balanços e planilhas de dados do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), das estatais, da Bolsa de Valores e das empresas privadas sob influência do governo. Restringimos nosso trabalho às participações do governo federal – um critério conservador para estimar o tamanho do Estado, por omitir as estatais em poder de Estados e municípios. Mesmo assim, o levantamento inédito, cujos resultados são apresentados a partir da página 71 e estão disponíveis de modo interativo em epoca.com.br e em nossa edição para iPad, revela um quadro preocupante. No futebol da economia brasileira, o governo não é apenas juiz, bandeirinha, técnico, zagueiro e artilheiro ao mesmo tempo. Ele também corta o gramado do estádio, costura as redes e – se quiser – pode até mexer no tamanho das traves.

"O governo é um dinossauro insaciável. Nunca tivemos
um capitalismo de Estado tão evidente", diz um economista


De acordo com o levantamento, existem hoje no país pelo menos 675 empresas de todos os setores com algum tipo de participação ou influência do governo federal. São participações diretas ou indiretas do Tesouro, dos bancos e das empresas estatais ou dos fundos de pensão (entidades híbridas, inegavelmente na órbita do governo). Dessas, o governo controla 276, se somarmos todos os tipos de participação. Levando em conta apenas as 628 empresas não financeiras, o faturamento soma R$ 1,06 trilhão, algo como 30% do nosso Produto Interno Bruto (PIB) ou 2,5 vezes as vendas dos 50 maiores grupos privados nacionais (leia o gráfico abaixo) . Nas 247 empresas não financeiras controladas pelo governo, as vendas somam R$ 468,5 bilhões, ou 13% do PIB. E o valor de mercado das 99 empresas cujas ações são negociadas na BM&FBovespa totaliza R$ 1,7 trilhão, ou 71% do valor de mercado das empresas na Bolsa. A interferência do Estado na economia via estatais, BNDES e fundos de pensão é tão intensa que, durante a pesquisa, ÉPOCA teve de atualizar os dados de muitas companhias que receberam recentemente dinheiro do governo, como o frigorífico JBS ou a Cipher, especializada em sistema de segurança de informação. "O governo brasileiro é um dinossauro com apetite insaciável. Nunca tivemos um capitalismo de Estado tão evidente", diz o economista Rodrigo Constantino, sócio da Graphus Capital, uma empresa de gestão de recursos do Rio de Janeiro.

No Brasil, a visão do Estado-empresário nunca teve dificuldades para angariar fãs. "A partir do governo Lula, houve uma mudança no entendimento do papel que o Estado deve ter no capitalismo brasileiro", afirma o economista Luiz Carlos Mendonça de Barros, ex-ministro das Comunicações, ex-presidente do BNDES e um dos responsáveis pelas privatizações no governo Fernando Henrique Cardoso. "Eles renegaram a privatização, começaram a gastar demais e a interferir na gestão de empresas privadas. Começou a aparecer essa face do PT, de que o governo deve ser o agente mais importante de uma economia como a nossa." Mas o próprio PSDB, preocupado em se livrar do estigma de privatista, estuda apresentar uma emenda constitucional para impedir que Petrobras, Banco do Brasil (BB) e Caixa Econômica sejam privatizados. "Os brasileiros amam o Estado, querem mais Estado", diz o economista Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Banco Central e ex-economista-chefe do Santander. "A ideia de que o governo resolverá todos os problemas está entranhada na cultura nacional."

Em seus oito anos de governo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criou sete novas estatais: o Banco Popular do Brasil (BPB), que nem existe mais, a Hemobrás (para fabricação de hemoderivados), a Empresa Brasileira de Comunicações (EBC), a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a Pré-Sal Petróleo, a Ceitec (para fabricar chips e microcondutores) e a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, designada pela impronunciável sigla EBSERH, cujo objetivo seria prestar serviços gratuitos e apoiar o ensino e a pesquisa nos hospitais universitários federais (esta última não vingou, pois a medida provisória que a criava caducou). Além de criar as novas empresas, Lula investiu quase R$ 100 bilhões nas estatais já existentes e concedeu a elas empréstimos do Tesouro de quase R$ 200 bilhões, principalmente ao BNDES. Houve ainda o renascimento de estatais como a Telebrás, a holding de telefonia cujas subsidiárias foram privatizadas em 1998, e os investimentos bilionários feitos por BNDES, estatais e fundos de pensão na compra de participações em grandes grupos privados. O governo estimulou fusões generalizadas entre empresas privadas, como a Oi, da área de telefonia, resultado da união da Brasil Telecom com a Telemar. Nos primeiros seis meses do governo da presidente Dilma Rousseff, o avanço do Estado sobre o mundo dos negócios continua em ritmo acelerado. Alguns exemplos:

• Num leilão realizado no final de maio, o Banco do Brasil (BB) ganhou o direito de explorar o Banco Postal, a rede de serviços bancários dos Correios, a partir de 2012. Com um lance de R$ 2,3 bilhões, o BB superou a oferta do Bradesco, que operava o Banco Postal desde 2002;

• No final de maio, o BNDES anunciou a conversão de uma dívida de R$ 3,5 bilhões do JBS, o maior frigorífico de carne bovina do mundo, em ações da empresa e ampliou sua fatia no capital de 17% para 31%;

• Quase ao mesmo tempo, o governo patrocinou a troca de comando da Vale, a segunda maior mineradora global, por discordar de sua política de investimento. Embora afastado da Vale desde a privatização, em 1997, o governo usou sua força nos fundos de pensão que detêm o controle da empresa, para impor uma diretoria simpática a seus planos;

