Deana Barroqueiro's Blog: Author's Central Page, page 58

December 26, 2012

O Governo visto pelos do seu próprio Partido

Não desliguei a televisão na hora dos discursos do 1º Ministro e do Presidente da República, mas não os ouvi, porque me repugnam pela incompetência, pela mentira e pela hipocrisia. Durante esse tempo de desperdício (de histórias de faz-de-conta ou de má telenovela com actores de 3ª categoria), liguei a televisão por cabo e estive a ver desenhos animados, mais reais e humanos do que os títeres da Troika que nos governam.
Também não li os seus discursos nos jornais, pois todos sabemos o que disseram, sem mesmo os ouvirmos.
Mas li este texto de José Pacheco Pereira, correligionário do Partido do Governo, no seu Abrupto, do dia 22 de Dezembro de 2012, que aqui  deixo  aos meus amigos por crer que vale a pena ler e meditar:


O MÉTODO: NO DIA ANTERIOR
"Quando o dinheiro da família acaba não se pode ir ao casino porque não tem dinheiro para jogar." (Passos Coelho)
É sempre o mesmo. Num dia assiste-se á divulgação de um relatório qualquer, com algumas estatísticas selectivas, cuidadosamente sublinhadas, em muitos casos de organizações com uma agenda ideológica e politica, e noutros casos manipuladas de forma grosseira, quando não falsas. O conteúdo é invariavelmente o mesmo: Portugal é um país de privilegiados, os funcionários públicos são os que tem mais regalias na Europa, os operários os mais bem pagos, os dias de férias mais numerosos, os subsídios abundam, um estado social falido despeja a sua cornucópia de abundância sobre gente que não quer trabalhar e espera tudo do paternalismo estatal. É o casino.
 Depois do resumo distribuído pela LUSA, ou passado ao Correio da Manhã, de tais alarmantes números e constatações, os blogues ligados ao poder, muitos escritos por assalariados directos do governo, explodem de indignação. Imaginem lá até as mamas implantadas recebem subsídios! O mundo estaria a acabar se não fosse a determinação de Passos Coelho, Gaspar, Borges e Relvas (este é citado mais prudentemente…) em corrigir os desmandos do “regabofe” que, de Cavaco a Sócrates, mais os vícios de dependência dos portugueses, levou o país á bancarrota.
Depois, a comunicação social divulga sem verificação, sem contraditório e sem ouvir quem sabe sobre essas matérias ou porque as estudou, ou as ensinou toda a vida, ou escreveu livros, essa forma anti-mediática de expressão que dá muito trabalho a ler em vez de uma rápida procura no Google. Muitas vezes, em debates fora do prime time, quem verdadeiramente sabe sobe pelas paredes acima para tentar repor a verdade, mas não vale a pena. O sistema foi feito para a mentira conveniente e uma série de profissionais dessa mentira, em nome do marketing e da assessoria de comunicação, estão aconchegados nos gabinetes ministeriais, para fazer essa sale besogne de nos enganar.  
O MÉTODO: NO DIA SEGUINTE
 Depois, no dia seguinte, uma declaração ministerial, ou uma fuga de informações, anuncia a intenção do governo de proceder a uma nova vaga de austeridade moral, para combater os privilégios e repor a justiça social, que a neutra e preocupante estatística do dia anterior exigia. Não faltam exemplos, entre os quais os mais recentes se centram nos “estudos” que o primeiro-ministro disse ter sobre como é que o “estado social” beneficia em primeiro lugar os que menos precisam, e sobre o severo número de dias de subsídio de desemprego pagos na Europa, por comparação com os excessos sumptuários dos portugueses, o que é pura e simplesmente falso.
 Já disse e repito outra vez: as armas da retórica do poder assentam nas velhas técnicas da omissão da verdade e da sugestão de falsidade, a que se soma a velhíssima mentira. É por tudo isto, e pela facilidade de circulação de tudo isto (como já se passava com as estatísticas optimistas de Sócrates) que o espaço público é um lugar muito mal frequentado em Portugal.  José Pacheco Pereira

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Published on December 26, 2012 11:26

December 24, 2012

Poema de Natal


A todos os meus amigos, homens, mulheres e crianças, dedico este belo Poema  de Natal que me enviou Maria Teresa Horta, com os meus desejos de um perfeito Natal e um Ano de 2013 sem grandes sobressaltos.


