Rodrigo Constantino's Blog, page 353
October 3, 2012
A compaixão não basta
Marcelo Coelho, Folha de SP
O público ri bastante em “Intocáveis”, filme de Eric Toledano e Olivier Nakache, em cartaz há algum tempo em São Paulo. É bem engraçada, sem dúvida, a sem-cerimônia, a mistura quase brasileira de pureza e malandragem revelada pelo personagem Driss (Omar Sy).Ele é um imigrante africano com passagem pela polícia, que encontra emprego como cuidador do milionário Philippe (François Cluzet), tetraplégico depois de um acidente.Muitas cenas se constroem a partir da ignorância quase selvagem, quase “rousseauniana”, de Driss. Ele se espanta, por exemplo, com o preço altíssimo de uma obra de arte que lhe parece apenas uma série de respingos espalhados sobre a tela.Em vários momentos, o filme recorre a um mesmo expediente cômico: Driss fecha questão sobre alguma tarefa que não irá desempenhar em hipótese nenhuma, para logo em seguida, depois de um corte, a plateia se divertir assistindo ao enfermeiro fazer exatamente aquilo que lhe tinha sido ordenado.Imagino que, depois de algum tempo, a maior parte das tiradas do personagem tenham sido previstas pelos espectadores. Isso não importa muito, porque o riso é menos provocado pela surpresa do que pela simpatia.A vontade de rir nasce do fato de que o próprio ator ri com uma facilidade maravilhosa, pelos motivos mais comuns. Driss tem um pouco do caipira, à la Mazzaropi, que fica de queixo caído ao ver o luxo de um banheiro e morre de medo de avião.Para sorte dos espectadores, o tetraplégico de quem ele deve cuidar reduz a poucos minutos seus instantes de agonia e depressão. Prefere divertir-se com o empregado, assustando-o quando convém, enganando-o outras vezes, numa espécie de jogo intelectual.Os dois, neste filme que é feito de pura felicidade e vida, saem ganhando muito do encontro. Baseando-se numa história real, ainda assim “Intocáveis” parece, não digo totalmente falso, mas um bocado artificial e construído.Como em qualquer roteiro de “Sessão da Tarde”, surgem pequenas dificuldades no meio do entrecho, apenas para que, superadas, o fim do filme seja especialmente satisfatório.O encontro do bom selvagem e do aristocrata em fim de linha poderia ser mais caricato, em todo caso, se os diretores não soubessem que o clichê precisa ser maquiado para um público que já não é tão ingênuo assim.Desse modo, o bom selvagem é também um sujeito de maus antecedentes, e seria preciso um ricaço muito especial para admiti-lo em sua própria mansão. Por isso mesmo, Philippe surge como alguém que gosta de se arriscar —tanto que se acidentou num voo de parapente. Prefere a emoção, a loucura e o imprevisto à rotina médica em que está encarcerado.Nada disso, a rigor, fugiria das fórmulas mais batidas do cinema “independente”. É o chamado filme “humano”, com personagens em situações muito raras de acontecer, por trás de cuja estranheza sempre estarão pulsando sentimentos essenciais e bons.Houve um momento em “Intocáveis”, contudo, em que uma verdade, a meu ver, mais profunda, se deixa entrever.É quando Philippe justifica, a um amigo, a escolha imprudente que fez. De todos os funcionários que cuidaram dele, Driss era o único, explica, que não lhe dirigia olhares de compaixão.De fato, Driss tem sempre na ponta da língua alguma piada incorreta sobre tetraplégicos e chega a fazer experiências “científicas” com a insensibilidade nas pernas do seu paciente.Falando sobre a velhice e a doença, Baudelaire evoca “o horror secreto” que existe no olhar dos que se dedicam aos inválidos. Pior ainda se lermos esse horror nos olhos de alguém que, no passado, desejáramos com avidez.“Intocáveis” talvez traga com isso uma lição contra o “politicamente correto” e também contra os que o consideram uma hipocrisia.Não é num espírito de compaixão (pelos pobres, pelos doentes) que surge um relacionamento humano autêntico. Nem mesmo num espírito de “respeito” convencional. Certamente, nada se pode esperar do contrário disso —do desrespeito, do desprezo, do preconceito.O caminho, mais difícil, não nasce da superação forçada de uma assimetria. E sim da aproximação de duas misérias desiguais, de duas pobrezas diferentes, de duas dores incompatíveis, próprias a cada um, e que, sem trocarem de lugar, pertencem ao fundamento geral (e superável) da fragilidade humana.[image error]
O público ri bastante em “Intocáveis”, filme de Eric Toledano e Olivier Nakache, em cartaz há algum tempo em São Paulo. É bem engraçada, sem dúvida, a sem-cerimônia, a mistura quase brasileira de pureza e malandragem revelada pelo personagem Driss (Omar Sy).Ele é um imigrante africano com passagem pela polícia, que encontra emprego como cuidador do milionário Philippe (François Cluzet), tetraplégico depois de um acidente.Muitas cenas se constroem a partir da ignorância quase selvagem, quase “rousseauniana”, de Driss. Ele se espanta, por exemplo, com o preço altíssimo de uma obra de arte que lhe parece apenas uma série de respingos espalhados sobre a tela.Em vários momentos, o filme recorre a um mesmo expediente cômico: Driss fecha questão sobre alguma tarefa que não irá desempenhar em hipótese nenhuma, para logo em seguida, depois de um corte, a plateia se divertir assistindo ao enfermeiro fazer exatamente aquilo que lhe tinha sido ordenado.Imagino que, depois de algum tempo, a maior parte das tiradas do personagem tenham sido previstas pelos espectadores. Isso não importa muito, porque o riso é menos provocado pela surpresa do que pela simpatia.A vontade de rir nasce do fato de que o próprio ator ri com uma facilidade maravilhosa, pelos motivos mais comuns. Driss tem um pouco do caipira, à la Mazzaropi, que fica de queixo caído ao ver o luxo de um banheiro e morre de medo de avião.Para sorte dos espectadores, o tetraplégico de quem ele deve cuidar reduz a poucos minutos seus instantes de agonia e depressão. Prefere divertir-se com o empregado, assustando-o quando convém, enganando-o outras vezes, numa espécie de jogo intelectual.Os dois, neste filme que é feito de pura felicidade e vida, saem ganhando muito do encontro. Baseando-se numa história real, ainda assim “Intocáveis” parece, não digo totalmente falso, mas um bocado artificial e construído.Como em qualquer roteiro de “Sessão da Tarde”, surgem pequenas dificuldades no meio do entrecho, apenas para que, superadas, o fim do filme seja especialmente satisfatório.O encontro do bom selvagem e do aristocrata em fim de linha poderia ser mais caricato, em todo caso, se os diretores não soubessem que o clichê precisa ser maquiado para um público que já não é tão ingênuo assim.Desse modo, o bom selvagem é também um sujeito de maus antecedentes, e seria preciso um ricaço muito especial para admiti-lo em sua própria mansão. Por isso mesmo, Philippe surge como alguém que gosta de se arriscar —tanto que se acidentou num voo de parapente. Prefere a emoção, a loucura e o imprevisto à rotina médica em que está encarcerado.Nada disso, a rigor, fugiria das fórmulas mais batidas do cinema “independente”. É o chamado filme “humano”, com personagens em situações muito raras de acontecer, por trás de cuja estranheza sempre estarão pulsando sentimentos essenciais e bons.Houve um momento em “Intocáveis”, contudo, em que uma verdade, a meu ver, mais profunda, se deixa entrever.