• Em abril, o Congresso Nacional aprovou um projeto do governo que criou mais uma estatal, a Empresa de Transporte Ferroviário de Alta Velocidade (Etav), para gerenciar o projeto do trem-bala entre Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro. Ele terá financiamento de R$ 20 bilhões a juros camaradas do BNDES (20% acima do gasto previsto para o Bolsa Família em 2011);

Embora a decisão de privatizar os aeroportos, anunciada em maio, seja um sinal importante, ela não significa que Dilma tenha subitamente aderido à causa da privatização, palavra demonizada por ela mesma durante a campanha eleitoral. A medida reflete apenas o reconhecimento tardio de que o governo não tem dinheiro para modernizar os aeroportos e prepará-los para a Copa do Mundo de 2014 e para a Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro. Só que o país precisa investir pesado em infraestrutura nos próximos anos – e não apenas para a Copa e a Olimpíada. Os gargalos de nossa economia oneram toda a produção e reduzem a competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional. Além dos aeroportos, é preciso modernizar e ampliar portos, estradas, ferrovias, a geração e distribuição de energia e os sistemas de água e esgoto. De acordo com cálculos do BNDES, as obras exigirão R$ 1 trilhão até 2014. E o governo não tem os recursos necessários para bancá-las. "Apesar de sermos um país que optou por ter um Estado grande, temos um Estado que investe muito pouco", diz o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, hoje sócio da Gávea Investimentos. Também falta poupança interna para financiar todos os investimentos necessários. Sem o capital estrangeiro, portanto, é impossível alcançar a meta.

A decisão de fazer concessão de aeroportos não signifca
que Dilma tenha aderido à causa da privatização

De acordo com o banqueiro Henrique Meirelles, que comandou o Banco Central no governo Lula, se houvesse um ambiente de negócios mais atraente no país, o capital estrangeiro, sedento por boas oportunidades de investimento, viria em proporções cavalares. Há aí um espaço gigantesco a trabalhar. O Brasil é hoje o país emergente com a maior carga tributária do mundo, na faixa de 36% do PIB. Nossa legislação trabalhista obriga as empresas a pagar um salário adicional ao governo, além do que já paga ao trabalhador – é um fardo pesado. "O Brasil é um dos países em que é mais difícil empreender", diz o empresário Jorge Gerdau, que aceitou recentemente comandar a Câmara de Gestão e Planejamento do governo Dilma. "Isso tem origem direta na ineficiência do Estado, prejudica a geração de emprego e renda e faz o Brasil perder oportunidades." Na gestão de empresas, o Estado costuma ser bem menos eficiente do que a iniciativa privada. "Em geral, quanto mais coisas o governo tenta controlar, menos eficiente ele é", diz o economista italiano Luigi Zingales, da Universidade de Chicago. Não é à toa que, segundo o levantamento mais recente do Fórum Econômico Mundial, o setor privado brasileiro está em 39º lugar no ranking de competitividade global, entre 139 países, enquanto o setor público ocupa apenas a 130ª posição.

Considerando tudo isso, é pouco provável que o governo consiga desatar o nó dos investimento, para permitir que o país cresça a taxas elevadas sem alimentar a inflação. Como é a iniciativa privada que financia a sede do Estado por recursos, de um jeito ou de outro, a conta da gastança chega. Depois dos trilhões gastos para erguer o mundo da crise, em diversos países – inclusive no Brasil – a dívida pública se multiplicou, e os governos começaram a cortar despesas para equilibrar o orçamento. No Primeiro Mundo, políticos conservadores estão ganhando as eleições com um discurso concentrado na austeridade fiscal e na contenção dos arroubos expansionistas do Estado. Nos EUA, os republicanos ganharam a maioria do Congresso nas eleições de 2010. Também no ano passado, o conservador David Cameron tomou o lugar do trabalhista Gordon Brown como primeiro-ministro na Inglaterra. Na Espanha, o fenômeno se repetiu em maio. A população mais esclarecida sabe que, no final, o custo sobra para ela, por meio do aumento de impostos, da inflação e das taxas de juro.

No Brasil, a estrutura de gastos públicos não dá muita margem de manobra. Do total de despesas, dois terços são consumidos apenas com a folha de pagamentos do funcionalismo federal e dos benefícios aos aposentados e pensionistas da Previdência Social. No início do ano, o Ministério da Fazenda até anunciou cortes tímidos, de R$ 50 bilhões, no gasto público. Mas esse número fica aquém das necessidades para equilibrar as contas. O essencial é deixar de lado o discurso ideológico e analisar friamente os benefícios de vender ativos – tradução: privatizar – no atual cenário. "É inevitável fazer a privatização", diz o economista Roberto Macedo, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda. "O governo precisa sair da armadilha criada pelo Lula em 2006", afirma Mendonça de Barros. "A Copa e a Olimpíada estão aí, e não dá para brincar. O PT é um partido pragmático e se dará conta de que é uma boa hora para quebrar o tabu das privatizações."

