Deana Barroqueiro's Blog: Author's Central Page, page 57

January 10, 2013

SPA não vai adoptar Acordo Ortográfico

Já não era sem tempo que a Sociedade Portuguesa de Autores tomasse posição contra este Acordo Ortográfico feito por interesses políticos de alguns e à revelia da maioria dos Portugueses e das instituições credenciadas para tratarem da Língua Portuguesa. Foi preciso que o Brasil roesse a corda...
Não admira que Carlos Reis se insurja contra esta decisão da SPA, sendo um defensor acérrimo e militante deste canhestro AO e dos seus próprios interesses, enquanto professor de uma universidade brasileira, a ponto de insultar todos os que se opunham a esta pantomima política. No Público de 9/1/2013.

A Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) vai continuar a redigir os seus documentos e a sua comunicação de acordo com a norma ortográfica antiga. O professor Carlos Reis critica a decisão, acusando a instituição de estar a correr “atrás de lebres mal informadas ou tendenciosas”.

A decisão da administração da SPA, anunciada esta quarta-feira na sua página oficial na Internet, é justificada com a consideração de que “este assunto não foi convenientemente resolvido e se encontra longe de estar esclarecido”. A Sociedade invoca ainda a circunstância de “o Brasil ter adiado para 2016 uma decisão final sobre o AO” e de “Angola ter assumido publicamente uma posição contra”.

O professor Carlos Reis, reconhecido defensor do AO, critica a posição da SPA, acusando a instituição de “correr atrás de lebres mal informadas ou tendenciosas”. “Ao contrário do que diz o site da SPA, o Brasil não adiou uma decisão final sobre o AO, o que fez foi prolongar por mais algum tempo o período de transição até à sua aplicação obrigatória” em 2016, acrescenta, num depoimento enviado ao PÚBLICO por email, o professor da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e ex-director da Biblioteca Nacional.

Carlos Reis – que no ano lectivo 2011-12 leccionou na Universidade Católica do Rio Grande do Sul – refere, de resto, que pôde verificar in loco “que o AO foi já generalizadamente adoptado no Brasil, sem dramas nem histerias”, e cita, como exemplo, o recente anúncio do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, de que vai ajustar já às novas regras os textos da comunicação da sua exposição permanente Linha do Tempo da Língua Portuguesa.

No seu comunicado, a SPA volta a criticar “a forma como este assunto de indiscutível importância cultural e política foi tratado pelo Estado português”, responsabilizando, em particular, o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, do anterior governo socialista, Luís Amado, “que se caracterizou por uma ausência total de contactos com as entidades que deveriam ter sido previamente ouvidas sobre esta matéria, sendo a SPA uma delas”.

“O facto de não terem sido levadas em consideração opiniões e contributos que poderiam ter aberto caminho para outro tipo de consenso” – acrescenta o comunicado da SPA – “prejudicou seriamente todo este processo, e deixa Portugal numa posição particularmente embaraçosa, sobretudo se confrontado com as recentes posições do Brasil e de Angola.”

Carlos Reis concorda neste ponto com a SPA: “É de uma total irresponsabilidade a forma como este assunto tem sido tratado pelo Estado português, em particular quando Luís Amado foi ministro dos Negócios Estrangeiros.” Mas chama a atenção para outro aspecto a ter em conta, na posição que o Brasil tem tomado perante o assunto: “Como o AO carece de alguns reajustamentos (só a gritaria portuguesa em torno deste assunto impediu que isso fosse reconhecido com serenidade), será o Brasil a liderar esse processo, quando ele acontecer. As pessoas que tanto temem o protagonismo do Brasil nesta matéria estão a dar àquele grande país esse protagonismo, quando contribuem para amplificar notícias que aconselhariam mais informação e mais prudência”, diz o professor da Universidade de Coimbra.

Carlos Reis acrescenta que se a recente posição do Brasil, de adiar a obrigatoriedade de utilização das determinações do AO para 2016, “tem alguma coisa que ver com Angola (que, mais tarde ou mais cedo, vai ter mesmo de adoptar o AO), então isso só mostra que aquele país tem mais atenção ao universo da língua portuguesa e às suas singularidades do que Portugal, destituídos como estamos de uma política de língua estrategicamente ponderada”.

O polémico dossier do AO teve, esta semana, mais um desenvolvimento na Assembleia da República, com a aprovação, por unanimidade, na terça-feira, da criação de um Grupo de Trabalho para Acompanhamento da Aplicação do AO, sob proposta do deputado comunista Miguel Tiago.
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Published on January 10, 2013 08:19

January 8, 2013

Agenda de Janeiro


III - Lisboa, 24 de Janeiro, Quinta-feira, 15.30 h
 Biblioteca Clodomiro AlvarengaJunta de Freguesia dos Anjos Rua Maria da Fonte – Mercado do Forno do Tijolo
Lisboa  
Apresentação de O Corsário dos Sete Mares - Fernão Mendes Pinto