É quando Philippe justifica, a um amigo, a escolha imprudente que fez. De todos os funcionários que cuidaram dele, Driss era o único, explica, que não lhe dirigia olhares de compaixão.De fato, Driss tem sempre na ponta da língua alguma piada incorreta sobre tetraplégicos e chega a fazer experiências “científicas” com a insensibilidade nas pernas do seu paciente.Falando sobre a velhice e a doença, Baudelaire evoca “o horror secreto” que existe no olhar dos que se dedicam aos inválidos. Pior ainda se lermos esse horror nos olhos de alguém que, no passado, desejáramos com avidez.“Intocáveis” talvez traga com isso uma lição contra o “politicamente correto” e também contra os que o consideram uma hipocrisia.Não é num espírito de compaixão (pelos pobres, pelos doentes) que surge um relacionamento humano autêntico. Nem mesmo num espírito de “respeito” convencional. Certamente, nada se pode esperar do contrário disso —do desrespeito, do desprezo, do preconceito.O caminho, mais difícil, não nasce da superação forçada de uma assimetria. E sim da aproximação de duas misérias desiguais, de duas pobrezas diferentes, de duas dores incompatíveis, próprias a cada um, e que, sem trocarem de lugar, pertencem ao fundamento geral (e superável) da fragilidade humana.[image error]
Published on October 03, 2012 07:10
Aviso aos navegantes
Facilitei o mecanismo de postagem do meu site, retirando a necessidade de preencher aquelas letras que eram alvo de muita reclamação. O debate deve fluir melhor agora. Devo ter mais spam, mas paciência. Só não libero geral, acabando com o filtro, porque sabemos como os petralhas poluem os sites liberais com o único intuito de agredir e impedir o debate sério. Divirtam-se![image error]
Published on October 03, 2012 05:05
October 2, 2012
Castrolândia

Michael Moore, Jack Nicholson, Oliver Stone, Steven Spielberg, Francis Coppola, Robert Redford, Danny Glover e Sean Penn: o que todos eles têm em comum, além da fama e da fortuna? São bajuladores da mais longa, cruel e assassina ditadura do continente.Cuba ainda desperta fortes emoções em muito inocente útil mundo afora. Por isso devemos celebrar o lançamento, pela Leya, do livro “Fidel: O tirano mais amado do mundo”, de Humberto Fontova. Exilado em Miami, Fontova é também autor de “O Verdadeiro Che Guevara”. Não deve ser fácil ver os gringos tratando como heróis esses que dizimaram e escravizaram seus familiares, transformando sua nação em um feudo miserável.A reverência ao meio século de totalitarismo cubano mostra que alardear boas intenções vale mais do que atos concretos. A retórica “altruísta” dos revolucionários serve como salvo-conduto para todo tipo de crime comum. Em nome da utopia socialista, vale tudo. Os “nobres” fins justificam os meios mais nefastos.Muitos falam dos “avanços sociais” na saúde e na educação. Como se isso, mesmo que fosse verdade (não é), absolvesse todos os crimes hediondos do ditador adulado por Hollywood.Cuba não era um prostíbulo americano antes de 1959. Era um país com ampla classe média, com o terceiro maior consumo de proteína no hemisfério ocidental, a segunda renda per capita da América Latina (maior que a Áustria e o Japão), e a taxa de mortalidade infantil mais baixa da região. Sua taxa de alfabetização já era de 80% em 1957, e o mais importante: os cubanos tinham cerca de 60 opções de jornais diários para escolher. Compare-se a isso a realidade hoje, com um único jornal, monopólio estatal, que reproduz somente aquilo que o ditador deseja. Nas salas de aula, os alunos “aprendem” sobre as maravilhas do socialismo, e depois precisam enfrentar a realidade infernal da ilha-presídio. Educação?Em 1958, Cuba tinha nove cassinos, e apenas 5% do capital investido no país eram americanos. Se muitos turistas buscavam diversão na ilha, vários cubanos também viajavam para Miami. Hoje, milhares de cubanos estão dispostos a nadar no meio de tubarões para tentar a liberdade nos Estados Unidos, tudo para fugir do “paraíso” socialista onde “nenhuma criança dorme na rua”.Para piorar o quadro, Havana recentemente passou Bangcoc como “capital do sexo infantil no mundo”. Possui ainda as maiores taxas de suicídio e aborto da região, fruto da miséria e do desespero. Isso apesar dos mais de US$ 100 bilhões de subsídios que a antiga União Soviética mandou para Fidel. Chávez assumiu a mesada, mas fica tudo concentrado na “nomenklatura” escolhida pelo Líder Máximo.Há também uma segregação racial na ilha, com 80% dos presos sendo negros, contra menos de 1% da cúpula do poder. Homossexuais são perseguidos. Os “progressistas” da esquerda caviar não suportariam viver um dia sequer em “A Ilha do Doutor Castro” (outra leitura recomendada). Cuba virou importante rota de tráfico de drogas, com claros sinais de envolvimento do governo, assim como um quintal para terroristas antiamericanos. Raúl Castro escreveu em 1960: “Meu sonho é jogar três bombas atômicas em Nova York”. Seu irmão chegou a arquitetar planos para efetivamente lançar bombas na cidade, que felizmente fracassaram.Fidel, retratado como humanitário pelos idiotas, já demonstrava sua paixão pela violência desde jovem. Em seu livro “Cuba sem Fidel”, Brian Latell diz: “Já com 20 anos de idade, Fidel considerava a prática de assassinatos e a provocação de situações caóticas meios justificáveis e aceitáveis para ver materializados seus interesses pessoais”. Mas eis que o tirano ainda conquista corações ingênuos por aí. Alguns podem alegar que a Guerra Fria acabou, que o socialismo morreu, e que digo o óbvio. Nelson Rodrigues sabia que “somente os profetas enxergam o óbvio”. O leitor duvida? Então por que ainda temos partidos que pregam o socialismo, enaltecendo o regime cubano, como faz o PSOL de Chico Alencar e Marcelo Freixo? Por que nossa presidente chama Cuba de “país-irmão” na ONU, criticando o embargo americano (parece que ser “explorado” pelos ianques é algo bom, afinal), mas é incapaz de fazer uma crítica ao regime ditatorial dos Castro? Não se engane. A esquerda carnívora ainda vive, e tem em Fidel um guru. Aguardem o dia de sua morte para ver a patética comoção. Daí a importância do livro de Fontova, um antídoto para essa doença que ainda encontra terreno fértil abaixo da linha do Equador, com a ajuda dos nossos “intelectuais” e dos famosos de Hollywood. [image error]