CONTINUIDADE?
Até agora, Dilma seguiu a visão estatista adotada por Lula. A dúvida é se a falta de recursos para investimentos a fará reavaliar a privatizaçãoA última vez que o país implementou um programa consistente de desestatização foi nos anos 1990, na esteira das privatizações e da desregulamentação promovidas pela Inglaterra de Margaret Thatcher e pelos Estados Unidos de Ronald Reagan. O Estado obeso, herança da era Vargas e dos governos militares, passou por uma dieta notável nas gestões de Fernando Collor, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso. O governo se desfez de mineradoras, siderurgias, petroquímicas, telefônicas e empresas aéreas. Acabou com o monopólio da Petrobras. Com a privatização, empresas como Vale, CSN e Usiminas voltaram a florescer. Na telefonia, os resultados foram espetaculares. Políticos de centro-esquerda, como Bill Clinton nos EUA, Tony Blair na Inglaterra e o próprio FHC, se viram forçados a abrir mão do viés estatizante de seus partidos para manter-se no poder. O próprio Lula teve, na campanha de 2002, de abandonar antigas bandeiras intervencionistas do PT e comprometer-se a não rever as privatizações, respeitando os contratos assinados.

Depois da crise de 2008, apesar da retomada do crescimento, a ideia de que o Estado pode – ou deve – fazer tudo voltou a ganhar força. "Os países mais bem-sucedidos, como Japão, China, Coreia do Sul e Índia, abriram suas economias de forma gradual e adotaram políticas comerciais e industriais para promover e diversificar suas economias", diz o economista Dani Rodrik, da Universidade Harvard, EUA, outro defensor do estatismo. "Acaba havendo uma compensação entre a elevação do custo, provocada pelas restrições ao comércio e ao fluxo de capitais, e os benefícios de uma economia mais forte, em que se estimulam setores que, de outro modo, não se desenvolveriam."

Aqui, as autoridades têm se aproveitado da maré favorável a esse tipo de ideia para ampliar os braços do governo na economia brasileira, seja aumentando a participação em empresas, seja oferecendo crédito subsidiado pelo BNDES. "O BNDES se transformou numa gigantesca máquina de transferência da riqueza dos pagadores de impostos para os aliados do governo. A troca de favores é o meio para o sucesso e o melhor atributo é ser amigo do rei", diz Rodrigo Constantino. A pretexto de combater a crise, o governo federal parece ter embarcado novamente na ideologia de um estatismo inconsequente.

É provável que, se ele procurasse se concentrar nos três pilares da ação estatal – educação, saúde e segurança –, em vez de alimentar o mito do Estado-empresário, o país funcionaria melhor. Haveria menos corrupção, menos tráfico de influência e menos apadrinhamento. A redução da ação do governo na economia não significa que os mercados devam ser deixados à vontade. O governo pode – e deve – cuidar de sua fiscalização e regulação estabelecendo normas que garantam a qualidade da produção e a boa prestação de serviços à população. Mas o juiz não pode querer chutar a bola no gol.
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Published on June 13, 2011 07:40

June 11, 2011

'On the Beach, I Bring von Mises'

The tea party favorite on her start in politics, where she learned her economics, and why she disagrees with Reagan on the War Powers Resolution.


By STEPHEN MOORE, WSJ

"If I'm in, I'll be all in," says Rep. Michele Bachmann of Minnesota, artfully dodging my question of whether she's running for president. Given that she just hired campaign strategist Ed Rollins, whose past clients include Ross Perot and Mike Huckabee, rumors abound. "We're getting close," she says, "and if I do run, like all my races, I will work like a maniac."

That's pretty much how she does everything, and it helps explain how the relatively junior congresswoman has become a tea party superstar—and uniquely adept at driving liberals bonkers.

After spending a good part of two days with her in Washington as she scurries from one appointment to another, I have no doubt that Ms. Bachmann will announce her presidential bid soon. And it would be a mistake to count her out: She's defied the prognosticators in nearly every race she's run since thrashing an 18-year incumbent in the Minnesota Senate by 20 points in 2000. Says Iowa Congressman Steve King, "No one has electrified Iowa crowds like Michelle has."

Ms. Bachmann is best known for her conservative activism on issues like abortion, but what I want to talk about today is economics. When I ask who she reads on the subject, she responds that she admires the late Milton Friedman as well as Thomas Sowell and Walter Williams. "I'm also an Art Laffer fiend—we're very close," she adds. "And [Ludwig] von Mises. I love von Mises," getting excited and rattling off some of his classics like "Human Action" and "Bureaucracy." "When I go on vacation and I lay on the beach, I bring von Mises."

As we rush from her first-floor digs in the Cannon House Office Building to the House floor so she can vote, I ask for her explanation of the 2008 financial meltdown. "There were a lot of bad actors involved, but it started with the Community Reinvestment Act under Jimmy Carter and then the enhanced amendments that Bill Clinton made to force, in effect, banks to make loans to people who lacked creditworthiness. If you want to come down to a bottom line of 'How did we get in the mess?' I think it was a reduction in standards."

She continues: "Nobody wanted to say, 'No.' The implicit and then the explicit guarantees of Fannie Mae and Freddie Mac were sopping up the losses. Being on the Financial Services Committee, I can assure you, all roads lead to Freddie and Fannie."

Ms. Bachmann voted against the Troubled Asset Relief Program (TARP) "both times," she boasts, and she has no regrets since Congress "just gave the Treasury a $700 billion blank check." She complains that no one bothered to ask about the constitutionality of these extraordinary interventions into the financial markets. "During a recent hearing I asked Secretary [Timothy] Geithner three times where the constitution authorized the Treasury's actions, and his response was, 'Well, Congress passed the law.'"

Insufficient focus on constitutional limits to federal power is a Bachmann pet peeve. "It's like when you come up to a stop sign and you're driving. Some people have it in their mind that the stop sign is optional. The Constitution is government's stop sign. It says, you—the three branches of government—can go so far and no farther. With TARP, the government blew through the Constitutional stop sign and decided 'Whatever it takes, that's what we're going to do.'"

