Rodrigo Constantino's Blog, page 352

October 7, 2012

Aquém da razão

Ferreira Gullar, Folha de SP


Longe de mim o propósito de desconsiderar a crença religiosa das pessoas, muito embora não seja eu religioso. E não a desconsidero porque sei a importância que tem para elas. Se quisermos constatá-la, bastará observar que os últimos séculos, marcados pelo domínio da ciência e do pensamento objetivo, não lograram pôr fim à religiosidade dos povos que, em sua maioria, mantêm-se fiéis às suas convicções religiosas.Haverá para isso várias explicações, mesmo porque são muitas as religiões que existem, algumas delas milenares, e cada uma com características específicas e modo próprio de explicar a existência e entender os valores espirituais. Creio, porém, que todas elas respondem a uma necessidade humana fundamental: dar sentido à existência.E aí reside a explicação de sua sobrevivência, muito embora a cultura tenha mudado tanto e tenha o homem descoberto as leis que regem tanto a matéria inorgânica quanto as dos organismos vivos, tanto as leis do mundo infra-atômico quanto do macrocosmo.Há, porém, algumas perguntas para as quais a ciência não tem resposta, como, por exemplo, por que existe algo em vez de nada? Teve o mundo começo ou ele sempre existiu? Que sentido tem a vida humana, se todos nós acabamos para sempre? No entanto, para quem acredita em Deus, todas essas perguntas estão respondidas. Ou sequer são formuladas.No entanto, uma coisa é a consideração conceitual dessas questões e outra é como elas se colocam na realidade. Agora mesmo assistimos, no mundo islâmico, a sucessivas manifestações de fúria, como reação a um vídeo idiota, que ridiculariza o profeta Maomé.É compreensível que as pessoas que professam o islamismo tenham se sentido agredidas e desrespeitadas no que mais prezam e cultuam. Não obstante, a tradução dessa indignação em atos de vandalismo --incêndio de embaixada, consulados, morte de pessoas-- parece exceder todos os limites razoáveis.A verdade, porém, é que aconteceram e não se limitaram a um ou dois episódios incontroláveis. De fato, essa indignação furiosa se estendeu por várias semanas e por vários países. Mas por que o objetivo da fúria são embaixadas norte-americanas, se o vídeo não foi obra do governo dos Estados Unidos?Parece impossível ter uma resposta única para essa pergunta. Uma coisa, porém, parece óbvia: o ressentimento de certas camadas islâmicas contra os norte-americanos. Isso é um fato, uma vez que o apoio dos Estados Unidos a Israel é visto como uma demonstração de hostilidade, não apenas ao povo palestino, como a toda a nação árabe muçulmana. Esse ódio aos ianques os levaria a admitir que o vídeo terá sido fruto de uma iniciativa governamental para desmoralizar o islamismo. Ninguém, com um mínimo de lucidez, acreditaria nisso. Tampouco justificaria a fúria e o número daqueles protestos.A nosso ver, o que pode explicá-los é o fundamentalismo religioso que transforma uma indignação razoável numa fúria sagrada implacável, sem qualquer respeito pelo outro, desde que seja visto como antagonista a minha crença. Destruir e matar, se feito em nome de Deus, estaria certo.Isso me faz lembrar uma afirmação de Bin Laden, pouco depois da destruição das Torres Gêmeas. O jornalista que o entrevistava, perguntou-lhe se não estava errado um atentado como aquele que matou milhares de inocentes, quando o Corão considera o assassinato de inocentes um grave pecado. A sua resposta foi: "Os inocentes que morreram eram os inocentes deles". Ou seja, segundo essa visão fundamentalista, basta não acreditar em Alá para ser culpado. Só que ali morreram, inclusive, muçulmanos.Certamente, essa não é a opinião da maioria das pessoas que professam a religião islâmica e que, respeitando a opção religiosa, admitem a diversidade de crenças. Não são elas que vão para as ruas incendiar embaixadas e matar infiéis. Mas a religião, nesse particular, por lidar mais com a crença do que com a razão, pode ser campo propício à indignação sem limites.Aqui no meu canto, sem nada que me proteja da bala perdida, não tenho dúvida de que avaliar os fatos com isenção e lucidez nos torna modestamente mais humanos.[image error]
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Published on October 07, 2012 14:18