Published on October 02, 2012 06:41
Caminhando com Ferreira Gullar
João Pereira Coutinho, Folha de SP
Viajo para Londres. Na mala, algumas revistas para ler nas duas horas de voo. Tiro a primeira. Folheio as páginas iniciais. Encontro Ferreira Gullar em entrevista à "Veja". O dia está ganho.Sobre o poeta, não vale a pena dizer o óbvio: depois da morte do lusitano Mário Cesariny (1923-2006), Ferreira Gullar é o único poeta de língua portuguesa que merece a honraria do Nobel.Embora, atendendo às anedotas recentes da academia sueca (Elfriede Jelinek, Herta Müller etc.), talvez seja mais correto dizer que é o Nobel que precisa do prestígio de Gullar.Mas a entrevista é sobretudo uma lição de política só possível em alguém que, permanecendo à esquerda no que a esquerda tem de melhor (uma insubordinação instintiva perante abusos ou privilégios injustificáveis), aprendeu e refletiu com a experiência histórica."Quando ser de esquerda dava cadeia, ninguém era. Agora que dá prêmio, todo mundo é", diz o poeta. Eis o "espírito do tempo", feito de oportunismo e farsa ideológica.Ferreira Gullar não alinha em farsas. O capitalismo tem páginas abomináveis de miséria e exploração, sobretudo nas incipientes sociedades industriais do século 19? Sem dúvida -e ler Charles Dickens é, nesse quesito, mais relevante do que ler Marx, que nunca pôs os pés numa fábrica e tinha Engels para sustentá-lo.Mas o capitalismo, apesar de tudo, "é forte porque é instintivo", diz o poeta. Em apenas uma frase, Gullar resume o que Adam Smith escreveu em dois volumes, 250 anos atrás.Existe nos seres humanos um desejo natural para "melhorarem a sua condição", escrevia o filósofo escocês. E essa melhoria material só se consegue quando o açougueiro, o cervejeiro e o padeiro perseguem o seu próprio interesse, negociando os seus produtos e procurando aumentar os seus lucros.Fato: sem freios éticos ou legais, o capitalismo é destrutivo e autodestrutivo. Mas quando existem esses freios, e nenhum liberal clássico prescinde deles (Adam Smith, antes de escrever "A Riqueza das Nações", escreveu primeiro a sua "Teoria dos Sentimentos Morais", base ética de qualquer sociedade civilizada), não há outra forma, historicamente comprovada, de gerar riqueza.Claro que, para um marxista puro e duro, o capitalista nunca gera riqueza; ele explora quem trabalha e vive do suor alheio, de preferência fumando o seu charuto e brandindo o chicote. Raymond Aron, o mais incisivo crítico do marxismo que conheço, tem páginas notáveis onde desmonta essa dicotomia caricatural entre "capital" e "trabalho".Ferreira Gullar prefere uma metáfora: "O empresário é um intelectual que, em vez de escrever poesias, monta empresas". E acrescenta, para os lentos de raciocínio: "A visão de que só um lado produz riqueza e o outro só explora é radical, sectária, primária".Finalmente, as lições da história: Ferreira Gullar não se limita a relembrar os crimes do "socialismo real", hoje uma evidência para qualquer pessoa com dois neurônios em funcionamento.Ele deixa uma pergunta devastadora: quantos dos defensores de Cuba estariam dispostos a viver lá? Sim, a viver enjaulados em uma ilha de onde é difícil sair, onde publicar um livro implica uma permissão governamental -e onde a igualdade na miséria é a única igualdade que existe e resiste?É um bom princípio de responsabilidade política: só defendermos regimes sob os quais estamos dispostos a viver. Todo resto é pose pornográfica.Infelizmente, não sobra espaço para as meditações estéticas propriamente ditas. Mas Ferreira Gullar, relembrando a morte de um filho, deixa esta definição (meta) poética primorosa: "Os mortos veem o mundo pelos olhos dos vivos".Nem mais: escrever é continuar essa revelação interminável do ainda não-dito, do ainda não-experimentado, como se o poeta fosse o elo presente de uma corrente interminável.Ou, como o próprio Gullar escreveu nos seus velhinhos "Poemas Portugueses", que praticamente aprendi de cor: "Caminhos não há/ Mas os pés na grama/ os inventarão/ Aqui se inicia/ uma viagem clara/ para a encantação".Caminhar com Ferreira Gullar tem sido, hoje e sempre, uma lição e um privilégio.[image error]
Viajo para Londres. Na mala, algumas revistas para ler nas duas horas de voo. Tiro a primeira. Folheio as páginas iniciais. Encontro Ferreira Gullar em entrevista à "Veja". O dia está ganho.Sobre o poeta, não vale a pena dizer o óbvio: depois da morte do lusitano Mário Cesariny (1923-2006), Ferreira Gullar é o único poeta de língua portuguesa que merece a honraria do Nobel.Embora, atendendo às anedotas recentes da academia sueca (Elfriede Jelinek, Herta Müller etc.), talvez seja mais correto dizer que é o Nobel que precisa do prestígio de Gullar.Mas a entrevista é sobretudo uma lição de política só possível em alguém que, permanecendo à esquerda no que a esquerda tem de melhor (uma insubordinação instintiva perante abusos ou privilégios injustificáveis), aprendeu e refletiu com a experiência histórica."Quando ser de esquerda dava cadeia, ninguém era. Agora que dá prêmio, todo mundo é", diz o poeta. Eis o "espírito do tempo", feito de oportunismo e farsa ideológica.Ferreira Gullar não alinha em farsas. O capitalismo tem páginas abomináveis de miséria e exploração, sobretudo nas incipientes sociedades industriais do século 19? Sem dúvida -e ler Charles Dickens é, nesse quesito, mais relevante do que ler Marx, que nunca pôs os pés numa fábrica e tinha Engels para sustentá-lo.Mas o capitalismo, apesar de tudo, "é forte porque é instintivo", diz o poeta. Em apenas uma frase, Gullar resume o que Adam Smith escreveu em dois volumes, 250 anos