Does this mean she would have favored allowing the banks to fail? "I would have. People think when you have a, quote, 'bank failure,' that that is the end of the bank. And it isn't necessarily. A normal way that the American free market system has worked is that we have a process of unwinding. It's called bankruptcy. It doesn't mean, necessarily, that the industry is eclipsed or that it's gone. Often times, the phoenix rises out of the ashes."

She also bristles at the idea, pushed of late by the White House, that the auto bailouts were a big success for workers and taxpayers. "We'll probably be out $15 billion. What was galling to so many investors was that Chrysler's secured creditors were supposed to receive 100% payout of the first money. We essentially watched over 100 years of bankruptcy law thrown out the window and President Obama eviscerated the private property interests of the secured creditors. He called them 'greedy' for enforcing their own legal rights."

So what would she have done? "For one, I believe my policies prior to '08 would have been much different from [President Bush's]. I wouldn't have spent so much money," she says, pointing in particular at the Department of Education and the Medicare prescription drug bill. "I would have advocated for greater reductions in the corporate tax rate and reductions in the capital gains rate—even more so than what the president did." Mr. Bush cut the capital gains rate to 15% from 20% in 2003.

She's also no fan of the Federal Reserve's decade-long policy of flooding the U.S. economy with cheap money. "I love a lowered interest rate like anyone else. But clearly the Fed has had competing goals and objectives. One is the soundness of money and then the other is jobs. The two different objectives are hard to reconcile. What has gotten us into deep trouble and has people so perturbed is the debasing of the currency."

That's why, if she were president, she wouldn't renominate Ben Bernanke as Fed chairman: "I think that it's very important to demonstrate to the American people that the Federal Reserve will have a new sheriff" to keep the dollar strong and stable.

As for foreign policy, she joined 86 other House Republicans last week in voting for the resolution sponsored by antiwar Democrat Dennis Kucinich to stop U.S. military action in Libya within 15 days. Is she a Midwestern isolationist? "I was opposed to the U.S. involvement in Libya from the very start," she says. "President Obama has never made a compelling national security case on Libya."

Even more striking, she says the 1973 War Powers Resolution, requiring congressional approval for military action after 60 days, is "the law of the land" and must be obeyed. That's a notable difference from every recent president of either party, including Ronald Reagan.

Ms. Bachmann attributes many of her views, especially on economics, to her middle-class upbringing in 1960s Iowa and Minnesota. She talks with almost religious fervor about the virtues of living frugally, working hard and long hours, and avoiding debt. When she was growing up, she recalls admiringly, Iowa dairy farmers worked from 5 a.m. to 10 p.m.

Her political opponents on the left portray her as a "she-devil," in her words, a caricature at odds with her life accomplishments. She's a mother of five, and she and her husband helped raise 23 teenage foster children in their home, as many as four at a time. They succeeded in getting all 23 through high school and later founded a charter school.

She got started in politics after seeing the failures in public schooling. "The kids were coloring posters in 11th grade algebra class," she says. "I decided to do my duty, go to the Republican convention. I had on jeans, a sweatshirt with a hole in it, white moccasins, and I showed up in this auditorium and everyone said, 'Why are we nominating this guy [Gary] Laidig every four years?'"

"I thought, 'I'm nobody from nowhere but maybe if I challenge the guy, he'll shape up a little bit.' So I gave a five-minute speech on freedom, economic liberty and all the rest. And no one could believe it, but I won a supermajority on the first ballot and he was out on his keister."

She ran for Congress in 2006, the worst year for Republicans in two decades. "Nancy Pelosi and all her horses spent $9.6 million to defeat me in that race"—almost three times what Ms. Bachmann had raised. She won 50% to 42%. In 2010, the Democrats and their union allies raised more than $10 million to try to defeat her. "My adversaries have certainly been highly motivated," she says.

But her adversaries—or, at least, rivals—aren't limited to the left. There's Sarah Palin, with whom journalists are convinced she has frosty relations, and fellow Minnesotan Tim Pawlenty, now running for president. About Ms. Palin the congresswoman shrugs, "People want to see a mud-wrestling fight. They won't get it from me because I like Sarah Palin and I respect her." As for whether Mr. Pawlenty was a good governor, "I really don't want to comment."

Ever ready to cite stories from American history, Ms. Bachmann notes with a grin that the last House member to be elected president was James Garfield in 1880. If she were to take her shot, she'd run on an economic package reminiscent of Jack Kemp, the late congressman who championed supply-side economics and was the GOP vice presidential nominee in 1996. "In my perfect world," she explains, "we'd take the 35% corporate tax rate down to nine so that we're the most competitive in the industrialized world. Zero out capital gains. Zero out the alternative minimum tax. Zero out the death tax."

The 3.8 million-word U.S. tax code may be irreparable, she says, a view she's held since working as a tax attorney at the IRS 20 years ago. "I love the FAIR tax. If we were starting over from scratch, I would favor a national sales tax." But she's not a sponsor of the FAIR tax bill because she fears that enacting it won't end the income tax, and "we would end up with a dual tax, a national sales tax and an income tax."

Her main goal is to get tax rates down with a broad-based income tax that everyone pays and that "gets rid of all the deductions." A system in which 47% of Americans don't pay any tax is ruinous for a democracy, she says, "because there is no tie to the government benefits that people demand. I think everyone should have to pay something."

On the stump she emphasizes an "America-centered energy policy" based on "drilling and mining for our rich resources here." And she believes that repealing ObamaCare is a precondition to restoring a prosperous economy. "You cannot have a pro-growth economy and advise, simultaneously, socialized medicine."