FRÉMITO DE LUZ 
Há um frémito de luz
que se adivinha
um perfume louro adormentado


Com bagas escarlates
de azevinho   E rosas
brancas a decorar a tarde


Há um rasto de neve
e nascimento  Doces de mel
lume e frutos secos


Um sussurrar fugaz
a mitigar  Um sopro
um suspirar, um som dolente

 Memória da infância a recordar
O perpassar do anjo
n
                  Maria Teresa Horta Natal, 2012   
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Published on December 24, 2012 19:12

December 19, 2012

Votos de um Magnífico Fim do Mundo


21 de Dezembro 2012

Caríssimos Leitores, Amigos e Amigas:

Desejo um Esplendoroso Fim do Mundo a todos e venho convidar-vos a festejarem-no comigo e com outros simpáticos companheiros, em animada cavaqueira e saboreando os portuguesíssimos Borrachões (da personagem Iria Pereira, de O Corsário dos Sete Mares - Fernão Mendes Pinto), na Biblioteca S. Domingos de Rana/Cascais, às 21.30. h.

 Podem ver o endereço e coordenadas da Biblioteca, para o Fim do Mundo, no Cartaz do "post" anterior. 
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Published on December 19, 2012 17:55

December 18, 2012

Conversa com os Leitores na Biblioteca de Cascais - S. Domingos de Rana

Caros Amigos e Amigas de Cascais, Lisboa e arredores:

Sexta-feira, dia 21 de Dezembro, às 21.30 h., estarei à conversa com os leitores e frequentadores da Biblioteca de S. Domingos de Rana - Cascais, sobre O Corsário dos Sete Mares - Fernão Mendes Pinto. O grupo de amigos de Jorge Castro, o organizador das sessões "Noites com Poemas", é simpatiquíssimo e também participará com textos seus e de outros. Lá os espero, para uma animada sessão.
Endereço da Página: http://www.cm-cascais.pt/evento/noites-com-poemas-o-corsario-dos-sete-mares-fernao-mendes-pinto 

Endereço da Biblioteca Municipal de Cascais São Domingos de Rana
Rua das Travessas, Bairro do Moinho, Massapés, Tires
2785-285 São Domingos de Rana

Como chegar:

- Saída da A5 (Lisboa-Cascais), na saída de Carcavelos, mas em direcção a Tires, isto é, a seguir à portagem, encostado ao lado direito.- Sobe até à primeira rotunda e vira à esquerda. Vai ao longo da parede do cemitério (salvo seja…) (Av. Amália Rodrigues), contorna a segunda rotunda e segue em frente.
- Chegado à terceira rotunda vira à direita (Rua Principal);
- Contorna a quarta rotunda e segue em frente. Vira na primeira à esquerda e está um parque de estacionamento à direita que dá serventia a um polidesportivo e à Biblioteca. Chegou!

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Published on December 18, 2012 04:16

December 16, 2012

No Segredo dos Livros...

Recensão crítica de O Corsário dos Sete Mares:

"Estamos perante mais uma das maravilhosas obras de Deana Barroqueiro que dá gosto ler. Não há dúvida de que são romances, porque a dose de ficção tem a fatia de leão. Mas não deixam de ser livros de história, bem alicerçados numa investigação tanto em obras escritas, como em visitas aos locais mencionados. É o caso deste seu novo romance que, sob o pretexto de narrar as andanças e desandanças do extraordinário aventureiro que foi Fernão Mendes Pinto, o Corsário dos Sete Mares, como bem o apelidou, nos dá a conhecer (ou nos recorda) a época dos Descobrimentos Portugueses, especialmente o que se passou nas terras do Oriente no século XVI.

Os nossos jovens são cada vez menos instruídos acerca desta gloriosa época da nossa História e é importante que apareçam escritores que, de uma forma mais airosa do que através dos maçudos livros de História, glosem estes feitos e os tornem atrativos para os leitores de todas as idades.

Já que vem a propósito, louvo os autores que, como Deana Barroqueiro, têm, nos últimos tempos, publicado obras, de ficção ou não, inspiradas em personagens e factos da História de Portugal, como João Paulo Oliveira e Costa, Helena Sacadura Cabral, Isabel Stilwell, Sara Rodi, Sónia Louro, Jaime Nogueira Pinto, Fina d'Armada ou Júlio Magalhães, por exemplo. Até há uns tempos atrás, quase só se publicavam em Portugal livros sobre o Egipto dos Faraós, a Inglaterra dos Tudor, a França dos Bourbons ou de Napoleão, a Rússia dos Czares ou a Alemanha dos Nazis. Parecia que Portugal não tinha heróis...