atrás.Existe nos seres humanos um desejo natural para "melhorarem a sua condição", escrevia o filósofo escocês. E essa melhoria material só se consegue quando o açougueiro, o cervejeiro e o padeiro perseguem o seu próprio interesse, negociando os seus produtos e procurando aumentar os seus lucros.Fato: sem freios éticos ou legais, o capitalismo é destrutivo e autodestrutivo. Mas quando existem esses freios, e nenhum liberal clássico prescinde deles (Adam Smith, antes de escrever "A Riqueza das Nações", escreveu primeiro a sua "Teoria dos Sentimentos Morais", base ética de qualquer sociedade civilizada), não há outra forma, historicamente comprovada, de gerar riqueza.Claro que, para um marxista puro e duro, o capitalista nunca gera riqueza; ele explora quem trabalha e vive do suor alheio, de preferência fumando o seu charuto e brandindo o chicote. Raymond Aron, o mais incisivo crítico do marxismo que conheço, tem páginas notáveis onde desmonta essa dicotomia caricatural entre "capital" e "trabalho".Ferreira Gullar prefere uma metáfora: "O empresário é um intelectual que, em vez de escrever poesias, monta empresas". E acrescenta, para os lentos de raciocínio: "A visão de que só um lado produz riqueza e o outro só explora é radical, sectária, primária".Finalmente, as lições da história: Ferreira Gullar não se limita a relembrar os crimes do "socialismo real", hoje uma evidência para qualquer pessoa com dois neurônios em funcionamento.Ele deixa uma pergunta devastadora: quantos dos defensores de Cuba estariam dispostos a viver lá? Sim, a viver enjaulados em uma ilha de onde é difícil sair, onde publicar um livro implica uma permissão governamental -e onde a igualdade na miséria é a única igualdade que existe e resiste?É um bom princípio de responsabilidade política: só defendermos regimes sob os quais estamos dispostos a viver. Todo resto é pose pornográfica.Infelizmente, não sobra espaço para as meditações estéticas propriamente ditas. Mas Ferreira Gullar, relembrando a morte de um filho, deixa esta definição (meta) poética primorosa: "Os mortos veem o mundo pelos olhos dos vivos".Nem mais: escrever é continuar essa revelação interminável do ainda não-dito, do ainda não-experimentado, como se o poeta fosse o elo presente de uma corrente interminável.Ou, como o próprio Gullar escreveu nos seus velhinhos "Poemas Portugueses", que praticamente aprendi de cor: "Caminhos não há/ Mas os pés na grama/ os inventarão/ Aqui se inicia/ uma viagem clara/ para a encantação".Caminhar com Ferreira Gullar tem sido, hoje e sempre, uma lição e um privilégio.[image error]
Published on October 02, 2012 05:39
October 1, 2012
As avós, essas gostosas
Luiz Felipe Pondé, Folha de SP
Já disse e repito: cem anos atrás se fazia sexo mais e melhor do que hoje. Talvez a culpa desta minha obsessão pela vida sexual antiga seja das minhas avós.Minha avó materna casou grávida em mil novecentos e bolinha, trabalhou como uma dessas telefonistas sensuais no começo século 20, e falava de sacanagem até os cem anos de idade, e meu avô foi louco por ela até o fim da vida. A paterna foi a primeira (ou uma das primeiríssimas) sufragistas do Brasil, fazendo um recurso ao Poder Judiciário em 1928 pedindo direito ao voto.Sendo assim, descendo de uma linhagem direta de avós que fundaram a emancipação feminina no Brasil, naquilo que importa: na cama e na urna.Há 100 anos se fazia sexo mais e melhor do que hoje. Claro, esta é uma afirmação não científica, aviso aos especialistas em estatísticas comparativas da atividade sexual nos últimos 5.000 anos.Mas como dizia o personagem do subsolo do "Memórias do Subsolo", de Dostoiévski, acreditar na ciência é uma forma de superstição. Não sofro da superstição de crer em demasia nas ciências humanas.Mas voltando ao que eu queria dizer mesmo, tampouco sofro de outra superstição: não creio na revolução sexual. Melhor dizendo: creio sim na pílula anticoncepcional e no Viagra. O casal "cor de rosa e azul" que fez pelo mundo muito mais do que 200 anos de marxismo.Aliás, às vezes, em dias depressivos, sou atormentado pela ideia de que o marxismo nunca vai acabar, e aí tomo outras pílulas essenciais, as que combatem este mal imortal da alma, a melancolia.Sou um tipo basicamente superficial, acho que a psicofarmacologia é o caminho mais curto para resolver os dramas da alma. Mas, minto: nem por isso deixo de crer que uns 30 anos de análise fazem muito bem.Antes da pílula, as meninas de classe social mais alta, digamos, as colegas da escola, tinham medo de ficar grávidas, por isso praticavam largamente apenas sexo oral e anal. Uma festa. As pobres sempre fizeram de tudo, mesmo porque, como se dizia, uma barriga de um rapaz rico pode garantir uma vida.A "questão do sexo anal feminino" só nasceu depois da pílula, porque antes era comum como beber água. Agora, os especialistas discutem se sexo anal é saudável e satisfatório para as mulheres. Antes da pílula esta discussão soaria como se é saudável e satisfatório respirar.O efeito da pílula criando a "ciência do sexo anal feminino", isto é, fazendo do sexo anal feminino uma "questão", é semelhante ao efeito dos cursos de espanhol no Brasil. Absurda comparação? Nem tanto, vejamos.Antes desses cursos, ninguém achava espanhol uma "língua estrangeira", na universidade todo professor dava texto em espanhol e nenhum aluno gemia. Agora, depois do Yázigi inventar curso de espanhol, o espanhol virou "língua estrangeira". Depois que a pílula libertou o útero da mulher, sexo anal feminino virou uma "questão".Para mim, a revolução sexual é isso: alguns fatos concretos que as ciências "duras" criaram, e um monte de blá-blá-blá que surgiu a partir daí.As avós desfilavam o pudor como acessório de sensualidade, com sua cinta liga, sua combinação e lingerie cotidiana. Hoje, mulheres peladas da cabeça aos pés desfilam sua obviedade nua, gritando que são "livres" e não santas ou putas, esquecendo-se que as santas e as putas é que são as mais gostosas.Mas a ignorância sobre sexo é típica dos especialistas "fundadores" da moderna ciência do sexo.Bobagens como as ditas pela antropóloga Margaret Mead acerca da adolescência "sexualmente livre e saudável" da enorme e significativa população de Samoa levaram muita gente a crer que basta deixar a moçada transar muito desde os 11 anos que tudo ficará bem.Outro exemplo é Alfred Kinsey e sua afirmação de que os constrangimentos impostos à vida sexual são a causa de todo sofrimento humano. Para ele, não deveria existir "fronteiras" para a atividade sexual humana.Gente assim pensa que o único problema de fazer sexo com galinhas seja o fato de não ser consensual. Risadas?Que nossas avós nos perdoem por sermos tão ridículos.[image error]