October 5, 2012

Por que não fecho com Freixo

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Published on October 05, 2012 17:15

If I were a German


Charles Gave, GaveKal Research
If I were a German, this is how I would analyze the euroland crisis:

The monetary union was supposed to transform the Greeks, Italians, French and Spaniards into solid citizens, who played less and worked more. As a German, I did not believe a word of it, but I was willing to give them a chance. Meanwhile I myself had to keep reforming because the world out there was becoming quite competitive (China, etc). So this is what I did in the post-EMU years; but my fellow members did not, of course. And guess what? They have problems—and apparently, it is my fault?

So what am I to do in such a situation? I have not been that successful historically (nor has anybody else) at telling the other countries in Europe how they should manage themselves. Even if our orders are filtered through a pan-European body, it will look about as independent from Germany as Philippe Petain or Vidkun Quisling.

Plus it will cost a lot to even try. They call it "federalism," I call it theft. The implementation of these reform policies would easily have me transferring €100bn or more of my income to these guys every year during a transition phase...which will probably last forever. This is what the East Germans cost annually during the unification, but at least these guys were Germans and I had let them down big time in the past. Anyway, lending more money to a guy managing himself in a bankruptcy is just not a good idea.

Of course, if the euro project ended today, this too would be expensive. For the last ten years, I have sold €1 trillion more to my neighbors than I have bought from them. During which time, my banks lent the same amount to EMU sovereigns. If the euro breaks now, I could easily lose half of my roughly €1 trillion in claims on the rest of the EMU. These IOUs would be worth at most €500bn—and the capital of my financial system is around €350bn.

So my choice, broadly speaking, is take a big loss up front or pay without hope some 4% to 5% of my annual income forever. I choose the first one. However, I should be careful not to be too tough for quite a while. I am perceived everywhere in Europe as the fellow who destroyed Europe twice in the last century. I do not want a third catastrophe on my head—even if the euro was not our idea, but a stupid French invention which they fed to Helmut Kohl on the idea that otherwise they would refuse the German reunification (as if they could).

It is better, therefore, to bide my time. This allows my companies to diversify their exports while my financial firms write off as much as they can. The price to pay is to go to all these stupid meetings in Brussels and accept some silly plans concocted by a bunch of guys who have never understood what a proper currency is. After accepting in principle, I then hold up the implementation on technicalities—then do it all over again at the next summit.

The objective is to wait for the French to follow the Greeks and Spaniards into bankruptcy. I was a little bit worried by the previous French president who did one or two things which were quite sensible. Fortunately, the French electorate took care to replace him with a fellow who is raising taxes and scaring away business—a socialist agenda which almost guarantees to sink the economy (see The Coming French Depression ). (This incidentally is very good news for my companies, as a lot of their most dangerous competitors are being destroyed by their own government.)

The French, not known for taking a beating quietly, will be in the streets as soon as the economic demise unfolds. Their long rates will shoot up, sending the primary deficit exploding upwards. By the middle of next year France will be mired in a recession, have an out-of-control budget deficit and also need to raise a huge amount of money. Promises to rein in the budget deficit will be revealed as an absurd fantasy, and the new government will be left with no good options. In the end it will be the French who destroy the euro. Which will lead to a France very much weakened, and a very efficient and productive Germany which will survive the revaluation.