Deana Barroqueiro falará sobre o trabalho de pesquisa, como escritora, da paixão que nutre pela história de Portugal, sobre o que a move e a leva a fazer justiça à memória de certas personagens cruciais da nossa história
  II - Beja, 18 de Janeiro, Sexta-feira, 18.30 h  Biblioteca Municipal de BejaRua Luís de Camões, s/n  Apresentação de  O Corsário dos Sete Mares - Fernão Mendes Pinto Deana Barroqueiro fala do seu romance, como veículo para melhor conhecimento as viagens de Descobrimento dos Portugueses no Oriente do Século XVI e o seu pioneirismo numa estratégia de Globalização  I - Beja, 17 de Janeiro, Quinta-feira, 14 h  Farei parte da MESA REDONDA sob o tema " AS VIAGENS... REPRESENTAÇÕES DO TURISMO NA LITERATURA " no âmbito do Projecto   T2L - Tourism to Literature 2013 do Instituto Politécnico de BejaAuditório dos Serviços ComunsRua Pedro SoaresCampus do Instituto Politécnico de Beja Programa:
 14h00: Abertura dos Trabalhos
«Miguel Tavares», Diretor da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Beja
«João Silva», Coordenador do Curso de Turismo da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Beja
«Edgar Carneiro», aluno do 3º ano do Curso de Turismo da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Beja

14h45: Mesa Redonda
«João Pombeiro», Diretor da revista “Ler”
«Deana Barroqueiro», autora de numerosos romances inspirados em conhecidos personagens históricos
«Manuel Alberto Valente», diretor editorial da secção Lisboa da Porto Editora
«Ana Coelho», sócia da Livraria “Palavra de Viajante”
«Maria Paula Santos», responsável pela Biblioteca Municipal de Beja José Saramago

Moderadores:
«Fernando Martins», aluno do 3º ano do Curso de Turismo da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Beja
«Ana Rita Caeiro», aluna do 3º ano do Curso de Turismo da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Beja.

16h30: Encerramento
«Vito Carioca», Presidente do Instituto Politécnico de Beja
«Jorge Pulido Valente», Presidente da Câmara Municipal de Beja
«Nuno Madeira», Assessor da Senhora Secretária de Estado do Turismo
«Luís Rodrigo», aluno do 3º ano do Curso de Turismo da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Beja

17h00: Alentejo de Honra Ver mais em: https://tourismtoliterature.webnode.pt/
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Published on January 08, 2013 06:37

January 7, 2013

Revista Portugal Mag

Na revista PortugalMag , publicada em França, no seu número de Dezembro, nas páginas 10 e 11, vem um extenso artigo de Maria Fernanda Pinto sobre o meu trabalho de romancista - " Deana e a sua Arte". Os meus sinceros agradecimentos à jornalista e aos Directores da Revista, Pedro António e Frankelim Amaral, pelo destaque que me deram. Para ler aqui: http://www.portugalmag.fr/
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Published on January 07, 2013 03:18

January 6, 2013

Dia de Reis e Padre António Vieira


Ecce Magi ab Oriente venerunt ...
Nasceu hoje a cristandade, porque os três reis que neste dia vieram adorar a Cristo foram os primeiros que o reconheceram por Senhor, e por isso lhe tributaram ouro; os primeiros que o reconheceram por Deus, e por isso lhe consagraram incenso; os primeiros que o reconheceram por homem em carne mortal, e por isso lhe ofereceram mirra. Vieram gentios, e tornaram fiéis; vieram idólatras, e tornaram cristãos. (...)
 
Foram três, e nem mais nem menos que três, os reis que vieram adorar a Cristo, porque neles se representava todas as partes do mundo que também são três: Ásia, África e Europa. (...)
Dizem que  os três reis significavam a Ásia, a  África e a Europa; e onde lhes ficou a América? A América não é também parte do mundo, e a maior parte?

Havemos de supor que neste mesmo Mundo em diferentes tempos houve dois Mundos: o Mundo Velho, que conheceram os antigos, e o Mundo Novo, que eles e o mesmo Mundo não conheceu, até que os portugueses o descobriram.

O Mundo Velho compunha-se de três partes: Ásia, África e Europa; mas de tal maneira que entrando neste primeiro composto toda a Europa, a Ásia e a África não entravam inteiras, senão partidas e por um só lado: a África com a parte que abraça o mar Mediterrâneo, e a Ásia com a parte a que se estende o mar Eritreu.

O Mundo Novo, muito maior que o Velho, também se compõe de três partes: Ásia, África e América; mas de tal maneira também, que entrando neste segundo composto toda a América, a Ásia e a África, só entram nele partidas, e com os outros dois lados tanto mais vastos e tanto mais dilatados, , quanto o mar Oceano que os rodeia excede ao Mediterrâneo e Eritreu.

E como os autores antigos só conheceram o Mundo Velho e não tiveram, nem podiam ter conhecimento do Novo; por isso Beda e Ruperto disseram com muita propriedade que os três reis do Oriente ( os Reis Magos  que vieram adorar a Cristo )representavam as três partes do mundo: Ásia, África e Europa. (...)

São Bernardo arguiu com seu grande engenho, que assim como houve três reis do Oriente que levaram as gentilidades
 Mas o tempo, que é o mais claro intérprete dos futuros, nos ensinou dali ( do tempo de D. Afonso Henriques ) a quatrocentos anos, que estes felicíssimos reis são el-rei D. João II, el-rei D. Manuel e el-rei D. João III; porque o primeiro começou, o segundo prosseguiu e o terceiro aperfeiçoou o descobrimento das nossas conquistas, e todos três trouxeram ao conhecimento de Cristo aquelas novas gentilidades, como os três Reis Magos as antigas. Os Magos levando a luz da fé do Oriente para o Ocidente; eles do Ocidente para o Oriente; os Magos presentando a Cristo a Ásia, África e Europa; e eles a  Ásia, África e América; os Magos estendendo os raios da sua estrela por todo o Mundo Velho até as gargantas do Mediterrâneo, e eles alumiando com o novo sol a todo o Mundo Novo até as balizas do Oceano.