O estilo de Deana Barroqueiro é inconfundível. Põe nos seus livros o seu entusiasmo pelos temas que desenvolve. Vê-se que Deana ama o que faz; escreve com o coração e com a cabeça. Dotada de grande erudição e conhecimento da língua, fruto da sua formação académica e da sua experiência de mestre durante muitos anos, a sua escrita cativa o leitor.

No caso concreto desta obra, temos passagens deliciosas, umas dramáticas, outras burlescas, outras líricas, mas todas de grande encanto para o leitor. Procurou e conseguiu mostrar o épico e o grandioso do Império Português do Oriente, mas também a mesquinhez, a falsidade, a corrupção, a ganância de muitos dos seus agentes. Exaltou os heróis e desmascarou os vilões. Mas, sobretudo, mostrou a temeridade que representou a gesta dos Descobrimentos, onde pequenos grupos de portugueses destemidos arrostavam contra a fúria dos elementos montados em cascas de noz, venciam exércitos centenas de vezes superiores e conquistavam reinos governados por senhores poderosos. Eram mercadores, soldados, navegadores, construtores, evangelizadores , mas também corsários, mercenários, traficantes. Uns eram leais ao seu Rei e à sua Fé, mas outros eram falsos e traidores, só pensando em enriquecer muito e depressa, aliando-se por vezes aos nossos inimigos e sabotando a obra que os Vice-Reis procuravam construir no meio das maiores dificuldades.

Enfim, estamos perante uma grande obra, de grande qualidade, com muita informação, mas também muito fácil de ler, cheia de aventuras, com reviravoltas a cada passo, que vai agradar, certamente, a mais novos e mais velhos, mais cultos e menos cultos.".

Sebastião Barata, Segredo dos Livros, 16-12-2012
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Published on December 16, 2012 17:31

O que o Jornal de Angola diz sobre os Portugueses

 Não me parece que o Jornal de Angola pratique um jornalismo isento e ainda menos a favor das boas relações que o nosso Governo afirma que existem entre Portugal e Angola. Será este tipo de "jornalismo" racista e xenófobo que iremos ver paraticar em Portugal, quando os nossos Media passarem para as mãos dos donos de Angola?