I cannot believe our luck. After all, Kohl was a genius.[image error]
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Published on October 05, 2012 12:56

Lançamento de "O País dos Petralhas II"


Eu e Reinaldo Azevedo temos nossas divergências "ideológicas", apesar de elas serem menores do que ele pensa. Mas tenho profundo respeito por seu trabalho, por sua escrita e por sua honestidade intelectual. Fui prestigiá-lo no lançamento do livro novo no Rio, e recomendo a leitura. Afinal, o inimigo agora é o mesmo! 
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Published on October 05, 2012 12:47

Carta em defesa de Yoani Sánchez


Venho, por meio desta, manifestar meu total repúdio ao regime ditatorial cubano, que acaba de fazer mais uma vítima inocente: Yoani Sánchez. O único “crime” da blogueira foi criticar uma ditadura assassina que está no poder faz meio século. Sua prisão demonstra, uma vez mais, que Cuba ainda vive na era feudal, e que a família Castro trata os 11 milhões de cubanos como escravos particulares.
Não há a liberdade mais básica em Cuba, aquela de manifestar os próprios pensamentos e ideias. Todos devem ser subservientes ao ditador, e aceitar calados as mentiras do regime. Yoani Sánchez simplesmente se negou a ser tratada como gado. Ela é um ser humano e tem o direito de criticar o governo. Direito este usurpado por um grupo de bandidos no poder.
Venho ainda manifestar minha repulsa a muitos “intelectuais” e artistas brasileiros, que defendem publicamente este regime cruel e opressor instalado em Cuba. Saibam que vocês são cúmplices destes crimes! Saibam que vocês colaboram com a manutenção de uma ditadura que asfixia as liberdades elementares dos pobres cubanos!
Alguns desses “intelectuais” assinam manifestos em defesa de José Dirceu, que foi treinado em Cuba e mantém relação próxima com os ditadores da família Castro. Dirceu é réu acusado de “chefe de quadrilha” no Brasil. Será que ele merece defesa, mas Yoani Sánchez merece seu silêncio? “Tudo que é necessário para o triunfo do mal é que as pessoas de bem nada façam”, disse Burke. O silêncio de vocês sobre as atrocidades cubanas é ensurdecedor!
Rodrigo Constantino   

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Published on October 05, 2012 08:09

Manada de tribufus


Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal
Tenho uma filha com dez anos de idade que empreende uma “batalha” diária comigo na tentativa de me convencer a deixá-la assistir a novela “Avenida Brasil”, da Rede Globo. Como considero inadequado o conteúdo para a sua idade, não deixo. Seu principal “argumento” é: “Todas as minhas amigas assistem”.
Qualquer pai conhece essa estratégia. É muito difícil manter sua própria convicção sobre o certo e o errado quando há enorme pressão de grupo. Quando “todos” fazem uma coisa, ainda que seja uma coisa considerada errada, temos uma ótima desculpa para seguir com a manada. Keynes percebeu isso quando disse que a sabedoria mundana ensina que é melhor para a reputação fracassar convencionalmente do que ter sucesso não convencional.
Digo isso porque confesso que está cada vez mais difícil encontrar bons exemplos de comportamento econômico mundo afora. Sim, é verdade que nossa equipe econômica precisa melhorar muito para ser apenas medíocre. Sim, é fato que Guido Mantega e sua trupe estão plantando as sementes da próxima crise nacional. Mas um cínico (ou uma criança) poderia muito bem rebater: “Todos estão fazendo a mesma coisa!”
Como é que posso criticar o protecionismo do nosso governo, quando países mais liberais manipulam sua taxa de câmbio de forma escancarada? Como atacar nossa moeda “fixa”, quando até a Suíça resolve criar um peg com o euro? Como condenar o relaxamento do superávit fiscal, quando “austeridade” passou a ser palavrão no mundo desenvolvido? Neste concurso de feiúra mundial, o governo brasileiro consegue disfarçar seus defeitos, misturando-se aos demais tribufus na sala.
Mas os erros dos outros não justificam nossos próprios erros. Protecionismo comercial, manipulação cambial, déficit fiscal, expansão de crédito público, tudo isso deve ser condenado. Não importa que a Suíça e os Estados Unidos pratiquem cada vez mais destes expedientes nefastos. Nosso governo não conta com uma licença para fazer besteiras só porque o mundo parece ter enlouquecido de vez.
Digo ao ministro Mantega o mesmo que digo para minha filha: Não me importa que os outros sejam irresponsáveis; essa novela não é adequada e ponto final.       [image error]
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Published on October 05, 2012 06:59