(Sermão da Epifania - Pregado na Capela Real à Rainha Regente - ob.cit. Vol.III ) 
Gentilidades  - Pagãos. Sem religião.
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Published on January 06, 2013 08:50

“Livros de verão e literatura de verdade”, de Milton Hatoum

Excelente o texto de Milton Hatoum publicado no site do "Estadão"
"Há poucos meses atrás, na Feira do Livro de Guadalajara, vi uma cena que, de algum modo, diz muito sobre a literatura e a solidão, essas irmãs siamesas.

A Feira estava cheia de gente, mas não necessariamente de leitores. Ao visitar o estande de uma editora, vi um escritor de língua espanhola, sentado diante de uma mesinha, à espera de leitores. Ele tinha um ar desolado e conversava com uma mulher. Quando eu passava perto dos dois, ele perguntou à mulher onde estavam os leitores. Ela sorriu e apontou para uma fila de leitores excitados, que queriam comprar a edição espanhola de Cinquenta Tons de Cinza, o best-seller do momento.

É improvável que os leitores dessas historinhas de sexo e violência – ou sexo com violência – leiam romances de Conrad, de Dostoievski ou de Graciliano Ramos. Quantos se aventuram a ler Coração das Trevas, Crime e Castigo ou Infância? Para a maioria dos leitores, um livro de ficção é puro entretenimento, algo que não convida a pensar nas relações humanas, no jogo social e político, na passagem do tempo e nas contradições e misérias do nosso tempo, muito menos na linguagem, na forma que forja a narrativa. Talvez por isso o poeta espanhol Juan Ramón Jiménez tenha afirmado que a poesia é a arte da imensa minoria. Isso serve para a literatura e para todas as artes. Os poucos, mas felizardos espectadores da peça O Idiota, dirigida por Cibele Forjaz, sabem disso.

Flaubert costumava lamentar a época em que viveu: a crença entusiasmada e cega no progresso e na ciência, as batalhas fratricidas na França, a carnificina das guerras imperialistas, e a idiotice e bestialidade humanas, que ele explorou com ironia em sua obra. Em uma carta de sua vasta correspondência, escreveu que o ser humano não podia devorar o universo. Referia-se ao consumismo crescente na segunda metade do século 19.

O que o “Ermitão de Croisset” diria dos dias de hoje, quando a propaganda insidiosa na tevê não poupa nem as crianças e tudo gira em torno da vida de celebridades, de uma fulana famosa que teve um bebê, de sicrano que se separou de beltrana ou traiu uma fulaninha? Qual o interesse em saber que a princesa da Inglaterra está grávida? Essas baboseiras são ainda mais graves num país como o Brasil, cuja modernidade manca ou incompleta exclui milhões de jovens de uma formação educacional consistente.

No começo da década de 1990, quando eu passava uma temporada em Saint-Nazaire, um jovem operário entrou no meu apartamento para consertar o vazamento de uma tubulação. Quando passou pela sala, viu um romance em cima da mesa e exclamou:

Ah, Stendhal. Li vários livros dele, e o que mais aprecio é esse mesmo: A Cartuxa de Parma.

E onde você os leu? Quando? Aqui mesmo, ele disse. Na escola secundária.

Era uma das escolas públicas daquela pequena cidade no oeste da França.

Nicolas Sarkozy e outros presidentes conservadores tentaram prejudicar o ensino de literatura e ciências humanas na escola pública francesa, mas nenhum deles teve pleno êxito. Aprender a ler e a pensar criticamente é um dos preceitos de uma sociedade democrática, e esse mandamento republicano ainda vigora na França. O que os prefeitos e secretários de Educação dos quase 5.700 municípios brasileiros dizem a esse respeito?

A precariedade da educação pública é um dos problemas estruturais da América Latina. Até mesmo a Argentina, que já foi uma exceção honrosa, começa a padecer desse mal.

Comecei essa crônica evocando a solidão de um escritor em Guadalajara. Melhor assim: a solidão está na origem do romance moderno, é um de seus pilares constitutivos e faz parte do trabalho da imaginação do escritor e do leitor.

O tempo se encarrega de apagar todos os cinquenta tons de cinza, e ainda arrasta para o esquecimento os crepúsculos, cabanas e toda essa xaropada que finge ser literatura. Enquanto isso, Coração das Trevas, publicada há mais de um século, é uma das novelas mais lidas por leitores de língua inglesa. ".