Artigo de Rui Ramos |
28 de Novembro, 2012


  Privilegiados contra desesperados

Milhares de portugueses desesperados formam diariamente filas intermináveis nos Centros de Emprego e outros largos milhares ainda é noite e lá vão para Alcântara na tentativa esperançosa de conseguir um visto para Angola, a nova Terra da Promissão.
O povo português é tradicionalmente um povo pobre, povo de olhar o chão para ver se encontra centavos, tostões ou cêntimos. Mas de repente votou num poder que lhe abriu as portas do paraíso artificial. Desatou a contrair empréstimos para comprar primeira, segunda e terceira habitação, carros para cada membro da família, computador para cada membro da família, cão para cada membro da família, um telemóvel por cada operadora para cada membro da família.
Os bancos fizeram o seu trabalho de casa, deram empréstimos a cada membro da família, deram cartões de crédito, cinco para cada membro da família, até bebé tem cartão de crédito e empréstimo bancário em Portugal.
Narizes empinados, até pareciam ricos. Parecia que estavam a crescer, a subir. Tinha até motorista de autocarro 463 que não parava na paragem quando trabalhadora cabo-verdiana tocava. Trabalhar para pretos?
Menina mais castanha era chamada de “suja”, vai para a tua terra. Presidente da Câmara de Lisboa apanhou sol desde os tempos dos avós e muitas pessoas chamavam-lhe “o preto da Câmara”. Gostam muito de chamar “pretinho”, gostam mesmo.
De repente acabou a teta da loba, secou, voltou ao que era, como sempre foi: país muito pobre. Quase dois milhões no desemprego para o resto da vida. Prosperam negócios ilegais, nas cervejarias trafica-se droga na cara da polícia, à luz do dia assaltam-se pessoas e supermercados impunemente, a polícia diz que não pode fazer nada.
Então chegam notícias, não de Preste João, mas da teta angolana: tem leite enriquecido.
Chiu, não chama mais preto, eles não gostam e não te dão visto. E então a procissão de nossa senhora da esperança avança para Alcântara, enche o passeio como uma jibóia. Marcam lugar, vão rápido no bar, menina, uma bica bem escura, eu não sou racista. Na bicha só se ouve “eu não sou racista, nunca fui, eu nunca chamei preto a ninguém, acho que me vão dar visto…
Esses são os desgraçados, arruinados, miseráveis de um país no abismo. Outros vivem desses. Os candongueiros, os fugitivos dos impostos, mas também os intelectualóides que já foram paridos com um livro na mão. Passam lá de madrugada quando voltam para casa e ao verem aquela bicha espumam como cão vadio, põem cara de podre e murmuram “pretos da merda”, passam na bicha e trombeiam “aquilo lá é uma ditadura, os chineses comem pessoas…”.
Ninguém liga a esses pereiras gayvotas de rabo gordo. Depois quando acordam a meio da tarde voltam lá – e lá está a bicha – outra bicha interminável, para recolher os vistos, os intelectualóides trombilham de novo, despenteados, casposos e com a boca suja (intelectualóide lusitano não lava os dentes): “ide lá, ide, ide lá fazer filhos mulatos…”
Derrotada em Sintra, à beira da exaustão nervosa, depois de três horas no IC19, Ana Gomes chega a Alcântara e fala de longe aos desesperados de migalhas: “Eu sou amiga de Angola, eu nunca falei mal de Angola, quem falou mal foi o doutor Pacheco Pereira, eu nunca fui à Jamba, eu nunca vi o Savimbi, eu não pus nome de Savimbi no meu filho, quem pôs foi o João…” Os zombies lusitanos não a ouvem, nem a ela nem ao tal Pereira, os ciumentos, os despeitados, os preconceituosos, os vozinhas finas, cheios de raiva por causa daquelas bichas longas, cada pessoa que ali chega desesperada que chega à bicha é mais uma cárie naqueles dentes sujos: “não, não, não estão a chegar mais, doutor, diga-me que não estão a chegar mais…”.
Quem chega atrasado à interminável bicha diária e não ouviu, pergunta quem é aquela nervosa com aqueles tiques esquisitos. Um desesperado lhe diz, desinteressado: é uma gaja de Sintra que está bem instalada na Europa e vem aqui cuspir perdigotos gozando connosco, como aquele Pereirinha gorduxoso esquisito que brinca com a nossa miséria.
Então o desesperado alcança a porta e uma luz se abre, chora de alegria pela primeira vez há muito tempo, sai do mundo escuro dos mortos e entra no mundo luminoso da esperança.
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Published on December 16, 2012 08:56

December 15, 2012

Sugestão do Blogue Porta-Livros

"Sugestões para um cabaz de Natal (Parte II – Os mais velhos):

Outra excelente opção de prenda literária é O Corsário dos Sete Mares, de Deana Barroqueiro, romance histórico sobre Fernão Mendes Pinto e as suas viagens que nos leva, isso mesmo, numa longa viagem de mais de 600 páginas. Do bom pedaço que já li deste livro retenho uma linguagem cuidada e rica que descreve pormenorizadamente, mas sem aborrecer, partes importantes da História de Portugal a um ritmo de aventura, traçando um vivo retrato da época dos Descobrimentos. Escrito com um detalhe precioso, o livro de Deana Barroqueiro, uma edição Casa das Letras, transporta-nos para uma outra época e faz de nós, leitores, testemunhas e participantes desta peregrinação pelo século XVI. Um livro de um colorido e uma vida excepcionais capaz de cativar quem gosta de História e/ou grandes aventuras."
 Rui Azeredo - Blogue Porta-Livros , em 13-12-2012.
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Published on December 15, 2012 12:03

Acontecimentos Literários do Ano de Portugal no Brasil


Alexandra Lucas Coelho, cronista do jornal Público, escreve sobre uma delegação de "novíssimos autores", que o Grupo LeYa com o apoio do Instituto Camões escolheu para uma colecção e “tours” de promoção integrados no Ano de Portugal no Brasil, em Novembro passado. Os primeiros cinco (de dez) “Novíssimos” em que o grupo editorial LeYa investiu  foram  João Ricardo Pedro, Nuno Camarneiro, Sandro William Junqueira, Patrícia Reis e Patrícia Portela.

Ao ler o artigo de Alexandra Lucas Coelho, com citações destes jovens escritores, incluindo o vencedor do Prémio LeYa de 2012, as suas intervenções parecem-me manifestações de infantilismo e de um fraco conhecimento da grande Literatura mundial e dos seus maiores mestres do que rasgos de juventude e originalidade.

