Igor Marcondes's Blog, page 14

August 26, 2019

Enganadora

A memória tem seus truques

se esconde para fingir

que foi embora

mas abraça o corpo

quando tentamos fugir

ela não fala, ela chora

como quem quer desistir

por pena dela, também choramos

porque do abraço vem a dor

em seu toque nos contaminamos

e o presente perde sua cor

ela nos vence pelo pensamento

quer de nós o que já não temos

para que não caia no esquecimento

e acreditarmos que a queremos

mas sabe que nunca voltará à vida

pois sua essência é aquilo que acabou

dela só resta a ilusão dissolvida

do que o tempo não superou

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Published on August 26, 2019 05:23

August 23, 2019

O relativo tempo da cura

Faz pouco tempo

mas ficou

intacto

só por ter

existido


faz pouco tempo

que acabou

o pacto

que por existir

foi proibido


faz pouco tempo

mas restaurei

o impacto

da proibição

que tinha destruído

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Published on August 23, 2019 05:37

August 20, 2019

Minha sombra

Quando te vi

me vi um pouco

também

era com nitidez

minha sombra

em alguém


mas a sombra

se apaga

sem luz

e assim como

o sol dorme

eu me pus


e por ser

sombra

entendo

ela é um pouco

do que sou

e não mereço


agora a vejo

e me aparto

sem a negar

já que ela

não me impede

de amar


então continuo

e não a emito

em ninguém

pois com ela

sou completo

não busco além

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Published on August 20, 2019 14:44

August 18, 2019

Nosso papel no tempo

Na memória do tempo

somos instantes

minúsculos

mas importantes

como cada grão

de areia que sustenta

a construção

e como cada gota

de sangue que move

o coração

do cosmo perfeito

que é o próprio tempo

e em nós experimenta

a efemeridade

pra não perder

sua eternidade

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Published on August 18, 2019 14:36

August 17, 2019

Fruta amadurecendo

Dos beijos

já provei

o passado

amargado

na sua boca


agora quero

sem pressa

o presente

quente

tirando a roupa


e se o futuro vier

eu espero

todo o doce

como se beijasse

a polpa

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Published on August 17, 2019 15:06

August 15, 2019

Minha experiência como autor independente – parte II: a crítica*

Como todo autor (talvez principalmente os independentes), eu também tinha/tenho medo da crítica. No post anterior, comentei que não esperar uma editora considerar meu livro “publicável” me ajudou a superar uma parte do medo da opinião alheia, aquela que impede uma pessoa de expor seu trabalho.


Mas ficam os questionamentos: as avaliações são justas? Notas e resenhas importam? Bom, é possível que essas perguntas só sirvam para refletirmos sobre o assunto, posto que as respostas são muitas e cheias de experiências individuais, que sem dúvida guardam um pouco de verdade comum.


No meu caso, para lidar com a crítica, é fundamental ter apoio de quem me conhece pessoalmente. Daí, alguns dirão: vida pessoal não se mistura com a profissional. Todavia, a realidade é que sem amigos e familiares me apoiando, é mais difícil ler críticas negativas. Eles sabem o que me custa escrever meus textos, o quanto me entrego à escrita, reconhecendo minha obra, quem sabe, pela dedicação que tenho, mais do que pelo conteúdo, algo bem utópico, eu sei, mas essencial para que eu continue a escrever.


Além disso, não serei injusto com a dor de ninguém e dizer que é necessário aprender com as críticas negativas, porque só alguém pouco realista não considera o quanto isso machuca. Afinal, é o seu tempo, seus sentimentos e pensamentos ali, em texto, e alguém não gostou. Isso dói.


Apesar de alguns tratarem isso como trabalho e, portanto, mais focado na produtividade e num suposto “aprimoramento”, eu não consigo e nem quero ignorar o fato de que é triste alguém classificar sua obra como ruim, pois naquele momento, aquele foi o seu melhor e você mesmo viu o material dessa forma.


Sendo assim, nem sempre as avaliações são justas, porque como pessoas, queremos empatia. Como autores, por outro lado, devemos saber que, depois que publicamos a obra, ela está fadada à crítica, ou seja, não está sob nossa responsabilidade. Para lidar com isso, eu prefiro me apegar às críticas boas, não apenas de familiares e amigos que leram minhas obras, mas de desconhecidos que me deram uma chance.


Retirado do Goodreads.Retirado do Goodreads.
Retirado da Amazon.Retirado da Amazon.
Retirado da Amazon.Retirado da Amazon.
Retirado do Instagram.Retirado do Instagram.

Prefiro me ater a comentários como esses, pois entendo que eles têm mais valor para mim como autor e pessoa (nem deveria separar os dois, mas beleza). Eles demonstram uma conexão importante. São poucos, mas significativos e era algo que eu sequer esperava.