Cortesia do blogue Autores e Livros
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Published on January 06, 2013 08:36

January 5, 2013

Férias de luxo de Relvas e Dias Loureiro

Tiago Mesquita Em circunstâncias normais, as viagens privadas que os políticos ou ex-políticos fazem (para nos darem um bocadinho de descanso) são um problema deles. Num cenário diferente do actual, ser-me-ia completamente indiferente se o ministro Relvas escolhia ir passear a tanga ao Brasil ou brincar pelado com os pinguins na Antártida. Se o passado do ex-administrador da famigerada SLN - Dias Loureiro - não tivesse directamente a ver com um presente envenenado e o futuro condenado (nosso, entenda-se), não perderia um minuto a pensar neste assunto.  Acontece, porém, que Relvas é a cara desta espécie de governo que nos impõe sacrifícios diariamente e Dias Loureiro é uma das faces visadas na mega-fraude do BPN - via SLN - escândalo que já custou aos portugueses a módica quantia de 3405 milhões de euros (custo estimado até ao final de 2102), custo para os contribuintes que pode atingir 6509 milhões de euros, mais juros e contingências. Coisa pouca. Ora nestas circunstâncias ler notícias como a que se segue aumenta exponencialmente a vontade de fretar um avião (conduzido por um primo do capitão Schettino) e enviá-los para o triângulo das Bermudas.  "O ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, foi passar os últimos dias do ano ao Rio de Janeiro, Brasil, e esteve num dos mais luxuosos hotéis da "Cidade Maravilhosa", o emblemático Copacabana Palace. Mas não foi o único. O ex-administrador da SLN, holding que era detentora de 100% do BPN - Banco Português de Negócios, Dias Loureiro, e o ex-ministro das Cidades, Administração Local, Habitação e Desenvolvimento Regional, José Luís Arnaut, também lá estiveram." - jornal i.  A diária no Copacabana Palace, segundo o jornal i, "custa um mínimo de 600 euros e o preço médio por dormida é de 800 euros, sem incluir taxas de serviços de hotel ou pequeno-almoço - e a preços de balcão. Uma refeição no hotel pode custar bem mais que a pernoita e os preços sobem em época alta, como acontece nos períodos de Natal e Ano Novo" .  Numa época em que apenas falta ao ministro Gaspar lembrar-se de pagar os subsídios com vouchers de 'A Vida é Bela', em que os portugueses contam tostões antecipando o incerto, em que muitos hotéis estão de portas fechadas por falta de clientes (16% dos hotéis portugueses encerraram na época baixa. Só no Algarve, de acordo com dados da Associação da Hotelaria de Portugal, quase metade dos hotéis (48%) fecharam esta estação por falta de turistas), o ministro Relvas não se coibiu de laurear a pevide no Brasil, à grande e à Sócrates, demonstrando uma total falta de decoro, bom senso e sensibilidade. Foi festejar o quê, pergunto?  Meus senhores, o sacrifício maior exigido aos portugueses é mesmo termos de continuara alimentar-vos. É uma vergonha. Tiago Mesquita - 100 reféns 
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Published on January 05, 2013 04:10

December 30, 2012

BOM ANO 2013

BOM ANO 2013, CAROS AMIGOS E AMIGAS!
 Esperemos que, nesta travessia por mares tempestuosos, o navio não naufrague e o capitão, o piloto e o timoneiro ouçam os conselhos das vozes mais experientes e não insistam na derrota de perdição, navegando contra ventos e marés. 

Sempre a navegarem à vista, com medidas e cálculos errados, já alijaram ao mar toda a carga e fazenda do povo (que a deles e a da gente graúda há muito foram postas a salvo), o navio vai tão destroçado e a meter tanta água, que terão por força de lhe dar um rumo ou haverá motim a bordo. Esperemos que cheguem a bom porto, mesmo que não seja a terra da Promissão ou das Especiarias.
 
Desejo-vos, Amigos e Amigas, fortaleza de espírito, imaginação, humor e criatividade, que foram sempre características dos Portugueses de todos os tempos e lhes permitiram ter sucesso, mesmo contra todas as probabilidades. 
MUITO OBRIGADA PELA VOSSA AMIZADE!
BOM ANO NOVO!
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Published on December 30, 2012 18:11

December 27, 2012

Carta de Natal Envenenada do 1º Ministro

 Parece brincadeira de Carnaval, uma daquelas cartas que, quando éramos miúdos, escrevíamos a "gozar com os outros", porque a sua redação é de um aluno do ensino básico, com erros de concordância e tudo.  Infelizmente não é uma carta de Carnaval, é uma carta armadilhada, um truque de um chico-esperto, pouco culto e incompetente, numa patética tentativa de lançar poeira nos olhos e conquistar as graças daqueles cujas vidas já desgovernou e continuará a desgovernar em 2013, arruinando empresas e famílias, destruindo o tecido social do país, cultivando a injustiça e condenando o país e o seu povo à miséria.  Um governante que não gosta do povo que governa é um tirano ou um farsante. Esta carta é uma farsa e uma manifestação de indigência política para não dizer mental. O uso do nome próprio, o tom delicodoce, as falinhas mansas e mentiras piedosas desta mensagem são bofetadas no rosto de quem lhe sofre a extorsão do salário ou da reforma e o vê espezinhar-lhe os direitos essenciais e despojá-lo da dignidade de ser humano.  Como ousa fingir compaixão para chegar ao coração sofrido e revoltado daqueles que lançou no desespero?  Como ousa chamar-nos "Amigos"? Como ousa empregar o "nós" e falar "dos sacrifícios que fazemos", "para que os nossos filhos tenham no futuro um Natal melhor"?!!!  Que sacrifícios já fez que lhe permitam comparar-se, sem corar de vergonha, aos milhares de desempregados e reformados que lançou na miséria? Não se demita das suas responsabilidades neste processo, que é juntar a covardia à incompetência e falta de preparação para o cargo que ocupa. Não nos cuspa no rosto! Demita-se só do seu cargo, senhor 1º Ministro,  porque não sabe o que faz! Demita-se antes que o desastre seja irreparável.  A Carta de Natal do "Pedro", no Facebook Amigos,

Este não foi o Natal que merecíamos. Muitas famílias não tiveram na Consoada os pratos que se habituaram. Muitos não conseguiram ter a família toda à mesma mesa. E muitos não puderam dar aos filhos um simples presente.