Her big challenge is whether the country is ready to support deep spending cuts. On this issue, she carries a sharper blade than everyone except Ron Paul. She voted for the Paul Ryan budget—but "with an asterisk." Why? "The asterisk is that we've got a huge messaging problem [on Medicare]. It needs to be called the 55-and-Under Plan. I can't tell you the number of 78-year-old women who think we're going to pull the rug out from under them."

Ms. Bachmann also voted for the Republican Study Committee budget that cuts deeper and faster than even Mr. Ryan would. "We do have an obligation with Social Security and Medicare, and we have to recognize that" for those who are already retired, she says. But after that, it's Katy bar the door: "Everything else is expendable to bring spending down," and she'd ax "whole departments" including the Department of Education.

"I think people realize the crisis we face isn't in 25 years or even 10 years off. It is right now. And people want it solved now—especially Republican primary voters."

Mr. Moore is a member of The Journal's editorial board.
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Published on June 11, 2011 04:47

June 10, 2011

Battisti e a vergonha de ser brasileiro


Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal

O governo Lula levantou a bola e agora o STF cortou de vez. Ponto para a República das Bananas! Vitória fácil da impunidade. O terrorista Cesare Battisti não será extraditado para a Itália, onde deixou famílias destroçadas. A soltura do assassino, eufemisticamente tratado como "ex-ativista" pela imprensa, representa um soco no estômago de todos aqueles que lutam pela justiça. A corja de defensores da impunidade regozija-se à custa do lamento das pessoas de bem. Assim é o Brasil, hoje mais do que ontem.

Os esquerdistas sentem dificuldade em condenar Battisti, pois este matava sob o manto da causa ideológica, a mesma desta escória agora no poder. Repudiar, portanto, seu passado sujo de sangue seria fazer um doloroso mea culpa de suas próprias trajetórias de vida. Seria, enfim, realizar um exame de consciência, confrontar os mitos que criaram com a dura realidade. Este tipo de atitude exige coragem moral, honestidade intelectual, coisas que parecem completamente alheias a estas figuras. Resta a eles, então, defender o italiano, ainda que seja um simples assassino de vítimas inocentes. O senador Eduardo Suplicy encabeça a turma, sempre disposto a fazer um papelão e elogiar bandidos.

A blindagem de "crime político" é um convite à barbárie. Em nome da ideologia, tudo é permitido; os fins justificam os meios mais nefastos. Na verdade, penso que a ideologia do "ex-ativista" deveria ser um agravante, não um atenuante, muito menos uma carta branca para seus crimes. Battisti defendia o comunismo, por si só já quase um crime. Seus fins nada tinham de nobre: ele desejava espalhar o regime soviético pelo mundo. Curiosamente – ou nem tanto –, agora consumada a decisão vergonhosa de soltá-lo, eis que ele prefere viver no Rio de Janeiro. Não quis saber de Venezuela ou Cuba, o "paraíso" do modelo que sempre defendeu e lhe deu licença para matar, mesmo sem ser 007.

A Itália deve recorrer da decisão no tribunal internacional de Haia. Tomara que faça isso, e que o caso escandaloso se espalhe mundo afora. Todos precisam saber o que é o governo petista, e quanto este colaborou para transformar o Brasil neste refúgio para criminosos. São estes os nomes dos ministros que votaram pela soltura: Luiz Fux, Carmen Lúcia, Ricardo Lewandowski, Joaquim Barbosa, Carlos Ayres Britto e Marco Aurélio Mello. Dos seis, cinco foram indicados pelo ex-presidente Lula. Brasil, um país de tolos... e cúmplices de assassinos.
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Published on June 10, 2011 06:17

The Lone Star Jobs Surge



Editorial do WSJ

Richard Fisher, the president of the Federal Reserve Bank of Dallas, dropped by our offices this week and relayed a remarkable fact: Some 37% of all net new American jobs since the recovery began were created in Texas. Mr. Fisher's study is a lesson in what works in economic policy—and it is worth pondering in the current 1.8% growth moment.

Using Bureau of Labor Statistics (BLS) data, Dallas Fed economists looked at state-by-state employment changes since June 2009, when the recession ended. Texas added 265,300 net jobs, out of the 722,200 nationwide, and by far outpaced every other state. New York was second with 98,200, Pennsylvania added 93,000, and it falls off from there. Nine states created fewer than 10,000 jobs, while Maine, Hawaii, Delaware and Wyoming created fewer than 1,000. Eighteen states have lost jobs since the recovery began.

The data are even more notable because they're calculated on a "sum of states" basis, which the BLS does not use because they can have sampling errors. Using straight nonfarm payroll employment, Texas accounts for 45% of net U.S. job creation. Modesty is not typically considered a Texas virtue, but the results speak for themselves.

Texas is also among the few states that are home to more jobs than when the recession began in December 2007. The others are North Dakota, Alaska and the District of Columbia. If that last one sounds like an outlier at first, remember the government boom of the Obama era, which has helped loft D.C. payrolls 18,000 jobs above the pre-crisis status quo. Even so, Texas is up 30,800.

What explains this Lone Star success? Texas is a big state, but its population of 24.7 million isn't that much bigger than the Empire State, about 19.5 million. California is a large state too—36.9 million—and yet it's down 11,400 jobs. Mr. Fisher argues that Texas is doing so well relative to other states precisely because it has rejected the economic model that now prevails in Washington, and we'll second that notion.