Já disse e repito: cem anos atrás se fazia sexo mais e melhor do que hoje. Talvez a culpa desta minha obsessão pela vida sexual antiga seja das minhas avós.Minha avó materna casou grávida em mil novecentos e bolinha, trabalhou como uma dessas telefonistas sensuais no começo século 20, e falava de sacanagem até os cem anos de idade, e meu avô foi louco por ela até o fim da vida. A paterna foi a primeira (ou uma das primeiríssimas) sufragistas do Brasil, fazendo um recurso ao Poder Judiciário em 1928 pedindo direito ao voto.Sendo assim, descendo de uma linhagem direta de avós que fundaram a emancipação feminina no Brasil, naquilo que importa: na cama e na urna.Há 100 anos se fazia sexo mais e melhor do que hoje. Claro, esta é uma afirmação não científica, aviso aos especialistas em estatísticas comparativas da atividade sexual nos últimos 5.000 anos.Mas como dizia o personagem do subsolo do "Memórias do Subsolo", de Dostoiévski, acreditar na ciência é uma forma de superstição. Não sofro da superstição de crer em demasia nas ciências humanas.Mas voltando ao que eu queria dizer mesmo, tampouco sofro de outra superstição: não creio na revolução sexual. Melhor dizendo: creio sim na pílula anticoncepcional e no Viagra. O casal "cor de rosa e azul" que fez pelo mundo muito mais do que 200 anos de marxismo.Aliás, às vezes, em dias depressivos, sou atormentado pela ideia de que o marxismo nunca vai acabar, e aí tomo outras pílulas essenciais, as que combatem este mal imortal da alma, a melancolia.Sou um tipo basicamente superficial, acho que a psicofarmacologia é o caminho mais curto para resolver os dramas da alma. Mas, minto: nem por isso deixo de crer que uns 30 anos de análise fazem muito bem.Antes da pílula, as meninas de classe social mais alta, digamos, as colegas da escola, tinham medo de ficar grávidas, por isso praticavam largamente apenas sexo oral e anal. Uma festa. As pobres sempre fizeram de tudo, mesmo porque, como se dizia, uma barriga de um rapaz rico pode garantir uma vida.A "questão do sexo anal feminino" só nasceu depois da pílula, porque antes era comum como beber água. Agora, os especialistas discutem se sexo anal é saudável e satisfatório para as mulheres. Antes da pílula esta discussão soaria como se é saudável e satisfatório respirar.O efeito da pílula criando a "ciência do sexo anal feminino", isto é, fazendo do sexo anal feminino uma "questão", é semelhante ao efeito dos cursos de espanhol no Brasil. Absurda comparação? Nem tanto, vejamos.Antes desses cursos, ninguém achava espanhol uma "língua estrangeira", na universidade todo professor dava texto em espanhol e nenhum aluno gemia. Agora, depois do Yázigi inventar curso de espanhol, o espanhol virou "língua estrangeira". Depois que a pílula libertou o útero da mulher, sexo anal feminino virou uma "questão".Para mim, a revolução sexual é isso: alguns fatos concretos que as ciências "duras" criaram, e um monte de blá-blá-blá que surgiu a partir daí.As avós desfilavam o pudor como acessório de sensualidade, com sua cinta liga, sua combinação e lingerie cotidiana. Hoje, mulheres peladas da cabeça aos pés desfilam sua obviedade nua, gritando que são "livres" e não santas ou putas, esquecendo-se que as santas e as putas é que são as mais gostosas.Mas a ignorância sobre sexo é típica dos especialistas "fundadores" da moderna ciência do sexo.Bobagens como as ditas pela antropóloga Margaret Mead acerca da adolescência "sexualmente livre e saudável" da enorme e significativa população de Samoa levaram muita gente a crer que basta deixar a moçada transar muito desde os 11 anos que tudo ficará bem.Outro exemplo é Alfred Kinsey e sua afirmação de que os constrangimentos impostos à vida sexual são a causa de todo sofrimento humano. Para ele, não deveria existir "fronteiras" para a atividade sexual humana.Gente assim pensa que o único problema de fazer sexo com galinhas seja o fato de não ser consensual. Risadas?Que nossas avós nos perdoem por sermos tão ridículos.[image error]
Published on October 01, 2012 04:54
September 29, 2012
Podcast sobre Mises
Ludwig von Mises nasceu no dia 29 de setembro de 1881. Foi um dos maiores defensores da liberdade individual, e um dos gigantes da Escola Austríaca. Segue minha homenagem a ele, com meu primeiro podcast.
Podcast Mises[image error]
Podcast Mises[image error]
Published on September 29, 2012 08:47
Brasil dos Jecas
Bruno Bressan De Cnop *
Depois que a casa do Jeca COLLOR Tatu caiu, vieram os Jecas Itamar/FHC e colocaram a casa de pé, deram uma guaribada no telhado, tiraram o cartão de crédito e o celular da filharada. Jeca FHC Tatu sentou com a família e assumiu a dívida de todo mundo nas vendas da cidade e mandou cancelar as cadernetas. É por isso que as pessoas fofoqueiras da cidade falam que Jeca FHC Tatu fez muita dívida, ele tava era botando ordem neste pardieiro. Isso foi igual a botar a mão em casa de marimbondo.Colocou as crianças na escola, não era muito boa, mas era o que o dinheiro dava, e ainda deu uma ajuda para os alunos mais pobres, deve ter sido coisa de Dona Ruth.Arranjou um médico para visitar a casa de vez em quando, ganhou alguns pontos quando um compadre dele peitou o dono da farmácia e conseguiu uns remédios mais baratos, mas foi excomungado pelos idosos da casa quando aumentou a idade para parar de trabalhar e criou umas contas esquisitas que não deixava o pessoal receber muita aposentadoria, medida mais dura que toco de braúna, mas que se não fosse feito, não teria dinheiro para todo mundo.E por último decidiu não gastar mais do ganhava, acreditem ou não muitos filhos acharam esta decisão absurda, choraram feito criança birrenta.No sítio, Jeca dava duro e controlou a saúde do gado, melhorou as sementes e seu plantio, ele vendeu umas máquinas velhas de tirar pedra que dava mais dinheiro para os mecânicos que para ele e passou a receber uma tanto pela pedra tirada e botou gente pra tomar conta, deu pra ganhar bem mais dinheiro. O pessoal que consertava a máquina até hoje fala mal do Jeca FHC Tatu por conta disso. Foram anos difíceis de muito trabalho e pouco dinheiro, pois colocar a