Já aqui estivemos antes. Já nos sentámos em mesas em que a comida esticava para chegar a todos, já demos aos nossos filhos presentes menores porque não tínhamos como dar o...
utros. Mas a verdade é que para muitos, este foi apenas mais um dia num ano cheio de sacrifícios, e penso muitas vezes neles e no que estão a sofrer.

A eles, e a todos vós, no fim deste ano tão difícil em que tanto já nos foi pedido, peço apenas que procurem a força para, quando olharem os vossos filhos e netos, o façam não com pesar mas com o orgulho de quem sabe que os sacrifícios que fazemos hoje, as difíceis decisões que estamos a tomar, fazemo-lo para que os nossos filhos tenham no futuro um Natal melhor.

A Laura e eu desejamos a todos umas Festas Felizes.

Um abraço,
Pedro.


Repugnante hipocrisia!
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Published on December 27, 2012 17:44

Crítica ao Corsário dos Sete Mares por Celso Santos (Aveiro)

Texto de apresentação de O Corsário dos Sete Mares, na Bertrand do Fórum de Aveiro, em 18 de Novembro, 2012

"Considerada pela crítica, uma especialista na difícil arte da escrita do romance histórico, Deana Barroqueiro soube criar o seu próprio estilo.
Os seus romances assentam numa profunda investigação histórica e documental, quer sobre os personagens, quer sobre os acontecimentos.

A narrativa privilegia o realismo, recriando de forma fidedigna, episódios tão distantes no tempo. Faz uma interpretação plural, sem censura, dos diferentes personagens e das diferentes culturas ou civilizações, e dá-nos a conhecer os pensamentos, os costumes e as religiões daquela época.

A paixão pela reabilitação de figuras polémicas da nossa história indevidamente marginalizadas ou injustamente ignoradas, levou a Deana Barroqueiro a romancear a vida de Fernão Mendes Pinto, como já tinha acontecido com Bartolomeu Dias no “Navegador da Passagem”, e Pêro da Covilhã e Afonso de Paiva no “Espião de D.João II”.

Segundo nos dá conta no prefácio do livro, foram inúmeras as hesitações que teve em escrever um romance sobre um anti-herói tão desmesurado, como foi Fernão Mendes Pinto, de quem pouco mais se sabe além daquilo que ele escreveu na sua obra “A Peregrinação”.

Como todos sabem, “A Peregrinação”(1) é uma viagem através da História dos Descobrimentos Portugueses no Oriente, na qual Fernão Mendes Pinto é simultaneamente o autor e o personagem principal. Desde a Etiópia até à China, navegou durante vinte anos, pelos mares (Roxo, da Arábia, Samatra, Japão, China, Java e Sião), onde naufragou, ganhou e perdeu verdadeiros tesouros.
 Foi o personagem de fantásticas aventuras, tão fabulosas quanto inacreditáveis, transformando-se num homem dos sete ofícios, tendo sido: criado, soldado, marinheiro, descobridor, mercador, corsário dos mares da China, pedinte, físico e médico ocasional e embaixador. Treze vezes cativo, dezassete vezes vendido, podia ter morrido vinte vezes! Conforme nos conta.

Trinta anos após ter vivido esta epopeia, Fernão Mendes escreve a Peregrinação. Encontrava-se agora junto ao Tejo, estava pobre, desiludido e com saudades dos magníficos episódios vividos nas longínquas paragens do Oriente. Bastante distanciado dos acontecimentos que vivera, é possível que o rigor dos relatos seja prejudicado pela memória ou falseados pela fantasia.

Não faltou, quem pusesse em dúvida a veracidade dos relatos que fez das suas aventuras, por os considerarem inverosímeis e demasiado fantásticos e romanescos. Por isso se brinca com o seu nome. Fernão, Mentes? Minto. Mas, em geral, a veracidade da sua narrativa é real como comprovam as descrições feitas por padres jesuítas, ou os escritos de estudiosos da sua obra, ou ainda os livros de viagens, ou escritos japoneses.

O que mais marca a personalidade de Fernão Mendes Pinto é a sua faceta de anti-herói e de falta de fortuna em que os Fados não lhe permitam ser feliz por muito tempo.
Compara-se a um “pobre diabo”, desprovido do seu orgulho, e conta sem pudor que se lançou aos pés de “vilões” e “safados”, implorando que lhe salvassem a pele.

Mas Deana Barroqueiro valoriza também, em Fernão Mendes Pinto, a característica burlesca, tão portuguesa, do aventureiro que graças à sua esperteza e expediente, consegue sobreviver às situações mais perigosas e difíceis.
Foi também um líder, em quem, os portugueses, seus companheiros de aventura, reconheciam qualidades de liderança, e por isso o seguiam nas decisões que tomava.
Conheceu portugueses filhos da nobreza, que buscavam a honra e o proveito, através das armas, na pirataria, ou mesmo nas armadas de reis muçulmanos.
Encontrou outros portugueses, que eram considerados como desaparecidos, mas que afinal estavam perdidos naquele vastíssimo mundo, a viver entre raças estranhas, sem esperança de virem a ser resgatados um dia.
Cruzou-se com chefes militares, senhores da guerra, capitães, marinheiros, mercadores, criados, escravos…
De todos eles, Fernão Mendes aproveitou sempre para ouvir as histórias das suas vidas, e recolher a informação sobre os povos e terras, para mais tarde escrever a sua “Peregrinação”.