October 4, 2012

Mises podcast

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Published on October 04, 2012 11:58

Voto consciente


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Published on October 04, 2012 06:12

October 3, 2012

Primeiro debate americano: o massacre


Rodrigo Constantino
O primeiro debate entre Obama e Mitt Romney foi um verdadeiro massacre. Obama sofreu nocaute. O formato do debate é bastante interessante, e permitiu contestações diretas, assim como cada postura ficou evidente para os eleitores.
Romney se mostrou bem mais seguro e firme nas propostas, encurralando Obama várias vezes. As linhas ideológicas divisórias ficaram bastante demarcadas. Romney defendeu abertamente o capitalismo, a empresa privada, o lucro, a descentralização do poder, enquanto Obama sustentou sua visão mais estatizante.
Ambos visaram o eleitor da classe média, mas não resta dúvida de que Romney apresentou os melhores argumentos em defesa da criação de empregos, função básica dos pequenos empresários espremidos pela gestão Obama. Romney teve a coragem de defender bandeiras ecologicamente incorretas também, como mais licenças para extração de petróleo e até carvão.
Por outro lado, cutucou Obama várias vezes com a questão da energia verde, lembrando que Obama destinou US$ 90 bilhões para projetos que não geraram emprego algum, e ainda levaram a escândalos como o do caso Solyndra. Romney ainda citou o fato de que vários desses beneficiados foram colaboradores da campanha de Obama, um duro golpe no capitalismo de compadres do presidente.
Romney foi insistente ao negar as acusações de Obama sobre o ”seu“ projeto de corte de déficit de US$ 5 trilhões, comparando Obama aos seus filhos, que tentam transformar uma mentira em verdade com base na repetição. Obama comparado a uma criança mentirosa: não tem preço!
Obama, totalmente sem noção, afirmou que a Previdência Social está bem encaminhada nos Estados Unidos. Além disso, partiu para o jogo de culpar heranças malditas pela péssima situação econômica, incapaz de apresentar bons dados após seus quatro anos no poder. Romney soube explorar bem essa questão, frisando que Obama teve tempo para melhorar as coisas, e tudo que fez colocou o país na rota errada. Vão insistir no erro por mais quatro anos?
Sobre saúde pública, houve claras diferenças. Obama defendeu seu modelo coletivista, o ObamaCare, uma espécie de SUS, chegando a afirmar que era um problema os planos de saúde quererem lucrar (!!!). Já Romney pregou mais descentralização, liberdade para cada estado decidir suas políticas, e lembrou que o setor privado costuma ser bem mais eficiente ao prover serviços.
O excesso de regulação no setor bancário, por meio da absurda Dodd-Frank, um calhamaço de milhares de páginas aprovado sem ninguém ler, que acaba protegendo os grandes bancos, também foi atacado diretamente por Romney. Em relação ao setor de educação, Romney defendeu o direito de cada aluno escolher, ou seja, o voucher. Ponto para ele!
Em linhas gerais, Romney deixou bem mais evidente sua defesa do regime capitalista liberal, resgatou a Constituição, citou a importância da responsabilidade individual e atacou a visão centralizadora estatal, típica de Obama. Já o presidente parecia apático, em contraste com a energia do opositor, e quase gaguejou ao defender o capitalismo, que não lhe é tão caro assim.
Retórica por retórica, eis a conclusão deste primeiro debate presidencial: Mitt Romney defende a iniciativa privada movida pelo lucro, enquanto Obama defende os projetos grandiloquentes estatais por meio de planejamento central. Em outras palavras, Romney representa os Estados Unidos; Obama, a França. A diferença ficou registrada de forma evidente. Cabe aos eleitores americanos decidir qual rumo desejam para esta grande nação. [image error]
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Published on October 03, 2012 20:07

Sonho meu...

... e de todo brasileiro decente!

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Published on October 03, 2012 10:10

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Rodrigo Constantino
Rodrigo Constantino isn't a Goodreads Author (yet), but they do have a blog, so here are some recent posts imported from their feed.
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