casa em pé foi caro pra chuchu e não foi fácil, muita trovoada, muito vendaval e pouca chuva quase que a casa caiu de novo, mas sempre se arrumava mais algumas goteiras, quase não conseguia pagar as contas, muitos filhos reclamando das durezas destas decisões.Com o tempo, o fato de terem uma casa melhor não importava mais, a falação só aumentava.A coisa ficou feia mesmo quando o Jeca não trocou uma fiação velha e teve problema na parte elétrica da casa, todo mundo ficou brabo com o Jeca FHC Tatu. Isso foi a gota d’água!Saiu o Jeca FHC Tatu entrou no seu lugar o Jeca LULA Tatu, um dos que mais reclamavam e sempre dizia que tinha que mudar tudo que foi feito, pra ele tava tudo sempre errado. Graças a Deus era só conversa pra boi dormir, ele também resolveu não gastar mais do que ganhava, até deixou outro compadre do Jeca FHC Tatu para tomar conta do cofre.Falar é fácil! Ele falava que ia voltar com a máquina velha para tirar pedra e não fez, dizia que ia voltar com as aposentadorias para igualzinho era antes e não fez, dizia que o bolsa escola para os estudantes era bolsa esmola, isso aí ele mudou, mudou de nome para bolsa família. Só para não dar o braço a torcer.Ufa! Ainda bem que ele não acabou com isso tudo. Acho que ele falava só pra ser do contra. Mas esse Jeca LULA Tatu nasceu virado pra lua, não é que as coisas do sítio começaram a dar dinheiro! Pra vocês terem uma idéia da diferença de preço das coisas que ele vendia na feira:
Produto Preço em 2001 Preço em 2010 Soja (saco) U$ 7,08 U$ 25,05 Milho (saco) U$ 3,34 U$ 12,63 Boi @ U$ 16,06 U$ 48,96 Petróleo (barril) U$ 25,00 U$100,00 Ferro (Ton) U$ 16,00 U$ 75,00
Em 2001, Jeca FHC Tatu tinha para gastar uns R$ 4.000,00 por mês e em 2010, o que Jeca LULA Tatu tinha para gastar era R$ 13.000,00 por mês. Ganhava 3 vezes mais dinheiro?!!! Com essa dinheirama extra a vida no sítio melhorou muito. O pessoal está feliz, porque dá para comprar mais coisas, estão fazendo mais casas no sítio, o pessoal está podendo escolher mais o que quer fazer, tem gente que nem quer mais trabalhar por causa do aumento que o Jeca LULA Tatu deu na mesada dos filhos. Teve uma tempestade das brabas e a casa agüentou o tranco, muitos vizinhos tiveram que refazer o telhado. Jeca tava com dinheiro e foi arrumando uma escora aqui outra ali.Mas o problema é que o Jeca LULA Tatu, não gosta que ninguém fala mal dele, então ele parou com aquelas medidas que o pessoal fazia cara feia, mas que eram importantes.O pessoal que consertava as máquinas e que reclamava sem parar ficou feliz, porque agora estão ajudando o Jeca LULA Tatu a tomar conta do sítio.Os estudantes mais velhos ganharam uma grana do Jeca LULA Tatu e nunca mais reclamaram de nada, nem da educação que está ruim de dar dó.Os vizinhos reclamaram com ele de umas coisas antigas e acabaram levando vantagem, deu uma máquina novinha para um e fez um gato de luz para o outro tudo de graça. Eita vizinho bom!Os idosos não gostaram muito que ele não acabou com aquela conta esquisita que ele garantiu que ia acabar, mas ai o Jeca LULA deixou eles pegarem um dinheiro emprestado com o moço do banco bem baratinho, o problema é que ele deixou o moço do banco pegar o dinheiro de volta sem eles saberem direito. Tem um monte de senhorinha enrolada até o pescoço.Deixou todo mundo comprar fiado nas vendas, pagando um pouquinho por mês, o problema é que nunca teve tanta gente devendo no sítio.Contratou mais empregado para ajudar na lida da casa, está comprando mais roupa pra meninada, celular, TV de plasma, carro, comida para a família, está todo mundo gordinho, tão desperdiçando tanto que até os ratos da dispensa estão mais gordos.Teve uma tia velha que até comprou um jetsky mesmo sem ter lago grande no sitio. Que coisa esquisita!Jeca LULA ficou tão bem na foto que saiu e deixou uma comadre sua lá, a Jeca Dilma Tatu! Dizem que é o Jeca LULA Tatu de Saia!O problema, que com este esbanjamento, não ta sobrando para as coisas mais importantes e olha que já tem 10 anos que o Jeca LULA Tatu assumiu.Mesmo ganhando 3 vezes mais, o Jeca LULA Tatu não melhorou em nada as escolas dos pequenos, ele preferiu dar dinheiro para as escolas dos marmanjos, que também está péssima. A escola dos pequenos está ensinando cada vez pior.O médico continua indo no sitio de vez em quando, mas não me lembro de nada que tenha melhorado nestes 10 anos, ele continua reclamando que falta uns remédios, uns equipamentos com nome difícil. Dá dó de vê o doutor trabalhar. As estradas do sítio estão estreitas, com um monte de barreiras, quando chove atola, os seleiros e os embarcadores não tão dando conta. Depois de 10 anos e apesar de ganhar 3 vezes mais, o Jeca LULA Tatu não melhorou praticamente nada na infra-estrutura do sítio. Com a estrada assim a mula emPACa toda hora! Ele até tá tentando levar água pro outro lado do sítio, mas tá demorando demais e o moço da venda já avisou que vai ficar bem mais caro. A reforma da casa parou onde estava, mesmo ganhando mais, só se fez remendos e puxadinhos. Como Jeca LULA Tatu tem um grande coração, acabou ficando bem com todo mundo, o problema é que sempre aparece um primo distante pedindo dinheiro, outro que pede para ser fiador do aluguel, o cunhado pedindo saco de cimento... Vocês acreditam, que até o Jeca COLLOR Tatu, que fez a casa cair, voltou a morar lá? E virou parceiro de truco do Jeca LULA Tatu. Esse mundão dá volta!Tem gente dizendo que a vaca vai pro brejo, na dúvida, o jeito é rezar para o Menino Jesus e Nossa Senhora Aparecida, continuar protegendo nosso sítio e colocar um pouco de juízo da cabeça desses Jecas.
* Empresário - Administrador de empresas pós graduado pela Fundação Getúlio Vargas.
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Published on September 29, 2012 06:06
September 28, 2012
Improvisação e imediatismo
Rogério Furquim Werneck, O GLOBO
A condução da política econômica vem sendo marcada por duas dificuldades: improvisação e prevalência do imediatismo sobre preocupações mais permanentes, de prazo mais longo. São tantos os exemplos que não há como dar conta de todos neste artigo. Mas basta mencionar alguns deles para que a extensão dessas dificuldades possa ser percebida.
1. Desde meados do ano passado, o governo vem fazendo grande alarde com a desoneração da folha de pagamentos da indústria. O que começou como um projeto piloto, que favorecia quatro setores, assumiu agora proporções bem maiores.