O romance está dividido em sete mares e possui mapas, que facilitam a compreensão geográfica dos mares e territórios, por onde Fernão Mendes Pinto passou.

O facto de cada capítulo começar “por um provérbio e um texto da época retratada”, transporta-nos ao ambiente e mentalidade desse tempo, dando-nos uma imagem da cultura de tantos povos: Abexins, Mouros, Turcos, Batas, Achéns, Malaios, Jaus, Chins, Japões….

A visão da mulher, à luz das culturas, daqueles povos tão diferentes, é também um elemento transversal em todo o romance. A “Alma Feminina” está bem viva através da descrição das paixões e revoltas das mulheres, mas sobretudo no relato que nos faz da força e orgulho demonstrado pelas heroínas.

A estrutura do romance é um encadeado de inúmeras peças, que se entrecruzam de forma complexa, mas cujo resultado final, constitui um todo coerente e equilibrado.
O objectivo como diz a Deana Barroqueiro, é estimular-nos a curiosidade, alargar o nosso conhecimento de forma divertida e surpreender-nos constantemente, enquanto lemos este “Corsário dos Sete Mares”.

(1)- A edição primitiva foi publicada em 1614, trinta e um anos após a morte de Fernão Mendes Pinto
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Published on December 27, 2012 09:57

Apontamentos do Prof. Eduardo Marçal Grilo sobre O Corsário dos Sete Mares

Notas para a Apresentação do livro O Corsário dos Sete Mares, de Deana Barroqueiro, 23 de Outubro de 2012, no Padrão dos Descobrimentos

1) Que livro é este?
É um livro que conta a vida e as aventuras de Fernão Mendes Pinto, um português do seu tempo, o séc. XVI que andou pelos sete mares e que escreveu ele próprio um dos livros mais famosos da epopeia portuguesa das viagens e dos descobrimentos - a PEREGRINAÇÃO.

2) Como é que o livro está construído ?
A autora dividiu o Romance em Sete Livros chamando Mar a cada um deles – Mar Roxo, Mar da Arábia e Malabar, Mar Austral, Mar da China, Mar do Japão, Mar de Java e Mar Andaman. Cada Livro está dividido em Capítulos, cada Capítulo inicia-se com um Provérbio, a que se segue uma transcrição e que termina com uma história ou com um pedaço de história que se complementa em dois, três ou quatro capítulos.
Há sempre um “narrador atual” que é a própria autora e um “narrador” que faz parte da história ou que relata acontecimentos que presenciou ou de que apenas ouviu falar. Os provérbios escolhidos são uma coletânea magnífica que por si só poderiam dar origem a um livro. A Deana foi buscar provérbios – portugueses, árabes, chineses, africanos, malaios hindus, maoris, japoneses, siameses, tâmil, bengali, jau, e os que designa como orientais classificando como tais aqueles que são comuns a várias culturas.
As transcrições são retiradas de um sem número de fontes e têm sempre uma relação direta com a história que é narrada nesse capítulo. É portanto uma obra muito complexa, muito bem construída com imensas “intertextualidades”, mas que se lê muito facilmente sendo acessível a qualquer leitor que goste de romances históricos e que aprecie uma grande aventura vivida em ambientes estranhos e distantes que a autora recria com a sua mestria e com o seu grande talento como escritora.

3) O que nos traz o livro e o que nos proporciona a sua leitura?
Eu diria que o livro transporta-nos para o mundo ou os mundos em que alguns dos portugueses viveram no séc. XVI. Digo alguns porque estes homens das caravelas que fizeram a epopeia dos descobrimentos, das grandes viagens do Oriente foram apenas uma parte dos portugueses de quinhentos. A maior parte ficou por cá.

4) Quem eram os que foram e quem eram os que ficaram é algo que ainda vale a pena investigar.
No fundo os que ficaram foram talvez os mais acomodados, os menos ambiciosos, os medrosos ou talvez os que decidiram manter e alimentar uma retaguarda que era indispensável a todos os que se aventuraram e arriscavam as vidas no mar, na descoberta, na conquista de terras, no domínio dos mercados e no encontro, nem sempre amistoso, com as gentes que habitavam os lugares por onde os portugueses passavam ou onde se instalavam.
Estes ambientes para que a Deana nos transporta constituem um mundo fantástico cuja descrição nos fascina e nos entusiasma, mas que ao mesmo tempo nos leva a viver no mundo dos livros, das cartas, dos relatos, das informações, das descrições, dos mitos, dos apelos, dos pedidos, das cartas de chamamento, dos Tratados, das histórias, das lendas, das biografias e obviamente do próprio Livro  PEREGRINAÇÂO que é a obra de referência que a autora cita amiudadas vezes porque é a palavra não do herói do livro, mas deste “anti-herói desmesurado de quem pouco mais se sabe do que aquilo que ele contou no seu livro publicado trinta e um anos depois da sua morte”.
Para além disto o Livro desperta em nós um interesse por saber mais sobre cada um dos acontecimentos que são descritos (e que são tantos) e sobre os quais há certamente muito livro para ler e muito documento para consultar e com conteúdo para refletir.
A bibliografia é muito extensa e cobre muito do que foi escrito sobre estas paragens e sobre a vida, os êxitos e os inêxitos dos portugueses nesta grande aventura coletiva em que ajudaram a construir um mundo novo e partir dos séc.s XV e XVI).