Mr. Fisher notes that all states labor under the same Fed monetary policy and interest rates and federal regulation, but all states have not preformed equally well. Texas stands out for its free market and business-friendly climate.

Capital—both human and investment—is highly mobile, and it migrates all the time to the places where the opportunities are larger and the burdens are lower. Texas has no state income tax. Its regulatory conditions are contained and flexible. It is fiscally responsible and government is small. Its right-to-work law doesn't impose unions on businesses or employees. It is open to global trade and competition: Houston, San Antonio and El Paso are entrepôts for commerce, especially in the wake of the North American Free Trade Agreement.

Based on his conversations with CEOs and other business leaders, Mr. Fisher says one of Texas's huge competitive advantages is its ongoing reform of the tort system, which has driven litigation costs to record lows. He also cited a rule in place since 1998 in the backwash of the S&L debacle that limits mortgage borrowing to 80% of the appraised value of a home. Like a minimum down payment, this reduces overleveraging and means Texas wasn't hurt as badly by the housing crash as other states.

Texan construction employment has contracted by 2.3% since the end of the recession, along with manufacturing (a 1.8% decline) and information (-8.4%). But growth in other areas has surpassed these losses. Professional and business services accounted for 22.9% of the total jobs added, health care for 30.5% and trade and energy for 10.6%.

The Texas economy has grown on average by 3.3% a year over the last two decades, compared with 2.6% for the U.S. overall. Yet the core impulse of Obamanomics is to make America less like Texas and more like California, with more government, more unions, more central planning, higher taxes. That the former added 37% of new U.S. jobs suggests what an historic mistake this has been.
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Published on June 10, 2011 04:04

June 9, 2011

Enquete: resultado

Saiu o resultado da terceira enquete do blog, com a pergunta "por que fritaram Palocci?". Com 35% dos votos, venceu a opção "porque os desenvolvimentistas do PT querem mandar em paz". Ou seja, a idéia de que Palocci foi derrubado por pressão interna e jogo de poder dentro do próprio PT foi a predominante. Estou de acordo.
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Published on June 09, 2011 19:52

Inside job - a crise financeira que abalou o mundo

Vídeo onde comento o documentário "Inside Job", sobre a crise financeira de 2008 que abalou o mundo e destruiu milhões de empregos e poupanças.
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Published on June 09, 2011 19:49

O perigo dos velhos amigos

Recebi por email e desconheço a autoria, mas reproduzo a piada aqui pois ela retrata a mais triste realidade dos tempos modernos, em que as "almas sensíveis" (e sem humor) impuseram uma verdadeira ditadura do "politicamente correto". Que mundo mais chato vamos deixar para nossos filhos!
____________________________

Outro dia estava no mercado quando vi no final do corredor um amigo da época da escola, que não encontrava há séculos. Feliz com o reencontro me aproximei já falando alto:

- Oswaldo, sua bichona! Quanto tempo!!!!

E fui com a mão estendida para cumprimentá-lo. Percebi que o Oswaldo me reconheceu, mas antes mesmo que pudesse chegar perto dele só vi o meu braço sendo algemado.

- Você vai pra delegacia! - Disse o policial que costuma frequentar o mercado.

Eu sem entender nada perguntei:

- Mas o que que eu fiz?

- HOMOFOBIA! Bichona é pejorativo, o correto seria chamá-lo de grande
homossexual.

Nessa hora antes mesmo de eu me defender o Oswaldo interferiu tentando argumentar:

- Que isso doutor, o quatro-olhos aí é meu amigo antigo de escola, a gente se chama assim na camaradagem mesmo!!

- Ah, então você estudou vários anos com ele e sempre se trataram assim?

- Isso doutor, é coisa de criança!

E nessa hora o policial já emendou a outra ponta da algema no Oswaldo:

- Então você tá detido também.

Aí foi minha vez de intervir:

- Mas meu Deus, o que foi que ele fez?

- BULLYING! Te chamando de quatro-olhos por vários anos durante a escola.

Oswaldo então se desesperou:

- Que isso seu policial! A gente é amigo de infância! Tem amigo que eu não perdi o contato até hoje. Vim aqui comprar umas carnes prum churrasco com outro camarada que pode confirmar tudo!

E nessa hora eu vi o Jairzinho Pé-de-pato chegando perto da gente com 2 quilos de alcatra na mão. Eu já vendo o circo armado nem mencionei o Pé-de-pato pra não piorar as coisas, mas ele sem entender nada ao ver o Oswaldo algemado já chegou falando:

- Que porra é essa negão, que que tu aprontou aí?

E aí não teve jeito, foram os três parar na delegacia e hoje estamos respondendo processo por HOMOFOBIA, BULLYING e RACISMO.

Moral da história: Nos dias de hoje é um perigo encontrar velhos amigos!
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Published on June 09, 2011 07:34

A magia do dinheiro

Raghuram Rajan, Valor Econômico

O crescimento econômico nos Estados Unidos parece ter voltado a se desacelerar. Isso pode ser reflexo de fatores temporários, como o tsunami no Japão, que rompeu cadeias de fornecimento e provocou a interrupção de algumas fábricas. Ou como os preços elevados do petróleo, que impactaram a renda disponível e inibiram o crescimento da demanda dos consumidores. Esses fatores levaram ao aumento dos estoques - e, portanto, a cortes na produção.

As recuperações raramente chegam desacompanhadas de percalços ao longo do caminho, especialmente quando são tão frágeis quanto esta. Independente de os fatores por trás desta última desaceleração serem passageiros ou duradouros, haverá pressões para o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) fazer algo.