Desonerar a folha é, em princípio, uma boa ideia. Mas, em vez de simplesmente reduzir a contribuição patronal, o governo partiu para desastrada mudança de base fiscal. Contribuição sobre faturamento e não mais sobre a folha, com alguma desoneração embutida na troca.
O problema é que a mudança reintroduz, pela porta dos fundos, a famigerada tributação cumulativa sobre faturamento, uma deformidade fiscal desnecessária da qual o país havia praticamente se livrado, graças ao louvável esforço de reforma tributária do primeiro governo do presidente Lula.
2. Desonerar a energia elétrica também era uma boa ideia. Mas, para que houvesse redução significativa da brutal carga tributária que recai sobre as tarifas, era essencial que os governadores fossem engajados no esforço de desoneração, já que boa parte da carga advém das escorchantes alíquotas de ICMS impostas pelos Estados. Não seria fácil, mas a União teria muito o que oferecer numa negociação séria com os Estados sobre a questão. Em vez de tentar avançar nessa linha, o que fez o governo? Preferiu uma redução arbitrária de preços pagos ao produtor de energia, que desincentiva investimentos na expansão da oferta e deixa a conta da desoneração nas costas do contribuinte.
3. Desde pelo menos 2008, o governo parece empenhado num esforço metódico de demolição da construção institucional que redundou na Lei de Responsabilidade Fiscal.
Especialmente lamentável nessa demolição foi a violação da regra de estrita separação entre contas do Tesouro e das instituições financeiras federais. Nos últimos anos, montou-se no BNDES um gigantesco orçamento fiscal paralelo, alimentado por fartas transferências diretas do Tesouro, não contabilizadas nem no Orçamento e nem nas estatísticas de dívida líquida e de resultado primário. Com o avanço da demolição institucional, tal esquema foi agora estendido à CEF e ao Banco do Brasil, que passaram a ser também nutridos, nas mesmas bases, com generosas transferências do Tesouro.
4. Políticas improvisadas costumam ser marcadas por pouca reflexão prévia e percepção incompleta dos prováveis desdobramentos de medidas supostamente bem intencionadas. É o que se observa com especial nitidez nas impensadas restrições que o governo decidiu impor à exploração do pré-sal. De um lado, exige-se que a Petrobras tenha monopólio da operação dos campos do pré-sal e participação de pelo menos 30% em cada consórcio que venha a explorar tais campos. De outro, que os equipamentos utilizados no pré-sal tenham nada menos que 65% de conteúdo nacional. Está a cada dia mais claro que tais restrições vêm impondo enorme ônus à Petrobras, sobrecarregando em demasia suas necessidades de investimento e trazendo atrasos inaceitáveis à exploração do pré-sal. A questão agora é como livrar a Petrobras e o pré-sal dessa estapafúrdia camisa de força, sem que o recuo imponha custo político excessivo ao governo.
5. Na condução da política comercial, o governo achou que o Brasil poderia, impunemente, esquecer sua estatura e passar a se comportar como uma Argentina. Agora, queixa-se da perda do respeito internacional que, a duras penas, o país havia conseguido angariar nessa área, ao mostrar, durante anos, que estava seriamente engajado num jogo cooperativo de combate ao cerceamento do comércio mundial. Bastaram poucos meses para que tal reputação fosse destruída. Agora é tarde. E não adianta esbravejar.[image error]
A condução da política econômica vem sendo marcada por duas dificuldades: improvisação e prevalência do imediatismo sobre preocupações mais permanentes, de prazo mais longo. São tantos os exemplos que não há como dar conta de todos neste artigo. Mas basta mencionar alguns deles para que a extensão dessas dificuldades possa ser percebida.
1. Desde meados do ano passado, o governo vem fazendo grande alarde com a desoneração da folha de pagamentos da indústria. O que começou como um projeto piloto, que favorecia quatro setores, assumiu agora proporções bem maiores.
Desonerar a folha é, em princípio, uma boa ideia. Mas, em vez de simplesmente reduzir a contribuição patronal, o governo partiu para desastrada mudança de base fiscal. Contribuição sobre faturamento e não mais sobre a folha, com alguma desoneração embutida na troca.
O problema é que a mudança reintroduz, pela porta dos fundos, a famigerada tributação cumulativa sobre faturamento, uma deformidade fiscal desnecessária da qual o país havia praticamente se livrado, graças ao louvável esforço de reforma tributária do primeiro governo do presidente Lula.
2. Desonerar a energia elétrica também era uma boa ideia. Mas, para que houvesse redução significativa da brutal carga tributária que recai sobre as tarifas, era essencial que os governadores fossem engajados no esforço de desoneração, já que boa parte da carga advém das escorchantes alíquotas de ICMS impostas pelos Estados. Não seria fácil, mas a União teria muito o que oferecer numa negociação séria com os Estados sobre a questão. Em vez de tentar avançar nessa linha, o que fez o governo? Preferiu uma redução arbitrária de preços pagos ao produtor de energia, que desincentiva investimentos na expansão da oferta e deixa a conta da desoneração nas costas do contribuinte.
3. Desde pelo menos 2008, o governo parece empenhado num esforço metódico de demolição da construção institucional que redundou na Lei de Responsabilidade Fiscal.
Especialmente lamentável nessa demolição foi a violação da regra de estrita separação entre contas do Tesouro e das instituições financeiras federais. Nos últimos anos, montou-se no BNDES um gigantesco orçamento fiscal paralelo, alimentado por fartas transferências diretas do Tesouro, não contabilizadas nem no Orçamento e nem nas estatísticas de dívida líquida e de resultado primário. Com o avanço da demolição institucional, tal esquema foi agora estendido à CEF e ao Banco do Brasil, que passaram a ser também nutridos, nas mesmas bases, com generosas transferências do Tesouro.
4. Políticas improvisadas costumam ser marcadas por pouca reflexão prévia e percepção incompleta dos prováveis desdobramentos de medidas supostamente bem intencionadas. É o que se observa com especial nitidez nas impensadas restrições que o governo decidiu impor à exploração do pré-sal. De um lado, exige-se que a Petrobras tenha monopólio da operação dos campos do pré-sal e participação de pelo menos 30% em cada consórcio que venha a explorar tais campos. De outro, que os equipamentos utilizados no pré-sal tenham nada menos que 65% de conteúdo nacional. Está a cada dia mais claro que tais restrições vêm impondo enorme ônus à Petrobras, sobrecarregando em demasia suas necessidades de investimento e trazendo atrasos inaceitáveis à exploração do pré-sal. A questão agora é como livrar a Petrobras e o pré-sal dessa estapafúrdia camisa de força, sem que o recuo imponha custo político excessivo ao governo.