Nesse sentido, resenhas e notas importam, porque nos mostram que existem pessoas sentindo e pensando como nós. Além disso, é curioso pensar o que elas viram na obra que criou esse laço, o que as surpreendeu positivamente, o que elas perceberam que talvez nem o autor viu, mas escreveu.


É possível que este espaço seja pequeno para o tamanho dessa polêmica paradoxal que, como se vê, tem respostas bem pessoais, mas como conheço o medo da crítica, pensei que seria no mínimo interessante analisar um pouco o caminho que sigo, sem nem ao menos saber que ele existia.


Já que estou aqui, como exercício de superação do medo de críticas, peço que leia meus livros (Um poema para cada dia em que não te vi e Cinza São Paulo) ou meus textos no Instagram e deixe sua opinião.


*Artigo publicado originalmente no LinkedIn.

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Published on August 15, 2019 15:12

August 13, 2019

A realidade é salgada

Tem alguma coisa de triste

na alegria de te ver sorrir

tem alguma felicidade

na tristeza das suas lágrimas

uma gota, que seja

mas é a realidade

e ela é salgada

pouco doce

e um tanto amargada

porque se não fosse

talvez você não seria

quem nasceu pra ser

talvez não sorriria

e nada pior pode acontecer

do que te olhar

sem te ver feliz

ainda que tenha que chorar

vez ou outra pra valer a pena

cada músculo contraído

no ato de se alegrar

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Published on August 13, 2019 14:43

August 12, 2019

Rima óbvia

Agora que as palavras me cabem

me pergunto: sobre o que eu falava?

não era amor, porque hoje

entendo o sentimento

como isento de tristeza

não era amor, porque hoje

entendo o sentimento

como isento de medo

não era amor, porque hoje

entendo o sentimento

como isento de possessão

não, com certeza

eu não falava de amor

quando escrevi que amava

eu doía

quando escrevi que queria

eu chorava

então não,

não era amor

pode ter sido antes

mas depois, virou algo

que não sei nomear

além da rima fraca

além da obviedade

de dizer que era dor

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Published on August 12, 2019 14:47

August 10, 2019

Minha experiência como autor independente – parte I: o mercado*

O caminho dos autores rumo à publicação é variado, se antes as editoras disponibilizavam um endereço para envio de originais, agora, sem contatos ou agente literário (ou seja, sem investimento financeiro), é quase impossível adentrar o mercado editorial.


Nesse sentido, plataformas como o Kindle Direct Publishing (KDP), Wattpad, Kobo Writing Life, Clube dos Autores, etc., ajudam na exposição dos trabalhos e no angariamento de leitores. Além disso, o Instagram e o Facebook são bons aliados, mas pedem um pequeno investimento para que o alcance das publicações vá além das hashtags.


De qualquer forma, esse tem sido meu caminho: publicações diárias no Instagram (@igorautor) e no meu site pessoal (autorias.com.br), bem como o lançamento de livros na Amazon. Sucesso? Depende do ponto de vista. Ainda não vivo do dinheiro que recebo das vendas e, tirando as capas dos livros e as sinopses, faço tudo sozinho.


O que ressalto é que o exercício diário de escrita, me ajudou (e ajuda) a desenvolver minha técnica, culminando na publicação de “Um poema para cada dia em que não te vi”, com o qual obtive um gostinho do que o KDP pode fazer por um autor independente.


É claro que os livros impulsionados por editoras têm mais chances de conquistar um maior número de leitores. Todavia, sozinho e em um ano, alcancei o quarto lugar de livro mais lido na categoria de poesia da Loja Kindle. Considerando que meu exemplar está disponível apenas no formato de eBook, acredito que é uma ótima conquista.


Grande parte desses leitores vêm do Kindle Unlimited, uma espécie de assinatura que permite ao público ler diversos livros sem comprá-los e paga os autores por páginas lidas. Esse esquema de venda mantém meu livro no top 10 há duas semanas, o que, sabemos, é difícil no campo da poesia.


Como mencionei, há diversos caminhos para entrar no mercado editorial, o meu me serviu porque pude ir direto para o meu público, o que quebrou o medo da crítica e me permitiu colher resultados que, mesmo pequenos, mostraram que é possível continuar a escrever poesia.


*Artigo publicado originalmente no LinkedIn.

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Published on August 10, 2019 06:39

August 7, 2019

Caminhe

Eu piso

firme

cada passo

pois me ensinaram

o preço da simplicidade

que vale

caminhar

eu sinto

os dedos se abrindo

expandindo no calçado

na grama, no gelado, na cama

eu sinto

a pele se esticar

e os músculos

se fortalecerem

eu gosto do suor

que me indica que caminhei,

que me cansei, que me usei

na vida

por que eu sei

o risco que se corre

ao não correr

e perder uma doce chegada

porque não se soube

aproveitar uma boa partida

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Published on August 07, 2019 18:31

Igor Marcondes's Blog

Igor Marcondes
Igor Marcondes isn't a Goodreads Author (yet), but they do have a blog, so here are some recent posts imported from their feed.
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