Como diz António Guerreiro, no Actual/Expresso de 17 de Novembro, comentando o referido artigo: "No nosso tempo, a juventude tornou-se um padrão comportamental e de consumo, mas desapareceu como categoria de espírito, não tem pretensões históricas (não interrompe nem desvia o curso do mundo) nem metafísicas (tornou-se mero objecto sociológico)." (...) "A ideia de uma metafísica da juventude está ligada a uma geração trágica delapidade pela guerra; os "novíssimos", sem juventude nem metafísica, são também solddados de uma guerra em curso, sem grandeza nem tragédia, mobilizados para a batalha da novidade, com a linguagem que os velhos lhe forneceram, sem nenhuma concepção de História".

Alexandra Lucas Coelho comenta assim a mesa redonda dos Novíssimos Autores Portugueses:

(...) "O programa da festa resumia: “Uma mesa portuguesa com certeza.” A explicação vinha a seguir: “Esta mesa é o marco inaugural, no campo da literatura, do Ano de Portugal no Brasil. Esses autores farão em seguida um tour pelo Brasil. Cada integrante lerá um texto curto sobre o seguinte assunto: o que faz de mim um escritor português? E uns comentarão o texto dos outros (...)

Playboy, Homero, crise
 Não havendo moderador, a também jornalista Patrícia Reis (que na colecção Novíssimos tem “Por Este Mundo Acima”) assume a condução: “Nenhum de nós se chama Manuel, nenhum de nós se chama Maria, nenhum de nós tem bigode…” Serão escritores portugueses ou escritores ponto? “Escritora ponto”, responde Patrícia Portela (“Para Cima e Não Para Norte”). “A geografia é um acidente. A língua talvez não.” Inaugurando o estilo que manterá no debate, João Ricardo Pedro (“O Teu Rosto será Sempre o Último”, Prémio Leya 2012) conta que era “um mau engenheiro e um mau português porque queria ser brasileiro”, que cresceu “a ver ‘Playboys’”, que nunca pensou que um país que já tinha Tom Jobim, Chico Buarque e Pelé “ainda tivesse escritores bons”. Sandro William Junqueira (“Um Piano para Cavalos Altos”) nasceu na Rodésia, actual Zimbabwe. “Espero nestes dias aqui ter uma consciência melhor do que é ser português.” O seu romance “pode ser em Portugal ou na China”, mas a língua é importante. “Dostoiévski é o meu avô. Clarice Lispector é a minha madrinha de casamento.” João Ricardo interrompe: “Não. É a minha amante.” Sandro insiste: “Não. É a minha madrinha de casamento.”

Patrícia Reis passa a palavra a Nuno Camarneiro (“No Meu Peito não Cabem Pássaros”), apresentando-o assim: “O único entre nós que tem vida sexual activa porque é o único que não tem filhos.” Pausa. “Como é contigo, Nuno, português, escritor…?” Agradecendo quanto à sua vida sexual, ele responde: “Todos os que nascemos ali no rectângulo somos portugueses, uns por inevitabilidade outros por incompetência.” As duas Patrícias trocam o papel de moderadoras, para que Patrícia Reis possa responder também, dizendo que se considera “profundamente portuguesa e europeia”, embora as interrogações universais da literatura a aproximem de “brasileiros, americanos ou israelitas”. Patrícia Portela, que vive em Antuérpia, casada com um flamengo, e tem uma filha bilingue, diz: “Eu sou russa.” Explica como o seu livro foi escrito em inglês, no contexto de um espectáculo internacional em que a única coisa portuguesa era ela. Quando correu mundo, foi melhor entendido na Rússia. Os russos sentiam que ela lera Púchkin e outros. E lera.

João Ricardo avança para a tirada António Lobo Antunes-“wannabe”-da-tarde”: “Uma das que eu mais gostava era a Bruna Lombardi. Numa novela estava apaixonada pelo Tarcísio Meira. Mas havia um problema. Ele tinha um tumor na cabeça. Sabiam que a todo o momento ele podia morrer. E é isso que nos faz escrever. Se calhar vou ficar aqui num cemitério no Rio de Janeiro. Os escritores anseiam pela imortalidade. O único que conseguiu foi o Homero. Eu quero ser o Homero do século XXI. Quero ser lido daqui a 20 mil anos.” Sandro atenua: “A vaidade é uma resposta. Mas se calhar [escrever] também é uma salvação.” Nuno confessa: “Admiro o João por conseguir todos os saltos dialécticos partindo das erecções infantis. Eu sinto que estou a escrever para que as palavras me entendam. Quando se lê muito, pensa-se que se tem uma dívida. Quero oferecer alguma coisa.”
Patrícia Portela concorda com Sandro sobre a escrita (“uma salvação”), evocando a teoria mais interessante da tarde: “O caos, o mundo é uma consequência de toques mínimos entre corpos, e quando entra em cena o terceiro corpo tudo pode acontecer.” É também esta Patrícia que fala, já respondendo à plateia, de como a sua geração é “híbrida”, a primeira a trabalhar tanto fora, e de como viver fora enriquece a língua.