5. Na condução da política comercial, o governo achou que o Brasil poderia, impunemente, esquecer sua estatura e passar a se comportar como uma Argentina. Agora, queixa-se da perda do respeito internacional que, a duras penas, o país havia conseguido angariar nessa área, ao mostrar, durante anos, que estava seriamente engajado num jogo cooperativo de combate ao cerceamento do comércio mundial. Bastaram poucos meses para que tal reputação fosse destruída. Agora é tarde. E não adianta esbravejar.[image error]
Published on September 28, 2012 16:07
O crepúsculo de um mito

Fidel Castro, repetindo o também tirano Adolf Hitler, disse certa vez que a História iria absolvê-lo. Winston Churchill, por sua vez, teria dito que a História seria boa com ele, afinal, ele mesmo pretendia escrevê-la. Os vencedores dominam a prensa, principalmente em países sem ampla cultura de liberdade, como Cuba.
Mas, na Inglaterra, há liberdade, e se a História foi mesmo favorável a Churchill, isso se deve aos seus acertos maiores que erros, e não ao seu poder de influência sobre a imprensa e o pensamento. Já Fidel certamente não será absolvido pela História, a despeito da ditadura e da máquina de propaganda que montou em sua ilha particular.
Em outras palavras, o tempo costuma ser o maior aliado da verdade, o que dá esperança aos defensores da decência. Nem sempre ela vem à luz. Mas quando há alguma liberdade de pensamento e de imprensa, cedo ou tarde os fatos emergem do pântano da ignorância, espalhando seu odor antes disfarçado. É possível enganar algumas pessoas por muito tempo, mas é difícil enganar todos, o tempo todo.
Disse isso tudo para chegar ao Nosso Guia. O ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva parecia acreditar na possibilidade de ser absolvido pela História. Na verdade, vaidoso que só ele, Lula certamente tinha a esperança de ser reverenciado pela História. O tempo mostraria que o Mensalão não passara de uma armação de golpistas da elite para manchar a honra deste grande estadista do povo. Não tão rápido...
Aos poucos o Brasil vai mudando, e o mito Lula vai sendo desconstruído. O julgamento da História, quando passar o burburinho do momento, será duro com o líder do PT. Afinal de contas, ao contrário da propaganda dos “intelectuais” durante décadas, a verdade é que não há nada de louvável em sua trajetória. Desde os tempos de sindicalista até a posição de ex-presidente, Lula tem sido uma pessoa que merece raríssimos elogios, e infindáveis críticas.
Rótulos como “egocêntrico”, “megalomaníaco”, “mitomaníaco”, “imoral” e “inescrupuloso” combinam infinitamente mais com sua pessoa do que os adjetivos criados pelos “intelectuais” bajuladores do “homem do povo”. Lula sempre fez tudo em causa própria, sempre demonstrou uma sede incrível pelo poder, e se mostrou disposto a quase tudo em nome deste objetivo. Com o tempo, isso tudo ficará mais claro para as pessoas.
O “legado” sócio-econômico, um dos poucos pilares que seus acólitos usam para sustentar a imagem do mito, também será desfeito com o passar do tempo. Ficará evidente para muitos que tudo não passou de uma enorme onda de fora, mais especificamente da China, que inflou as economias dos países emergentes ricos em recursos naturais como o Brasil. Tudo isso com o auxílio das turbinas monetárias dos bancos centrais de países desenvolvidos.
Até mesmo uma das poucas áreas que muitos ainda concedem o epíteto de “gênio” ao Lula será revisada em breve. Lula não é um “gênio” da política. Sim, ele tem algum carisma, em parte porque o povão se identifica com seu jeito. Sim, ele tem alguma habilidade na comunicação com as massas, abusando de retórica sensacionalista e demagógica. Por esta ótica, ele seria quase tão “gênio” quanto Hitler ou Mussolini, nada que uma pessoa minimamente íntegra poderia se orgulhar.
Mas nem mesmo isso é tão verdadeiro assim. As pessoas se esquecem de que Lula perdeu três eleições seguidas para presidente! Que grande comunicador invencível é esse? Depois ele conseguiu eleger seu “poste”, mas, novamente, isso se deve bem mais ao crescimento chinês e às peripécias de Bernanke do que ao seu talento para transferir votos. Lula contou mais com a sorte do cenário externo do que qualquer coisa.
Isso começa a ficar claro agora nas eleições municipais, durante o julgamento do Mensalão, em que Lula não chega a ser um grande puxador de votos para prefeitos. Alguns já ensaiam até um afastamento gradual da figura do todo-poderoso, enquanto o próprio aproveita para se aproximar de Paulo Maluf. O “gênio” da política, ao que parece, não passa de um analista cego que ignora as mudanças no país e a crescente demanda por mais ética por parte da classe média. Não há muito espaço para o fisiologismo escancarado de Lula nessa configuração.
Posso estar sendo otimista demais, esperançoso ao extremo. Reconheço. Pode ter muito de desejo em minha análise. Mas acredito, realmente, que o Brasil irá amadurecer com o tempo a ponto de compreender que Lula foi uma enorme mancha negra na política nacional. Maluf, Collor, Sarney e tantos outros ainda estão por aí, é verdade, todos inclusive aliados do próprio Lula.
Há muita ignorância no país; os safados se fartam. Mas, ao menos, nenhum deles goza de uma aura de santo, de estadista, de líder popular disposto a sacrifícios pelo povo. A imensa maioria os enxerga como são: oportunistas inescrupulosos que só querem o poder. Lula, finalmente, fará parte dessa lista. De preferência no topo dela, pois essa liderança ele merece.
O Brasil ainda vai conviver com os estragos institucionais e morais causados pela gestão Lula por muito tempo. Mas tudo indica que o mito será destruído de vez. Os canalhas que ajudaram a criá-lo farão o que sabem fazer: dissimular e fingir que nunca tiveram nada com aquilo, que estão muito decepcionados. Alguns ainda insistem em inflar o mito, talvez calculando que o estrago não será fatal e que a lealdade, moeda importante na máfia, será muito bem compensada se o homem regressar com tudo ao poder. Quem viver, verá.
De minha parte, resta a consciência limpa de jamais ter acreditado, por um único segundo, nesse sujeito indecente, por ter combatido tudo o que ele representa desde o primeiro momento, por ter alertado em dezenas de artigos e vídeos para os riscos que ele representava. Lutei a boa luta dentro de minhas limitações, e isso me dá orgulho.
É hora de aproveitar o regozijo merecido e observar o crepúsculo do mito Lula, ainda que a Justiça, para ser efetivada, tivesse que condená-lo como “o chefe” do maior escândalo de corrupção da história de nosso país. Mas aí já seria sonhar alto demais. Sou mais realista, e me contento com menos. Basta vê-lo desmoralizado. E saber que, para alguém vaidoso como ele, deve ser desesperador imaginar que o futuro reserva palavras nada bonitas sobre sua história, apesar da máquina de mentira a seu dispor. Adeus, mito Lula. Já vai tarde! [image error]
Published on September 28, 2012 10:24
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