5) Gostei muito do Livro e confesso que o lí com certa avidez e com grande vontade de agarrar cada uma das histórias que nos são dadas a ler.
Há histórias e personagens deliciosas. É um mundo da maravilha, da aventura, do insólito, da conquista e do exótico, também um mundo de guerras, cercos, fomes, naufrágios, traições, sangue, batalhas, gente feíssima, mortes, canibalismo que nos mostram o que poderá ser o Inferno, mas igualmente um mundo de amores, de raparigas lindíssimas, de paixões, de solidariedade, de cumplicidades, de alta gastronomia, de perfumes, de especiarias, de mel e frutos, de luzes, de esmeraldas, diamantes, ouro, prata e de mares com águas calmas e mornas que nos fazem sentir à porta do Paraíso.

6) Apenas para incentivar à leitura do livro gostava de referir algumas das figuras e dos episódios que mais me chamaram à atenção:
• O Reino de Prestes João • Bento Castanho – um dos narradores • A história de Iria Pereira e do filho Diogo • A Joana e a Isabel –Zobeida e Giauhare • O Corsário Soleimão Dragut – ao serviço de Soleimão o “Magnífico” • O Cerco de Diu – Coja Çofar – Bahadur • Tristão Gomes •  2º narrador do Cerco de Diu • Chaul de baixo – portugueses • Chaul de cima – mouros • Filho de D. Francisco de Almeida – Lourenço, que morre a combater atado a um mastro depois de lhe terem partido as duas pernas • A tomada de Goa em 1510 • Carta de Afonso Albuquerque a D. Manuel “Casados segundo o mandamento de Afonso de Albuquerque, O Terribil• Rui Dias e a sua Nazima • A última história passada em Diu e contada no final do Livro II - mar da Arábia e Malabar é fantástica:
“Os portugueses depois de terem morto cinco dos “rumes”(mouros) e prendido os restantes simulam uma cena de canibalismo impressionante. António Azevedo manda que retirem os fígados e manda-os assar. O escravo corta o fígado em postas leva-os para a cozinha, troca-os por fígados de porco e come-os com os seus companheiros obrigando os guzarates a assistir à cena”. “Terminado o repasto, o capitão deixa sair os guzarates e o rume sobrevivente, mais morto do que vivo, para irem contar o que tinham visto”.
• A viagem ao Reino dos Batas • Os antropófagos de Samatra, Malaca e Java • O mito da Criação de Samatra • A descrição de uma arma desconhecida que é o “boomerang” • Timorraja • A História da Marquesa • Inês de Leiria – Filha de Tomé Pires – Vasco Calvo  (o Alcochete) • A vida na China: O imperador – O Leão Coroado no Trono do Mundo – O carácter que representa o Imperador • Um pormenor mas muito significativo é a descrição do enorme número de livros que é publicado na China; Escolas e Universidades: Mandarins aí formados e Exame para entrada na administração pública (Matteo Ricci - Jonathan Spence - The Memory Palace of Matteo Ricci).• O grupo dos três amigos solidários entre sí: Fernão, Zeimoto e Cristóvão • Yin e o Yang – muito bem explicados: o céu e a terra – a luz e a sombra – o masculino e o feminino  – o branco e o negro (Tudo se completa - O Taoismo). • Admirável a comparação entre as Letras de Câmbio e as Indulgências. • A Muralha da China: o Amato Lusitano; Vasco Calvo e a família que ali vivem. • A paixão por Huyen a Noiva Roubada: “Cativa mas indomada, doce como o mel, enigmática como uma especiaria, dura como um diamante” – A verdadeira encarnação do oriente, uma das mulheres mais bonitas e atraentes que o livro contém – A morte de Huyen no naufrágio, morrendo agarrada aos dois irmãos e com Fernão sem conseguir salvá-la. • A viagem de Fernão de Magalhães, em que a propósito conta: “ a glória podia ter cabido a Portugal mas na nossa terra “quando na república a monda cresce, os bons não vêm o lume”• A descrição da conquista de Malaca por Afonso Albuquerque • A carta de S. Francisco Xavier aos seus companheiros residentes em Goa em que descreve os japoneses dizendo que “entre gente infiel, não se encontrará outra que ganhe aos japões” • O encontro com S. Francisco de Xavier. Diz a narradora/ autora: “Acompanhámos Fernão Mendes Pinto durante a primeira década da sua peregrinação de vinte anos no Oriente, aquela em que mais viagens fez, mais países visitou, mais desastres sofreu, mais fortunas ganhou e perdeu e mais personagens encarnou – espião, embaixador, médico, corsário, mercador, contrabandista e guerreiro mercenário-, que ele narra nos primeiros duzentos capítulos da sua obra. Apartamo-nos dele aqui, porque esta nossa narrativa já vai longa – sendo o tempo tão curto e a vida tão breve – tanto mais que nos vinte a seis capítulos restantes Fernão vai contar, não as suas façanhas mas as do padre Francisco Xavier de quem se fez amigo. Após a morte do fundador da Companhia de Jesus , Fernando Mendes Pinto sentiu uma profunda exaltação religiosa e decidiu abandonar as ambições e prazeres mundanos para se consagrar a Deus. Entrou para a ordem como noviço, despojando-se de todos os seus bens, libertando os seus escravos e doando aos jesuítas a avultada fortuna que finalmente conquistara. Passado um ano de noviciado, todavia, na sua quarta viagem ao Japão como embaixador ao serviço da Coroa e do padre Mestre Belchior Nunes Barreto, curou-se da crise de misticismo e saiu da Companhia de Jesus, regressando pouco depois ao reino, no ano de mil quinhentos e cinquenta e oito, para casar, criar família e escrever a sua Peregrinação que, no entanto, não foi publicada em sua vida.”