Alguns americanos veem o presidente do Fed, Ben Bernanke, como um mágico dos dias modernos, capaz de reanimar a economia com um movimento de sua varinha mágica monetária - primeiro, taxas de juros ultrabaixas, depois, flexibilização quantitativa e, então, talvez, impressão de dinheiro. Se a inflação estiver baixa, querem que o Fed use todos os encantos conhecidos para recuperar a economia. Assim como os generais da primeira Guerra Mundial, que reagiam a cada massacre de seus homens enviando ainda mais tropas para as trincheiras na vã tentativa de superar o inimigo, os sujeitos do "dinheiro grátis", quando suas políticas parecem não estar funcionando, reagem bradando: "Mais!".

Mais do que qualquer outra ação política, a política monetária sofre da sensação de que há almoços grátis. As taxas de juros, contudo, são um preço sobre a poupança que é transferido aos gastadores. Quando o Fed reduz esse preço (e alguns economistas contestarão sua capacidade para empurrar qualquer taxa de juros significativa para baixo), tributa os que produzem a poupança e subsidia os que gastam essa poupança.

Uma forma de ver é que os investimentos das empresas são contidos pela rigidez dos mercados de trabalho (os salários estão teimosamente altos). Além disso, benefícios significativos para a sociedade - por exemplo, famílias e comunidades mais coesas - decorrem dos investimentos que criam empregos, então, uma taxa de juros mais baixa dará às empresas o subsídio necessário para investir.

Há, entretanto, evidências escassas de que o verdadeiro problema restringindo os investimentos sejam salários demasiado altos (muitas empresas reduziram as horas extras e os benefícios e até cortaram salários durante a recessão). Além disso, com as taxas de juros para as grandes empresas em seus níveis mais baixos em décadas (em termos reais, as taxas são negativas para as grandes empresas, portanto, os poupadores estão na prática pagando às empresas para captar seu dinheiro), o custo do capital provavelmente não é o principal motivo para não investirem mais nos EUA. Subsídios enormes certamente induziriam as empresas a reconsiderar, mas não deveríamos nos perguntar se há formas mais eficientes de consertar os problemas que vêm limitando as empresas?

Uma segunda forma de ver a questão é que as famílias estão assustadas e poupando em excesso -precisam ser empurradas de volta ao consumo, por meio da redução do retorno que recebem pelo dinheiro poupado. É difícil imaginar, contudo, que estejam poupando demais, uma vez que o índice de poupança do consumidor nos EUA está em cerca de 5% e as famílias continuam profundamente endividadas.

Uma terceira forma é impulsionando o valor dos ativos, como ações, bônus e imóveis residenciais, o que faria as pessoas se sentirem mais ricas - e, portanto, mais propensas a gastar. Para que esse canal seja sustentável, no entanto, os ganhos no patrimônio das pessoas precisam ser permanentes. De outra forma, tudo o que aumentar vai recuar, deixando as famílias ainda mais temerosas dos mercados financeiros.

Por fim, e quanto à própria inflação? Embora a inflação dos salários nos EUA esteja contida, a política monetária mundial provavelmente está excessivamente frouxa - um motivo para os preços dos petróleo terem decolado. O Fed culpa (acertadamente) os bancos centrais estrangeiros de manter as taxas de juros baixas demais, para evitar a valorização de suas moedas em relação ao dólar; mas o Fed não pode guiar suas políticas presumindo que os demais reagirão com o ideal teórico. Os altos preços atuais do petróleo, que agora restringem o crescimento nos EUA, são em parte uma consequência involuntária da política monetária atual.

Há muitas outras coisas que os EUA precisam fazer para criar um crescimento sustentável, incluindo melhorar a qualidade de sua força de trabalho e infraestrutura. Tornar o dinheiro ainda mais fácil não é uma delas.

Raghuram Rajan é professor de Finanças na Booth School of Business, da Universidade de Chicago, e autor de "Fault Lines: How Hidden Fractures Still Threaten the World Economy". Copyright: Project Syndicate, 2011.
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Published on June 09, 2011 06:22

Palocci como sintoma

Demétrio Magnoli - O Estado de S.Paulo

Ninguém pediu a revelação de conselhos ou relatórios confidenciais. Antônio Palocci, porém, foi ao Jornal Nacional para dizer que a lista de clientes de seus serviços de consultoria constitui, em si mesma, uma informação ultrassecreta. É bizarro: um dos homens do círculo mais próximo de Lula, ex-ministro da Fazenda, coordenador de campanha de Dilma Rousseff, futuro poderoso ministro à espera de nomeação ganhou milhões de empresas com múltiplas interfaces com o Estado - mas se nega a declinar o nome dos responsáveis por sua fortuna súbita. "Ele foi muito leal com seus clientes", fulminou cruelmente o vice Michel Temer. A lista de Palocci, sugerem as aparências, constitui um artefato capaz de destruir reputações políticas e empresariais numa única explosão. Mas, apesar de tudo, o affaire deveria ser interpretado menos como a própria enfermidade do que como um sintoma.

Palocci irrompeu na paisagem nacional há 15 anos, como prefeito petista de Ribeirão Preto, quando decidiu privatizar a companhia telefônica municipal. O gesto equivalia a cortar com faca um artigo de fé do seu partido - que, à época, demonizava noite e dia o programa de desestatização do governo FHC. Certo ou errado, o alcaide iconoclasta tinha o dever político de introduzir no PT o debate sobre as relações entre mercado e Estado, tentando persuadir o partido a revisar suas convicções. Isso ele nunca fez.