A pergunta mais espicaçante vem de Julio Ludemir, o idealizador da FLUPP: quer que falem da crise, mas os cinco começam por desviar o assunto com piadas. Sandro acaba por resumir o negro do momento, falando das contas que tem atrás da cabeça, quando se senta para escrever. “Claro que isso interfere. A minha energia devia estar canalizada para escrever.” Todos concordam que a literatura acabará por absorver este momento.
Em 2013, a LeYa quer levar os outros cinco autores “Novíssimos” a Paraty, em Julho, juntando-se à programação paralela que acontece durante a FLIP.".
(Público, 12-11-2012)  
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Published on December 15, 2012 06:22

December 14, 2012

À Volta dos Livros

Entrevista feita a Deana Barroqueiro, por Ana Daniela Soares, no programa À Volta dos Livros, da Antena 1, sobre o seu novo romance O Corsário dos Sete Mares - Fernão Mendes Pinto.

Para ouvir aqui:
http://www.rtp.pt/play/p312/e102077/a-volta-dos-livros
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Published on December 14, 2012 03:57

December 7, 2012

Governo brasileiro prepara decreto para adiar acordo ortográfico para 2016

Se se confirmar esta notícia, talvez haja uma esperança de voltarem atrás com a aberração do Acordo Ortográfico. Senhores Governantes de Portugal e, sobretudo, Senhores autores do A. O., assim como os responsáveis das instituições de Cultura, os Editores e jornalistas que se apressaram a pô-lo em prática antes da data oficial, vejam como vos pagam no Brasil pela vossa subserviência e pela corrupção da nossa riquíssima Língua Portuguesa, origem de todas as outras dos países que falam Português! Os que cometeram o crime de lesa-Pátria, à revelia de todos os que amam a nossa Língua (e a utilizam como uma nobre arte), façam um clube ou uma Fundação e fiquem a falar entre si esse dialecto que criaram!
 Notícia do BrasilO senador Cyro Miranda, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB-GO), anunciou que a Presidente do Brasil, Dilma Roussef, está a preparar um decreto que adia a entrada em vigor do novo acordo ortográfico (AO) naquele país para 2016. O acordo é aplicado nas escolas portuguesas desde 2011. Fonte da assessoria do Ministério de Relações Exteriores brasileiro avançou aos meios de comunicação locais que a pasta está a preparar um decreto que será apresentado à presidente Dilma Rousseff e que tem o intuito de protelar a entrada em vigor do novo AO, escreve o Jornal do Brasil. O acordo, assinado em 2008 por sete países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), e que pretende simplificar as regras ortográficas e aumentar o prestígio da língua no cenário internacional, deveria ser aplicado pelo governo a partir de 1 de janeiro de 2013, ditavam as normas estabelecidas pelos países.
O senador de Goiás, Cyro Miranda, um dos mais acérrimos críticos do novo acordo, confirma que a presidente Dilma Rousseff tem a intenção de emitir um decreto que adia a data.
Cyro Miranda acrescenta que o ideal seria adiar a vigência para 2018 ou fazer um outro acordo que tenha a contribuição de mais setores da sociedade.
“Para além do novo acordo ter sido mal feito, os professores ficaram de fora”, disse. “Precisamos de rever tudo. Temos que descomplicar a língua, se não vai ser só retórica... Temos que aprovar um formato com lógica”, disse Cyro Miranda, citado pela Agência Brasil. O senador afirma que governo brasileiro vai sugerir aos outros países que adiem a vigência do novo AO para que todos possam fazer uma total reformulação.
As mudanças nas regras da língua portuguesa foram elaboradas para uniformizar a grafia dos países que utilizam o idioma e dos oito membros da CPLP apenas Angola não aderiu ao documento.
O novo AO foi introduzido no sistema educativo português em 2011. A 1 de janeiro de 2012, órgãos, serviços, organismos e entidades governamentais adotaram oficialemnte a nova grafia.Nuno de Noronha  
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Published on December 07, 2012 09:52