NOTAS FINAIS

1) A GLOBALIZAÇÃO
Fernão é preso e vendido na Costa de Malabar a um grego num mercado da Arábia. Alguém diz: “Os portugueses …sabem trabalhar nos barcos, na pesca ou em qualquer outro ofício…ou então podeis vendê-los na Índia ou no Cairo…".

2) OS PORTUGUESES
Algumas notas que se retiram e que podem ser verificadas na vida de hoje a) Logo no início quando se fala de D. Manuel diz-se “O Venturoso, assim que subira ao trono começara a desfazer tudo o que o cunhado fizera e a afastar todos os homens da sua confiança”.
b) O grande Rei D. João II – “que escolhia os homens segundo as suas qualidades, valor e mérito, sem jamais atender a peitas ou influencias”.
c) A inveja – “O seu espírito crítico mantém-lhe os pés assentes na terra e Fernão duvida se terá coragem para pôr em letra de imprensa o relato das suas viagens” e depois diz – “teme a invejice dos portugueses, um povo propenso como nenhum outro à murmuração contra os que sobressaem da mediana condição”. (comparar com Camões-última palavra dos Lusíadas).
d)A desorganização –A fala que Martim Afonso de Sousa fez ao Vizo-Rei: “ – Apenas oitocentos desses reinóis são fidalgos, cavaleiros ou homens de criação das casas reais – contrapõe o capitão Guedes, com um riso amargo -, os restantes são gente bisonha, «de quinhentos réis de soldo», criminosos, maltrapilhos e moços sem barba. Quando mais necessitamos de gente sabedora das cousas da Índia, calejada da guerra, trocam o governador e mandam-nos gente que nunca empunhou uma espada, sem préstimo para nada, quanto mais para combater… – O feitor tira uma carta de um estojo e agita-a no ar: – A gente mais antiga da India, que queria combater sob as ordens de Nuno da Cunha, está muito agastada com esta mudança. Escreveram-me a contar a fala que Martim Afonso de Sousa fez ao vizo-Rei quando este se queixou de não achar homens que quisessem ir na armada. Ouvi, que vale a pena.  – Desdobra a folha e lê:  – Senhor, os homens da India são já enfadados de sempre servir com muitos trabalhos a pobreza, de que vêm a morrer no hospital, os que não morrem no mar ou na guerra. E quando esperam mercê de satisfação, então se vai o governador com que serviram, e tornam a começar a servir de novo com o governador que vem; e assi são velhos no serviço e novos no merecer. Pelo que, senhor, não se espante vossa senhoria achar os homens enfadados, e a culpa não a deite aos capitães e fidalgos, porque esta é a verdade.”.
e) Uma conversa muito interessante passada na China entre Fernão e Jorge e três tártaros que querem saber quem são e de onde vieram aqueles portugueses. Diz um dos tártaros: “Esta gente, ao vir conquistar terra tão distante da sua pátria, dá claramente a entender que deve haver entre eles muita cobiça e pouca justiça”Ao que o outro responde: “Assim parece, porque homens que por industria e engenho voam por cima das águas todas, para adquirirem o que Deus lhes não deu, ou a pobreza neles é tanta que de tudo lhes fez esquecer a sua Pátria, ou a cegueira que lhes causa a sua cobiça é tamanha que por ela negam a Deus e a seus pais”. (Peregrinação).
f) As desavenças entre portugueses “Fernão dava-os por perdidos. Embora não sentisse estima por eles, lamentava deveras a sua perda, visto serem os portugueses tão poucos e tão dispersos por aquelas longínquas paragens, que só teriam salvação se se unissem e amparassem, em vez de se digladiarem em contínuas quezílias, tratando de matar-se uns aos outros ao menor desentendimento. Como sucedera com o seu bando.”

2) Promessas que não são cumpridas Fernão que trabalha para Pêro de Faria e é embaixador de um grande Reino promete a Timarvaja que depois da guerra com os “achens” os portugueses de Malaca lhe vão restituir as terras perdidas. Perante esta promessa o Timorraja diz-lhe: “Rogo-te que não tomes por tão néscio que creia nas vossas promessas.”

3) A Deana termina o livro com uma frase nos agradecimentos em que depois de agradecer ao João Pires Ribeiro a sua colaboração nos diz “ ajudando-me a escolher as melhores histórias para o leitor poder agora provar o gosto da canela, do cravo e da pimenta” e eu diria também dos “borrachões” cuja receita é idêntica à dos que faziam em minha casa em Castelo Branco.
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Published on December 27, 2012 08:18