O nome de Palocci elevou-se à constelação de estrelas do lulismo em maio de 2002, na Adega do Leone, restaurante português da recorrente Ribeirão Preto. Ali, num jantar restrito, por sua iniciativa, Lula foi convencido a assinar a Carta ao Povo Brasileiro, pela qual o candidato prometia submeter-se aos paradigmas macroeconômicos oriundos do Plano Real. O documento seria escrito a seis mãos: as duas de Palocci e outras quatro de companheiros ex-trotskistas por ele convocados. Era um programa substituto, que anulava de facto a plataforma aprovada no 4.º Congresso do PT, em Olinda, um ano antes.

Meses depois, alçado por Lula ao Ministério da Fazenda, Palocci cercou-se de uma equipe de economistas de inspiração monetarista, muito mais ortodoxos que os de FHC, convertendo-se num talismã insubstituível da nata empresarial do País. Da prefeitura à Adega e dela à Fazenda, Palocci traçou uma linha reta, desenhando no seu extremo uma seta de norte: a sua política seria formulada do lado de fora do partido, num intercâmbio direto entre o governo e o mercado. Contudo, e isso é crucial, ele jamais rasgaria a sua carteira de filiação ao PT, fonte das conexões pessoais, dos símbolos políticos e das reminiscências históricas indispensáveis ao projeto de poder que persegue.

Não, Palocci não é "o Delúbio de Dilma", como pretende um Ronaldo Caiado seduzido pelo brilho fácil do paralelo falso. O ex-tesoureiro do PT é uma engrenagem mecânica de uma máquina político-partidária. O ex-tesoureiro do Brasil é um visionário político: ele acreditou que a Nação poderia ser governada à margem dos partidos, por um mediador situado entre Lula e as altas finanças. E, desgraçadamente, tinha razão. No verão de 2005, em meio ao tumulto do "mensalão", Gilberto Carvalho, encarnação operativa de Lula, confidenciou ao ministro da Fazenda que ele era o sucessor acalentado pelo presidente.

A cadeira presidencial, reservada para o poderoso ministro, escapou-lhe como decorrência de seus próprios atos desastrados. Palocci deixou a província, mas a província não desencarnou de Palocci. O príncipe embalado por Lula, querubim de uma elite econômica sem nenhum princípio, destruiu o plano sucessório palaciano ao protagonizar uma trama sórdida, um crime de Estado urdido para desmoralizar uma testemunha honesta. No 27 de março de 2006, dia da renúncia, parecia encerrada a longa jornada palocciana em direção ao Planalto.

De fato, não era assim. De acordo com o diagnóstico estratégico de Palocci, o Brasil do lulopetismo é uma imensa República bananeira disfarçada atrás das fachadas de mármore de instituições políticas sem valor. Pela diferença mínima de um voto, o STF deu-lhe razão, rejeitando a mera abertura de processo sobre suas responsabilidades na violação dos direitos básicos de um homem comum. Então, na vereda aberta pelos juízes encarregados de proteger a igualdade perante a lei, guiado por uma bússola política imutável, o aventureiro provinciano retomou sua marcha.

"Um ex-ministro da Fazenda tem alto valor de mercado", explicou candidamente um Palocci já milionário. O sucesso de muitos zeros da firma pessoal de consultoria nada esclarece sobre a sabedoria palocciana no campo da economia, mas diz tudo sobre a natureza de uma elite empresarial incapaz de distinguir a palavra "nação" da palavra "mercado". Os clientes secretos do coordenador da campanha de Dilma talvez tenham obtido vantagens competitivas imediatas, mas apostaram principalmente no mercado futuro. Dez ou vinte milhões não são muito pelo quase certo primeiro-ministro de um governo fraco. É um preço de oportunidade por um provável futuro presidente da República.

"Qualquer João da Silva já teria seus registros devassados pela Receita, Banco Central e Polícia Federal, a requerimento do procurador", exclamou um procurador de Brasília, indignado com a recusa de Roberto Gurgel, procurador-geral da República, de abrir investigações preliminares sobre a parceria público-privada do consultor mais bem pago do País. Gurgel segue o precedente criado pelo STF. Como os juízes do tribunal supremo, o chefe do Ministério Público está dizendo que Palocci não é um João da Silva ou um Francenildo Costa. Que ele está além e acima do alcance da lei.

Palocci tem uma opinião tão ruim sobre o sistema político brasileiro e a elite econômica nacional que acreditou na hipótese de ele se tornar presidente. Mesmo depois de sua demissão, não se provou que ele está errado. Eis aí a enfermidade.

SOCIÓLOGO E DOUTOR EM GEOGRAFIA HUMANA PELA USP.
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Published on June 09, 2011 05:36

June 8, 2011

O caseiro

Não deixem de ler essa matéria longa de João Moreira Salles da revista Piauí. O artigo foi fruto de um ano de pesquisa e entrevistas, está muito bem escrito e retrata a podridão dos bastidores do governo no episódio que culminou na primeira queda do então poderoso ministro Palocci. Um simples caseiro, pobre e humilde, tem sua vida devassada de forma ilegal por aqueles que se dizem bastiões da ética e protetores dos trabalhadores! O PT é mesmo um câncer para o Brasil. Não dá para evitar o profundo nojo que sinto de petralhas. Que "raça" nojenta!
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Published on June 08, 2011 20:12

Rodrigo Constantino's Blog

Rodrigo Constantino
Rodrigo Constantino isn't a Goodreads Author (yet), but they do have a blog, so here are some recent posts imported from their feed.
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